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CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.

INTRODUÇÃO
Recalque é o deslocamento vertical ou inclinação que uma edificação sofre
devido às deformações ocorridas no maciço de apoio de suas fundações.
O Recalque é causado pela diminuição de volume dos vazios de um solo. No
fenômeno do recalque, a diminuição de vazios está ligada a aproximação das
partículas causadas por deformações elástico/plástico/viscosa, perda de sucção,
esmagamento das ligações laterizadas, compressão de sujeira, saída de água e
rebaixamento do nível do lençol freático. O maciço sofre uma diminuição de volume
sem que entretanto ocorra uma formação nítida de uma superfície de ruptura
(cisalhamento) relativo entre partículas.

17.1 Recalques: Conceitos e Definições


Todos os tipos de solos, quando submetido a uma carga, sofrem inevitavelmente
recalques, em maior ou menor grau, dependendo das propriedades de cada solo e da
intensidade do carregamento. Os recalques geralmente tendem a cessar ou estabilizar
após certo período de tempo, mais ou menos prolongado, dependendo das
peculiaridades (permeabilidade e poro-pressão) dos solos.

Fig 17.1.1 Exemplo de Recalques lento, por adensamento nas argilas de Santos
17.2 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

Por exemplo, recalques em solos arenosos, podem se estabilizar em poucas horas


ou dias. Já o recalque em solos argilosos moles são pouco permeáveis tendem a cessar
ou estabilizar - se ao longo prazo.Prédio de Santos ( Edf. Núncio Malzoni )

Observando o que aconteceu no exemplo clássico da literatura brasileira, o


Edificio Nuncio Malzoni, em Santos, que além de sofrer recalques verticais de
grandes proporções inclinou em face da superposição dos Bulbos de pressões. Fig
17.1.1. Este edifício hoje está totalmente recuperado e reaprumado por
Engenheiro Carlos Maffei.

No recalque as partículas se aproximam uma das outras provocando uma


diminuição do volume (e espessura) de todo o maciço (raramente ocorrem
superfícies de cisalhamento). Na rutura as partículas deslizam umas em relação às
outras, ao longo de uma superfície de cisalhamento.

 Recalque admissível: São aqueles cujas magnitudes só produzem recalques


distorcionais que a estrutura pode suportar sem danos. Toda fundação sofre
recalques. Toda edificação suporta sem danos, algum recalque. Na grande
maioria das obras estes recalques são absorvidos e passam despercebidos
durante a construção, quando pilares e lajes são construídos no prumo e no
nível.

Berberian através de centenas de estruturas analisadas, tem verificado que


recalques distorcionais na ordem de β=1/500 a 1/300 causam somente danos que a
edificação pode suportar. Considerando-se que a maioria expressiva dos vãos das
estruturas varia de 4 a 6 metros, os recalques admissíveis estruturalmente devem
girar no entorno de β=500/500 = 1cm ou 10 mm, sabendo-se que β=∆/L ou

ρ2- ρ1/L.
Daí a sugestão do autor em desvincular o conceito de carga admissível da
carga de rutura submetida a um coeficiente de segurança SF=2 a 3, mas ligando-o
diretamente ao conceito da carga admissível como sendo aquela que não produz
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.3

significativos danos a estrutura, ou seja aquela que só produzirá recalques


diferenciais da ordem de 10 ou 15 mm, ou seja β=1/500 ou 1/300.
Este conceito eliminará a necessidade em provas de carga levadas até a rutura
e da definição do coeficiente de segurança real, alias, ainda hoje dois problemas na
engenharia de fundações.
A situação mais desfavorável, seria aquela na qual uma das fundações, com
vão L entre dois pontos considerados , não recalque, ou recalque menos de 15mm.
A situação mais favorável é aquela na qual duas fundações apresentem recalques
aproximadamente iguais.

Recalque é o deslocamento (para baixo) que uma edificação sofre a diminuição dos
vazios dos terreno de apoio.

Importante, a partir de 1974 o autor apoiado nas análises dos danos causados por
recalques nas edificações vem colocando em destaque que o melhor indicador dos
riscos e patologias deixou de ser recalque diferencial, dando lugar ao recalque
distorcional.

Levantamento (deslocamento para cima), quando ocorre está associado a solos


expansivos.

17.2 Recalques Sob a Ótica do Solo


O recalque de uma estrutura sob a ótica do solo, é causado principalmente
por quatro fenômenos, a saber:

Recalque Imediato Suportável na maioria dos casos


 Ajuste do Solo/Fundações (compressão de sujeiras)
 Saídas de Gases
 Deformação elástica do esqueleto sólido do solo.

Recalque Primário Maior dos Recalques, pode levar a obra à ruptura


 Adensamento: Saída de Água
17.4 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

 Ocorre entre poucos minutos (areias fofas saturadas) até muitos


anos (argilas moles saturadas, muito finas e pouco
porosas)

 Recalque Secundário - Deve-se a fenômenos viscosos (creep ou


fluência) e ocorre após o adensamento primário. É mais significativo em
solos orgânicos devido ao escorregamento e/ou reorientação das
partículas.

 Recalque por Colapso - Deve-se ao colapso da micro-estrutura do


solo por perda da resistência das ligações interpartículas do solo e/ou
por perda de sucção mátrica, quando inundado.Geralmente brusco e
catastrófico.

Dependendo da formação geológica e da estrutura "fabric" do solo,


podem ocorrer outros tipos de recalques igualmente importantes, tais
como Recalque por dissecação (rebaixamento do nível do lençol
freático), Recalque por subsidência (causado pelo abatimento de

minas e escavações subterrâneas), etc.

s Zf

Recalque de Recalque de
Fundações Fundações
Rígidas Flexíveis H
s - Coeficiente de Poisson
Es - Módulo de Elasticidade

Solo

Rocha
aaa
Fig 17.2.1 Recalques imediatos para fundações flexíveis e rígidas
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.5

 Recalque por Adensamento Primário – Ocorre ao longo do tempo.


Deve-se a saída da água do solo (fenômeno do adensamento).
Comumente é o maior e o mais grave deles. Este recalque geralmente
tende a cessar ou estabilizar após certo tempo, mais ou menos
prolongado, e que depende das peculiaridades geotécnicas dos solos. Por
exemplo: recalques em solos arenosos, podem se estabilizar em poucas
horas ou dias. O recalque em solos argilosos moles tende a cessar ou
estabilizar somente após algumas décadas, quando dissipar o excesso da
poro-pressão.

 Recalque Secundário (creep) - Deve-se a fenômenos viscosos (creep


ou fluência) e ocorre após o adensamento primário. É mais significativo
em solos orgânicos devido ao escorregamento e/ou reorientação das
partículas.
 Recalque por Colapso - Deve-se ao colapso da micro-estrutura do
solo por perda da resistência das ligações inter-partículas do solo e/ou
por perda de sucção mátrica, quando inundado.

Em uma significativa parte do território brasileiro, verifica-se a ocorrência de


solos potencialmente colapsíveis, com estruturas metaestáveis sujeitas a grande
redução de volume e, portanto grandes recalques quando saturados.
Geralmente estes recalques são bruscos e catastróficos.
Através do ensaio de adensamento com inundação a uma dada pressão ou
duplo edométrico pode-se ter uma ideia do potencial de colapso Pc, medindo-se a
variação do índice de vazios causado pela inundação:

Pc = ∆℮ / (1- ℮i ) recomenda-se Pc ≤ 2%

∆℮ Variação do índice de vazios


℮i Índice de vazios inicial antes da inundação

Quanto mais poroso, maior será o potencial de colapso.


Daí a recomendação de se realizar provas de carga com inundação nas
regiões sabidamente colapsíveis.
Os pesquisadores Jennings e Knight apresentaram em 1975 uma relação
aproximada entre o potencial Pc de colapso e o dano associado.
17.6 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

Tab. 17.2.1 Controle de Nível e Prumo

PC PC %
Panos Causados
Praticamente nenhum 0 a 0,01 0a1
Danos Moderados 0,01 a 0,05 1a5
Danos Problemáticos 0,05 a 0,10 5 a 10
Muito Problemáticos 0,10 a 0,200 10 a 20

Extremamente Problemáticos > 0,20 > 20

TEMPO t,anos

ri RECALQUE POR IMEDIATO

rp RECALQUE POR COLAPSO


RECALQUE r,cm

ra RECALQUE PRIMÁRIO
Perda de Agua em Camadas
Moles Adensáveis

RECALQUE SECUNDÁRIO Rs

Fig. 17.2.2 Recalques de uma edificação ao longo do tempo


CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.7

Foto 17.2.3 Colapso devido a Rutura Foto 17.2.4 Colapso – Cratera em Pista
de adutoras de águas em Causada por Saturação do
Ceilândia -DF Sub-Leito

 Recalque por Dissecação Pode produzir valores elevados


Gerado por rebaixamento do lençol freático:
 Ocorre progressivamente, durante e após o rebaixamento do lençol
freático.

 Recalque por Vibrações Não são graves mas geram fissurações


Vibrações geradas por máquinas industriais equipamentos de
compactação, bate-estacas, britadores, etc. produzem trincas e
aceleram os recalques.

 Recalque por Subsidência Pode levar a obra à ruína


Causada pela escavação de túneis ou desabamento de velhas minas,
cavernas, etc., sob o terreno da edificação.

17.3. RECALQUES SOB A ÓTICA DA ESTRUTURA

Toda fundação sofre algum recalque. Na grande maioria das obras


Estes recalques são redistribuídos através do processo da interação solo/estrutura
17.8 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

e passam despercebidos durante a construção, que prossegue sendo executado


no nível e no prumo.

Figura de Recalque é a poligonal que liga os vários pontos de uma


fundação e seus deslocamentos no plano vertical.

Curvas de (iso) Recalques, é o lugar geométrico que liga os pontos de


mesmos deslocamentos de uma fundação (em planta).
Os recalques sob o ponto de vista da estrutura podem ser analisados
segundo a natureza da figura de recalques:

ρ1
Ρ2

Fig 17.3.1 Recalques Total e Diferencial

1. Recalque Total rt ( s )é o recalque total que porventura tenha ocorrido

sob uma fundação, no momento da observação. É a soma de todos os


recalques: imediato, primário, por colapso, secundário, dissecação,
vibração, etc.
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.9

 A estrutura praticamente não


sofre danos estruturais
 Ruptura das redes externa
 Alterações nos passeios e
calçadas
 Típico de Estruturas Rígidas
e terrenos uniformemente
fracos

Fig 17.3.2 Recalque Total Uniforme


2. Recalque Diferencial rd (Δ é a diferença entre os recalques totais de
dois pontos considerados.
Δ ?  2  1
O recalque diferencial de uma maneira geral, é mais danoso à estrutura do que
o recalque total.
Recalque Diferencial Uniforme  : é o recalque diferencial com variação
linear entre todos os pontos da estrutura.

 Inclinação e Desaprumo
 Típicos de Estruturas
Rígidas e terrenos
linearmente desuniformes
 Recalques linearmente
desuniformes
 Estrutura sofre pequenos
mín máx danos
Fig 17.3.3 Inclinação Uniforme

Foto 17.3.4 Recalque Diferencial Uniforme


17.10 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

Foto 17.3.5 Exemplo de Recalque Foto 17.3.6 Exemplo de Recalque


Diferencial Uniforme Diferencial Uniforme

Foto 17.3.7 Exemplo de Recalque Foto 17.3.8 Exemplo de Recalque


Diferencial Uniforme Diferencial Uniforme

Quando a magnitude dos recalques e principalmente dos recalques diferenciais


é relativamente pequena, as cintas e os cinco primeiros andares das estruturas
quase sempre os absorvem e os redistribuem.
À medida que o processo se acentua, os danos deixam de ser somente
arquitetônicos/funcionais, podendo em alguns casos produzir até o colapso da
estrutura.
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.11

Recalque Angular , ou Distorção Angular ou ainda Rotação Relativa ou


Recalque Diferencial Específico: rotação da reta utilizada para definir o
desaprumo, ou seja, aquela que une dois pontos de referência.
1   2
= ou mais corretamente AB = (ΔAB / LAB)-
L

 A ruptura em geral é brusca e catastrófica (rupturas generalizadas


ocorrem em solos incompressíveis). Acontecem em horas ou poucos dias,
desde o início da formação da cunha de deslizamento até a ruptura total.

