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COMPREENDER

AS POLÍTICAS
DA UNIÃO
EUROPEIA Transportes

Interligar
os cidadãos
e as empresas
da Europa
D is p o r d e s is t em as d e t r an s p o r t e
ef ic azes é es s enc ial p ar a
a c o m p et it ivid ad e d a E ur o p a na
ec o no m ia m un d ial , a c r iaç ão d e
em p r ego e a qual id ad e d e vid a
quo t id ian a d as p es s o as .
ÍNDICE matières
Por que tem a UE uma
política de transportes . . . . . . . . . . . . . 3

COMPREENDER Como funciona a política


AS POLÍTICAS de transportes da UE . . . . . . . . . . . . . . 6

DA UNIÃO EUROPEIA O que faz a política


de transportes da UE . . . . . . . . . . . . . 8

A presente publicação faz parte de uma coleção que Principais meios de transporte . . . . . 10
descreve a ação da União Europeia em vários domínios, as
razões da sua intervenção e os resultados obtidos. O futuro da política
de transportes da UE . . . . . . . . . . . . . 18
A coleção está disponível em linha:
http://europa.eu/pol/index_pt.htm Saiba mais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
http://europa.eu/!JF89wH

Como funciona a União Europeia


A Europa em 12 lições
«Europa 2020»: a estratégia europeia de crescimento
Os pais fundadores da União Europeia

Ação climática
Agenda digital
Agricultura
Ajuda humanitária e proteção civil
Alargamento
Alfândegas
Ambiente Compreender as políticas da União Europeia:
Assuntos marítimos e pescas Transportes
Bancos e finanças
Comércio Comissão Europeia
Concorrência Direção-Geral da Comunicação
Consumidores Informação dos cidadãos
Cooperação internacional e desenvolvimento 1049 Bruxelas
Cultura e audiovisual BÉLGICA
Educação, formação, juventude e desporto
Emprego e assuntos sociais Manuscrito atualizado em novembro de 2014
Empresas
Energia Capa e imagem da página 2:
Fiscalidade © iStockphoto.com/nadla
Fronteiras e segurança
Investigação e inovação 20 p. — 21 × 29,7 cm
Justiça, direitos fundamentais e igualdade ISBN 978-92-79-42791-6
Luta contra a fraude doi:10.2775/15111
Mercado interno
Migração e asilo Luxemburgo: Serviço das Publicações
Orçamento da União Europeia, 2014
Política externa e de segurança
Política regional © União Europeia, 2014
Saúde pública Reprodução autorizada. As fotografias só podem ser
Segurança alimentar utilizadas ou reproduzidas separadamente mediante a
Transportes autorização prévia dos titulares dos direitos de autor.
União Económica e Monetária e o euro
T R A N S P O R T E
3

Por que tem a UE uma política de transportes


A Europa precisa de boas ligações de transportes As evoluções registadas na política de transportes
para impulsionar o comércio e o crescimento da Europa ao longo das últimas décadas ajudaram
económico e para criar emprego e prosperidade. As a consolidar o vasto mercado interno da UE, liberalizando
redes de transporte são essenciais para a cadeia de mercados nacionais anteriormente controlados por
abastecimento e constituem a base da economia de monopólios públicos, tais como os setores aéreo
qualquer país. Possibilitam a distribuição eficiente dos e ferroviário.
bens e a circulação dos cidadãos. Tornam os locais
acessíveis, aproximam e unem as pessoas e contribuem Além disso, os obstáculos ao acesso, as diferenças
para uma elevada qualidade de vida. desnecessárias a nível das normas técnicas
e administrativas e as distorções da concorrência entre
Os transportes são uma pedra angular do processo de os países da UE — fixação de preços, impostos e outros
integração europeia e estão estreitamente associados encargos — têm vindo a ser eliminados no âmbito da
à criação e realização do mercado interno, que promove criação de um verdadeiro espaço único europeu dos
o emprego e o crescimento económico. São uma das transportes que abarca todos os modos de transporte.
primeiras políticas comuns da atual União Europeia,
essenciais para concretizar três das quatro liberdades Este processo foi já concretizado em larga medida em
fundamentais do mercado comum, estabelecido domínios como a aviação, onde a política de liberalização
no Tratado de Roma em 1957: a livre circulação de do mercado iniciada nos anos noventa desencadeou um
pessoas, serviços e bens. período de crescimento sem precedentes.

Esta livre circulação seria impossível sem boas ligações No entanto, por si só, a liberalização do mercado não
e redes de transporte. É por este motivo que a política é suficiente para concretizar os objetivos da União
de transportes da UE sempre procurou eliminar os Europeia de melhorar a mobilidade na Europa e garantir
obstáculos entre Estados-Membros, a fim de criar um serviços de transporte de elevada qualidade, tanto para
espaço único europeu dos transportes, com condições os cidadãos como para as empresas.
equitativas de concorrência entre os diversos meios
de transporte: ferroviários, rodoviários, aéreos, fluviais Alargar, modernizar e racionalizar a infraestrutura
e marítimos. a nível da UE é também fundamental para criar redes
transnacionais sem descontinuidades nos diferentes
Os transportes da UE evoluíram consideravelmente ao modos de transporte. É por esta razão que a política
longo dos últimos 60 anos e, hoje em dia, continuam das redes transeuropeias da UE foi consagrada
a dar um forte contributo para a prosperidade em 1992 no Tratado de Maastricht. Este Tratado
e o emprego na Europa. O setor dos transportes incluiu ainda a proteção do ambiente na política de
emprega cerca de 10 milhões de pessoas, o que transportes, para que esta pudesse contribuir para
representa 4,5% do emprego total na UE, e gera uma a realização do mercado interno.
percentagem equivalente do produto interno bruto
(PIB). Possuir boas ligações de transportes é também A política de transportes da UE destina-se também
essencial para a economia da UE em termos de a ajudar e proteger os cidadãos quando viajam.
exportações — o transporte marítimo assegura 90% do Neste contexto, garantir e reforçar os direitos dos
comércio externo da UE. passageiros foi uma das suas principais conquistas.
Hoje em dia, em caso de atraso, os passageiros já não
Muitas empresas europeias são líderes mundiais em são obrigados a descobrir por si próprios o que correu
infraestruturas, logística e produção de equipamentos mal. Têm direito à informação e sabem que podem
de transporte. As famílias da UE gastam hoje 13,5% do reclamá-la junto da transportadora. Além disso, os
seu rendimento em bens e serviços relacionados com passageiros com deficiência e com mobilidade reduzida
transportes, tais como passes de comboio ou viagens beneficiam de assistência especial.
aéreas de negócios ou lazer, o que faz dos transportes
a segunda maior categoria do orçamento familiar, logo A UE é a primeira, e única, região do mundo em que
a seguir às despesas de habitação. os passageiros gozam de direitos de base gerais
e integrados em todos os modos de transporte.
4 C O M P R E E N D E R A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O E U R O P E I A

Estes direitos assentam nos princípios de não- Breve história da política de transportes
-discriminação, em informações exatas, oportunas
e acessíveis, e em assistência imediata e proporcionada. Os transportes constituíram umas das primeiras
políticas comuns da Comunidade Económica Europeia
e a sua origem remonta ao Tratado de Roma.

