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A adoção de uma antiga idéia, pela Constituição brasileira e sua atual

efetivação para se chegar à verdadeira participação popular1


Integrantes deste trabalho2

Introdução

A idéia de tripartição dos poderes remonta a Aristóteles em sua obra Política,


escrita no séc, IV a.C. A obra divide-se em oito livros, que tratam da composição da
cidade, da escravidão, da família, das riquezas, bem como de uma crítica às teorias de
Platão. Analisa também as constituições de outras cidades, num notável exercício
comparativo, descrevendo-lhes os regimes políticos.
De acordo com o filósofo de estagira, governo e constituição são sinônimos,
podendo ser o governo exercido de três maneiras distintas: por um só, por poucos ou por
muitos. Se tais governos têm como objetivo o bem comum, podemos dizer que são
constituições retas, ou puras. Por outro lado, se os poderes forem exercidos para satisfazer
o interesse privado de um só, de um grupo ou de apenas uma classe social, essa
constituição está desvirtuada, depravou-se. Assim fica claro o confronto entre o bem
comum e o interesse privado ou de classe, pois quando um regime se inclina para o último,
perverte-se, voltando às costas para o coletivo.
Assim, após um exame político dos homens, percebe-se que eles se organizam
sempre em três formas de governo: a monárquica (governo de um só), a aristocrática
(governo dos melhores) e, finalmente, a democrática (o governo da maioria ou do povo),
na visão aristotélica.
A Teoria da Separação dos Poderes é a teoria de ciência política desenvolvida
por Montesquieu, no livro “O Espírito das Leis” (1748), que visou moderar
o Poder do Estado dividindo-o em funções, e dando competências a órgãos diferentes do
Estado. As idéias de Montesquieu partiram principalmente das teses lançadas por John
Locke, ainda que implicitamente, cerca de cem anos antes.
Montesquieu em seu livro, “O Espírito das Leis” observa as relações,
desenvolvendo, assim, as idéias do Constitucionalismo, que consolida a distribuição da
autoridade por meios legais, evitando o arbítrio e a violência que o sistema legal tem com
cada governo. Essas idéias subsidiaram separação dos poderes, hoje uma das pedras
angulares do exercício do poder democrático. Montesquieu admirava a Constituição
inglesa, mesmo sem compreendê-la completamente, e descreveu cuidadosamente a
separação dos poderes em Executivo, Judiciário e Legislativo, trabalho que influenciou os
elaboradores da Constituição dos Estados Unidos. O Executivo seria exercido por um rei,
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MiniPaper acadêmico, sobre a “importância, funções e elementos essenciais dos Três Poderes na
Constituição da República Federativa do Brasil”, incluindo a nossa posição crítica sobre as
Audiências Públicas no STF. Apresentado à Disciplina “Organização do Estado e dos Poderes –
Direito Constitucional II”, como complemento à 2ª avaliação do 3° semestre, para o curso de Direito do
Centro Universitário Jorge Amado – UniJorge, em Salvador (BA), trabalho acadêmico avaliado pela
docente da referida disciplina, professora e advogada Carina Barbosa Gouvea.
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André, Cátia Valentina, Marcos Paulo R. Bassalo, Bruno e Gilovanda.

