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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

CLAUDIA MULLER GOLDBERG SENNA

PAPILOSCOPIA COMO MÉTODO DE IDENTIFICAÇÃO HUMANA:


UMA CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO CRIMINAL

Palhoça
2014
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CLAUDIA MULLER GOLDBERG SENNA

PAPILOSCOPIA COMO MÉTODO DE IDENTIFICAÇÃO HUMANA:


UMA CONTRIBUIÇÃO Á INVESTIGAÇÃO CRIMINAL

Monografia apresentada ao Curso de Pós-


Graduação Lato Sensu em Inteligência em Seguran-
ça Pública, da Universidade do Sul de Santa Catari-
na, como requisito à obtenção do título de Especialis-
ta em Inteligência em Segurança Pública.

Orientação: Prof. Joel Irineu Lohn, MSc.

Palhoça
2014
3

CLAUDIA MULLER GOLDBERG SENNA

PAPILOSCOPIA COMO MÉTODO DE IDENTIFICAÇÃO HUMANA:


UMA CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO CRIMINAL

Esta Monografia foi julgada adequada à obtenção


do título de Especialista em Inteligência em
Segurança Públicae aprovado em sua forma final
peloCurso de Pós-Graduação Lato Sensu em
Inteligência em Segurança Pública, da
Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 30 de junho de 2014.

___________________________________________
Professor orientador: Prof. Joel Irineu Lohn, MSc.
Universidade do Sul de Santa Catarina

___________________________________________
Professor argüidor: Dr. Giovani de Paula
Universidade do Sul de Santa Catarina
4

TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

PAPILOSCOPIA COMO MÉTODO DE IDENTIFICAÇÃO HUMANA:


UMA CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO CRIMINAL

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade


pelo aporte ideológico e referencial conferido ao presente trabalho, isentando a
Universidade do Sul de Santa Catarina, a Coordenação do Curso de Inteligência em
Segurança Pública, a Banca Examinadora e o Orientador de todo e qualquer reflexo
acerca deste Trabalho de Conclusão de Curso.
Estou ciente de que poderei responder administrativa, civil e
criminalmente em caso de plágio comprovado do trabalho monográfico.

Palhoça, 30 de junho de 2014.

____________________________________
Claudia Muller Goldberg Senna
5

Esse estudo é dedicado a todos os


papiloscopistas, que com seu trabalho
incansável, transformam a impressão digital em
uma “marca de valor”.
6

AGRADECIMENTOS

Agradeço a meu companheiro, amigo, pela referência de superação,


dedicação e sucesso.
Agradeço a minha mãe, exemplo de força, batalha e honestidade, sem a qual
todo o meu caminho acadêmico seria inexistente.Agradeço por todas as vezes em
que teve que abdicar de algo em favor do meu crescimento pessoal.Agradeço
aminha irmã, pela paciência, doação e apoio no momento mais crucial da minha
jornada. E a meu pai, que está sempre presente.

.
7

O mundo é perigoso não por causa daqueles


que fazem o mal, mas por causa daqueles
queobservam e deixam o mal acontecer.
(Albert Einstein)
8

RESUMO

Este estudo apresenta a perícia papiloscópica e seus procedimentos em locais de


crime e em material, definindo que as atividades desenvolvidas pela perícia criminal
através da análise da impressão digital, podem incrementar o valor da
imparcialidade da Justiça Criminal.O universo teórico buscou fundamentar o estudo
em autores de referência na área da papiloscopia, em conjunto com a doutrina
brasileira, a análise de manuais práticos de procedimentos e algumas outras obras.
Afunção da prova pericial é de estabelecer a materialidade do delito, vinculando o
autor à cena do crime e contribuindo para a elucidação do fato. O serviço deve
considerar a acessibilidade a todos os envolvidos, principalmenteaos segmentos
excluídos, propiciando assim a inclusão social. Concluiu-se que a papiloscopia
apresenta várias vantagens em relação a outros métodos de identificação humana
existentese que a perícia criminalé um meio para alcançar a equanimidade da
Justiça.

Palavras chave: Papiloscopia. Impressão Digital.Cena de crime.Identificação


humana. Justiça
9

ABSTRACT

This study presents the expertise papiloscopica and its procedures in crime scenes
and in material, through analysis of the fingerprint, pointing that the activities
developed by the forensic science can increase the value of the impartiality of the
Criminal Justice.The theoretical universe used in the study sought support in
reference authors in papiloscopia, together with the Brazilian doctrine, practical
manuals of procedures and some other works. The usefulness of the criminal
investigation service is in the sense of producing the proof of the crime, linking the
author to the crime scene, contributing to the elucidation of the criminal fact. The
service should consider the access conditions for all the involved, mainly for the
excluded segments, aiming the social inclusion.It was ended that the papiloscopia
has many advantages despite of other existing human identification methods and
that through the forensic scienceit is possible to accomplish the value of equality of
the Justice.

Words key: Papiloscopia. Finger Print. Crime scene. Human identification.Justice.


