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Além de apresentar fluxo intenso o bastante para promover a erosão de fundos marinhos e
a redistribuição de sedimentos previamente depositados, a circulação termohalina controla,
físico-quimicamente, à deposição de partículas no fundo oceânico. Há uma forte
dependência entre a solubilidade iônica e a temperatura. No caso dos oceanos, o exemplo
mais evidente esta relacionado à solubilidade do carbonato, que representa a base das
partes duras de um sem número de organismos marinhos. Assim, dependendo da
temperatura da água do fundo, pode ser que não ocorra a deposição das carapaças
carbonáticas, após a morte dos organismos, devido à sua solubilidade. Se a água de fundo
estiver baixa o bastante para permitir a solubilização do carbonato, não haverá a formação
de depósitos biogêncios carbonáticos. Nos oceanos circumpolares, as baixas temperaturas,
associadas à alta produção biológica, levam à formação predominantemente de depósitos
biogêncios silicosos, constituídos por esqueletos de Diatomáceas1 e Radiolários2.
1
S. f. pl. Bot.
1. Microrganismos autotróficos providos de uma rígida carapaça silicosa formada por duas valvas que
se encaixam, e que, em algumas espécies, é ricamente ornamentada. Vivem na água doce e na salgada,
formando, não raro, colônias gelatinosas.
2
S. m. pl. Zool.
1. Ordem de protozoários, actinópodes, ger. esféricos, com o protoplasma dividido, por uma cápsula
quitinosa com vários poros, em duas porções: interna e externa; e esqueleto em geral de sílica, ou sulfato de
estrôncio, e com espinhos radiados. São marinhos e pelágicos, ocorrendo até a 5.000m de profundidade.
O registro geológico revela que o planeta está sujeito a importantes mudanças climáticas,
que têm como causas principais fatores astronômicos, atmosféricos e tectônicos. As
mudanças climáticas, com registros de períodos glaciais e interglaciais têm reflexo
marcante, não apenas no volume de água armazenada nas bacias oceânicas, mas também
em grandes modificações nos sistemas de circulação oceânica.
O último evento glacial teve seu máximo há cerca de 18.000 anos (Período Quaternário) e
o aprisionamento de água nas calotas levou a um abaixamento em até 160 metros. Isto
significa que, durante o último glacial, quase todas as áreas que formam as atuais
plataformas continentais encontravam-se emersas, ou seja, submetidas a condições
ambientais completamente diferentes das atuais. Assim, a maioria dos grandes rios
transportava carga de sedimentos diretamente até o talude, levando a uma maior deposição
de sedimentos terrígenos nas partes mais profundas dos oceanos.
Em um ambiente praial, após a arrebentação, ocorre a zona de surfe e, após esta, a zona de
espraiamento (Figura 3).
3
Ponto onde não há maré, a partir do qual se distribuem as linhas de mesma amplitude de maré.
As margens continentais representam 20% do total da área ocupada pelos oceanos e podem
ser agrupadas em dois tipos principais, de acordo com sua morfologia e evolução tectônica:
as margens do “Tipo Atlântico” e do Tipo Pacífico”.
Plataforma Continental
A plataforma continental representa a extensão submersa dos continentes. Normalmente
apresenta gradientes suaves, inferiores a 1:1.000, desde a linha de praia até uma região de
aumento substancial do gradiente topográfico, chamada de quebra da plataforma
continental que se situa em profundidades médias de 130m nos oceanos mundiais.
Algumas plataformas são bastantes largas, especialmente nas margens passivas, mas suas
larguras variam de poucos quilômetros a mais de 400km, sendo a média 78km. Sua área
representa menos de 8% da área total dos oceanos. As variações de relevo ao longo das
plataformas continentais são relativamente pequenas, da ordem de 20m na média. Sua
topografia atual é resultante do efeito cumulativo de erosão e sedimentação, relacionadas a
numerosas oscilações de larga escala do nível do mar no último milhão de anos.
Talude Continental
A partir da zona de quebra da plataforma continental, as profundidades aumentam
rapidamente de 130 metros para 1500 a 3500 metros, sendo esta região denominada talude
continental. Esta província fisiográfica apresenta gradientes normalmente íngremes, com
valores médios de 1:15, podendo ser superiores a 1:40. Nas margens passivas, os taludes
continentais estendem-se até a província fisiográfica denominada elevação continental, que
apresenta uma nova quebra no gradiente topográfico para valores mais suaves, inferiores a
1:40. Os taludes continentais possuem larguras de pouco mais de 10km até cerca de
200km.
