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A R T I G O

POR UMA PRODUÇÃO SOCIOLÓGICA: ENTRE A


NARRATIVA HISTÓRICA E O SABER RACIONAL
ROSEMARY DE OLIVEIRA ALMEIDA*
GEOVANI JACÓ DE FREITAS**
JOÃO BOSCO FEITOSA DOS SANTOS**

RESUMO
O objetivo do artigo é refletir sobre o entendimento de
que a análise sociológica passa pela articulação entre
Introdução perspectivas e métodos teóricos, históricos e experimen- como categoria central nos
tais, provenientes do mundo objetivo e subjetivo da vida
social. O texto é resultado de leituras, notas de aula e estudos sociológicos.
conversas com professores da área de Metodologia de
A busca do conheci- Pesquisa. Tomando como ponto de partida a análise da Essas considerações não
narrativa, percebe-se que ela não é uma ciência, mas
mento sociológico se emara- faz parte do texto científico, que une e ilumina o espírito pretendem recompor toda a
do filósofo, do cientista e o de mulheres e homens co- veste histórica das teorias e
nha na rede de acontecimen- muns, ao relatarem com emoção e simplicidade as suas
tos entrelaçados em relações experiências cotidianas. metodologias da Sociologia
Palavras-chave: metodologia de pesquisa, narrativa his-
sociais e culturais no sentido tórica, cientista social, análise sociológica. no tempo. Pretende, muito
de compreender a dinâmica ABSTRACT mais, realizar uma análise
The objective of this article is to reflect on the unders-
da realidade. Esta procura tanding that the sociological analysis is made through que ultrapasse as explica-
põe em xeque paradigmas the articulation between theoretical, historical and expe- ções extremistas e/ou sínte-
rimental methods, that exist on the objective and sub-
teóricos tradicionais e con- jective world of the social life. This text is a result of rea- ses confusas que buscam um
dings, class notes and conversations with teachers from
temporâneos voltados tanto the research methodology area. Taking as starting point consenso da compreensão
the analysis of the narrative, it is understood that it is
para perspectivas macroes- not a science, but is part of the scientific text, that unify sociológica. A intenção não é
and brings to light: the spirit of the philosopher, of the
truturais quanto para olhares scientist, and of ordinary women and men, who tell with de consenso, mas de dissen-
emotion and simplicity its daily experiences.
microcotidianos. Keywords: research methodology, historical narrative, so (ALEXANDER, 1987),
science scientist, sociological analysis.
A análise sociológica visto que, ao analisar o so-
intenta desde sua origem * Doutora em Sociologia, professora do Curso de Ciên- cial, trabalha-se não apenas
cias Sociais e do Mestrado Acadêmico em Políticas Pú-
analisar questões estruturais, blicas e Sociedade/MAPPS, da Universidade Estadual do com estruturas e fenômenos
Ceará (UECE).E-mail: rosemary.almeida@uol.com.br
o que lhe confere a dimen- ** Doutor em Sociologia, professor do Curso de Ciên- sociais, mas também com
cias Sociais e do Mestrado Acadêmico em Políticas Pú-
são de ciência analítica das blicas e Sociedade/MAPPS, da Universidade Estadual do indivíduos, culturas e subje-
macroestruturas que elucida Ceará (UECE). E-mail; giljaco@uol.com.br
*** Doutor em Sociologia, professor Adjunto do Curso de
tivação de seres envolvidos
Ciências Sociais e do Mestrado Acadêmico em Políticas
a existência dos indivíduos Públicas e Sociedade/MAPPS, da Universidade Estadual nos mais variados modos
em sociedade. Em verdade, do Ceará (UECE). E-mail: bosco_feitosa@yahoo.com.br de expressão da vida e do
grandes paradigmas rechearam seu estatuto de ciên- pensamento. Entendendo, portanto, que as questões
cia, cada vez que se submetiam a dúvidas o declínio estudadas pelo conhecimento sociológico são muito
de um referencial teórico e a instituição de um novo extensas e intensas, não é possível deixá-las à mercê
modelo sociológico. Do extremo das análises macro, das teorias, sejam quais forem.
chegou-se ao extremismo de análises microscópicas Há, neste sentido, um movimento de articula-
dos fenômenos e contingências sociais e do sujeito ção entre os métodos de análise da Sociologia e os de

