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REVISÃO DE DIREITO AGRÁRIO

- DPE MARANHÃO -

INFORMATIVOS STF/STJ
+
DOUTRINA TEMÁTICA
+
QUESTÕES OBJETIVAS

Prof. Álvaro Veras


Prof. Filippe Augusto
Profa. Lara Teles
MENSAGEM INICIAL

Os professores do Ouse Saber vêm, através desse material,


propriciar aos amig@s do Ouse uma visão geral da matéria Direito
Agrário, que irá cair na DPE-MA, trazendo questões objetivas de
concursos passados, legislação mais cobrada, doutrina temática e
jurisprudência do STF/STJ. Saliente-se que a leitura desse material
não substitui a necessidade de se estudar o tema através de um
material mais específico. Buscou-se apenas, através de um estudo
direcionado realizado pelo Professores, que os alunos pudessem ter
um material de revisão rápida e focado nos temas mais importantes.

Deve ser destacado que, analisando o edital, visualizou-se


que está previsto no ponto 26 da matéria como específico a
possibilidade de se cobrar jurisprudência do STJ e STF (o que não
exclui, claro, a possibilidade de se cobrar também em outras
matérias, mas reforça a necessidade de se dar um destaque à essa
vertente do estudo em Direito Agrário).

HISTÓRIA DO DIREITO AGRÁRIO


No contexto da Lei de Terras, editada em 1850, em face da
insuficiência de pessoas para desempenhar o trabalho de juiz
comissário e inspetor de medição de terras vagas, o Decreto que
regulamentou tal legislação estabeleceu que os Vigários de cada
uma das Freguesias do Império seriam encarregados de receber as
declarações para o registro de posse e terras, o que ficou conhecido
como Registro Paroquial ou do Vigário. Ocorre que, por se tratar de
uma declaração meramente unilateral, o próprio art. 94 do Decreto
estabelecia que esse registro não conferia, per si, direito de
propriedade aos possuidores.
O STF já entendeu que o registro paroquial não induz
propriedade, sendo apenas meio probatório do fato da posse.

O princípio da função social da propriedade rural foi


estabelecido pelo Estatuto da Terra e, mais tarde, elevado a status
constitucional com a Constituição de 1967, ao incluí-lo como
princípio da ordem econômica e social. Dissertando sobre o tema,
que é de suma importância para o Direito Agrário, o prof. William
Marques aduz:

A qualidade do proprietário não importa na total


liberdade de agir, eis que o direito de propriedade
contrapõe-se ao dever de fazer com que as finalidades
econômicas e sociais possam ser dele ser extraídas. O
exercício desse direito, embora originalmente absoluto e
exclusivo, sofre restrições, limitações fixadas em muitos
diplomas legais, sempre tendo em vista o princípio
constitucional que exige a observância da função social
da propriedade(art 5, inciso XXIII, da CF/88).
Exatamente em razão disso é que o legislador inclusive
pode determinar a desapropriação de terras
improdutivas para fins de reforma agrária, ou impor
tributação mais elevada para imóveis urbanos sobre os
quais nada se edificou. Hoje não mais se admite que o
proprietário exerça seus direitos de maneira abusiva ou
que venha em detrimento do bem comum, eis que o
ordenamento jurídico voltou-se ainda mais para o
aspecto coletivo e adequou o exercício de prerrogativas
individuais aos interesses maiores do todo. Infere-se,
portanto, que todas as condutas expressa ou
tacitamente aceitas pelo ordenamento jurídico podem
ser praticadas pelo proprietário, mas sempre com o
necessário respeito dos direitos dos demais membros da
coletividade.(MARQUES, William. Direito Agrário,
1a edição, 2010, Editora Atlas, pag. 24)

Autonomia legislativa do direito agrário: Estabelecida pela EC


10/1964.

Autonomia jurisdicional: Ainda não existe enquanto ramo do


Judiciário brasileiro - sempre foi uma das grandes bandeiras
defendidas pelos estudiosos do Direito Agrário. Ressalte-se que
a EC 45/2004, da Reforma do Poder Judiciário, alterou o art.
126 da CF/88 e estabeleceu que para dirimir conflitos fundiários
o Tribunal de Justiça respectivo deve criar varas especializadas
com competência exclusiva para questões agrárias. Tal fato por
si só não garante a autonomia jurisdicional do Direito Agrário,
apesar de ser um passo importante em direção à ela.