Veja e descarregue No entanto, o Tratado não definiu o conteúdo da


a aplicação da Comissão política comum de transportes, deixando assim aos
Estados-Membros a responsabilidade de a estabelecer
Europeia «Os seus direitos
de comum acordo. Os progressos neste sentido
de passageiro»: foram muito lentos até aos anos oitenta, porque os
http://europa.eu/!Nu48RW governos tinham relutância em ceder o controlo das
suas redes de transportes nacionais e havia diferenças
consideráveis entre as estruturas regulamentares e de
transporte de cada país.
A política da UE contribuiu igualmente para tornar
os transportes menos poluentes e mais eficientes Frustrado após 25 anos de legislação desarmonizada,
e seguros. Nestes domínios, a UE fez progressos o Parlamento Europeu tomou uma medida sem
tanto a nível técnico como regulamentar em todos os precedentes e intentou um recurso contra o Conselho
principais meios de transporte: ferroviários, rodoviários, da União Europeia junto do Tribunal de Justiça da União
aéreos e marítimos. Europeia, pela sua incapacidade de conceber uma
política comum de transportes. O acórdão do Tribunal
de maio de 1985 teve por efeito injetar algum ímpeto
político e, a partir daí, houve progressos em direção
a uma política comum.

Ao acórdão do Tribunal de 1985 seguiu-se


rapidamente um Livro Branco da Comissão Europeia
sobre a realização do mercado interno, que continha
referências específicas aos transportes e definia
determinados objetivos a concretizar até 1992.

Graças à evolução da política


© SNCF CAV

europeia de transportes hoje


em dia é mais fácil e rápido
viajar.
T R A N S P O R T E
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1986: o Ato Único Europeu substituiu o princípio Marcos na política de transportes da UE


da unanimidade da UE pela votação por maioria
qualificada em matéria de política de transportes 2001: um outro Livro Branco marcou uma viragem
aéreos e marítimos, pondo assim fim a alguns dos mais decisiva em direção a uma política de transportes
impasses políticos das décadas anteriores. mais responsável do ponto de vista ambiental, a fim
de adaptar a sua ação ao crescimento desigual dos
1992: o Tratado de Maastricht estabeleceu as redes diferentes modos de transporte, ao congestionamento
transeuropeias e integrou requisitos de proteção nas estradas e nos caminhos-de-ferro europeus e ao
ambiental na política de transportes, uma evolução que impacto crescente da poluição.
seria reforçada ainda nesse ano pelo Livro Branco da
Comissão sobre a política comum de transportes. O livro previa um aumento maciço do tráfego,
Desta forma, sublinhar-se-ia o princípio da mobilidade sobretudo no transporte rodoviário e aéreo, assim
sustentável, bem como o objetivo da abertura dos como problemas de saúde e ambientais devido
mercados dos transportes à concorrência. à poluição crescente.

Em 1992, estavam finalmente consolidadas as bases 2006: uma avaliação intercalar considerou que
da política comum de transportes. seriam necessárias mais medidas para lutar contra as
repercussões negativas dos transportes no consumo
1997: o Tratado de Amesterdão veio incorporar mais de energia e na qualidade do ambiente. Entre outras
medidas de proteção ambiental nos transportes. Este medidas, foram propostos um plano de ação para
Tratado conferiria ao Parlamento Europeu poderes de a logística do transporte de mercadorias, sistemas
codecisão com o Conselho em quase todos os aspetos inteligentes para tornar o transporte mais ecológico
da política de transportes. e eficiente e um plano para promover as vias
navegáveis interiores.
Nos anos seguintes, numa tentativa de criar um
ambiente mais propício à concorrência, a Comissão 2011: um Livro Branco de acompanhamento («Roteiro
analisou as variações nacionais e regionais nos custos, do espaço único europeu dos transportes») veio
nas taxas e na política de fixação de preços realçar o que havia ainda a fazer para concretizar
dos transportes. plenamente o mercado interno dos transportes.
Entre outros domínios, o Livro Branco destacou
as seguintes prioridades:

• criar redes de transportes integradas que


combinassem diferentes meios ou modos
de transporte;

• criar plataformas multimodais («nós») e eliminar os


estrangulamentos persistentes de natureza técnica,
administrativa ou relativos à capacidade;

• melhorar as infraestruturas nos países que aderiram


à UE a partir de 2004;

• dar prioridade à investigação, à inovação e ao


investimento em transportes do futuro que não
dependam do petróleo e preparar o setor para
cumprir as metas exigentes da descarbonização
sem prejudicar a mobilidade.
6 C O M P R E E N D E R A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O E U R O P E I A