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outras ciências. A História, por exemplo, é uma dessas históricos e experimentais, provenientes do mundo
disciplinas; e a interlocução entre sociólogos e histo- objetivo e subjetivo da vida social.
riadores permite adentrar a compreensão das estru-
turas sociais e a experiência objetiva dos fatos históri- 2. Indícios: a narrativa na Sociologia e o sociólogo
cos, bem como compreender o campo das sensações, narrador…
das emoções e do mundo simbólico das relações. A
Sociologia mergulha nas singularidades culturais do O sociólogo trabalha com projetos teóricos?
mundo objetivo e subjetivo, sem, contudo, abandonar Narra ou explica teorias? Reproduz ou formula
seu papel na compreensão das realidades amplas, fe- raciocínios?
cundada pelo conhecimento acumulado das teorias Narrar sociologicamente não significa reproduzir
teorias e o real em sua aparência. Significa “contar” os
clássicas. Talvez esse debate entre subjetividade e obje-
cantos da teoria e da realidade com rigor científico, mas
tividade não precisasse mais vir à tona, haja vista que,
também com criatividade; com o olhar que enxerga
na dinâmica do curso histórico-social, as mudanças
amplitudes, mas também com o olhar que enxerga o
correm, os fenômenos e os indivíduos se aproximam
mundo vivido; com a mão que registra explicações
e se distanciam, ao mesmo tempo, se entrelaçam e se
profundas das estruturas, mas também com a pintura
imbuem de sentidos diversos, cada vez mais. Não é
do obscuro por meio das interpretações; com o
possível, pois, interpretá-los mediante ponto de vista
pensamento que analisa a objetividade dos fatos na
único, seja ele estrutural ou cultural. A compreensão
generalidade social, mas também na singularidade
racional das relações sociais passa pela produção dos do real. Realiza-se esse esforço sem esquecer o
discursos e pontos de vista diversos, enfim, pela pro- compromisso ético de produção de conhecimento.
dução de conhecimentos que se realizam no espaço Portanto, um conhecimento que busca deixar sua
público da vida social. O raciocínio sociológico não marca e seu estilo na análise dos fenômenos com
se constitui unicamente por meio da esfera privada, fins de constatá-los, compreendê-los, explicá-los
do subjetivismo; tampouco do objetivismo, do deter- e, quiçá, com fins práticos de contribuir para sua
minismo, mas se institui na interface com o espaço transformação social.
social, como ação pertencente às várias dimensões A Sociologia pode muito bem se relacionar com
individuais e coletivas. Sem a lente de aumento das a Literatura como mais uma possibilidade de elucidar
várias ópticas, a análise sociológica poderá definhar fatos sociais que, mediante a ficção – aspecto rele-
e perder-se na concepção estrutural dominante, sem vante no estilo literário –, faz emergir os destinos das
a devida articulação com a experiência, ou deixar-se personagens, retratando, muitas vezes, a história de
levar por outros paradigmas baseados apenas em pes- homens e mulheres, cujas experiências estão enraiza-
quisas empíricas. Uma coisa nem outra, como anota das num mundo particular de relações determinadas
Alexander (1987, p. 5), ação e estrutura precisam ser e construtoras de novas determinações. Até que pon-
agora articuladas. to ficção e realidade se aproximam para compreen-
O objetivo desse artigo é, neste sentido, argumen- der experiências humanas? O romancista, por exem-
tar a favor de uma análise sociológica que passe pela plo, ao buscar o recurso da narrativa, encontra essa
articulação entre perspectivas e métodos teóricos, aproximação quando escolhe um entrecho que narra