Os taludes são as regiões das margens continentais que apresentam as maiores espessuras
sedimentares, podendo ultrapassar 10km de espessura. A sedimentação derivada do
continente avança em direção à profundidades cada vez maiores, provocando o
deslocamento progressivo da região da quebra da plataforma continental e do talude
continental.
Sopé Continental
A província fisiográfica entre o talude e a bacia oceânica é denominada sopé continental
(vide Figura 4). De todas as províncias fisiográficas da margem continental, o sopé é a
mais difícil de se caracterizar, sendo mesmo impossível, em algumas áreas. Apresenta de
100 a 1000km de largura, marcado por um gradiente suave, variando de 1:40 a 1:800, com
média de 1:150, com valores decrescentes mar adentro, o que dificulta a determinação de
seu limite com as planícies abissais. Seus relevos locais são baixos, menores do que 40
metros, muito embora possam ser cortados por canais submarinos, que avançam a partir
dos sistemas de cânions do talude continental, com relevos superiores a 200m.
Comumente também, podem apresentar sistemas de cadeias de montanhas e montes
submarinos com relevos superiores a 1000m em muitos locais.
O sopé continental é formado por uma espessa acumulação de sedimentos com alguns
quilômetros de espessura transportados do continente e depositados na base do talude
continental.
As planícies abissais podem ser completamente isoladas umas das outras por elevações do
embasamento oceânico. Em diversos locais, no entanto, pode ocorrer uma estreita
passagem fazendo a conexão entre elas, caracterizando as passagens abissais.
Cadeias notáveis de montes submarinos ocorrem nos diversos oceanos como, por exemplo,
as cadeias de montes submarinos do Havaí, as cadeias de Vitória-Trindade no Atlântico
Sul e a cadeia de montes submarinos de Kevin e das Ilhas Madeira e Açores no Atlântico
Norte. A formação destes alinhamentos de montes vulcânicos formando cadeias é atribuída
à movimentação da placa litosférica sobre um ponto quente fixo no manto (hot spot).
O mapa morfológico dos oceanos normalmente chama atenção pela presença da cordilheira
meso-oceânica também conhecida como dorsal oceânica que é a mais conspícua4 de todas
as feições topográficas da Terra.
Esse sistema de cordilheiras estende-se por todos os oceanos com uma extensão total
superior a 70.000km, em profundidades médias de 2.500m.
4
Adj.
1. Que dá na(s) vista(s); visível.
2. Notável, eminente, distinto, ilustre.
3. Sério, grave, respeitável.
5
S. f.
1. Estado de intumescente; intumescimento, tumescência.
A Plataforma Continental Brasileira apresenta suas maiores dimensões junto à Foz do Rio
Amazonas, com larguras de 350km, na região de Abrolhos (246km), e ao longo de todo o
setor sul, onde atinge cerca de 200km na área entre Santos e Cananéia (SP).
A Plataforma Leste, gerada mais recentemente que a plataforma Sul, durante o evento de
formação do Atlântico Sul, apresenta largura reduzida, atingindo um mínimo de 8km de
largura defronte a Salvador (BA), onde ocorre uma transição plataforma-talude continental
situada a pequenas profundidades, com uma contribuição de sedimentos terrígenos pouco
expressiva na modelagem do relevo submarino. Esta pequena contribuição de sedimentos
terrígenos, associada às características da circulação oceânica, com massas d’água de
temperatura elevada e salina, implicaram o desenvolvimento de extensas formações
calcárias de algas e corais e no predomínio de sedimentos biogênicos.
O cone do Amazonas abrange uma área que se estende da borda externa da plataforma
continental até a elevação continental, ao largo da costa do Amapá, projetando-se por cerca
de 700km para Norte, atingindo profundidades entre 4.750 e 4.850 metros na planície
abissal de Demerara. O cone de Rio Grande, de menor expressão, se desenvolve desde a
borda da plataforma do Rio Grande do Sul até profundidades de 4.000 metros.