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Museologia

Publicado: 10 de novembro de 2017 em Filosofia/Sociologia/Outras Overdoses

Tags: Acervos Museológicos, Campo de Estudo, Equipe Técnica de Museus,


Gabinetes de Curiosidades, Museologia, Pesquisa Histórica 0
Ola pessoal!
Nesta postagem, irei apresentar o resumo das aulas da disciplina Museologia do 6o
período do curso de Licenciatura em História, Faculdade Estácio de Sá.

Resumo da Aula 01 – A Museologia e o Seu Campo de Estudo


A palavra Museologia é formada por duas expressões gregas: museon (lugar das
musas) e logos (estudo ou reflexão através da sensibilidade e razão). A origem da
palavra museu – o “lugar das musas” -, é onde os objetos eleitos como sendo os
melhores representantes da sua espécie ficam guardados para serem apresentados
para as pessoas apreciarem as suas qualidades e refletir sobre o seu significado. O
objetivo maior da Museologia é o estudo do “fato museológico”, isso é, o estudo
das relações sensíveis que se estabeleceram entre as pessoas e os objetos
apresentados em um cenário expositivo. Entretanto, a Museologia por muito
tempo foi considerada como uma disciplina que estudava exclusivamente as
práticas desenvolvidas no interior dessas instituições. Mas, a partir da década de
1970, tal modelo passou a ser questionado passando a defini-la como uma ciência
social que estuda os objetos de museu como fontes de conhecimento. Esta
percepção do objeto como fonte de saber e de reflexão produz uma importante
diferença no momento de selecioná-lo para integrar um acervo de museu, pois
existem vários tipos de conhecimento conforme o valor que lhes é atribuído, e
também por “quem” lhes atribui este valor. Para “quem” estes objetos podem ter
significado? Que tipo de conhecimento o estudo desses objetos pode produzir? E
que tipo de reflexão poderá ser feita?
Atualmente, quando a ciência museológica seleciona objetos para integrar um
acervo, o faz pelo seu valor enquanto fontes de conhecimento e questionamento,
isso é, “percebendo” a sua capacidade de fazer as pessoas refletirem sobre as suas
realidades anteriores e atuais quando elas se deparam com eles. Assim, a
Museologia é uma ciência da informação, na medida em que seleciona, conserva,
ordena e investiga as informações contidas nos objetos e acervos museológicos. E,
também, uma ciência social aplicada por realizar pesquisas sobre tais informações e
divulga-las para o público na forma de conhecimento através de exposições. Os
museus só passam a existir quando o homem adquire a consciência de seus
patrimônios natural e cultural. Assim que a consciência dessas práticas tem início,
começa a se definir a identidade dos grupos humanos em todos os tempos e
lugares. E a partir daí que a humanidade passa a construir esses espaços chamados
de museus e os utiliza para preservar esse patrimônio, isto é, para preservar seu
legado histórico, ecológico, artístico e cultural. Então, a função primordial dos
museus é: selecionar, guardar, conservar, pesquisar e divulgar tudo aquilo que seja
eleito patrimônio.
O patrimônio natural se constitui no espaço físico onde um grupo humano se
instala e vive. O patrimônio cultural nos objetos materiais (tangíveis) que produz
para viver e também nas suas criações imateriais (intangíveis). Essas criações
imateriais se baseiam nas práticas que o ser humano constrói para compreender o
mundo em que vive e se reconhecer como um grupo unido, como, por exemplo, o
folclore, a gastronomia, a língua, a mitologia, entre outros. A natureza onde nascem
as águas, mares, rios e florestas, onde produzem alimentos, são espaços
importantes para a vida das pessoas. Do mesmo modo são as cidades, os bairros, as
praças e os prédios construídos para as pessoas viverem e se utilizarem deles. São
criações materiais.
O campo de estudo da Museologia é a investigação da instituição “museu”, dos
acervos nela contidos e das interações desses acervos com as realidades dos vários
grupos humanos. Em um amplo universal, podemos destacar: a pintura, a escultura,
a arquitetura, a numismática (moedas), os meios de transporte, a armaria, a
indumentária (vestuário e joalheria), a heráldica (brasões), o mobiliário, as
condecorações, a tapeçaria, os utensílios domésticos, prataria e ourivesaria, os
acervos religiosos, as danças, a literatura, o teatro, o folclore, a culinária típica e
várias outras formas de expressão que o homem cria para identificar-se e organizar-
se em sociedade. Todos esses conhecimentos são investigados em uma perspectiva
sócio-histórica e aplicados pela ciência museológica através da museografia, da
expografia, da conservação e restauração, dos estudos de público e da pedagoga
museal. Existem vários tipos de museus conforme os acervos que possuem. Para
isso, a Museologia interage com várias outras disciplinas. A pesquisa museológica
abrange o amplo universo das expressões artísticas e, também, se relaciona
intimamente com o campo das ciências humanas, a Antropologia, a Arqueologia, a
Ciência Politica, entre outros. Há ainda uma relação próxima com as ciências exatas
– a Física e a Matemática – e com as ciências biológicas e da terra, como a
Medicina, a Astronomia e a Química. A Museologia engloba vários campos do
saber criando elos para produzir conhecimento a partir de uma diversidade de
informações contidas nos seus acervos.

