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FRED S.

KELLER

Pedro Preguiça
Vai à Escola
Tradução:
Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams
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Dados de Catalogação na Publicação (CIP) internacional
(Cftmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Keller, Fred S., 1899-


K38p Pedro Preguiça vai è escola / Fred S. Keller ;tradução Lúcia
Cavalcanti de Albuquerque Williamns. — São Paulo :
EDICON, 1987.

1. Aprendizagem 2. Literatura infanto-juvenil 3. Psicologia


educacional I. Titulo

CDD-028.5
-153.15
87-2245 -370.15

índices para catálogo sistemático:


1. Aprendizagem : Psicologia 153.15
2. Literatura infanto-juvenil 028.5
3. Psicologia educacional 370.15

Todos os direitos reservados de acordo


com a legislação em vigor

Impresso no Brasil - Printed in Brazil

ilustrações
F. B. Mello

EDICON'
Editora e Consultoria Ltda
Rua Itapeva, 85 Fone 289-7477
Cep 01332 Sâo Paulo SP___________________________________________
Ref.: 87.127 1987
A John Jacob
Agradecimentos

Sem a ajuda de Laura Frederick e Carole Tor­


rence, esta pequena história talvez nunca tivesse sido
escrita. Sem a ajuda de Lucia Williams, ela não teria
chegado aos leitores brasileiros em português. A cada
uma delas os meus sinceros agradecimentos. Agrade­
ço também a Sam Deitz que sugeriu a forma de con­
tar às crianças o que eu queria.

FSK
APRESENTAÇÃO

Fred Keller é um vovozinho adorável. Todos os que o


conhecem não resistem e se apaixonam por ele no mesmo ins­
tante. Se isso ainda não aconteceu com você, vai acontecer tão
logo você tenha chance de vê-lo e de trocar algumas palavras
com ele. Fred mora nos Estados Unidos - onde nasceu, há mui­
tos anos, num pequeno povoado, chamado Rural Grove.
Atualmente vive em Chapei Hill, uma cidade linda, com ruas
largas e muito arvoredo; mora numa casa grande e bonita, cer­
cada por um bosque que tem esquilos nas árvores e muitos
passarinhos que voam e cantam em liberdade.
Ele é um cientista muito famoso e um professor como
nenhum outro! Já veio muitas vezes ao Brasil e costuma dizer
que também é brasileiro, de tanto que gosta da nossa terra e
da nossa gente. Mas, antes de ser cientista, Fred também foi
criança! E, como criança, teve muitos problemas com a escola,
porque seus pais viviam mudando de cidade e ele nunca con­
seguia estar onde seus colegas estavam: ou estava atrasado ou
tinha aprendido outras coisas que não eram as que a nova pro­
fessora estava querendo que ele soubesse. Fred até achava que
não era um bom aluno. Mas quando cresceu um pouco mais,
começou a achar que a escola é que precisava ser diferente!
Antes mesmo de ser um doutor, ele já vinha pensando e pen­
sando em como é que a gente poderia aprender de verdade e
com gosto, sem precisar sofrer e ainda ficar sem saber!
Durante a guerra lá foi ele aprender a operar telégrafo
e ajudar na transmissão de notícias. E de novo lá estava o pro­
blema: como aprender pra valer? Bem, o Doutor Keller desco­
briu um jeito e é essa a história que ele conta em Pedro Pregui­
ça vai à escola. Ele conhece um jeito de ensinar e de aprender,
com o qual todo mundo tem chance. Na escola dos bichos, o

J
Preguiça não ê mau aluno: ele é apenas vagaroso e a escola
respeita isso. Trabalhando pra valer, mas indo de unidade em
unidade, de passo em passo, com uma outra pessoa para aju-
dar e corrigir sempre que for preciso e usando a cada momento
o que já aprendeu antes, todos podem aprender tudo naquela
escola.
Depois de ler a história, pode ser que você fique gos­
tando muito daquele tipo de escola. E aí, é bem capaz que você
também goste do Fred, mesmo sem conhecê-lo pessoalmente.