Fig.17.1.2 Cunhas de Ruptura Generalizadas De Beer e Vésic (1958)

Na visão macro da estrutura, o fenômeno da ruptura é semelhante ao do


recalque, isto é, a estrutura também afunda (ou tomba) só que em velocidades
muito maiores. Winterkorn e Fang (1975) citam o caso clássico de ruptura
generalizada de um conjunto de silos.
17.12 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

Fig 17.1.3 Ruptura Brusca de um Conjunto de Silos. Tschebotarioff (1951)

Fundação Pilares e vigas


Colapsada rompidos Sub.solo
esmagado

Fig 17.1.4 Ruptura por Puncionamento Causado por Colapso das Fundações ,
(Gama DF. Cortezia Infrasolo Ltda)

 O Fenômeno do recalque é percebido através da observação dos sintomas


causados na superestrutura (trincas, inclinações etc.)
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.13

Os recalques são analisados sob duas óticas


a do solo (causa) e a da estrutura (efeito):

 Solo heterogêneos
  Recalques Diferenciais
  Estrutura sofre Danos e
Fissurações

Foto 17.3.9 Exemplo Hipotético de Recalque


... Distorcional

2. Os recalques são analisados sob duas óticas:


a do solo (causa) e a da estrutura (efeito)

3. Recalques Sob a Ótica do Solo

Outros exemplos:

Foto 17.3.10 Desaprumo de Fachada Foto 17.3.11 Desaprumo de Fachada


17.14 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

W
A B C D
recalque
sA sB sC sD uniforme

A Ømáx inclinação
w
D
C
B 

a. Perfil dos Recalques Totais

LAB LBC LCD

A
AB CD D
AB CD

C
B
b. Perfil dos Recalques Diferenciais após a Eliminação
dos Recalques Uniforme e da Inclinação
FIG. 17.3.12 Deslocamento . Definições . Grant et al (1974),
Apud Velloso & Lopes (2002).

Rotação Ø: Variação da inclinação da reta que une dois pontos de referência de


uma fundação no exemplo da FIG.5.3.12, Ømáx foi a maior das
rotações sofridas por todas as retas de referenciais da obra.

Deformação Angular  : No exemplo, a deformação angular  em vale:


A deformação angular é
 BA
Δ  BC
Δ considerada positiva se produz
B = + concavidade para cima, (como
L BA L BC
no caso do ponto B)

Desaprumo w: É a rotação da estrutura como um todo (ou uma parte dela bem
definida analisada em separado) como se fosse um bloco rígido.
Como raramente uma estrutura pode ser considerada como se fosse
um bloco rígido, as vezes fica difícil definir e quantificar seu
desaprumo
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.15

Relação Deflexão Rr: é a relação entre a deflexão relativa  (deslocamento


máximo) e a distância L entre dois pontos de referência
Rr = /L

Relação Empírica R: é a relação entre a distorção angular e o recalque máximo


R = /máx = /L máx
δ
β δ
 L 
ρ max ρ a L

Ruptura: É o deslocamento relativo das partículas do solo ao longo de uma


superfície de ruptura geralmente por cisalhamento, quando o solo é submetido a
tensões maiores do que a sua resistência.

17.4 DANOS CAUSADOS POR RECALQUES

Introdução
Como foi visto anteriormente, os recalques e deformações da
estrutura, são os principais causadores das fissuras e até em certos casos, do
colapso total da estrutura.
Toda edificação recalca, mas ela suporta certo recalque sem
nenhum dano considerável ou aparente, mesmo porque quando pequenos,
durante o processo de construção a edificação é construída as lajes e aprumando
as pilares de tal forma a não acumular os recalques.
Vários pesquisadores e entidades técnicas têm procurado
estabelecer um paralelo entre estes deslocamentos e os danos causados aos
vários tipos de estruturas.
Os recalques, principalmente os diferenciais e os distorcionais
dependem muito da interação solo/estrutura que por si só é um fenômeno
complexo e depende de uma enorme gama de hipóteses ainda questionáveis.
17.16 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

Velloso & Lopes (1996) sumarizam no seu recente livro de


Fundações COPPE/UFRJ, as experiências de Bjerrum (1963), Vargas e Silva
(1973), Skempton & MacDonald (1956), Grant et al (1974), Novais e Ferreira
(1976), Burland & Wroth (1974), Wahls (1981), I.S.E Institute of Structural
Engineers (1978 e 1989), Thorburn e Hutchinson (1985). Peck (1994), Meyerhoff
(1956) e Polshin & Tokar (1957).
Berberian (1974,1987) analisando centenas de casos patológicos em
obras do Centro Oeste Brasileiro, propõe a tão procurada correlação entre a
abertura das fissuras e os danos causados em edifícios tradicionais, com
estruturas predominantemente em concreto armado e painéis de fechamento em
alvenaria.

As principais lições que se pode tirar desse estudo, com


importantes reflexos na filosofia dos projetos de fundações e estruturas são
(Velloso & Lopes 2002, Berberian 1974,1987 e Moura 1995),

 A rigidez de uma superestrutura tende a redistribuir as cargas nos


pilares, aliviando os pilares mais carregados (que tendem a gerar
maiores recalques) e sobrecarregando os menos carregados. De
uma maneira geral os pilares de periferia passam a receber mais
carga do que aquelas indicadas no projeto, e, por conseguinte
sofrem uma redução nas suas cargas iniciais. (Moura 1995).

 Por esta razão e por influência da ISE-interação solo/estrutura, os


recalques diferenciais são menores do que o previsto pelos métodos
convencionais de cálculo. Daí, se levado em conta a ISE muitas
obras inviabilizadas pelos métodos convencionais, poderiam ser, na
pratica viabilizadas. Moura (1995) constatou efeitos favoráveis da
ISE, na diminuição das distorções angulares entre pilares que
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.17

apresentam valores acima dos limites (~L/300) estabelecidos por


Skempton e MacDonald.

 Tem-se observado que dependendo da Rigidez Relativa da


estrutura/solo, os recalques diferenciais são absorvidos até
aproximadamente o 5° pavimento de um edifício comum, (Gusmão e
Gusmão Filho, 1994).

 Fissuras e trincas que ocorrem nos últimos pavimentos de prédios


mais altos (a partir de 6 pavimentos) podem não são causados por
recalques, mas sim por variações térmicas e/ou variações sazonais
de temperatura e umidade. Berberian (1974).

 A ISE influencia mais intensamente nos recalques diferenciais e


quase nada nos recalques totais.

 Os edifícios em paredes portantes “alvenarias estruturais”, são


menos tolerantes aos recalques distorcionais do que nos edifícios
tradicionais estruturados com painéis de simples fechamento, (ISE,
1989).

 A modelagem global de uma edificação completa, levando em conta


a fundação e a superestrutura é ainda um procedimento complexo,
pouco preciso e apoiado em hipóteses pouco representativas. Daí a
importância da observação cuidadosa da experiência local, e das
recomendações (mesmo que em caráter geral) a exemplo das
apresentadas nas próximas paginas.

 Há uma carência de registros publicados de casos de estruturas que


sofreram danos. São fortemente incentivadas a controles periódicos
17.18 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

dos recalques das obras, se possível desde seu início (e mesmo não
se não se dispondo de medidores mais sofisticados).

 Os deslocamentos limites, que resultam no aparecimento de trincas


ou até o colapso do elemento da edificação dependem de vários
fatores, tais como:

 Condição de contorno (engaste, apoio livre, etc.)

 Do comportamento mecânico da peça (frágil, dúctil,


viscoso/reológico, etc.). A maioria das alvenarias utilizadas em
edificações comuns apresentou um comportamento frágil, sem
patamar de escoamento.

 Do fator de forma (relação entre o comprimento e a altura do


elemento).

 Da deformada da estrutura (concavidade para baixo ou para


cima).

 Da rigidez relativa a flexão e ao cisalhamento.

 Os valores admissíveis dos recalques e deformações dependem


da utilização de cada edificação. Valores aceitáveis para algumas
podem ser danosos a outras (Velloso & Lopes, 2002 e Peck
1994).

 Vale observar que em estruturas muito rígidas elas podem tombar


como um todo sem, entretanto apresentar um quadro considerável
de fissuração.
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.19

A quantificação dos deslocamentos admissíveis tem sido


representada através da distorção angular . As tabelas a seguir apresentam
alguns valores indicativos, lembrando, entretanto, que a base estatística destes
dados provém de estudos realizados em estruturas tradicionais (concreto e/ou aço
com fechamento em painéis de alvenaria).

17.4.1 REGRA DA MEDIATRIZ


PARA INDICAR OS PONTOS EM RECALQUES OU DESLOCAMENTOS
DAS ESTRUTURAS

Berberian , nos anos 70, desenvolveu uma técnica que permitisse


identificar numa edificação os pontos com patologias típicas de (flechas ou
recalques).

A regra da “Mediatriz em painéis bidimensionais no estado plano de tensões


na situação de cisalhamento puro” acabou por ser simplificada, na prática de
profissionais de patologias e projetos, sendo comum e rotineiramente designada
por “Regra da Mediatriz do Professor Dickran”.

Esta regra esta baseada na análise da geração das tensões de tração em


painéis de alvenaria das edificações. As trincas ocorrem quando estas tensões
ultrapassam a resistência a tração do material utilizado.

Esta regra permitiu de forma simples e prática de elaborar o diagnostico e até


o prognostico das patologias típicas de recalques e flechas de lajes e vigas.

O que é mais importante é que esta regra permitiu esclarecer a falácia de


que “toda trinca de 45° é causada por recalque”.

De maneira geral a causa principal é realmente recalque, mas dependendo


da atitude e posição das trincas esta regra mostra claramente que as mesmas
foram geradas por flechas em vigas e lajes e não por recalques.

Estes estudos mostram também que a tensão máxima de tração, ocorre em


geral no ponto médio da trinca de tração (a 45°), cuja inclinação estará voltada
sobre o ponto em deslocamento, indicado pela mediatriz.

A comprovação experimental veio quando Berberian (1974) construiu 06


painéis de alvenaria no laboratório de materiais da empresa Infrasolo Ltda, com
17.20 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

dimensões de 6 x 3 m, grampeando-as nas viga inferior, nos pilares e “apertadas”


na viga superior após um tempo de espera de dois meses.

Foram ensaiadas alvenarias de blocos de concreto e tijolos cerâmicos,


aplicando-se deslocamentos controlados em um dos pilares para analisar a
influência dos recalques distorcionais (diferencial / 6,0 m) na abertura das trincas
e no fenômeno da rutura dos painéis.

1°e 2° Trincas Sub. Capilares no Painel


Exper.01 af=0,15mm
Recalque Distorcional 1/250 Berberian (1972)

PRIMEIRA TRINCA SUB-CAPILAR NO PAINEL 01


f=0,08 1/400 Frisc = 2.5

Fig.17.4.1 Parede em Blocos de Fig.17.4.2 Idem mostrando 1° e 2° trinca


Concreto 10x20x40 cm

FISSURAS – Regra do “Dickran”

Caso .1
Rec.
Fundações

Fig.17.4.3 Paínel em tijolo cerâmico Fig.17.4.4 Recalque de Fundações


aparente Regra do Dickran

argilas saturadas
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.21

Patologia e Reforço

fundex / infrasolo de Estrutura

FISSURAS – Regra do “Dickran” Verificação por Elementos Finitos

Caso . 2
Flexa Laje/Viga

Fig.17.4.5 Flechas em vigas


“Regra do Dickran” Fig.17.4.6 Métodos dos Elementos Finitos

argilas saturadas argilas saturadas


Fissuração:
flecha em cintas

Fig.17.4.7 Recalque nas Fundações Fig.17.4.8 Flechas nos Baldrames ou Cintas

argilas saturadas
Patologia e Reforço

fundex / infrasolo de Estrutura

FISSURAS – Regra do “Dickran”


Caso .3 Rec Cintas

Fig.17.4.3 Abatimento das Cintas


17.22 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

17.4.2 RECOMENDAÇÕES DE BERBERIAN

Berberian (1974,1987 e 2001), com base nas análises das patologias


de centenas de obras do Centro Oeste Brasileiro e ensaios em protótipos de
painéis de alvenaria, sugere modificações e amplia as recomendações de
Skempton, Bjerrum (1963), Vargas & Silva(1973).
O autor recomenda uma interrelação entre a Distorção Angular ,
abertura das fissuras af e os danos observados em vários casos de obras. TAB.
17.4.1
Estas recomendações são aproximadas de caráter genérico e só
valem para estruturas convencionais de concreto armado com fechamento em
painéis de alvenaria (não estruturais).
Observações Importantes sobre as Recomendações de Berberian
 Os recalques totais uniformes dentro de certos limites não comprometem
seriamente a segurança de uma estrutura. Se uma estrutura recalca como
um corpo rígido, ou mesmo inclinando-se também como um corpo rígido
(com variação linear dos recalques), ocorrerão desaprumos, mas os danos
estruturais poderão não ser tão sérios.

