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Introdução sobre a Realeza de Maria

Monsenhor João Clá Dias, EP – Fundador dos Arautos do Evangelho

A rosa é a rainha das flores, e o leão, da selva. Tudo o que sobressai em uma ordem de coisas
é chamado metaforicamente rei da mesma. Supérfluo dizer que neste sentido Maria
Santíssima é Rainha de toda a criação. Contudo, não nos contentamos com este significado
alegórico, queremos outro mais real.

Significado real

Rei vem de reger ou governar, e leva consigo, além da idéia de governo, a da inamovibilidade
e, geralmente, o sangue e prosápia de reis, embora isto não fosse necessário. A nota essencial,
pois, é a de cabeça suprema e diretiva da sociedade, ofício de que se deriva o cargo, títulos e
honras. (...)

Dissemos que a realeza deve dirigir a sociedade. Para onde? Para a consecução de seu fim. Se
este é terreno, o governo do réu há de endereçar-se para a felicidade temporal dos súditos,
sem olvidar o fim último para que foram criados. Se a sociedade é espiritual, a direção se
encaminhará para a salvação do homem e para a glória de Deus.

Sabido é que para dirigir e encaminhar nos homens é necessário lhes indicar caminho e meios,
através da legislação; obrigá-los a que os ponham em prática mediante o poder executivo e
coativo, e julgar-se, se se apartam do ordenado, pelo poder judiciário.

Ao afirmar, pois, que Maria é Rainha, no sentido real, Lhe atribuímos o poder total sobre a
ordem sobrenatural, ou também sobre a ordem natural e civil.

Queremos assinalar uma diferença entre o reinado da mulher e do homem, quando este é o
verdadeiro monarca por direito próprio e não apenas rei consorte.

A rainha, embora sendo-o verdadeiramente, não exerce poderes reais. Se algum (poder) lhe
toca, será o da caridade e amabilidade. Compete ao esposo a direção da guerra; a esposa
atenderá aos hospitais e órfãos.

Dizemos isto para fazer constar que Maria, em seu reinado, ocupará um posto intermediário
entre a autoridade do verdadeiro Rei, Cristo, e a mera honra da rainha consorte. Mais Rainha,
pois, em seu ofício que esta, menos em sua jurisdição que Aquele, porém Rainha sempre com
todo direito.

I – Conceitos da Realeza de Maria

Após sua gloriosa Assunção, a Bem-aventurada Virgem Maria foi coroada pela Santíssima
Trindade como Rainha dos homens, dos Anjos e de todo o Universo.

Tal realeza, comenta o Pe. Roschini, é o resultado necessário da mesma missão a que foi
predestinada por Deus, e que constituiu a razão de sua existência: a missão de Mãe do Criador
e das criaturas, e de Medianeira entre Aquele e estas últimas. Ela nasceu Rainha, porque para
tal foi predestinada ab aeterno, uma vez que foi eleita por Deus, desde toda a eternidade, para
a singularíssima e transcendental missão de Mãe e Medianeira universal: os dois títulos
fundamentais de sua realeza.

Os Padres do Oriente e do Ocidente com freqüência chamaram Maria Domina, Regina,


Regina nostrae slautis, por exemplo, no Oriente, Santo Efrém, São Germano de
Constantinopla, Santo André de Creta, São João Damasceno. No Ocidente, entre outros, São
Pedro Crisólogo, o venerável Beda, Santo Anselmo, São Pedro Damião, São Bernardo, Santo
Idelfonso, Ricardo de São Lourenço.

Seus títulos de Soberana aparecem amiúde nos escritos dos teólogos, em Santo Alberto
Magno, São Boaventura, São Tomás, Gerson, São Bernardino de Siena, Dionísio o Cartuxo,
São Pedro Canísio, Suárez, São Roberto Belarmino, São Luís Maria Grignion de Montfort. Os
soberanos Pontífices sempre empregaram as mesmas expressões.