O Direito Agrário deve ser considerado dicotômico, pois


envolve também políticas de reforma agrária quanto a política
agrícola (relacionada à política de desenvolvimento rural)

IMÓVEL RURAL
Com relação à classificação do imóvel como sendo rural, o
art. 4º, inciso I, da Lei 8.629/93 estabeleceu o critério da destinação:

Art. 4º Para os efeitos desta lei, conceituam-se:


I- Imóvel Rural - o prédio rústico de área contínua,
qualquer que seja a sua localização, que se destine ou
possa se destinar à exploração agrícola, pecuária,
extrativa vegetal, florestal ou agro-industrial;

Ressalte-se que esse critério vem sendo adotado também


pelos julgados do STJ relativos ao tema:

TRIBUTÁRIO. IPTU E ITR. INCIDÊNCIA.


IMÓVEL URBANO. IMÓVEL RURAL.
CRITÉRIOS A SEREM OBSERVADOS.
LOCALIZAÇÃO E DESTINAÇÃO. DECRETO-
LEIN. 57/66. VIGÊNCIA. 1. Não se conhece do
recurso especial quanto a questão federal não
prequestionada no acórdão recorrido (Súmulas n.
282 e 356/STF). 2. Ao disciplinar o fato gerador
do imposto sobre a propriedade do imóvel e
definir competências, optou o legislador federal,
num primeiro momento, pelo estabelecimento de
critério topográfico, de sorte que, localizado o
imóvel na área urbana do município, incidiria o
IPTU, imposto de competência municipal;
estando fora dela, seria o caso do ITR, de
competência da União. 3. O Decreto-Lei n. 57/66,
recebido pela Constituição de 1967 como lei
complementar, por versar normas gerais de
direito tributário, particularmente sobre o ITR,
abrandou o princípio da localização do imóvel,
consolidando a prevalência do critério da
destinação econômica. O referido diploma legal
permanece em vigor, sobretudo porque, alçado à
condição de lei complementar, não poderia ser
atingido pela revogação prescrita na forma do art.
12 da Lei n.5.868/72.4. O ITR não incide somente
sobre os imóveis localizados na zona rural do
município, mas também sobre aqueles que,
situados na área urbana, são comprovadamente
utilizados em exploração extrativa, vegetal,
pecuária ou agroindustrial. 5. Recurso especial a
que se nega provimento. (STJ, Relator: Ministro
JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Data de
Julgamento: 17/08/2004, T2 - SEGUNDA
TURMA)
Impenhorabilidade do imóvel rural: Cabe ressaltar que a
impenhorabilidade do imóvel rural é específica, restringindo-se,
conforme a Lei 8.009/90, apenas à sede da moradia:

Art. 4º. § 2º Quando a residência familiar constituir-se


em imóvel rural, a impenhorabilidade restringir-se-á à
sede de moradia, com os respectivos bens móveis, e, nos
casos do art. 5, inciso XXVI, da Constituição, à área
limitada como pequena propriedade rural.

Tanto STF, (MS 24719), quanto STJ tem reconhecido que


para a classificação do imóvel rural em numero de módulos fiscais,
classificação conforme a lei 8.629/93, deve-se levar em conta toda a
extensão do imóvel, e não apenas a sua area aproveitável.Ou seja,
divide-se a área total do imóvel pelo número de imóvel de hectares
correspondente ao módulo fiscal do município, o que dará o número
de módulos fiscais.

Segundo o STF, na Súmula 237, a usucapião pode ser


arguida em defesa. Ressalte-se que, nos casos das usucapiões
especiais constitucionais(tanto rural e quanto a urbana), ao contrário
das demais, a própria sentença no qual o usucapião tenha sido
arguido como defesa e acolhido pelo juiz pode servir como título
para transcrição no Cartório de Registro de Imóveis.

Segundo a própria CF/88, as terras públicas não são objeto


de usucapião. Tal tema vem caindo MUITO!

Além disso, cumpre frisar que o STF firmou jurisprudência


que o marco para essa impossibilidade de usucapião de bens
públicos deve ser o Código Civil de 1916. Editou, inclusive, a
súmula 340, que aduz que desde a vigência do Código Civil (1916),
os bens dominicais, como os demais, não podem ser adquiridos por
usucapião.

