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A TEORIA DA PROPOSIÇÃO APRESENTADA NO

PERIÉRMENEIAS: AS DIVISÃO DAS PRO- POSIÇÕES DO


JUÍZO.

Ac. Denise Carla de Deus (PIBIC/CNPq/UFSJ 2000-2002)


Orientadora: Prof. Dra. Marilúze Ferreira Andrade e Silva ( DFIME/ UFSJ)

Resumo: Conforme diz José Américo Motta, a teoria das proposições apresen-
tada no De Interpretatione, baseia-se numa tese de amplo alcance, pois realiza
uma extraordinária simplificação do universo da Linguagem. Nosso objetivo neste
trabalho é apresentar os pontos fundamentais da teoria da proposição e do juízo
que Aristóteles (384 a.C.-322 a .C.), coloca na obra Periérmeneias – título tradu-
zido para o latim como De Interpretatione - buscaremos as definições que o filo-
sofo estabelece aos termos “nome”, “verbo” e “proposição” ou “frase declarativa”.
Em seguida, apresentaremos as formas de frases declarativas classificadas de
acordo com a qualidade, a quantidade, a relação e a modalidade. Terminaremos
por estabelecer o que o filósofo entende por frases contraditórias e contrarias.

Palavras – Chave: Periérmneias. Juízo. Proposição.

Introdução Periérmeneias, Aristóteles pretende

o Periémenéias, Aristóteles

N apresenta uma tese que sim-


plifica o universo da lingua-
gem. Após uma definição dos termos
definir os termos “substantivo”, “ver-
bo” e proposição ou frase declarativa.
Um objetivo que parece remeter à
“substantivo”, “verbo” e “proposição” discussão platônica sobre verdade e
ou “frase declarativa”. Apresenta uma falsidade apresentada no diálogo
divisão dos juízos de acordo com a Sofista.
qualidade, a quantidade, a relação e
a modalidade. Partindo dessa divi- O nome é definido como um som
são, Aristóteles agrupa as frases de- vocal que possui significados por
clarativas em pares de tal modo que convenção. Isto é, seu significado
a segunda seja a negativa da primei- existe à medida que se torna símbolo
ra. Nosso objetivo no presente tra- de algo. É atemporal, e suas partes
balho é apresentar os pontos funda- não são significativas quando toma-
mentais da teoria da proposição de das isoladamente. Nenhuma locução
Aristóteles contida na obra citada. por natureza é um nome, apenas
quando se assume como símbolo,
O Nome, o Verbo, a Proposi-
ção ou Frase Declarativa Aristóteles coloca que as palavras
faladas e escritas não são iguais para
Nos quatro primeiros capítulos de todas as pessoas. Porém, são sím-

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bolos das afecções da alma, e estas se à afirmação, declarando que uma


são comuns a todos. Desse modo, a coisa liga-se a outra, enquanto que a
relação entre nome-imagem mental é negação declara que uma coisa está
convencional, ao passo que a relação separada da outra .a composição
imagem mental-coisa é natural. A verdadeira é a que liga na proposi-
primeira relação pode mudar, en- ção, algo que está ligado na realida-
quanto que a segunda relação é de. A divisão verdadeira é a que se-
imutável. O nome distingue-se do para na proposição o que está sepa-
verbo por prescindir do tempo. rado na realidade.

