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e de Saneamento
Módulo 1
Planejamento
Aula 2
Elaboração de Projetoss
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<www.tcu.gov.br>
Permite-se a reprodução desta publicação, em parte ou no todo, semalteração do conteúdo, desde que citada
a fonte e sem fins comerciais.
CONTEUDISTA
Bruno Martinello Lima
Gustavo Ferreira Olkowski
Marcelo Almeida de Carvalho
Rafael Carneiro Di Bello
Victor Hugo Moreira Ribeiro
Rommel Dias Marques Ribas Brandao
REVISORES TÉCNICOS
Jose Ulisses Rodrigues Vasconcelos
Eduardo Nery Machado Filho
TRATAMENTO PEDAGÓGICO
Flávio Sposto Pompêo
Este material tem função didática. A última atualização ocorreu em agosto de 2017.
Na aula anterior tratamos das etapas iniciais de planejamento de uma obra pública, que
envolvem a obtenção de recursos orçamentários, a caracterização das necessidades que serão
atendidas pela obra, o estudo das alternativas possíveis para se atender a essas necessidades,
entre outras questões.
Nesta aula veremos a etapa de elaboração de projetos, que corresponde ao passo seguinte
para a concretização de uma obra pública. Veremos de que forma a alternativa escolhida a partir
dos estudos iniciais será desenvolvida e detalhada, mostrando os principais pontos que devem
ser observados para garantir uma boa execução dos projetos.
Módulo 1 - Planejamento..................................................................................................................... 3
6. Anteprojeto......................................................................................................................................... 11
7. Projeto Básico.................................................................................................................................... 15
7.3.1 Desenhos............................................................................................................................. 20
8. Licenciamento Ambiental............................................................................................................ 27
9. Projeto executivo............................................................................................................................. 36
10.1 Acessibilidade......................................................................................................................... 37
10.2 Sustentabilidade................................................................................................................... 44
Bibliografia.............................................................................................................................................. 53
Glossário.................................................................................................................................................... 55
1.Fase de projeto
Tribunal de Contas da União
A fase de projeto de uma obra pública é etapa fundamental para o sucesso do empre-
endimento. Ela não abarca apenas os projetos básico e executivo, mas todo um processo que
começa na caracterização de demanda, passa pelo programa de necessidades e pelos estudos de
viabilidade. O fluxograma apresentado na aula 1 ilustra bem as diversas etapas desse processo
preparatório até que se inicie a elaboração efetiva dos projetos.
Exemplificando, caso uma prefeitura tenha em seu quadro de pessoal apenas um arqui-
teto, não será possível a esse profissional sozinho desenvolver todos os projetos necessários à
construção de uma escola, pois esse trabalho demandará a participação de outros profissionais
especializados como, por exemplo, um engenheiro eletricista para desenvolver os projetos de
instalações elétricas ou um engenheiro civil para os projetos de estrutura. Nesse caso, uma alter-
nativa possível seria elaborar o projeto de arquitetura e contratar os demais projetos.
Ainda que o órgão possua em seu quadro de pessoal todos os técnicos especializados
necessários, é importante avaliar ainda a disponibilidade desses profissionais para elaborarem o
projeto sem que essa tarefa comprometa o desempenho de outras atividades prioritárias que,
eventualmente, sejam desenvolvidas por eles. Caso a elaboração dos projetos diretamente pela
equipe do órgão traga prejuízo ao desempenho dessas atividades prioritárias, a opção recomen-
dada seria licitar os projetos.
Essa prática não é recomendável do ponto de vista técnico, pois o projeto doado muitas
vezes não considera a demanda e a necessidade que o órgão levantou por meio dos estudos
preliminares (caracterização da demanda e programa de necessidades). Em outras palavras, o
projeto doado pode ter sido elaborado com pressupostos diferentes daqueles planejados pelo
órgão que pretende realizar a obra.
Há alguns anos, era comum a prática de doação de projetos às prefeituras e órgãos públi-
cos. Em muitos casos, verificou-se que eles continham erros que só ficaram evidentes quando da
execução da obra, causando problemas para o bom andamento dos serviços e gerando prejuízos
para a Administração. Além disso, o uso de um projeto recebido como doação pode prejudicar
a competitividade da licitação, uma vez que a empresa que tenha conhecimento prévio dos seus
detalhes terá vantagem em relação às demais participantes.
Outro problema relacionado a essas doações diz respeito à responsabilidade por eventuais
falhas constatadas no projeto. Diversas fiscalizações promovidas pelo TCU identificaram projetos
doados que não continham a identificação dos autores. Nesses casos o TCU tem apontado que
o gestor que aprovou o uso do projeto deve ser responsabilizado1.
1 - Acórdão 1.841/2008
Já vimos que os projetos de obras públicas podem ser desenvolvidos pelo próprio órgão,
caso disponha de setor técnico com número suficiente de profissionais para elaborar a atividade
de forma completa e adequada.
Contudo, em muitos casos, isso não é possível. Assim, o recurso disponível ao gestor para
elaboração dos projetos de uma obra passa a ser a contratação de uma empresa projetista para
realizar o serviço. Vale lembrar que mesmo nos casos de contratação, o órgão público permane-
ce com a responsabilidade de fiscalizar a execução do serviço e atestar a sua qualidade, sendo
recomendável que tenha em seu quadro de pessoal pelo menos um profissional, com experiência
na área, para acompanhar a elaboração dos projetos.
Deve haver um procedimento licitatório específico com vistas a contratar a empresa que
será responsável pela tarefa. A Lei 8.666/1993 caracteriza esse tipo de trabalho como um serviço
técnico profissional especializado e indica que sua contratação deve ocorrer, preferencialmente,
mediante a realização de concurso2. Em geral, a modalidade de concurso é utilizada apenas
para a contratação da concepção arquitetônica/urbanística, ou ainda para estudos preliminares
e etapas iniciais do desenvolvimento do projeto. Para a execução do projeto básico completo, as
modalidades convencionais (concorrência, convite, tomada de preços) são mais comumente uti-
lizadas. A escolha da modalidade e do tipo de licitação a ser realizado será tratada com
mais detalhe na aula 4.