Resumo da Aula 02 – Histórico da Museologia no Mundo e no Brasil


A palavra museu teve origem na antiga Grécia. Museion era o nome dado aos
templos das musas, que representavam os ramos das artes e das ciências. Eram
locais reservados para debates filosóficos e estudos artísticos, científicos e literários.
Mas, com o passar do tempo, a ideia de museu foi adquirindo novos significados,
até que, no século XV, colecionar objetos virou uma mania em toda a Europa. As
pessoas importantes tinham um costume em ter um “gabinete de curiosidades” em
suas casas, para exibir objetos raros e exóticos como prova de sua riqueza e poder.
Com a expansão das navegações para o oriente e para o novo mundo, essas
coleções passaram a ser enriquecidas com obras de arte, artefatos científicos e
outros objetos provenientes das Américas e da Ásia, adquiridos pela nobreza e pela
burguesia ascendente. Além de objetos, tais coleções também passaram a abrigar
espécimes da natureza (animais, plantas e minerais raros e exóticos), formando as
primeiras coleções científicas criadas por estudiosos que buscavam reproduzir o
ambiente natural de espécies vindas de terras distantes. Por outro lado, os gabinetes
de curiosidades eram adquiridos mais pelo prazer de colecionar e demonstrar poder
do que para servir como elementos de pesquisas. Não havia um critério científico
na formação dessas coleções. Foi entre os séculos XV e XVI que surgiram as
primeiras coleções organizadas para formar acervos de instituições parecidas com
as que hoje conhecemos como museus. Mas foi somente no final do século XIX
que surgiu, na Inglaterra, uma instituição criada para essa finalidade: o Museu de
História Natural de Londres. E o primeiro a classificar os objetos por classes foi
Carlos Lineu, criador do método de classificação científica. A partir de então, as
coleções passaram a ser usadas também para a pesquisa, e os antigos gabinetes
transformaram-se em museus, tal como hoje são conhecidos. Contudo, tais
instituições não eram abertas para o público, apenas para estudiosos e membros de
sociedades científicas.
Em 1753, surgiu o Museu Britânico em Londres (Inglaterra). Entre 1750 e 1773 o
Museu do Louvre, em Paris (França) e, em 1783, o Museu Belvedere em Viena
(Áustria). Mas somente no final do século XVIII, na França, foi permitido ao
público ter acesso a essas instituições, marcando o surgimento dos primeiros
museus nacionais. Em 1808 surgiu o Museu Real dos Países Baixos (Amsterdã,
Holanda). Em 1810, o Altes Museum (Berlim, Alemanha). Em 1819, o Museu do
Prado (Madri, Espanha). E em 1852, o Museu Hermitage (São Petersburgo,
Rússia). Criados dentro do espírito nacionalista da época, tais museus tinham como
função formar cidadãos através do conhecimento do seu passado, e participarem de
maneira decisiva na construção dos Estados nacionais emergentes e das
nacionalidades. Durante o século XIX, várias expedições coloniais recolhiam
espécimes da flora e da fauna, e assim foram se formando as coleções de
Mineralogia, Botânica, Zoologia, Etnografia e Arqueologia. Ainda em 1870, surge o
Museu Metropolitano de Nova Iorque (EUA) com um perfil mais pedagógico, e
serviu de modelo para outros museus norte-americanos e, também, influenciando a
ação de museus latino-americanos, como MASP (Museu de Arte de São Paulo) e o
Museu de Antropologia da Cidade do México.
No Brasil, a primeira instituição museológica surgiu no início do século XIX. O
Museu Real, criado por D. João VI, no Rio de Janeiro, em 1818, veio a ser o atual
Museu Nacional. De início, seu acervo era composto por uma coleção de história
natural doada pelo próprio príncipe. Em seguida, seu acervo foi enriquecido por
uma importante coleção de Egiptologia adquirida por D. Pedro I. Contudo, o
Museu Real manteve um perfil colecionista e, somente no final do século XIX,
adquiriu um caráter científico. Ainda no Brasil, em 1884 foi criado o Museu do
Exército e, em 1868, o Museu da Marinha. Depois foram criados o Museu
Paranaense (1876) e o Instituto Histórico e Geográfico da Bahia (1894). Em
seguida vieram os museus etnográficos: o Paraense Emílio Goeldi (1866) e o
Museu Paulista (1894), atualmente Museu do Ipiranga. As pesquisas desenvolvidas
por estes museus apoiavam-se nas teorias darwinistas, a partir da qual eram
interpretadas as origens e a evolução das espécies e da sociedade, que mais tarde foi
a base da Antropologia. Tanto no Brasil quanto no mundo, os museus se
constituíram baseado na história e na cultura do seu país e, por outro lado, na Pré-
História, na Arqueologia e Etnologia.
No Brasil, assim como nos outros países, os museus de modelo enciclopédico
predominaram até 1930, quando entraram em declínio junto com as teorias
evolucionistas. Os museus brasileiros mantiveram suas ações a favor do
nacionalismo, celebrando a exuberância da nossa natureza e a cultura do nosso
povo. Esta temática nacionalista teve força no Museu Histórico Nacional (MHN),
no Rio de Janeiro, em 1922, junto com o Movimento Modernista. O objetivo das
ações realizadas pelo MHN era educar o nosso povo através dos valores nacionais.
As exposições apresentavam fatos e personagens da nossa história, incentivando o
culto à tradição e à formação cívica como fatores de união e progresso. A partir de
então, o MHN tornou-se referência para outros museus brasileiros, e contribuiu
para a criação do curso de graduação em Museologia, em 1932, que funcionou no
próprio museu até 1979.
A partir da década de 1980, outros tipos de instituições passaram a ser criadas
principalmente nas capitais e grandes cidades do Brasil e do mundo. Além de
reunirem acervos de diversos tipos para realizarem suas exposições, alguns centros
culturais se especializaram em adquirir e conservar acervos específicos, tornando-se
referência no tratamento desses acervos.