A liturgia romana e as liturgias orientais igualmente proclamam Nossa Senhora Rainha dos
Céus, Rainha dos Anjos, Rainha do mundo, Rainha de todos os Santos. Entre os mistérios do
Rosário, comumente recitados na Igreja desde o séc. XIII, o último de todos é o da Coroação
de Maria no Céu, que foi representado por um dos mais belos afrescos do Beato Fra Angélico
de Fiesole.

E para indicar a soberania que Ela tem sobre os homens, a Igreja no-La faz proclamar Nostra
Domina, que significa precisamente nossa Soberana, nossa Rainha.

Vejamos agora como os doutores e o magistério eclesiástico explicam esse gloriosíssimo


título da Imaculada Mãe de Deus.

II – Realeza de Cristo, Realeza de Maria

A realeza de Nossa Senhora há de se explicar, portanto, em função da de Jesus Cristo Rei.


Assim sendo, recordemos certas idéias sobre a realeza de Cristo, de cuja associação deriva a
de Maria.

Cristo, Rei natural; o Filho do Pai

Alguns reis o tem sido pela eleição dos homens ou pelas distintas vicissitudes históricas.
Entretanto, poder-se-ia dar o caso, corrente entre os animais, da existência do rei natural, a
saber, daquele que por suas condições se eleva e se distingue de tal forma que se pode dizer
que sua natureza o impõe como diretor e governante. Tal ocorre entre as aves migratórias com
a que lhes serve de guia; tal poderia ocorrer em uma tribo semi-civilizada com o homem culto
e bom que nela vivesse.

Cristo, sendo Homem Deus, reúne condições tão superiores a todo homem e que o colocam
acima da humanidade e com mais títulos e ciência que qualquer outro para governá-la.

Se a isto acrescentamos que enquanto Deus é o Criador e Senhor de tudo, dito está que tem
direito a ser o Rei não só no sobrenatural, senão até no natural e civil, embora não tenha
querido exercer esta segunda função, como afirmou perante Pilatos.

Cristo, Rei por Redenção

O direito de redenção - libertação do poder de Satanás e do pecado - e inauguração de seu


reinado de graça equivale ao (direito) de conquista. Por este título, Jesus Cristo seria Rei
unicamente na ordem sobrenatural, posto que a esta se limitou a Redenção.

III – Os títulos da Realeza de Maria


A Mãe do Rei

Os títulos pelos quais podemos chamar Nossa Senhora de Rainha, são os mesmos de Cristo.

Na ordem sobrenatural a graça coloca Maria tão acima de toda criatura, que não pode deixar
de ser a Rainha natural do mundo (incluídos homens e Anjos)

A isto, porém, deve se acrescentar, como sempre, o título jurídico de sua maternidade, fonte
de todas suas prerrogativas e funções. Maria é a Mãe do Rei e deve desfrutar das honras de
Rainha-Mãe.

E ainda nos deteremos numa idéia: Cristo é Rei graças a Maria.

A arte medieval e, sobretudo, a bizantina, apresenta as figuras do Criador e do Pai com o


atributo real da coroa. Com isso significa o poder. Porém, temos ouvido que se diga alguma
vez: o Pai, Rei, o Filho ou o Espírito Santo Reis? Não. Este título se reservou a Cristo.

Por que? Porque é um absurdo jurídico ser rei de um país sem participar de sua nacionalidade.
É certo que, por exceção, foram eleitos monarcas oriundos do estrangeiro, mas todos eles se
nacionalizaram previamente no país em que haviam de reinar. Para ser rei dos espanhóis há
que ser espanhol, para sê-lo dos franceses cumpre ser francês. Para ser rei dos homens, há que
ser homem. Por isso não se diz nunca do Espírito Santo que seja Rei, e o mesmo Verbo
necessitou fazer-se homem e chamar-se Cristo - nome do Verbo humanado - para receber tal
título.

