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KELLER
Pedro Preguiça
Vai à Escola
Tradução:
Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams
Este manual foi disponibilizado em sua versão digitai a fim de proporcionar acesso à pessoas com
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CDD-028.5
-153.15
87-2245 -370.15
ilustrações
F. B. Mello
EDICON'
Editora e Consultoria Ltda
Rua Itapeva, 85 Fone 289-7477
Cep 01332 Sâo Paulo SP___________________________________________
Ref.: 87.127 1987
A John Jacob
Agradecimentos
FSK
APRESENTAÇÃO
J
Preguiça não ê mau aluno: ele é apenas vagaroso e a escola
respeita isso. Trabalhando pra valer, mas indo de unidade em
unidade, de passo em passo, com uma outra pessoa para aju-
dar e corrigir sempre que for preciso e usando a cada momento
o que já aprendeu antes, todos podem aprender tudo naquela
escola.
Depois de ler a história, pode ser que você fique gos
tando muito daquele tipo de escola. E aí, é bem capaz que você
também goste do Fred, mesmo sem conhecê-lo pessoalmente.
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Pedro Preguiça estava assustado, ao se encontrar com
os outros alunos do primeiro ano, no caminho para a escola.
Ele havia ficado doente nas duas primeiras semanas de aula e
estava com medo de que sua professora ficasse brava por ter
demorado tanto para começar a freqüentar as aulas. Os olhos
de Pedro estavam cheios de lágrimas e ele foi acenando adeus à
sua mãe, até perdê-la de vista.
- Oi, Pedro! - Disse Coelho Carlos, pulando a seu lado.
Por onde você tem andado?
- Eu estava doente, disse Pedro. Estava com sarampo.
Você acha que a professora vai ficar brava porque eu faltei?
O Coelho Carlos riu enquanto saltava para cima e para
baixo.
- Claro que não! Dona Quati nunca fica brava quando
a gente se atrasa ou falta. Quando ela encontrar você, vai sor
rir e apertar sua pata. Dirá: Oi, Como você se chama? Aí então,
eta lhe fará outras perguntas e mandará algum monitor levá-lo
ao seu cubículo.
- Puxa vida, disse Pedro. O que é um monitor? O que é
um cubículo?
Ele estava bem confuso. Sua irmã Paula havia lhe con
tado sobre a escola da floresta, mas nunca havia mencionado
coisas como cubículos ou monitores. Começou a achar que o
Vovô Preguiça tinha razão quando disse que Pedro não ia gos
tar da escola.
- Não fique aflito, disse Carlos. Um cubículo é só um
lugar para você fazer seus trabalhinhos e o monitor é apenas
um outro aluno que já aprendeu aquilo que você está apren
dendo. Ele lhe mostra onde ficam guardadas as coisas, às vezes
lhe faz perguntas e diz à professora se você está pronto ou
não.
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Pedro sabia que ele estava pronto,,. - Pronto para vol
tar para casal Seus olhinhos encheram-se novamente de lágri
mas.
- Pronto para o quê? - Perguntou a Carlos.
- Pronto para uma avaliação da unidade. Carlos apro
ximou-se de Pedro, colocando a patinha em suas costas.
- Para falar a verdade é bem fácil, Pedrinho. Primeiro
você tem que fazer umas atividades como, por exemplo, dizer
se as coisas são iguais ou diferentes umas das outras. Existem
atividades para cada unidade. O seu monitor irá avisar Dona
Quati quando você tiver completado todas as atividades da
Primeira Unidade e, então, ela lhe fará uma avaliação dessa
unidade. Depois disso você vai começar a fazer os trabalhinhos
da Segunda Unidade. Eu já estou na Quarta Unidade.
- Mas eu estava doente, exclamou Pedro. Como vou
poder alcançar meus coleguinhas na Quarta Unidade?
- Nem todos estão na Quarta Unidade. Alguns ainda
estão aprendendo a Primeira ou a Segunda Unidade. Outros
podem já estar na Quinta ou Sexta Unidade, ou, até mesmo,
mais adiante. Alguns aprendem depressa e alguns aprendem
devagar, e outros são como eu - estão no meio do caminho.
Não faz a menor diferença. Dona Quati disse que o que importa
é aprender bem cada unidade.
- Estou na Segunda Unidade, disse Mauro Marmota,
que vinha caminhando logo atrás, escutando a conversa. Perdi
uma semana de aulas quando nossa casa ficou inundada e pre
cisei ajudar meu pai a construir uma casa nova.
- A gente está na Terceira Unidade, disse Patrícia Por
co-Espinho, falando de si mesma e de sua irmã Priscila,
que caminhava em silêncio a seu lado. Priscila e eu temos que
andar tanto para chegar até a escoia que chegamos quase sem
pre atrasadas.
E antes que tivesse tempo para fazer mais perguntas,
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Pedro Preguiça e seus amigos chegaram até a porta da escola.
Pedro ainda estava um tanto agitado, mas o medo tinha passa
do. Ao entrarem na escola, exclamou:
- Obrigado, Carlinhos, por tudo o que você me expli
cou.
- Tudo bem, disse Carlinhos. Você vai gostar da Escola
Pinhal e vai gostar da professora também.
* * * * * * *
* * * * * * *
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Na manhã seguinte, Pedro foi à escola com o Coelho
Carlos e Mauro Marmota; as meninas Porco-Espinho haviam se
atrasado. Quando os três meninos alcançaram a porta da es
cola, foram recebidos por Dona Quati, com os olhos cheios de
lágrimas.
- Acho que é melhor vocês voltarem para casa, disse
ela. Não vai haver aula hoje, e talvez, nunca mais! Ela soluçou.
Alguém entrou na escola ontem à noite e está tudo a maior ba
gunça! Todos os nossos trabalhos estavam jogados no chão.