Ocorrerão efeitos estéticos, funcionais, comprometimento do sistema de


dutos de ligações externas, escadas, etc, mas dentro de certos limites a
estabilidade global da estrutura não fica seriamente comprometida.

 A aceitabilidade da estrutura e definição da distorção máxima admissível


é definida pelo projetista da estrutura, e com base nas conseqüências
estéticas e funcionais e no fator de risco fator Frisc =  . 1000.

 Os recalques totais, diferenciais e distorcionais podem ser estimados


teoricamente durante a elaboração do projeto e medidos após o término da
obra, de tal forma a permitir traçar as curvas de iguais recalques
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.23

(isorecalques) e permitindo-se avaliar as grandezas  e  , entre dois


pontos.

 Recalques lentos favorecem a uma atuação da interação solo/estrutura,


propiciando uma gradativa redistribuição dos deslocamentos, fazendo com
que a estrutura se adapte e resista melhor aos recalques.
Vale observar que a influência do tempo na distribuição dos recalques
diferenciais é diferente para cada tipo de solos (argilosos arenosos etc...), e
da rigidez da estrutura.

 Os recalques diferenciais podem ser, a muito grosso modo estimados


como sendo 75% do recalque total máximo.

 As tensões residuais nas estruturas podem ser importantes, mas difíceis


de quantificar, vez que, quase sempre os recalques começam a ser
observados e medidos após a aplicação de parte do carregamento (senão
todo), quando já ocorreram recalques residuais não medidos.

 Em estruturas similares, as tolerâncias às deformações não são


obrigatoriamente as mesmas.

 A experiência tem mostrado que materiais de construção mais dúcteis, a


exemplo, do aço e das resinas plásticas podem tolerar maiores recalques
do que elementos mais frágeis, tais como o concreto, gesso ou alvenaria
estrutural.

 É também de praxe, recomendarem-se reforços quando a velocidade de


recalques atinge a aproximadamente 60/dia. Teme-se que quando a
velocidade de recalques atinge este valor, poderá não haver tempo hábil
17.24 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

para reverter o processo e nem reforçar as fundações e/ou estrutura,


comprometendo a estabilidade da edificação, e colocando em risco seus
usuários.

 A consideração da ISE. Interação Solo-Estrutura tem influenciado


favoravelmente na distribuição e redistribuição dos deslocamentos. De uma
maneira geral, quanto mais rígida e também "quanto mais alta" for uma
estrutura, maior será a redistribuição dos recalques, forçando a uma
redução dos recalques diferenciais e distorcionais, viabilizando até em
certos casos, projetos cujos recalques sem considerar a ISE, seriam
inicialmente inadmissíveis.

 Conforme já enfatizado anteriormente, nenhuma destas acertivas é


absoluta e é possível que dependendo das características peculiares de
uma dada estrutura, nada disso ocorra.

 Fissuras Capilares, sub-milimétricas com abertura abaixo de 0,1mm são


desprezíveis, assintomáticas e inconclusivas.

 Os encontros de cintas sobre cintas sem fundações, constituem- se em


pontos de fraqueza a recalques, gerando trincas horizontais baixas,
próximas aos pisos, ou altas próximas ao teto.

 Recomenda-se, sempre que possível, pontuar-se as cintas (vigas


baldrames) com mais de 6m de vão livre, executando-se pequenas
fundações, para evitar trincas baixas nas paredes e/ou nas lajes de piso,
simulando trincas de charneira, causadas por carregamento uniformemente
distribuído de baixo para cima na laje de piso.
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.25

Quadro dos Fatores Relativos de Risco - FRISC


Após o exame de pouco mais de 800 obras com sintomas de patologias
e reforços de estruturas e fundações, Berberian estabeleceu, para melhor
compreensão dos problemas, um fator de risco que reflete de uma maneira
aproximada a gravidade dos fenômenos patológicos.

FRISC Sintomatologia

até 02 Sem comprometimento da segurança e da


funcionalidade da edificação.
02 a 04 Patologias incipientes, devendo, entretanto, serem
corrigidas o quanto antes, para garantir e prolongar
a vida útil da edificação.
04 a 06 Patologias graves que necessitam de correção
imediata.
06 a 08 As patologias podem já estar comprometendo a
segurança e estabilidade da edificação. Correções
e reforços imediatos e possivelmente invasivos.

acima de 08 Instabilidade local/parcial, ou eminência de colapso


total da edificação.
TAB.17.4.1 Recalques Distorcionais x Sintomatologia. Berberian (1987)
17.26 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

SINTOMATOLOGIA x Fator de Risco Frisc

Limites Berberian (1987) Frisc = 1000. = 1000 (2 – 1) / L

afis = 0,85mm (0,05 a 0,10)  = 1/1175 (1/2000 a 1/800) Frisc = 0,85 (0,50 a 1,25)

Foto 17.4.1 Deformação das cintas (sobre .cintas) causada por


abatimento (colapso) do aterro .de sustentação .das cintas
 Berberian (2000) analisando 48 casos onde supostamente poderiam ter pilares
sob a argamassa de revestimento, constatou que trincas horizontais nos
revestimentos de paredes não passam sobre pilares, eliminando a possibilidade
de pilares na região de trincas horizontais

Foto 17.4.2 Trincas múltiplas causadas por flechas nas cintas. Descartada a hipótese
de recalques no pilar a esquerda face a ocorrência da .trinca .horizontal prolongada
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.27

médio ==0,85
Frisco médio
Frisco 0,85  Fissuras Capilares confusas misturam-se
a fenômenos térmicos e de retração das
0,15
0,15
alvenarias.
mm

y ==0,0387x +-0,0287
y 0,078x
R22 ==0,0279
0,0184
 Fissuras Visíveis em paredes portantes
R 0,4452
de Fissura

não armadas, deformadas com


mm

0,10
concavidade para cima. Segundo
de Fissura

Meyerhof:  =1/2500 e segundo Polshin &


0,1

Tokar com L/H < 3, entre 1/3500 e 1/2500


Abertura

para L/H < 5, entre 1/2000 a 1/1500 e


Abertura

0,05 segundo Burland & Wroth: 1/2500 para


0,05 painéis quadrados e 1/2500 para L/H = 5 e
ainda com deformações convexa para
cima: 1/5000 para paredes quadradas.
-
Para o caso de paredes portantes
0,5 1,0 1,5 armadas, as fissuras passam a aparecer
0
0,5 1 1,5 ... segundo Polshin & Tokar entre 1/1400 a
Frisc  ==(1000.(
Frisc  (1000.( -  1)1))/
2 2- /LL
.. .1/1000.

Foto 17.4.3 Fissuras Capilares Confusas


17.28 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

afis = 0,13mm (0,10 a 0,16)  = 1/770 (1/800 a 1/700) Frisc = 1,3 (1,25 a 1,45)

 Desnivelamentos em máquinas industriais e


Frisco médio  = 1,3 equipamentos sensíveis a recalques diferenciais,
podem ser críticos.
0,17  Fissuras finas (< 0,10mm) são facilmente
Abertura de Fissura mm

y = -0,6227x + 1,0946
corrigidas durante o acabamento final – Dano na
0,16 R2 = 0,0072
Categoria I segundo I.S.E (1989).
0,15  Acentuam-se as microfissuras. Painéis
externos de alvenaria trincam descolando-se da
0,14 estrutura. Nos dias chuvosos pode-se divisar o
contorno da estrutura através da umidade que
0,13
atravessa as paredes, podendo inclusive mofar
0,12
armários e moveis em contacto com as mesmas.

0,11

0,10
1,2 1,3 1,4 1,5

Frisc  = (1000.( 2 -  1) / L

Frisc = 1,5 (1,42 a 1,60)  = 1/650 (1/700 a 1/600)

 Provocam desnivelamentos em máquinas industriais e equipamentos sensíveis a


recalques diferenciais.
 Limites de perigo para pórticos contraventados.
 Distorções nesta magnitude (1/1000 a 1/500), pode fissurar acabamentos interiores ou
exteriores rígidos e sensíveis, tais como gesso, pedras ornamentais, mármores ou peças
vitrificadas. O Navfac – Naval Facilitia Eng. Comand (1971), no entanto observa que pode-
se tolerar recalques maiores se uma parcela importante do recalque já ocorreu antes do
assentamento dos acabamentos.
 Máxima deflexão angular na junta de tubulação rígida de concreto (para trabalho sob
pressão), e corresponde em geral 2 a 4 vezes a inclinação média da linha de recalque.
Danos às juntas dependem também do eventual comprimento da tubulação.
 Os recalques toleráveis em edifícios com estrutura pesada de concreto armado apoiada
em radier rígido (grelhado com ± 1,20m de espessura) poderá ser limitado por danos nos
acabamentos internos ou externos.
 Flechas ainda são admissíveis para vigas biapoiadas, quando atuam todas as cargas
(permanentes + acidentais) conforme prescreve norma NBR 6118/2003.
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.29

afis = 0,10mm (0,10 a 0,18)  = 1/550 (1/600 a 1/500) Frisc = 1,8 (1,66 a 2,0)

 Fissuras surgem em Forros e


revestimentos muito rígidos (gesso, papelão Frisc médio  = 1,8
argamassado, etc.). 1,0

Abertura de Fissura mm
 Edifícios estreitos e largos: sem registro y = 1,7607x - 2,7231
R2 = 0,6653
de danos ou inclinações inadmissíveis.
0,8
 Segundo Thorburn & Hutcinson (1985) com
trincas entre 0,10 a 0,20mm os danos as
edificações residenciais e industriais podem 0,6
ser consideradas leves a moderadas e
muito leves para as industriais.
0,4
 Limite segundo NAVFAC (1971) para
distorção angular  = 1/550 (medido ao
longo do diâmetro) para radier circular rígido 0,2

ou sapata anelar para apoio de estruturas


rígidas (reservatórios, silos,.chaminés etc..)
-
 Trincas generalizadas, causadas por 1,6 1,7 1,8 1,9 2,0
abatimento do aterro e cintas, e nada tem a Frisc (1 0 0 0 .( 2  1 /  L
ver com recalque.
 Trinca causada por abatimento da cinta apoiada em aterro colapsado (vazamento de esgoto
com pH elevado ~ 6.3). A parede se manteve intacta, puxando o revestimento do teto, por
ser reforçada com barita (centro radiológico). O que parece ser um pilar é na realidade uma
b
boneca. Berberian/Infrasolo (1982 ).

Foto 17.4.4 Trincas generalizadas, causadas por abatimento do aterro e cintas, e nada tem a ver
com recalques
17.30 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

Foto 17.4.5 Trinca causada por abatimento da cinta apoiada em aterro colapsado
( vazamento de esgoto com pH elevado ~6.3). A parede se manteve intacta puxando o
revestimento do teto, por serem reforçado por banita (centro radiológico). O que parece ser
um pilar é na realidade uma boneca. Berberian / Infrasolo (1982b).

afis = 0,13mm (0,20 a 1,0)  = 1/500 (1/1500 a 1/500) Frisc = 2,0

 Algumas Fissuras Inclinadas, em alvenarias sub-milimétricas (0,1 mm).