Como funciona a política de transportes da UE


No âmbito do projeto de realização do mercado interno nacionais. A legislação relativa aos transportes procura
europeu, é essencial assegurar a existência de boas ainda facultar acesso a mercados e infraestruturas,
ligações de transportes entre os 28 Estados-Membros assegurar a compatibilidade técnica — por exemplo no
da União Europeia. que respeita ao material circulante do sistema ferroviário
convencional — e suprimir outros obstáculos técnicos
Para tal, há que construir as ligações que faltam e eliminar e administrativos à concorrência. Esta ação teve já por
os muitos obstáculos técnicos e administrativos que resultado um aumento do produto interno bruto (PIB)
impedem a fluidez do tráfego e do comércio e criam em toda a UE, proporcionado pela intensificação do
estrangulamentos desnecessários no sistema de transporte de passageiros e mercadorias.
transportes da Europa. Será igualmente necessário atenuar
as diferenças das políticas nacionais de transportes, que O acesso ao mercado é devidamente equilibrado por
podem provocar distorções da concorrência, e eliminar os regras a nível da UE, por exemplo, no que diz respeito
obstáculos ao acesso aos mercados. aos tempos de condução e de repouso dos condutores
de transportes rodoviários, à garantia dos direitos
O objetivo final consiste em criar um espaço único europeu dos passageiros em todos os modos de transporte
dos transportes e contribuir para que a Europa mantenha e à igualdade social em condições que assegurem um
a sua competitividade, melhorando o desempenho do setor ambiente de concorrência leal e livre.
dos transportes em benefício de todos.
Entre os principais marcos da legislação da UE em
Para que esta iniciativa seja coroada de êxito, é preciso matéria de transportes contam-se os três pacotes
ter acesso a infraestruturas e serviços de transporte ferroviários que iniciaram uma liberalização gradual
de elevada qualidade, que contem com o apoio da dos mercados ferroviários nacionais, as leis sobre
investigação e inovação e de um investimento sólido «cabotagem» rodoviária e marítima (o transporte de
a longo prazo. mercadorias ou passageiros entre dois pontos no
mesmo país por transportadoras registadas noutro país)
e os dois pacotes relativos ao Céu Único Europeu, que
Legislação visa criar um espaço aéreo europeu único ao abrigo de
um conjunto de normas de aviação comuns.
Os progressos legislativos em direção ao mercado
único europeu iniciados nos anos oitenta marcaram
um ponto de viragem na política de transportes. Desde Infraestruturas
então, tem-se procurado sobretudo facilitar os fluxos
transfronteiras de bens e serviços. Atualmente, o nível de desenvolvimento das
infraestruturas de transportes não é o mesmo em
Ora, para tal, houve não só que derrubar os obstáculos toda a Europa. Em muitos dos países que aderiram
transfronteiras como também integrar os mercados recentemente à UE, não existem ligações ferroviárias de
alta velocidade especificamente construídas para o efeito;
EVOLUÇÃO DOS TRANSPORTES NA UE
as suas redes de autoestradas estão, em média, bastante
ANO menos desenvolvidas do que nos Estados-Membros mais
1995
= 100 antigos. Para além de construir as ligações em falta, há
140 também que expandir e atualizar uma grande parte das
135 infraestruturas de transportes da Europa.
130
125 É aqui que entra a Rede Transeuropeia de Transportes,
120 também conhecida por RTE-T: trata-se de um projeto
115 ambicioso de longa data que visa modernizar
110 e interligar a atual manta de retalhos de troços
105 nacionais numa rede harmoniosa que ligue todos
100
os pontos da Europa e utilize da melhor maneira os
diferentes modos de transporte.
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010

Passageiros (pkm) Com a RTE-T, a UE tenciona estabelecer uma rede central
Mercadorias (tkm) até 2030, completando as ligações transfronteiriças em
PIB, volumes encadeados falta e tornando a rede mais «inteligente», com prazos
T R A N S P O R T E
7

bem definidos para garantir a realização prioritária de se mantenha na vanguarda da evolução tecnológica no
todos os projetos relativos à rede central. setor dos transportes.

A rede central será apoiada por uma rede abrangente É na evolução tecnológica que assenta o futuro dos
de rotas nacionais e regionais confluentes. Estabelecer- transportes da Europa, quanto mais não seja para
-se-ão normas para assegurar que os comboios, manter o setor dos transportes da Europa na vanguarda
navios, aviões, camiões e automóveis utilizam as da concorrência mundial. Esta evolução é também
infraestruturas de transporte de forma segura e sem fundamental para reduzir as emissões de carbono
problemas técnicos. produzidas pelos transportes, porque o progresso
aliado à inovação contribui, por exemplo, para melhorar
O financiamento dos transportes ao abrigo do Mecanismo a eficiência dos motores de automóveis e aeronaves ou
Interligar a Europa para o período 2014-2020 (ver substituir as fontes de energia fóssil.
a seguir o capítulo sobre este mecanismo) orientar-se-á
também para esta rede de transportes central. Nos anos vindouros, a evolução será particularmente
importante porque se vai exigir uma mudança
Pretende-se que, gradualmente, e tendo como horizonte significativa dos tipos de transporte utilizados para reduzir
2050, os cidadãos e empresas europeus passem a dependência dos produtos petrolíferos, as emissões
a estar, na sua grande maioria, a não mais de trinta de gases com efeito de estufa e a poluição local. Para
minutos de viagem desta ampla rede global. Para além a concretizar, ter-se-á de utilizar de melhor forma
de viagens mais rápidas e com menos tempos mortos, alternativas menos poluentes — e frequentemente mais
a rede proporcionará deslocações mais seguras e com baratas — por exemplo, ferroviárias, marítimas ou fluviais.
menos congestionamentos.
Investigar, desenvolver e aplicar formas inteligentes de
Uma das mais marcantes histórias de sucesso da utilizar da melhor maneira as infraestruturas atuais e as
RTE-T é a ponte do Öresund entre Malmö e Copenhaga, tecnologias da informação e comunicação (TIC) para
a ponte rodoviária e ferroviária mais longa da Europa, garantir interligações integradas entre os diferentes
que liga os países nórdicos à Europa central. modos de transporte será igualmente útil para tornar os
transportes menos poluentes, mais seguros e eficientes.
Esta ligação contribuiu para aumentar o tráfego
económico entre as duas margens e trouxe francos Veja-se o caso do transporte rodoviário, em que
benefícios ao desenvolvimento regional local. Desde a tecnologia inovadora pode auxiliar os condutores
a sua inauguração há mais de uma década, o tráfego a reduzir o consumo de combustível, encaminhá-los
ferroviário aumentou mais de 200%. para lugares de estacionamento disponíveis e evitar
engarrafamentos e colisões.

Investigação e inovação Na aviação, o Programa de Investigação sobre a Gestão


do Tráfego Aéreo no Céu Único Europeu (SESAR), constitui
Para a UE, a investigação de transportes que sejam a dimensão tecnológica da via para o Céu Único Europeu.
eficientes do ponto de vista dos recursos e respeitadores O Programa SESAR deverá triplicar a capacidade do
do ambiente, qualquer que seja o modo, é uma parte espaço aéreo e decuplicar a segurança. Poder-se-á
importante da política de transportes. Os «transportes assim reduzir as emissões de carbono de cada voo em
inteligentes, ecológicos e integrados» constituem um dos 10% e reduzir os custos de gestão do tráfego aéreo em
principais desafios no âmbito dos projetos financiados 50%. O programa SESAR tem por objetivo combinar um
pelo programa de investigação da UE «Horizonte 2020» consumo de combustível eficiente com a otimização
para o período de 2014-2020, para garantir que a Europa do acesso das aeronaves ao aeroporto e a gestão da
trajetória de voo, a fim de melhorar o desempenho da
aviação e de a tornar mais sustentável.
© Comissão Europeia

Veja o vídeo: «Definir


o nosso futuro —
Investigação e Inovação»
http://europa.eu/!gT94DH

A ponte de Öresund é a ligação rodoferroviária mais longa


da Europa.
8 C O M P R E E N D E R A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O E U R O P E I A