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com direito de veto sobre as decisões do parlamento. O poder legislativo, convocado pelo
executivo, deveria ser separado em duas casas: o corpo dos comuns, composto pelos
representantes do povo, e o corpo dos nobres, formado por nobres, hereditário e com a
faculdade de impedir (vetar) as decisões do corpo dos comuns. Essas duas casas teriam
assembléias e deliberações separadas, assim como interesses e opiniões independentes.
Refletindo sobre o abuso do poder real, Montesquieu conclui que "só o poder freia o
poder", no chamado "Sistema de Freios e Contrapesos" (Checks and balances), daí a
necessidade de cada poder manter-se autônomo e constituído por pessoas e grupos
diferentes.
No Brasil, que adotou tal teoria em sua Constituição, funcionam três poderes:
o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. O Legislativo elabora as leis. Na cidade, quem
faz as leis são os vereadores, nas câmaras municipais. No estado, são os deputados, nas
assembléias legislativas. Em Brasília, capital do Brasil, o Poder Legislativo é exercido por
senadores e deputados. O Executivo executa as leis. No município, o poder executivo é
representado pelo prefeito. No estado pelo governador. O Presidente da República é o
principal representante do Poder Executivo. O Poder Judiciário fiscaliza o cumprimento
das leis e estabelece punições para quem não as segue.
O Brasil, Estado democrático de Direito, é formado pela união dos Estados
federados mais o Distrito Federal. A organização política e administrativa é constituída
com a divisão dos três poderes: Executivo, Legislativo, e o Judiciário, todos independentes
e harmônicos entre si, (art.2º). Esse modelo de tripartição foi inserido na Constituição com
o escopo de haver o controle de um poder sobre o outro. É através da Constituição que são
organizadas e criadas as entidades federativas e a cada entidade federativa a Constituição
atribui competências, e os poderes possuem funções típicas e atípicas, obedecendo aos
preceitos constitucionais. Os três poderes exercem um papel fundamental tanto no âmbito
político como jurídico, porque possibilita a organização política e administrativa do estado
brasileiro, preservando assim a autonomia política.
Não existe uma separação de poderes, onde cada poder exerce uma função
separadamente. No estado de Direito a realização das atividades é típica e atípica; o poder
Executivo, por exemplo, possui como função típica a prática de atos de chefia do estado e
do governo e atos de administração; o Poder Legislativo as funções típicas de legislar e
fiscalizar o poder executivo; o Poder Judiciário exerce a função típica de julgar “dizendo
o direito no caso concreto e dirimindo os conflitos que lhes são levados, quando da
aplicação da lei”3. É possível exercerem atipicamente funções atribuídas a outro poder. O
que caracteriza a independência entre os órgãos do Poder não é a exclusividade no
exercício das funções que lhe são acometidas, e sim, a “predominância do seu
desempenho” 4 .
Os poderes têm por finalidade limitar o poder pelo próprio poder evitando o
exercício da soberania de um sobre o outro, não havendo hierarquia nem subordinação
entre os mesmos. Suas funções repartem-se determinadas pela própria Constituição que
proibe a delegação das competências por ela imposta, somente podendo ser delegadas se a
Constituição expressamente possibilite tal delegação.
O Poder Legislativo tem como atribuições típicas apreciar e julgar as contas do
Presidente da República, as contas dos administradores de bens e valores públicos e
investigar fatos da política nacional através das comissões parlamentares de inquérito;
como funções atípicas administrativas, competência das câmaras para disporem sobre sua
organização, polícia e provimento de cargos e serviços específicos, ocorrendo também
quando o legislativo provê cargos, aloca servidores, concede férias, licenças, promove
3
Pedro Lenza, Direito Constitucional Esquematizado, p. 223;
4
Dirley da Cunha Jr. Curso de Direito Constitucional, p. 920;

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servidores e outros. Na função atípica jurisdicional, temos os julgamentos que decidem
“sobre os crimes de responsabilidade e processar e julgar os Ministros do STF, o
Procurador Geral da Republica e o Advogado Geral da União ( art. 52, II )”. É
importante acrescentar que a Câmara dos Deputados tem o juízo de admissibilidade contra
Ministros do S T F, Procurador Geral da Republica e Advogado- Geral da União.
Quanto ao Poder Executivo é exercido pelo presidente da Republica e
auxiliados pelos Ministros de Estados e sucessivamente Estados e Municípios pelos
Governadores e seus Secretários Municipais, e seus respectivos vices. A este poder cabe a
função de praticar os atos de chefia de Estado, representar a nação, concretizando os
anseios sociais e coletivos, Chefe de Governo e Chefe de Administração Federal. Compete
sancionar, promulgar, e publicar as leis aprovadas pelo Legislativo, além de comandar as
forças Armadas no caso do Presidente da Republica, e as policias militares e civis e as
guardas Municipais. E nas Funções Atípicas como as jurisdicionais, são as originárias de
recursos administrativos, com as quais internamente a Administração Publica exerce a
função de julgamento, valendo-se do principio da ampla defesa, deferindo pedidos, e
criando órgãos julgadores.
Atribuições do Poder Judiciário, tem por função típica de decidir as
divergências surgidas por conta aplicação das leis, solucionando os conflitos existentes, os
conflitos e divergências existentes entre as leis e suas interpretações, alem de fazer cumprir
a lei, por sua vez abstrata,genérica e impessoal. Quanto às funções atípicas concentram-se
nas funções administrativas internas, disposições organizacionais e ainda a função
legislativa.