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acontecimentos e experiências humanas por meio da cotidianos, baseados na narrativa dos fatos vividos e
história e da ação das personagens. contados pela tradição oral, os registros da ciência po-
É importante perceber, contudo, que a relação da dem se tornar mudos, incipientes, haja vista que são
Sociologia com a Literatura não se justifica, nem quan- as experiências do mundo vivido que dão tom e cor
do escritores usam apenas a descrição e a observação ao discurso, à escrita, à análise. Segundo Benjamim
com intuito de tornar científica a literatura (LUKÁCS, (1985, p. 198), as melhores narrativas escritas são as
1965), nem desembocando num subjetivismo das re- que menos se distinguem das histórias orais contadas
lações psicológicas das personagens. É, antes de tudo, pelos inúmeros narradores anônimos. Os anônimos
uma relação de complementaridade, quando se enfo- são os personagens que vivem as experiências do dia a
ca a narração de dramas humanos com o objetivo de dia, que formam a história dos fatos. Os que procura-
elucidar as relações sociais, privilegiando a riqueza e ram transmitir essas experiências mediante a história
variedade das experiências humanas. oral e escrita tornaram-se os primeiros historiadores,
Assim, explicar, mediante raciocínio sociológi- conduzindo a uma série de reflexões sobre a validade
co, não significa constatar resultados prontos e aca- ou não de seus relatos. Certamente, são as experiên-
bados, mas elaborar, com o devido rigor científico e cias as bases da narrativa, mas, no campo da escri-
com a beleza de uma narração literária, um raciocínio ta científica, não basta simplesmente transcrevê-las
fecundo que produz uma teoria entrelaçada com a como verdade. A ciência estabelece uma “desconfian-
realidade. Não precisa, para isso, fechar a porta à nar- ça” metodológica, no sentido de ir além de ouvir, ver e
rativa, às interpretações, à marca inventiva de cada registrar os fatos, sejam provenientes de testemunhas
autor. O importante é dar crédito aos vários instru- oculares, sejam oriundos das teorias acumuladas. A
mentos acumulados pelas tradição oral e escrita, pelo ciência fundamenta-se na observação dos fenômenos
método narrativo de contar história com prazer e pelo na história, no sentido de compreendê-los, fazendo
método científico de “contá-la” com rigor. Esses são mediações com a totalidade histórica e com as expe-
momentos férteis que conferem valor à produção do riências na qual estão inseridos.
conhecimento, que se estende da interpretação fun- Para Peter Burke (1992), há dois debates em rela-
damentada nas estruturas sociais às interpretações ção à narrativa histórica, sendo cada um questionável,
fundamentadas na dinâmica da vida social. mediado por críticas, acertos, erros e extremismos: o
primeiro apresenta uma discussão relativa à priorida-
2.1 A narrativa em Sociologia de das estruturas; o segundo mostra a inclinação para
contar uma história cotidiana. O primeiro é formal,
A narrativa é histórica? E quanto à Sociologia, estático e, muitas vezes, distante da experiência dos
seria ela apenas analítica? Há sentido em dividir estes indivíduos na história; o segundo é centralizado no
conhecimentos? indivíduo e, geralmente, personifica o narrador. No
Escritos históricos que não sejam constituídos sentido de estabelecer uma mediação entre os dois,
em comum com as experiências humanas, culturais e Burke se aproxima da análise literária como um ins-
simbólicas podem se tornar uma narração desprovi- trumento que ultrapassa os equívocos em torno de
da de alicerce. Sem a experiência dos acontecimentos um e de outro. Para ele, a literatura propõe: primeiro

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contar a história, iniciando por mais de um ponto Outro elemento importante para a produção so-
de vista, ensejando um “conflito de interpretações” – ciológica é a preocupação com o leitor. O texto valio-
“modelo dos romancistas”; segundo, a história conta- so é aquele que “perturba” o leitor, não só pela profun-
da e escrita representa um ponto de vista do narrador, didade teórica e coerência metodológica, mas, muito
ou seja, sua interpretação particular sobre os fatos, en- mais pelas emoções que é capaz de causar. É, como
tre outras interpretações, não os reproduzindo como bem anota Eliane Robert Moraes: Se não me deixo ser
acontecem no real; terceiro, a narrativa histórica pode ‘perturbada’ pelas emoções da leitura, ou mesmo se ig-
coexistir com as análises das estruturas, ao mesmo noro as sensações que o texto produz em mim, posso
tempo em que exibe um sentido aos acontecimentos
realizar uma análise competente, mas alguma coisa,
(BURKE, 1992).
inevitavelmente, se perderá (MORAES, 1992, p. 67).
Esta perspectiva estende à narrativa o estatuto de
Assim, não só as produções literárias, sejam o roman-
análise, já que se baseia não só na descrição dos acon-
ce, os contos ou a poesia podem perturbar nossas
tecimentos vividos, mas também nas análises amplas
emoções, como também a leitura científica pode des-
e interpretações sobre eles. A ideia é “(...) fazer uma
constituir certezas e experimentar incertezas.
narrativa densa o bastante, para lidar não apenas
Propõe-se, pois, não o consenso entre razão e
com a seqüência dos acontecimentos e das intenções
emoção, mas, sobretudo, o conflito. Só ele é capaz de
conscientes dos atores nesses acontecimentos, mas
também com as estruturas – instituições, modos de fazê-las conviver em seu dinamismo. Se há consenso,
pensar etc.” (BURKE, 1992, p. 339). há acomodação em uma das instâncias. A Sociologia
Ao aproximar sua análise da literatura e, mais tem em seu texto, neste sentido relacional, a perma-
especificamente, do romance, o autor aponta como nente tensão entre a capacidade de reflexão racio-
alternativa, para responder às exigências da análi- nal e a presença das subjetividades constituintes do
se sociológica, a leitura de romances históricos que, autor e das personagens do texto sociológico. Outra
certamente, trabalham além de fatos individuais, co- questão, deste modo, surge: como situar o sociólogo
tidianos e ficcionistas, visto que também conduzem neste ponto estratégico no entremeio da teoria e da
o olhar para importantes mudanças estruturais em experiência?
determinada sociedade e como essas mudanças cau-
sam impacto nas vidas de alguns indivíduos (BURKE, 2.2 O sociólogo narrador
1992, p. 339).
Argumenta-se, portanto, neste artigo, a favor da A alternativa se expõe na tentativa de não perder
presença da narrativa em Sociologia, para que, em se da vista e da mente do sociólogo a sua capacidade de
tratando da produção de um texto científico, este seja produção, não apenas escrita, mas também oral: o es-
alicerçado na densidade teórica, no rigor e coerência pírito do narrador.
metodológica e, ao mesmo tempo, fundamentado nas Na concepção de Gagnebin (1992), os primeiros
experiências, nos detalhes e dramas individuais, capa- narradores e precursores da história traziam à sua
zes de transformar uma produção densa em um texto maneira a narração como instrumento para registrar
leve e prazeroso, em arte científica. os acontecimentos: Heródoto e Tucídides. Heródoto