Ressalte-se, que no caso de enfiteuse, em que o domínio


útil do bem público está com um particular, o próprio STJ já admitiu
a usucapião desse domínio útil, por não afetar a propriedade do
bem público:

Civil e processo civil. Recurso Especial. Usucapião.


Domínio público. Enfiteuse - É possível reconhecer a
usucapião do domínio útil do bem público sobre o qual
tinha sido, anteriormente, instituída enfiteuse, pois,
nesta circunstância, existe apenas a substituição do
enfiteuta pelo usucapiante, não trazendo qualquer
prejuízo ao Estado. Recurso especial não conhecido.
(REsp 575.572/RS, Relatora: Min. Nancy Andrighi,
julgamento: 06.09.2005)

Sobre usucapião, importante lembrar ainda o teor da


Súmula 11 do STJ:

Súmula: 11 A presença da União ou de qualquer


de seus entes na ação de usucapião especial não
afasta a competência do foro da situação do
imóvel.

Outro artigo que vem sendo muito cobrado é a respeito do


procedimento utilizado na usucapião especial - é o SUMÁRIO, vide
o art. 5º, da Lei 6.969:

Art. 5º - Adotar-se-á, na ação de usucapião especial, o


procedimento sumaríssimo, assegurada a preferência à
sua instrução e julgamento.

Com relação ao registro imobiliário, regra geral no Brasil


predomina a corrente que ele gera a presunção relativa de
propriedade. Saliente-se, no entanto, que o Registro Torrens,
regulados pelos arts. 277 a 288 da Lei 6.015/73, relativo somente aos
imóveis rurais, faz prova ABSOLUTA da propriedade rural.

DESAPROPRIAÇÕES AGRÁRIAS
Cabe frisar que todos os entes políticos(incluindo também
Estados e Municípios) podem desapropriar por interesse social(na
modalidade genérica), mesmo que para destinar um imóvel rural
para a reforma agrária, diante da autorização do art 2, III, da Lei
4.132/1962(que determina que considera-se interesse social o
estabelecimento e manutenção de colônias ou cooperativas de
povoamento e trabalho agrícola), pagando a indenização integral e
dinheiro. Visualizemos a decisão do STJ que admitiu tal hipótese:

DESAPROPRIAÇÃO. ESTADO-MEMBRO.
REFORMA AGRÁRIA. PRÉVIA INDENIZAÇÃO.
DINHEIRO. A Turma, ao prosseguir o julgamento,
entendeu, por maioria, que é possível a qualquer ente
federado propor, por interesse social, ação
dedesapropriação de imóvel rural, mediante prévia e
justa indenização em dinheiro (art. 5º, XXIV, da
CF/1988 e art. 2º da Lei n. 4.132/1962). Note-se não se
tratar de desapropriação nos moldes do art. 184 da
CF/1988, de competência exclusiva da União.
Precedentes citados do STF: liminar na SS 2.217-RS,
DJ 9/9/2003; do STJ: RMS 16.627-RS. (REsp 691.912-
RS, Rel. originário Min. José Delgado, Rel. para
acórdão Min. Teori Albino Zavascki, julgado em
7/4/2005.)

Portanto, nessas situações, independentemente de ser a


União o ente expropriante, pouco importa se a propriedade está
cumprindo ou não a sua função social, já que não se trata de
desapropriação-sanção.

Sendo a União, em caso de descumprimento da função


social, pode realizar a desapropriação-sanção com base no art. 184
da CF/88, em que a indenização deve se dar por prévia e justa
indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de
preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a
partir do segundo ano de sua emissão, e não por meio de dinheiro,
como no primeiro caso.

Ressalte-se que STJ (MS 2.932/DF) e STF (RE 115.166) já


pacificaram entendimento que esses títulos de dívida agrária
representam títulos pro soluto, ou seja, materializam o próprio
pagamento, independentemente do correspondente resgate para o
futuro, a troca por dinheiro.

O STF, por meio do julgamento do RE 247866 - CE,


reconheceu a inconstitucionalidade no art. 14 da Lei Complementar
n.º 76/93 da Expressão"em dinheiro, para as benfeitorias úteis e
necessárias, inclusive pastagens e culturas artificiais", devendo o
pagamento das mesmas ser realizado por meio de expedição de
precatório.