Importante destacar que o art. 111 da Lei 8.666/1993 dispõe que o autor do projeto deve
ceder à Administração os direitos patrimoniais relativos ao projeto.
Embora o tema dos estudos prévios tenha sido abordado em detalhe na aula 1, vale lem-
brar que a possibilidade de desenvolver projetos de boa qualidade dependerá, em grande parte,
da qualidade desses estudos e das informações disponíveis para subsidiar os projetistas. Há nor-
mas que definem a amplitude mínima de determinados estudos de projeto, a exemplo da NBR
8036/83 que define um número mínimo de sondagens em razão da área a ser edificada.
para subsidiar o projeto, maiores são as chances de escolher uma solução eficiente e econômica
para a obra desejada.
Há casos em que os gestores optam por economizar na fase de projeto e exigem estudos
prévios simplificados e com abrangência inferior à recomendada. Porém, essa economia inicial
pode resultar, durante a obra, em custos muito mais elevados para a execução dos serviços
necessários.
A atualidade do projeto também é muito importante para qualquer tipo de obra. Quanto
maior for o tempo decorrido entre sua elaboração e execução, maior é a possibilidade de serem
modificadas as condições de implantação originalmente previstas. Isso exige que se faça uma
revisão do projeto para adequá-lo às novas condições existentes, antes da licitação das obras,
reduzindo assim o risco de prejuízos maiores durante a execução dos serviços.
Outro aspecto que deve ser observado quando da elaboração dos projetos de uma obra
pública é a necessidade de registro da Anotação de Responsabilidade Técnica junto ao conselho
regional de engenharia (Crea)3.
O projeto de uma obra envolve diversas áreas de conhecimento diferentes, que costuma-
mos chamar de disciplinas. Por exemplo, uma obra de edificação precisa de projetos de arqui-
tetura; estrutura; instalações hidrossanitárias, elétricas, lógicas, de combate a incêndio, além de
outras instalações especiais. Todos os profissionais envolvidos na elaboração dos projetos devem
fazer o registro, junto ao conselho profissional competente, da responsabilidade técnica pelos
trabalhos realizados. No caso dos engenheiros temos o Conselho Regional de Engenharia e
Agronomia (CREA), em que o documento de registro é chamado ART; no caso dos arquitetos
temos o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), em que o documento de registro é cha-
mado RRT.
6. Anteprojeto
O anteprojeto de engenharia é elaborado depois de concluídos o programa de necessi-
dades e os estudos de viabilidade. Nele, deve-se definir a concepção do objeto e as diretrizes a
serem seguidas no projeto, com a representação de seus elementos, instalações e componentes
de modo a possibilitar a avaliação do custo global da obra, por meio de orçamento sintético
ou metodologia expedita ou paramétrica.
4 - Lei 12.462/2011, art. 9º, §2º, inciso I e Decreto 7.581/2011 art. 73, § 1º.
É preciso que se defina qual é a “cara” que a obra vai ter. No anteprojeto de
uma casa, por exemplo, já deveria estar definido se a cobertura seria em telha
cerâmica (mais inclinado) ou uma simples laje impermeabilizada.
1 - http://www.freebievectors.com/pt/pre-visualizacao-do-item/77671/vetor-arquitectura-serie-desenho-de-
linha-projecto-de-linha/
2 - http://pro.casa.abril.com.br/photo/desenho-1?context=location#!/photo/desenho-1?context=location
Alguns desses parâmetros já foram tratados na aula 1, como adequação à demanda e impactos
ambientais. Veremos mais adiante nesta aula tópicos relacionados à acessibilidade e, na aula 5,
questões relacionadas ao funcionamento e à manutenção das obras após sua conclusão.
Atenção especial deve ser dada aos projetos de arquitetura e suas especificações, pois,
especialmente no caso de obras de edificações, são eles que vão definir o que a administração
pretende contratar.
Além disso, os projetos complementares restantes são, todos, realizados em função dessa
arquitetura; e de modo a viabilizá-la.
Não se poderia licitar o empreendimento sem delimitar qual a especificação do piso a ser
colocado, pois sem isso o contratante se arrisca a receber algo diferente daquilo que pretendia
inicialmente. Do mesmo modo, é imprescindível a indicação das especificações técnicas dos ma-
teriais a serem empregados, tais como forros, vidros, metais, tintas etc.
A elaboração dessa matriz envolve a avaliação da possibilidade de ocorrências que afetem negativamente
a obra, bem como o grau de impacto dessas ocorrências. Por exemplo, numa região em que chove muito,
é altamente provável que ocorram chuvas durante a execução da obra. Além disso, essas chuvas podem
atrapalhar o ritmo de execução dos serviços e causar atrasos. A matriz de riscos permitirá enxergar
com mais clareza quem será o responsável pela solução dos problemas causados por essas chuvas.1
O orçamento nesta etapa de projeto deve ser tão detalhado quanto possível, assim con-
vêm que as estimativas de preço sejam realizadas com base nos sistemas referenciais de custos
de obras públicas (Sinapi, Sicro e outros). As estimativas paramétricas e a avaliação baseada em
outras obras similares somente devem ser utilizadas nas partes do empreendimento que não
estiverem suficientemente detalhadas pelo anteprojeto5. Os sistemas de custos de obras pú-
blicas, métodos de estimativa de custos e outros tópicos relacionados ao orçamento da
obra serão abordados com mais detalhe na aula 3.
5 - Acórdão 1.510/2013-TCU-Plenário.