8
Pedro Preguiça estava assustado, ao se encontrar com
os outros alunos do primeiro ano, no caminho para a escola.
Ele havia ficado doente nas duas primeiras semanas de aula e
estava com medo de que sua professora ficasse brava por ter
demorado tanto para começar a freqüentar as aulas. Os olhos
de Pedro estavam cheios de lágrimas e ele foi acenando adeus à
sua mãe, até perdê-la de vista.
- Oi, Pedro! - Disse Coelho Carlos, pulando a seu lado.
Por onde você tem andado?
- Eu estava doente, disse Pedro. Estava com sarampo.
Você acha que a professora vai ficar brava porque eu faltei?
O Coelho Carlos riu enquanto saltava para cima e para
baixo.
- Claro que não! Dona Quati nunca fica brava quando
a gente se atrasa ou falta. Quando ela encontrar você, vai sor­
rir e apertar sua pata. Dirá: Oi, Como você se chama? Aí então,
eta lhe fará outras perguntas e mandará algum monitor levá-lo
ao seu cubículo.
- Puxa vida, disse Pedro. O que é um monitor? O que é
um cubículo?
Ele estava bem confuso. Sua irmã Paula havia lhe con­
tado sobre a escola da floresta, mas nunca havia mencionado
coisas como cubículos ou monitores. Começou a achar que o
Vovô Preguiça tinha razão quando disse que Pedro não ia gos­
tar da escola.
- Não fique aflito, disse Carlos. Um cubículo é só um
lugar para você fazer seus trabalhinhos e o monitor é apenas
um outro aluno que já aprendeu aquilo que você está apren­
dendo. Ele lhe mostra onde ficam guardadas as coisas, às vezes
lhe faz perguntas e diz à professora se você está pronto ou
não.
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Pedro sabia que ele estava pronto,,. - Pronto para vol­
tar para casal Seus olhinhos encheram-se novamente de lágri­
mas.
- Pronto para o quê? - Perguntou a Carlos.
- Pronto para uma avaliação da unidade. Carlos apro­
ximou-se de Pedro, colocando a patinha em suas costas.
- Para falar a verdade é bem fácil, Pedrinho. Primeiro
você tem que fazer umas atividades como, por exemplo, dizer
se as coisas são iguais ou diferentes umas das outras. Existem
atividades para cada unidade. O seu monitor irá avisar Dona
Quati quando você tiver completado todas as atividades da
Primeira Unidade e, então, ela lhe fará uma avaliação dessa
unidade. Depois disso você vai começar a fazer os trabalhinhos
da Segunda Unidade. Eu já estou na Quarta Unidade.
- Mas eu estava doente, exclamou Pedro. Como vou
poder alcançar meus coleguinhas na Quarta Unidade?
- Nem todos estão na Quarta Unidade. Alguns ainda
estão aprendendo a Primeira ou a Segunda Unidade. Outros
podem já estar na Quinta ou Sexta Unidade, ou, até mesmo,
mais adiante. Alguns aprendem depressa e alguns aprendem
devagar, e outros são como eu - estão no meio do caminho.
Não faz a menor diferença. Dona Quati disse que o que importa
é aprender bem cada unidade.
- Estou na Segunda Unidade, disse Mauro Marmota,
que vinha caminhando logo atrás, escutando a conversa. Perdi
uma semana de aulas quando nossa casa ficou inundada e pre­
cisei ajudar meu pai a construir uma casa nova.
- A gente está na Terceira Unidade, disse Patrícia Por­
co-Espinho, falando de si mesma e de sua irmã Priscila,
que caminhava em silêncio a seu lado. Priscila e eu temos que
andar tanto para chegar até a escoia que chegamos quase sem­
pre atrasadas.
E antes que tivesse tempo para fazer mais perguntas,
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Pedro Preguiça e seus amigos chegaram até a porta da escola.
Pedro ainda estava um tanto agitado, mas o medo tinha passa­
do. Ao entrarem na escola, exclamou:
- Obrigado, Carlinhos, por tudo o que você me expli­
cou.
- Tudo bem, disse Carlinhos. Você vai gostar da Escola
Pinhal e vai gostar da professora também.