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pretendia reaver a memória dos acontecimentos viável para o sociólogo narrar suas pesquisas com cer-
para que não se perdessem na indiferença do tempo. to grau de prazer para também prender a atenção do
Contando o que viu e/ou o que ouviu de testemunhas, leitor? Há possibilidade de transcender a leitura feita
pelo simples prazer de contar, sua tarefa era contar os por dever acadêmico e conquistar o interesse do estu-
acontecimentos passados, conservar a memória, resga- dante e do leitor mediante “perturbação” que a análise
tar o passado, lutar contra o esquecimento (GANEBIN, lhe causa? Não seria mais importante para o sociólo-
1992, p. 11). go aprender do “senso prático” do narrador a tarefa de
Tucídides não acreditava no prazer de renovar escrever algo interessante e construtivo?
a memória como fonte para contar história. Ele re- Este trabalho propõe uma síntese entre a liber-
jeitava a importância da memória; ao contrário, a via dade da narrativa de Heródoto e a argumentação
como frágil e condenada à subjetividade. Sua metodo- racional de Tucídides. Prazer de livre narrativa e ri-
logia consistia em apurar os fatos relatando cada deta- gor científico ao pensar os fenômenos sociais podem
lhe com maior rigor possível para garantir a fidelidade contribuir amplamente com o trabalho do sociólogo.
do real (GANEBIN, 1992, p. 19). Ele não confiava na Bourdieu (1989), ao escrever sobre o “ofício do soció-
fala dos informantes nem na própria memória, mas
logo”, recomenda que rigor científico não é o mesmo
apoiava-se em critérios racionais de “conveniência” e
que rigidez e que na análise sociológica “é proibido
de “verossimilhança” dos acontecimentos, verifican-
proibir”. Significa, neste sentido, o desprendimento
do-os na conjuntura política e na lógica da fala. Sua
da noção de incompatibilidade entre prazer e rigor,
narrativa buscava interpretar uma versão histórica
emoção e objetividade e a compreensão do valor da
como sendo racional, por meio de critérios baseados
tensão entre essas noções para fazer uma ciência ba-
na coerência e na lógica.
seada na beleza da narração e no rigor da razão e da
Para Walter Benjamim (1985), existem dois gru-
experiência.
pos de contadores de histórias entre tantos “narrado-
O senso prático do narrador é, até certo ponto,
res anônimos” que, relacionados, constroem a figura
uma crítica à forma de contribuição social das teorias
do narrador: aquele que viaja muito e tem muito a
sociológicas, não de forma pragmática, com o intuito
contar e aquele que permanece em casa1, experimen-
de fornecer receitas prontas, mas no sentido de se-
tando e conhecendo profundamente sua cultura, suas
tradições. O narrador, contador de muitas histórias, rem produtivas, de terem um retorno para o mundo
pelo que viu e testemunhou em suas viagens ao ex- real. Benjamim acentua que o narrador é o homem
terior e também no interior de sua própria cultura, é que sabe dar conselhos; no caso do sociólogo, que se
portador de um “senso prático”, a fim de deixar escrita alimenta do espírito do narrador, diz-se, neste artigo,
alguma coisa utilitária. que é aquele que sabe escrever bem um texto teórico;
A abordagem desses narradores históricos e do um texto não só compreensível, mas, também, capaz
narrador prático conduz à reflexão da personagem de ampliar visões críticas e de suscitar possibilidades
central desta análise: o sociólogo. Que paralelos po- de mudanças. Se a sabedoria do narrador é o conselho
demos fazer entre esses narradores e o sociólogo? Se baseado na experiência vivida, a sabedoria do escritor
Heródoto conseguia prender a atenção do ouvinte científico é a palavra que interpreta, analisa e produz
porque contava história com prazer e emoção, será resultados e novos problemas de pesquisa, baseados