7. Projeto Básico
O projeto básico é, sem dúvida alguma, um dos elementos mais importantes tanto para a
licitação e a contratação como para a execução de obras públicas. Nele define-se detalhadamen-
te o objeto a ser licitado/executado e seu respectivo custo. O projeto básico é tão importante
que, como regra geral, tanto a lei de licitações (Lei 8.666/93) como a lei que instituiu o RDC (Lei
12.462/2011) proíbem a contratação de obras públicas sem que ele tenha sido devidamente
elaborado e aprovado. A única exceção, como dissemos no tópico anterior, é a contratação inte-
grada, que admite o uso do anteprojeto para se contratar a obra.
Sua definição legal é a seguinte: conjunto de elementos necessários e suficientes, com ní-
vel de precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços
objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares (pro-
grama de necessidades, EVTE e anteprojetos), que assegurem a viabilidade técnica e o adequado
tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da
obra e a definição dos métodos e do prazo de execução7.
A lei de licitações especifica ainda que os projetos básicos devem conter os seguintes
elementos:
7 - Lei 8.666/93, art. 6º, inciso IX, e Lei 12.462/2011, art. 2º, inciso IV.
Conforme a definição acima, o projeto básico deve conter informações detalhadas para
que se compreenda perfeitamente o objeto que está sendo licitado, como ele se desenvolverá,
em que prazo, e ainda possibilite a identificação e quantificação de todos os serviços que serão
executados, bem como a caracterização e quantificação de todos os insumos (mão-de-obra,
materiais e equipamentos) e seus respectivos custos.
Vale notar que, de acordo com a definição legal, a palavra “projeto” deve ser interpretada
de forma ampla, não se resumindo apenas aos desenhos técnicos (plantas), mas a um conjun-
to de documentos que detalham o objeto da licitação (a obra), entre os quais se podem citar
os memoriais descritivos, as especificações técnicas, a planilha orçamentária e o cronograma
físico-financeiro.
Não é demais lembrar que o projeto básico de uma obra deve ser elaborado por profis-
sional legalmente habilitado, com registro no conselho profissional, podendo ser contratada
empresa específica de engenharia ou arquitetura para sua elaboração, nos casos em que o órgão
não dispõe de uma quantidade suficiente de profissionais técnicos especializados. É importante
lembrar ainda que, mesmo no caso de contratação de empresa especializada, o administrador
público permanece com a responsabilidade de avaliar se os documentos e projetos fornecidos
são adequados, devendo exigir do contratado a realização de todos os ajustes necessários.
Além de exigir que a elaboração do projeto seja feita por profissional habilitado e com o
devido registro de responsabilidade técnica junto ao conselho profissional, a legislação determina
que é obrigatória a aprovação formal (por escrito) de todo o projeto básico pela autoridade com-
petente. Essa aprovação deve se dar previamente ao certame licitatório e serve para atestar que o
dirigente do órgão tomou conhecimento e está de acordo com todas as informações constantes
no projeto básico, bem como se responsabiliza pela sua completude e atualização.
Por fim, merece registro que, exceto nos casos de licitação na modalidade contratação
integrada, prevista pelo RDC, é vedada a participação na licitação e/ou na execução da obra
de qualquer pessoa física ou jurídica que tenha participado da elaboração do projeto básico da
obra, sendo permitido apenas na condição de consultor ou técnico, nas funções de fiscalização,
supervisão ou gerenciamento, exclusivamente a serviço da Administração interessada8.
O projeto básico deve ser o mais atual possível, de modo a se evitar modificações após a
contratação das obras. Entretanto, nas fiscalizações realizadas pelo TCU, é recorrente a verifi-
cação de utilização de projetos básicos desatualizados. Nesse contexto, os gestores costumam
apresentar a seguinte dúvida: por quanto tempo um projeto básico permanece válido?
A resposta não é tão simples e varia em função de inúmeros fatores, entre os quais se po-
dem destacar o tipo de empreendimento, mudanças ocorridas no local das obras, evolução das
tecnologias envolvidas, diretrizes políticas etc. O próprio programa de necessidades que originou
o projeto pode ter perdido sua validade, por não atender adequadamente à demanda atual. Por
esse motivo, antes da adoção de um projeto básico elaborado em anos anteriores, várias condi-
cionantes devem ser verificadas.
A primeira delas diz respeito à sua concepção. Em projetos básicos antigos, especialmente
quando elaborados sob a gestão de outros governantes, nem sempre as diretrizes que orien-
taram a sua concepção se encontram alinhadas com as do atual governo. Assim, quando isso
acontece, o primeiro ponto a ser observado é se as necessidades da população atendida perma-
necem plenamente atendidas com aquele projeto, sem a necessidade de se efetuar modificações
nele.
Outro aspecto a ser observado diz respeito às metodologias construtivas previstas, bem
como aos equipamentos originalmente especificados, que podem se tornar inadequados ou
ultrapassados após algum tempo.
Como visto anteriormente, o projeto básico é composto por desenhos, memorial descri-
tivo, especificações técnicas, planilha orçamentária e cronograma físico-financeiro, bem como
pelos estudos prévios que o amparam, tais como os geotécnicos, topográficos, geológicos, hi-
drológicos, a depender das necessidades de cada projeto.
Todas essas peças deverão possuir identificação contendo, pelo menos, nome e local da
obra, nome da entidade executora, tipo de peça/projeto, data das revisões, nome dos responsá-
veis técnicos, número de registro no CREA e respectivas assinaturas. Estão disponíveis, na biblio-
teca do curso, alguns exemplos de componentes de projeto para que você possa ter uma ideia
mais clara sobre cada um dos itens que serão descritos a seguir.