Quando Pedro Preguiça entrou na escola com seus


amigos, viu Dona Quati, a professora, caminhando em sua di­
reção. Ela falava com todas as crianças e, quando viu Pedro,
tomou-lhe as patinhas nas suas patas, pedindo-lhe que lhe dis­
sesse seu nome.
- Meu nome é Pedro, respondeu ele. Eu estava doente.
Estava com sarampo. É por isso que eu não vim antes para a
escola.
- Não tem importância, disse Dona Quati. Você não
perdeu nada que ainda não possa recuperar. O Ronaldo Raposa
perdeu mais de um mês de aula no ano passado, mas agora
voltou e está quase pronto para passar para o segundo ano.
E antes que Pedro tivesse tempo de perguntar como is­
so era possível, o Ronaldo Raposa, em pessoa, entrou corren­
do, com sua cauda espessa e olhinhos brilhantes. Num piscar
de olhos, Dona Quati os apresentou e eles se cumprimentaram,
apertando as patinhas.
- O Roni vai ser seu monitor, Pedro, explicou Dona
Quati. Daqui a pouco ele o ievará ao seu cubículo e pegará as
coisas que você vai precisar para fazer seus trabalhinhos. Aí,
então, ele lhe mostrará como fazê-los. Mas agora eu gostaria
que você me acompanhasse.
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Dona Quati conduziu Pedro a um tocai silencioso, onde
ninguém os importunaria. Fez-lhe, então uma porção de per­
guntas, tal como o Coelho Carlos havia dito. Perguntou sobre
as coisas que eie sabia fazer e sobre as coisas que ele já tinha
visto ou ouvido falar. Mostrou-lhe vários objetos que Pedro
não conhecia, fazendo várias perguntas. Finalmente, deu um
sorriso de satisfação, afagou ligeiramente a cabeça de Pedro, e
disse:
- Acho que agora você já está pronto para começar.
Vamos falar com o Roni.

* * * * * * *

O Ronaldo Raposa estava ocupado quando Dona Quati


apareceu. Estava em pé dentro de um cubículo ensinando a Es-
quílinha Esteia a operar algum tipo de máquina. Enquanto o
aguardavam, Pedro pôde olhar pela sala e fazer algumas per­
guntas:
- Quantos alunos existem no primeiro ano? Pedro já
tinha ouvido seus pais fazerem a mesma pergunta à sua irmã-
zinha Paula.
- Agora que você chegou, temos 28 alunos, respondeu
a professora. Estamos ocupando quase todos os cubículos, só
sobraram dois.
- O que é um cubículo? - Perguntou Pedro.
- Um cubículo é o que as crianças chamam de cubinho,
respondeu Dona Quati sorrindo. E um lugar onde você pode
trabalhar fazendo as atividades das unidades. É onde você
guarda seu lápis preto, seus lápis de cera e todas as outras coi­
sas que for usar. E nesse lugar que seu monitor irá se encon­
trar com você. Acho que já lhe disse que o seu monitor será o
Roni.
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- Sim, senhora, já disse, respondeu Pedro. Existe só
um monitor?
- De jeito nenhum, respondeu a professora. Pratica­
mente, qualquer aluno poderá, de vez em quando, ser um mo­
nitor, se quiser. Quando você aprender muito bem uma unida­
de, poderá tornar-se monitor dessa determinada unidade. Tal­
vez você possa...
O Ronaldo Raposa aproximou-se naquele momento e
Dona Quati não chegou a completar a sentença. Ao invés disso,
ela entregou ao Roni uma folha de papei, dando-lhe estas ins­
truções:
- Pedro não vai precisar fazer as atividades 1, 2 e 3
porque ele já as aprendeu. Mas acho que ele deveria fazer a
atividade número 4, só para se ter certeza. Você poderá tam­
bém mostrar-lhe como funciona o aparelho com visor; ele po­
derá achar divertido descobrir como a maquininha funciona.
Entãò, Dona Quati disse a Pedro:
- O Roni vai levá-lo até o seu cubículo e você poderá
começar seus trabalhinhos. Logo, logo, eu irei vê-lo. Sei que a
essa altura você terá algumas perguntas para fazer. O Roni po­
derá responder è maioria das questões e eu responderei às res­
tantes. Afagou ligeiramente os ombros de Pedro, dizendo:
Agora dê o fora e mãos à obra. E lá se foram Pedro e o Roni
para o cubículo número 28.