O que faz a política de transportes da UE


Como preferimos viajar? Quanta poluição é causada
pelos transportes?
Em 2010, os cidadãos europeus viajaram, em média,
cerca de 12 900 km por pessoa no território dos A União Europeia depende em grande medida dos
27 Estados-Membros da UE de então. combustíveis fósseis para alimentar o seu setor dos
transportes. Os combustíveis à base de petróleo
Nas viagens particulares, os automóveis, que continuam representam cerca de 96% do aprovisionamento
a ser o meio de transporte mais comum — em parte energético total do setor e o transporte rodoviário
devido à sua utilização em curtos trajetos locais e nas é de longe o principal consumidor da energia
zonas rurais onde não existem outras opções — foram utilizada por todas as formas de transporte.
utilizados em cerca de 74% deste tipo de viagens.
Seguem-se-lhes os meios de transporte aéreos, com Para que se cumpram as metas da UE em matéria
8%, os autocarros com uma percentagem muito de alterações climáticas será necessário reduzir
semelhante, os transportes ferroviários com 6% drasticamente as emissões produzidas pelos
e os veículos de duas rodas motorizados, elétricos transportes — o dióxido de carbono que estes
e metropolitanos. As viagens por via marítima surgem emitem representa, no mínimo, 20% das emissões
em último lugar, com apenas 1%. de gases com efeitos de estufa da UE. A fim de
cumprir o objetivo de reduzir as emissões mundiais
No que diz respeito às mercadorias, o transporte de gases com efeito de estufa em 80%, e, assim,
rodoviário é ainda o meio privilegiado em curtas para manter as alterações climáticas dentro de
e médias distâncias. Uma repartição semelhante mostra limites de segurança (um aumento de temperatura
que quase metade do volume de carga transportado não superior a 2 graus centígrados), o setor dos
em 2010 o foi por via rodoviária, em segundo lugar por transportes terá de cortar as suas emissões em
navios de mar e caminhos-de-ferro e em seguida por 60% até 2050.
navegação interior e oleodutos. Os transportes aéreos
de mercadorias surgem em último lugar, com menos de Reduzir as emissões produzidas pelos transportes
1%, mas apesar do volume reduzido, o custo/benefício é uma parte fundamental da política da UE, que
deste tipo de transporte de mercadorias costuma ser se apoia em numerosos projetos e iniciativas
francamente superior. destinados a promover o descongestionamento
urbano e a utilização de meios de transporte menos
poluentes, como o ferroviário ou o fluvial, e conceber
combustíveis alternativos não derivados do petróleo
para utilização nos setores naval e automóvel.

O transporte rodoviário é a principal forma única de


transporte e, como tal, é o que mais polui; cerca de
71% das emissões totais de CO2 dos transportes,
segundo os dados mais recentes (os veículos de
passageiros produzem aproximadamente dois
terços desse valor). Outros setores são francamente
© Comissão Europeia

menos poluentes. Os transportes marítimos e aéreos


são responsáveis por 14% e 13% das emissões,
respetivamente, e a navegação por vias interiores
produz apenas 2%. O transporte ferroviário
é o menos poluente, com emissões inferiores a 1%.

Como um quarto das emissões produzidas pelos


transportes na UE têm origem em zonas urbanas, as
cidades têm um papel fundamental nos esforços para
atenuar os efeitos das alterações climáticas. Muitas
lutam contra o congestionamento e procuram melhorar
a má qualidade do ar.
O automóvel continua a ser o meio de transporte mais
popular para os cidadãos europeus.
T R A N S P O R T E
9

EMISSÕES DE GASES COM EFEITO DE ESTUFA NA UE, POR SETOR DE TRANSPORTE

Outro: 0,8%
180 Total aviação civil: 12,4%
Total via aquática: 14,1%
160
Transportes
140 ferroviários: 0,6%

120

100 ANO
2010
80

60

40
1990
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
= 100
Transportes rodoviários: 72,1%
Total aviação civil Total via aquática
Transportes rodoviários Outro
Transporte ferroviário Total transportes

Fonte: Comissão Europeia.

Os projetos financiados pela UE mostram já como Mas se a utilização em grande escala destes
é possível fazer a transição para uma mobilidade combustíveis e fontes de energia pode ser promovida
urbana sustentável; em especial, o programa Civitas, nas cidades através das grandes frotas de autocarros,
que promove iniciativas urbanas para a utilização de táxis e veículos ligeiros de mercadorias utilizados nas
veículos com baixos níveis de emissões, melhorou zonas urbanas, já os meios rurais não dispõem das
a segurança e reduziu o congestionamento. infraestruturas necessárias.

As cidades são microcosmos do que se poderá alcançar A estratégia da UE de promoção dos combustíveis
em maior escala, sobretudo com a implantação limpos nos transportes tenta dar resposta a este
alargada de combustíveis e fontes de energia problema e incentivar a sua adoção por parte dos
alternativos para reduzir a dependência do petróleo. mercados, que, até ao momento, tem sido travada
pelas infraestruturas deficientes de recarga e de
reabastecimento, o elevado preço dos veículos e a fraca
aceitação pelos consumidores.
10 C O M P R E E N D E R A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O E U R O P E I A

Principais meios de transporte


Transportes ferroviários No entanto, a quota de mercado não cresceu de
acordo com as expetativas, quer devido à degradação
Tradicionalmente, as considerações de ordem nacional contínua em muitos Estados-Membros do sul e de leste
sempre prevaleceram sobre os critérios internacionais (contrabalançada pelo crescimento no norte e no oeste)
no setor ferroviário. Ainda hoje, mais de 200 anos após quer a problemas persistentes de interoperabilidade das
a invenção do comboio, muitos Estados-Membros ainda redes e a questões relacionadas com os consumidores,
detêm a propriedade do operador ferroviário nacional designadamente preços, pontualidade e fiabilidade.
e organizam o transporte ferroviário numa
base nacional. As linhas de caminho-de-ferro da Europa estão entre as
mais seguras do mundo. As políticas da UE em matéria
Esta política deu azo a um sistema ferroviário de segurança ferroviária procuram manter padrões
fragmentado, pois cada país aplica diferentes normas elevados e equiparar as exigências à escala europeia.
técnicas, sistemas de sinalização, circuitos elétricos
e bitolas. Todos eles representam obstáculos ao Embora seja muito mais benéfico para o ambiente —
tráfego ferroviário regular entre fronteiras e impedem e, em termos estatísticos, mais seguro — do que
a construção de comboios que possam ser utilizados em o transporte rodoviário, o transporte ferroviário luta
toda a Europa. para competir tanto no mercado de transporte de
passageiros como no de transporte de mercadorias.
No final dos anos 80, os transportes ferroviários, Hoje em dia, os caminhos-de-ferro da Europa não
à semelhança de outros modos de transporte, tiveram desenvolveram ainda o seu pleno potencial.
de se adaptar à abertura do mercado interno europeu.
O transporte rodoviário de mercadorias estava a tornar- Um quarto pacote ferroviário pretende melhorar
-se cada vez mais competitivo e, em comparação, a imagem do setor ferroviário, aumentar a sua
o desempenho dos caminhos-de-ferro era deficitário. eficiência e a sua quota no mercado europeu dos
transportes, bem como abrir ainda mais o setor
O primeiro grande passo na reforma dos transportes à concorrência, assegurando serviços transnacionais
ferroviários foi dado em 1991, com a abertura de qualidade harmoniosa.
cautelosa das redes ferroviárias à concorrência.
A liberalização do setor ferroviário, sobretudo no que
diz respeito às mercadorias, foi levada avante com
medidas para separar as infraestruturas das operações, Veja o vídeo:
através de uma série de alterações de caráter
http://ec.europa.eu/transport/
legislativo, os chamados «três pacotes ferroviários».
modes/rail/index_en.htm
Após muitos anos de marasmo e declínio, a partir de
2001, o setor ferroviário europeu conseguiu aumentar
os seus volumes de passageiros e carga e estabilizar
a sua quota de mercado em relação a outros modos
de transporte.
© DB AG/Gärtig