7.3.1 Desenhos
Tribunal de Contas da União
Fonte: http://downloads.caixa.gov.br/_arquivos/banco_projetos/projetos_his/
casa_42m2.pdf
Neste documento deve estar descrito, em linguagem tão clara quanto possível, o deta-
lhamento executivo de cada serviço, ou seja, o modo como deverão ser executados, as normas
técnicas aplicáveis, e, principalmente, os critérios para a sua medição, de modo a se evitar ques-
tionamentos futuros.
Além disso, deve conter descrição técnica dos materiais, equipamentos e sistemas constru-
tivos a serem aplicados, inclusive as condições para aceitação dos produtos e os testes aplicáveis.
O cronograma físico-financeiro deve ser atualizado sempre que houver alterações no prazo
da obra ou de uma de suas etapas, para que reflita as condições reais do empreendimento.
A dica para sanar essa dúvida é fazer a seguinte pergunta: se determinado desenho for
deixado apenas para o projeto executivo, pode haver necessidade de modificação das quantida-
des e/ou serviços da planilha orçamentária?
Se a resposta for positiva, o tal desenho deve, em regra, fazer parte do projeto básico. Se
a reposta for negativa, esse desenho pode ser elaborado apenas no projeto executivo da obra.
CASO PRÁTICO 1
Em uma obra de edificação, o projeto de formas e armação pode ser elaborado apenas após a contratação da obra?
Primeiro vale destacar que os itens de forma, armação e concreto são alguns dos mais significativos financeiramente
em obras de edificações.
É no projeto de formas que estão definidas as dimensões das peças da estrutura (lajes, vigas e pilares). Portanto, sem
ele não é possível calcular com grau adequado de precisão a quantidade de formas nem de concreto necessária à
execução da obra.
Da mesma forma, é no projeto de armação que estão os detalhamentos das armaduras de lajes, vigas e pilares,
bem como a tabela resumo contendo a quantidade e medidas utilizadas em cada um daqueles elementos. Essas
informações são essenciais para calcular adequadamente a quantidade de aço que deve constar na planilha
orçamentária da obra.
Existem índices para a quantificação de concreto, formas e aço, usualmente adotados quando não se dispõe dos
projetos detalhados. Porém esses índices não devem ser utilizados nas licitações regidas pela Lei 8.666/1993 pois
aumentam a imprecisão do orçamento e o risco de modificações posteriores.
Outro dado importante definido nos projetos de forma e armação é a resistência do concreto. O custo do concreto varia
bastante em função da sua resistência. A adoção, na planilha, de uma determinada resistência para o concreto sem a
definição anterior em projeto, aumenta, da mesma forma, a imprecisão e o risco de alterações futuras no orçamento.
Pela explicação acima, fica claro que tanto o projeto de formas como o de armação devem fazer parte do projeto
básico e, portanto, ser desenvolvido antes de licitar a obra.
CASO PRÁTICO2
Em uma obra de saneamento, é necessária a realização de sondagens para reconhecimento do subsolo ainda na fase
de projeto básico?
As sondagens são métodos de investigação do subsolo que tem por objetivo fornecer informações sobre o tipo de solo
do local: a composição, espessura e resistência das diversas camadas, a profundidade do nível d’água, entre outras.
Os itens referentes à escavação e ao escoramento estão entre os mais significativos financeiramente em uma
típica obra de saneamento. As características do solo que será escavado impactam bastante a forma de execução
desses serviços (escavação manual ou com escavadeira, escoramento aberto, semi-aberto ou fechado etc) e,
consequentemente, nas composições dos seus preços.
Por exemplo: a escavação de solo em local com nível do lençol freático elevado pode exigir a consideração de custos
para bombeamento da água; solos moles ou pouco compactos são mais fáceis de escavar (maior produtividade da
equipe e, portanto, menores custos de escavação), em contraponto requerem maior atenção com o escoramento
(maiores custos de escoramento); solos compactos ou duros reduzem a produtividade da equipe de escavação e a
necessidade de escoramento.
Como se pode observar, para viabilizar a previsão adequada dos custos da obra é fundamental a realização das
sondagens aindadenoEdificação
Obras Públicas projeto básico. Portanto, as sondagens devem ser realizadas antes da licitação da obra e suas
e de Saneamento
informações serão importantes para definir as próprias características do projeto.
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Levantamento topográfico
Sondagens
Projeto arquitetônico
Projeto de terraplanagem
Projeto de fundações
Projeto estrutural
Projeto de instalações hidrossanitárias (água fria, água quente, esgotos sanitários, águas
pluviais, irrigação e drenagem)
Obs: a depender da destinação da edificação, pode haver projetos para outras instalações
especiais, tais como circuito interno de televisão, sonorização, antenas de TV, controle
de acesso, automação predial, escadas rolantes, compactadores de resíduos sólidos, gás
combustível, vácuo, ar comprimido, oxigênio etc.
Projeto de paisagismo
Orçamento detalhado
Cronograma físico-financeiro
A OT - IBR 001/2006 detalha ainda qual seria o conteúdo mínimo de cada um desses pro-
jetos. Além da tabela para edificações (item 6.1), há tabelas específicas para obras rodoviárias e
obras de pavimentação urbana.
Projeto de interferências
Orçamento detalhado
Cronograma físico-financeiro
Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
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8. Licenciamento Ambiental
A lei determina que o projeto básico deve contemplar o adequado tratamento dos impac-
tos ambientais do empreendimento10, concretizado pelo licenciamento ambiental11, que tem a
seguinte definição: procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licen-
cia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizado-
ras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que,
sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental12.
O licenciamento ambiental é composto por três tipos de licenças que devem ser obtidas
na seguinte sequência:
As referidas licenças devem ser obtidas no órgão ambiental competente. A definição desse
órgão licenciador segue o critério da abrangência do impacto: se local, cabe aos municípios; se
extrapola mais de um município dentro de um mesmo estado, cabe a este estado o licenciamen-
to; se ultrapassa as fronteiras do estado ou do país, cabe ao órgão federal. A Resolução Conama
237/1997 detalha a regra, que pode ser resumida no quadro a seguir13:
Empreendimentos e atividades:
g. parcelamento do solo;
c. usinas de asfalto.