Dentre os requisitos para que se considere que a função


social da propriedade rural está sendo cumprida, um dos requisitos,
a ser regulamentado por meio de lei, consoante o art 186, caput, e
inciso I, da CF/88, é que a propriedade rural esteja sendo
aproveimentada de modo racional e adequado.

A Lei 8.629/1993, em seu art. 6, regulamentando tal


dispositivo constitucional, aduz que para tanto deve a propriedade
cumprir graus de utilização e eficiência.

Grau de utilização: deve ser igual ou superior a 80%, sendo


calculadora pela relação entre a área efetivamente utilizada e
área aproveitável total do imóvel.

Grau de eficiência: deverá ser igual ou superior a 100%.


Além disso, importante salientar que o parágrafo sétimo desse
artigo determina que não perde a qualificação de propriedade
produtiva o imóvel que por razões de caso fortuito e força
maior não atingir tais percentuais.
Ressalte-se que esses percentuais vêm sendo MUITO cobrado
em provas. Bastante atenção!

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO -


RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO - ARRENDATÁRIO DE IMÓVEL
RURAL OBJETO DE DESAPROPRIAÇÃO PRA
FINS DE REFORMA AGRÁRIA - LEGITIMIDADE
PASSIVA DA UNIÃO -DIREITO OBRIGACIONAL
QUE NÃO SE SUB-ROGA NO PREÇO. 1.
Compete exclusivamente à União promover a
desapropriação rural por interesse social, para
fins de reforma agrária (arts. 184 da CF/88 e 2º, §
1º, da Lei 8.629/93), resultando daí sua
legitimidade para figurar no polo passivo de ação
almejando a recomposição de prejuízos
suportados por arrendatário de imóvel rural
objeto de desapropriação. 2. Tratando-se de
direito pessoal ou obrigacional, tem-se por
inaplicável o art. 31 do Decreto-Lei 3.365/41, pois
a sub-rogação no preço se dá apenas quanto aos
direitos reais constituídos sobre o bem
expropriado. 3. Recurso especial não provido. (STJ,
Relator: Ministra ELIANA CALMON, Data de
Julgamento: 04/04/2013, T2 - SEGUNDA TURMA).

PROCESSO CIVIL – ASSISTÊNCIA SIMPLES –


INTERESSE JURÍDICO – DESAPROPRIAÇÃO – 1.
A natureza jurídica da ação de desapropriação é de
direito real, porque fundada sobre o direito de
propriedade. 2. O interesse jurídico a ser demonstrado
na assistência simples, disciplinada pelo art. 50 do
CPC, nesse tipo de ação, deve corresponder a algum
direito real sobre o imóvel. 3. Se os recorrentes detêm
apenas direito obrigacional oponível contra a pessoa do
expropriado, descabe admiti-los na condição de
assistentes. 4. Recurso Especial improvido. (STJ –
RESP 337805 – PR – 2ª T. – Relª. Min. Eliana
Calmon – DJU 09.12.2002).

AQUISIÇÃO E ARRENDAMENTO DE
IMÓVEIS RURAIS POR PESSOAS
NATURAIS OU JURÍDICAS
ESTRANGEIRAS
A Lei 5.709/1971, recepcionada pela CF/88, estabelece uma
série de limitações à aquisição e arrendamento de imóveis rurais por
pessoas naturais ou jurídicas estrangeiras.

Ressalte-se que apenas a aquisição e arrendamento de


imóveis RURAIS por estrangeiros é que encontra limitações na
ordem jurídica nacional vigente. A aquisição de imóveis urbanos
deve ser considerada livre, não sofrendo qualquer restrição em
função da nacionalidade do adquirente.

SINTETIZANDO:

Para que as pessoas as pessoas naturais estrangeiras


possam adquirir imóveis rurais:
a) requisitos: residir no país e apresentar projeto de
exploração para áreas acima de 20 MEIs;

b) restrições: área de até 50 MEI por pessoa, exceto se


houver autorização específica do Congresso Nacional para
adquirir área maior, máximo de 25% do município pode
ser adquirida por estrangeiro de qualquer nacionalidade e
as pessoas da mesma nacionalidade apenas podem ser
proprietárias de até 10% das terras de um mesmo
município;

c) condições: autorização do INCRA para um imóvel com


área entre 3 e 50 MEIs ou para mais de um imóvel, ainda
que com área inferior a 3 MEIs; assentimento prévio do
Conselho de Defesa Nacional, quando o imóvel situar-se
em faixa de fronteira e autorização do Congresso Nacional
para áreas superiores a 50 MEIs.

