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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA FEDERAL

DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE /MT

1
Processo nº.

Fulano de tal, já devidamente qualificado nos


autos do processo em epígrafe, vem, através de seu advogado
constituído, com escritório profissional situado na xxxxxxx, onde
recebe intimações, vem mui respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, apresentar

MEMORIAIS FINAIS

com base no artigo 403, § 3°, do Código de Processo Penal, pelos


fundamentos a seguir expostos:

I – SÍNTESE DA ACUSAÇÃO
O presente processo se refere Ação Penal
promovida pelo Ministério Público Federal em face do réus xxxxxxxx,
imputando-lhe a prática do delito previsto no art. 33, caput, c/c art.
40, inciso I, ambos da Lei nº 11.243/2006, e o réu JORGE MONTERO
MENDOZA pela prática do delito previsto no art. 14, caput, da Lei nº
10.826/2003.

Em síntese, alega a acusação que o réu e os


demais acusados, no dia xxx, por volta das xx horas, local xxx ,
transportavam/guardavam ou tinham em depósito, para fins de
traficância, drogas consistentes em 23.600 kg (vinte e três quilos e
seiscentas gramas) de cocaína, sem autorização e em desacordo com
determinação legal ou regulamentes e na mesma data e horário, o réu
Jorge, portava uma arma de fogo e munições de uso permitido, sem
autorização.

II – DA REALIDADE DOS FATOS


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MM. Juiz, com o findar da dilação probatória
podemos extrair a realidade fática de acordo com a análise das provas
colhidas e inseridas nos autos, sob o crivo do contraditório.

Diferentemente do que alega o Ministério


Público Federal, o acusado nunca teve envolvimento algum com os
fatos/crimes descritos na denúncia.

O acusado, somente estava no veiculo no


momento do flagrante junto com os demais acusados, pois fora
chamado por outro, Sr. xxx, para lhe fazer companhia, sem
conhecimento algum de que havia algo de ilícito sendo transportado.

A verdade dos fatos é que o acusado não tem


envolvimento algum com os demais acusados, bem como, não tinha
conhecimento de que algo ilícito estava acontecendo, apenas aceitou
fazer companhia para o Sr. xxxxx e nada mais.
Ainda, nos autos não há nenhum informação
e/ou prova concreta que aponte a participação efetiva do acusado no
crime descrito na denuncia, relata apenas que o mesmo estava no local
e na hora errado junto outros, os quais assumiram a culpa, igualmente
isentaram o acusado.

III – DO MÉRITO

a) Do delito de tráfico de drogas – art. 33, caput, da Lei n°.


11.343/2006 – da ausência de autoria.

Excelência, em que pese à materialidade do


delito de tráfico de drogas restar comprovada através do laudo
toxicológico, a autoria delitiva em relação ao acusado não.

É de conhecimento de todos que para


referendar-se uma condenação no orbe penal, mister que a autoria e a
culpabilidade resultem incontroversas, contrário senso, a absolvição se 3
impõe por critério de justiça, visto que, o ônus da acusação recai sobre
a artífice da peça acusatória.

E no presente caso, como pode-se verificar, no


decorrer da ação penal, não obteve êxito o parquet em provar o alegado
na denúncia.

Cumpre destacar que não é qualquer prova que


será hábil ao fim proposto. É preciso que a prova seja judicializada, isto
é, produzida perante um Juiz de Direito e sob o manto do contraditório
e da ampla defesa.
Os depoimentos das testemunhas de acusação,
produzidos em sede de inquérito, responsáveis pelas prisões dos
acusados, não apontaram a participação efetiva do acusado na
prática do delito de tráfico.

Os depoimentos prestados na esfera policial não


especifica qual seria da participação/envolvimento de um cada dos
acusados com o material ilícito (droga) apreendido. Diferentemente em
relação a arma de fogo, pois foi indicado exatamente qual dos acusados
estava portando.