 Limite de Segurança para obras onde não se admite fissuras.
 Skempton e MacDonald (1956), Apud Velloso e Lopes (2003) sugerem para recalques totais
limites: 40 mm para sapatas isoladas e entre 40 a 65mm para fundações em radier.
 Fissuras com abertura entre 0,30 a 1,0mm, normalmente causam somente danos leves em
edificações residenciais e comerciais, e muito leves em obras industriais.
Na estrutura causa danos apenas estéticos. Acelerando o envelhecimento das fachadas.

afis = 1,30mm (1,0 a 1,6)  = 1/425 (1/500 a 1/360) Frisc = 2,4 (2,0 a 2,77)
 Edifícios Largos (B > 15 m): fissuras
milimétricas inclinadas. Aparecimentos de
fissuras paralelas e/ou com torção (serrilhadas).
 Afofamento de Azulejos, sem, entretanto se
desprenderem.
 Limites de tolerância em edificações de um ou
dois pavimentos com paredes de tijolos e
estrutura leve, um recalque maior pode ser
tolerável se uma parcela importante do
recalque ocorrer antes que os acabamentos
estejam ~ 1,6mm = 1/425
terminados.
Foto 17.4.6
 Limites de tolerância em edifícios com
acabamento em interior ou exterior pouco
sensível.
 Segundo Thorburn (1985), trincas entre 1 e 2mm causam danos leves e moderados em
edificações residenciais e comerciais e muito leves em edificações
industriais.........................................................
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.31

Foto 17.4.7 Afofamento de azulejos Foto 1743.8 afis=1,4mm Devido a Recalque no


Pilar P1. Não confundi-la com trinca de verga

Foto 17.4.9 Trinca com afis=1,8mm Causada por Flecha na Laje. Parede sobre laje
sem apoio de pilares
17.32 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

afis = 1,80mm (1,6 a 2,0)  = 1/315 (1/350 a 1/270) Frisc = 3,10 (2,77 a 3,70)

 Recomenda-se consultar especialistas em


Frisco médio  = 3,20
patologias.
 Portas e Esquadrias tipo máximo ar, fogem

mm
do esquadro e agarram ao fechar. Idem, 2,0 y = 0,5488x
armários embutidos que se descolam do teto R2 = 0,0403

Abertura de Fissura
e das paredes. 1,9
 Trincas Inclinadas nos Azulejos, primeiros
desprendimentos e soltura de azulejos. 1,8
 Provavelmente problemas em partes
rolantes. 1,7
 Valores limites aplicáveis a reservatórios
sobre bases flexíveis. Bases rígidas não 1,6
toleram este nível de recalque distorcional
sem apresentar trincas ou rupturas 1,5
localizadas por flambagem. 2,7 2,9 3,1 3,3 3,5 3,7
 Guindastes e pontes rolantes acusam
recalques longitudinais ao longo do trilho. Frisc  = (1000.( 2 -  1) / L
 Recalques transversais (entre os trilhos)
em geral não governam o projeto.
 Segundo a NBR 6118 (2003) considera-se como flecha admissível (l/300) em vigas
biapoiadas quando só atuam as sobrecargas (acidentais) e (l/360) em elementos estruturais
suportando paredes de tijolos de vidro.

Foto 17.4.10 Afofamento de azulejos Foto 17.4.11 Estrutura deformada. Fora


de esquadro
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.33

afis = 3,0mm (2,0 a 4,0)  = 1/240 (1/270 a 1/240) Frisc = 3,90 (3,70 a 4,16)

Frisc médio  = 3,93  Fissuras milimétricas na estrutura e nas


alvenarias. Aparecimento de família de
Abertura de Fissura mm

4,2
y = 0,2101x + 3,3106 fissuras paralelas e/ou com torção.
R2 = 0,5361  Algum Desaprumo e abertura de juntas de
4,1 dilatação, principalmente entre prumadas
onde o aterro apresenta espessura variável,
4,0 podendo ocorrer fundações mais curtas na
região dos aterros mais espessos.
 Possivelmente as trincas que originalmente
3,9
eram recorrentes somente nas alvenarias,
passam também a acontecer nas vigas.
3,8  Desaprumo Edifícios Estreitos (B < 15 m),
visível em edifícios altos e rijos.
3,7  Segundo Thornburn & Hucthinson (1985),
2,0 3,0 4,0 trincas entre 2 a 5 mm produzem somente danos
leves nas edificações industriais e moderadas nas
Frisc  = (1000.( 2 -  1) / L residênciais e comerciais.
 Meyerhof (1956) alerta para ocorrência de
danos estruturais quando  alcança 1/25
 Levantamento de pisos cerâmicos e graníticos devido a torção nas lajes.

Foto 17.4.12 Trinca de recalque (no pilar a direita, com ligeira torção)
17.34 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

afis = 4,5mm (4,0 a 5,0)  = 1/235 (1/240 a 1/230) Frisc = 4,25 (4,16 a 4,35)
 Portas e janelas fogem do esquadro e
Frisc médio  = 4,25 passam a agarrar.
4,4  Pode ocorrer infiltração através das
Abertura de Fissura mm

trincas de fachadas.
y = 0,0894x + 3,8137
R2 = 0,6166  Categoria de dano (2 em 5) segundo a
I.S.E
4,3  Fissuras são facilmente preenchidas.
 As barras de aço, embutidas nas vigas de
concreto já apresentam estriccionamento
da sua seção na região da trinca.
4,2  Desajuste nas Guias dos Elevadores,
problemas em pontes rolantes.
 Em Paredes Internas as trincas crescem
no sentido do maior recalque.
4,1
 Edifícios Largos, inclinação pequena mais
4,0 5,0 6,0 visível.
Frisc  = (1000.( 2 -  1) / L

afis = 5,5mm (5,0 a 6,0)  = 1/220 (1/230 a 1/210) Frisc = 4,6 (4,54 a 4,6)

 Componente Psicológico Nocivo aos


Frisc médio  = 4.6 (1/220 L)
usuários que passam a notar as trincas e
sua evolução.
4,5

Abertura de Fissura mm

y = 0,7467x - 0,3061
Serviçais Reclamam de pó e da
R2 = 0,2013 ocorrência de farelo de argamassa no
4,0 chão ou sobre móveis.
 Vidros Justos trincam, necessitando de
aumento de folga nos caixilhos.
3,5
 Portas e Janelas Emperram,
necessitando de ajuste nos furos das
3,0 lingüetas e esquadrias.
 Vazamentos e gotejamentos devido a
pequenas rupturas das redes
2,5 hidrossanitárias imersas no concreto
estrutural.
2,0
 Fissuras na Estrutura progridem da
4,3 4,4 4,5 4,6 4,7 4,8 alvenaria para a estrutura (ainda quando
capilares - 0,2 mm).
Frisc  = (1000.( 2 -  1) / L
 Reforço de Fundações já recomendável.
 Fissuras Subcentimétricas nas alvenarias (2,0 a 6,0mm).
 Acelerar o intervalo das medições dos recalques.
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.35

Foto 17.4.13 Recalque na estaca a direita da parede. Berberian (1975)

Foto 17.4.14 Vidros Trincados. Janelas Tipo Máximo-Ar


17.36 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

afis = 8,0mm (6,2 a 10,0)  = 1/195 (1/210 a 1/175) Frisc = 5,20 (4,7 a 5,7)

Frisc médio  = 5,2


 Edifícios Estreitos (B < 15 m): Fissuras nas
vigas e lajes, possível estriccionamento das
10,0 barras de aço.
Abertura de Fissura mm

y = 2,7962x - 6,7407
2
 Necessidade de Reforço: nítida
 Empoçamento de água no canto da áreas
R = 0,5897

9,0 de serviço.
 Empenamento de esquadrias.
 Descolamento de Armários embutidos por
8,0 falta de esquadro da estrutura.
 Levantamento do Piso (com afofamento) e
soltura de tacos.
7,0  Necessidade de acelerar medições de
recalques, dos prumos e da malha de
fissuras.
6,0
 Avaliar a velocidade de recalques/dia.
4,7 5,0 5,3 5,6  Danos moderados a severas em edificações
Frisco  = 1000.( 2 -  1) / L
residenciais e comerciais, moderados em
edificações industriais conforme critério de
Thornburn & Hutchinson, quando afis está entre 5 a 15mm.
 Polshin e Tokar (1957) alerta para a ocorrência de danos estruturais quando
 = 1/200.
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.37

afis = 12,5mm (10,0 a 15,0)  = 1/175 (1/175 a 1/30) Frisc = 6,70 (5,7 a 7,70)

Frisc médio  = 6,70

15,0

Abertura de Fissura mm
y = 1,9121x - 0,4011
R2 = 0,5833
14,0

13,0

12,0

11,0

10,0
5,7 6,2 6,7 7,2 7,7
Frisco = 1000 . = 1000.( 2 -  1) / L
Foto 17.4.15 Fissuras a 45°. Causadas pelo Recalque do Pilar a Esquerda do painel.
Infrasolo/Fundex

Foto 17.4.15 – Fissura a 45°. Causada pelo recalque do pilar a Esquerda do painel

 Reforço de Estruturas e fundações já com indicativo para início imediato.


 Edifícios Largos (B 15 m), fissuras graves evoluindo para trincas. Desaprumo visível.
 Categoria dano 3 de dano, segundo o I.S.E (1989),
 Até esta abertura pode-se mascarar fissuras que reabrem, tomando-a com um mastique
elástico de baixa dureza Shore.
 Os recalques diferenciais neste nível podem induzir a rutura das tubulações.
 Skempton & MacDonald (1956) e Bjerrum (1963) alertam para ocorrência de danos
estruturais quando  = 1/150.
 Limites, segundo NAVFAC ( 1971), com  = 1/160 a 1/125, para galpões em estruturas
com 1 a 2 pavimentos, em aço aporticadas, paredes flexíveis e cobertura treliçada.
 Escoramentos já podem ser necessários.
 A velocidade de recalque possivelmente já é muito alta, maior que 40 milésimos de
milímetro por dia Vr > 40 /dia.
17.38 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

 O Ed. Areia Branca 12 andares desabou


por ruptura do pilarete das sapatas, após
3 estalos ( com intervalos de 24 hs),
com a = abertura de fissuras de
aproximadamente 10mm nos pilaretes.

Foto 17.4.17 Desabamento do Edifício


Areia Branca

Foto 17.4.18 Rachadura causada por Foto 17.4.19 Rachadura sub-horizontal


recalque do pilar a esquerda da parede. causada por colapso do aterro de
Berberian (1982ª) sustentação das cintas. Berberian (1982b)
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.39

Foto 17.4.20 Trincas a 45° Indicando Recalque no Pilar a Esquerda

afis = 17,5mm (15,0 a 20,0)  = 1/118 (1/130 a 1/110) Frisc = 8,40 (7,70a 9,10)  C
a
tegoria 4 de Danos do I.S.E (1989).
F risc médio  = 8,40  Rutura de Armações e concreto.
 Perigo Eminente em estruturas
Abertura de Fissura mm

20,0 y = 3,4002x - 11,153 hiperestáticas.