Para que pessoas jurídicas estrangeiras ou a elas


equiparadas possam adquirir imóveis rurais:

a) requisitos: autorização para funcionar no Brasil, no caso


de empresa estrangeira, e aprovação de projeto de
exploração;

b) restrições: área de até 100 MEIs por pessoa, exceto se


houver autorização específica do Congresso Nacional para
área maior; máximo de 25% da superfície do município
pode ser adquirida por estrangeiros de qualquer
nacionalidade e as pessoas de mesma nacionalidade
podem ser proprietárias de até 10% das terras de um
mesmo município;

c) condições: autorização do INCRA para áreas até 100


MEIs; assentimento prévio do Conselho de Defesa
Nacional, quando a área se situar na faixa de fronteira e
autorização do Congresso Nacional para áreas superiores a
100 MEIs. (CARVALHO, Josué, FIDELES, Junior, MACIEL,
Marcela, Coleção Resumo para concursos - volume 24 -
Direito Agrário. Editora Juspodvim, 2015, pag. 167).

Obs: Módulo de Exploração Indefinida, ou simplesmente MEI, é


uma unidade de medida de terras expressa em hectares, fixada
pelo INCRA, no uso da atribuição conferida pelo art. 4 do
Decreto n. 74.964/1974, variando conforme as condições
econômicas e sociais de cada região.

No caso dos portugueses equiparados, em face do disposto


no parágrafo primeiro do art. 12 da CF/88 e do Tratado da
Amizade, os portugueses equiparados gozam dos mesmo
direitos assegurados aos brasileiros, não se sujeitando às
restrições impostas aos demais estrangeiros.

CONTRATOS AGRÁRIOS
Primeiramente, cumpre salientar uma característica dos
contratos agrários que vem sempre sendo cobrada em prova. A
despeito dos contratos civis de uma modo geral, em que a
autonomia da vontade é maior, aqui se tem uma autonomia bem
mais limitada, pelo fato do interesse social em tais contratos e no
fato de a própria lei que os regula estabelecer uma série de cláusulas
consideradas obrigatórias, fixando de antemão direitos tidos como
irrenunciáveis, de certo modo semelhante ao que acontece nos
contratos de trabalho e de consumo.

OBJETO:

No arrendamento, o arrendador transfere a posse do


imóvel rural, parte ou partes dele, podendo incluir outros bens ou
benfeitorias como ferramentas, máquinas agrícolas e instalações,
para o uso e gozo de qualquer atividade agrária, mediante o
recebimento de um valor monetário fixo, denominado de aluguel,
pago pelo arrendatário.

Na parceria, o parceiro-outorgante transfere ao parceiro-


outorgado a posse do imóvel para uso específico em uma atividade
agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa vegetal ou mista; e/ou
lhe entrega animais para cria, recria, engorda ou extração de
matérias-primas de origem animal, MEDIANTE A PARTILHA DOS
RISCOS E RESULTADOS. (CARVALHO, Josué, FIDELES, Junior,
MACIEL, Marcela, Coleção Resumo para concursos - volume 24 -
Direito Agrário. Editora Juspodvim, 2015, pag. 167).

É essa a principal diferença: na parceria os dois dividem os


riscos e resultados, no arrendamento já existe um preço fixo
estabelecido de antemão. Essa diferença é MUITO cobrada em
prova!

COM RELAÇÃO AO PRAZO:

Na parceria - duração mínima do contrato sempre será de 3


anos, independentemente da atividade desenvolvida.

No arrendamento - duração mínima do contrato será de 3


anos para exploração de lavoura temporária ou de pecuária de
pequeno e médio porte; de 5 anos para lavoura permanente ou
pecuária de grande porte para cria, recria, engorda ou extração de
matérias primas de origem animal e de 7 anos para arrendamento
de exploração florestal.