Vale observar que o Anexo 1 da Resolução 237/1997 do Conama relaciona apenas alguns
exemplos, de modo que outros tipos de empreendimentos podem necessitar de licenciamento
ambiental, desde que utilizem recursos ambientais e sejam considerados efetiva ou potencial-
mente poluidores, ou desde que sejam capazes de causar degradação ambiental.
Além disso, mesmo que não seja necessário obter esse licenciamento para o empreendi-
mento em si, o órgão público deve se certificar de que jazidas e bota-fora utilizados pela exe-
cutora da obra estão devidamente regularizados e possuem as licenças ambientais.
CASO PRÁTICO
Sua finalidade é definir as condições com as quais o projeto torna-se compatível com a pre-
servação do meio ambiente que afetará. É também um compromisso assumido pelo empreen-
dedor de que seguirá o projeto de acordo com os requisitos determinados pelo órgão ambiental.
A Licença Prévia deve ser obtida antes da conclusão do projeto básico, pois todas as me-
didas exigidas na licença devem estar devidamente previstas no projeto básico. Além disso, há
a possibilidade de o órgão ambiental manifestar-se pela inviabilidade ambiental da obra, o que
ensejaria a necessidade de alteração da localização e/ou de modificação de toda a concepção
do projeto.
b. Ferrovias;
d. Aeroportos, [...];
k. Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, acima
de 10MW;
p. Qualquer atividade que utilize carvão vegetal em quantidade superior a dez toneladas
por dia.
O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) deve: i) ser elaborado por equipe multidiscipli-
nar habilitada; ii) contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização de projeto,
comparando-as com a hipótese de não execução do projeto; iii) identificar e avaliar os impactos
ambientais gerados nas fases de implantação (que é a obra propriamente dita) e operação (que
corresponde ao uso posterior à conclusão das obras); iv) definir os limites da área geográfica a
ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, denominada área de influência do projeto;
considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza; e, por fim, v) consi-
derar os planos e programas governamentais, propostos e em implantação na área de influência,
e sua compatibilidade com o projeto.
Nos casos em que o impacto ambiental de determinada atividade for considerado não
significativo, o órgão ambiental competente pode solicitar outros estudos ambientais mais sim-
plificados17 que o EIA, tais como: (i) relatório ambiental; (ii) plano e projeto de controle ambiental;
(iii) relatório ambiental preliminar; (iv) diagnóstico ambiental; (v) plano de manejo; (vi) plano de
recuperação de área degradada; e (vii) análise preliminar de risco.
O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), por sua vez, consiste em uma espécie de resu-
mo do EIA, escrito em linguagem mais acessível, com o objetivo de atender à demanda da socie-
dade por informações a respeito do empreendimento e de seus impactos, devendo ser ilustrado
por mapas, quadros, gráficos e outras técnicas de comunicação visual, de modo que se possam
entender claramente as possíveis consequências ambientais do projeto e suas alternativas, com-
parando vantagens e desvantagens de cada uma delas18.
A licença de instalação deve ser obtida antes do início efetivo das obras.
Nessa ocasião, o órgão ambiental poderá, mediante decisão motivada, aumentar ou di-
minuir o seu prazo de validade, após avaliação do desempenho ambiental da atividade ou em-
preendimento no período de vigência anterior, respeitados os limites estabelecidos (de 4 a 10
anos)22.
Por fim, merece registro que o órgão ambiental monitora, ao longo do tempo, o trato das
questões ambientais e das condicionantes determinadas ao empreendimento.
9. Projeto executivo
Tribunal de Contas da União
De acordo com sua definição legal, projeto executivo é o conjunto dos elementos ne-
cessários e suficientes à execução completa da obra, de acordo com as normas pertinentes da
Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT23.
A NBR 13.531/1995, por sua vez, define projeto executivo como uma etapa destinada à
concepção e à representação final das informações técnicas da edificação e de seus elementos,
instalações e componentes, completas e definitivas, necessárias e suficientes à licitação (con-
tratação) e à execução dos serviços de obra correspondentes.
Diante dessas definições e considerando que o projeto básico também deve conter todos
os elementos necessários e suficientes à caracterização da obra, elaboração de seu orçamento e
sua licitação, pode surgir a dúvida de quais seriam efetivamente os elementos que diferenciam
o projeto básico do executivo.
Em síntese, pode-se dizer que o projeto executivo seria o projeto básico complementado
por informações que não acarretem impacto no orçamento ou que este impacto seja mínimo e
insignificante24.
Cita-se, como exemplo, o projeto estrutural de uma edificação em concreto armado, que,
como visto anteriormente, deve, obrigatoriamente, fazer parte do projeto básico. As plantas de
formas são peças constantes de um projeto de estruturas. Nelas serão discriminadas as dimen-
sões de todos os elementos estruturais da obra. A partir dessas plantas, o orçamentista pode
calcular os quantitativos de forma para incluir o serviço na planilha orçamentária, considerando
as dimensões de cada viga, pilar, laje, bem como o tipo de forma a ser utilizada para a confecção
desses elementos.
São detalhes importantes à execução da obra, que visam à eficiência no uso dos recursos
e reduzem o risco de erros construtivos, mas que não têm impacto no custo da obra, já que não
se modificam as quantidades ou as dimensões dos elementos estruturais; nem a quantidade de
aço ou as especificações do concreto.
Foram abordados apenas os tipos de informação, sem maiores detalhes sobre as escolhas
que o gestor deve fazer durante a elaboração dos projetos. Qual critério deve ser utilizado, por
exemplo, para definir se o corredor de um prédio vai ter a largura de 1 m ou de 2 m?