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tanto na experiência quanto nas teorias acumuladas formar objetos considerados de alto valor social
pela ciência. Assim, trata-se de uma análise racional, e político, é a capacidade de constituir objetos
densa, rigorosa e, ao mesmo tempo, livre, ampla, in- socialmente insignificantes em objetos científicos,
terpretativa, convergindo para o público leitor e ou- como faz um artista que pinta quadros com traços
vinte, por meio do debate, da interrogação e da críti- e detalhes aparentemente irrisórios, mas capazes de
ca, por muito tempo. transmitir originalidade. Só um olhar que contenha
Ao se extinguir o espírito da narrativa entre os o espírito da humildade, da inteligência e da
sociólogos, extinguem-se também os indícios de ori- sensibilidade é capaz de apreciá-lo. Parafraseando o
ginalidade em seus trabalhos. Ao contar histórias, mesmo autor, dir-se-ia que se trata, pois, de um “jogo”,
no entanto, por meio dos detalhes pormenorizados entre partes ditas opostas, mas que se aproximam
alusivos aos fatos sociais e aos indivíduos, muitas para confirmar uma segura produção científica, em
vezes insignificantes à primeira vista, é possível en- que o sociólogo se esforça para formular e esmiuçar
contrar pistas, aparentemente sem importância, para um problema de estudo que, desenhado com traços
a captação da realidade, mas essenciais para a com- sociais insignificantes, passa a constituir-se em objeto
preensão da sua dinâmica. Assim, além de narrador, científico.
o sociólogo pode ser também um “caçador” que, se
amparando numa aprendizagem longa, atravessando 3. Indícios e sinais: interpretação, descrição e
o tempo, aprende a farejar, registrar, interpretar e clas- análise como caminhos da Sociologia
sificar pistas (GINZBURG, 1989, p. 151), construindo
para si um saber com formas negligenciáveis na sua Que caminhos podem levar à articulação entre
aparência, mas notáveis para conseguir resultados. os “indícios” e os “pormenores negligenciáveis” da ex-
O importante é que, ao adquirir esse saber, o caça- periência – para utilizar a expressão de Ginzburg – e
dor enriquece e transmite para a posteridade um co- as características mais visíveis das estruturas sociais?
nhecimento ou uma arte que, mediante a apreensão A análise sociológica permanece sendo uma
dos pormenores, dos dados empíricos, pode revelar interpretação que se baseia em dados históricos, fi-
fenômenos profundos cuja amplitude pode alcançar, losóficos e culturais da realidade que se pretende
também, as estruturas. conhecer. Aqui, entende-se a Sociologia como uma
Estas palavras lembram bem o pensamento de ciência de caráter hermenêutico, pois se aproxima da
Bourdieu: História, não apenas por interseções no que diz res-
O cume da arte, em ciências sociais, está sem peito ao objeto de estudo, a história das sociedades
dúvida em ser-se capaz de pôr em jogo coisas humanas (PASSERON, 1995, p. 67), mas por buscar
teóricas muito importantes a respeito de obje- reconstituí-la de forma interpretativa mediante a aná-
tos ditos empíricos muito precisos, frequente- lise conceptual sempre em relação às exigências da
mente menores na aparência, e até mesmo um
experiência.
pouco irrisórios (BOURDIEU, 1989, p. 20).
Passeron aponta três formas diferentes para
Bourdieu estabelece uma relação entre a ciência configurar a análise sociológica: o raciocínio expe-
e a arte, ao considerar que, mais importante do que rimental quantitativo ou qualitativo, o sociológico e