Resumo da Aula 03 – Museus, Centros Culturais e Centros de Memória


Os museus são instituições sócio-históricas de pesquisa: históricas, de ciências,
comunitárias, de artes, universitárias ou específicas de uma expressão cultural. Em
geral, os museus se diferenciam pelo tipo de acervos e estudos que levantam. As
exposições, os eventos, os programas educativos e outras atrações que acontecem
nos museus também podem diferenciá-los. Os museus podem ser públicos ou
privados. Também podem ser mantidos por uma comunidade, uma escola, um
clube, uma empresa ou por qualquer grupo de pessoas que têm um interesse em
um determinado assunto. Os ecomuseus (museus comunitários) englobam todo o
patrimônio cultural e natural de uma comunidade. Esses espaços geralmente são
geridos pela própria comunidade, pois eles são os verdadeiros herdeiros do seu
patrimônio e têm interesse em reproduzir essas tradições no tempo presente. Suas
tradições podem ser conservadas através de comemorações de datas importantes
ou reverenciadas em personagens da própria comunidade.
Muitos museus também possuem bibliotecas e espaços interativos como cinemas,
teatros, restaurantes entre outros. Nesses espaços acontecem diferentes eventos e
programações desenvolvidas para vários tipos de público. Muitos desses espaços
deixaram de ser apenas museus na sua forma tradicional e tornaram-se referências
de lazer e cultura em suas cidades, passando a ser chamados de Centros Culturais,
ainda que muitos mantenham o nome de museu. Em diversas cidades do Brasil e
do mundo, existem e continuam sendo criados museus no formato de centro
culturais. Para alguns museólogos, os centros culturais são a evolução do museu
tradicional. Mantendo os princípios da museologia, os centros culturais geralmente
são criados por empresas, para utilizá-los como instrumentos de visibilidade
institucional. Com recursos próprios, os centros culturais produzem exposições,
eventos e programas educativos diferenciados daqueles que normalmente são
oferecidos pelos museus tradicionais. Através deles, é possível envolver-se com
estímulos variados e simultâneos a partir de acervos múltiplos, onde cada espaço
assume um sentido próprio, e onde tudo é informação. A informação não está
disposta convencionalmente, mas de modo que o visitante não tenha dificuldades
para encontrá-la.
Temos também os Centros de Memória. Mantendo os critérios da prática
museológica, essas instituições também coletam, conservam, pesquisam e divulgam
acervos que podem se referir a determinados períodos históricos. Em geral, esses
espaços realizam exposições permanentes sobre um tema específico com diversos
formatos. Também produzem periodicamente eventos para comemorar datas e
acontecimentos importantes, e manter vivas essas lembranças na memória das suas
comunidades ou de um país.

Resumo da Aula 04 – A Comunicação Museológica


A comunicação museológica é a denominação genérica dada às diversas formas que
os museus usam para transmitir conhecimentos: exposições, artigos científicos,
estudos de acervos, catálogos de coleções, filmes, teatros, palestras, oficinas, etc. É
o cenário expositivo que se potencializa a relação entre o homem e o objeto, e é
nessa relação que o público tem acesso à poesia das coisas, das pessoas, dos fatos
históricos e dos lugares de memória. Aos profissionais de museus, cabe a tarefa de
construir esse encontro, pesquisando os acervos, abordando temas socialmente
relevantes, elaborando mostras e estudando as formas como os diversos tipos de
público se relacionam com os objetos organizados em um cenário expositivo. O
objetivo maior da comunicação museológica é de produzir emoções e reflexões que
possam transformar a atitude das pessoas quando elas são confrontadas com suas
realidades.
Nos primórdios da Museologia, as exposições tinham um caráter puramente
contemplativo. Eram organizados de modo enciclopédico e somente pesquisadores
eram capazes de perceber e entender essas estruturas e seus significados. Para o
visitante comum, eram apreciadas passivamente, apenas para satisfazer
curiosidades. Com o tempo, as exposições passaram a ser concebidas por equipes
de especialistas, para serem compreendidas e provocarem uma atitude ativa e crítica
no público. Assim surgiram as equipes interdisciplinares formada por
pesquisadores, educadores, historiadores, designers, museólogos e outros
especialistas da área da expografia. Atualmente se oferece ao público a
oportunidade de aprender através de um comportamento ativo-cognitivo
(intelectual, emotivo e crítico), interagindo com a exposição. É na interação ativa e
crítica entre a mensagem apresentada e o visitante que a exposição permite que as
pessoas vivenciem uma experiência de apropriação do conhecimento. A pesquisa
de recepção de público estuda os modos e consequências do encontro entre a
mensagem que se quer transmitir e o seu destinatário. O público, de fato, recria
criticamente a mensagem (cada um do seu jeito), a partir do seu próprio universo
referencial, fazendo uma síntese subjetiva do conteúdo. É nessa relação profunda
entre objeto-sentido, tema-sentido e exposição-sentido que ocorre a reflexão, a
aquisição do conhecimento e a mudança de atitude.
Os estudos de transmissão de mensagens através de exposições estão intimamente
relacionados com a área da Comunicação Social. Por outro lado, pensar que existe
um predomínio do emissor sobre o receptor sugere uma relação de poder, como se
houvesse uma relação sempre direta, linear, de um polo (emissor) sobre o outro
(receptor). Por isso, o processo comunicacional museológico não está na
mensagem, e sim na interação. Museu é diálogo, e não um monólogo. Por isso, a
avaliação de uma exposição se dá sobre os efeitos da interação com o público, e
não sobre um processo linear entre emissor e receptor. A exposição é o local de
encontro entre o que o museu quer apresentar, buscando provocar um
comportamento ativo e crítico do público à sua síntese subjetiva. Uma exposição
interativa é aquela que permite ao visitante caminhar livremente pelo seu espaço,
observar os objetos, relacioná-los ao tema abordado, aprender o seu conteúdo
temático, entre outros. Nela é possível observar, comentar, analisar, julgar, criticar,
comparar, relacionar, lembrar, rejeitar, etc. É nessa relação que o público recria o
discurso expositivo e dá a ele um novo sentido. As vezes acontecem ao mesmo
tempo eventos sobre assuntos totalmente diferentes. São as chamadas “estruturas
de acolhimento”, onde pode acontecer algo surpreendente. Isto também faz parte
de uma experiência de qualidade.

