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Aula 1:
Meta
Nesta aula vamos apresentar algumas das principais características da inovação, explorando
seus conceitos e definições, e demonstrar a importância da inovação para a competitividade
das empresas e de um país.
Objetivos
O objetivo principal desta aula é inserir você no contexto da inovação e apresentar sua
importância para o crescimento das empresas e do país. Para isso, vamos abordar os seguintes
pontos:
Introdução
A palavra inovação tem sido utilizada com muita frequência nos dias de hoje, podemos até
afirmar que é uma palavra da moda. A inovação aparece nos mais variados anúncios de
produtos e serviços, como os de shampoo para o cabelo, automóveis, serviços de saúde,
celulares, televisores, dentre outros. Não por acaso a inovação aparece com tanta frequência,
ela é fortemente associada ao crescimento e desenvolvimento. Os economistas têm
concordado que a inovação responde por uma considerável parcela de crescimento e
desenvolvimento econômico dos países.
Se fizermos uma busca para entender seu significado encontraremos que a palavra “inovar”
deriva do latim innovare, e significa criar algo novo; refere a uma ideia, método ou objeto que
é criado e que pouco se parece com padrões anteriores, ou seja, relaciona uma aplicação das
ideias de uma forma original.
Podemos também notar que o termo inovação é usado com muita frequência de maneira
intercambiável com outros como descoberta e invenção. Mas será que esses três termos
significam a mesma coisa? Posso afirmar que invenção e inovação são o mesmo? Ou que
descoberta e invenção são sinônimos? Veremos mais adiante que os termos descoberta,
invenção e inovação, no contexto em que trataremos o tema inovação, apresentam
características bem específicas e, que portanto, são diferentes. A variação do que as pessoas
entendem por inovação é um dos problemas na gestão da inovação, e vamos entender o por
que ao longo desta aula.
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Se você respondeu a imagem da Figura 1-d, o notebook, então meus parabéns, você acertou!
Se você não acertou, não se preocupe, a diferença entre o que é descoberta, invenção e
inovação não é tão simples quanto parece. Vamos entender na próxima seção o que
caracteriza cada uma desta definições.
Mas, as descobertas nem sempre surgem puramente por acaso. Muitas descobertas científicas
e técnicas são advindas da serendipidade, ou seja, decorrem de disposição e esforços criativos
prévios. Ela é frequentemente o resultado de uma atividade proposital. Para entendermos
melhor, vejamos alguns exemplos no Box 1.1.
Verbete
Serendipidade refere-se às descobertas afortunadas feitas, às descobertas aparentemente,
por acaso.
Fim do verbete
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aparelhos de radar na empresa de equipamentos e sistemas de defesa. Ele observou que um
grão de amendoim de um doce derreteu em seu bolso quando exposto a ondas de radar.
Borracha vulcanizada. A vulcanização da borracha foi descoberta por Charles Goodyear.
Acidentalmente ele deixou um pedaço de borracha misturar-se com enxofre em um prato
quente, produzindo assim a borracha vulcanizada.
Sucrilhos Corn-flakes. Os populares cereais matinais foram acidentalmente descobertos pelos
irmãos Kelloggs, em 1898. Inadvertidamente, deixaram cereais cozidos sem serem
manipulados por um dia. Ao tentarem enrolar a massa, obtiveram um material crocante em
vez de uma folha macia.
Fonte: Figueiredo, 2015
Fim do Boxe Explicativo
1.2 Invenção
Dentre as três definições descoberta, invenção e inovação, a distinção mais comum é a de
invenção e inovação. Para o estudo da inovação, a origem desta importante distinção é
frequentemente atribuída ao trabalho de Schumpeter. A invenção, de acordo com Rothwell e
Zegveld (1985), é definida como “a criação de uma ideia e sua redução para a prática” e “um
ato de criatividade técnica envolvendo a descrição de um novo conceito adequado para a
geração de uma patente”.
Verbete
Patente é uma concessão pública, conferida pelo Estado, que garante ao seu titular a
exclusividade ao explorar comercialmente a sua criação.
Fim Verbete
Em outras palavras, a invenção pode ser a criação de um processo, técnica ou produto inédito.