As redes ferroviárias da
Europa transportam cada vez
mais passageiros
e mercadorias.
T R A N S P O R T E
11

TRANSPORTE FERROVIÁRIO DE ALTA VELOCIDADE, EM PERCENTAGEM DO TRANSPORTE FERROVIÁRIO TOTAL NA UE

Percentagem/ano
27

25

23

21

19

17

15
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Fonte: Comissão Europeia.

Aviação O mercado da aviação seria progressivamente


liberalizado devido a três pacotes sucessivos de
Setor de importância estratégica que presta medidas relativas à concessão de licenças às
um contributo fundamental para o conjunto da transportadoras aéreas, ao acesso ao mercado e às
economia e o emprego da UE, a aviação representa tarifas. Estas medidas puseram fim às restrições que
5,1 milhões de postos de trabalho, diretos ou indiretos, até aí tinham limitado os mercados do transporte aéreo
e 365 000 milhões de euros, ou seja, 2,4% na Europa e impedido os investimentos transnacionais
do PIB europeu. pelas transportadoras aéreas europeias.

Nos anos seguintes ao Tratado de Roma, o transporte Em 1992, só 93 ligações aéreas na Europa eram
aéreo foi organizado com base na regulamentação da exploradas por mais de duas companhias; em 2011,
concorrência estabelecida pelas autoridades públicas eram 482. Graças à política da UE em matéria de
nacionais e não em função do mercado livre. Daqui transportes, quem viaja de avião tem hoje em dia uma
resultaram vários mercados fragmentados, monopólios escolha muito mais alargada do que há 20 anos e paga
nacionais e tarifas muito elevadas. Nessa altura, preços bastante inferiores.
o transporte aéreo era regulado por acordos bilaterais
entre Estados-Membros.
© União Europeia

A política de transportes
da UE abriu novas
oportunidades de viagem
aos passageiros dos
transportes aéreos.
12 C O M P R E E N D E R A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O E U R O P E I A

O terceiro pacote, talvez o mais importante, instituiu Tem por objetivo modernizar o sistema europeu de
o princípio da inteira liberdade de prestação de controlo do tráfego aéreo, implementar o céu único
serviços no Mercado Único e substituiu o conceito de europeu e finalizar a construção do Espaço de Aviação
«companhias nacionais» pelo de transportadoras aéreas Comum Europeu.
europeias concorrentes entre si.
Todavia, a Europa está ainda longe de realizar as metas
A medida seguinte procurou resolver o problema ambiciosas do céu único europeu e será necessário
do grave congestionamento do espaço aéreo e dos envidar muitos mais esforços para que se possa tirar
longos atrasos em muitos voos europeus, tendo em partido quanto antes dos benefícios de um espaço
conta a esperada duplicação da procura de viagens aéreo operacional genuinamente integrado.
aéreas até 2020 e as suas repercussões negativas na
capacidade dos aeroportos.
Proteção e segurança da aviação no ar
Em 2004, foi lançada uma iniciativa ambiciosa e em terra
de criação de um céu único europeu, destinada
a simplificar a gestão do tráfego aéreo através da Os terroristas da era moderna continuam a considerar
gestão coletiva do espaço aéreo. Esta iniciativa a aviação civil como um dos seus alvos preferenciais
pretende reduzir não só as pressões sobre o ambiente e são arrojados e criativos nos seus ataques. É por
como também as tarifas, dado que as operações este motivo que a política de segurança da UE se tem
num mercado tão fragmentado têm enormes custos de adaptar constantemente a novas ameaças
suplementares para as companhias aéreas. e novas tecnologias.

Um dos seus principais objetivos consiste em substituir Desde o atentado terrorista de 11 de setembro nos
as 28 estruturas nacionais de espaço aéreo por uma Estados Unidos, os ataques à aviação têm assumido
única que abranja toda a UE. Desta forma, aumentar- formas cada vez mais inovadoras: o homem do
-se-á a eficiência e poupar-se-á nos custos. sapato-bomba (2001), os candidatos a bombistas
que tentaram utilizar explosivos líquidos para destruir
O programa de investigação sobre a gestão do tráfego aviões (2006), a tentativa de abrir um buraco na
aéreo (SESAR), que tem por objetivo modernizar as fuselagem de um avião com explosivos escondidos na
infraestruturas e aumentar a eficiência otimizando roupa interior (2009) e a interceção de duas bombas
a capacidade, disponibilizará a tecnologia necessária caseiras transportadas como carga aérea (2010).
ao futuro céu único, permitindo, desta forma, que este
se torne uma realidade. Em 2009, surgiu um segundo A política da UE reagiu rapidamente a cada nova
pacote de medidas, designado Céu Único Europeu ameaça. Foram impostas restrições ao transporte de
II, centrado sobretudo no ambiente e na eficiência líquidos, aerossóis e géis pelos passageiros; entraram
de custos. em vigor novas regras sobre o uso de scâneres de
segurança nos aeroportos da UE; e, recentemente,
foram adotadas regras relativas às transportadoras
© Ingrid Friedl/Lufthansa

Graças às medidas de
segurança da aviação da UE,
a Europa tem uma das mais
elevadas taxas de segurança
do mundo.
T R A N S P O R T E
13

© União Europeia
As receitas geradas pelas
portagens são utilizadas
para melhorar a rede
rodoviária da Europa.

aéreas de mercadorias e correio provenientes de países Transporte rodoviário


terceiros com destino à UE.
O transporte rodoviário continua a ser o meio
As normas rigorosas no domínio da segurança da privilegiado de transporte de passageiros e mercadorias
aviação fazem com que a União Europeia registe uma na Europa. Em termos económicos, o transporte
das mais elevadas taxas de segurança do mundo. rodoviário é o meio principal de transporte de
mercadorias e representa a maior parte do volume de
Para melhorar ainda mais a segurança na Europa, tráfego do transporte terrestre no território da União
a Comissão — em consulta com as autoridades Europeia; nas últimas décadas tem registado um
aeronáuticas dos Estados-Membros responsáveis crescimento contínuo.
pela segurança — proíbe as transportadoras aéreas
consideradas inseguras de operar no espaço Foram necessários cerca de 10 anos desde meados da
aéreo europeu. década de oitenta para que, em plena década de noventa,
a Europa liberalizasse o seu mercado internacional
A chamada «lista de segurança aérea da UE» especifica de transporte rodoviário de mercadorias e suprimisse
todas as companhias aéreas que estão proibidas obstáculos à concorrência, por exemplo, as licenças
de operar na Europa. Uma segunda lista inclui as exigidas às transportadoras rodoviárias para poder ter
companhias aéreas cujas operações na Europa estão acesso ao mercado de outro país, as quotas de limitação
sujeitas a determinadas restrições. da capacidade do tráfego rodoviário e os direitos.