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o histórico. Fazendo uma síntese, a Sociologia per- empírica, para não se perder na abstração que pode
manece no meio de dois polos: o polo experimental permear o discurso histórico.
representado pela Estatística, pela medida e por mé- Com efeito, o oficio sociológico contemporâneo
todos comparativos de demonstração e constatação, instiga o uso de procedimentos tanto quantitativos
e o polo da narrativa histórica, do discurso, da des- quanto qualitativos, de modo integrado, asseguran-
crição e interpretação dos fenômenos. Os dois polos do que essa aproximação não é tensa, mas comple-
colocam-se opostos em um “eixo horizontal” para mentar para melhor compreensão da realidade social
demarcar suas diferenças. Internamente, porém, cada (MINAYO, 1992; MINAYO e SANCHES,1993).
um obedece a uma hierarquia, ou seja, a narrativa Estas considerações levam a compreender a his-
histórica que assume uma forma pura de discurso tória não apenas do ponto de vista da ordem estrutu-
histórico está no topo, mas declina em direção a uma ral determinante das relações entre os homens, mas
síntese histórica; da mesma forma, o raciocínio esta- também da ordem da experiência e, principalmente,
tístico puro assume o ápice da hierarquia, mas desce da cultura, como diz Jeffrey Alexander (1987, p. 24),
rumo ao raciocínio comparativo baseado em dados uma concepção robusta de cultura.
não quantitativos. Esta consideração assinala o enfra- Infelizmente este autor não argumenta em pro-
quecimento da forma pura de cada raciocínio, para fundidade sobre essa ideia de concepção robusta de
uma possível articulação metodológica entre eles cultura. É na Antropologia que a cultura ganha espa-
(PASSERON, 1995). ço privilegiado de análise. Clifford Geertz (1978) re-
À Sociologia cabe a posição que medeia esses sume a cultura como semiótica, carregada de sentido
dois movimentos, concebendo-a aqui bem mais pró- e “teias de significados”, e só é possível compreendê-la
xima da narrativa histórica, pois carregada de sentido ao penetrar o mundo que é uma “ordem simbólica”,
e historicidade dos acontecimentos coletivos e indi- constituindo “universos culturais”. Para o exercício
viduais, além de verificar-se uma desmistificação da da pesquisa, Geertz nos aponta a utilização da descri-
pureza dos dados quantitativos, não permanecen- ção dos fenômenos, como forma de se buscar os seus
do, pois, por muito tempo, no polo da estatística. A significados diversos, portanto, como antropólogo,
Sociologia, entretanto, continua embebendo-se do ra- engaja-se num caminho metodológico baseado no
ciocínio experimental quantitativo ou não, como fon- trabalho de campo e suas técnicas para realizar essa
te metodológica de coleta dos dados. Ela não está só, descrição. Trata-se da etnografia, ou seja, o esforço in-
não é uma ciência pura, mas “mista”, e assim, devemos telectual e prático de descrever densamente e com efi-
considerar o raciocínio sociológico como um raciocínio cácia, e não com improviso, os resultados obtidos no
misto, no vaivém entre contextualização histórica e campo. Essa descrição, segundo ele, permite ao pes-
raciocínio experimental (PASSERON, 1985, p. 87). quisador não só a compreensão dos significados, mas
É o raciocínio sociológico passível de permane- também o estabelecimento de correlações entre eles.
cer neste plano intermediário? Assim, pode-se falar de uma prática sociológica
Ao ser chamado à “ordem histórica”, o raciocí- e antropológica que se apropria da etnografia, como
nio sociológico continua misto e prossegue interme- subsidio à interpretação da complexidade das relações
diário, pois ela é necessária e válida a incorporação sociais e da cultura, no mundo; descrição norteada

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por referenciais teóricos e pela observação, enriqueci- e manifestações. Logo, ao se pensar em trabalho ar-
da pela reflexão que resulta, pois de processos intera- tesanal, se imagina o oposto da rigidez da fabricação
tivos, para se chegar à análise, dando-lhe significado e em série, fordista, padronizada, em que a relação do
coerência. Penetrar o mundo significa compreendê-lo produtor com o produto é completamente diferente
não como estrutura única, mas como “teias de signifi- do modus operandi artesanal. O artesão parte de uma
cados”, permeados de “estruturas significantes”, onde ideia, vai elaborando um produto passo a passo, com
cada lugar, cada porão, cada comportamento exótico o conhecimento de cada etapa da ação, e com a liber-
ou familiar tem significados abertos à interpretação. dade de flexibilizar procedimentos para reconduzir o
Portanto, para contribuir com a compreen- caminho da elaboração, caso seja necessário. O arte-
são dos caminhos da Sociologia, é fundamental, em são costuma usar material disponível, empregando-o
Geertz, a ideia da “descrição densa”2. Para ser eficaz, com criatividade com as ferramentas de que dispõe,
resultando numa obra que o diferencia dos demais e o
a “descrição densa” e minuciosa é acompanhada de
estimula a continuar criando, seja qual for o resultado
uma formulação intelectual, teórica. Assim é possível
estético e operacional da obra.
ao sociólogo, inspirado no modo de fazer antropoló-
Assim é a pesquisa sociológica. Não se pode ter
gico, assumir a capacidade de transmitir bem ao leitor
um modelo que se aplique em série para todas as si-
os significados descobertos na cultura.
tuações. Os modelos ou ferramentas servem para in-
dicar possibilidades de uso, mas, também, inspirar a
4. Ferramentas essenciais para a interpretação
criatividade do pesquisador. Cada investigação é uma
sociológica
nova experiência. O Sociólogo é um alquimista in-
telectual, que trabalha transmutando subjetividades
A investigação sociológica requer procedimen-
em ciência, na busca de perpetuar as memórias e in-
tos específicos e, por mais que se queiram padronizar formações dos agentes envolvidos na pesquisa, como
técnicas, há que se ter em mente a ideia produzida se o seu ofício fosse transformar estórias em história,
por Mills (1982), para quem a Sociologia se faz me- pensamentos em fatos sociais e fatos sociais em novos
diante o trabalho artesanal, de elaboração do racio- pensamentos, e assim sucessivamente.
cínio que não sucede sem uma profunda imersão nas Bourdieu (1989) instiga-nos a reconhecer que
experiências de vida articuladas com a experiência pesquisa é um esforço de construção de um objeto
intelectual. Trata-se do cultivo da imaginação socioló- científico, de modo que deve haver uma constante au-
gica que ocorre por intermédio do trabalho artesanal, torreflexibilidade pelo pesquisador. Compreendendo,
associado, também, a “certo estado de espírito ale- portanto, o ato de pesquisar como um ofício inter-
gre”, que combinam ideias e experiências do mundo mitente, que se aprende praticando, Bourdieu refor-
comum nem sempre aceitas pela razão técnica, mas ça a ideia de que cada pesquisa é única. Com efeito,
que buscam sentido nas relações e interações sociais, a autorreflexibilidade passa a ser considerada como
sempre conflitantes. É este sentido quase ausente aos vigilância epistemológica, na sociologia, em que a ne-
olhos comuns que a Sociologia busca compreender cessidade de separar a opinião comum do discurso
por meio da interpretação do mundo e das interações científico é um grande desafio.
sociais entre humanos, em suas diferentes expressões O mundo social é dinâmico, mutante e o ser