Resumo da Aula 05 – Acervos Museológicos


A seleção de objetos é um critério fundamental, porque tem a ver diretamente com
a proposta do museu de confrontar o homem com a sua realidade. Imagina uma
caneta simples, como tantas outras canetas. Agora pense na caneta que a Princesa
Isabel usou para assinar a Lei Áurea, que formalizou o fim da escravidão no Brasil.
Esta não é uma caneta qualquer. É um objeto ligado a um fato histórico, e é isso
que a torna diferente de todos os outros objetos, isto é, de todas as outras canetas.
Quando você o vê em uma exposição, imediatamente pensa naquele episódio da
História brasileira e no processo histórico que envolveu o fim da escravidão.
Geralmente, tais objetos não são apresentados isoladamente. E sim são
contextualizados em um tema e apresentados junto com outros objetos também
significativos, para potencializar as reflexões sobre o tema que o museu quer
abordar. Portanto, o elemento estruturador de uma exposição é o objeto
museológico, e o cenário expositivo deve ser pensado para dar destaque a este
objeto e ao seu significado. O objeto é a “musa” da exposição, seu elemento-chave.
E o acervo museológico é o conjunto desses objetos institucionalizados em um
museu. Portanto, um objeto institucionalizado é aquele que passa a fazer parte do
acervo de um museu. Primeiramente ele é selecionado pelo seu valor intrínseco
para integrar o acervo e, em seguida, é formalmente integrado a esse acervo pela
institucionalização.
Não apenas objetos podem ser musealizados. Pode-se também musealizar
monumentos, praças, prédios, cidades ou outras expressões da cultura consideradas
significativas para um grupo social. Nesses casos, a institucionalização vai além dos
museus e atingem outras instâncias institucionais, como, por exemplo, um
município, um país ou até mesmo toda a humanidade. É assim que são constituídos
os patrimônios culturais da humanidade. Um bem “tombado” é um bem
patrimonial institucionalizado. Isso significa que ele foi “registrado” por uma
instância governamental pela sua importância e, portanto, é protegido.
Tombamento significa registro. O objeto musealizado é aquele que é selecionado
para ser conservado em um museu, e o objeto tombado é aquele que não pode ser
guardado em um museu. Assim são os bens culturais materiais e imateriais. Não é
possível guardá-los em um museu, mas eles devem ser conservados, e por isso são
registrados como patrimônio cultural, isto é, tombados. Por outro lado, o valor
intrínseco de um objeto conservado em um museu, ou de um acervo museológico,
só existe quando lhe é atribuído um sentido, isto é, quando possui um significado
sócio-histórico. Para que isso aconteça, o objeto precisa que seja usado para
transmitir conteúdo desse significado ou dessa cultura. Assim, o museu se torna o
repositório desses sentidos e conhecimentos contidos nos objetos e acervos, e as
exposições são os meios usados para transmitir esses saberes e significados.
Os recursos expográficos podem ser diversos: ambientes, trajetos, textos, legendas,
desenhos, fotografias, etc., podendo formar um grande conjunto de efeitos
especiais usados para explicar um conteúdo e enriquecer a experiência dos
visitantes. É na interação do público com os objetos, acervos e com os recursos
expográficos que os museus dialogam com as pessoas a respeito do tema em
questão. Do mesmo modo, as pesquisas que se realizam sobre os objetos
musealizados obedecem a critérios semelhantes à pesquisa histórica acadêmica. E o
conhecimento produzido é o resultado da análise histórica de fontes documentais,
onde o objeto é o próprio documento. Como o objeto é o próprio documento, é
necessário de condições especiais para serem selecionados, guardados, pesquisados
e seus conteúdos apresentados em um contexto temático para serem questionados
pelo público. Como já vimos, existem vários tipos de acervos. Madeira, couro,
metal e outros materiais têm tratamentos diferentes para que durem mais tempo e
preservem suas características físicas.
Os acervos também podem ser vivos como, por exemplo, o jardim botânico ou
zoológico, as plantas e os animais são conservados vivos, e assim são expostos. Há
também os não-vivos que também podem ser conservados através da taxidermia
(empalhamento). Tais acervos são conservados conforme as suas naturezas, e
recebem um tratamento especial para aumentar sua durabilidade. As condições de
higiene, temperatura, luz e outras variáveis climáticas são permanentemente
controladas. Então, o objetivo da pesquisa museológica é de promover o uso social
dos seus acervos, aproximando a sociedade dos significados que eles exprimem e os
conhecimentos que neles existem.