MORTALIDADE RODOVIÁRIA NA UE

Mortes/ano
80 000

70 000

60 000

50 000

40 000

30 000

20 000

10 000

0
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Fonte: Comissão Europeia.


14 C O M P R E E N D E R A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O E U R O P E I A

O sucesso da abertura deste mercado à concorrência os documentos de matrícula dos veículos e as normas
em toda a UE reflete-se no crescimento do mínimas de formação de condutores.
comércio transfronteiras e da cabotagem, que dá às
transportadoras rodoviárias a possibilidade de prestarem Foram necessários muitos anos para que os Estados-
serviços de transporte interno no território de outros -Membros chegassem a acordo sobre as horas de
Estados-Membros. No entanto, a cabotagem representa trabalho no transporte rodoviário de mercadorias,
apenas uma pequena parte dos mercados internos de uma questão particularmente delicada atendendo às
transportes rodoviários e continua sujeita às limitações diferentes relações laborais e culturas de trabalho dos
impostas pela lei. países. Hoje em dia, a UE dispõe de regras comuns
aplicáveis aos tempos máximos de condução e aos
A abertura do mercado dos serviços de transporte de períodos mínimos de repouso de todos os condutores de
passageiros tem registado progressos mais lentos. Em transporte rodoviário de mercadorias e passageiros.
1992, os operadores europeus de autocarros foram
autorizados a realizar serviços de transporte internacional Como quase 75% do transporte terrestre de
de passageiros entre Estados-Membros. Hoje em dia, as mercadorias é efetuado por via rodoviária entre
transportadoras comerciais da UE podem transportar Estados-Membros, esta legislação faz com que seja
passageiros por autocarro na rede rodoviária da UE com mais fácil para os condutores planear as suas viagens
base numa licença europeia emitida pelo país onde na Europa e permite que as autoridades verifiquem
estão estabelecidas. os seus tempos de condução. Todos os novos veículos
pesados e autocarros são atualmente obrigados por lei
As portagens e taxas rodoviárias têm-se mantido, a dispor de um tacógrafo digital.
ao longo das décadas, como uma das questões mais
delicadas do setor do transporte rodoviário. A política da A segurança é parte integrante da política de
UE tem dois objetivos neste domínio. transportes rodoviários da UE. Ao longo dos anos, os
níveis de segurança melhoraram significativamente.
Em primeiro lugar, independentemente da sua natureza, Na última década, o número de vítimas mortais de
as tarifas não podem ser excessivas nem constituir um acidentes de viação diminuiu 43% e 2012 constituiu
meio de discriminação dos condutores estrangeiros em um marco para a segurança rodoviária na Europa, ao
relação aos condutores do Estado-Membro em causa. Em registar o valor de mortalidade rodoviária mais baixo
segundo lugar, devem ser coerentes com os princípios de sempre.
do «utilizador-pagador» e do «poluidor-pagador»
e contribuir para a manutenção e o desenvolvimento da No entanto, as taxas de acidentes ainda variam muito
infraestrutura de transportes. de Estado-Membro para Estado-Membro e, de modo
geral, as estradas europeias estão ainda longe de
Um ato legislativo fundamental neste contexto foi serem seguras. Embora os Estados-Membros da UE
a diretiva «eurovinheta», aprovada em 1999 para tenham feito claros progressos na redução do número
aplicar taxas aos veículos pesados de mercadorias pela de vítimas mortais em acidentes, o número de feridos
utilização de certas infraestruturas como autoestradas, continua a assumir proporções inaceitáveis e não tem
vias rápidas, pontes, túneis e passagens de montanha. diminuído ao mesmo ritmo. Os dados mostram que
A eurovinheta é um sistema comum de cobrança em 2010 houve 1,5 milhões de feridos, um quarto dos
eletrónica de portagens que permite que os veículos quais com gravidade. Em comparação, o número de
registados passem pelas portagens na Europa depois de mortes nas estradas da UE foi de 28 000 em 2012.
pagarem uma taxa única relativa ao seu peso e categoria.
Por cada pessoa morta na estrada, quatro ficam
Além disso, permite que em certas regiões sejam incapacitadas para o resto da vida, 10 sofrem
cobradas portagens adicionais, para combater danos ferimentos graves e 40 ferimentos ligeiros.
ambientais, incluindo a má qualidade do ar, ou para
realizar investimentos em modos de transporte mais O programa de ação de segurança rodoviária da
preservadores do ambiente, como os caminhos-de-ferro. Comissão tem por objetivo reduzir para metade
o número de mortes nas estradas da UE até 2020. Com
Desde o início dos anos noventa muitos foram os seus objetivos estratégicos, pretende, por exemplo,
os obstáculos ao mercado único que começaram melhorar as medidas de segurança aplicáveis aos
a ser eliminados através de uma sucessão de veículos pesados e aos automóveis, reforçar o controlo
regras destinadas a harmonizar normas técnicas da aplicação do código da estrada, dar mais atenção
e administrativas. Entre elas, contam-se as regras que aos motociclistas, promover as tecnologias modernas
fixam as dimensões e pesos máximos de determinados para aumentar a segurança rodoviária e melhorar os
veículos, o formato das cartas de condução, serviços de emergência e a pós-assistência aos feridos.
T R A N S P O R T E
15

um sistema pan-europeu de acompanhamento


do tráfego marítimo.