Entretanto, uma informação importante que precisa ser levado em conta é que a invenção
inicialmente pode não ter valor comercial, ou seja, uma empresa pode criar um produto novo,
um processo ou uma nova técnica e não conseguir ter êxito para comercializá-la. Em outros
termos, na invenção (como na descoberta) o critério para o sucesso é puramente técnico.
Vejamos os exemplos das Figuras 1-a e 1-b. A Figura 1-a representa um produto que tem por
objetivo facilitar a aplicação do colírio nos olhos. Podemos notar que o produto é uma solução
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para o problema da aplicação do colírio, no entanto essa solução terminou por não ter sucesso
comercial. O mesmo ocorre com o produto da Figura 1-c, o Guarda Chuva Coletor. Neste caso
o objetivo é coletar a água da chuva e armazenar em um reservatório e fazer seu uso gratuito.
Apesar de ser uma solução para aproveitamento da água da chuva, não houve sucesso
comercial também.
Início do Box explicativo
Exemplo de uma invenção
Cientistas engenheiros de desenvolvimento de um fabricante de produtos de limpeza
doméstica trabalharam durante meses no desenvolvimento de um novo produto de limpeza
para lavatórios. Eles desenvolveram um liquido que, quando borrifado na opia do banheiro,
em contato com a água, teria um efeito efervescente e cintilante, dando a impressão de um
produto forte e ativo. A empresa solicitou uma patente, e posteriores desenvolvimentos e
pesquisa de mercado foram planejados. Entretanto, resultados iniciais, tanto de especialistas
técnicos quanto de mercado, levaram ao abandono do design. A resposta preliminar do
mercado indicou que os consumidores teriam receio do produto porque a efervescência e o
brilho pareciam intensos demais e assustadores. Além disso, pesquisas técnicas adicionais
revelaram pouca durabilidade para a mistura. Esse é um claro exemplo de uma invenção que
não foi além da organização para se transformar em produto comercial. (Fonte: Trott, 2012.)
Fim do Box explicativo
Você deve estar se perguntando: e se esses produtos tivessem tido valor comercial, ou seja, se
tivessem sido aceitos comercialmente, ainda assim teriam sido considerados uma invenção?
Neste caso, teríamos mais do que uma invenção, teríamos uma inovação! Vejamos o exemplo
representado pelo produto da Figura 1-d, o notebook. O notebook é mais que uma invenção,
pois passou a ter valor comercial, uma aceitação por parte do consumidor, portanto, é
considerado uma inovação.
Mas é importante lembrar que muitas vezes uma invenção inicialmente pode não ter valor
comercial, pode levar um certo tempo para se transformação em uma inovação. Como
exemplo podemos citar a tecnologia de micro-ondas, que foi descoberta em 1940, deu origem
a invenção do forno micro-ondas, em 1945, o qual só teve seu sucesso comercial em 1967.
Outro exemplo é o do telefone de Alexandre Bell, que não resultou em uma inovação
instantânea das telecomunicações. Foi necessário todo um desenvolvimento de mercado para
a comunicação entre as pessoas.
Já entendemos que a descoberta possui características diferentes da invenção, e que a
invenção também se distingue da inovação pelo fator comercial. Vamos agora entender um
pouco mais sobre as caraterísticas da inovação, elemento principal de nossa aula.
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1.3 Inovação
Diferentemente das invenções e descobertas e da tecnologia, o critério para o sucesso da
inovação tecnológica, não é técnico, e sim comercial. Em outros termos, seu sucesso exige um
retorno de investimento adicional que vai além daquele despendido originalmente; requer um
mercado amplo suficientemente para que a inovação seja desenvolvida.
Tanto as definições de invenção quanto as de inovação tem uma forte orientação para
produtos e processos tecnológicos. Em outras palavras, em ambas as situações podemos ter a
criação de algo novo em produto e processo.
Por meios destas definições e considerações, uma expressão simples do que é inovação pode
ser apresentada:
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representam a exploração ou a comercialização. O processo completo é o que representa a
inovação.
Esse entendimento introduz a noção de que a inovação é um processo com uma série de
características distintas que devem ser gerenciadas. Em síntese, a inovação depende de
invenções, as quais precisam ser atreladas a atividades comerciais.
