Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
CHRISTOPHE CHARLE**
LUIGI DEL BUONO***
CHRISTOPHE GAUBERT****
CHARLES SOULIÉ*****
* Tradução de Alain François. Este artigo foi publicado na França em Regards sur l’actualité,
n° 301, maio 2004, p. 21-36; La documentation française.
O texto apóia-se nas discussões e propostas da Associação de Reflexão sobre os Ensinos Su-
periores e a Pesquisa (ARESER), presidida por Daniel Roche, e cujo secretário é Christophe
Charle, e nas do Collectif Abélard que publicou recentemente Universitas calamitatum: le li-
vre noir des réformes universitaires, Editions du Croquant, coll. “Savoir/agir”, déc. 2003.
** Historiador, Universidade de Paris-I. E-mail: Christophe.Charle@ens.fr
*** Físico, Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS).
**** Sociólogo, Universidade de Limoges.
***** Sociólogo, Universidade Paris VIII.
Educ. Soc., Campinas, vol. 25, n. 88, p. 961-975, Especial - Out. 2004 961
Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>
962 Educ. Soc., Campinas, vol. 25, n. 88, p. 961-975, Especial - Out. 2004
Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>
Educ. Soc., Campinas, vol. 25, n. 88, p. 961-975, Especial - Out. 2004 963
Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>
964 Educ. Soc., Campinas, vol. 25, n. 88, p. 961-975, Especial - Out. 2004
Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>
Tabela 1
Origem socioprofissional (em %) dos estudantes franceses nas principais carreiras
(ou áreas de conhecimento) do ensino superior em 2002-2003 (França
metropolitana + DOM – Departamentos de Ultra-Mar)
CPGE* Saúde Direito Ciências/S Outros Econo- Letras IUT* STS* Total
TAPS* ensinos mia
Altos
Executivos/ 49,6 45,1 37,4 35,4 33,7 29,9 27,4 26,4 13,7 31
Prof. Liberais
Profissões
14,1 15,1 12,6 17,4 12,9 13,8 16,3 19,7 15,6 15,3
intermediárias
Empregados 8,2 6,7 13,3 12,7 8,6 13,3 14 15,6 15,5 12,3
Agricultores/
Artesãos/ 9,1 6,7 9,7 8,8 11 10,4 8 11,1 12,5 9,6
Comerciantes
Operários 5,1 5 9,1 10,6 5,8 12,4 11,1 16 20 10,8
Aposentados/
14 21,3 17,9 15 28 20,2 23,2 11,2 22,7 20,9
Inativos/ N.R
Total 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
Total
69.658 127.602 154.118 289.740 331.765 142.779 421.255 109.021 230.496 1.876.434
(em número)
Fonte: Ministère de l’Éducation nationale, Repères et références statistiques, éd. 2003, p. 171.
CPGE : Cursos preparatórios (Classes préparatoires) para as grandes escolas (Grandes écoles); 5 STAPS:
Ciências e técnicas das atividades físicas e esportivas; IUT: Institutos universitários de tecnologia;
STS: Seções de Técnicos Superiores.