Não seria possível detalhar todos os aspectos relacionados a essas escolhas, tendo em vista
que as possibilidades são praticamente infinitas e os condicionantes são diferentes para cada
projeto. Isso significa que o gestor público tem a responsabilidade de fazer as melhores escolhas
possíveis, visando atender ao interesse público, não existindo uma fórmula específica para se
definir previamente qual escolha é a mais adequada.
Apesar de não existir uma fórmula, existem alguns requisitos que devem servir de orien-
tação ao gestor público e aos profissionais responsáveis técnicos quando definem qual caminho
seguir durante a elaboração de um projeto de obra pública. Alguns desses requisitos serão de-
talhados a seguir.
10.1 Acessibilidade
25 - Exemplos extraídos do livro “Obras públicas Comentários à Jurisprudência do TCU”, Campelo, Valmir; e Cavalcante, Rafael Jardim;
editoria Fórum, 2012.
26 - Lei 10.098/2000, art. 2º, inciso I..
As disposições federais que tratam do tema estão em sua maior parte abrangidas pelas
Leis 10.048/2000 e 10.098/2000 — que tratam do atendimento prioritário (a idosos, gestantes,
deficientes etc) e da promoção da acessibilidade —, e do Decreto 5.296/2004, que regulamenta
essas leis. Além disso, a Norma Brasileira NBR 9.050/2015, da Associação Brasileira de Normas
Técnicas – ABNT, tem papel importante ao definir em detalhes uma série de parâmetros que
devem ser observados.
Quando se fala em acessibilidade, logo pensamos nas pessoas que utilizam cadeiras de
rodas, mas vale lembrar que essa ideia não se limita aos cadeirantes, incluindo qualquer pessoa
que tenha algum tipo de limitação, ainda que temporária, a exemplo de crianças, gestantes,
idosos, deficientes visuais, deficientes auditivos, acidentados que estejam ainda em recuperação,
entre outros.
Qual seria o papel do gestor público para garantir que os requisitos de acessibilidade sejam
cumpridos nos projetos sob sua responsabilidade?
ACÓRDÃO 2.170/2012
Em 2012 o TCU realizou auditoria para avaliar as condições de acessibilidade nos edifícios dos órgãos e
entidades públicos federais, que resultou no Acórdão 2.170/2012 – TCU - Plenário. As conclusões do trabalho
indicaram que parcela significativa das edificações não atende aos requisitos de acessibilidade, embora a
legislação e as normas sobre o tema sejam suficientemente detalhadas para possibilitar a orientação dos
gestores, o que reforça a necessidade de o gestor público agregar essa preocupação às suas diretrizes de
ação governamental.
O que se verifica na prática, conforme demonstrou a auditoria realizada pelo TCU, é que
essas exigências não têm sido suficientes para garantir que as obras contribuam efetivamente
para a inclusão social das pessoas portadoras de deficiências ou com mobilidade reduzida, uma
vez que as normas previstas acabam sendo descumpridas. É preciso, portanto, que o gestor este-
ja atento à importância dessa questão e exija dos profissionais o cumprimento de tais requisitos,
tratando-os como prioridade.
A NBR 9050/2015 prevê uma série de soluções que podem ser adotadas em projeto para
eliminar barreiras. No entanto, não seria possível expor todas essas soluções e seus detalhes
técnicos no âmbito deste curso. Em função disso, relacionam-se a seguir alguns exemplos dos
principais elementos a serem observados, não somente em obras públicas, mas mesmo em obras
particulares que possuam acesso público, como centros comerciais, cinemas etc:
https://thaisfrota.files.wordpress.com/2010/07/museu-do-futebol-vagas-acessiveis.jpg
http://www.
rhinopisos.com.br/_
libs/imgs/final/631.jpg
http://assimcomovoce.folha.blog.uol.com.br/images/cine5.jpg
http://2.bp.blogspot.com/_vEPHrBHF8qY/R7GdWN0yvxI/
AAAAAAAAAW0/Q8bM8nofMpQ/s400/banheiro%2Bseguro.jpg
http://4.bp.blogspot.com/_uOJYI-fTo80/TTSHF4DXE6I/
AAAAAAAAAFU/6oJ7NaAApbw/s1600/DSC00499.JPG
http://www.cemear.com.br/wp-content/gallery/pisos-de-borracha/indicativo-de-
alerta-e-direcao.jpg
https://lh6.googleusercontent.com/-46pfaxFgI84/TYvI7gRUldI/
AAAAAAAAARU/7ibXO-VBgQs/s1600/DSCN0471+red+50.jpg
Essas diretrizes de acessibilidade devem estar presentes desde as etapas iniciais de concep-
ção do projeto, pois eventuais adaptações realizadas posteriormente costumam ser mais caras e
apresentar resultados menos satisfatórios, uma vez que as possibilidades de solução tornam-se
mais restritas. Por exemplo, se um edifício for projetado sem a previsão de rampas de acesso, a
adaptação futura com a inclusão das rampas pode ser impossível por falta de espaço. Isso pode
resultar na necessidade de colocação de elevadores, os quais possuem custos maiores de implan-
tação e manutenção.
Além disso, as soluções devem ser implantadas de maneira criteriosa e seguindo rigorosa-
mente os parâmetros previstos na norma. Caso contrário, a segurança dos usuários e o próprio
funcionamento da solução podem ficar comprometidos. A construção de uma rampa com in-
clinação excessiva, por exemplo, pode aumentar o
risco de queda dos usuários, mesmo daqueles que
não possuem mobilidade reduzida, além de impos-
sibilitar a utilização por cadeirantes.
10.2 Sustentabilidade
Tribunal de Contas da União
As atividades da construção civil são responsáveis por parcela significativa dos impactos ge-
rados pelo homem sobre o meio ambiente, o que torna pertinente a exigência de licenciamento
ambiental, conforme abordado em tópico anterior. No entanto, as obrigações do gestor público
em relação aos cuidados com o meio ambiente quando planeja e executa obras não se limitam
às exigências do licenciamento.
