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Profª Jacqueline

Campos PRÁTICAS ALFABETIZADORAS


Texto:
Alfabetização
2 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: Refletindo conceitos
- - - 3º ano - - -

Letrar é mais que alfabetizar, é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura
tenham sentido e façam parte da vida do aluno. O termo alfabetização, sempre entendido de uma forma
restrita como aprendizagem do sistema da escrita, foi ampliado. Já não basta aprender a ler e escrever, é
necessário mais que isso para ir além da alfabetização funcional (denominação dada às pessoas que foram
alfabetizadas, mas não sabem fazer uso da leitura e da escrita).
O sentido ampliado da alfabetização, o LETRAMENTO, designa práticas de leitura e escrita. A entrada da
pessoa no mundo da escrita se dá pela aprendizagem de toda a complexa tecnologia envolvida no
aprendizado do ato de ler e escrever. Além disso, o aluno precisa saber fazer uso e envolver-se nas atividades
de leitura e escrita. Ou seja, para entrar nesse universo do LETRAMENTO, ele precisa apropriar-se do
hábito de buscar um jornal para ler, de frequentar bibliotecas, livrarias, e com esse convívio efetivo com a
leitura, apropriar-se do sistema de escrita.
Afinal, para a adaptação adequada ao ato de ler e escrever, “é preciso compreender, inserir-se, avaliar,
apreciar a escrita e a leitura”. O LETRAMENTO compreende tanto a apropriação das técnicas para a
alfabetização quanto esse aspecto de convívio e hábito de utilização da leitura e da escrita.
Apropriação do sistema de escrita: Uma observação interessante apontada pela educadora Magda Soares
diz respeito à possibilidade de uma pessoa ser alfabetizada e não ser letrada e vice-versa. “No Brasil as
pessoas não leem. São indivíduos que sabem ler e escrever, mas não praticam essa habilidade e alguns não
sabem sequer preencher um requerimento.” Este é um exemplo de pessoas que são alfabetizadas e não são
letradas.
Há aqueles que sabem como deveria ser aplicada a escrita, porém não são alfabetizados. “Como no filme
Central do Brasil – alguns personagens conheciam a carta, mas não podiam escrevê-la por serem
analfabetos. Eles ditavam a carta dentro do gênero, mesmo sem saber escrever. A personagem principal, a
Dora (interpretada pela atriz Fernanda Montenegro), era um instrumento para essas pessoas letradas, mas não
alfabetizadas, usarem a leitura e a escrita.
No universo infantil há outro bom exemplo: a criança, sem ser alfabetizada, finge que lê um livro. Se ela
vive em um ambiente literário, vai com o dedo na linha, e faz as entonações de narração da leitura, até com
estilo. Ela é apropriada de funções e do uso da língua escrita. Essas são pessoas letradas sem ser
alfabetizadas.”
Portanto, é possível, por exemplo, termos casos de pessoas letradas e não alfabetizadas (indivíduos que,
mesmo incapazes de ler e escrever, compreendem os papéis sociais da escrita, distinguem gêneros ou
reconhecem as diferenças entre a língua escrita e a oralidade) ou de pessoas alfabetizadas e pouco letradas
(aqueles que, mesmo dominando o sistema da escrita, pouco vislumbram suas possibilidades de uso).
Contexto Social: Para Magda Soares, um grave problema é que há pessoas que se preocupam com
alfabetização sem se preocupar com o contexto social em que os alunos estão inseridos. “De que adianta
alfabetizar se os alunos não têm dinheiro para comprar um livro ou uma revista?” A escola, além de
alfabetizar, precisa dar as condições necessárias para o letramento.
A educadora faz uma critica ao Programa Brasil Alfabetizado, do Ministério da Educação que prevê a
alfabetização de 20 milhões de brasileiros em quatro anos. Para ela, o programa irá, na melhor das
circunstâncias, minimamente alfabetizar as pessoas num sentido restrito. “Onde elas aprendem o código, a
mecânica, mas depois não saberão usar.”