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Por uma produção sociológica: entre a narrativa histórica e o saber racional

humano também o é. Ora, se tudo muda o tempo descobre que nem tudo foi aprendido, porquanto
todo, mudam também as formas de olhar, de obser- aprender significa saber apreender. Ambos, aprendi-
var, acompanhar e avaliar, conforme a época, cada zado e apreensão requerem tempo, paciência, experi-
sociedade, todo lugar. No mundo contemporâneo as ências, e, sobretudo, capacidade para (re)aprender e
transformações são ainda mais efêmeras e surpreen- (re)apreender. Como asseveram Berger e Luckmann
dentemente velozes, comparadas a épocas anteriores. (1985), o conhecimento relativo à sociedade é uma
Quando se pensa em compreender determinado fe- realização que possui duplo sentido, o de apreender
nômeno, antes disso, ele se modifica de tal sorte que a realidade social objetivada e o sentido de produzir
as ferramentas de compreensão se tornam obsoletas. continuamente essa realidade.
O pesquisador da contemporaneidade tem de ser ágil, Os caminhos para ler e analisar a realidade pos-
intenso, flexível, mas não disperso e, sobretudo, aten- suem várias correntes teórico-metodológicas que es-
to ao rigor científico. boçam desafios do conhecimento, mas, não se pode
Necessário se faz, por conseguinte, ser criativo negar que há, pelo menos, três procedimentos meto-
para lançar mão de técnicas apropriadas para a com- dológicos dos quais se originam as ferramentas que se
preensão de suas temáticas. Eis o grande desafio do procura inovar na busca de indícios e sinais da reali-
sociólogo da atualidade: saber trabalhar com as fer- dade que se tenciona interpretar. São eles: o que tem
ramentas metodológicas disponíveis, certificando-se sido escrito sobre o tema em estudo (pesquisa biblio-
de quando, quais e como utilizá-las, não abrindo mão gráfica/documental); a própria observação do soció-
das possibilidades de criação e adaptação de novas logo (incluindo recursos áudio-visuais); e a interação
técnicas ou conjunções das existentes. De fato, al- do cientista com os sujeitos envolvidos (entrevistas,
guns sociólogos ainda se mostram resistentes às no- questionários, relatos orais etc). Esses procedimentos
vas tecnologias disponíveis, mas, parafraseando Silva instigam o uso de várias ferramentas metodológicas
(2003), pode-se dizer que, paradoxalmente, a socie- que podem ser utilizadas em todas as formas de nar-
dade – objeto de estudo desses cientistas – está mais rativas do fazer sociológico com suporte em vários
vulnerável às mudanças de época. Por isso, há que se tipos de triangulações.
ter meios para melhor compreensão do mundo em
transformação. 5. Alguns achados
Desde o nascimento das ciências sociais, notada-
mente da Sociologia e da Antropologia, muitas técni- Para finalizar, por enquanto, este escrito, retoma-
cas de pesquisas são utilizadas com esteio na criativi- mos a análise inicial da articulação entre os extremos,
dade do pesquisador, mediante a necessidade de leitu- para afirmar que esse conceito “robusto” de cultura,
ra do mundo real que se lhe impõe. Nesse movimento na abordagem sócioantropológica, não pode ser en-
de constante busca de ferramentas metodológicas e quadrado no “subjetivismo extremo” como a mera
triangulações, os pesquisadores reinventam olhares, análise psicológica das personagens de uma pesquisa,
fazeres e saberes, à medida que são instigados pelo nem no “formalismo extremo”, como a descrição do
tema que estudam. Muitas vezes, o próprio objeto real regrada por leis formais. Importante é assegurar a
de pesquisa inspira a inovação. Por isso, o sociólogo reflexão cuidadosa no constante tensionamento entre