O cubículo era apenas uma mesinha com uma cadeira.


Havia paredes de papelão nos fundos e ao lado da mesa, de tal
forma que Pedro podia estudar com muita privacidade. Nas pa­
redes dos fundos do cubículo e atrás da cadeira de Pedro esta­
va escrito o número 28.
19
- Onde vai ser a minha aula? - Perguntou Pedro,
olhando a seu redor.
Em geral, a gente não tem aulas, respondeu Roni. Todo
mundo trabalha sozinho. Sempre que se tem alguma coisa es­
pecial para a gente ver ou ouvir, levamos nossa cadeira até o
meio da sala, onde os números de nossos cubículos estão pinta­
dos no chão. Você levará a sua cadeira para o número 28. Mas,
no período da manhã, todos trabalham sozinhos. A hora em
que todos nós nos reunimos é à tarde, quando começam as ati­
vidades de grupo como, por exemplo, cantar, fazer ginástica,
trabalhar na horta, ou, às vezes, fazer um passeio a pé. Nas ou­
tras horas você trabalha aqui sozinho.
- Mas e se o trabalho for muito difícil, disse Pedro. O
que farei, então?
- É nessas horas que você me chama, respondeu Roni.
Se eu não conseguir ajudá-lo, pedimos auxílio à Dona Quati.
Mas agora, acho que devo mostrar-lhe como funciona a máqui­
na com visor.
O visualizador era apenas uma caixa com uma janelinha
na parte de cima, de forma a se enxergar o que tinha dentro.
Sob a janela, na parte externa da caixa, havia dois botões e,
à direita da caixa, havia uma manivela.
- Olhe no visor, disse Roni. O que você vê lá dentro?
- Vejo três figuras, respondeu Pedro. Uma em cima e
duas em baixo.
- Muito bem, disse Roni. Agora diga-me, qual das figu­
ras de baixo é igual à de cima?
- Esta aqui, respondeu Pedro, apontando à esquerda.
- Certo! Agora aperte o botão bem embaixo daquela
figura. E Pedro fez o que lhe foi mandado.
- Agora vire a manivela. Pedro virou a manivela e três
novas figuras apareceram no visor.
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- Legal! - Disse Roni. Acho que você já entendeu. Se
você tivesse apertado o botão errado« a manivela não iria se
mover. Você precisa apertar o botão correto para a manivela
funcionar. Tente, desta vez, apertsr a figura errada e você vai
ver o que acontece.
Pedro fez o que Roni disse. Apertou o botão errado e a
manivela não se moveu.
- isso, disse Roni. Por que você não experimenta tra­
balhar com figuras novas? Preciso fazer a avaliação da Unidade
15 com Dona Quatí. Ninguém passou dessa unidade, então ela
é que tem de ser minha monitora. Como você sabe, eu já estava
aqui no ano passado.

* * * * * * *

Pedro estava feliz da vida usando o visualizador quan­


do Roni voltou ao cubípulo, Pedro havia errado uma vez só.
Havia confundido a letra b com o d. Roni disse que esse era um
erro muito comum e ficou contente pelo fato de Pedro identifi­
cá-lo. Levou, então, o visualizador de volta à sua prateleira.
Quando voltou trazia um gravador com uma pilha de cartões
numerados.
- Eis o que você precisa para a Atividade Número 4,
disse.
Roni, então, mostrou a Pedro como ligar o gravador,
advinhar o nome do número mostrado no primeiro cartão da
pilha, e, daí, ouvir se sua resposta estava certa. Toda vez que
Pedro acertasse, deveria colocar o cartão em baixo da pilha. Se
errasse, deveria coiocá-!o numa pilha separada.
Pedro ficou fazendo essa atividade até que Roni voltou
para ver quantos numerais Pedro havia aprendido a nomear. Aí
estava na hora do almoço.
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- Até amanhã na hora do almoço, disse ele. Você pro­
vavelmente já terá acabado a Primeira Unidade. Aí, então, Do­
na Quati virá lhe fazer uma avaliação. Se você conhecer todos
os números de 0 a 10, ela anotará no cartão que você leva para
casa. Aí você poderá começar com a Unidade 2.
- Isso vai ser o meu boletim? - Perguntou Pedro.
- Sim, disse Roni. Toda vez que você passar de unida­
de, irá receber o boletim. Dona Quati também vai registrar num
caderno com o seu nome. Esse caderno mostra tudo que você
aprendeu e quando você aprendeu. Mas agora está na hora de
almoçar. Roni guardou o gravador e os cartões e eles saíram da
sala.