Na fase judicial, a única testemunha da


acusação, novamente, apenas relatou que apreendeu os acusados, não
sabendo particularizar a conduta de cada acusado.

Em contrapartida, o acusado desde a esfera


policial narrou que o réu xxxx lhe pediu para que o acompanhasse em
uma viagem até a entrada vicinal, pois iria buscar duas pessoas, bem
como, afirmou veementemente que não tinha conhecimento de que o
outro réu estava armado e nem que realizaria o transporte de drogas.

Em juízo, o Acusado, novamente confirmou que


não sabia que o réu xxxx iria realizar o transporte de droga, que
apenas o acompanhavam.

Por sua vez, o réu xxxx frisou que fora


contratado por “Caverinha” para buscar dois bolivianos no vicinal e
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deixá-los na Vila tal, e que somente após contratado descobrira que se
tratava de transporte ilícito de droga e com receio/medo convidou o
acusado para lhe fazer companhia, porem não contou a este do que
se tratava a “viagem”.

Os outros dois acusados não souberam ou


nada relataram sobre a participação do acusado nos crimes
descritos na denúncia.

Excelência, através das provas colecionadas nos


autos é nítido que o acusado não sabia que o que Réu xxxxxx iria
realizar o transporte ilícito de droga, apenas inocentemente o
acompanhavam sem ter noção do realmente estava acontecendo.

O crime previsto no caput do artigo 33 da Lei nº


11.243/2006 prevê:
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir,
fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em
depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever,
ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:

O artigo acima traz 18 (dezoito) núcleos verbais


que fazem parte do tipo, sendo que para a configuração punível de
qualquer um dos verbos exigisse o dolo, que abrange a consciência e
vontade de praticar qualquer dos núcleos verbais trazidos pelo tipo.

Em que pese o esforço do Ministério Público


Federal, com o fim da dilação probatória não logrou êxito através da
instrução processual em comprovar que o acusado soubesse ou fosse
consciente de que no veículo estava sendo transportado entorpecente.

Diferentemente, o acusado afirmou que apenas


estava fazendo companhia para o acusado xxxx, a pedido deste, mais 5
uma vez o Ministério Público Federal nada comprovou ao contrário.

Excelência, certo que com o fim da dilação


probatória não houve a solidificação de indícios que apontem a atuação
do acusado na empreitada criminosa.

Quanto à autoria não há prova apta a


corroborar o dolo do acusado na prática delitiva. Sendo assim, por
mais que haja indícios de que o acusado sabia do transporte de
entorpecentes, eles não são suficientes para um juízo seguro. Ademais,
não houve testemunhos que pudessem comprovar a efetiva prática
delitiva.

Apesar da materialidade demonstrada pelo


laudo de apreensão, não restou devidamente comprovada a autoria em
relação ao acusado, uma vez que a única testemunha de acusação
ouvida em Juízo nada esclareceu a respeito da participação desse
acusado.
Embora certas circunstâncias sejam indiciárias
de que pudesse estar envolvido com o crime apurado nestes autos, não
há certeza de que ele soubesse realmente do transporte de drogas.

No caso em tela somente há indícios


circunstanciais. Não há nada de concreto a traduzir a existência de
dolo por parte do acusado.

Da análise detida dos autos, constata-se quanto


à autoria do delito que não há qualquer prova, judicialmente formada
ou corroborada, apta a elucidar ou especificar a participação do réu na
prática do crime de tráfico de entorpecente, em coautoria com os
demais réus.

A conclusão que se pode extrair dos autos é


somente a de que foi preso em flagrante por estar no mesmo veiculo
que a droga foi transportada, juntamente com xxxxx, este sim, agindo
de comum acordo com os demais acusados para praticar o delito de
tráfico. Nada mais há nos autos que conduza à prova que embase a 6
participação do réu nos fatos investigados.

Constata-se, quanto ao crime em discussão, que


não se apresentou prova testemunhal, nem outros elementos de
convicção suficientes para demonstrar o dolo do acusado no transporte
clandestino de entorpecente.

