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AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS COM LIMINAR INAUDITA ALTERA PARTE POR
INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO RESTRITIVO DE CRÉDITO
em face da (RÉ), Pessoa Jurídica de Direito Privado, inscrita com o CNPJ nº ______, com
endereço à Rua ____, CEP nº ___, Curitiba/ PR, o que faz de acordo com os fundamentos de
fatos e de direitos a seguir expostos:
Inicialmente, necessário destacar que a autora declara não possuir, no momento, condições
financeiras para arcar com as despesas processuais e os honorários advocatícios sem prejuízo
do seu próprio sustento ou da sua família.
Desta feita, requer o consentimento dos benefícios da Justiça Gratuita, nos termos do artigo
98 do Código de Processo Civil, garantindo-lhe, deste modo, o efetivo acesso à justiça.
II – DOS FATOS
O autor celebrou contrato de alienação fiduciária com a demandada, cujo objeto contratual é
um veículo automotor marca ____, modelo ___, de cor preta, ano 2014, com o valor total de
financiamento em R$ 35.296,97 (trinta e cinco mil, duzentos e noventa e seis Reais e noventa e
sete centavos), dividido em 48 parcelas de R$ 1.063,28.
O referido contrato foi avençado no ano de 2014, tendo suas parcelas vencidas no dia 12 de
cada mês. O suplicante foi informado que teria seu nome inserido pela ré no cadastro
restritivo de crédito por falta de pagamento, o que de fato ficou constatada a sua inserção ao
solicitar uma consulta no serviço de proteção ao crédito. Conforme o comprovante de consulta
em anexo, a data da inclusão foi em 13 de fevereiro de 2016, em decorrência do
inadimplemento da parcela vencida em 15 de janeiro do corrente ano. Contudo, a referida
parcela foi adimplida em data anterior à data de inclusão, conforme comprovante de
pagamento em anexo.
Desde o dia 13 de fevereiro de 2016 encontra-se o autor com o seu nome inscrito no SERASA a
requerimento da empresa ré, em virtude de todo o ocorrido (comprovante de consulta em
anexo).
Causa espécie, Excelência, que até o presente momento esteja o nome do Autor presente nos
cadastros de inadimplentes por uma dívida que já foi devidamente paga.
Não são novidade os efeitos negativos advindos da inscrição do consumidor nos serviços de
informação de crédito, especialmente no que tange a atos da vida civil em que existam
concessão e aquisição de crédito como empréstimos, compra por meio de crediário e outros
da espécie.
III – DO DIREITO
A questão do ônus da prova é de relevante importância, visto que a sua inobservância pode vir
a acarretar prejuízos aos que dela se sujeitam, mormente à aplicação do Código de Defesa do
Consumidor.
Levando-se a efeito o disposto no art. 373 do Código de Processo Civil, provas são os
elementos através dos quais as partes tentam convencer o Magistrado da veracidade de suas
alegações, seja o autor quanto ao fato constitutivo de seu direito, seja o réu, quanto ao fato
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
Lembrando que estas deverão ser indicadas na primeira oportunidade de se falar aos autos, ou
seja, petição inicial e contestação.
A verossimilhança é mais que um indício de prova, tem uma aparência de verdade, o que no
caso em tela, constata-se por intermédio de documento que aponta a negociação mencionada
alhures.
Esta facilmente se verifica diante do fato de a parte Autora não ter a capacidade e meios
técnicos para comprovar as negociações da empresa, de modo que a empresa, devido à sua
vantagem econômica e por deter o registro do histórico dos débitos em seu sistema, deve
arcar com o dever de comprovar que a existência da dívida, que sustenta o suplicante por sua
inexistência.
Daí, a relevância da inversão do ônus da prova está em fazer com que o consumidor de boa-fé
torne-se mais consciente de seus direitos e a empresa mais responsável e garantidor dos
serviços que põe no mercado.
A moral é reconhecida como bem jurídico, recebendo dos mais diversos diplomas legais a
devida proteção, inclusive, estando amparada pelo art. 5º, inc. V da Carta Magna/88:
Art. 5º (omissis):
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
Mais a mais, o art. 186 e art. 927 do Código Civil de 2002 assim estabelecem:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
(…)
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.
O dano moral, como sabido, deriva de uma dor íntima, uma comoção interna, um
constrangimento gerado naquele que o sofreu e que repercutiria de igual forma em outra
pessoa nas mesmas circunstâncias.