O STJ vem entendendo, tal como já argumentado acima em


face da questão social notadamente existente nesses contratos, que
os prazos mínimos do contratos agrários devem respeitar os limites
estabelecidos na lei, não podendo existir limites menores:

ARRENDAMENTO RURAL. Prazo mínimo. O prazo


mínimo para o arrendamento rural é de 3 anos. Art.
13, II, a, do Dec. número 59.566/66 (REsp 195177/PR,
Relator: Ministro Barros Monteiro, julgado em
03.02.2000)

Além disso, nos casos em que forem celebrados contratos


por prazos indeterminados, deve-se considerar que se firmou pelo
prazo mínimo de 3 anos.

QUESTÕES COMENTADAS
1) (DPE-PA - 2015 - adaptada) Para fins de reforma agrária, a
possibilidade de vistoria de imóvel rural, seja ele de domínio
público ou privado, para ser efetivada, tem de considerar se o
mesmo foi, ou não, objeto de esbulho possessório anterior de
caráter coletivo.

Resposta: Correta. Cumpre observar o art 2, parágrafo sexto, da lei


8.629/93, sempre cobrado em provas:

Art. 2º. § 6º. O imóvel rural de domínio público ou


particular objeto de esbulho possessório ou invasão
motivada por conflito agrário ou fundiário de caráter
coletivo não será vistoriado, avaliado ou desapropriado
nos dois anos seguintes
à sua desocupação, ou no
dobro desse prazo, em caso de reincidência; e deverá

ser apurada a responsabilidade civil e administrativa
de quem concorra com 
qualquer ato omissivo ou
comissivo que propicie o descumprimento dessas
vedações.
2) (MPE-PA-2014 - adaptada) A função social da propriedade rural
surgiu na CF/88, não estando presente no Estatuto da Terra de
1964.

Resposta: Errada. Como já comentado acima, a função social da


propriedade rural surgiu com o Estatuto da Terra e já foi elevada a
status constitucional com a Constituição de 1967.

3) (MPE-PA-2014-adaptada) A União editou Decreto de


Desapropriação da Fazenda Santa Rita, localizada no Estado do
Pará, declarando interesse social para fins de reforma agrária.
Após este ato, ingressou administrativamente no imóvel, com
auxílio de força policial, para promover sua vistoria e avaliação. A
conduta da Administração pública foi

a) ilegal pelo uso da força policial, que não é admitido nos conflitos
de reforma agrária.
b) legal, uma vez que a edição do Decreto, neste caso, autoriza a
Administração pública a ingressar no imóvel, com auxílio de força
policial, sem necessidade de autorização judicial.
c) legal, uma vez que a Administração pública pode, em qualquer
situação, ingressar na propriedade privada, com auxilio de força
policial, valendo-se de seu Poder de Polícia.
d) ilegal, diante da necessidade de haver uma autorização formal do
Conselho Federal da Reforma Agrária.
e) ilegal, diante da necessidade de haver, neste caso, prévia
autorização judicial.

Resposta: Letra E.

Art. 2º/LC 76/93: § 2º Declarado o interesse social,


para fins de reforma agrária, fica o expropriante
legitimado a promover a vistoria e a avaliação do
imóvel, inclusive com o auxílio de força policial,
mediante prévia autorização do juiz,
responsabilizando-se por eventuais perdas e danos que
seus agentes vierem a causar, sem prejuízo das sanções
penais cabíveis.

Como esse próprio artigo aduz, empós ter ocorrido a


expedição do decreto que declara o imóvel de interesse social, pode-
se utilizar força policial para adentrar no imóvel, porém apenas após
autorização judicial.

4) (PGE-PI-2014-adaptada) A fixação, pelo juiz, do valor


indenizatório em montante inferior à oferta inicial do poder
público, em decorrência da integral adoção do laudo elaborado
pelo perito oficial, não constitui julgamento ultra petita.

Correta. Conforme o STF já decidiu, em tal caso, não se deve


considerar como julgamento ultra petita, uma vez que se adotou a
integralidade do laudo pericial. Vejamos a ementa do julgado:

DESAPROPRIAÇÃO. INDENIZAÇÃO. OFERTA


INICIAL.
Em desapropriação direta, não constitui julgamento
ultra petita a fixação de valor indenizatório em
patamar inferior à oferta inicial se isso decorrer da
adoção pelo juízo da integralidade do laudo do perito
oficial. A oferta inicial do Incra, para reforma agrária,
nem sempre reflete o valor real do imóvel e, a fortiori,
sua justa indenização (art. 5º, XXIV, da CF/1988).
Assim, na hipótese, não se pode cogitar a carência de
fundamentação, porque a sentença, ao acolher os
fundamentos do laudo pericial, fixou um montante
razoável como indenização. Precedentes citados: REsp
780.542-MT, DJ 28/8/2006, e REsp 886.258-MT, DJ
2/4/2007. REsp 848.787-SC, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 20/5/2010.
5) (FCC - TJ/GO - 2012 - Juiz) Os contratos agrários nominados são
regidos pelo princípio da autonomia da vontade, não cabendo ao
Estado intervir nas relações neles disciplinadas.