Nesse sentido é o entendimento do Tribunal


regional Federal da 1ª Região, vejamos:

PENAL E PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO E ASSOCIAÇÃO


TRANSNACIONAL DE ENTORPECENTES. ART. 33, CAPUT, 35
C/C ART. 40, I, DA LEI 11.343/2006. FRAGILIDADE DO
CONJUNTO PROBATÓRIO. DOLO NÃO CARACTERIZADO.
ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO NÃO DEMONSTRADA. 1.
Incensurável a sentença absolutória, se dos autos não se
extraem elementos seguros quanto à prática delitiva de tráfico
de droga e associação para o tráfico, vez que nenhum diálogo
do acusado com os demais traficantes investigados foi
captado, bem como nenhum dos acusados apontou o réu
como coautor dos delitos. 2. Na ausência de prova suficiente
quanto ao dolo do crime de tráfico e associação
transnacional de entorpecentes e ante a existência,
apenas, de indícios que geram dúvidas acerca dos fatos
descritos na denúncia, impossível é a condenação,
impondo-se em favor do acusado a aplicação do princípio
in dubio pro reo. 3. Fragilidade do conjunto probatório
colacionado aos autos, sendo certo que o simples relato da
participação do réu na prática delitiva não tem o condão de
caracterizar o animus associativo entre ele e outros membros
da organização criminosa. 4. Para a configuração do delito
previsto no artigo 35 da Lei 11.343/06 é necessária a
existência de um mínimo de permanência e estabilidade na
associação para a prática do crime de tráfico, o que não
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ocorreu na espécie. 5. Apelação do Ministério Público Federal
não provida. (ACR 0002897-22.2009.4.01.4300,
DESEMBARGADORA FEDERAL MONICA SIFUENTES, TRF1 -
TERCEIRA TURMA, e-DJF1 21/11/2014 PAG 182.) (g.n.)

É de conhecimento de todos que a


responsabilização penal somente deve ser imposta quando houver, no
conjunto probatório, juízo de certeza quanto à materialidade e autoria
do crime.

Nesse mesmo sentido:

“Se o juiz não possui provas sólidas para a formação do seu


convencimento, sem poder indicá-las na fundamentação da
sua sentença, o melhor caminho é a absolvição.” (NUCCI, p.
689)
Bem como, no âmbito criminal, a prova, para
dar suporte a um juízo condenatório, há de ser robusta e séria, não
sendo o que se infere no presente caso.

A presunção, no processo penal, é em favor do


réu e não contra ele, sendo da acusação o encargo de provar a
culpabilidade. E no presente caso, a prova, da forma que se
apresentou não evidência, com segurança, a participação do
acusado do delito de tráfico de drogas.

Isso porque as provas colacionadas na seara


não foram devidamente ratificadas em juízo.

Excelência, cristalino é que as alegações do


Ministério Público Federal não foram comprovadas durante o crivo do
contraditório e da ampla defesa.

A prova que justifica e fundamenta uma


condenação deve ser idônea, robusta, ausente de qualquer dúvida,
devendo, portanto, convencer, firmemente, da responsabilidade
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criminal do acusado.

Recentemente, em caso semelhante ao presente


este juízo nos autos do Processo N° 0002351-80.2016.4.01.3601,
entendera pela absolvição de um dos acusados, vejamos:

“(...) Como visto, a versão verídica dos fatos foi apresentada


na fase inquisitorial pelosréus GONÇALO CEBALHO DA
SILVA e SEBASTIÃO FERREIRA DA SILVA e pelos
depoimentos dos policiais tanto na fase investigativa quanto
em Juízo. De tais elementos, não é possível se extrair, com a
certeza exigida, a participação de MÁRCIO GOMES DA SILVA
no tráfico internacional de drogas. Isso porque nenhum dos
depoimentos acima descritos aponta a participação de
MÁRCIO GOMES DA SILVA desempenhando alguma tarefa,
seja na negociação, seja na importação ou no transporte
da droga. Verifica-se que tal réu foi denunciado, em verdade,
porque estava na companhiade seu irmão VALDINEY GOMES
DA SILVA no momento em que este chegava ao local para
buscar a droga, conforme já esclarecido. Num primeiro
momento, mostrava-se inverossímil a alegação de MARCIO de
que estava no local da apreensão da droga e na companhia de
seu irmão sem que tivesse conhecimento do tráfico de drogas.
No entanto, com a evolução das investigações, especialmente
com a oitiva dospoliciais federais perante este Juízo, é
possível verificar que não há menção expressa a efetiva
participação de MARCIO nas condutas apurados. Embora não
seja comum o fato de o réu estar no local da apreensão da
droga, na companhia de um acusado que comprovadamente é
o proprietário da carga ilícita, sem ter conhecimento da
conduta criminosa, verifica-se que os elementos colhidos
nos autos não possibilitam a comprovação da participação
de MARCIO na conduta ilícita. Há, portanto, dúvida séria e
fundada acerca da autoria delitiva de MÁRCIOGOMES DA
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SILVA, levando-se em conta, ainda, o fato de que o acusado
desempenhava atividade lícita, sendo bastante conhecido nas
municipalidades pela qualidade de seu trabalho, conforme
afirmado pela testemunha Halisson Braga. Dessa forma,
MÁRCIO GOMES DA SILVA deve ser absolvido pela prática
do crime previsto no art. 33, caput, da Lei 11.343/2006,
pela inexistência de provas suficientes para a sua
condenação, nos termos do art. 386, inciso VII, do Código de
Processo Penal. (...)” (Trecho extraído da pg. 24 da r. sentença,
grifos nossos)

Devendo ser julgada improcedente a denúncia,


absolvendo o acusado, vez que não há prova de o mesmo concorreu de
qualquer forma para a infração descrita na denuncia, ainda, por ser as
provas produzidas nos autos insuficientes para sua condenação, nos
termos do art. 386, incisos V e VII do Código de Processo Penal.
Caso Vossa Excelência, assim não entenda, o
que seria de toda estranheza, somente por amor aos debates, vejamos a
aplicabilidade do princípio in dubio pro reo.

b) Do princípio in dubio pro reo

Por fim, resta consignar, como dito, caso Vossa


Excelência não entenda pelos fundamentos acima expostos, cabe
salientar que é exclusivamente da acusação o ônus da prova, nesse
mesmo sentido é o entendimento do Ministro Celso de Mello, conforme
se nota em um de seus votos:

[...] AS ACUSAÇÕES PENAIS NÃO SE PRESUMEM


PROVADAS: O ÔNUS DA PROVA INCUMBE,
EXCLUSIVAMENTE, A QUEM ACUSA. - Os princípios
constitucionais que regem o processo penal põem em
evidência o nexo de indiscutível vinculação que existe entre a
obrigação estatal de oferecer acusação formalmente precisa e 10
juridicamente apta, de um lado, e o direito individual à ampla
defesa, de que dispõe o acusado, de outro. É que, para o
acusado exercer, em plenitude, a garantia do contraditório,
torna-se indispensável que o órgão da acusação descreva, de
modo preciso, os elementos estruturais (‘essentialia delicti’)
que compõem o tipo penal, sob pena de se devolver,
ilegitimamente, ao réu, o ônus (que sobre ele não incide) de
provar que é inocente. É sempre importante reiterar – na
linha do magistério jurisprudencial que o Supremo Tribunal
Federal consagrou na matéria – que nenhuma acusação
penal se presume provada. Não compete, ao réu,
demonstrar a sua inocência. Cabe, ao contrário, ao
Ministério Público, comprovar, de forma inequívoca, para
além de qualquer dúvida razoável, a culpabilidade do
acusado. Já não mais prevalece, em nosso sistema de direito
positivo, a regra, que, em dado momento histórico do processo
político brasileiro (Estado Novo), criou, para o réu, com a falta
de pudor que caracteriza os regimes autoritários, a obrigação
de o acusado provar a sua própria inocência (Decreto-lei nº
88, de 20/12/37, art. 20, n. 5) [...]. (STJ. SEGUNDA TURMA.
RELATOR MIN. CELSO DE MELLO HC 83.947
extensão/AM,DJe 07/12/2012) (g.n.)