Educ. Soc., Campinas, vol. 25, n. 88, p. 961-975, Especial - Out. 2004 965
Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>
Tabela 2
Estimativa da despesa pública média em educação na universidade em 2001
(em euros e por estudante)
966 Educ. Soc., Campinas, vol. 25, n. 88, p. 961-975, Especial - Out. 2004
Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>
Educ. Soc., Campinas, vol. 25, n. 88, p. 961-975, Especial - Out. 2004 967
Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>
968 Educ. Soc., Campinas, vol. 25, n. 88, p. 961-975, Especial - Out. 2004
Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>
Educ. Soc., Campinas, vol. 25, n. 88, p. 961-975, Especial - Out. 2004 969
Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>
970 Educ. Soc., Campinas, vol. 25, n. 88, p. 961-975, Especial - Out. 2004
Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>
Educ. Soc., Campinas, vol. 25, n. 88, p. 961-975, Especial - Out. 2004 971
Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>
Da vocação da universidade
Mais geralmente, todos esses debates relativos à profissionalização
nos levam a questionar a vocação atual da universidade. Será a de se
transformar num aglomerado de escolas profissionais, no qual a forma-
ção para a pesquisa ocupará apenas um lugar tornado marginal? De
fato, hoje em dia, é em nome do suposto interesse dos estudantes (si-
multaneamente descritos como escolarmente pouco adaptados e con-
frontados a perspectivas de emprego incertas), assim como em nome
da utilidade social ou econômica dos saberes produzidos ou transmiti-
dos, que se decide diminuir a proporção relativa dos ensinos julgados
“teóricos” demais. Esses últimos são então reservados a uma minoria de
estudantes (franceses ou estrangeiros), social e escolarmente privilegia-
dos e reunidos em estabelecimentos “de excelência”. Essa tendência é
ainda acentuada pela participação cada vez mais forte de representan-
tes do “mundo profissional” na definição das “ofertas de formação” das
universidades. Via a profissionalização, os programas sofrem uma
redefinição instrumental, conforme as demandas insistentemente reite-
radas dos poderes econômicos. Em nome da “profissionalização”, esses
mesmos programas devem ser retraduzidos em termos de “competênci-
as” individuais, e tudo o que não for julgado como objetivável num CV
e imediatamente operacional se vê afastado ou ameaçado de redefinição.
Assim, a ênfase recai exclusivamente sobre o curto termo, sobre os
saberes que, supostamente, têm aplicações diretas ou são economicamen-
te rentáveis, em detrimento da pesquisa fundamental e da transmissão
de disposições para a invenção. Essa passagem para uma concepção pu-
972 Educ. Soc., Campinas, vol. 25, n. 88, p. 961-975, Especial - Out. 2004
Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>
Notas
1. N. do. T.: Com a reforma, o ensino superior passa a ter semestre de 30 ECTS (Sistema de
Créditos Europeus Transferíveis) e três níveis: L = Licence: 6 semestres 180 ECTS. Pode
ter vocação generalista ou profissional; M = Master: 120 ECTS, pode ser Professional ou de
Educ. Soc., Campinas, vol. 25, n. 88, p. 961-975, Especial - Out. 2004 973
Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>
974 Educ. Soc., Campinas, vol. 25, n. 88, p. 961-975, Especial - Out. 2004
Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>
17. Um decreto, apresentado ao Conselho dos Ministros em 25 de fevereiro de 2004, lhe con-
cede o estatuto de “grande estabelecimento” no modelo de Sciences-Po, o que lhe permitirá
selecionar os candidatos na entrada para o primeiro ano. Desde sua criação, Dauphine pra-
ticava uma “orientação seletiva” dos candidatos no primeiro ano. Ora, a lei sobre as universi-
dades de 1984 proibia toda e qualquer seleção de ingresso nas graduações. Uma série de de-
cisões na justiça obrigou Dauphine a voltar, especificamente para o ano 2003-2004, à regra
da sectorização.
18. Ministère de l’Éducation nationale, Repères et références statistiques, éd. 2003, p. 17.
19. Ministère de l’Éducation nationale, Repères et références statistiques, éd. 2003, p. 203.
20. N. do T.: Diploma de nível de mestrado entregue por uma universidade para uma forma-
ção profissional de alto nível.
21. Cour des comptes, La gestion du système éducatif, avril 2003, paragraphe 1369. Esse
docuemnto pode ser consultado no site de La Documentation française (http://
www.ladocumentationfrancaise.fr/brp/notices/034000151.shtml).
22. Quanto à importância, tanto intelectual como diretamente profissional, da transmissão de
modos de construir cientificamente o objeto de conhecimento em oposição à cultura do “es-
tágio” e do relatório de estágio, e isto até nas formações universitárias mais profissionalizadas,
ler o último capítulo de Yves Winkin, La communication n’est pas une marchandise. Résister
à l’agenda de Bologne, Bruxelles: Editions Labor et Espace de Liberté, coll. “Liberté j’écris
ton nom”, 2003.
23. Voir Vincent Duclert, Alain Chatriot, Quel avenir pour la recherche? Paris: Flammarion,
2003; e ainda: Pouvoir et argent, chercheurs sous pression, Courrier de l’Unesco, nov. 2001,
p. 7-35.
Educ. Soc., Campinas, vol. 25, n. 88, p. 961-975, Especial - Out. 2004 975
Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>