maio/junho 2003 16 maio/junho 2003 5

TÉCNICAS DE OFICINA

Transmissão VW
Desmembramento da traseiro passou a ter um sensor de rotação Hall fase fria e, em conjunto com o catalisador do
árvore do pinhão G28, semelhante ao utilizado nas versões EA 111. tubo primário, garante-se longevidade no siste-
ma de controle de emissões.

013 (quarta parte) No sistema de escapamento do motor TOTAL

1. Engrenagem da 5ª velocidade
2. Rolamento traseiro externo da árvo-
re do pinhão
Num sistema de transmissão longitudinal, 3. Flange retentor do rolamento
4. Anel externo do rolamento traseiro
o fluxo de força deve ser convertido para transversal, 5. Calço de ajustagem S3
antes de ser conduzido até as rodas. 6. Carcaça da caixa de mudanças
7. Rolamento traseiro interno da árvo-
Essa transformação é feita pelo conjunto pinhão re do pinhão
e coroa, que usa um sistema de engrenamento 8. Engrenagem da 1ª velocidade
9. Rolamento de agulhas da engrena-
conhecido como hipóide. gem da 1ª velocidade
10. Anel interno do rolamento de agu-
lhas da engrenagem da 1ª veloci-
dade
enericamente, o conjunto co- dianteira. Como sabemos, neste siste-
Sensor Hall
Roda dentada
Retém de PTFE
Observe que, agora, a polia dentada da árvore de
manivelas possui uma seta para posicionamento em
sincronismo com a árvore intermediária
Flange com
a referência
de sincronismo
Como vimos, para o sistema de ignição, o mo-
tor recebeu um sistema de distribuição estática
com dois transformadores: um para os cilindros
Flange traseiro da árvore de manivelas com sensor Hall.
Este conceito permite a leitura da rotação do motor e a 1-4 e outro para os cilindros 2-3. Como nos outros
posição angular da árvore de manivelas sistemas, o estágio final de potência está incorpo-
rado na unidade de comando do motor. Com essa
FLEX utiliza-se um conversor catalítico bem próxi-
mo ao coletor de escape e outro no tubo primário. O
primeiro catalisador, conhecido como close cat,
proporciona rápido aquecimento, independente do
combustível utilizado, acelerando a entrada em
funcionamento do sistema close loop da sonda
lambda. Isso reduz as emissões na fase fria e, em
conjunto com o catalisador do tubo primário, ga-
rante vida longa ao sistema de controle de emissões.
Outra característica importante do motor AP
TOTAL FLEX é a existência de dois sistemas dis-
tintos, trazidos das versões a gasolina e álcool: o
sistema de acúmulo de vapores de gasolina, atra-

