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te, Danilo Gandin ESCOLA E ~ TRANSFORMACAO SOCIAL 3 Edigio y répolis 1995 ue ene ee A segunda, mais préxima ao nivel pedagégico, é a que elaboraram POSTIMAN, Neil e WEINGARTNER, Charles, em CONTESTACAO, nova forma de ensino, Rio de Janeiro, Ed, Expressio ¢ Cultura, 1974, 3ed., p. 38. Eles esto dizendo quais séo as verdadeiras aprendizagens que resultam da estrutura escolar existente: “A aceitago passiva € uma reacio mais desejével as idéias do que uma critica ativa, A descoberta de conhecimentos esta além da ca- pacidade dos estudantes e, em todo caso, nfo é da conta deles. Recordar é a forma suprema de realizagio inte- Iectual ¢ a colecéo de “fatos” ndo-relacionados é a meta da educagao. Deve ser atribuido maior crédito e valor & voz. da autoridade do que ao julgamento independente. As idéias proprias do estudante e as dos seus cole- gas de classe sao inconseqiientes, Os sentimentos sio irrelevantes para a educacdo. Existe sempre uma tinica ¢ inequivoca Resposta Correta a uma pergunta, O Inglés nao ¢ Hist6ria e a Historia nao é Cigneia a Ciencia nao € Literatura e a Literatura nao é Miisica; ¢ a Literatura e a Miisica sao matérias secundarias; o Inglés, a Hist6ria e a Ciéncia s4o matérias principais; e uma matéria é algo que se “toma” e quando voré a tiver tomado, vooé “fica com ela” e se ficou com ela estd imune ¢ nao precisa tomé-la outra vez. (A teoria da vacinacdo educacional?)” 112 a Planejamento como processo educativo 1, PLANEJAMENTO TECNOCRATICO E PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO Quando se realiza o planejamento da educagao, ele tem se manifestado em dois tipos: a) 0 tecnocratico: b) 0 participativo. Embora esses nomes nao sejam suficientemente adequados, vou utilizé-los, provisoriamente, para iniciar a caracterizacao de duas grandes correntes de acao e de pensa- ‘mento que se fazem presentes no planejamento da educacio hoje, sem que aparegam, sempre, em sua forma pura. Desde logo, diante da configuragao educacional do momento, do tipo de organizagio social que temos, uma dessas correntes incorpora-se a um movimento mais global 13 de mudanga (a participativa) e a outra (a tecnocrética), num esforgo de conservagio, mio necessariamente consciente. © modelo tecnocritico de planejamento educa- nal se caracteriza por colocar a decisdio nas maos dos “téc~ nicos” elou dos “politicos”. Muitas vezes esses ‘'técnicos” sfio pessoas que leram alguns livros, se especializaram em algo muito restrito e nao tém condigdes de ver a globalidade. Como resultado, abrem luta com os “politicos” que também posstiem visGes parciais. E nessa luta, as vezes a palavra im- portante € do “téenico”, outras do “politico”, sem que seja possivel — como veremos adiante — instaurar-se a partici- pacio. , Neste modelo tecnocratico, a ago deveria se rea~ lizar aproximadamente da seguinte forma: 0 “técnico”, ge- ralmente a pedido do “politico”, estuda o problema e prepa- ra alternativas para solucioné-lo. Destas alternativas, 0 “po- Iitico”, sabendo dos resultados que pode esperar — isso 0 “técnigo” incluiria na sua andlise — escolhe uma que manda implantar. Entenda-se aqui por “técnico” todo ¢ qualquer assessor € por “politico” todo aquele que tem poder. De modo que esse esquema de agio pode realizar-se em qual- quer situagao humana em que hé um grupo, desde uma fami- lia até uma nagio. Na pritica esse esquema nao se realiza sempre desta forma. Muitas vezes, 0 “técnico”, por causa do seu saber” ou por causa de outras circunstancias, impde ao politico” uma solugio. Outras muitas vezes, 0 “técnica” € uum mero justificador das escolhas, arbitrarias ou nao, do “politico”, J4 vi “técnicos” justificando uma solugio e, de- pois de alguns meses, mostrando a justeza da solugio contré- ria, para o mesmo “politico”. 114 O gorado & que, dentro de um modelo como esse, se fale em participacdo. E imposstvel realizar participagéo nesse modelo, a nio ser que se fale em participacéo dos “téc- nicos” ¢ dos “politicos”, Nunca se poderd instaurar um pro- cesso de patticipagio daqueles que fazem realmente a educa- gio. Isto porque a estrutura do modelo dificulta tanto a parti- cipagdo, que, realizé-la, importaria em herofsmo tanto das bases como das céipulas, mesmo que estas tivessem boa von- tade. A teoria que fundamenta esse modelo é a de que a atua- gio politica é exclusiva dos politicos, que a ago técnica é so- Gialmente neutra e de que para voce dizer 0 que é bom ou ruim para vocé ¢ para seu grupo, voce tem que sair do seu grupo e tornar a sua linguagem académica e livre da realidade ‘A boa vontade dos “técnicos” ¢ dos “politicos” —— que nada tem a ver com a competéncia — muitas vezes cede aos anseios da participagao (préprios e de outros) & monta esquemas em que “os que fazem” sao chamados a “participar”. Sao propostas questdes € sio dadas sugestées — naturalmente desligadas do global — que, depois, se in- corporam nos planos se estiverem de acordo com o que os “4éenicos” ou os “politicos” pensaram para aquele caso: convém lembrar que, neste modelo, toda a atribuigio de planejar” é dada aos ‘‘técnicos” € aos “politicos”. (Estou falando também — ¢ aqui sobretudo — de escolas, de dire- tores, de coordenadores de diversos tipos, embora seja claro que 0 exemplo vem de cima). © modelo participativo, ao contréio, fundamen- ta sua agéo na crenga de que o melhor para as pessoas ¢ aquilo que essas mesmas pessoas decidiram em seus grupos; de que a fungéo do “politico” ¢ abrir espagos para que as pessoas participem; de que o papel do “técnico” é de estar @ servico das pessoas, quando elas precisarem dispor de um saber especializado, para participar. 115

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