O verbo, segundo Aristóteles tem Entre os discursos completos, alguns


sempre uma determinação temporal. são expressões vocais usados com o
É uma nome e como tal suas partes objetivo de tornar conhecida uma
nada significam separadamente. O opinião. Esses são válidos ou não,
verbo é algo que se diz de outro, algo isto é , verdadeiros ou falsos. Outros,
que se predica ao outro. Nome e que não são usados com o objetivo
verbo são, portanto, sons significan- de informar, não podem ser caracte-
tes, porém não determinam significa- rizados como verdadeiros ou falsos.
ção em separado. Um lógos é um Dentre essas frases estão as preces,
significante falado. Pode ser qualquer as ordens, os pedidos, etc., cujas
expressão de um nome ou de um considerações, segundo Aristóteles
verbo, sendo um grupo significante pertencem à retórica e à poesia.
de palavras formado por frases, para
completar expressões vocais com- Assim, toda proposição enuncia um
plexas. juízo, onde um predicado é atribuído
a um sujeito. As proposições são
Proposição é uma expressão verbal, classificadas em universais se o atri-
um discurso enunciativo. Reúne o buto é afirmado do sujeito como um
nome e o verbo correspondendo a todo; e particulares, se o atributo é
um pensamento, é necessariamente afirmado ou negado de apenas parte
inerente ao ser verdadeiro ou falso. do sujeito.
Portanto, “verdadeiro” ou “falso” ver-
sam sobre a composição ou divisão. A Divisão das Proposições
Toda sentença composta constitui dos Juízos
uma proposição, mas somente às
frases declarativas pode-se classifi- O juízo é um ato mental, ou um ato
car como verdadeiras ou falsas. de pensamento, no qual estão em
jogo um julgamento. Como o uso da
O discurso declarativo é a expressão linguagem pressupões uma atividade
de um pensamento anunciado que, do pensamento, o proferimento de
operando com a composição e divi- uma sentença declarativa ou indicati-
são às quais pode-se predicar verda- va deve pressupor a existência de um
deiro ou falso. A composição refere- juízo previamente concebido. A apre-

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ensão do conteúdo significativo des- plo, Sócrates ë grego. “Quando afir-


se juízo, só se faz possível mediante ma ou nega um predicado, e não
a apreensão do conteúdo significativo mais, acerca de um sujeito, seja o
de uma sentença falada ou escrita.1 sujeito universal ou não , seja a pro-
posição universal ou não.”(Idem, p.
Aristóteles apresenta uma divisão 132)
dos juízos de acordo com a qualida-
de, a quantidade, a relação e a mo- Na qualificação do sujeito, a compre-
dalidade. De acordo com a qualidade, ensão, que é o conteúdo ou as de-
os juízos podem ser afirmativos, terminações que, no sujeito, corres-
quando sustentam a conveniência do pondem às propriedades ou determi-
predicado ao sujeito: “É uma proposi- nações do objeto, distingue-se da
ção de algo acerca de outro.”(p.126). extensão. A extensão, ao contrário da
Os juízos são negativos quando compreensão, refere-se à quantidade
sustentam a não conveniência do de objetos compreendidos pelo con-
sujeito com o predicado: “É uma de- ceito, ou aos quais o conceito con-
claração de que algo esta separado vém. A compreensão varia em rela-
de outro.”(Idem) ção inversa à extensão. Por exemplo:
o conceito de ser é o mais extenso e
De acordo com a quantidade, os juí- o menos compreensivo, por que é
zos podem ser universais ou particu- conveniente a todos os seres, sendo
lares. São universais quando o su- assim, indeterminado. Ao contrário do
jeito é tomado em toda a sua exten- conceito Deus, por exemplo, é mais
são. Quando o sujeito é tomado em compreensivo, pois representa a ple-
parte de sua extensão , é classificado nitude do ser, contudo, é menos ex-
como particular tenso pois pertence a um único ser.

Há coisas universais e particulares, e Quanto à relação, os juízos podem


denomino universal isso cuja natureza ser categóricos, quando o enunciado
é a de ser afirmada de vários sujeitos, não depende de condição alguma. Ao
e de particular o que não pode tal, por contrário, dos hipotéticos que são
exemplo, homem é um termo univer- contingentes, isto é, o enunciado é
sal, e Calias um termo singular ou par- formulado hipoteticamente ou condi-
ticular. (ARISTOTELES, Periérmenei- cionalmente. Os disjuntivos também
as, p. 128) são condicionais, mas a condição se
estabelece na própria predicação, o
Os juízos singulares são assim cha- objeto real é físico ou psíquico.
mados quando o sujeito é tomado no
mínimo de sua extensão, por exem- Em relação à modalidade, os juízos
1
podem ser assertóricos, problemáti-
GUERREIRO, Mário A . L. 108 Notas Para
cos e apodícticos. Assertorios quan-
Uma Teoria Da Proposição. In: Anais de
Filosofia, n. 07. São João del-Rei: FUNREI, do a validade do enunciado é de fato.
2000. Problemáticos, quando a validade do