No caso em que uma inovação é voltada para o uso prático, ou seja, aplicadas em setores da
economia sem fins lucrativos, como por exemplo o setor público, a inovação pode ser
representada pela seguinte expressão:
Segundo o Manual de Oslo (OECD, 2005), uma das principais referências que trata de
inovação, a define como sendo a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou
significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo
método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas
relações externas.
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Não poderíamos deixar de citar outra definição importante de inovação, a de Schumpeter
(1961).
Box de curiosidade
Novo Nova
Processo Organização
Novo Novo
Mercado Produto
Nova Fonte
Matérias-
Primas
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diferente. A mais difícil de se obter nos dias de hoje são as novas fontes de fornecimento de
matérias-primas. Mas o exemplo que pode ser citado é da descoberta de uma nova jazida de
ouro. Quanto à nova forma de organização industrial, um exemplo que podemos utilizar é o da
Dell. A empresa Dell diferenciou-se no mercado não pelo lançamento de novos produtos, mas
pelo desenvolvimento dos seus sistemas de distribuição. Boa parcela de investimentos em
Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) está voltada para a criação de sistemas de distribuição
supereficientes (Adaptado de Sarkar,2014).
Melhoramentos significativos para produtos existentes podem ocorrer por meio de mudanças
em materiais, componentes e outras características que aprimoram seu desempenho.
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Uma inovação de marketing é a implementação de um novo método de marketing com
mudanças significativas na concepção do produto ou em sua embalagem, no posicionamento
do produto, em sua promoção ou na fixação de preços.
Vale destacar que a característica que distingue uma inovação de marketing com outras
mudanças de marketing é a implementação de um método de marketing que não tenha sido
utilizado anteriormente. Em outros termos, significa dizer que a mudança deve representar
um novo conceito ou estratégia de marketing, diferente dos métodos de marketing existentes
na organização.
Início do verbete
Fim do verbete
Vale destacar que nem toda inovação necessariamente tem a tecnologia como elemento
principal. Tomemos como primeiro exemplo o microcrédito, que é uma inovação de caráter
social importante no setor de serviços. O resultado desta inovação tem sido fundamental no
apoio a redução da pobreza. Outro exemplo que podemos citar é do mundo da moda. Quando
um novo estilo de se vestir passa a ser um referencial para as pessoas, temos também um
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exemplo de criatividade e inovação. Portanto, nota-se que as inovações ultrapassam a
fronteira do produto, propriamente dito.
É importante salientar que os diferentes tipos de inovação não são necessariamente
independentes, pelo contrário, muito comumente um tipo de inovação é seguido por um
outro tipo. Por exemplo, a introdução de uma inovação tecnológica como câmeras digitais pela
Kodak e pela Fuji, resultou em substanciais mudanças organizacionais internas (fabricação,
marketing e as funções de venda).
A inovação radical traz consigo uma revolução tecnológica. Em outras palavras, significa
que a nova tecnologia leva à extinção do que existia antes dela. Podemos entender melhor
usando o exemplo do telex, que por conta do telefone foi substituído; e os discos LP,
extintos pelo surgimento do CD.
Início do verbete
Pesquisa básica, também chamada pesquisa pura ou pesquisa fundamental, é uma pesquisa
científica focada na melhoria de teorias científicas para melhoria da predição ou compreensão
de fenômenos naturais ou de outro tipo. Ela refere-se ao estudo destinado a aumentar nossa
base de conhecimento científico.
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Pesquisa aplicada usa pesquisas científicas para desenvolver tecnologias ou técnicas para
intervir e alterar fenômenos naturais ou de outro tipo. Apesar de frequentemente ser guiada
pela curiosidade, a pesquisa básica abastece as inovações da ciência aplicada.
Fim do verbete
No entanto, quando uma inovação radical tem aceitação comercial, os lucros da empresa
oriundos destas inovações chegam a ser várias vezes maiores do que produtos com
inovações incrementais.
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Todos esses conceitos que aprendemos até agora decorrem de estudos realizados e de teorias
formuladas a partir desses estudos. É importante sabermos que o entendimento de que temos
hoje sobre inovação nem sempre foi aceito como tal. Esses estudos apresentam perspectivas
diferentes sobre o comportamento da inovação e de seu papel para o crescimento econômico
das nações. Sem a pretensão de avançarmos muito nesse tópico, a seção a seguir fará uma
breve explanação dos principais estudos sobre inovação que a literatura dispõe para nós.