Ora Maria é a fonte da humanidade de Cristo, logo a Ela se deve o fato de uma das condições
necessárias para o reinado de Cristo. (...)

Rainha por direito de conquista

Recordemos o segundo título de Cristo. Maria foi associada à Redenção.

A beatíssima Virgem foi tomada para auxílio na salvação e consorte no reino, pois só Ela
compadeceu com Ele. (...) E, portanto, só Ela obteve o consórcio no reino (cfr. Santo Alberto
Magno, Mariale, resp. ad qq. 26-43)

Se a maternidade divina é o fundamento radical da realeza mariana, sua compaixão é o mérito


da mesma.

Pensamento semelhante é o de outro ilustre mariólogo:

Quando ouvimos Jesus prometer a seus apóstolos de os fazer - porque O seguiram se serviram
- poderosos em seu reino celeste (Mt. XIX, 27-28), pensamos que Aquela da qual Ele
recebeu, do berço à sepultura, do presépio do Calvário, um incomparável auxílio, em
recompensa deve ser o primeiro personagem e a mais alta influência, depois d'Ele, nos céus.
Compreendemos que Ela seja glorificada e exaltada com Ele, na proporção em que com Ele
foi humilhada e martirizada. (...)

Maria participou estreitissimamente e de maneira muito especial, nas grandezas e nas


humilhações de Jesus Cristo, para não ser com Ele coroada de glória e de honra, elevada com
Ele acima dos próprios Anjos, partilhando sua soberania, Rainha-Mãe ao lado do Rei seu
Filho.

De estirpe real
O outro título PE ainda a Santíssima Virgem verdadeiramente Rainha: pertence Ela a uma
raça de reis. Ouçamos o Pe. Jourdain:

Abundam, neste sentido, os mais autênticos testemunhos. A começar pelo historiógrafo


divino (São Mateus, I, 1-17): Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de David, filho de
Abraão. Abraão era rei; foi o que deu origem a uma longa sequência de monarcas. Depois
Isaac e Jacob até David, foram reis de fato embora não portassem este nome. A partir de
David, houve numerosos reis de nome e de fato: reis escolhidos por Deus e postos por Ele
sobre o trono. O próprio Abraão recebeu o cetro de suas mãos. As seguintes palavras do
Gênese (XII, 2) exprimem bem a transmissão do poder soberano: "Farei sair de vós um
grande povo e Eu o abençoarei. Tornarei vosso nome célebre e sereis abençoado."

David e seus sucessores eram reis, não se o pode contestar. Ora, a Bem-aventurada Virgem
Maria descende de David, como nos diz São Mateus. Ele não é o único a dizê-lo. Isaías
profeta (XI, 1), igualmente o proclama, quando diz: Sairá um rebento do talo de Jessé, par de
David, e uma flor nascerá de sua raiz. O rebento de Jessé é bem a gloriosíssima Virgem
Maria; de sua raiz, quer dizer, de seu seio virginal, saiu Nosso Senhor Jesus Cristo,era flor
divina de suave e incomparável odor. A Igreja admite esta interpretação, quando, no Ofício da
Anunciação, ela aplica a Jesus e a Maria esse texto do Profeta. No Ofício da Natividade da
Santíssima Virgem, encontramos essas palavras: "Natividade da gloriosa Virgem Maria, da
raça de Abraão, descendente da trino de Judá e da célebre família de David. E pouco depois:
"Maria, saída de uma raça real, brilha de um grande fulgor". Donde podemos concluir, sem
receio de engano, que Maria descende do santo Rei David, que Ela provém da estirpe de
Jessé.