O refeitório era um lugar barulhento onde todos fala­


vam ao mesmo tempo. Havia muitas risadas e todos pareciam
aguardar ansiosos pela chegada dos eventos da tarde. Como o
dia estava quente e o sol brilhando, as crianças foram brincar
lá fora. Pedro chegou à conclusão de que a Escola Pinhal era,
provavelmente, a melhor escola do mundo.
Apenas Dona Quati parecia infeliz, sentada à sua mesa,
próxima da porta. Ela levantou-se duas vezes, saindo da sala
por vários minutos. Cada vez que retornava à sala trazia preo­
cupação em seu olhar. Pedro falou sobre isso ao Roni, mas ele
não achou que fosse importante.
- Vai ver que foi alguma coisa que ela comeu, disse
Roni.
Os alunos passaram a tarde brincando e jogando. Pe­
dro divertiu-se muito, mas como queria chegar em casa e contar
tudo sobre a escola à sua família, ficou muito feliz ao pegar a
23
estrada com seus amigos. Mauro Marmota tinha passado para a
Unidade 2 e estava levando para casa seu boletim. As irmãs
Porco-Espinho estavam quase prontas para a Quarta Unidade,
onde o Coelho Carlos já se encontrava. Todos estavam conten­
tes.
Quando Pedro chegou em casa, estava sendo esperado
por seu avô e sua avó. Eles sentaram perto dele na cozinha,
enquanto Pedro tomava um lanche e contava sobre o que tinha
se passado na escola.
- A escola é genial I - Disse Pedro. E a Dona Quati é
muito legal.
- Onde está a sua lição de casa? - Perguntou o vovô.
- Ela não disse nada sobre isso. - Respondeu Pedro.
- Aposto como logo, logo, ela irá mandar fazer lições,
disse o vovô.
Quando o pai de Pedro chegou em casa, voltando do
trabalho, Pedro contou-lhe sobre como tinha gostado de sua
escola, de sua professora e do Roni Raposa, seu monitor.
- O que é um monitor? - Perguntou o Senhor Pregui­
ça.
Pedro explicou tão bem quanto possível, contando-lhe
como Roni havia lhe mostrado o que era para ser feito, ajudan­
do-o a se preparar para sua verificação da unidade com Dona
Quati.
- Vou provar a eles que posso aprender, - ele disse.
Então mencionou o fato de Dona Quati ter parecido preocupa­
da quando estava almoçando e Roni ter pensando que ela esta­
va com dor de barriga.
- Talvez ela tivesse acabado de receber más notícias,
disse a mãe de Pedro. E o assunto morreu aí.