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enunciado é possibilidade. Apodícti- verdadeira e outra falsa. Com efeito, é


cos, quando a validade é necessária, verdadeiro dizer simultaneamente que
de direito e não de fato. o homem é branco e que o homem
não é branco. À primeira vista, pode
Formas de Oposição das Fra- pensar-se que isto é um absurdo, já
ses Declarativas: Contrárias e que a proposição o homem não é
Contraditórias branco, parece significar que nenhum
homem é branco, mas tais proposições
No De Interpretatione, Aristóteles não tem o mesmo significado, nem são
agrupa as frase declarativas em pa- necessárias e simultaneamente verda-
res. Nesses pares, uma frase será deiras e falsas. (Idem, p.131)
contraditória à outra onde , em geral,
uma deve ser verdadeira e outra fal- Sem considerar as exceções, Aristó-
sa. Aristóteles coloca como exceção teles considera três formas de frases
à essa regra, as frases declarativas declarativas que afirmam um predi-
acerca do futuro, pois como ele diz, cado de um sujeito: singular, univer-
não há uma necessidade nas afirma- sal e particular.. A frase declarativa
ções feitas acerca do futuro: singular, tem como sujeito o nome de
um indivíduo pode não pode ser pre-
Com efeito, ou bem quem sustente dicado de qualquer outra coisa. Na
que algo será, ou bem quem sustente frase declarativa geral, o sujeito é um
o contrário, há de falar a verdade des- símbolo de um gênero e pode ser
se caso. Isso pode exata e igualmente predicado de muitos indivíduos. As
ocorrer ou não ocorrer, se uma ou ou- frase declarativas que fazem referen-
tra afirmação não for necessariamente cia a gêneros podem ser distinguidas
verdadeira, porque a palavra contin- conforme sejam ou não de âmbito
gente não é mais do que a indetermi- universal.
narão quanto ao presente e quanto ao
futuro, sendo aquilo que pode suceder A frase “Todo o homem é branco” é
deste, ou daquele modo. ( ARISTÓTE- universal pelo fato de que refere-se
LES, Periérmeneias, p.134) acerca de todos os casos de humani-
dade. Já a frase “Algum homem é
Há também a exceção à frase decla- branco” particular, pois faz referencia
rativa indefinida, como por exemplo: a algum caso particular.
“O homem é branco”. A negativa
dessa frase é “O homem não é bran- Através da combinação entre univer-
co”. Aristóteles chama a atenção para sal e particular e uma distinção entre
o fato de que ambas podem ser ver- afirmativo e negativo, propostas por
dadeiras: Aristóteles, podemos obter os se-
guintes pares de frases:
Das proposições que, referentes ao
Todo o homem é branco Universal Afirmativa
universal, não anunciadas universal-
Nenhum homem é branco........Universal Negativa
mente, nunca se pode dizer que uma é

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Algum homem é branco Particular Afirmativa As frases negativas universal e parti-


Algum homem não é branco..... Particular Negativa. cular, são agrupadas como negativas
por possuírem uma partícula de ne-
Na Idade Média, segundo Kneale2, os gação. Na frase particular negativa:
quatro tipos de frases declarativas “Algum homem não é branco”, a pa-
passaram a ser distinguidas pelas lavra “não” deve ser tomada junto à
vogais: A (Universal afirmativa); E expressão “branco”. Kneale3 diz que
(Universal Negativa); I (Particular frase “Nenhum homem é branco”,
Afirmativa); e O (Particular Negativa). pode ser substituída sem alteração
Utilizou-se também como modo de de sentido por “Todo o homem é não
simplificar e resumir a teoria de Aris- branco”, que tem o mesmo estatuto
tóteles, uma figura chamada de qua- de “Todo o homem é branco”. Aris-
dro da oposição tóteles nos coloca que a frase “Todo
homem é não branco”, implica na
As frases declarativas gerais são frase: “Nenhum homem é branco”.
mais complexas do ponto de vista
lógico, do que as singulares, embora No Periérmeneias, Aristóteles pro-
sejam gramaticalmente semelhantes. pões uma teoria sistemática acerca
A frase :“Todo o homem é branco” das proposições opostas. O funda-
possui uma complexidade maior à mento dessa teoria é a relação entre
frase: “Sócrates é branco”, no que diz negação à afirmação. O filósofo dis-
respeito aos termos referentes ao tingue entre duas maneiras de negar
sujeito. A palavra “todo” ou “algum” uma proposição: A que lhe é oposta
não possuem a mesma simbolização contraditoriamente e a que lhe opõe
que a expressão “Calias” ou “Sócra- como sua contrária. A relação de
tes”. Se substituirmos nas frases contrariedade se dá entre duas pro-
acima os termos “todo” ou “algum” posições como incompatíveis entre
por “Calias” ou “Sócrates”, teremos si. Isto é, não suportam serem verda-
como resultado uma afirmação diver- deiras em conjunto, mas sem que por
sa da frase original, quanto á signifi- isso constituam alternativas, o que as
cação e o sentido. As frases declara- distingue das contraditórias.
tivas particulares, afirmativas ou ne-
gativas, são afirmações de existên- Duas contraditórias não podem ser
cia. Desse modo, ao afirmarmos que ambas verdadeira, nem ambas fal-
“Algum homem é branco”, estamos sas. Da verdade ou da falsidade de
expressando a existência de algo que qualquer uma delas, implica na con-
é, ao mesmo tempo, homem e bran- clusão da verdade ou falsidade da
co. outra. No caso de duas contraditóri-
as, pode concluir-se sempre da ver-
2
dade de uma pela falsidade da outra,
KNEALE, Willian e Martha. O Desenvolvi-
porque elas não toleram uma verda-
mento da Lógica. Lisboa : Calouste Gul-
benkian, 1980 3
Idem, p.59