Esse é o caso em tela, em que o demandante viu-se submetido a uma situação de estresse,
indignação e constrangimento.
Além do mais, inscrição indevida no cadastro restritivo de crédito configura dano in re ipsa,
conforme os julgados colacionados a seguir:
Desta feita, é inexorável a indenização por danos morais ao Autor por parte da empresa ré. Por
se tratar de dano in re ipsa inexiste a necessidade de comprovação do dano moral, sendo
presumidamente verificada sua ocorrência.
Uma vez demonstrados o dano e a culpa do agente, evidente se mostra o nexo causal. Como
visto, derivou-se da conduta ilícita da Ré o constrangimento causado ao Autor, sendo evidente
o liame lógico entre um e outro.
Sendo assim, após todo o exposto, constata-se que o Autor faz jus ao recebimento de
indenização por danos morais.
Tal entendimento, inclusive, é defendido pelo ilustre doutrinador SÍLVIO SALVO VENOSA,
senão vejamos:
Do ponto de vista estrito, o dano imaterial, isto é, não patrimonial, é irreparável, insusceptível
de avaliação pecuniária porque é incomensurável. A condenação em dinheiro é mero lenitivo
para a dor, sendo mais uma satisfação do que uma reparação (Cavalieri Filho, 2012:75). Existe
também cunho punitivo marcante nessa modalidade de indenização, mas que não constitui
ainda, entre nós, o aspecto mais importante da
indenização, embora seja altamente relevante. Nesse sentido, o Projeto de Lei nº 6.960/2012
acrescenta o art. 988 do presente código que “a reparação do dano moral deve constituir-se
em compensação ao lesado e adequado desestímulo ao lesante”.
E o ilustre mestre diz mais: “Dano moral é o prejuízo que afeta o ânimo psíquico, moral e
intelectual da vítima. (...)”. Por tais razões, dada a amplitude do espectro casuístico e o relativo
noviciado da matéria nos tribunais, os exemplos da jurisprudência variam da mesquinhez à
prodigalidade (Sílvio Salvo Venosa, Direito Civil. Responsabilidade Civil, São Paulo, Ed. Atlas,
2012, p. 39/80).
Daí, o valor da condenação deve ter por finalidade dissuadir o réu infrator de reincidir em sua
conduta. Portanto, diante do caráter disciplinar e desestimulador da indenização, do poderio
econômico da promovida, das circunstâncias do evento e da gravidade do dano causado à
autora, mostra-se justo e razoável a fixação do quantum indenizatório no valor de R$
10.000,00 (dez mil Reais).
IV – DA TUTELA DE URGÊNCIA
Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o
juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o
resultado prático equivalente ao do adimplemento.
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real
ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a
caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
(...)
Art. 302. Independentemente da reparação por dano processual, a parte responde pelo
prejuízo que a efetivação da tutela de urgência causar à parte adversa, se:
Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos em que a medida tiver sido concedida,
sempre que possível.
O Autor sofre impactos econômicos negativos. O registro do seu nome no SERASA está lhe
causando restrições de crédito, porquanto, como já fora enunciado preteritamente, tal fato
prejudica o exercício regular de certos atos da vida civil em que existam concessão e aquisição
de crédito como empréstimos, compra por meio de crediário e outros da espécie.
Uma vez inexistente a dívida do Autor, não subsiste razões para a manutenção do seu nome
no cadastro e, por via de consequência, impera que se retire o nome dos registros.
Nesta linha de raciocínio, para a concessão da liminar, estão presentes os requisitos do “fumus
boni juris” e do “periculum in mora”.
É imperioso observar que a concessão da tutela ora requerida não acarreta dano algum à parte
ré, bem como não há qualquer perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão, haja vista se
tratar de mera retirada do nome do Autor do SERASA.
Destarte, restam demonstrados o “fumus boni iuris” e o “periculum in mora”, pede-se, então,
que este juízo determine a retirada do nome da parte autora do cadastro de proteção de
crédito relativamente à dívida inexistente.
V - DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto, requer o Autor que Vossa Excelência digne-se de:
3- Conceder, nos termos do art. 6º, inc. VIII do CDC, a inversão do ônus da prova em favor da
demandante;
7- Pugna para que as publicações sejam feitas exclusivamente em nome do patrono WESKLEY
HUDYSON FARIAS DE MEDEIROS – OAB/RN nº 12908.
Dá-se à causa, nos termos do Art. 291, do CPC, o valor de R$ 10.000,00 (dez mil Reais).