3. O estudo da inovação
Apesar de a inovação ter estado sempre presente na história da humanidade, seu estudo
como ciência e como instrumento de crescimento e desenvolvimento econômico é
relativamente recente.
Os principais estudos datam do século XIX, onde os historiadores econômicos observaram que
a aceleração do crescimento econômico foi resultante de progresso tecnológico. Embora nesse
período haja o reconhecimento do papel do progresso tecnológico no crescimento econômico
das nações, pouca atenção foi destinada para o entendimento de como as mudanças na
tecnologia contribuíam para esse crescimento.
Mas foi Schumpeter (1961), o pioneiro entre os economistas, a dar ao desenvolvimento novos
produtos um papel-chave para o estímulo desse crescimento. Ele argumentava que a
concorrência, determinada por novos produtos, era muito mais importante que as alterações
em margem de preços de produtos existentes. Em outras palavras, o crescimento econômico
tende a ser maior quando ocorre por meio do desenvolvimento de novos produtos, do que
quando se dá pela redução de preços em produtos existentes.
A partir do fim da Segunda Grande Guerra Mundial o interesse nas causas do crescimento
econômico aumenta significativamente. A pesquisa e o desenvolvimento industrial surgem
como uma das principais influências sobre a inovação, já que durante a guerra muitos avanços
tecnológicos ocorreram em virtude da Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de cunho militar.
Resultados desse desenvolvimento são os radares e as novas armas. Entretanto, pesquisas
demostraram que não havia correlação direta entre gastos em P&D e taxas de crescimento
econômico. Sendo assim, o desafio passou a ser a busca pelo entendimento de como a ciência
e a tecnologia afetavam o sistema econômico.
Início do verbete
Fim do verbete
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Os estudos sobre inovação avançaram com a abordagem neoclássica, mas a explicação de
como a ciência e a tecnologia afetavam o sistema econômico ainda não se apresentava. Os
neoclássicos concentravam-se na indústria ou no desempenho macro da economia. As
diferenças entre as empresas que atuam no mesmo ramo de negócio eram ignoradas. As
diferenças que se observavam entre as empresas eram decorrentes do ambiente de mercado
em que estavam inseridas.
A partir dos anos de 1950 vários estudos sobre inovação foram realizados, e se diferenciaram
dos anteriores por enfatizara empresa e suas atividades internas. Havia então uma
concentração maior nas características internas do processo de inovação dentro da economia.
A empresa e o modo como utilizava seus recursos eram agora considerados como a principal
influência em inovação (Trott, 2012). Em outros termos, as empresas se comportavam de
maneira diferente, apresentavam características organizacionais diferentes.
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No final do século XX, o debate se aprimorou, o que resultou em um melhor entendimento sobre a área
da gestão da inovação. As empresas modernas com uso intensivo de laboratórios de P&D se tornariam
os principais agentes inovadores. A teoria evolucionária schumpeteriana enfatiza o desenvolvimento das
capacidades dinâmicas das empresas. O sucesso das empresas reside na habilidade de adquirir e fazer
uso do conhecimento e aplicá-lo nos processos de desenvolvimento de novos produtos.
Os clientes são vistos, em boa medida, como o ponto de partida para as estratégias de inovação, e
entender e satisfazer suas necessidades passa a ser um aspecto-chave. No entanto, é importante fazer
aqui uma importante observação quanto ao papel dos clientes como demanda das inovações. Há
estudos recentes, como os de Hamel e Prahalad (1994) e Christensen (2011), que sugerem que atender
às necessidades dos clientes pode, na verdade, sufocar a inovação tecnológica e ser prejudicial para um
sucesso duradouro dos negócios. Em outros termos, ironicamente, as empresas podem ser levadas a
perseguirem inovações que não são exigidas por seus clientes atuais. Esse contexto pode ser melhor
entendido pela distinção dos conceitos de inovação radical (de ruptura) e incremental (de sustentação),
já vistos na seção 2. As inovações incrementais ou sustentadoras recorrem à clientes existentes, já que
trazem melhorias em produtos estabelecidos. Vejamos um exemplo para ficar mais claro. A introdução
de uma tecnologia LED nos televisores fornece um aperfeiçoamento para clientes antigos, em termos de
acréscimo de características no produto, como melhor qualidade de imagem. As inovações radicais ou
de ruptura buscam oferecer melhorias que vão além da demanda. Por exemplo, o CD (Compact Disc),
que é disco ótico digital para armazenamento de dados (criado originalmente para armazenar e tocar
músicas), em substituição ao disco de vinil (ou Long Play - LP), embora tenha trazido um
aperfeiçoamento significativo, também criou problemas para os usuários de LP, familiarizados com o
sistema anterior. Por outro lado, a tecnologia para tocar músicas, incorporada em um novo formato, o
CD, também criou novos mercados, que englobaram, o mercado existe, o de vinil (Adaptado de Trott,
2012).