Alguns exemplos dos impactos mais usuais causados pelas obras são a geração de entulho
e lixo, o impedimento de que as águas da chuva penetrem no solo, o desmatamento, a extração
de recursos naturais como madeira, pedras e areia. A aplicação de princípios de sustentabilidade
na elaboração de projetos e na execução de obras públicas pode reduzir significativamente esses
e outros impactos.
Mais do que um elemento que agrega valor ao projeto, o uso de critérios de sustentabili-
dade ambiental na concepção de obras públicas é um dever do gestor. Desde a década de 1980
a legislação brasileira já previa princípios orientadores de uma ação governamental que promova
o desenvolvimento associado à preservação do meio ambiente, a exemplo da Lei 6.938/1981,
que instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente, e da própria Constituição Federal de 1988.
Com a Lei Federal 12.349/2010, a “promoção do desenvolvimento nacional sustentável” passou
a constar explicitamente como um dos objetivos fundamentais da licitação.
“as especificações para a aquisição de bens, contratação de serviços e obras por parte dos
órgãos e entidades da administração pública federal (...) deverão conter critérios de sus-
tentabilidade ambiental, considerando os processos de extração ou fabricação, utilização e
descarte dos produtos e matérias primas”.
Vale lembrar que essa Instrução Normativa é aplicável aos órgãos do Poder Executivo
Federal e também a todos os estados e municípios que executem recursos federais transferidos
por meio de convênio, contrato de repasse ou outros instrumentos semelhantes. Assim, o de-
senvolvimento de projetos para obras públicas deve contemplar elementos de sustentabilidade e
redução do impacto ambiental.
27 - “Nosso Futuro Comum” - Relatório, elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da Organização das
Nações Unidas – 1988.
Grande parte das soluções ditas sustentáveis podem apresentar custos mais elevados de
implantação, os quais podem ser compensados pela maior durabilidade ou pela redução nos
custos de manutenção e operação. Todos esses fatores devem ser ponderados nas escolhas de
projeto e, caso a solução não se mostre viável, a alternativa deve ser descartada.
http://www.epo.
com.br/wp-content/
uploads/2010/12/101228_
SITE_RA_PDZ_24.jpg
• utilização de sistemas que reduzam o consumo de água como, por exemplo, torneiras
automáticas e descargas com acionamento duplo;
http://www.acessibilidadenapratica.com.br/wp-content/
uploads/2012/01/92117-torneiras-para-banheiro-com-sensor-2.jpg
http://lagyn.com.br/public/imagem/conteudo/ckfinder/images/dicas/Selo-
Procel-img.jpg
• utilização de energias alternativas à elétrica, como, por exemplo, a energia solar para
aquecimento de água e suprimento da edificação como um todo;;
http://thonilitsz.arq.br/a-energia-solar-explicada-para-
nosso-uso/#.U_yhP_ldXcg
Há, portanto, diversas soluções que podem e devem ser avaliadas e implantadas pelo ges-
tor público na execução de obras. Essas soluções podem ser aplicadas a qualquer tipo de obra,
seja de pequeno, médio ou grande porte. Para tanto, é preciso que o gestor considere a questão
da sustentabilidade ambiental como um componente fundamental dos seus projetos, transmi-
tindo aos profissionais responsáveis técnicos as diretrizes necessárias, desde o momento da con-
cepção e não apenas como um complemento. Isso significa que a necessidade de atendimento
de quesitos de sustentabilidade deve ser registrada desde as etapas iniciais de contratação, nos
editais de licitação dos estudos e projetos.
http://www.
forumdaconstrucao.
com.br/conteudo.
php?a=23&Cod=1471
Exemplo desse tipo de solução seria um material produzido a partir de reciclagem, mas
que possua baixa durabilidade e elevados custos de manutenção. O risco de adotar uma solução
imprópria reforça a necessidade de que o gestor público esteja atento às alternativas disponíveis
no mercado e que os profissionais forneçam informações corretas e completas para orientar as
decisões de projeto.
A NBR 15.575/2013 foi uma inovação importante na indústria da construção civil. Trata-se
de uma norma técnica da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que estabelece parâ-
metros e requisitos de desempenho para edificações habitacionais, a serem avaliados por meio
de ensaios que descreve.
Um conceito importante trazido pela norma é o de que o desempenho da obra tem re-
lação direta com os componentes, elementos e sistemas da edificação. O componente é uma
“unidade integrante de determinado sistema da edificação, com forma definida e destinada a
Os requisitos de desempenho mais importantes que devem ser avaliados em cada um dos
sistemas que integram a edificação são:
III. segurança no uso e operação da edificação, incluindo critérios que visam minimizar a
possibilidade de ferimentos nos usuários, causados, por exemplo, por choques elétricos,
tropeções, quedas e queimaduras;
Outro conceito previsto na norma é o de Vida Útil de Projeto (VUP), assim considerado o
período de tempo estimado em projeto durante o qual a obra consegue atender sua finalidade,
considerando as manutenções periódicas a serem realizadas. De acordo com a NBR 15.575/2013,
a VUP deve ser explicitamente registrada no projeto. Na ausência de indicação explícita em pro-
jeto, deverão ser adotados os parâmetros mínimos. O quadro a seguir indica os prazos de VUP
para diversos sistemas29:
VUP (anos)
SISTEMA
Mínimo Intermediário Máximo
Estrutura ≥ 50 ≥ 63 ≥ 75
Pisos internos ≥ 13 ≥ 17 ≥ 20
Vedação vertical externa ≥ 40 ≥ 50 ≥ 60
Vedação vertical interna ≥ 20 ≥ 25 ≥ 30
Cobertura ≥ 20 ≥ 25 ≥ 30
Hidrossanitário ≥ 20 ≥ 25 ≥ 30
* Considerando periodicidade e processos de manutenção segundo a ABNT NBR 5674 e especificados no respectivo Manual
de Uso, Operação e Manutenção entregue ao usuário elaborado em atendimento à ABNT NBR 14037
A norma também destaca que, antes de elaborar o projeto, devem ser realizados levan-
tamentos detalhados das condições locais onde será implantado o empreendimento, entre os
quais a sondagem do solo e o estudo das condições climáticas. Isso porque as condições do local
de implantação afetam diretamente o desempenho da edificação.