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de comum. Em contrapartida, neste de que Aristóteles está interessado


caso, da falsidade de uma nada pode nas relações descritas deste modo e
concluir-se sobre a outra, pois elas supõe (Aristóteles), que as subcon-
podem ser ambas falsas. trárias não podem ser ambas verda-
deiras. Isto – continua Kneale – infe-
Essa distinção é possível conside- re-se do fato de as descreves como
rando a quantidade das proposições. as contraditórias das contrarias.
A oposição, segundo a contradição,
funciona entre a universal afirmativa Conclusão
e a particular negativa:
O Periérmeneis, nos apresenta um
Todo S é P estudo da proposição verbal do juízo.
CONTRADITORIA Algum S não é P ; O juízo é a afirmação ou negação,
uma ligação ou separação de con-
E entre a universal negativa e a particular ceitos dos termos. É verdadeiro
afirmativa: quando une o que ligado na realida-
de, ou quando separa o que está, de
Nenhum S é P fato, separado. E, é falso quando une
CONTRADITÓRIA Algum S é P . o que está separado, ou separa o
que está ligado.
A oposição segundo a contrariedade estabe-
lece-se entre duas universais: A proposição é a verbalização da
operação mental na qual o discurso
Todo S é P declarativo – conjunto formado por
CONTRÁRIA Nenhum S é P nome e verbo -, corresponde a um
pensamento. Versa sobre a composi-
Podemos observar que ambas po- ção e a divisão, sendo necessaria-
dem ser falsas, no caso em que as mente verdadeiro ou falso.
duas particulares correspondentes:
Algum S é P; e Algum S não é P, são Podemos concluir, assim, que a ver-
verdadeiras tanto uma como outra. dade é, pois, uma adequação, uma
correspondência do juízo à realidade.
Segundo Kneale4, as duas formas A proposição, ou o discurso declara-
das frases declarativas particulares tivo é a verbalização, oral ou escrita,
foram chamadas pelos lógicos poste- desta correspondência.
riores de “subalternas” das universais
e subcontrárias uma às outras. Ele
também chama a atenção para o fato
4
Ibidem, p.58.

Referências Bibliograficas

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DEUS. Denise Carla de e SILVA Marilúze Ferreira Andrade e. A Teoria da Proposição 31

ARISTÓTELES. Organon: I. Categorias e II Periérmeneias. Trad. Pinharanda Gomes.


Lisboa: Guimarães,1985.
. Tópicos & Dos Argumentos Sofísticos. São Paulo: Nova Cultural, 1987
Coleção Os Pensadores.

GUERREIRO, Mário A .L. 108 Notas Par Uma Teoria Da Proposição. In: Anais de Filoso-
fia, n. 07.São João del-Rei, 2000.

KNEALE, Willian e Martha. O Desenvolvimento da Lógica. Lisboa: Calouste Gulbenkian,


1980.
NEVES, Maria Helena Moura. A Teoria Lingüistica em Aristóteles. In: ALFA. São Paulo,
1981.

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