25
Na manhã seguinte, Pedro foi à escola com o Coelho
Carlos e Mauro Marmota; as meninas Porco-Espinho haviam se
atrasado. Quando os três meninos alcançaram a porta da es­
cola, foram recebidos por Dona Quati, com os olhos cheios de
lágrimas.
- Acho que é melhor vocês voltarem para casa, disse
ela. Não vai haver aula hoje, e talvez, nunca mais! Ela soluçou.
Alguém entrou na escola ontem à noite e está tudo a maior ba­
gunça! Todos os nossos trabalhos estavam jogados no chão.
Todos os Boletins estavam espalhados peia minha mesa. As
cadeiras foram reviradas e os livros estão por toda a parte. Foi
horrível de se ver. Tudo o que podia ser aberto foi aberto. Eles
devem ter entrado pela janela.
- Quebraram alguma coisa? - Perguntou Pedro.
- Levaram alguma coisa? - Perguntou Carlos.
- Na verdade, não quebraram nada e acho que não
chegaram a levar nada, mas eu vou precisar de um ou dois dias
para arrumar e guardar tudo em seu lugar.
Os dois meninos falaram ao mesmo tempo:
- Quem fez isso?
- Não sei, respondeu a professora, mas o sítio mais
perto da escola é o do Seu Branquinho. Alguém o viu ultima-
mente?
- Eu o vi justo esta manhã, respondeu Pedro.
- Ele estava com uma espingarda e correu atrás de vo­
cê?
- Não, estava arando sua roça. Ele só acenou para mim
e gritou: 'Oi, Preguiça'. É isso o que ele diz para todos nós. Eu
sempre pensei que ele gostava da gente. Nunca o vi com uma
espingarda.
- E o filho dele? - Disse Dona Quati. Eu o vi espiando
pela nossa janela ontem, enquanto almoçávamos.
27
- Ele sempre me pareceu uma boa pessoa, disse Pedro.
Achei que ele gostava da gente.
Bem, nós vamos ter que esperar para ver o que vai
acontecer, disse Dona Quati. É horrível pensar que a gente tem
inimigos que podem pôr fogo em nossa escola ou quebrá-la em
pedacinhos. Dona Quati estava bem zangada. É melhor vocês
voltarem para casa e ficarem lá até eu mandar voltar.

Quando Pedro Preguiça contou à sua mãe o que havia


acontecido na escola, ela começou a chorar. - Eu tinha um
pressentimento de que atguma coisa ia dar errado. Todas as
crianças estavam indo bem na Escola Pinhal e pareciam tão
contentes! Acho que era bom demais para durar. Não consigo
imaginar porque o Seu Branquinho iria fazer uma coisa dessas,
ela acrescentou, à medida que enxugava os olhos. Ele sempre
foi tão simpático. Eu vi alguns homens entrando na sua casa
hoje, mas eles não estavam armados. O filhinho dele passou
por aqui ontem e acenou para mim. Acho que está de férias da
Escola da Vila.
- Não sei não, disse, com tristeza. Vovô Preguiça. Não
se pode confiar nos seres humanos. Talvez esses homens que
entraram na casa estivessem planejando alguma malvadeza.
- É, acho que pode ser, disse a mãe de Pedro. Será que
Dona Quati conseguiu arrumar a escola? - Perguntou.
- Esse é o Roni Raposa, o meu monitor, disse Pedro.
Talvez ele traga notícias.

29
Ronaldo Raposa realmente trazia notícias - boas notí-
cias. Dona Quati Já havia ajeitado a sala e as crianças poderiam
voltar no dia seguinte. Roni estava avisando todas as crianças.
Eles conseguiram descobrir quem arrombou a escola? -
Perguntou a mãe de Pedro.
- Não foi propriamente um arrombamento, Roni res­
pondeu. A janela não estava trancada e quem entrou lá não
precisou arrombar nada, e talvez tenha sido mais de uma pes­
soa.
- É muito estranho - disse Dona Preguiça. O que será
que ele, ou eles, queriam?
- Você pode apostar que, se eles não conseguiram o
que queriam, vão voltar de novo, disse o vovô.