E Evangelho conforma os oráculos dos Profetas e os ensinamentos da Igreja Católica. As duas


genealogias de Nosso Senhor, das quais uma pelo menos é a de Maria, remontam a David e O
fazem descender deste Rei. Ora, não era suficiente, para que Jesus fosse efetivamente o Filho
de David, que José pertencesse a esta família. Cumpria, sobretudo, e era absolutamente
indispensável que Maria descendesse, como Ele, do Santo Rei, pois somente d'Ela tomou
Jesus sua humanidade, e só Ela Lhe podia transmitir os direitos de David ao mesmo tempo
que seu sangue real.
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ORAÇÃO A MARIA RAINHA

Na solene cerimônia da proclamação da Realeza de Maria, no dia 1 de Novembro de 1954, o


Papa Pio XII formulou a seguinte oração (concedendo quinhentos dias de indulgência, todas
as vezes que recitada devotamente).

Das entranhas desta terra de lágrimas, em que a humanidade sofredora penosamente se


arrasta; entre as vagas deste nosso mar perenemente agitado pelos ventos das paixões,
elevamos os olhos a Vós, ó Maria, Mãe estremecida, para reconfortar-nos contemplando
a vossa glória, e para aclamar-Vos Rainha e Senhora dos Céus e da Terra, Rainha e
Senhora nossa.

Com legítimo orgulho de filhos queremos exaltar esta vossa realeza e reconhecê-la como
a suma excelência de todo o vosso ser, ó dulcíssima e verdadeira Mãe d'Aquele que é Rei
por direito próprio, por herança, por conquista.

Reinai, ó Mãe e Senhora, mostrando-nos o caminho da santidade, dirigindo-nos e


assistindo-nos, a fim de que dele não nos afastemos jamais.

Do mesmo modo que exerceis no alto do Céu o vosso primado sobre as milícias dos
Anjos, que Vos aclamam sua Soberana; sobre as legiões dos Santos, que se deleitam na
contemplação da vossa fúlgida beleza; assim também reinai sobre todo o gênero humano,
particularmente abrindo os caminhos da fé a quantos ainda não conhecem o vosso Divino
Filho.

Reinai sobre a Igreja, que professa e celebra o vosso domínio e a Vós recorre como a
refúgio seguro, em meio às calamidades dos nossos tempos. Mas reinai especialmente
sobre aquela porção da Igreja que é perseguida e oprimida, dando-lhe a fortaleza para
suportar as adversidades, a constância para não se dobrar sob as injustas pressões, a luz
para não cair nas insídias do inimigo, a firmeza para resistir aos ataques a descoberto, e
em todos os momentos a inquebrantável fidelidade ao vosso Reino.

Reinai sobre as inteligências, a fim de que busquem unicamente a verdade; sobre as


vontades, a fim de que procurem somente o bem; sobre os corações, a fim de que amem
exclusivamente o que Vós mesma amais.

Reinai sobre os indivíduos e sobre as famílias, assim como sobre as sociedadee e as


nações; sobre as assembléias dos poderosos, sobre os conselhos dos sábios, do mesmo
modo que sobre as aspirações simples dos humildes.

Reinai nas ruas e nas praças, nas cidades e nas aldeias, nos vales e nos montes, no ar,
terra e no mar.

E acatai a piedosa oração de quantos sabem que o vosso reino é reino de misericórdia,
onde toda súplica encontra acolhida, toda dor conforto, toda desgraça alívio, toda
enfermidade saúde, e onde como que a um simples aceno de vossas suavíssimas mãos, da
própria morte ressurge sorridente a vida.

Concedei-nos que aqueles que agora em todas as partes do mundo Vos aclamam e
reconhecem como Rainha e Senhora, possam um dia no Céu gozar da plenitude do vosso
Reino, na visão de vosso Filho, que com o Padre e o Espírito Santo vive e reina pelos
séculos dos séculos. Assim seja! (Documentos Pontifícios, Vozes, 1955, n° 110, pp,. 23-24)
(CLÁ DIAS, JOÃO. Pequeno Ofício da Imaculada Conceição Comentado. Artpress. São
Paulo, 1997, pp. 431-435)

Disponível em:

http://www.arautos.org/section/946/Capitulo-9---Maria-Rainha-do-Universo.html

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