Resposta: Errada. Como já falamos acima, os contratos agrário, tais


como os de consumo e de trabalho, notadamente em face da
hipossuficiência de uma partes, são caracterizados por uma maior
intervenção estatal. Um grande exemplo é a existência de prazos
mínimos dos contratos a serem celebrados.

6) (PGE-BA-2014 - adaptada) Em se tratando de ações judiciais


que envolvam a transferência de terras públicas rurais, o prazo
para o ajuizamento de ação rescisória é de oito anos, contado do
trânsito em julgado da decisão.

Resposta: Correta. Muito importante essa distinção das ações


rescisórias que envolvem a transferência das terras públicas e as
comuns: muitos professores de Processo Civil, como Fredie Didier,
inclusive a abordam. No caso da comum, o prazo é de 2 anos a
contar do trânsito em julgado, como aduz o art. 485 do CPC,
enquanto que no caso da ação rescisória da sentença relativa à
transferência de terras públicas é de 8 anos, consoante o art. 8-C da
lei 6739.

Art. 8-C É de oito anos, contados do trânsito em


julgado da decisão, o prazo para ajuizamento de ação
rescisória relativa a processos que digam respeito a
transferência de terras públicas rurais.

(PGE-BA-2014) Segundo a jurisprudência do STF, o registro


paroquial confere direito de propriedade ao possuidor.

Resposta: Errada. Como colacionado no início do material,


notadamente por ser uma declaração unilateral, o STF já decidiu em
sentido contrário, aduzindo não conferir direito de propriedade ao
possuidor.

(MPE-RR - CESPE - 2012) Para o reconhecimento do direito à


isenção do ITR, é necessária, conforme o entendimento do STJ, a
apresentação do ato declaratório ambiental.

Resposta: Errada. Como um dos pilares do Direito Tributário é o


princípio da legalidade (e do próprio ordenamento jurídico,
notadamente na relação travada entre particular e Poder Público),
para que uma obrigação tributária seja exigida, é necessária a edição
de lei. Pelo fato de a ADA estar prevista apenas em instrução
normativa da Receita Federal, considera-se ilegal a sua exigência
para que se possa fazer jus a isenção do ITR. Observe a ementa:

TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. ITR.


ISENÇÃO. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL
(ADA). PRESCINDIBILIDADE. PRECEDENTES.
ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO NA
MATRÍCULA DO IMÓVEL. NECESSIDADE.
1. A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido
de que "é desnecessário apresentar o Ato
Declaratório Ambiental - ADA para que se
reconheça o direito à isenção do ITR, mormente
quando essa exigência estava prevista apenas em
instrução normativa da ReceitaFederal (IN SRF
67/97)" (AgRg no REsp 1310972/RS, Rel. Min.
Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em
5.6.2012, DJe 15.6.2012). 2. Todavia, quando se
trata da "área de reserva legal", as Turmas da
Primeira Seção assentaram também que é
imprescindível a averbação da referida área na
matrícula do imóvel para o gozo do benefício
isencional vinculado ao ITR. Precedentes: REsp
1027051/SC, Rel. p/Acórdão Min. Mauro
Campbell Marques, Segunda Turma, julgado
em7.4.2011, DJe 17.5.2011; REsp 1125632/PR, Rel.
Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma,
julgado em 20.8.2009, DJe 31.8.2009.3. O
provimento da tese da Fazenda Pública no tocante
à imprescindibilidade de averbação da área de
reserva legal para gozo de isenção de ITR impõe o
retorno dos autos ao Tribunal de origem para
dispor acerca de seus efeitos sobre a execução
fiscal e os embargos opostos.Agravo regimental
provido para dar parcial provimento ao recurso
especial da Fazenda Pública. (STJ, AgRg no REsp
1310871 PR 2012/0039357-9, DJe 04/09/2012)

Boa Prova!

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