29 - CBIC. Guia Orientativo para Atendimento à Norma ABNT NBR 15575/2013, p. 197.
Vimos a possibilidade de que os projetos sejam elaborados pelos próprios servidores da ad-
ministração pública — desde que devidamente qualificados e em número suficiente para garantir
um projeto completo e atual —, ou por uma empresa contratada. Mesmo no caso de contrata-
ção do projeto, o gestor público permanece responsável por atestar a qualidade e adequação
dos documentos recebidos.
Detalhamos também quais são os elementos que devem constar de cada uma dessas eta-
pas de projeto, como desenhos, especificações técnicas, planilhas, memoriais e suas respectivas
informações.
Por fim, observamos alguns dos requisitos essenciais que devem orientar o gestor público
nas escolhas que faz durante a elaboração dos projetos, relacionados à acessibilidade, à susten-
tabilidade e ao desempenho de edificações.
Acórdão 1.510/2013-TCU-Plenário.
Acórdão 1.841/2008-TCU-Plenário
TCU – Tribunal de Contas da União. “Obras Públicas: Recomendações Básicas para a Contratação
e Fiscalização” – 3ª Edição, TCU/SecobEdificação, 2013.
Decreto 5.296/2004
Decreto 7.983/2013
IN 01/2010 SLTI
Lei 10.048/2000
Lei 10.098/2000
Lei 10.098/2000
Lei 12.349/2010
Lei 5.914/66
Lei 6.938/1981
Lei 8.666/1993
CAMPELO, Valmir; JARDIM, Rafael. Obras Públicas: comentários à jurisprudência do TCU. Belo
Horizonte: Fórum, 2012.
MILARÉ, Édis; BENJAMIN, Antonio Herman V. Estudo prévio de impacto ambiental: teoria, prática
e legislação. São Paulo: RT, 1993.
NBR 13.531/1995
NBR 13.532/1995
NBR 15.575/2013
NBR 9.050/2015
Orientação Técnica 1/2006 do Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras Públicas (OT - IBR
001/2006)
Súmula 158
Súmula 260
Súmula 261
contratação integrada - regime de execução contratual de obras públicas criado pela lei que
instituiu o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC) - Lei 12.462. Nesse regime é
permitida a contratação da obra a partir do anteprojeto e o desenvolvimento posterior deste
(que resultará nos projetos básico e executivo) fica a cargo da própria empresa responsável pela
execução da obra.
jazidas - depósito natural de uma ou mais substâncias úteis. Esse termo é utilizado em obras
para designar o local de extração de materiais utilizados na execução como pedras e areia.
jurisprudência - conjunto de interpretações que os tribunais dão à lei, nos casos concretos sub-
metidos ao seu julgamento.
medidas de controle ambiental – são medidas que visam (i) acompanhar as condições do fator
ambiental afetado de modo a validar a avaliação do impacto negativo identificado e/ou da eficá-
cia da medida mitigadora proposta para este impacto, e (ii) servir de subsídio para proposição de
mitigação ou mesmo para aumento do conhecimento tecnológico e científico. São exemplos de
medidas de controle: o monitoramento da qualidade da água de um rio, por meio de medições
periódicas; o monitoramento do nível de ruído gerado pelo canteiro de obras; o monitoramento
da qualidade do ar, próximo a áreas onde há emissão de poluentes etc
medidas mitigadoras - medidas que tendem a reduzir os impactos causados pela atividade
geradora de degradação ambiental.
nível de serviço - definição que orienta o grau de qualidade dos serviços prestados. De forma
simplificada, poderíamos dizer que a classificação dos acabamentos de uma obra em: padrão
baixo, padrão médio e padrão alto é uma espécie de indicação de nível de serviço.
obras de terra - obras que utilizam o solo como elemento construtivo e funcional, podendo o
solo ser natural ou alterado artificialmente (com adição de cimento, por exemplo). Como exem-
plos de obras de terra temos: taludes, contenções, muros de arrimo, barragens de terra e de
enrocamentos.
orçamento sintético – esse é um tipo de orçamento que possui grau de detalhamento menor
do que o exigido, por exemplo, na etapa do projeto básico. Suas características serão melhor
explicadas na aula 3.
padrões ambientais – são parâmetros que devem ser observados em determinada atividade,
no que diz respeito aos níveis aceitáveis de impacto ambiental gerado, como por exemplo: a
quantidade máxima admissível de determinada substância presente nas águas dos rios, o nível
de ruído máximo admissível em determinadas áreas da cidade etc.
Sicro - sistema referencial de custos de obras rodoviárias mantido pelo Departamento Nacional
de Infraestrutura de Transportes. Embora o sistema trate principalmente de obras rodoviárias,
traz parâmetros que também podem ser utilizados em diversos outros tipos de obra.
Sinapi - sistema referencial de custos de obras mantido pela Caixa Econômica Federal. Esse é o
principal sistema utilizado na orçamentação de obras públicas federais e tem enfoque em obras
de edificação e saneamento. No entanto, assim como no Sicro, os parâmetros disponíveis do
sistema podem ser adaptados e aplicados aos mais variados tipos de obra.
Súmula - texto que busca traduzir de forma clara um entendimento do tribunal sobre determi-
nado tema, que tenha sido anteriormente objeto de dúvida e controvérsia.