Inegável a existência das drogas no local dos


fatos, mas, a acusação não logrou êxito em levam provas de que o
acusado fosse o proprietário do material apreendidos.

Excelência, especialmente com a oitiva do


policial responsável pela prisão perante este Juízo, é possível verificar
que não há menção expressa a efetiva participação do acusado na
conduta ora apurada, sendo prudente invocar o princípio - in dubio pro
reo -, para absolvê-lo dessa acusação.

Sobre o tema, Guilherme de Souza Nucci e Ada 11


Pelegrini Grinover lecionam que:

(...) “Princípios consequenciais da prevalência do interesse do


réu (in dubio pro reo, favor rei, favor inocentiae, favor
libertatis) e da imunidade à auto acusação: o primeiro
significa que, em caso de conflito entre a inocência do réu – e
sua liberdade – e o poder-dever do Estado de punir, havendo
dúvida razoável, deve o juiz decidir em favor do acusado.
Aliás, pode-se dizer que, se todos os seres humanos nascem
em estado de inocência, a exceção a essa regra é a culpa,
razão pela qual o ônus da prova é do Estado-acusação. Por
isso, quando houver dúvida no espírito do julgador, é
imperativo prevalecer o interesse do indivíduo, em detrimento
da sociedade ou do Estado. Exemplo: absolve-se quando não
existir prova suficiente para a condenação (art. 386,VII, CPP).
(...).” (In Código de Processo Penal Comentado. 14ª edição. Ed.
Forense. Rio de Janeiro: 2015, p. 4-5).

“(...). Para a prova de certos fatos, o legislador exige apenas


um juízo de verossimilhança e, para outros, que a prova seja
convincente prima facie: para a condenação penal, por
exemplo, é necessário um elevado grau de certeza sobre a
prova do fato e da autoria; havendo dúvidas, o juiz deverá
absolver por insuficiência de provas (art. 386, VI, CPP). (...).”
(In As Nulidades do Processo Penal. 6ª ed., Ed. Revista dos
Tribunais: São Paulo, p.118).

O entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça


do Mato Grosso não destoa das lições doutrinárias encimadas, confira-
se:

“(...). No sistema processual penal brasileiro vigora o princípio


in dubio pro reo, de forma que só se admite a prolação de um
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édito condenatório quando estiverem cabalmente
demonstradas a materialidade, a autoria e a tipicidade
delitiva. Persistindo dúvidas razoáveis acerca da participação
do recorrente na prática criminosa, deve ser decretada sua
absolvição, já que, para a prolação de sentença condenatória,
não bastam meras suposições.” (TJMT. Recurso de Apelação
Criminal n. 28031/2015. Órgão Julgador: Segunda Câmara
Criminal. Relator: Desembargador Pedro Sakamoto. Data do
Julgamento: 16/09/2015. Data da Publicação/Fonte: DJE
22-9-2015). Destarte, é impositiva a absolvição do apelante do
crime de tráfico de entorpecentes, restando prejudicados os
demais pedidos defensivos referentes à alteração da
dosimetria penal.
APELAÇÃO CRIMINAL - TRÁFICO DE ENTORPECENTES –
RECURSO DA DEFESA: 1) FALTA DE PROVA DO FATO
DELITUOSO – PROCEDÊNCIA – INSUFICIÊNCIA DA PROVA
PRODUZIDA – DÚVIDA ACERCA DA AUTORIA DELITIVA -
ABSOLVIÇÃO. 2) CAUSA ESPECIAL DE DIMINUIÇÃO DA
PENA - SUBSTITUIÇÃO POR PENAS RESTRITIVAS DE
DIREITO – ANÁLISE PREJUDICADA – RECURSO PROVIDO
EM CONSONANCIA COM O PARECER. No sistema processual
penal pátrio, em homenagem à Constituição Federal que
dispõe sobre os direitos e garantias individuais dos cidadãos,
vigora o princípio - in dubio pro reo -, de modo, que só é
possível a prolação de um édito condenatório quando
estiverem comprovadas a existência do crime e sua autoria
sem qualquer nesga de dúvida; havendo dúvida acerca da
autoria do apelante na consumação da conduta de tráfico,
por mínima que seja, a absolvição é medida que se
impõe.Julga-se prejudicado a análise dos demais pedidos
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defensivos referentes à alteração da reprimenda imposta ante
a absolvição decretada. Expedição de alvará de soltura.(Ap
177775/2016, DES. RONDON BASSIL DOWER FILHO,
SEGUNDA CÂMARA CRIMINAL, Julgado em 01/08/2018,
Publicado no DJE 06/08/2018)