Todos os Boletins estavam espalhados peia minha mesa. As
cadeiras foram reviradas e os livros estão por toda a parte. Foi
horrível de se ver. Tudo o que podia ser aberto foi aberto. Eles
devem ter entrado pela janela.
- Quebraram alguma coisa? - Perguntou Pedro.
- Levaram alguma coisa? - Perguntou Carlos.
- Na verdade, não quebraram nada e acho que não
chegaram a levar nada, mas eu vou precisar de um ou dois dias
para arrumar e guardar tudo em seu lugar.
Os dois meninos falaram ao mesmo tempo:
- Quem fez isso?
- Não sei, respondeu a professora, mas o sítio mais
perto da escola é o do Seu Branquinho. Alguém o viu ultima-
mente?
- Eu o vi justo esta manhã, respondeu Pedro.
- Ele estava com uma espingarda e correu atrás de vo
cê?
- Não, estava arando sua roça. Ele só acenou para mim
e gritou: 'Oi, Preguiça'. É isso o que ele diz para todos nós. Eu
sempre pensei que ele gostava da gente. Nunca o vi com uma
espingarda.
- E o filho dele? - Disse Dona Quati. Eu o vi espiando
pela nossa janela ontem, enquanto almoçávamos.
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- Ele sempre me pareceu uma boa pessoa, disse Pedro.
Achei que ele gostava da gente.
Bem, nós vamos ter que esperar para ver o que vai
acontecer, disse Dona Quati. É horrível pensar que a gente tem
inimigos que podem pôr fogo em nossa escola ou quebrá-la em
pedacinhos. Dona Quati estava bem zangada. É melhor vocês
voltarem para casa e ficarem lá até eu mandar voltar.
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Ronaldo Raposa realmente trazia notícias - boas notí-
cias. Dona Quati Já havia ajeitado a sala e as crianças poderiam
voltar no dia seguinte. Roni estava avisando todas as crianças.
Eles conseguiram descobrir quem arrombou a escola? -
Perguntou a mãe de Pedro.
- Não foi propriamente um arrombamento, Roni res
pondeu. A janela não estava trancada e quem entrou lá não
precisou arrombar nada, e talvez tenha sido mais de uma pes
soa.
- É muito estranho - disse Dona Preguiça. O que será
que ele, ou eles, queriam?
- Você pode apostar que, se eles não conseguiram o
que queriam, vão voltar de novo, disse o vovô.
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O Roni já estava saindo quando o vovô lhe perguntou:
- Por que a professora escolheu você para avisar as
outras crianças?
- Porque eu estou quase pronto para passar para o se
gundo ano, respondeu o filhote de raposa, com muito orgulho.
Dona Quati disse que se a gente tivesse uma classe de segundo
ano, dentro de uma semana eu já poderia passar de ano. Mas,
para isso, a gente teria que ter uma segunda sala de aula. A
Escola Pinhal tem só uma sala de aula.
- Vocês também não iriam precisar de uma outra pro
fessora? - Perguntou a mãe de Pedro.
- A Dona Castor disse que teria muito prazer em ser
nossa professora. Seus filhos já estão crescidos e ela tem mui
to tempo disponível. Além disso, ela já deu aula para a segun
da série.
- Bem, disse com sabedoria Dona Preguiça, acho que a
primeira coisa que você deve fazer é terminar a série que você
está cursando.
* - Certo, disse Roni. Agora preciso sair para avisar as
outras crianças. E saiu trotando pela estrada afora.
Quando Pedro e seus amigos chegaram à escola, no dia
seguinte, tudo parecia normal. Dona Quati ficou muito conten
te em vê-los e eles, rapidamente, começaram a trabalhar em
seus cubículos. De tempos em tempos, durante a manhã, as pa
tinhas eram levantadas chamando os monitores para supervi
sionarem as atividades e, ocasionalmente, alguém fazia uma
verificação de unidade com Dona Quati. Havia um barulho
agradável de vozes e o ruído do equipamento de estudo. Dona
Quati estava feliz, embora, às vezes, seu rosto ficasse sombrio,
quando se lembrava da experiência triste do dia anterior.
Até a hora do almoço, Pedro já tinha sido aprovado na
verificação da Primeira Unidade e havia iniciado as atividades
da Segunda Unidade.
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- Venha me ver quando você terminar de brincar no
parquinho - disse sua professora - e eu lhe darei seu boletim
para você mostrar a seus pais o que já aprendeu.
- E para o meu vô, também, disse Pedro, enquanto se
dirigia ao refeitório.
i
SOBRE O AUTOR
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do vindo ao Brasil, pela primeira vez, como professor convida
do da Universidade de São Paulo, em 1961. Desde então sua
vinculação com o Brasil tem sido continuamente renovada: vol
tou em 1964 como convidado da Universidade de Brasília e de
pois, em 1972, 1978 e 1983, como convidado para participar de
reuniões científicas e emprestar o seu entusiasmo às novas ge
rações de cientistas e estudantes de Psicologia, em diversos
centros educacionais do país.
Keller o um educador revolucionário, que aliou o melhor
do conhecimento científico, que ele mesmo ajudou a desenvol
ver, a uma profunda preocupação com a grande aventura da
condição humana, na construção da História e do futuro. Ele
desenvolveu um sistema personalizado de ensino que pretende
garantir educação para cada um, ao invés de educação para to
dos e considera que “o problema mais importante do futuro
imediato é o da educação. De sua solução dependerá a nossa
compreensão de outros problemas ainda muito mais complica
dos com que o mundo se depara hoje como a produção de
energia e de alimentos, o controle populacional, a degradação
ambiental e a autodestruição".
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UNICOPI
UNIAO DE COPIADORA S/C LTDA.