R2 = 0,7113
 Vazamentos Acentuados das redes
19,0 enterradas.
 Pânico aos Usuários.
 Desnivelamento dos Pisos, bolas, ovos e
18,0
outros elementos esféricos cozidos, etc. rolam
sobre pisos, mesas, etc.
17,0  Ruptura de dutos.
 Agravamento Geral de todo o quadro
16,0 patológico.
 Substituição de paredes muito danificadas.
 Pisos e paredes visivelmente inclinadas.
15,0
7,8 8,1 8,3 8,6 8,8 9,1
 Fissuras com aberturas entre 15 a 25mm,
Frisco = 1000 . = 1000.( 2 -  1) / L segundo o critério de Thornburn e
Hutchinson, provocam danos severos a
muito severos em edificações residenciais e comerciais e moderadas a severas em
edificações industriais.
17.40 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

Figura 17.4.21 Rolamento de Elementos Roliços Face Elevada Inclinação da Edificação

Figura 17.4.22 Levantamento de Piso Causado por Torção na laje


CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.41

Foto 17.4.23 Trincas a 45° Indicando Recalque do Pilar a Direita

afis = 35mm (20,0 a 50,0)  = 1/100 (1/110 a 1/90) Frisc = 10 (9,10a 11,10)
 D
esprendimento de Alvenarias flexíveis e
cobogós.
Frisc médio  = 10,10
 Eminência e/ou colapso da edificação.
50,0  Estampidos que ecoam em toda estrutura
Abertura de Fissura mm

y = 8,6551x - 51,964 de concreto, causado por ruptura das


R2 = 0,2878 armaduras.
 Agravamento e intensificação de todo
40,0 quadro patológico.
 Este quadro patológico se enquadra na
categoria 5 de danos, conforme I.S.E (1989)
com a observação:
30,0 ”Essa categoria requer reformas mais
extensas, envolvendo reconstrução parcial
ou completa. Vigas perdem suporte, paredes
inclinam perigosamente e exigem
20,0
escoramento. Janelas quebram com
9,0 10,0 11,0
distorção. Perigo de instabilidade. ” Apud
Frisco = 1000 .  = 1000.( 2 -  1) / L Velloso & Lopes (2002).
 Segundo Thornburn & Hutchinson, fissuras
com aberturas maiores do que 25mm, colocam as edificações numa..situação perigosa.
 Possivelmente não haverá mais tempo hábil para um escoramento adequado.
17.42 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

Foto 17.4.24 Morfologia da trinca logo após o Desabamento do Edifício Gama. Cortesia
Infrasolo/fundex

RECOMENDAÇÕES DE BJERRUM, VARGAS & SILVA

A FIG. 17.5.1 apresenta os critérios de Bjerrum (1963) e modificada por


Vargas & Silva (1973), que procuraram estabelecer limites das Distorções
Angulares  em função dos danos causados.
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.43

Fator de 
Frisc = 1000  1,25 1,43 1,66 2,00 2,5 3,33 5,0 10
Risco L
10,0
Distorção  = =
  1 1 1 1 1 1 1 1
L 800 700 600 500 400 300 200 100
Angular L
Limite a partir do qual são temidas
dificuldades com máquinas sensíveis a
recalques (1/750)
Limite de perigo p/ pórticos com contravamentos (1/750)
Edifícios estreitos: não são produzidos danos ou
Inclinações (1/540)
Limite de segurança para edifícios no qual não são admitidas
fissuras (1/500)
Edifícios largos: não há danos ou inclinações (1/490)
Edifícios largos (largura B > 15m): fissuras na alvenaria (1/490)
Edifícios estreitos largura (B < 15m): fissuras na alvenaria (1/320)
Limite em que são esperadas dificuldades com pontes rolantes (1/300)
“ “ “ “ “ as primeiras fissuras em paredes divisórias (1/300

Edifícios estreitos: fissuras na estrutura e pequena inclinação (1/270)


Limite em que o desaprumo de edifícios altos e rígidos se torna visível (1/240)
Edifícios estreitos: fissuras na estrutura, inclinação notável, necessidade
de reforço (1/220)
Edifícios Largos: fissuras graves, pequena inclinação (1/180)
Fissuração considerável em paredes de alvenaria (1/150)
Limite de segurança para paredes flexíveis de alvenaria (h/L < ¼)
Limite em que são temidos danos estruturais nos edifícios em geral
Ed. largos: fissuras na estrutura, inclinação notável, necessidade de reforço (1/120)

Bjerrum (1963)
Vargas Silva (1973)

FIG. 17.5.1 Relação Entre os danos e a Distorção Angular  .

Como tanØ usualmente é muito pequeno, tanØ é aproximadamente =


ângulo em radianos.  = /L = tanØ
17.44 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

ex: Uma distorção angular  = 0,003 para um vão de 6m, corresponde a um


recalque diferencial  igual a:

 = 0,003 rd x 6000 mm = 18 mm tan 0,17 = 0,003 0,003 = 0,17rd 


tan0,17

Teixeira e Godoy (1996) alertam com muita propriedade que os


valores limites para as Distorções Angulares , nem sempre são os reais
podendo ser inclusive menores do que os limites apresentados nas
discussões anteriores vez que as estruturas já sofreram recalques antes
mesmo de se executarem as alvenarias.
No caso de edifícios em alvenarias estruturais, estes limites são
mais realistas, pelo fato de que as paredes serem portantes, e portanto,
executadas desde o início da edificação.

17.6 RECOMENDAÇÕES DE SKEMPTON, et al


DISTORÇÃO ANGULAR  LIMITE. ISE INSTITUTION OF STRUCTURAL
ENGINEERING (1989). ESTRUTURAS EM CONCRETO OU AÇO E
PAREDES PORTANTES ARMADAS
TAB. 17.6.1 Recalque Distorcional Limite 

Patologias Skempton e Meyerhof Polshin & Tokar Bjerrum


MacDonald (1956) (1956) (1957) (1963)

Danos
estruturais =1/150 1/250 1/200 1/150

Fissuras em 1/500 (1/1400 a


paredes e 1/300
1/500 1/1000 em painéis 1/500
divisórias (recomenda-se 1/500)
extremos)
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.45

RECOMENDAÇÕES DE BURLAND, WROTH, et al


TAB. 17.6.2 Valores Limites da Relação de Deflexão Rd a  para Ocorrência de
Fissuras Visíveis em Paredes Portantes não Armadas (L X H)
Meyerhof Polshin e Tokar Burland e Wroth
Configuração
(1956) (1957) (1975)
L/H<3 : 1/3500 a 1/2500 L/H= 1:1/2500
Côncava para cima 1/2500
L/H<3 : 1/2000 a 1/1500 L/H= 5:1/1250
L e H são largura e altura L/H= 1:1/5000
Convexa para cima -
da parede L/H= 5:1/2500

RECOMENDAÇÕES SKEMPTON E TERZAGHI & PECK (1948)

TAB. 17.6.3 Recalques Diferenciais Máximos Rotineiros para Fundações


Superficiais. Terzaghi e Peck (1948) e Skempton e MacDonald
(1956).

Areias Sapatas máx = 2,0cm


Radiers máx = 2,0cm

Argilas Sapatas máx = 2,0cm


Radiers máx = 2,0cm

smin. smin.

A Ø smáx. C  = /L = tanØ

B
Recalque Diferencial
Linha de Recalque canto ao centro

FIG. 17.6.1 Linha de Recalque - BA = Smáx-Smin


17.46 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

RECOMENDAÇÕES DO NAVY-NAVFAC

O Departament of the Navy, Naval Facilities Eng. Command,


apresenta interessante relação TAB. 7.7.1 dos valores do recalque diferencial
específico (distorção angular ou rotação relativa) para estruturas.

TAB.17.6.4 Recalques Distorcionais Toleráveis de Estrutura –


NAVFAC DM- 7(1971)
RECALQUE
TIPO DE ESTRUTURA DISTORCIONA CONDIÇÕES DE
L FRISC =  x APLICABILIDADE
1000
 = /L Valores aplicáveis a
Reservatórios de aço p/ reservatórios sobre bases
estocagem de petróleo ou fluído 3,0 flexíveis. Bases rígidas não
em geral Teto Fixo Teto 1/500 a 1/330 toleram o recalque
Flutuante (Dependendo de especificado sem
detalhes do teto flutuante) apresentar trincas ou
ruturas localizadas
por flambagem.
Recalque medido
3,0 longitudinal-mente ao longo
1/330 do trilho. Recalque
Trilhos para ponte rolante transversal entre os trilhos
em geral não governam o
projeto.
Radier circular rígido ou sapata 2,0
em forma de anel para apoio de 1/500
estruturas rígidas tais como, (Medido ao
chaminés, silos, reservatórios de longo do
água. diâmetro da
fundação)
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.47

O recalque limite tolerável


Armazém para depósito em
poderá ser governado pela
estrutura de aço aporticado. 1 ou
existência de ponte rolante,
2 pavimentos com cobertura em 6,0 a 8,0
tubulações ou operações
treliça, paredes flexíveis de 1/160 a 1/125
de empilhadeiras
fechamento.
mecânicas.

Um recalque maior pode ser


Edificações de um ou dois 2,0 a 3,0 tolerável se uma parcela
pavimentos com paredes de 1/500 a 1/330 importante do recalque
tijolos e estrutura leve. ocorre antes que os
acabamentos estejam
Edificações com acabamentos
terminados.
interior ou exterior sensíveis, tais 1,0 a 2,0
como, gesso, pedra ornamental, 1/1000 a 1/500 Idem
mármore ou peças vitrificadas.
Edificações com acabamentos O recalque poderá ser
interior ou exterior pouco 2,0 a 3,0 limitado por danos à própria
sensíveis. 1/500 a 1/330 estrutura.
Edifícios com estrutura pesada O recalque tolerável poderá
de concreto armado suportada 1,5 ser limitado por danos nos
por radier rígido (grelhado) com 1/660 acabamentos internos ou
 1,20m de espessura. externos.

RECOMENDAÇÕES DE THORNBURN E HUTCHINSON

Thornburn e Hutchinson (1985) apresentam um relação simples


entre a abertura de fissuras e os danos associados às edificações. A
abertura de uma fissura pode ser medida através de fissurômetros óticos ou
conforme prescreve a NBR 6122/94, medindo-se as diagonais de um
retângulo construído perpendicular à fissura.
17.48 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

Os painéis de alvenaria, os forros de gesso são mais rígidos do


que a estrutura (de concreto ou aço) propriamente dita, por esta razão eles
fissuram muito antes das vigas e lajes, prenunciando logo no início do
processo patológico a necessidade de exames mais cuidadosos.

TAB. 17.6.5 Relação entre abertura de fissuras e danos em edifícios


(Thornburn e Hutchinson, 1985)
Abertura Intensidade dos danos
da Efeito na estrutura
Fissura Residencial comercial e uso do edifício
Industrial
(mm) ou público ou público

< 0,1 Insignificante Insignificante Insignificante Nenhum

0,1 a 0,3 Muito Leve Muito Leve Insignificante


Nenhum

0,3 a 1 Leve Leve Muito leve Apenas estética


Deterioração
Leve a Leve a acelerada do aspecto
1a2
moderada moderada Muito leve externo

2a5 Moderada Moderada Leve

Moderada a Moderada a Utilização do edifício


5 a 15 será afetada e, no
severa severa Moderada
limite superior, a esta-
bilidade pode, tam-
Severa a Severa a Moderada a bém, estar em risco
15 a 25
muito severa muito severa severa

Cresce o risco da
Muito severa Severa a
> 25 Severa a estrutura tornar-se
a perigosa perigosa
perigosa perigosa
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.49

RECOMENDAÇÕES DO I.S.E - INSTITUTION OF STRUCTURAL


ENGINEERING
O relatório apresentado em 1989, pelo I.S.E apresenta uma
classificação da malha de fissuramento, como função da Categoria de Dano
(I a V) em função dos danos visíveis em paredes, grupando-as segundo a
facilidade de repará-las. TAB. 17.9.1.
O agravamento do processo de recalques tende a fazer com que
as fissuras progridam das paredes para as vigas, rompendo-as. Em seguida
seguem para as barras de aço, estriccionando-as e rompendo-as.

TAB. 17.6.6 Categoria dos Danos Causados pela Malha de Fissuração

Categoria Abertura
do Dano Aproximada da Danos Causados pelas Fissuras
fissura (mm)

< 0,1mm Fissuras capilares com largura menor que


0,1mm são classificadas como desprezíveis.

I < 1,0mm Fissuras finas que podem ser tratadas facilmente


durante o acabamento normal.