APELAÇÃO CRIMINAL - CORRUPÇÃO ATIVA - PLEITO DE


ABSOLVIÇÃO - SUBSISTÊNCIA - FRAGILIDADE DO
CONJUNTO PROBATÓRIO PARA ALICERÇAR A
CONDENAÇÃO – IN DUBIO PRO REO - ART. 386, VII, DO CPP
- ABSOLVIÇÃO DECLARADA - RECURSO PROVIDO.A livre
convicção do julgador, sobretudo na esfera penal, deve sempre
se apoiar em dados objetivos indiscutíveis. Por existirem duas
versões conflitantes sobre os fatos, e nenhuma prova firme e
segura acerca da materialidade e autoria delitiva, o melhor
caminho é a absolvição, porque para o juízo condenatório, faz-
se necessária a produção de prova cristalina, escorreita de
qualquer resquício de dúvida, o que indubitavelmente não se
verifica no caso dos autos O ônus da prova acerca da
existência do crime e quanto à certeza da autoria do fato
criminoso cabe à acusação. Não o fazendo, como no caso
presente, torna-se imperiosa a absolvição do apelante, em
respeito ao postulado constitucional da presunção de
inocência.(Ap 133906/2017, DES. JUVENAL PEREIRA DA
SILVA, TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL, Julgado em
01/08/2018, Publicado no DJE 06/08/2018) (grifos nossos)

Não sendo diferente o entendimento do Egrégio


Tribunal Regional da 1º Região:

APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO TRANSNACIONAL E


ASSOCIAÇÃO PARA ESSE TRÁFICO. INEXISTÊNCIA DE
PROVA. ABSOLVIÇÃO MANTIDA. 1. Apelação interposta pelo 14
Ministério Público Federal (MPF) da sentença pela qual o
Juízo absolveu Ana Lourdes Corrêa Matos da imputação da
prática dos crimes de (a) tráfico transnacional de drogas e de
(b) associação para o tráfico transnacional de drogas,
reconhecendo ?não existir prova de ter o réu concorrido para
a infração penal?. Lei 11.343, de 2006, Art. 33, Art. 35 e Art.
40, I; CPP, Art. 386, V. 2. Apelante sustenta, em suma, que
?as provas colhidas nos autos não deixam dúvidas de que a
apelada, em conluio com os demais acusados, importou, de
forma consciente e voluntária, a cocaína camuflada no
interior do forro da porta do veículo em que estava, uma vez
que aderiu à conduta criminosa consistente na sua
importação?; que ?as circunstâncias do caso concreto revelam
que [a acusada] sabia da existência da droga que estava sendo
transportada/importada no carro?; que essa conclusão
decorre ?não somente pelo fato de já ter tido envolvimento
com drogas em ocasiões pretéritas, mas por um conjunto de
fatores que, no caso em espécie, apontam para o seu dolo?;
que a acusada ?estava na companhia de Antonio Marcos dos
Santos (condenado definitivamente pelo crime de tráfico de
drogas nos autos do processo principal), no momento do
transporte da droga (cocaína na forma de base), a qual
exalava cheiro tão perceptível, ao ponto de motivar os policiais
civis a abrirem o forro da porta do veículo, no interior do qual
estava camuflada?; que a acusada tinha conhecimento da
droga no interior do veículo, porquanto ?sentiu o odor
característico da cocaína, até porque, tal odor, obviamente,
era do conhecimento desta, dado o seu envolvimento com a
mesma prática delitiva em ocasiões pretéritas?; que a acusada
não explicou de forma convincente a sua ida à Venezuela.
Requer o provimento do recurso para condenar a acusada.
Parecer da PRR1 pelo não provimento do recurso. 3. Tráfico
transnacional de drogas e associação para esse tráfico. Lei
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11.343, Art. 33, Art. 35 e Art. 40, I. Conclusão do Juízo no
sentido de ?que as argumentações referentes à acusada se
restri[n]gem a fatos pretéritos, não havendo elementos ou
indícios efetivos que demonstrem a conduta praticada pela
acusada quanto ao fato em apreço?; que do teor dos
depoimentos dos corréus à autoridade policial ?não é possível
constatar o envolvimento [da acusada] com a aquisição e o
transporte da droga?; que, dos ?depoimentos dos dois
policiais responsáveis pela [...] abordagem do veículo, extrai-
se a informação de que ambos já conheciam [a acusada] por
ocasião de operação anterior aos fatos em que houve
apreensão de drogas em sua residência, ocasião em que seu
ex-marido foi preso?; que os policiais afirmaram ?que a
acusada é ?conhecida como traficante??; que ?o fato de a
acusada estar respondendo a outro processo, com sentença
condenatória não transitada em julgado, não se mostra
razoável e suficiente para comprovar sua autoria?; que os
depoimentos contraditórios prestados pela acusada implica,
no máximo, ?dúvida quanto ao seu conhecimento acerca da
existência do entorpecente no interior do veículo.? Conclusão
embasada nas provas contidas nos autos, vistas em conjunto.
Hipótese em que o MPF deixou de apresentar a esta Corte
elementos probatórios idôneos, inequívocos e
convincentes a fim de que se possa concluir, acima de
dúvida razoável, pela condenação. A culpabilidade da
acusada ?[n]ão [...] pode [ser] vincula[da] [...] à sua folha de
antecedentes?. (TRF 1ª Região, ACR 8566-
07.2004.4.01.3500/GO; ACR 38831-38.1999.4.01.3800/MG.)
A alegação de que a acusada sentiu o odor da cocaína é
insuficiente à demonstração, acima de dúvida razoável, da
?aderência subjetiva [da conduta dela] [com a dos demais]
que ?concorreram para a prática do delito?.? (STF, HC
16
86520/SP.) 4. Apelação não provida. (ACR 0001865-
20.2011.4.01.4200, JUIZ FEDERAL LEÃO APARECIDO
ALVES (CONV.), TRF1 - TERCEIRA TURMA, e-DJF1
08/06/2018 PAG.)

Assim, cabendo a acusação demonstrar o


elemento subjetivo da culpa, que há de ser plena e convincente, ao
passo que para o Acusado basta a dúvida. É a consagração do in dúbio
pro reo ou actore non probante absolvitur réus; há prevenção legal da
inocência do acusado. É o que o Código expressamente consagra no
art. 386, VII, do Código de Processo Penal: “absolver-se o réu quando
não existir prova suficiente para a condenação”.

O Processo Penal é orientado pelos princípios


da verdade real e da presunção de inocência, de onde emerge o
dogma de que a prova idônea a lastrear a condenação deve ser apta a
ensejar a certeza da ocorrência do ilícito e de quem fora seu
protagonista, ensejando que, sobejando resquícios de dúvida acerca da
autoria ou da materialidade, deve ser interpretada em favor do acusado
a presunção de inocência, como expressão do postulado in dubio pro
reo, mormente na hipótese em análise, tratando-se de conduta
extremamente grave, por trata-se de crime marcado pela hediondez,
onde as penas privativas de liberdade possuem patamar alto,
possuindo regime prisional fechado, por força do artigo 2º, § 1º, da Lei
8072/90.