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Rosemary de O. Almeida, G. Jacó de Freitas e J. Bosco F. dos Santos

sensação, emoção, objetividade, subjetivismo, expe- cientista, explicativo das conjunturas políticas e eco-
riência, imaginação etc., que são fenômenos sociais nômicas e o espírito de mulheres e homens comuns
como quaisquer outros, mantendo a análise baseada que relatam com emoção e simplicidade as suas ex-
no rigor da razão científica. periências cotidianas. Se o sociólogo ainda não se en-
O ofício do sociólogo passa pela “descrição den- tregou à robotização na produção de conhecimentos
sa”, pela interpretação de dados quantitativos e quali- e à ilusão da abstração teórica ou da experimentação,
tativos, pela narrativa histórica e pela coerência teó- ele ainda pode sustentar sua humanidade, tecida no
rica, sabendo que são formuladas a partir do que se espírito do narrador que bebe da fonte da cultura e
imagina e se vê sobre determinada realidade. O que no espírito do cientista que se alimenta da teoria, da
se tem, portanto, ao formular no pensamento a rea- razão, enfim, da plenitude humana.
lidade observada, são interpretações, construções ba-
seadas na experiência e na teoria, nas determinações Notas
de ordem subjetiva e objetiva. O “lápis” do cientista 1 Grifo dos autores, para ressaltar o narrador conhecedor da
não produz realidades substantivas, mas constrói re- própria terra e de sua cultura.
2 Geertz esclarece que esse conceito é emprestado de
presentações sobre o real capazes de levar à compre- Gilbert Ryle, autor que aborda em seus ensaios os vários
ensão dos acontecimentos, por meio do confronto significados que podem ter um simples gesto, dependendo
da interpretação que é feita – o exemplo apresentado é o do
entre análises estruturais e particulares que compõem ato de piscar o olho, que pode assumir várias significações.
Para aprofundar, ver Geertz (1978).
a vida social. Assim, esse confronto torna-se uma
aliança que impulsiona a procura dos significados que
assolam as questões sociais, ensejando novas buscas, Referências bibliográficas
mais interpretações, outras questões… Essa aliança
ALEXANDER, Jeffrey C. O novo movimento teórico.
produz não só um texto coerente e rigoroso, como In Revista Brasileira de Ciências Sociais, n. 4,
também “perturbador”, no sentido de provocar a cria- vol. 2, São Paulo, ANPOCS, junho de 1987.
tividade tanto do escritor quanto do leitor. BAUER, Martin W. e GASKELL, George. Pesquisa
Estas são, pois, algumas considerações que se qualitativa como texto, imagem e som: um manual
aliam à tarefa de prosseguir com a reflexão e o debate prático. 6ª edição. Petrópolis-RJ: Vozes, 2007.
sociológicos, tentando entender o raciocínio científi- BENJAMIM, Walter. O narrador. In: Obras
co como uma produção teórica e prática, proveniente escolhidas. Magia e técnica, arte e política. São
Paulo: Brasiliense, 1985.
da relação permanente entre as ações, experiências e
acontecimentos simbólicos da cultura da vida huma- BERGER, Peter; LUCKMANN, Thomas. A
construção social da realidade: tratado de
na e os acontecimentos histórico-sociais, econômicos sociologia do conhecimento. Petrópolis-RJ:
e políticos. Vozes, 1985.
Enfim, retomando a análise da narrativa, que foi BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Lisboa:
ponto de partida para esse entendimento, percebe- Difel, 1989.
-se que ela não é uma ciência, mas faz parte do texto BURKE, Peter (org.). A história dos acontecimentos
científico, que une e ilumina o espírito do filósofo ao e o renascimento da narrativa. In: A escrita da
relatar as razões universais da existência; o espírito do história: novas perspectivas. São Paulo: Editora

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