31
O Roni já estava saindo quando o vovô lhe perguntou:
- Por que a professora escolheu você para avisar as
outras crianças?
- Porque eu estou quase pronto para passar para o se­
gundo ano, respondeu o filhote de raposa, com muito orgulho.
Dona Quati disse que se a gente tivesse uma classe de segundo
ano, dentro de uma semana eu já poderia passar de ano. Mas,
para isso, a gente teria que ter uma segunda sala de aula. A
Escola Pinhal tem só uma sala de aula.
- Vocês também não iriam precisar de uma outra pro­
fessora? - Perguntou a mãe de Pedro.
- A Dona Castor disse que teria muito prazer em ser
nossa professora. Seus filhos já estão crescidos e ela tem mui­
to tempo disponível. Além disso, ela já deu aula para a segun­
da série.
- Bem, disse com sabedoria Dona Preguiça, acho que a
primeira coisa que você deve fazer é terminar a série que você
está cursando.
* - Certo, disse Roni. Agora preciso sair para avisar as
outras crianças. E saiu trotando pela estrada afora.
Quando Pedro e seus amigos chegaram à escola, no dia
seguinte, tudo parecia normal. Dona Quati ficou muito conten­
te em vê-los e eles, rapidamente, começaram a trabalhar em
seus cubículos. De tempos em tempos, durante a manhã, as pa­
tinhas eram levantadas chamando os monitores para supervi­
sionarem as atividades e, ocasionalmente, alguém fazia uma
verificação de unidade com Dona Quati. Havia um barulho
agradável de vozes e o ruído do equipamento de estudo. Dona
Quati estava feliz, embora, às vezes, seu rosto ficasse sombrio,
quando se lembrava da experiência triste do dia anterior.
Até a hora do almoço, Pedro já tinha sido aprovado na
verificação da Primeira Unidade e havia iniciado as atividades
da Segunda Unidade.
32
- Venha me ver quando você terminar de brincar no
parquinho - disse sua professora - e eu lhe darei seu boletim
para você mostrar a seus pais o que já aprendeu.
- E para o meu vô, também, disse Pedro, enquanto se
dirigia ao refeitório.

A tarde foi muito divertida. Os bichinhos pequenos


apostaram corrida e os animais com dentes mais fortes brinca­
ram de cabo-de-guerra. E a brincadeira mais divertida foi a que
os bichos tiveram de correr de costas. Dona Quati estava pres­
tando atenção no que estava acontecendo e dava risada, até
que quase deu um grito, quando desviou o olhar do parquinho
em direção ao sítio do Seu Branquinho. Cinco homens cami-
33
nhavam pela estrada em direção à Escola Pinhal e cada um de­
les carregava um enorme pedaço de pau. Dona Quati olhou ra­
pidamente para eies e gritou horrorizada:
- Crianças, entrem imediatamente para dentro! Os ho­
mens estão vindo do sítio do Seu Branquinho, carregando pe­
daços de pau para bater na gente. Venham! Venham depressa!
Houve imediatamente uma grande confusão no parqui-
nho, com os bichos correndo em todas as direções. Mas em
poucos minutos eies haviam sido conduzidos ou empurrados
para dentro do prédio da escola. Daí, então. Dona Quati colo­
cou-se em frente è porta da escola, mostrando seus dentes
afiados, com os olhos cheios de fúria, pronta para lutar até a
morte para defender todos os seus alunos. Quando o Seu
Branquinho chegou perto da escola, ela gritou:
- Vão embora! Joguem os paus e dêem o fora! Nós
não lhes fizemos nenhum mal. Deixem-nos em paz!
- Qual o problema de vocês, seus bichos bobos? -
Respondeu Seu Branquinho. Vocês ficaram malucos? Isso aqui
não é um simples pedaço de pau São tábuas para construir
mais uma sala para a escola. Vamos construir para vocês uma
sala para o segundo ano. Que espécie de vizinhos vocês pen­
sam que têm? Vamos, respondam!
Mas não houve resposta. Dona Quati havia desmaiado.