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Mais recentemente, a partir da década de 2000, o Brasil reconhece a importância da inovação
para sua competitividade em um mundo globalizado. Pesquisas sobre inovação, capacidade
tecnológica, padrões tecnológicos e desempenho das firmas brasileiras têm sido realizadas, o
que demonstra um esforço significativo para o entendimento da complexidade e dos aspectos
da inovação no país. Apesar dessas iniciativas, vale ressaltar que a mobilização pela inovação
no Brasil pode ser considerada ainda um fato recente.
A competitividade nos dias de hoje é decorrente de várias mudanças, e pode ser sintetizada
por quatro importantes aspectos:
a) Crescente internacionalização dos mercados;
b) Aumento da diversidade e variedade de produtos;
c) Redução do ciclo de vida dos produtos no mercado;
d) Clientes mais exigentes.
Em consonância com esses aspectos, podemos então apresentar alguns dos principais novos
desafios para a competitividade atual, a saber:
• Reduzir os custos de produção: Desenvolver produtos que sejam mais fáceis de ser
fabricados e montados
• Agregar valores aos produtos: Diferenciar seus produtos daqueles oferecidos pelos
concorrentes. Pode ser feito através da agregação de valores tangíveis (aspectos
tecnológicos) e intangíveis (elementos culturais próximos do consumidor).
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• Reduzir o tempo de desenvolvimento de produtos: Constantes mudanças no mercado e
avanço da concorrência. Dispor de novos produtos no mercado a um intervalo de tempo
cada vez menor.
a) Empresas que inovam e diferenciam produtos: são aquelas que realizaram inovação de
produto para o mercado e obtiveram preço prêmio acima de 30% nas suas exportações
quando comparadas com as demais exportadoras brasileiras do mesmo produto. As
estratégias nesse grupo tendem a criar mais valor, a capturar parcela maior da renda
gerada pela indústria.
c) Firmas que não diferenciam produtos e têm produtividade menor: são as demais
empresas que não pertencem às categorias anteriores. Engloba empresas tipicamente
não-exportadoras, menores, que podem, inclusive, inovar, mas são menos eficientes nos
mais variados sentidos, que se mostram capazes de captar espaços em mercados menos
dinâmicos através de baixos preços e outras possíveis vantagens.
Início verbete
Fim verbete
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Os resultados, apresentados na Tabela 1, mostram claramente o impacto positivo da
inovação no crescimento das empresas.
Pela Tabela 1, notamos que a grande maioria das empresas da indústria brasileira é formada
por empresas especializadas em produtos padronizados, que respondem por 62,6% do
faturamento e por 48,7 do emprego gerado.
Podemos também perceber que em relação à remuneração média, o valor nas empresas que
inovam é significativamente superior às empresas das demais categorias. Nas empresas que
inovam, o salário médio é aproximadamente 67% mais elevado em relação ao grupo de
empresas especializadas em produtos padronizados, e aproximadamente três vezes maior em
relação às empresas que não diferenciam produtos.
Em relação ao valor médio das importações e exportações também observamos que as firmas
que inovam e diferenciam produtos exportam e importam, em média, muito mais do que as
demais firmas exportadoras. A Figura 2 sintetiza os efeitos positivos da inovação.
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Exportações
Crescimento
Atividades
Pudemos ver nessa aula as estratégias competitivas adotadas pelas empresas brasileiras. Ficou
claro, pela Tabela 1, que ao adotarem a estratégia de inovação e diferenciação de produtos as
empresas conseguem obter diversos tipos de ganhos e tornam-se mais competitivas. Para
entendermos um pouco mais sobre o panorama da inovação no Brasil, podemos fazer uso das
informações resultantes da Pintec - Pesquisa de Inovação Tecnológica no Brasil.
