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Between the flower and the thorn: the domestic violence against women in the Agreste of Paraiba
RESUMO ABSTRACT
A violência contra mulher não é um produto Violence against women is not solely a product of
exclusivamente da sociedade contemporânea, ela modern society, it has its roots in the social
tem suas raízes na própria organização social organization itself historically consolidated over
historicamente consolidada no decorrer dos anos the years but extremely damaging to the exercise
mas extremamente prejudicial para o exercício da of feminine dignity, yet she ends up adopting
dignidade feminina, mesmo assim ela acaba characteristics and intensities ranging from
adotando características e intensidades que according to the social peculiarities. Paying
variam de acordo com as peculiaridades sociais. attention to this condition, this article has to
Atentando a esta condição, este artigo se detém analyze the particularities such a phenomenon
em analisar as particularidades com que tal develops in the field covered by the 8th
fenômeno se desenvolve na região abarcada pela Integrated Public Security Area of Paraíba, seated
8ª Área Integrada de Segurança Pública da in the middle region of the Agreste region. To
Paraíba, assentada na mesorregião do agreste this end, information was collected from the
paraibano. Para tanto, foram colhidas records of the occurrence of Military Police Unit
informações junto aos registros de ocorrência da which is part of such area, specifically the data of
Unidade de Polícia Militar que faz parte de tal domestic violence against women of the first
área, especificamente foram coletados os dados quarters of the years 2011, 2012 and 2013 were
de violência doméstica contra mulher dos collected. Adopting a qualitative and quantitative
primeiros quadrimestres dos anos de 2011, 2012 methodology we sought to explore the factors
e 2013. Adotando uma metodologia qualitativa e that favor the development of this phenomenon
quantitativa buscou-se explorar os fatores que in the region, though there is interference on
favorecem o desenvolvimento deste fenômeno na several elements, mainly cultural projects,
região, constatando-se a interferência de diversos specifically the intervention in interpersonal
elementos, sobretudo de cunho cultural, relationships, turning to the overvaluation of
especificamente a ingerência nas relações interests the front man to woman in many areas,
interpessoais, voltando-se para o causing losses of various kinds, mainly physical,
supervalorização dos interesses do homem frente psychological and sentimental.
ao da mulher em diversos âmbitos, provocando
prejuízos de ordem diversa, principalmente
física, psicológica e sentimental.
PALAVRAS-CHAVE KEYWORDS
VIOLÊNCIA. MULHER. PODER. VIOLENCE. WOMAN. POWER.
A formulação de uma nova condição social da mulher, que inicia com a sua participação
ativa no mercado de trabalho e economia familiar, acaba por conclamar a intensificação dos
debates quanto da proteção dos direitos femininos, os quais ganham impulso nos anos 70,
sobretudo após a ratificação dos espaços de liberdade e garantia dos direitos fundamentais da
mulher em âmbito internacional.
Nesse período, o movimento de mulheres tinha como um dos principais objetivos dar
visibilidade à violência contra a mulher e tentar combatê-la por meio de intervenções
sociais e jurídicas, mormente, a criminalização de condutas. Incentivado pela
redemocratização política que dava seus primeiros passos na sociedade brasileira, o
movimento de mulheres iniciou um diálogo com o Estado, no sentido de reivindicar
políticas que dessem respostas institucionais de prevenção e punição da violência
praticada contra a mulher. (CELMER, 2010, p. 76).
Para melhor compreender a violência contra mulher, basicamente três teorias são tratadas:
a da dominação masculina, a da dominação patriarcal e a relacional, as quais Celmer (2010, p.77)
explana:
Em todas estas construções teóricas acerca do tema, o elemento “poder” possui papel
central e, de acordo com cada abordagem, será o responsável por fundamentar a engrenagem
social de desigualdade.
No que diz respeito a pensamento feminista, este adota uma concepção maniqueísta da
relação homem/mulher (CELMER, 2010, p. 78), adotando o posicionamento de que a mulher
detém uma condição incita de vítima perante as relações de gênero, não levando em consideração
os inúmeros casos registrados de violência que estas desenvolvem em relação aos outros membros
sociais, inclusive em âmbito doméstico, vitimando até outras mulheres.
Já a teoria relacional estabelece uma condição de cumplicidade da mulher, uma vez que
relativiza a relação de poder, apontando que ao se afirmar como vítima, se autodescrevendo como
frágil, ela estaria fazendo parte da construção de uma imagem simbólica que conduziria, no
decurso das dinâmicas sociais, para a sua própria vitimização.
Assim, as teorias ora utilizadas para tentar explicar a violência doméstica e familiar contra
mulher enfocam o indivíduo e sua dinâmica de relacionamento interpessoal, dando ênfase ao
poder e a condição de subordinação como elementos ora sopesados no homem, ora no sistema
social, ou ainda sob um viés neutro e que alavanca a mulher para um patamar semelhante ao do
homem, mas convergindo para sua própria vitimização.
Logo, ao tratar do tema, deve-se abordá-lo de forma mais ampla, este é o posicionamento
de Celmer (2010, p. 83), ao afirmar que:
Na realidade tal pensamento ainda deve ser expandido, ao tratar deste assunto, deve-se
levar em consideração a contextualização socioeconômica e cultural das relações humanas,
descriminadas dentro de um aspecto espacial e temporal específico, em razão da existência de
diversificados fatores que interagem para a formulação da complexidade dinâmica que permeia as
causas e os efeitos da violência doméstica contra mulher.
Assim, ao tratar do tema, o observador deve levar em consideração os aspectos cultural,
econômico, relacional e o contexto socioambiental que caracterizam o fenômeno atendo-se uma
abordagem espacial e temporalmente específica, uma vez que, conforme assinala Beato Filho e
Reis (2012, p. 386-393), o trato sobre o assunto (violência) através de concepções generalizadas
pode contrapor a realidade, haja vista a existência de particularidades locais.
No que diz respeito ao agente ativo da violência contra a mulher, em 88% dos casos
registrados em todos os quadrimestres em análise os acusados eram homens, sendo que 86% deles
mantém ou mantiveram uma relação de convivência familiar. Dentro deste contexto, 55% dos
responsáveis pela prática de violência foram os maridos ou ex-maridos, 20% foram os próprios
filhos, em 7% dos casos os irmãos e em 5% os pais ou padrastos. Isto apenas confirma o
pensamento de Grabin et al (2006, p. 2568), que aponta como os principais causadores desta
violência as pessoas que gravitam ao redor da vítima e gozam de certa intimidade, na maior parte
RECEBIDO EM 04/02/2014
APROVADO EM 10/04/2014