Naquela noite, Dona Preguiça contou toda a história


para o Seu Preguiça, depois que Pedro e Paula haviam ido pa­
ra a cama.
- Tudo começou, disse, quando seu Branquinho man­
dou André, seu filho, dar uma espiada na Escola Pinhal para
35
descobrir o que estava acontecendo. André estava de férias da
Escola da Cidade. O menino olhou várias vezes pela janela en­
quanto as crianças estavam lá dentro e as viu trabalhando
(numa das vezes, quando as crianças estavam almoçando, ele
foi visto por Dona Quati). E, após cada inspeção na escola, o
menino contava tudo que havia visto ao seu pai. Seu Branqui­
nho faz parte da Secretaria de Educação da Cidade. Quando
ouviu contar sobre o modo que ensinavam na Escola Pinhal, fi­
cou bastante empolgado. Duas noites atrás, ele e o André en­
traram dentro da escola para verem de perto os cubículos, o
material, os trabalhos e os registros feitos por Dona Quati.
Demoraram-se tanto que o sol apareceu e tiveram que correr
antes da escola abrir.
- Foi por isso que a professora encontrou toda aquela
bagunça? - Disse o Vovô, que estava escutando.
- Isso mesmo, disse a mãe de Pedro. Aí, então, Seu
Branquinho conseguiu fazer uma reunião, em sua casa, com a
Secretaria de Educação e contou-lhes o que havia descoberto.
E lá mesmo eles decidiram acrescentar uma outra sala para o
segundo ano da Escola Pinhal e concordaram em se encontrar
no dia seguinte, para fazerem o trabalho. Mas quando chega­
ram perto da escola com a madeira e as ferramentas necessá­
rias, as crianças correram para dentro, enquanto Dona Quati fi­
cou na frente da porta, tentando afugentar os homens. Ela
desmaiou quando ouviu que eles, na verdade, estavam lá para
ajudá-la.
- Vejam só, disse Seu Preguiça.
- Ei, e tem mais uma coisa, disse Dona Preguiça. Agora
eles vão ensinar o primeiro ano na Escola da Cidade do mesmo
jeito que na Pinhal.
- Hummm disse Vovô Preguiça - talvez os seres
humanos não sejam tão bobos quanto os bichos pensam...
E é aqui que termina esta história.
37
I
{

i
SOBRE O AUTOR

Nasceu a 2 de janeiro de 1899, em Rural Grove, um pe­


queno povoado no Vaie de Mohawk, no estado de Nova Iorque
(Estados Unidos). Devido a uma série de fatores, entre eles
mudanças freqüentes da família, entre a Flórida e Nova Iorque,
seus anos iniciais na escola foram bastante conturbados, sua
escolarização irregular e intermitente e ele não era considera­
do um bom aluno.
Abandonou o curso secundário para trabalhar como
operador de telégrafo. Em 1918, Keller se alistou no Exército
Americano, servindo além-mar com o exército de ocupação,
trabalhando em trens de transporte de munição e se envolven­
do em diversas batalhas.
Desligando-se do exército como sargento, ele voltou à
escola, no Goddard Seminar, em Barre, Vermont, graças a uma
bolsa para estudantes atletas e, depois de um ano, foi admitido
no Tufts College, atualmente Universidade de Tufts, em Massa-
chusetts. Deixou Tufts em 1924, sem colar grau, por faltar às
aulas de educação física e à capela.
Trabalhou durante um ano no jornal de Andover, em
Massachusetts, depois do que retornou a Tufts por um ano e
assegurou seu diploma, concentrando seu interesse em Litera­
tura Inglesa e Filosofia. No mesmo ano, em 1926, ingressou na
Harvard University, para um doutorado em Psicologia, (segun­
do ele, com base em uma entrevista de cinco minutos com o
Professar Boring e três cartas de apresentação). Desde que ob­
teve o doutorado em Harvard em 1931, Keller fez uma brilhante
carreira como cientista e como educador. O maior tempo de
sua carreira foi passado na Columbia University, de onde ele é
Professor Emérito de Psicologia, mas ele foi Professor convi­
dado de várias instituições de renome, ao longo dos anos, ten-

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do vindo ao Brasil, pela primeira vez, como professor convida­
do da Universidade de São Paulo, em 1961. Desde então sua
vinculação com o Brasil tem sido continuamente renovada: vol­
tou em 1964 como convidado da Universidade de Brasília e de­
pois, em 1972, 1978 e 1983, como convidado para participar de
reuniões científicas e emprestar o seu entusiasmo às novas ge­
rações de cientistas e estudantes de Psicologia, em diversos
centros educacionais do país.
Keller o um educador revolucionário, que aliou o melhor
do conhecimento científico, que ele mesmo ajudou a desenvol­
ver, a uma profunda preocupação com a grande aventura da
condição humana, na construção da História e do futuro. Ele
desenvolveu um sistema personalizado de ensino que pretende
garantir educação para cada um, ao invés de educação para to­
dos e considera que “o problema mais importante do futuro
imediato é o da educação. De sua solução dependerá a nossa
compreensão de outros problemas ainda muito mais complica­
dos com que o mundo se depara hoje como a produção de
energia e de alimentos, o controle populacional, a degradação
ambiental e a autodestruição".

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