Resumo da Aula 06 – Como os Museus, Centro Culturais e de Memória


podem Apoiar a Pesquisa Histórica
No final da década de 1980, iniciou-se em várias cidades brasileiras e de outros
países a criação de centros culturais que deram uma nova feição aos museus
tradicionais. Também foram criados os museus comunitários, os centros de
memória, os ecomuseus e os centros de referência. Os museus que aqui podemos
citar são: Museu da Língua Portuguesa (SP), Museu de Astronomia e Ciências Afins
(RJ), Museu Emílio Goeldi (PA) e Instituto Butantã (SP). Estas são instituições
museológicas tradicionais que se especializaram no tratamento e pesquisa de
acervos e temas específicos. Ao longo do tempo, os novos tipos de museus
ajustaram suas programações a partir das demandas recebidas dos diversos
públicos, adaptando-se aos seus acervos, recursos e aproveitando suas
características físicas, espaciais e simbólicas. Por exemplo: estar localizado junto a
uma natureza exuberante ou em uma área histórica da cidade, possuir uma bela
arquitetura, entre outros aspectos. Sendo assim, programas educativos
multidisciplinares passaram a ser criados para o aprendizado da História, usando
novas linguagens e tecnologias para desvendar novas áreas do conhecimento
histórico. Nesses programas, períodos e fatos históricos são revistos e analisados
por vários ângulos da pesquisa histórica contemporânea, tornando-os atraentes
para os diversos tipos de público.
Além de espaços expositivos e de lazer, muitos museus e centros culturais possuem
ricas bibliotecas e núcleos de pesquisa histórica e de outras disciplinas. Tais
pesquisas são geralmente atualizados a cada evento para serem divulgadas em site,
livros, revistas e outros veículos publicados pela própria instituição. As
apresentações musicais, de poesia, de contadores de estórias, visitas guiadas e
outras atividades são direcionadas para um tema histórico escolhido e apresentadas
em diferentes linguagens. Há também museus diretamente ligados a instituições de
pesquisa. Muitas universidades possuem coleções nos seus centros acadêmicos para
usá-las nas aulas práticas. Por exemplo: as faculdades de Medicina, Biologia,
Odontologia, Geologia e outras áreas ligadas às ciências da terra possuem acervos
que vão desde esqueletos humanos até espécimes de animais, plantas e minerais. O
Museu da Energia Nuclear (Recife) é mantido pela Universidade Federal de
Pernambuco. A Estação Ciência é ligada à Universidade de São Paulo.
Também existem os centros de referência, que são instituições especializadas na
pesquisa de assuntos ou áreas específicas do conhecimento. Por exemplo: o Museu
da Vida é ligado ao Instituto Oswaldo Cruz (RJ), que é um centro de referência na
pesquisa biomédica. Há também os centros culturais privados que se especializaram
em reunir, conservar e disponibilizar coleções específicas, geralmente ligada a artes
plásticas e outras expressões culturais. O Instituto Moreira Salles (RJ, MG e SP)
especializou-se em conservar e pesquisar acervos ligados à fotografia e à música
popular brasileira. Todas essas instituições possuem sites, bibliotecas e laboratórios
que podem ser visitados e usados para pesquisa. Por outro lado, muitos museus são
localizados nos próprios prédios e lugares onde os acontecimentos ocorreram. As
cidades históricas e os ambientes naturais também são uma boa forma de se ter
contato com o espaço real e com as realidades. Visitar tais espaços permite trocar
experiências e adquirir conhecimentos para a formação de pessoas capazes de
interferir no presente. Além de promover a interação social, ampliam a observação,
a percepção e a crítica, enriquecendo todo o processo de aprendizado. Portanto,
visitar cidades históricas é uma forma de estabelecer contato direto com os
ambientes onde os fatos ocorreram, favorecendo a observação, a percepção, a
reflexão e a crítica.

Resumo da Aula 07 – Equipe Técnica de Museus


A ciência museológica atua sobre os métodos de seleção, conservação e pesquisa de
objetos que possuam significados considerados importantes para os grupos sociais.
Então, pode-se dizer que a museologia é um campo para profissionais que desejam
trabalhar com a comunicação através dos objetos e acervos. Ou seja, trabalhar na
seleção, restauração e conservação de objetos, pesquisa de acervos, elaboração de
publicações, entre outros. O profissional de museu, seja de qualquer área, mas que
atue no campo museológico, é legalmente regulamentado desde 1984. Seus direitos
são preservados através dos Conselhos Regionais (COREM) e do Conselho Federal
de Museologia (COFEM). As equipes que trabalham em museus são constituídas
por profissionais de diversas formações, que atuam em áreas distintas: áreas de
administração e documentação, historiadores, museólogos, educadores,
arqueólogos, antropólogos, restauradores, designers, comunicadores e arquitetos.
Dependendo do tipo de projeto, há profissionais de muitas outras áreas, formando
uma equipe multidisciplinar.
Inicialmente, para se conceber uma exposição ou um evento e decidir sobre o seu
tema e como abordá-lo, a direção do museu se reúne com o grupo de especialistas
“da casa” para analisar a sua viabilidade. Nessa fase, são analisados: os recursos
disponíveis (financeiros, materiais, etc), a importância do tema, a maneira para
abordá-lo aos públicos que se quer atingir, se está de acordo com a ética, os
objetivos e resultados que se quer alcançar. Além de riscos, condições de segurança,
patrocinadores, entre outros. Depois vem as pesquisas.
Produzir um evento exige o envolvimento de toda a equipe do museu. As pesquisas
iniciais normalmente são realizadas por museólogos, arqueólogos, etnólogos,
biólogos, geógrafos e historiadores. Em seguida vem os educadores, museólogos,
conservadores, programadores virtuais, comunicadores, arquitetos, designers,
cenógrafos, cenotécnicos, aderecistas, artistas e outros. Tais profissionais serão
precisos dependendo do tema a ser abordado. Durante o evento, atuam os
seguranças, os monitores e assessores de imprensa. No final, é feita uma avaliação
da atuação de cada uma das áreas envolvidas, além dos resultados produzidos sobre
o público.
Diferentemente dos outros profissionais, as atenções do museólogo estão voltadas
para a comunicação museológica. Por isso, ele se torna uma figura central como
coordenador dessa grande equipe. Ele coordena os interesses de todos os
profissionais em relação às expectativas do público e da própria instituição e seus
parceiros. Ou seja, o museólogo atua simultaneamente como coordenador e
comunicador. É ele quem seleciona os objetos do acervo do museu e atua em
equipe. A relação que o público estabelece com os objetos, com os acervos e com a
forma como eles são apresentados estimula a reflexão sobre o seu papel na
sociedade. O museu torna-se um canal de comunicação e espaço de debate de
temas importantes selecionados por diversos profissionais a partir de pesquisas
realizadas sobre as demandas da sociedade.
O designer, o arquiteto e o próprio museólogo são os profissionais que dão
destaque aos objetos e os inserem na cena expositiva, associando-os ao enunciado
central até o seu desenvolvimento conceitual. Tais profissionais devem saber
explorar criativamente o lado sensorial do visitante. Para isso, usam diversos
recursos: cores, sons, luzes, temperaturas, aromas, etc., construindo um ambiente
ao mesmo tempo agradável e harmonioso entre a forma e o conteúdo.
O papel do educador define os objetivos educacionais de uma mostra e as
estratégias didático-pedagógicas a serem aplicadas. Para isso, ele pesquisa as reações
dos visitantes diante de determinadas situações expográficas. Por trabalhar com
estudantes, o educador entende o espaço expositivo como uma grande sala de aulas
interativas. Atualmente, os programas educativos de museus, centro culturais e de
memória são desenvolvidos por empresas especializadas, contratadas
periodicamente através de editais.
Geralmente a instituição define quais tipos de público quer atingir. É um trabalho
de inclusão social que requer uma pesquisa prévia de público. Por exemplo: uma
amostra que quer receber deficientes visuais, crianças ou pessoas da terceira idade
que necessitam de recursos especiais. Desse modo, os objetos devem ser escolhidos
e dispostos de maneira conveniente, e o tema explicado de modo a favorecer os
sentidos que faltam nesses públicos, para que a experiência seja a mais interativa
possível. No caso dos deficientes visuais, devem explorar o tato, a textura, os
aromas e os sons, e os textos em braile ou narrados por um monitor/gravação.
Para os deficientes auditivos, é necessário o uso de Libras. Para as crianças, um
tema deve ser apresentado através de jogos e brincadeiras. Para as pessoas de
terceira idade, os textos devem ser em letras maiores, bem visíveis, entre outros. A
qualidade de uma amostra é medida pela sua capacidade de acolhimento. O
educador, o designer e o museólogo são profissionais fundamentais na construção
da experiência criativa do público. Portanto, os profissionais que atuam em museus
devem possuir conhecimento multidisciplinar.
Ao conservador cabe a tarefa de verificar as características do meio físico e as
condições em que os objetos ficarão expostos, e realizar as ações de controle
ambiental. A segurança é um aspecto fundamental para os museus e os acervos,
seja pela responsabilidade de guardar e conservar objetos valiosos e frágeis, seja
pelo risco de manipular, transportar e expor esses objetos em locais para públicos
diferenciados. Para transportar e expor objetos raros e de valor é exigido um seguro
contra danos de diversas naturezas, desde incêndio e furto até catástrofes naturais.
Os valores desses seguros são expressivos. Já o historiador atua desde a concepção
até as pesquisas de vários tipos que são necessárias para se realizar uma ação
museológica. Em todos os segmentos do museu, o historiador estará presente para
documentar todas as fases do projeto e comentar os seus resultados na perspectiva
sócio-histórica daquele momento, ou seja, vai criticar a importância daquela ação
sobre a sociedade na atualidade e as transformações que produziu o momento
histórico presente. Para o historiador, o museu é o mundo.