Fissuras facilmente preenchidas. Um novo


II < 5,0mm acabamento é provavelmente, necessário.
Externamente, pode haver infiltrações. Portas e
janelas podem empenar ligeiramente.
17.50 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

As fissuras precisam ser tornadas acessíveis e

5 a 15mm mais podem ser reparadas por um pedreiro. Fissuras

de que reabrem podem ser mascaradas por um

III 3 de fissuras revestimento adequado.

por metro Portas e janelas podem empenar. Tubulações


podem quebrar. A estanqueidade é,
frequentemente, prejudicada.

Essa categoria requer um serviço de reparação


Usualmente mais importante, envolvendo reconstrução
> 25 mm porém, parcial ou completa. Vigas perdem suporte.
também, função paredes inclinam perigosamente e exigem
V do número de escoramento. Janelas quebram com distorção.
fissuras Perigo de instabilidade.

FLECHAS MÁXIMAS PARA VIGAS E LAJES


Não há um consenso na literatura especializada limitando as
flechas máximas em vigas e lajes, Clímaco (1995).
Tanto as normas como as publicações tentam estabelecer os
valores limites das flechas em função do vão teórico para as vigas ou o
menor vão para as lajes.
A Norma Brasileira limita flechas em lajes e vigas, considerando-
se o regime elástico a 1/500 do vão, quando só atuam as sobrecargas e
1/350 quando atuam todas as cargas (acidentais, permanentes) e considera
ainda o efeito de deformação lenta.
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.51

RECOMENDAÇÕES DE JOHNSON E KAVANAGH


Johnson e Kavanagh (1968) relacionaram os valores (empíricos)
das flechas admissíveis em elementos estruturais, considerados de uso
corrente na prática da engenharia de Patologia de Estruturas. TAB. 7.11.1

TAB. 17.6.7 Flechas Admissíveis em Elementos Estruturais


Flechas
ORIGEM (L = vão)
Admissíveis

L/500 - biapoiada NB 01 - Quando atuam todas as cargas (permanentes +


acidentais)
L/250 - balanço Regime elástico
L300 - biapoiada NB 01 - Quando atuam só sobrecargas (acidentais)

L/150 - balanço Limite elástico

Elementos Estruturais suportando paredes de alvenaria de


L/360
vidro, etc.

Flechas passam a ser visualmente percebíveis, com


L/250 o
comprometimento estético – Euro Código n . 2

L/240 Elementos Estruturais suportando divisórias

L/150 Limitações somente aos elementos de estruturas de concreto


ou aço
L/180 Feld (1965) e ACI 318 . (1963)

Para estruturas mais rígidas, contraventadas, paredes rígidas,


abaixo de L/150
etc.

L/300 a L/400 Estruturas de madeiras


17.52 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

RECALQUES TOTAIS LIMITES

Se uma obra recalcasse por igual, sem recalques diferenciais, a sua


estrutura propriamente dita não sofreria danos consideráveis. Haveriam
problemas funcionais, tais como reversão da inclinação dos passeios e
calçadas, trazendo águas pluviais de fora para dentro do prédio, rutura das
redes externas, etc. Exemplo típico pode ainda hoje ser vistos nos edifícios
da Av. Goiás em Goiânia, assentes sobre sapatas, cujos recalques exigiram
constantes levantamentos e nivelamentos das calçadas. A escola de
Engenharia da cidade do México que recalcou 2,50m de forma quase
uniforme, fazendo com que laboratórios que funcionavam no primeiro andar
passassem a funcionar no subsolo. Como tantos outros exemplos clássicos,
além dos edifícios de Santos, cita-se também a enorme rotação (quase
uniforme) da Catedral de Nossa Senhora de Guadalupe na cidade do México
recém-levantada e nivelada.
Face as excentricidades das cargas e da heterogeneidade do solo
de apoio das fundações, sempre ocorrerão recalques diferenciais.
A fixação de recalques totais aqui discutida, deve ser tomada
somente como indicativa e ponto de partida para estudos mais profundos.

RECOMENDAÇÕES DE BURLAND, TERZAGHI E SKEMPTON

Burland et al (1977), I.S.E (1989), Terzaghi & Peck (1948) e


Novais Ferreira (1976), sugerem valores abaixo. TAB. 7.13.1
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.53

TAB. 17.6.8 Recalques máximos (max)e distorções angulares (max = /RL)


Fundações
Solo isoladas Radiers Autores

/l cm

 S 2540 /l 3175/l S . Skempton e


MacDonald (1956)
argilas

G 3050/l 1 a 1,1B

max Br 1 4,0cm
a 1,1B 10,2 cm
G . Grant et al. (1974)
max S 7,6 cm -
7,6
maxcm Br 6,5- cm 7,5 Br . Burland (1977)
-
1/R S 1524 1905
B . Largura da
G 1524 são duvidosos
Fundação
areias

max Br 2,5 6,4


. é uma relação
max S 5,1 -
empírica entre /L
max Br 4,0 6,5

Não há dúvida de que a melhor maneira de limitar os nocivos


recalques distorcionais é limitar os recalques totais.
Os valores acima apresentados por Burland, só se aplicam a
estrutura convencionais de aço ou concreto. Não são adequados para
estruturas em alvenarias autoportantes, cujos critérios mais rigorosos
dependem da relação L/H das paredes e do modo (concavidade) das
deformações.
A fixação de recalques absolutos limites é mais difícil que a
fixação de recalques diferenciais limites. A orientação que é dada a seguir
(I.S.E., 1989) é válida apenas para casos de rotina para os quais o projetista
não julga necessária uma análise mais profunda, Velloso & Lopes (2004)
17.54 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

recomenda manter-se o tratamento dado por Terzaghi e Peck (1967),


separando as fundações em areias das fundações e argilas.
Areias – Para sapatas em areias, é pouco provável que o recalque
diferencial seja maior que 75% do recalque máximo. Como a maioria das
estruturas é capaz de resistir a um recalque diferencial de 20 mm,
recomenda-se adotar um recalque absoluto limite de 25 mm. Para fundações
em radiers, esse valor pode ser elevado para 50 mm. Skempton e
MacDonald (1956) sugerem 40 mm para sapatas isoladas e 40 a 65 mm
para radiers, partindo da fixação de um  limite igual a 1/500.
Argilas – Procedendo-se como no caso das areias, Skempton e
MacDonald (1956) chegaram para as fundações em argilas a um recalque
diferencial máximo de projeto da ordem de 40 mm. Daí decorrem os
recalques absolutos limites de 65 mm para sapatas e de 65 a 100 mm para
radires. Essa proposição foi criticada por Terzaghi na discussão do trabalho
de Skempton e MacDonald. Em I.S.E (1989), é feita um análise cuidadosa
considerando os dados mais recentes , e a conclusão é que aqueles valores,
sobretudo o recalque diferencial, são razoáveis como “limites de rotina”’.
Entretanto, valores maiores podem ser aceitos.

ISE . INFLUÊNCIA DA SUPER-ESTRUTURA NA


REDISTRIBUIÇÃO DOS RECALQUES

Interação Solo.Estrutura . ISE

Na análise global dos recalques sofridos por uma obra qualquer,


devem-se examinar os elementos que integram neste processo:

 Terreno das Fundações


 Fundações (Infraestruturas)
 Superestruturas
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.55

Estes elementos em conjunto influenciam e forçam


(favoravelmente) a uma redistribuição dos recalques.
Este mecanismo é chamado de Interação Solo.Estrutura - ISE, e
apesar de relevante na avaliação da estabilidade e segurança das
edificações, somente agora após a disseminação dos cálculos via
computadores, passou a ser possível analisá-la com mais profundidade e
precisão.
Graças ao fenômeno da Interação Solo.Estrutura - ISE, há uma
tendência de uniformização dos recalques, diminuindo e suavizando a
curvatura da linha de recalques (figura de recalques) reduzindo
favoravelmente a distorção angular imposta à estrutura.
A suavização e a redistribuição dos recalques dependem da
Rigidez Relativa - Rr entre a estrutura e fundação.
Estes estudos no Brasil iniciaram através de Chameki (1956), com
destaque para as pesquisas de Gusmão (1990)/COPPE e também a Barata
(1986), Gusmão e Gusmão Filho (1990, 1994, 1994a), Lopes e Gusmão
(1991), jucá et al (1943), Gusmão Filho e Guimarães (1997).
Rende-se aqui, justa homenagem a Jaime Gusmão Filho, que em
1998 disseminou em nível nacional e colocou em destaque a ISE através da
publicação do livro Fundações do Conhecimento Geológico a Prática da
Engenharia.
A ISE além da suavização da Figura de Recalques também faz
com que os danos associados aos recalques sejam mais sentidos nos
primeiros pavimentos (mais baixos) de um edifício.
Moura, A (1999) efetuando análise tri-dimensional da ISE em
edifícios de Pernambuco, viabilizou a solução em fundações superficiais,
face a redistribuição de cargas nos pilares, antes consideradas inviáveis
devidos aos grandes recalques distorcionais previsto pelas teorias
tradicionais.
Face a dificuldade da análise global de uma edificação, quanto a
um provável recalque diferencial, o cálculo estrutural quase sempre
considera Recalque zero, admitindo a hipótese de apoios indeslocáveis.

Por outro lado os projetos de fundações só tem levado em conta


as cargas apresentadas na tradicional planta de "Locação e Cargas", sem
17.56 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

considerar os efeitos da rigidez (relativa) da estrutura e do solo na


redistribuição de recalques.
Para enfatizar a importância da ISE nesta redistribuição, cita-se
como exemplo um prédio em Taguatinga-DF sob consultoria e análise do
autor, que acidentalmente perdeu um de seus pilares, ocorrendo uma
imediata redistribuição das cargas para outros pilares sem comprometer a
estabilidade da edificação e sem danos muito acentuados.

Gusmão Filho (1998) relaciona as dificuldades na modelagem da


ISE. TAB. 17.6.1.

TAB. 17.6.9. Variáveis para modelagem da ISE (Gusmão Filho (1998).

VARIÁVEIS DO DIFICULDADES DE MODELAGEM


SISTEMA
 Sequência de construção
1 - Super-Estrutura  Propriedades geológicas dos materiais
 Carregamento externo

2 - Infra-Estrutura  Transferência de carga ao terreno


 Aspectos de execução
 Heterogeneidade vertical e horizontal
3 - Terreno de fundação  Representatividade da prospecção e ensaios
 Influência do tempo nos parâmetros geotécnicos
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.57

recalques calculados
sem a ISE
Recalques

recalques amortecidos
pela ISE

P1 P2 P3 P4
FIG. 2.6.2Fig
. 17.6.1 – Redistribuição
Redistribuição de Recalques em um
de recalques Prédioa ISE. Interação Solo
devida
que Perdeu um de seus Pilares
Estrutura

17.6 CONTROLE DE RECALQUES, FISSURAÇAS E CARGAS

O controle das construções e o atendimento com a seriedade, de


um plano de manutenção de uma edificação qualquer, é a unica forma de se
majorar a sua vida útil, evitar altos custos de reforma, reforços e desastres.
Os meios mais comuns de controle das construções são:

1. Acompanhamento de fissuras
2. Medições de recalques
3. Medições de desaprumos e desnivelamentos
4. Ensaios não destrutivos da estrutura
5. Provas de carga

As medidas da malha de fissuração, do recalque e a avaliação da


evolução das cargas mais importantes de uma edificação, constituem em
17.58 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

informações valiosíssimas, mesmo não prevendo-se qualquer


comportamento anormal das mesmas. O anexo A da norma brasileira NBR
6122, elenca os objetivos dos controles de uma edificação:

a. O acompanhamento da fundação desde o inicio do seu carregamento,


permite tomar a tempo, as providencias eventualmente necessárias;
b. Esclarecer anormalidades constatadas em obras já construídas;
c. Aperfeiçoar os métodos de cálculo e de previsão do comportamento
final, através da retro análise das observações da obras.