A Pintec é uma pesquisa de âmbito nacional e tem por objetivo entender a dinâmica da
inovação no Brasil, traçar um perfil das empresas inovadoras no país. A pesquisa ocorre a cada
três anos e teve sua primeira edição publicada no ano de 2000. De lá para cá foram realizadas
outras cinco edições. A Tabela 2, abaixo, mostra os resultados das taxas de inovação em
produto e processo nas empresas pesquisadas. Pede-se para analisar a tabela 2 e fazer uma
discussão com os resultados apresentados na Tabela 1. Para o desenvolvimento desta
atividade recomenda-se uma breve leitura das edições da Pintec. As edições completas poder
ser acessadas pelo endereço abaixo:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/industria/pintec/2014/default.shtm
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Tabela 2: Taxa de Inovação de produto e de processo
Taxa de Taxa de
Taxa de Taxa de
Período de inovação inovação
inovação inovação
Referência Taxa de de Taxa de de
de de
(Pintec 2000, Taxa de inovação produto inovação processo
produto processo
2003, 2005, inovação de novo de novo
novo novo
2008, 2011 e produto para o processo para o
para a para a
2014) mercado mercado
empresa empresa
nacional nacional
Conclusão
Após essa aula introdutória, podemos concluir que o sucesso da inovação não acontece por
mero desejo. O processo complexo e arriscado de transformar ideias em algo significativo
exige da empresa mais do que paixão e energia, é preciso organização e gestão estratégica.
Resumo
Nessa primeira aula aprendemos a distinguir os termos descoberta, invenção e inovação.
Também aprendemos que a origem do processo de inovação tecnológica ocorre pelas
invenções ou descobertas. As invenções são resultados do processo criativo que
frequentemente são muito difíceis de serem previstos ou planejados, e que a universidade
com seu domínio na pesquisa científica, assume um importante papel nesse processo.
Vimos ao longo desta aula que a inovação requer a implementação, para ser considerada
inovação, seja de produtos e serviços novos ou melhorados, e novos métodos organizacionais
ou de marketing. A inovação pode ser vista como um conceito amplo que inclui uma ampla
variedade de atividades que resultam em mudanças no produtos e serviços, bem como na
forma que estes produtos e serviços são entregues ao consumidor. Vimos também que estas
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mudanças apresentam graus diferentes de intensidade, que podem variar de inovações mais
simples (ou incrementais), a inovações mais complexas (ou radicais).
Apresentamos também algumas considerações acerca dos estudos sobre inovação, e pudemos
observar que o entendimento do tema é apresentado por várias perspectivas teóricas, o que
denota sua complexidade.
Mostramos, em seguida, os principais desafios que precisamos superar para sermos um país
competitivo. Um tópico especial tratou da importância da inovação para a competitividade das
empresas, e os impactos positivos da adoção de estratégias de inovar e diferenciar produtos.
Vimos que a inovação resulta em maior crescimento, maior remuneração, maior
produtividade, e mais inserção no mercado internacional.
Próxima aula
Na próxima aula nós vamos discutir a inovação como um processo de gestão. Apresentaremos
as fases que compreendem o processo de inovação.
Leitura recomendada
BESSANT, J.; TIDD, J. Inovação e empreendedorismo. Bookman, 2009.
PRAHALAD, C. K.; HAMEL, G. Competindo pelo futuro: estratégias inovadoras para obter o
controle do seu setor e criar os mercados de amanhã. Gulf Professional Publishing, 2005.
Referências Bibliográficas
CHRISTENSEN, Clayton M. O dilema da inovação. São Paulo: Makron Books, 2011.
CONWAY, S.; STEWARD, F. Managing and shaping innovation. Oxford University Press, 2009.
DE NEGRI, J.A; SALERNO, M.S., (Orgs.). Inovação, padrões tecnológicos e desempenho das
firmas industriais brasileiras. Brasília, Ipea, 2005.
FIGUEIREDO, P.N. Gestão da inovação: conceitos, métricas e experiências de empresas no
Brasil. Rio de Janeiro, LTC, 2015.
HAMEL, G.; PRAHALAD, C. K. Competing for the Future. Harvard Business Press, 1996.