Audiências Públicas

Há quase dez anos foi inserido no ordenamento jurídico pátrio, pelas Leis nº
9.868 e 9.882, o instituto processual da audiência pública, que, aqui, se convencionou
chamar de audiência pública jurisdicional. Referido instrumento visa possibilitar um maior
contato do Poder Judiciário com a comunidade a que atende. Tanto juristas como leigos
têm manifestado grande euforia com referido instituto, haja vista representar, ao menos
aparentemente, o modelo de democracia que se pretende, aproximando o contato da
comunidade com o centro de poder e ampliando os locais deste contato, numa recusa à
atuação limitada da cidadania hodierna, que apenas participa através do voto nas eleições.
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 deu, um extraordinário
salto qualitativo ao superar uma democracia meramente representativa para ingressar no
âmbito novo das relações entre o povo e o poder, que é exatamente a democracia
participativa. Isso está consignado, com todas as letras, no artigo 1º, parágrafo único,
desta Magna Carta, estabelecendo que o poder é exercido pelo povo através de
representantes eleitos ou diretamente nas hipóteses em que a própria Constituição
estabelece. E são várias essas hipóteses. O artigo 14, por exemplo, determina a
participação popular, ou seja, a participação dos cidadãos, mediante referendo,
plebiscito e da iniciativa popular. Existem outras situações também em que o cidadão
participa da gestão da coisa pública. Por exemplo, no planejamento urbano, na
fiscalização das contas públicas, no estabelecimento de políticas públicas no âmbito da
saúde, da educação, do meio ambiente.
As audiências públicas, a nosso ver, se inserem dentro dessa idéia de
democracia participativa. Ou seja, de uma participação do povo, da cidadania, no processo
de tomada de decisões. A Lei nº 9.882/99, em seu artigo 5º, I, faculta ao relator das ações
de caráter objetivo, sobretudo das ações diretas de inconstitucionalidade, convocar

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audiências públicas para subsidiar os ministros no seu julgamento ou, eventualmente,
convocar peritos, especialistas sobre a matéria. O Regimento Interno, no artigo 21, inciso
XVII, reproduz e regulamenta esta disciplina da lei das ações diretas de
inconstitucionalidade. Portanto, a mim me parece que as audiências públicas, o instituto do
amicus curiae5, que são os amigos da Corte, que colaboram no julgamento das questões
submetidas ao Supremo Tribunal Federal, e mesmo o televisionamento das sessões de
julgamento fazem parte deste processo de aproximação da cidadania dos Poderes da
República, em especial do Poder Judiciário.
As audiências públicas realmente representam uma oportunidade que tem o
Supremo Tribunal Federal de ouvir não apenas a sociedade civil de modo geral, mas os
membros dos demais Poderes e também os especialistas nos assuntos. As audiências
públicas são convocadas não de forma rotineira, mas de forma muito excepcional, quando
algum tema tenha uma grande repercussão na sociedade, como foi o caso do julgamento
das células-tronco embrionárias, da questão dos territórios indígenas, a questão da reserva
de vagas nas universidades públicas, um tema magno que deve ser decidido pelo Supremo
Tribunal Federal com a audiência da sociedade em geral, dos cidadãos brasileiros.
De acordo com a Dra. Evanna Soares, professora titular do curso de Direito
Administrativo da Universidade de São Paulo:
O Estado Democrático de Direito é caracterizado pela participação direta,
referindo-se à terceira fase de evolução da Administração Pública, em que o
particular, individual e pessoalmente, influencia na gestão, no controle e nas
decisões do Estado (17), como decorrência do princípio democrático. A
democracia participativa, assim, é conseqüência da insuficiência da
democracia representativa reinante no final do Século XX e decorre da
exigência da presença direta dos particulares na tomada de decisões coletivas
(18), através das audiências públicas, por exemplo. (DI PIETRO, 1993, p. 32-
33)
O fundamento prático da audiência pública está no interesse público na
produção de atos legítimos, também no interesse do administrador em reduzir erros de fato
ou de direito em suas decisões; esse mecanismo democrático tem dupla natureza pública: a
publicidade e transparência do próprio mecanismo através da oralidade, imediação,
assistência, registros e publicações dos atos, e pela própria participação processual e a
abertura a todos os segmentos sociais. Sua relevância está na participação oral e efetiva do
público no procedimento ordenado, como parte no sentido jurídico, e não meramente como
espectador. Portanto, para que se realize é necessário a efetiva participação do público.
Logo, a sessão que, embora aberta ao público revele um comportamento passivo dos
presentes não poderá assim ser chamada.
Dessa forma, a audiência pública torna-se um instrumento de participação
popular na função administrativa, própria do Estado Social e Democrático de Direito,
servindo, também, para controle da atividade administrativa, fazendo-se pertinente sempre
que direitos coletivos estiverem em jogo, haverá espaço para a realização das mesmas,
dentro de um objetivo maior de descentralizar as formas de atuação e de ampliar os
instrumentos de controle .

