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(Antonino Ferro,2000,4)
Este trabalho teve como objeto de investigação um recurso proveniente da Literatura e utilizado pela
Psicologia para fins terapêuticos: a história infantil[3] .
A tarefa que nos propusemos foi investigar o que acontece com a inserção de livros de histórias infantis na
relação terapêutica da ludoterapia sob a Abordagem Centrada na Pessoa, procurando saber se poderão
servir de recurso facilitador nas sessões terapêuticas da criança.
Para tanto, levantamos os estudos já realizados sobre o tema no âmbito da Psicologia Humanista e não
encontramos nenhum especificamente feito sob a ótica da Abordagem Centrada na Pessoa. Encontramos
algumas considerações na Gestalterapia feitas por Violet Oaklander, Erving Polster e Jean Clark Juliano,
outras feitas a partir da Psicologia Adleriana e uma outra no Psicodrama. Também encontramos pesquisas
e artigos clínicos nas áreas de Psicologia Hospitalar, Escolar e Psiquiatria, nas linhas de Psicologia
Comportamental, Psicanálise (incluindo a winnico iana e a kleiniana). E outros, na Psicologia de Erikson e
de Jung.
Como teoricamente não temos nada escrito sobre o relato de história infantil na Abordagem Centrada na
Pessoa, procuramos investigar a partir da prática o que aconteceria com seu relato como recurso
terapêutico, guiando-nos pelos ensinamentos de Virginia Axline, a partir de seu clássico “Ludoterapia – a
dinâmica interior da infância” (1972/1947).
Nossa leitura de Virginia Axline, e outros autores estrangeiros, buscou conceitos que nos ajudassem a
compreender as atitudes do terapeuta numa prática com crianças na Psicologia Clínica.
Em nossa trajetória mostramos primeiro, a justificativa para nosso estudo, na introdução teórica, uma
apresentação da Abordagem Centrada na Pessoa. Depois, o nascimento da ludoterapia centrada na
criança. Na seqüência, em seu processo mostramos aspectos sobre o ambiente em que ocorre a ludoterapia,
as atitudes do terapeuta, o valor dos limites e a participação indireta dos pais da criança. Em seguida,
comentamos sobre a comunicação entre o terapeuta e a criança. Tratamos desde o nascimento da literatura
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19/02/2019 A CRIANÇA E A HISTÓRIA INFANTIL NA ABORDAGEM DE CARL ROGERS [1] – APACP- ASSOCIAÇÃO PAULISTA DA ACP
para crianças à sua inserção no campo da Psicologia Clínica, para então, abordarmos o relato da história
infantil na ludoterapia de uma maneira geral, como recurso que facilita o processo da criança em
ludoterapia sob as diversas abordagens psicológicas.
O processo terapêutico da ludoterapia centrada na criança considera o brinquedo como a melhor forma de
comunicação com a criança. Também são bastante utilizados os desenhos, a argila e as tintas para pintura.
Abordamos como a história infantil pode, também, ser um meio de comunicação com ela.
“Ler, pra mim, sempre significou abrir todas as comportas pra entender o mundo através dos olhos dos
autores e da vivência das personagens… Ler foi sempre maravilha, gostosura, necessidade primeira e
básica, prazer insubstituível… E continua, lindamente, sendo exatamente isso!” (Fanny
Abramovich,1997,14)
As associações da história infantil, presente desde muitos anos em minha vida, com o processo
psicoterápico, surgiram a partir dos livros infantis de Clarice Lispector que, além de um sentimento de
admiração, causavam-me uma espécie de inquietude, de intimidade com a escritora que, através de sua
maneira de escrever, aproximava-se de mim enquanto leitora e, surpreendentemente, enquanto pessoa.
Então, eu pensava: esse livro, essa história, conseguiu despertar em mim pensamentos a meu próprio
respeito, facilitando minha percepção de sentimentos e resignificando-os. Portanto, uma sensação de
clareamento, de descoberta de mim mesma, surgida através da história. A relação escritora-história-leitora
produzia em mim novas possibilidades de pensar-sentir o mundo e facilitava-me compreender melhor
minha vida pessoal e, misturadamente, minha vida psicológica.
Desde o início do meu contato com a Psicologia, na graduação, os estudos dos recursos facilitadores do
processo psicoterápico infantil têm me chamado a atenção. Questionava-me sobre os diferentes meios
estabelecidos em cada abordagem e por que alguns ora conseguiam êxito com determinado recurso, ora
não conseguiam, podendo a causa para isso variar desde a escolha do recurso até sua abordagem específica
de trabalho.
Atualmente, por estar atendendo crianças em psicoterapia na Clínica Psicológica da PUC–Campinas, este
interesse aumentou, fazendo-me levar para a sessão de atendimento não apenas as histórias infantis
escritas por Clarice Lispector, mas muitas outras para que a criança pudesse escolher a partir de sua
própria preferência ou “necessidade” pessoal.
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2. Psicóloga. Mestre em Psicologia Clinica pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Professora
da disciplina “Psicoterapias: Teorias e Técnicas II – Psicologia Humanista Fenomenológico-Existencial”, na
Universidade do Vale do Sapucaí – UNIVÁS, em Pouso Alegre-MG.
3. Em 1971, a última reforma gramatical da língua portuguesa determinou que o termo “estória” não mais
designaria a narrativa ficcional. A ordem passou a ser que a grafia “história” fosse empregada tanto para
ciência histórica quanto para ficção.
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