17.6.1 Medição de Fissuras e Trincas

O controle de recalques e de cargas, o acompanhamento da abertura


de eventuais fissuras que porventura apareçam nas obras poderá fornecer
de maneira expedita, uma idéia do comportamento da estrutura, visto que
uma das conseqüências dos recalques diferenciais é o aparecimento de
fissuras.
O acompanhamento de fissuras é também um meio eficiente e
sensível de julgar a estabilização dos movimentos de uma construção e
fornece, além disso, dados qualitativos valiosos da localização das causas de
recalques e suas origens. Normalmente mede-se:

 Velocidade e abertura das principais fissuras


 Comprimento das fissuras
 Atitude (inclinação) das fissuras

Para controle de fissuras tem-se utilizado o traçado de um sistema


de referência, constituído de um retângulo.
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.59

Medindo a a evolução dos lados do retângulo inicial, ao longo do


tempo, obtém-se informações sobre o fenômeno. Geralmente é mais prático
desenhar a fissura em cada leitura e comparar os desenhos.
Um requinte, o mais das vezes desnecessário, é a medição do
afastamento dos vértices do quadrilátero com extensômetros ou
deformômetros de precisão. A prática corrente de colar papéis ou selos de
gesso sobre as fissuras não é mais conveniente, tendo em vista a falta de
fidelidade de tais indicações, podendo levar a diagnósticos perigosamente
errôneos.
Em resumo, as fissuras nas construções podem provir de numerosas
causas, das quais apenas algumas se prendem a recalques de fundações
(Nunes, 1992).

Entre as mencionadas causas podemos citar:


 Dilatações e encurtamentos devidos a variações de temperatura e
contração, especialmente na alvenaria de pequena resistência a
tração
 Resistência insuficiente de elementos construtivos.
 Recalques diferenciais devidos a compressão e ao escoamento lateral
do solo.

Nesse ultimo caso, a formação de fissuras segue em linhas gerais o


seguinte mecanismos: O edifício recalcando mais em alguns pontos do
que em outros, a estrutura tenta reagir, distribuindo, face a sua rigidez
própria, mais carga para as partes da construção que menos recalcaram.
Tal redistribuição das cargas provoca trações e cisalhamentos na
estrutura, que, ultrapassando a resistência dos materiais, ocasionam
fissuras. As fissuras, por sua vez, diminuem a rigidez da construção, que
17.60 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

passa a experimentar maiores recalques diferenciais, gerando-se uma


redistribuição das tensões de contato, até que, rompido o novo estado de
equilíbrio, novas fissuras se produzem e assim por diante, até que o
adensamento se atenue (se a ele se devem tais fenômenos).
Quanto ao perigo que as fissuras representam para a estabilidade
das construções, tudo depende da causa das mesmas e do tipo de
estrutura em consideração.
Nas construções em que não existe uma ossatura monolítica, as
fissuras representam, em geral, mais inconvenientes estéticos que
propriamente de segurança. Já no caso de fissuras em estruturas rígidas,
as mesmas podem destruir o conjunto estático previsto e conduzir a
solicitações na estrutura muito maiores do que as calculadas, com perigo
de colapso da construção.
No caso de fissuras devidas a recalques, elas tendem a se
estabilizar com os mesmos, caso se trate de adensamento do solo, muito
mais perigosa sendo a hipótese de escoamento ou colapso do solo, em
que tal estabilização não se dá.
As curvas de andamento dos recalques permitem concluir de que
caso se trata.
Classificação das fissuras quanto ao aspecto e suas causas
imediatas:

a. Fissuras devidas a recalques (diferenciais) crescendo


numa direção
Quando os recalques de uma construção crescem de um ponto a
outro além de certo valor por unidade de distancia entre dois pontos de
leitura (recalque distorcional), dependendo do material da estrutura e sua
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.61

rigidez, provocam-se fissuras mais ou menos inclinadas, conforme seja maior


ou menor a resistência a tração do material em apreço.
A inclinação das fissuras indica a direção dos recalques diferenciais
segundo o qual os recalques mais crescem, Berberian (1973) Fig. 17.7.1.1e
17.7.1.2

Cortesia Alonso (1991)


FIG. 17.7.1.1 Controle de recalques

Fig. 17.7.1.2 Evolução do Movimento Relativo da


Fissura Entre as Leituras 1 e 2
17.62 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

Esse acompanhamento é feito inicialmente com o traçado a


lápis, de um sistema de eixos ortogonais, vertical (traçado com auxilio de
nível de pedreiro), que ultrapassem a fissura nos dois sentidos. Anota-se a
data e medem-se as distancias h1 e v1 , a partir da origem do sistema de
referencia. Medem-se também as aberturas da fissura, na intercessão dos
dois eixos com a mesma, utilizando-se o fissurômetro de acetato,
paquímetros, extensômetros mecânicos, com precisão de 0,01mm ou
fissurômetros óticos, Fig. 17.7.1.3

infrasolo fundex
Fig. 17.7.1.3 Fissurômetro de Acetato de Lamina
Cortesia Alonso (1991)

FIG. 17.7.1.4 Fissurômetro ótico

Marcar o crescimento com traços para cada data I,II,III, repetir a cada
nova leitura esse procedimento,medindo-se, adicionalmente o ângulo .
As fissuras são particularmente características quando provém do
escoamento lateral dos solos arenosos, junto a sapatas limítrofes, devido a
falta de suporte lateral das terras, provocada por escavações próximas ou,
ainda, com consequências de solapamentos devidos ao arrastamento de
partículas finas de solo não-coesivo, pelo rebaixamento do nível d’água, mal
feito, ou vazamentos de canalizações.
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.63

b. Fissuras causadas pela flexão da estrutura


Sabemos que é um fenômeno geral os recalques devidos ao
adensamento crescerem dos bordos da construção para o centro.
Tais recalques, quando ultrapassam certo limite, dependendo do
material e rigidez da estrutura provocam fissuras cujas posições e direções e
direções correspondem as trajetórias das tensões numa viga sobre dois
apoios. Aparecem fissuras verticais nos pontos de maiores tensões de tração
e fissuras inclinadas nas posições correspondentes ao cisalhamento máximo,
Fig. 7.10.3. Kogler (1948), apud Nunes(1942).

Fig. 17.7.1.5 Recalques Diferenciais e Fissuras em


Conseqüência da Concentração de
Tensões no Centro da Constrição

c. Fissuras em prédios construídos sobre uma lente de terreno mais


mole
17.64 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

É mais comum do que geralmente se imagina o aparecimento de


fissuras, e outras manifestações de recalques diferenciais, em conjuntos de
construções edificados sobre camadas moles, de espessura variável, como
ocorre junto ao leito dos antigos rios Fig. 7.10.4 Neste caso as fissuras do
conjunto de prédios sofrem da causa comum.

Fig. 17.7.1.6 Inclinações e fissuras nas Construções Fundadas a


..................Superfície sobre antigos fundos de rios aterrados

17.7.2 Controle de Desaprumo

Fortuitamente as edificações são construídas no nível e no prumo,


corrigindo de certa forma recalques que vão ocorrendo com o acréscimo de
cargas. O problema surge quando estes problemas continuam após o
término da obra. Para avaliar patologias que possam surgir causadas por
problemas da própria edificação ou influencia de obras vizinhas e
subterrâneas, escavações próximas as fundações da edificação, etc.
Recomenda-se o controle de prumo e nível, desde o inicio da obra, em
pontos estrategicamente escolhidos, tais como cantos e painéis com
direções diferentes. Tab 17.7.2.1
Recomenda-se também, Berberian (1973):
 Manter o mesmo equipamento e a mesma base no campo.
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.65

 Manter a mesma equipe de leitura


 Anotar a temperatura durante as medições.
 Mesmo utilizando aparelho topográfico de precisão, efetuar também
medições com prumo de arame.
Tais cuidados executivos visam evitar conclusões e medidas corretivas
equivocadas.

Tab. 17.7.2.1 Controle de Nível e Prumo


Leitura n° 0 Leitura n° 01
desl. desl. desl.
Data 6.03.73 Data 8.08.73
(mm) (mm) (mm)
t 00 dias t 60 dias
P1 12 mm 00 20 mm +8 21 mm +9
P2 8 mm 00 14 mm +6 15 mm +7
P3 18 mm 00 18 mm oo 17 mm -1
P4 7 mm 00 14 mm +7 19 mm + 12
P5 2 mm 00 4 mm +2 8 mm + 06

desl.(mm)
L1 = + 8 desl.(mm)
L2 = + 9

L1 = + 14
P1 L2 = + 7
 P2
 desl.(mm)
P3 L1 = 00
L2 = -1

desl.(mm) P4
L1 = + 7 P5
L2 = + 12 desl.(mm)
L1 = + 2
L2 = + 6
17.66 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

17.7.3 Medidores de Recalque

As medições de recalques de estruturas normalmente são realizadas


mediante a aplicação de equipamentos que alcançam uma precisão no
entorno de 0,01 mm e que permitam operações com a menor influência das
variações térmicas possível.
Quando existem duvidas referentes ao comportamento de uma
fundação, o projeto apresenta aspectos especiais, e quando é necessário
acompanhar seu desempenho, em razão da escavação de grande porte
próxima, recomenda-se a realização do controle de recalques da área.
O procedimento consiste na medida de forma regular, com
equipamento topográfico de precisão Fig. 17.7.3.1 ou ainda, o nível baseado
no principio de vasos comunicantes desenvolvido por Terzagui Fig 17.7.3.2
(hoje em dia são poucas as empresas que utilizam o nível de Terzagui, pois
o mesmo apresenta pouca precisão quando ocorrem vibrações e variações
de tempertura), ligado a um bench mark ou marco de referencia, da
evolução dos recalques com o tempo ou com os estágios de carregamento.

FIG. 17.7.3.2 Medidor de Nível


.FIG. 17.7.3.1 Níveis Topográficos
Hidrostático Terzaghi
de Precisão cortesia Infrasolo
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.67

A referência de nível, para o nivelamento dos pinos, costuma ser


instalada de forma a não sofrer influencia da própria obra ou das outras
causas que possam comprometer sua indeslocabilidade. Geralmente são
engastadas em camadas profundas, através da injeção de nata de cimento,
onde se possa admitir que se encontra o “indeslocavél”. Esse tipo de
referencia de nível consiste em um tubo de uma polegada de diâmetro,
instalado em um furo de sondagem a percussão, e protegido por outro
externo com duas polegadas de diâmetro, para evitar a do tubo externo
sobre o interno, injeta-se graxa grafitada anti-corrosiva entre os mesmos Fig.
17.7.3.3

(A)

FIG 17.7.3.3 R.N. Profundo “bench mark” implantado na rocha


(indeslocável)
17.68 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

O bench mark geralmente e instalado em local pouco movimentado e


sua extremidade superior é protegida por uma caixa com tampa removível, a
fim de verificar a estabilidade do bench mark são feitos nivelamentos
periódicos em relação a outros pontos de referencia.
A Fig. 17.7.3.4, mostra uma instalação de controle (ABNT NBR
9061/1981) com o detalhe de um marco de referencia e dos pinos
usualmente utilizados Fig. 17.7.3.5, nos quais é apoiado, por ocasião de
cada leitura, uma régua invar. As medidas são realizadas, sendo os
resultados apresentados em gráficos de tempo versus recalques.
Os pontos de medição também devem ser escolhidos de forma a
facilitar as leituras e fornecer os dados necessários ao acompanhamento do
problema suscitado. A periodicidade das medidas relaciona-se com os
efeitos a serem acompanhados, podem ser diárias em casos especiais ou
situações de risco, semanais no caso de escavações e execução de tirantes
para acompanhamento dos seus efeitos, mensais ou bimestrais, como
condição de rotina, semestrais ou anuais quando os efeitos verificados são
de longo prazo.
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.69

(C) (D)

FIG. 17.7.3.4 Instalação de Controle com o Detalhe de (A) um Marco de


.................. .Referencia (B) Pinos Usualmente Utilizados e (C) Régua Invar

Tão importante quanto o valor absoluto dos recalques medidos


é sua velocidade de ocorrência, a unidade na qual se explicita a velocidade é
de micras por dia, m/dia, representando milésimo de milímetro por dia, os
valores observados na prática dependem de inúmeros fatores, o mais
relevante deles o comportamento do solo sob carga.