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A expressão latina amicus curiae significa "amigo da Corte" (friend of the courte ou Freund des Gerichts).
As origens do instituto do amicus curiae remontam ao direito romano segundo alguns autores, mas foi
certamente no direito norte-americano que a figura interventiva desenvolveu-se. De fato, o sistema do
common law adota o modelo do stare decisis, em que as decisões jurisprudenciais vinculam os casos
semelhantes que venham a ocorrer no futuro. Assim, a força do precedente judicial pode fazer com que
uma decisão proferida em relação a um litígio individual produza de algum modo efeitos a todos os futuros
processos de mesma natureza. Surge então a necessidade de se possibilitar que setores sociais diversos
possam influenciar as decisões judiciais, ainda que não possuam interesse ou relação direta com o objetivo
do processo em que se manifestam. Disponível em:< http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=14828>.
Acessado em: 24 mai.2010.

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Representa a audiência pública, outrossim, indispensável instrumento para
realização da missão institucional do Ministério Público, achando-se prevista, ainda, no
processo legislativo e no processo judicial – aqui restrita ao processo de controle
concentrado da constitucionalidade das normas. Portanto, concretizando a perspectiva de
Aristóteles acerca de Política como a ciência da felicidade, sendo essa felicidade a forma
de viver no meio que o circunda, nos costumes e nas instituições adotadas pela
comunidade à qual pertence, nada mais justo do que a participação efetiva daqueles
envolvidos nas demandas comunitárias.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ARISTÓTELES. Obras. Madeira: 2ª. Ed. Aguilar, 1973.


CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. Disponível em:<
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>. Acessado em: 21
mai.2010.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Participação Popular na Administração Pública. Revista
Trimestral de Direito público, São Paulo, n. 1, 1993.
GORDILLO, Agustin. Participación administativa, Revista de Direito Público, São Paulo, 1985.
JÚNIOR, Dirley da Cunha. Curso de Direito Constitucional. 4ª ed. Bahia: Jus Podvim,
2010.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 14. ed. ver., atual. e ampl. São
Paulo: Saraiva, 2010.
MODESTO, Paulo. Participação Popular na Administração Pública. Mecanismos de
Operacionalização, p. 2.
SILVA, José Antonio da. Comentário contextual à constituição. 4. ed. São Paulo:
Malheiros, 2007.

REFERÊNCIAS VITUAIS:

Disponível em:< http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Espírito_das_Leis>. Acessado em: 21 mai.2010.


Disponível em:< http://www.stf.gov.br>. Acessado em: 21 mai.2010.
Disponível em:< http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3145>. Acessado em: 22 mai.2010.
Disponível em:< http://educaterra.terra.com.br/voltaire/politica/aristoteles_politica.htm>.
Acessado em: 22 mai.2010.

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