Resumo da Aula 08 – Principais Conceitos Usados na Museologia


O objeto museológico é o objeto institucionalizado, isto é, musealizado. É aquele
que é selecionado para integrar o acervo de um museu. Tais objetos não são
neutros, e possuem um significado, um sentido simbólico, afetivo e informacional.
Essa definição de objeto museológico remete ao conceito de musealização, ou seja,
são valorizados como documentos e selecionados para provocar o confronto do
homem com a sua realidade. Este confronto é fabricado no cenário museológico
para ser pensado, discutido e entendido pelas pessoas. Por outro lado, é necessário
que os museus não sejam usados como instrumentos de manipulação, pois o
exercício da cidadania e do livre pensamento crítico é a finalidade almejada pela
disciplina museológica. Os objetos museológicos devem ser preservados e usados
pela sociedade como referências para refletir e agir sobre a realidade, pois a
(re)construção da identidade cultural de um povo é baseada nas reflexões que esse
povo faz sobre suas realidades, a partir do contato com o seu patrimônio cultural.
O fato museológico (ou museal) estabelece a relação entre o homem e o objeto em
um cenário expositivo ou natural. A exposição também procede de uma seleção
prévia de determinados objetos, tanto pelos valores que eles representam como
pelo que se quer questionar sobre esses valores. O objeto não significa apenas o
objeto físico, mas o conjunto das expressões que formam o patrimônio cultural, ou
seja, as danças, a gastronomia, a literatura, a natureza, entre outros. São todas essas
linguagens faladas, escritas, representadas que amplificam o sentido da palavra
objeto, e que no seu conjunto constituem um acervo patrimonial. Então, o
patrimônio cultural é formado pelo conjunto de objetos físicos (materiais),
simbólicos (imateriais) e naturais (ambientes e lugares), e o fato museológico é o
resultado do encontro do homem com esse patrimônio. Nos museus são
mostrados em um cenário expositivo para provocar esse encontro do homem com
a sua realidade. Nos ecomuseus, o patrimônio é a própria natureza, e o cenário
expositivo é a própria paisagem. Nos museus comunitários, o patrimônio pode ser
uma pessoa viva a quem foi atribuído um sentido, porque ela exprime a cultura
daquele grupo.
A musealização é um dos conceitos-chave da ciência museológica, e é através dessa
noção que se entende o valor dado aos objetos, isto é, pela sua capacidade de
exprimir, significar, dar sentido. É um processo que se inicia com a seleção de um
objeto pelo olhar museológico sobre as coisas materiais, naturais ou simbólicas, e a
capacidade de perceber os sentidos que esse objeto pode possuir para a sociedade
como um todo. O ato de musealizar considera a importância da informação trazida
por eles em termos de documentalidade, testemunhalidade e fidelidade, além do seu
poder de “questionar” para incitar as pessoas a refletirem e agirem sobre as suas
realidades atuais. Resumindo, a musealização é um processo que integra a seleção, a
preservação e a comunicação. Entretanto, o ato de musealizar um determinado
objeto também pode conter uma intenção ideológica, pois é um processo seletivo
impregnado de informações vinculadas a valores socioculturais que se quer
transmitir para perpetuá-los. Em síntese, a musealização é um processo que realiza
uma série de ações sobre os objetos: aquisição, conservação, catalogação, pesquisa e
comunicação. Desse modo, pode-se musealizar os objetos por suas qualidades
históricas, antropológicas, sociológicas, técnicas, artísticas, econômicas, etc. É daí
que o conceito de musealização se imbrica com a noção de acervo e surgem novos
conceitos, como os de “patrimônio comunitário”, “patrimônio integral” e
“referência patrimonial”.
O patrimônio comunitário é o conjunto de bens partilhados por um grupo de
pessoas instaladas em um espaço físico delimitado, e que ao longo do tempo criam
hábitos próprios cuja preservação é importante para a identidade cultural daquele
grupo. O patrimônio integral é o conjunto de bens naturais, materiais e imateriais
que deve ser preservado para a integridade dos seres vivos. A natureza, o ar, a água
e os valores universais como a ética, a justiça e a paz são bens patrimoniais
integrais. Já a referência patrimonial é um elemento que pode ser um objeto ou
uma expressão da cultura, ligado a um conjunto patrimonial maior e que pode
representá-lo. Tais conceitos levaram à criação de vários tipos de museus:
ecomuseus, museus de cidade, museus comunitários, museus de bairro, etc. Cada
um com seus objetivos de desafios metodológicos de construir a relação entre o
homem e o objeto.