G
roa e pinhão de um sistema
de transmissão longitudinal de
tração dianteira, além de ser a
última relação de transmissão,
antes do torque ser conduzido
até as rodas, faz a conversão do fluxo
de força, de longitudinal para trans-
versal. Essa transformação é feita pelo
sistema de engrenamento cônico des-
te sistema de transmissão de forças.
Semi-árvore
Coroa
Flange
de ligação
Pinhão
O fluxo de força longitudinal que chega até
o pinhão, é convertido em transversal na
coroa, antes de ser conduzido até as rodas
Também, de forma geral, o siste-
ma de transmissão angular entre o
pinhão e a coroa pode ser feito por
engrenamento cônico que utiliza
dentes retos, cônicos com dentes
helicoidais e o engrenamento hipoi-
dal, o mais empregado nos veículos
automotores. Este sistema de trans-
missão de forças se caracteriza por
ser uma transmissão angular, cujos
centros dos eixos do pinhão e da co-
roa não se cruzam, formando dois
planos de engrenamento.
No engrenamen-
to hipóide, o
centro do eixo
do pinhão está
mais baixo do
que o centro do
eixo da coroa
Curiosamente, essa solução de
engrenamento foi idealizada quan-
do a maior parte dos veículos ainda
utilizava o sistema de tração traseiro
com motor e câmbio dispostos na
ma, para se fazer à ligação da árvore
secundária do câmbio com o pinhão
de engrenamento cônico no eixo tra-
seiro, é necessário o uso da árvore de
transmissão cardan. Esta construção
exige que a parte inferior do habi-
táculo do veículo seja ocupada por
elevados túneis para o alojamento da
árvore de transmissão cardan e o in-
dispensável mancal de centro, o que
reduz o conforto dos ocupantes. Com
a implementação do sistema hipóide
de engrenamento cônico, a árvore de
transmissão cardan pode ser rebaixa-
da num limite máximo de engre-
namento de 0,2, multiplicado pelo
diâmetro da coroa (0,2xd). Com isso, é
possível reduzir a altura dos túneis de
alojamento e rebaixar o centro de gra-
vidade dos veículos, colaborando
para a estabilidade do mesmo.
Devido a essa construção, o par
cônico hipóide possui maior área de
contato entre os dentes e maior nú-
mero de dentes engrenados para um
mesmo ponto tangencial entre os
dois componentes. Tal característica
exige a adoção de um lubrificante
adequado a elevada carga de esma-
gamento e muito cuidado na hora de
realizar reparos no diferencial e na
árvore do pinhão, pois a carga de
trabalho e o posicionamento do
pinhão e coroa, tem especial impor-
tância para a suavidade de trabalho
e vida útil do conjunto.
Para atender a esses requisitos, a
Volkswagen adotou um sistema de
ajuste de posicionamento do pinhão
e da coroa, usando calços que, atra-
vés de espessuras variáveis, traba-
lham atrás dos rolamentos de
posicionamento de cada compo-
nente e garantem as medidas de tra-
balho desejadas, a manutenção da
folga ideal de ajuste da coroa e do
pinhão e a respectiva carga de traba-
lho. Essas arruelas, de espessuras
variáveis, são conhecidas como cal-
ços S1 (calço de ajuste posicionado
no rolamento que trabalha do lado
da coroa), S2 (calço de ajuste
posicionado no rolamento do lado
oposto à coroa) e S3 (calço que defi-
ne a posição de trabalho do pinhão).
Vamos conhecê-los, começando
pela árvore do pinhão:
Reparos na
árvore do pinhão
As mesmas providências que vi-
mos até aqui para a desmonta-
gem das árvores primária e secun-
dária da carcaça da caixa de mudan-
ças, valem para a desmontagem
da árvore do pinhão. Para isso, é
necessário a remoção da tampa
seletora dos
VW 412 garfos, do gar-
fo seletor das
VW 5456 marchas, do
garfo das 3ª
e 4ª marchas,
do retém da
marcha à ré,
da haste desli-
zante da alavanca de inversão da
marcha à ré, das árvores primária e
do pinhão da carcaça da caixa de
mudanças.
A desmontagem da árvore do
pinhão é muito simples, exigindo pra-
ticamente que todo o trabalho seja exe-
11. Anel sincronizador da 1ª velocidade
12. Sincronizador da 1ª e 2ª velocidades
13. Anel sincronizador da 2ª velocidade
14. Engrenagem da 2ª velocidade
15. Rolamento de agulhas da engrena-
gem da 2ª velocidade
16. Anel de retenção
17. Engrenagem da 3ª velocidade
18. Anel de retenção
19. Engrenagem da 4ª velocidade
20. Rolamento dianteiro da árvore do
pinhão
21. Árvore do pinhão
22. Pino cilíndrico
23. Anel externo do rolamento dianteiro
da árvore do pinhão
cutado com o auxílio de uma prensa
hidráulica e pinos de pressão. Observe:
1 - Remova o rolamento traseiro do
pinhão, juntamente com a engrena-
gem móvel da 1ª velocidade.
VW 407
VW 402
2 - Remova o rolamento de agulhas e
o anel sincronizador da 1ª velocidade.
3 - Remova o anel interno do rolamento
de agulhas, o conjunto sincronizador
e a engrenagem da 2ª velocidade.
VW 411
VW 402
Na árvore intermediária, existem, agora,
três marcas fundidas que são funcionais para o
sensor de fase G40. Será através destas referên-
cias que o sistema de gerenciamento identi-
ficará as fases do motor.
Sensor de fase G40 no bloco do motor
A árvore intermediária continua tendo função de
sincronismo, mesmo sem acionar o distribuidor
Como já deu para perceber, em função destas
mudanças, especial atenção deve ser dada ao
sincronismo do motor. Logo de cara, não pode-
mos esquecer que o flange traseiro incorpora o
sensor de rotação G40, por isso, deve ser montado
de forma que este furo da roda dentada fique ali-
nhado com o ponto de referência do flange.
Observe se estas marcas estão alinhadas como posição
de sincronismo mecânico do motor.
Para o posicionamento da árvore interme-
diária em sincronismo, em função do sensor
G28, uma seta foi introduzida na polia dentada
da árvore de manivelas. A seta deve ser
posicionada de forma a indicar o ponto da
polia da árvore intermediária. A partir daí ins-
tala-se a correia dentada usando a conhecida
referência da polia do comando de válvulas.
modificação, o sistema de ignição ficou livre dos vés do filtro de carvão ativado, característico dos
ajustes incorretos da posição do distribuidor. motores a gasolina; e o tradicional sistema de par-
tida a frio, dos motores a álcool.
Sistema de emissões evaporativas
Sem o distribuidor, o sistema de ignição passou a ser
estático com um transformador duplo de ignição
A nova vela As velas também
utilizada no foram modificadas. De
sistema de ig-
nição do mo- grau térmico interme-
tor Total Flex diário entre gasolina e
possui dimen- Este sistema gerencia as emissões das misturas de alta
álcool, BKUR6ETC-10, pressão de vapor (tendência à evaporação)
sões que ga-
rantem maior a nova vela possui
profundida- dimensões que garan- O sistema de partida a frio, também coman-
de, em torno tem maior profundi- dado pelo sistema de gerenciamento do motor,
de 2 milíme-
tros, na câ-
dade, em torno de 2 utiliza um relé para ativar a bomba de injeção de
mara de com- milímetros, na câmara gasolina, só entra em funcionamento quando o
bustão de combustão. teor de álcool das últimas combustões do motor
Com esta providência, obtém-se melhor cen- indicarem uma proporção superior a 80% e a
tralização da frente de chama na massa de mistu- temperatura do líquido de arrefecimento do mo-
ra comprimida, o que otimiza a eficiência de tor estiver abaixo de 20°C.
combustão.
No sistema de escapamento do motor TOTAL Sistema de partida a frio
FLEX utiliza-se um conversor catalítico bem
próximo ao coletor de escape e outro no tubo
primário. O primeiro catalisador, conhecido
como close cat, proporciona rápido aquecimento,
independente do combustível em uso, acelerando
a entrada em funcionamento do sistema close
loop da sonda lambda. Isso reduz as emissões na
Pré-cat
Pós-cat
Dois catalisadores e a sonda lambda situada bem
próximo ao coletor de escape, compõem a estraté- Continua na próxima edição
gia básica de funcionamento do sistema TOTAL FLEX.