As questões ambientais são agora parte integrante


da legislação no domínio do transporte marítimo.
© Porto autónomo de Marselha

A UE contribui para a instituição de regras mundiais,


a fim de reduzir as emissões e proteger o frágil meio
marinho. Faz cumprir a legislação sobre resíduos
e descargas de navios, bem como as normas relativas
a combustíveis e emissões. Os mecanismos sofisticados
de acompanhamento e controlo permitem que os países
da UE detetem, evitem e controlem os derrames de
As regras e normas da UE foram reforçadas para prevenir petróleo no mar.
acidentes marítimos.
No que diz respeito à segurança dos navios de transporte
de passageiros, a abordagem da Comissão assenta em
Transporte marítimo três vertentes políticas:

Os transportes marítimos são extremamente • garantir a melhoria sistemática da legislação em


importantes para o comércio da Europa, uma vez que vigor com vista a proteger os passageiros e procurar
quase 90% das trocas externas de mercadorias da estabelecer normas a nível mundial no âmbito da
União Europeia e 40% das suas trocas internas são Organização Marítima Internacional (OMI);
efetuadas por via marítima.
• fazer cumprir as regras de segurança e velar pela
Durante muitos anos não houve qualquer política correta aplicação dos instrumentos jurídicos da UE
à escala comunitária para os transportes marítimos. e da IMO;
Só em 1986 a Europa conseguiu adotar o seu primeiro
pacote legislativo de regulamentos, destinado • incentivar as ações voluntárias por parte do setor, para
sobretudo a liberalizar os seus mercados de transportes garantir a melhoria constante das operações.
e serviços marítimos.
Ao mesmo tempo, a política da UE procura garantir
Em 1989, um segundo pacote deu às companhias de que se faça o melhor uso possível da tecnologia e da
um Estado-Membro da UE a possibilidade de prestar inovação, para manter a frota a par das mais recentes
serviços de transporte marítimo no território de outro evoluções mundiais em termos de conceção dos navios,
Estado-Membro (cabotagem). Foi assim possível manter tecnologia e procedimentos operacionais.
ligações adequadas entre ilhas e regiões marítimas
mais remotas e o continente europeu. No que diz respeito à segurança, a pirataria é a principal
ameaça ao transporte marítimo internacional.
Tal como em muitos outros modos de transporte, dá-se
particular importância à segurança e às condições Os atos de pirataria contra navios representam uma
de trabalho e de formação das profissões marítimas. grave ameaça para as vidas das tripulações e dos
A segurança e a qualidade do serviço dependem da passageiros e a segurança da navegação. São também
existência de tripulações competentes. motivo de grande preocupação atendendo à importância
do transporte marítimo para as relações comerciais da
Infelizmente, nos anos noventa registaram-se uma UE a nível mundial.
série de acidentes marítimos, que envolveram os navios
Aegean Sea (1992), Braer (1993) e Estonia (1994). A UE aplica regras em matéria de segurança de navios
Seguiram-se-lhes os acidentes dos navios Erika (1999) e portos para garantir que os numerosos navios com
e Prestige (2002), tendo ambos provocado perdas de destino à Europa ou em trânsito nas suas águas
vidas e marés negras. Estes acidentes geraram as são seguros.
condições políticas para que a UE reforçasse as suas
leis e normas para evitar acidentes no mar, sobretudo Os portos são fundamentais não só para o setor dos
com ferries e petroleiros. transportes marítimos como também para outros
setores, e o seu potencial de crescimento para os anos
A chamada legislação Erika I e Erika II estabeleceu vindouros é elevado. São portas de acesso à rede
a eliminação progressiva de navios de casco simples, global de transportes da UE e, como tal, são motores de
introduziu uma lista negra que proibiu a entrada desenvolvimento económico e fontes de prosperidade
em portos da UE a navios em más condições e criou para países, cidades e regiões.
16 C O M P R E E N D E R A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O E U R O P E I A

© Comissão Europeia

Os portos marítimos da
Europa são um elemento
essencial da infraestrutura
de transportes da UE.

A Europa depende fortemente dos seus portos Investimento e financiamento:


marítimos, que, em termos de volume, movimentam o Mecanismo Interligar a Europa
74% do comércio de mercadorias com o resto do
mundo. Os portos são também fundamentais para Construir e manter infraestruturas é um exercício
desenvolver um sistema de transportes integrado dispendioso. O desenvolvimento das infraestruturas
e sustentável, em que se possa recorrer a transportes necessárias para dar resposta ao aumento previsto
marítimos de curta distância como alternativa aos da procura de transportes na Europa deverá custar
corredores de transportes rodoviários saturados. 1,5 biliões até 2030. A Comissão calcula que, até 2020,
serão necessários cerca de 500 000 milhões de euros
Mesmo com base em cenários de crescimento para concluir a rede transeuropeia e que metade desse
económico modesto, o volume de tráfego montante será despendido para eliminar os principais
de mercadorias nos portos deverá aumentar pontos de estrangulamento.
60% até 2030, o que irá certamente
provocar congestionamentos. O transporte beneficiou já de cerca de 26 000 milhões
de euros, a parte de leão do financiamento do
Em menos de 20 anos, as centenas de portos marítimos Mecanismo Interligar a Europa — o instrumento
da Europa terão de enfrentar grandes desafios em de financiamento que será utilizado no período
termos de produtividade, necessidades de investimento, orçamental de 2014-2020 para os investimentos em
sustentabilidade, recursos humanos e integração com infraestruturas de transporte, energia e TIC.
cidades e regiões portuárias.

Por isso, terão de se adaptar e a política da UE envidará


todos os esforços para os auxiliar neste intento, para
que se mantenham competitivos e se preparem para
o crescimento futuro.
T R A N S P O R T E
17

© Comissão Europeia
Turku Naantali Helsínquia Hamina Kotka

Oslo Talin
Örebro
Estocolmo

Ventspils
Gotemburgo Riga
Glasgow
Edimburgo
Klaipėda
Belfast Copenhaga Malmö
Trelleborg Vílnius
Gdynia/Gdansk Kaunas
Dublim
Manchester Rostock
Bremen Szczecin/Swinoujscie
Liverpool Birmingham Hamburgo
Amesterdão
Cork Felixstowe Utrecht Osnabrück MagdeburgBerlim Poznan
Roterdão
Londres Frankfurt/Oder Varsóvia
Zeebrugge Antuérpia Hanôver
Dover Düsseldorf
Southampton Calais Gent Colónia Dresden Wrocław
Lille Bruxelas Praga
Le Havre Liège Frankfurt Würzburg Ostrava Katowice
Luxemburgo Mannheim Nuremberg
Brno
Metz Estugarda Regensburg Žilina
Paris Passau
Viena Bratislava
Estrasburgo Munique Wels/Linz
Dijon Innsbruck Graz Budapeste Braşov
Basileia Klagenfurt Arad
Sulina
Udine Timisoara
Novara Bucareste
Lyon Verona Trieste Ljubljana Zagreb Constanţa
Bordéus Veneza Koper Rijeka Craiova
Turim Milão
Bilbau
Bolonha Ravena
Génova Burgas
Sófia
Vitória La Spezia Ancona
Valladolid
Perpignan Marselha Livorno
Porto Saragoça
Aveiro
Barcelona Roma
Bari Salónica
Madrid Tarragona
Lisboa
Nápoles Taranto
Valência Igoumenitsa
Sines Sevilha
Múrcia Gioia Tauro
Antequera/Bobadilla Palermo Atenas/Pireu Nicósia
Patras
Cartagena
Limassol
Algeciras

Fonte: Serviços da Comissão. La Valeta

BÁLTICO–ADRIÁTICO ORIENTE–MEDITERRÂNEO ORIENTAL ATLÂNTICO


MAR DO NORTE–BÁLTICO ESCANDINÁVIA–MEDITERRÂNEO MAR DO NORTE–MEDITERRÂNEO
MEDITERRÂNEO RENO–ALPES RENO-DANÚBIO

A rede RTE-T transformará as ligações, eliminará


estrangulamentos, melhorará as infraestruturas
e racionalizará as operações transnacionais de transporte.