Resumo da Aula 09 – Museologia: Principais Marcos Teóricos


Século XV: objetos raros e exóticos eram selecionados por critérios puramente
pessoais e guardados em locais chamados de “gabinetes de curiosidades”.
Século XVI: a partir do Renascimento foram agregados aos objetos, além dos
valores estéticos, monetários e, também, o valor histórico. Era o período da
Revolução Comercial.
Séculos XVII e XVIII: com o advento da Revolução Científica, os objetos
passaram a ser selecionados também pelo seu caráter científico, em geral ligados à
História natural e cultural do Novo Mundo. Porém, foi durante a expansão
imperialista europeia que os primeiros museus criados no século XVIII integraram
às suas coleções, objetos que interessavam mais à pesquisa científica. Daí em
diante, os museus passaram a ser abertos ao público e tornaram-se centros de
produção de conhecimento, principalmente para a História Natural e para a
Antropologia. Desde então, os objetos deixaram de ser coletados somente pelo seu
caráter científico e passaram a ser também selecionados e exibidos para ilustrar
aquele período histórico, como símbolos de riqueza e domínio europeu sobre o
mundo.
Século XIX: as exposições foram marcadas por uma forma enciclopédica de
apresentar as coleções.
Século XX: ainda que os museus tenham passado a estar abertos ao público e
voltados para a divulgação de conhecimento, somente no início do século XX esse
propósito foi ampliado e organizado como uma ação efetiva, especialmente na
França, para depois ser copiado por outros países. Portanto, o resultado prático
desse primeiro pensar museológico foi a criação de uma pedagogia museal. É dessa
época em diante que a Museologia passa a ser epistemologicamente pensada, isto é,
pensada de uma forma organizada, ordenada. A Museologia passa a existir de fato
como ciência. Mas ainda nessa fase, persistia um problema: como e o que exibir nas
exposições ainda era decidido por um pequeno número de especialistas que não
consideravam o olhar público. Não havia diálogo na comunicação museológica. O
público não interagia com a mostra. E os museus brasileiros seguiram esse mesmo
modelo.
No Brasil, os museus de ciência foram os primeiros a receber regularmente grupos
de estudantes e escolas. Por isso, foram os pioneiros na criação de serviços de
difusão educativa para a divulgação dos resultados das suas pesquisas para os
jovens e os leigos através da linguagem mais acessíveis. O Museu Nacional, no Rio
de Janeiro, foi o primeiro a criar uma área de difusão educativa para transmitir seus
estudos de Antropologia e História Natural. Em seguida foi o Museu Paraense
Emílio Goeldi e o Museu Paulista, o primeiro estudava a natureza amazônica e o
segundo, também estudava a História Natural do Brasil e outros países da América
do Sul. O Butantã em São Paulo e Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro, também
seguiram os mesmos passos.
Sendo assim, as primeiras questões pensadas pela ciência museológica foram a
recepção de público e a transmissão de conhecimento para públicos constituídos
por não especialistas. Foi somente na década de 1970 que começaram a surgir os
chamados “museus vivos” ou “interativos”. No início, eram grandes aquários e
zoológicos onde os animais ficavam soltos em seu habitat natural, e as visitas eram
guiadas por biólogos e oceanógrafos que explicavam ao público os conhecimentos
sobre a fauna e a flora. Como exemplo temos o Simba Safari e Estação Ciência em
São Paulo, o Museu da Vida no Rio de Janeiro, e o Projeto Tamar na Bahia. Tais
iniciativas trouxeram para os museus a interatividade, e mudaram o conceito de
musealização.
A história da Museologia também teve declarações importantes. São eles:
Declaração do Rio de Janeiro (Brasil – 1958): destacou a importância dos museus
como recursos educativos, trazendo um novo entendimento ao objeto museológico
mais valorizado no seu conjunto com outros objetos do que pelo seu valor isolado;
A Carta de Veneza (Itália – 1964): ampliaram a noção do patrimônio, incorporando
os bens naturais e a arquitetura das cidades como referências patrimoniais.
Também trouxe a pesquisa sobre o relacionamento das pessoas com a natureza e
com as cidades. O objetivo foi ampliar e democratizar o conhecimento sobre o
patrimônio. Os parques naturais, as praças e prédios passaram a ser considerados
referências patrimoniais, e com o tempo tornaram-se mais acessíveis à população;
9a Conferência do Conselho Internacional de Museus – ICOM (França – 1971):
mostrou a necessidade de dar aos museus uma dinâmica mais adequada. Nessa
época, a sociedade pressionava por mais liberdade de expressão. Foi pela primeira
vez apresentado a ideia de uma Museologia comprometida com as questões
políticas da época, a “Nova Museologia”;
Mesa Redonda de Santiago (Chile – 1972): esse encontro, com influência da
UNESCO, produziu um documento considerado dos mais importantes para a
Museologia, que apela para uma ação museológica comprometida com a sociedade,
com a economia, com a educação e política. A noção de patrimônio foi ampliada
para objetos e monumentos a serem preservados em seu próprio local de origem.
Também surgiu a ideia de patrimônio cultural da humanidade, aplicado para
cidades, monumentos e bens naturais;
Declaração de Quebec (Canadá – 1984): a “Nova Museologia” é reconhecida e,
como consequência, é criado no ano seguinte o Movimento Internacional para uma
Nova Museologia (MINOM). É também lançado o conceito de ecomuseu, dando
origem aos museus comunitários e centros de referência;
Declaração de Oaxtepec (México – 1984): é lançado o conceito de
ecodesenvolvimento, que consiste em promover a emancipação cultural,
econômica, social e ambiental de populações instaladas em locais específicos e
delimitados;
Declaração de Caracas (Venezuela – 1992): a partir de 1990, diversas instâncias
governamentais e não governamentais passaram a fazer parte das discussões
museológicas. A Declaração de Caracas, junto com a Eco-92 (RJ), atualizou os
conceitos de patrimônio integral e museu integral propostos na Mesa de Santiago
(1972). A ideia de patrimônio mundial da humanidade se fortaleceu, e as ações dos
profissionais passaram a ser reconhecidas pelos governos. E, também, surge a
noção de Pedagogia do Patrimônio e de Tesouros Humanos Vivos;
A Pedagogia do Patrimônio abrange todas as ações pedagógicas fundamentadas
sobre o patrimônio cultural. Ou seja, o patrimônio cultural pode ser ensinado
através de qualquer método, programa ou disciplina, e esse ensino pode ser
destinado a alunos de qualquer nível escolar ou social. Os Tesouros Humanos
Vivos (ou Patrimônio Cultural Vivo) mantém fortes ligações com o passado, e
reconhece a fragilidade de várias expressões culturais que estavam em vias de
extinção. Assim, para proteger essas referências culturais, a Declaração de Caracas
propôs o reconhecimento dos Tesouros Humanos Vivos.
A Política Nacional de Museus (PNM) é um documento emitido pelo Ministério da
Cultura em 2003, e o seu objetivo é democratizar os museus. Tal postura defrontou
os museus brasileiros com os seguintes desafios: Promover e incentivar a criação
das disciplinas para debater o patrimônio cultural e proteger a memória coletiva;
Criar e implantar sistemas para identificar e classificar Tesouros Humanos Vivos;
Estudar, refletir discutir e apresentar modos e estratégias para que os museus
possam se aproximar das comunidades e suas expressões culturais.