Um ponto importante para letrar, diz Magda, é saber que há distinção entre alfabetização e letramento, entre
aprender o código e ter a habilidade de usá-lo. Ao mesmo tempo que é fundamental entender que eles são
indissociáveis e têm as suas especificidades, sem hierarquia ou cronologia: pode-se letrar antes de alfabetizar
ou o contrário. Para ela, essa compreensão é o grande problema das salas de aula e explica o fracasso do
sistema de alfabetização na progressão continuada. “As crianças chegam no segundo ciclo sem saber ler e
escrever. Nós perdemos a especificidade do processo”, diz.
A educadora argumenta que a criança precisa ser alfabetizada convivendo com material escrito de qualidade.
“Assim, ela se alfabetiza sendo, ao mesmo tempo, letrada. É possível alfabetizar letrando por meio da prática
da leitura e escrita.” Para isso, Magda diz ser preciso usar jornal, revista, livro.
Sobre as antigas cartilhas que ensinavam o ‘Vovô viu a uva’, a educadora afirma que muitas crianças nunca
viram e nem comeram uma uva. “Portanto, é necessária a prática social da leitura que pode ser feita, por
exemplo, com o jornal, que é um portador real de texto, que circula informações, ou com a revista ou, até
mesmo, com o livro infantil. Tem que haver uma especificidade, aprendizagem sistemática sequencial, de
aprender.”
A professora Magda Soares afirma que o PNLD (Programa Nacional do Livro Didático), desenvolvido pelo
MEC, é excelente porque “avalia o livro didático segundo critérios sensatos”. Mas ela enfatiza que na
alfabetização e letramento há um problema a ser resolvido. “As cartilhas desapareceram do mercado. Não se
fala mais em cartilha, fala-se em livro de alfabetização. Mas com o desaparecimento das cartilhas,
praticamente desapareceu também o conceito de método. Não é possível ensinar a ler e escrever, ou qualquer
coisa em educação, sem um método. Há poucos livros de alfabetização que tenham uma organização
metodológica para orientar professores e crianças envolvidos neste processo de aprendizagem. Os
professores usam precariamente os livros de que dispõem ou buscam as cartilhas nas prateleiras da biblioteca
da escola.”
Para todas as disciplinas: Outro fato destacado por Magda é que o letramento não é só de responsabilidade
do professor de língua portuguesa ou dessa área, mas de todos os educadores que trabalham com leitura e
escrita. “Mesmo os professores das disciplinas de geografia, matemática e ciências. Alunos leem e escrevem
nos livros didáticos. Isso é um letramento específico de cada área de conhecimento. O correto é usar
letramentos, no plural. O professor de geografia tem que ensinar seus alunos a ler mapas, por exemplo. Cada
professor, portanto, é responsável pelo letramento em sua área.”
Em razão disso, a educadora diz acreditar que é preciso oferecer contexto de letramento para todo mundo.
“Não adianta simplesmente letrar quem não tem o que ler nem o que escrever. Precisamos dar as
possibilidades de letramento. Isso é importante, inclusive, para a criação do sentimento de cidadania nos
alunos.”
Recomendações: Para os professores que trabalham com alfabetização, Magda recomenda:
“Alfabetize letrando sem descuidar da especificidade do processo de alfabetização, especificidade é ensinar a
criança e ela aprender. O aluno precisa entender a tecnologia da alfabetização. Há convenções que precisam
ser ensinadas e aprendidas, trata-se de um sistema de convenções com bastante complexidade. O estudante
(além de decodificar letras e palavras) precisa aprender toda uma tecnologia muito complicada: como
segurar o lápis, escrever de cima pra baixo e da esquerda para a direita; escrever numa linha horizontal, sem
subir ou descer. São convenções que os adultos letrados acham óbvias, mas que são difíceis para as crianças.
E no caso dos professores dos ciclos mais avançados do ensino fundamental, é importante cuidar do
letramento em cada área específica.”