FIG. 17.7.3.5 Detalhe do Pino de apoio Leitura de Recalque


17.70 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

Nos casos de controle realizado para acompanhar efeito de


escavação próxima, os valores são muito variados, em função, entre outros,
do solo sendo escavado, do tipo e geometria da fundação sobre a qual se
apoia a estrutura e da magnitude da escavação. É importante ressaltar que
podem ser observados valores diários de velocidade elevados sem problema
para a estrutura. A magnitude, isoladamente, não é indicador absoluto a
considerar; a tendência, ou seja, aceleração, constância ou redução, é
aspecto fundamental.
As medições devem ser acompanhadas pelos executantes dos
serviços e pelos projetistas para tomada de decisão, a Fig.. 17.7.3.6, mostra
um exemplo de acompanhamento de desempenho pelo controle de
recalques, das fundações de um silo onde havia suspeita de problemas
construtivos. Silo vertical contava com os apoios, os quais transferiam carga
para estacas escavadas de 0,8 de diâmetro e 9m de comprimento, que
tiveram seu comportamento monitorado durante o enchimento do silo. Fica
evidente, nos resultados apresentados na Fig. 17.7.3.6, que os recalques
medidos são incompatíveis com o nível de carregamento aplicado, com
deformação muito desiguais das estacas, superiores a 20 mm para
carregamento de apenas 30% do total da carga acidental. Face ao
desempenho medido, foi necessária a realização de reforço das fundações
do silo para garantir sua segurança.
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.71

FIG. 17.7.3.6
Exemplo de Acompanhamento de Desempenho pelo
Controle de Recalques das Fundações de um Silo

17.8 CONTROLE DE VERTICALIDADE

Quando se executam escavações nas proximidades de edificações é


comum a realização de controle de verticalidade destes prédios como forma
de acompanhar os efeitos produzidos. Trata-se de leitura periódica de
verticalidade realizada com aparelhos topográficos de precisão, sempre nos
mesmos pontos. Deve-se ainda efetuar-se a verificação do prumo nos
centros dos lados das cortinas, alinhamentos e flechas do topo da contenção
e em pontos alinhados fora da escavação para avaliar-se o raio de influência
da escavação nas edificações vizinhas.
17.72 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

O trabalho deve ser realizado com muito cuidado e de forma


criteriosa, para não produzir resultados incoerentes. Sempre em mais de
uma direção e em todas as paredes opostas devem ser objetos das
mobilizações, para evitar conclusões equivocadas. A leitura inicial de ser
realizada antes do inicio das escavações cujo efeito se quer avaliar. A partir
dos valores iniciais de desaprumo, não necessariamente provocados pela
escavação, mas resultantes de problemas construtivos das obras
observadas, as leituras posteriores são comparadas e analisadas frente aos
efeitos da temperatura, e se possível, as leituras devem sempre ser
realizadas pelo mesmo operador, na mesma hora, caso contrário, pode
ocorrer uma superposição de efeitos de difícil avaliação.
Os resultados das medições devem ser submetidos imediatamente
aos profissionais envolvidos.

17.9 CONTROLE DE TRINCAS

Outra forma valiosa de acompanhamento de patologias é o controle


sistemático de abertura e extensão de trincas. Estas medidas podem ser
realizadas com paquímetros e fissurômetros de lâmina e fissurômetros
mecânicos
Os resultados devem ser apresentados, preferencialmente, na forma
de estereogramas. É importante também acompanhar a progressão das
trincas e sua dimensão. A avaliação da gravidade ou origem de trincamento
em edificações não é trivial pela usual complexidade que envolve o
comportamento dos materiais, sua conectividade das possíveis origens e
causas.
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.73

ex: 17.9.1 Elaborar o relatório de Consultoria Técnica a cerca das patologias


ocorridas no edifício apresentado a seguir
características:
 16 pavimentos

 Térreo + sobreloja : Comercial, 13 Restantes Pavimentos : Residenciais

 01 Subsolo para garagem

 Estrutura em concreto armado Fck = 18 Mpa

P1 P2 P3 P4

12

P5 P6 P7 P8

20 10 30

FIG. 17.8.1 Planta


N
 Fundações em tubulões a céu aberto, assentes a 14 m de profundidade,
sobre uma Argila Silto-Arenosa, Porosa, Vermelha, - C5M4Sv (ou Kf),
com tensão admissível transmitida sobre o solo de qa = 3,90 kg/cm² (=
390 KPa) para um SPT = 25 (N72). O NA foi encontrado a 16 metros.
 O prédio é todo cintado e sobre cada tubulão existe um bloco de
coroamento. No eixo P3/P7, existe uma junta de dilatação com 2 cm de
abertura. Hoje muito esmagada na parte superior.
17.74 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

 Entre os pilares principais (P1 a P8) onde foram lidos recalques, através
do nível ótico de Terzaghi, existem pilares secundários (Pa a Pl) dividindo
os vãos entre os pilares principais. Face a rigidez das cintas, os recalques
diferenciais entre os pilares secundários e os principais foram menos
importantes.
 A leitura dos recalques somente foi iniciada após já terem sido detectados
os problemas, e nesta data após 90 dias foram:

P1 : 0,00 cm P2 : 17,00 cm P3 : 21,00 cm P4 : 3,00 cm


P5 : 0,80 cm P6 : 20,00 cm P7 : 24,00 cm P8 : 3,80 cm

 Os mapeamentos das fissuras mais representativas estão indicadas na


FIG.7.15.2

esmagamento

F.2 = 0,6 mm

P.6 P.7 P.3 P.7


a. Painel 6/7 (Norte) 3º andar . F.1 b. Painel 3/7 (W-L) 3º andar . F.2

FIG. 17.9.2 Mapeamento das Principais Fissuras


F.1
F.2
esmagamento infiltrações

esmagamento

F.4
F.3

P.7 P.8 P.3 P.7


c. Painel 7/8 (Norte) 12º andar . F.3 d. Painel 3/7 (W-L) 12º andar . F.4
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.75

Solução:
Como pode observar-se pelo diagrama da FIG. 7.8.2 o pilar P7 da
empena norte é o que mais sofreu recalque total, podendo considerar o
prédio composto de dois elementos distintos. Além do mais o prédio sofreu
como um todo uma inclinação no sentido transversal para o lado norte.

junta de
dilatação
P5 P6 P7 P8

FIG. 17.9.3 Figura de Recalque . Eixo 5-8

Como o prédio sofreu seu principal recalque no centro, o que


fatalmente estará produzindo um esmagamento da estrutura na região dos
pilares P3/P7, não há como considerar uma inclinação total e nem, de forma
clara, uma inclinação parcial.
1st Step Calculo dos recalques diferenciais , e do fator Frisc

Diferencial Distorcional Fator Frisc


 2 - 1 = 17 - 0 = 17 cm  2 – 1 = 17/2000 = 1/117 B 2 - 1 = 8,5
 3 - 2 = 21 - 17 = 18 cm  3 - 2 = 4/1000 = 1/2500 B 3 - 2 = 4,0
 3 - 4 = 21 - 3 = 18 cm  3 - 4 = 18/3000 = 1/166 B 3 - 4 = 6,0
 6 - 5 = 20 - 0,8 = 19,2 cm  6 - 5 = 19,2/2000 = 1/104 B 6 - 5 = 9,6
 7 - 6 = 20 - 20 = 4 cm  7 - 6 = 4/1000 = 1/250 B 7 - 6 = 4,0
 7 - 8 = 24 - 3,8 = 21,2 cm  7 - 8 = 21,2/3000 = 1/141 B 7 – 8 = 70
 5 - 1 = 0,8 – 0 = 0,9 cm  5 - 1 = 0,8/1200 = 1/0 B 5 - 1 = 0,6
 6 - 2 = 20 - 17 = 3 cm  6 - 2 = 3/1200 = 1/0 B 6 - 2 = 2,5
 7 - 3 = 24 - 21 = 3 cm  7 - 3 = 3/1200 = 1/0 B 7 - 3 = 2,5
 8 - 4 = 3,8 - 3 = 0,8 cm  8 - 4 = 0,8/1200 = 1/0 B 8 - 4 = 0,6
17.76 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

 Vale observar que os recalques diferenciais devem estar isentos dos


recalques uniformes e rotações.

 Observe ainda que: 1. Segundo Berberian (1987) o fator Frisc = 9,6 é
muito crítico. 2. Apesar de não ter sido fornecido a idade o prédio e
nem a data em que os primeiros sintomas apareceram, é bem provável
que já tenha ocorrido recalques anteriores, o que torna o quadro
patológico mais crítico ainda.

2nd Step. Estimativa dos desaprumos

Como se pode observar através da 7.8.4, o prédio a rigor não é


absolutamente rígido, mas a grosso modo pode-se considera-lo como se
fosse constituído por dois blocos, separados pela junta de dilatação, que
neste caso deverá estar sofrendo nítido esmagamento, vez que os recalques
diferentes mostram afundamentos diferenciais nos pilares da junta P3 – P7.
Considerando-se um pé direito de 3.00m o edifício em análise deverá
ter uma altura de 48 m.

tan w  7-5 24 - 0,8


0,0077
3.000 3.000

w º -4
w 1,35 x 10

e por semelhança de triângulos

7-A 48
 7-5 30

5 w

7
FIG. 17.9.4 Edifício em Análise
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.77

e o desaprumo do vértice superior será de 7 - A = 1,6 x 23,8 = 38,08 cm,


com
B 7-5 23.200 7,73
3.000
e considerando-se que a partir Frisc  6,6 (TAB. 7.2.1) para edifício largo (B 
15 m) o desaprumo de 38cm já pode se tornar visível.

3th Step Análise via Recalque Específicos ou Distorcionais

 Segundo Berberian (1977) TAB. 7.2.1

Considerando-se a pior situação

6-5 = 1/104 ou Frisc = 9,25 , deve-se ter o seguinte quadro


patológico:

O edifício deverá estar apresentando:

1. Vazamento acentuado nos dutos enterrados


2. Movimentação dos pisos sobre aterro, caso haja
3. Desnivelamento dos pisos, soltura de tacos e/ou cerâmicas. Objetos
(bolas, etc. ) esféricos rolam no chão.
4. Alvenarias descoladas da estrutura, desmoronamento de elementos
vazados e cobogós.
5. Vigas e lajes trincadas/rompidas.
6. Armações rompidas
7. Considerando-se a relativa rigidez do prédio e sua altura (16
pavimentos) há possibilidade de danos estruturais.
 Segundo Bjerrum (1963) Vargas & Silva (1973) TAB. 7.3.1
17.78 ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES D. Berberian

1. Fissuração considerável nos painéis de alvenaria


2. Paredes longas e flexíveis, com L /H > 4, poderão soltar-se
e desabar.
3. Prováveis danos estruturais.

 Segundo Vargas & Silva.

1 Necessidade de reforço, inclinação visível,


2 fissuração intensa

 Segundo Skenpton, Mac Donald, Meyerhot, Polshin e Tokar e


Bjerrum TAB. 7.3.2

6. Esperam-se danos estruturais

 Segundo o I. S. E., TAB. 7.5.2, indica que:

1. As fissuras  5.0 mm são facilmente tomadas (preenchidas e/ou


injetadas com resinas epóxi e corrigidas)
2. Poderá haver infiltrações com águas passando pelas trincas
3. Portas e janelas podem emperrar

Thornburn e Hutchinson (1985), sugere que como as fissuras são


menores que 5mm, para edifícios residenciais a intensidade dos danos é
moderada. É bem provável que a rigidez relativa do edifício, e também pelo
fato (favorável) do recalque ser no centro, de tal forma que uma junta se
apoiou na outra, apesar do alto valor do fator Frisc, as fissuras não sejam tão
acentuadas.
CAP. 17 Fissuras : Um Alerta no Diagnóstico 17.79

Analisando as recomendações e experiências dos autores acima


mencionados, há uma convergência de opiniões no sentido de reforço
imediato das fundações .

‘ FIG. 17.9.5 Curvas de Iso recalques

FIG. 17.8.6 Extensômetros Mecânicos para Medição do


Encurtamento dos Pilares.

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