Resumo da Aula 10 – Curadoria em Museus


A palavra “curador” vem da expressão latina tutor, e significa “aquele que cuida”.
Nos museus, os curadores são responsáveis pela administração de uma exposição
em todas as suas fases e níveis. Geralmente são profundos conhecedores do tema
abordado ou, conforme o tipo da mostra, especialistas em História, Filosofia ou
Estética. Os objetos musealizados são escolhidos pelo curador, ou por uma equipe
de curadores, a partir dos seus significados e capacidades expressivas. As demais
responsabilidades e tarefas administrativas são distribuídas, as vezes, pelo próprio
curador. Este foco na interpretação explica por que a curadoria é sempre
considerada o coração de uma exposição museológica. Mesmo naquelas exposições
em que não existe uma coleção a ser mostrada – centros de ciências ou de museus
para crianças -, é necessário interpretar a pesquisa feita pela curadoria, pois é
através dela que será elaborada a narrativa do conteúdo que a exposição irá
apresentar ao público. Quando não há um curador, normalmente são os
museólogos ligados à própria instituição que se incubem dessa responsabilidade.
Há também os “curadores convidados” como artistas, educadores, especialistas,
colecionadores, entre outros. Esta característica não altera o caráter fundamental da
curadoria. Seja individual ou em equipe, é uma função estratégica que exige esforço
de pesquisa e deve ser bem executada.
No planejamento de uma exposição museológica, a curadoria necessita fazer:
idealizar e formular o conceito da exposição; pesquisar o tema; analisar e selecionar
os objetos; documentar os objetos selecionados; preparar e ordenar as legendas, os
textos, os gráficos e demais instrumentos; avaliar o resultado. Pois a ideia central de
uma exposição é a estratégia criada pela curadoria para abordar uma questão e
propor uma reflexão. Os objetos são os principais ingredientes de uma exposição, e
o modo de distribuí-los no espaço físico é a primeira preocupação dos
organizadores de uma mostra. Em uma mostra que apela para o sentido estético, a
reação mais comum é a simples contemplação. Este tipo de mostra propõe uma
experiência mais orientada às emoções e sentimentos. Nas exposições de tipo
histórico, os objetos são organizados dentro de vitrines ou inseridos em dioramas
(representação de uma cena), ou ainda dispostos em galerias usadas para auxiliar a
compreensão de tema ou relacioná-los entre si dentro do contexto. As exposições
do tipo exploração apresentam temas arqueológicos ou de história natural. A
disposição do acervo segue uma ordem cronológica, onde toda a superfície do piso
e da parede é utilizada para exibi-lo. Já as exposições interativas incluem
experimentos, simulações e demonstrações ao vivo. Geralmente são apresentadas
em museus de ciência e tecnologia, salas multimídia, aquários, planetários e parques
temáticos.

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