Outras dicas para construir uma situação significativa de aprendizagem nas classes de letramento:
Reconhecidamente, enfatizamos a importância da aplicação, ou a prática do letramento por parte do
professor, e em análise, ainda não finalizada, destacamos alguns passos fundamentais para o desempenho do
papel do “professor-letrador”:
1) investigar as práticas sociais que fazem parte do cotidiano da criança, adequando-as à sala de aula e aos
conteúdos a serem trabalhados;
2) planejar suas ações visando ensinar para que serve a linguagem escrita e como a criança poderá utilizá-la;
3) desenvolver junto à criança, através da leitura, interpretação e produção de diferentes gêneros de textos,
habilidades de leitura e escrita que funcionem dentro da sociedade;
4) incentivar a criança a praticar socialmente a leitura e a escrita, de forma criativa, descobridora, crítica,
autônoma e ativa, já que a linguagem é interação e, como tal, requer a participação transformadora dos
sujeitos sociais que a utilizam;
5) recognição, por parte do educador, implicando, assim, o reconhecimento daquilo que o educando já possui
de conhecimento empírico, e respeitar, acima de tudo, esse conhecimento;
6) não ser julgativo, mas desenvolver uma metodologia avaliativa com certa sensibilidade, atentando-se para
a pluralidade de vozes, a variedade de discursos e linguagens diferentes;
7) avaliar de forma individual, levando em consideração as peculiaridades de cada indivíduo;
8) trabalhar a percepção de seu próprio valor e promover a autoestima e a alegria de conviver e cooperar;
9) ativar mais do que o intelecto em um ambiente de aprendizagem, ser professor-aprendiz tanto quanto os
seus educandos;
10) reconhecer a importância do letramento, e abandonar os métodos de aprendizado repetitivo, baseados na
descontextualização.
O sucesso na alfabetização exige a transformação da escola em “ambiente alfabetizador”, rico em estímulos
que provoquem atos de leitura e escrita, permitam compreender o funcionamento da língua escrita,
possibilitem a apropriação de seu uso social e forneçam elementos que desafiam o sujeito a pensar sobre a
língua escrita.
Alfabetização é o processo pelo qual se adquire o domínio de um código e das habilidades de utilizá-lo para
ler e escrever, ou seja: o domínio da tecnologia – do conjunto de técnicas – para exercer a arte e ciência da
escrita. A alfabetização pode ser entendida: Como um processo de aquisição individual de habilidades
requeridas para a leitura e escrita. Toma-se, por isso, aqui, alfabetização em seu sentido próprio, específico:
processo de aquisição do código escrito, das habilidades de leitura e escrita.
Ao exercício efetivo e competente da tecnologia da escrita
denomina-se Letramento que implica habilidades várias, tais
como: capacidade de ler ou escrever para atingir diferentes
objetivos. "Letramento é pois o resultado da ação de ensinar ou
de aprender a ler e escrever: o estado ou a condição que adquire
um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se
apropriado da escrita". Em sentido estrito, consideramos
letramento como o resultado do uso de práticas sociais de leitura
e escrita.
Por isso, aprender a ler e a escrever implica não apenas o
conhecimento das letras e do modo de decodificá-las (ou de associá-las), mas a possibilidade de usar esse
conhecimento em benefício de formas de expressão e comunicação, possíveis, reconhecidas, necessárias e
legítimas em um determinado contexto cultural.
Enfim: a hipótese é que aprender a ler e a escrever e, além disso, fazer uso da leitura e da escrita
transformam o indivíduo, levam o indivíduo a um outro estado ou condição sob vários aspectos: social,
cultural, cognitivo, linguístico, entre outros.
À medida que o analfabetismo vai sendo superado, que um número cada vez maior de pessoas aprende a ler
e a escrever, e à medida que, concomitantemente, a sociedade vai se tornando cada vez mais centrada na
escrita (cada vez mais grafocêntrica), um novo fenômeno se evidencia: não basta apenas aprender a ler e a
escrever. As pessoas se alfabetizam, aprendem a ler e a escrever, mas não necessariamente incorporam a
prática da leitura e da escrita, não necessariamente adquirem competência para usar a leitura e a escrita, para
envolver-se com as práticas sociais de escrita: não leem livros, jornais, revistas, não sabem redigir um ofício,
um requerimento, uma declaração, não sabem preencher um formulário, sentem dificuldade para escrever um
simples telegrama, uma carta, não conseguem encontrar informações num catálogo telefônico, num contrato
de trabalho, numa conta de luz, numa bula de remédio... Esse novo fenômeno só ganha visibilidade depois
que é minimamente resolvido o problema do analfabetismo e que o desenvolvimento social, cultural,
econômico e político traz novas, intensas e variadas práticas de leitura e e de escrita, fazendo emergirem
novas necessidades, além de novas alternativas de lazer. Aflorando o novo fenômeno, foi preciso dar um
nome a ele: quando uma nova palavra surge na língua, é que um novo fenômeno surgiu e teve de ser
nomeado. Por isso, e para nomear esse novo fenômeno, surgiu a palavra letramento.
Retomando as questões levantadas anteriormente acerca do contexto da sala de aula, destacamos a
importância e relevância à discussão sobre as práticas de letramento na escola com vistas a identificar o
sucesso ou fracasso na “construção de contextos facilitadores da transformação dos alunos em sujeitos
letrados”.
Assim, letramento refere-se ao conjunto das práticas sociais de leitura e escrita em contextos específicos para
fins específicos; pressupõe grandes áreas de interface entre língua oral e língua escrita; abrange, não apenas
aspectos linguísticos e cognitivos, mas também, sociais e culturais, políticos, ideológicos e econômicos;
envolve, igualmente, relações de identidade e poder. Letramento nos remete às práticas comunicativas
autênticas e aos contextos de circulação dos gêneros discursivos.

Em duplas:
a) Qual a diferença entre alfabetização e letramento?
b) Considerando-se os aspectos sociais envolvidos no letramento, quais atividades de leitura e escrita você
considera importantes para serem realizadas no ambiente de sala de aula?
c) O texto aponta que há diferentes estágios de letramento. Relate-os:
d) No contexto atual, faz-se necessário não só alfabetizar, mas alfabetizar letrando. Cite 2 dicas a serem aplicadas
em sua prática pedagógica enquanto “professor-alfabetizador”:

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