Desta forma, para ensejar uma condenação


desta monta, urge restar devidamente comprovadas autoria e
materialidade, sob pena de irreparável injustiça.

Sendo que no presente caso não foi comprovada


a participação do acusado na conduta ilícita, vez que apenas estava na
companhia de outro acusado que confessara estar realizando o
transporte do entorpecente.

Ademais, a presença do acusado no veículo no 17


qual fora encontrada a cocaína justificava a realização de busca
pessoal no acusado e nos seus pertences, mas é insuficiente à
condenação criminal.

Aqui, não se trata da verificação da presença de


fundada suspeita para autorizar busca pessoal ou veicular (CPP, Art.
240, § 2º), mas, sim, da verificação da presença de prova acima de
dúvida razoável, ou seja, da presença do mais exigente padrão
probatório em nosso sistema jurídico.

Cabe frisar ainda, que no Processo Penal cabe à


acusação demonstrar e provar que a conduta do agente se amolda ao
tipo penal, com a presença de todos os seus elementos”. (TRF 1ª
Região, ACR 4514-94.2006.4.01.3500/GO, Rel. Desembargador
Federal MÁRIO CÉSAR RIBEIRO, Quarta Turma, e-DJF1 p. 50 de
22/03/2012.) “Nenhuma acusação penal se presume provada. Não
compete ao réu demonstrar a sua inocência. Cabe ao Ministério Público
comprovar, de forma inequívoca, a culpabilidade do acusado.” (STF, HC
73.338/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Primeira Turma, julgado em
13/08/1996, DJ 19/12/1996, P. 51766. Grifo original.) A condenação
demanda a produção, pelo órgão da acusação, de prova “além de
qualquer dúvida razoável” quanto à “ocorrência do fato constitutivo do
pedido”. (STF, HC 73.338/RJ, supra.) “Em matéria penal, a
densificação do valor constitucional do justo real é o direito à
presunção de não-culpabilidade (inciso LVII do art. 5º da CF). É dizer:
que dispensa qualquer demonstração ou elemento de prova é a não-
culpabilidade (que se presume). O seu oposto (a culpabilidade) é que
demanda prova, e prova inequívoca de protagonização do fato
criminoso.” (STF, HC 92435/SP, Rel. Min. CARLOS BRITTO, Primeira
Turma, julgado em 25/03/2008, DJe-197 17-10-2008. Grifei.) Por isso,
o juiz não pode proferir decisão condenatória, “louva[ndo-se] em
provas insuficientes ou imprecisas ou contraditórias para atestar a
culpabilidade do sujeito que se ache no pólo passivo da relação
processual penal.” (STF, HC 92435/SP, supra. Grifei.)
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O Ministério Público fez o possível e impossível
para tentar provar que o acusado cometera o crime descrito na
denúncia, porém todavia falhou, pois como podemos verificar através
dos elementos colhidos nos autos, não houve a comprovação da
participação do acusado na conduta ilícita.

Desta forma, no presente caso, diante da falta


de provas concretas que indiquem a autoria dos crimes descritos na
denúncia, deve ser o acusado absolvido, com fundamento no art. 386,
inciso VII, do Código de Processo Penal.

IV - DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, forte nos motivos de fato e


direito, o acusado, requer seja Julgada Improcedente da denúncia,
absolvendo o acusado quanto ao delito de tráfico, capitulado no art. 33,
caput, da Lei 11.343/06, nos termos do artigo 386, incisos, V e VII, do
Código de Processo Penal, impondo-se em favor do acusado a aplicação
do princípio in dubio pro reo.

Termos em que,

Pede deferimento.

Porto Esperidião/MT, 12 de fevereiro de 2019.

Advogado

OAB/MT

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