O financiamento dos transportes ao abrigo deste O Mecanismo Interligar a Europa foi igualmente
mecanismo inclui um montante significativo destinado concebido para mobilizar investimento privado que,
exclusivamente às regiões mais pobres da UE. Este na sua maioria, será utilizado nos projetos mais
montante assegurará uma melhor ligação entre as importantes para a conclusão da rede transeuropeia
regiões oriental e ocidental e a construção de ligações de transportes: os corredores principais
importantes no interior destes países e entre eles. e as secções transfronteiriças.
Desta forma contribuir-se-á para a conclusão da rede
transeuropeia de transportes e, em especial, da sua Entre outros métodos de financiamento dos transportes
rede central. europeus, recorre-se a parcerias público-privadas (PPP)
para proporcionar mais valor aos europeus que viajam.
18 C O M P R E E N D E R A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O E U R O P E I A

O futuro da política de transportes da UE

O mais recente documento estratégico da Comissão • O congestionamento, sobretudo rodoviário e


Europeia sobre os transportes, intitulado «Roteiro aéreo, é um dos principais problemas do setor dos
do espaço único europeu dos transportes», foi transportes. O congestionamento custa à Europa
publicado em 2011. Traça uma visão do futuro dos cerca de 1% do PIB anualmente, para além de gerar
transportes europeus até 2050, recomenda alterações níveis elevadíssimos de carbono e outras emissões
fundamentais na conceção das políticas e inclui uma indesejáveis. Este problema deve ser resolvido.
série de iniciativas e objetivos concretos.
• É preciso tornar os transportes mais eficientes, o
Nele se abordam principalmente as seguintes questões: que implica melhorar a logística e criar hábitos de
transporte mais inteligentes, aproveitando da melhor
forma as modernas tecnologias de informação e
Desafios futuros comunicação, bem como as tecnologias que usam
dados de satélite. A Europa deve combinar mais
• A procura de transportes aumentará (prevê-se que só eficazmente todos os modos e redes de transporte
o transporte de mercadorias cresça 80% até 2050), disponíveis, em vez de utilizar um único meio de
mantendo-se a tendência para a urbanização. deslocação, otimizando desta forma a utilização e as
capacidades.
• O setor dos transportes da UE, sobretudo o
transporte rodoviário, depende quase em exclusivo do • Privilegiar a investigação e a inovação fará com
petróleo enquanto fonte de combustível. Atendendo que o setor dos transportes da Europa se mantenha
à volatilidade dos mercados do petróleo e às competitivo no mercado mundial e na vanguarda da
prováveis dificuldades futuras de abastecimento de evolução tecnológica no setor.
combustível, há que encontrar fontes alternativas que
sejam viáveis. • Em matéria de infraestruturas, os objetivos são
concluir a rede transeuropeia de transportes, integrar
• A UE comprometeu-se a reduzir em, pelo menos, de forma mais adequada os transportes rodoviários,
80% as suas emissões de gases com efeito de estufa ferroviários, aéreos e marítimo-fluviais numa
até 2050. O setor dos transportes, enquanto grande cadeia logística sem descontinuidades, eliminar os
poluidor responsável por cerca de um quarto das principais estrangulamentos e construir as ligações
emissões totais de gases com efeito de estufa da que faltam (em especial, as ligações transfronteiras).
UE, terá de contribuir de forma significativa para a É necessário assegurar a manutenção e a
realização dessa meta. modernização das infraestuturas europeias de
transportes com recurso a financiamento de fontes
públicas e privadas.

• Embora já se tenham realizado progressos


assinaláveis na globalidade dos transportes com vista
à realização do mercado interno, há ainda muito a
fazer em setores específicos, como o rodoviário e o
ferroviário, para liberalizar os mercados e assegurar
uma concorrência leal e aberta.
T R A N S P O R T E
19

Objetivos • Desenvolver instrumentos de financiamento


inovadores para as infraestruturas de transporte,
• Perspetivar à escala europeia a necessidade de utilizar da melhor forma os instrumentos
assegurar uma conectividade ótima entre diferentes existentes no âmbito do Mecanismo Interligar a
modos de transporte: rodoviário, ferroviário, aéreo Europa, encontrar soluções para complementar o
e por via aquática (marítimo e vias de navegação financiamento nacional e regional proveniente dos
interior). fundos europeus estruturais e de investimento.

• Fazer avançar a Rede Transeuropeia de Transportes • Promover a integração de diferentes setores


e construir as ligações de alta qualidade e sem de transporte com base numa abordagem não
interrupções necessárias ao desenvolvimento do discriminatória, segundo a qual os custos globais das
mercado interno, facilitando assim a vida aos infraestruturas devem ser financiados por aqueles
cidadãos que viajam. que as utilizam: o princípio do «utilizador-pagador».

• Fomentar o investimento nos transportes, garantindo • Elaborar normas europeias comuns em matéria de
que os enquadramentos regulamentares nacionais e segurança dos transportes, para reforçar o papel e a
europeu são adequados e estão em vigor. influência da Europa no transporte internacional.

• Concluir o projeto do Céu Único Europeu e as


negociações sobre o quarto pacote ferroviário.

• Colaborar com empresas importantes no âmbito de


parcerias público-privadas, como a SESAR e a Shift
2 Rail, para promover a inovação nos mercados
ferroviário e da aviação em benefício dos cidadãos e
das empresas.
20

NA-04-14-871-PT-C
C O M P R E E N D E R A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O E U R O P E I A

Saiba mais

XX Sítio web da Comissão Europeia sobre mobilidade e transportes: http://ec.europa.eu/transport/index_en.htm


XX Perguntas sobre a União Europeia? O serviço Europe Direct pode ajudá-lo. 00 800 6 7 8 9 10 11 —
http://europedirect.europa.eu

ISBN 978-92-79-42791-6
doi:10.2775/15111

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