10

LISTA DE FIGURAS E QUADROS

Figura 1: Desenhos de uma mesma impressão e seus elementos principais ........... 24

Quadro 1: Relação entre as glândulas e os compostos excretados pelo corpo


humano ..................................................................................................................... 25
11

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 12
1.1 OBJETIVOS .................................................................................................... 16
1.1.1 Objetivo geral ................................................................................................ 16
1.1.2 Objetivos específicos.................................................................................... 16
1.2 JUSTIFICATIVA............................................................................................... 16
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................. 19
2.1 ATIVIDADE PERICIAL ........................................................................................ 20
2.2 IMPRESSÃO DIGITAL......................................................................................... 22
2.3 TERMINOLOGIA ................................................................................................. 25
2.3.1 Perícia Papiloscópica..................................................................................... 25
2.3.2 Papilograma ................................................................................................... 26
2.3.3 Fragmento de impressão papilar .................................................................. 26
2.3.4 Impressão questionada e Impressão padrão............................................... 26
2.3.5 Padrão de exclusão e padrão de confirmação ............................................ 26
2.3.6 Tipos de impressões papilares ..................................................................... 27
2.3.7 Suporte ............................................................................................................ 27
2.3.8 Revelação de impressões.............................................................................. 27
2.3.9 Minúcias .......................................................................................................... 28
2.3.10 Tipos de Perícia Papiloscópica ................................................................... 28
2.4 TÉCNICAS DE REVELAÇÃO DE DIGITAIS LATENTES .................................... 28
2.5 PERÍCIA PAPILOSCÓPICA ................................................................................ 30
2.5.1 Perícia Papiloscópica em local ..................................................................... 31
2.5.2 Perícia Papiloscópica em material ................................................................ 33
2.6 A PRODUÇÃO DO SERVIÇO PERICIAL CRIMINAL..................................... 35
2.7 A AVALIAÇÃO DE JUSTIÇA DA PROVA PERICIAL .......................................... 36
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 38
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................. 40
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 47
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 50
12

1 INTRODUÇÃO

O interesse do homem pela impressão digital remonta à pré-história.


Arqueólogos observaram que os povos primitivos deixavam o desenho da palma da
mão nas cavernas em que habitavam e também em objetos de uso pessoal,
utilizando-se de pigmentos disponíveis na época ou de materiais moldáveis como
barro.
Na antiguidade, entre os anos 300 a.C e 600 a.C, as civilizações do
continente asiático costumavam legitimar contratos e certidões com a impressão do
polegar direito aposta sobre os documentos, mas é impossível precisar se estas
culturas conheciam a singularidade dos desenhos papilares e não houve um uso
sistemático da impressão digital.
No século XVII iniciaram-se os estudos científicos das papilas dérmicas,
tendo como precursor o anatomista Marcelo Malpighi que se dedicou ao estudo das
palmas das mãos e ponta dos dedos. Posteriormente, pesquisas conduzidas por
William Hershel , Henry Faulds e Francis Galton, começaram a delinear alguns dos
princípios fundamentais da papiloscopia, como a perenidade, imutabilidade e
variabilidade.
Juan Vucetich, um austríaco que se naturalizou como cidadão argentino,
elaborou um método de classificação para as impressões digitais sistematizando o
uso da papiloscopia como método científico de identificação em 1891, tornando-se o
primeiro cientista a resolver um caso de homicídio alicerçado no confronto da
impressão digital.
Baseada nos desenhos papilares, a papiloscopia, enquanto ciência
forensevale-se de poderosas ferramentas tecnológicas epode ser aproveitada como
prova jurídica em processos penais.
A possibilidade dearmazenamento de impressões digitais em bancos de
dados, aprimoramento daanálisedas características morfológicas das impressões
digitaisbem como a ampliação de técnicas periciaispara fazer o levantamentodessas
impressões papilares com maior clareza e definição, abre um novo panorama para o
combate à criminalidade, imprimindo maior velocidade às investigações.
13

O maior desafio em toda e qualquer ocorrência policial, é identificar o seu


protagonista.Definir a identidade de um sujeito de forma incontestável sempre foi, e
ainda é, uma das maiores metas da ciência forense e das investigações criminais.
Neste sentido, através de métodos científicos, busca-se reconhecer uma pessoa
com segurança e vinculá-la de modo indubitável a seus atos.Valendo-se de várias
técnicas de identificação humana,pode-sedescartar suspeitos ou colocarnovos
indivíduos na cena do crime, o que contribui significativamente para a elucidação
dos casos.
Uma das técnicas empregadas que merece destaque é apapiloscopia. Esta
técnica utiliza os desenhos existentes nas extremidades dos dedos, denominados de
cristas dérmicas (papilas dérmicas), para realizar a identificação do indivíduo, uma
vez que esta impressão é única e acompanha a pessoa por toda a sua vida. Ao se
observar uma impressão digital, alguns princípios são evidenciados: princípio da
variabilidade – não existem, em toda a humanidade, dois desenhos digitais
idênticos; princípioda imutabilidade – não haverá alterações ao longo da sua
existência; princípio da perenidade – os desenhos da impressão digital já se
apresentam no ventre materno.

Encontramos em Araújo, uma explicação mais aprofundada para cada um


destes princípios:

Variabilidade é a propriedade que tem os desenhos papilares de não se repeti-


rem, variando, portanto, de região para região papilar e de pessoa para pes-
soa. Não há possibilidade de se encontrar dois desenhos papilares idênticos,
nem mesmo em uma mesma pessoa.
Perenidade é a propriedade que tem os desenhos papilares definidos desde a
vida intra-uterina até a completa putrefação cadavérica. O desenho papilar ob-
servado em um recém-nascido permanece até a sua velhice, com a única dife-
rença do aumento de tamanho, como se fosse uma ampliação fotográfica.
Imutabilidade é a propriedade que tem os desenhos papilares de não mudarem
a sua forma original, desde o seu surgimento até a completa decomposição
cadavérica. Os desenhos aumentam de tamanho durante o crescimento do
corpo humano, porém, eles mantém constantes as características que permi-
tem identificá-las. (ARAÚJO, 2009, p.06)

Além destas características, outros fatores corroboram para que a análise


da impressão digital seja amplamente usada, como o princípio da praticidade, por
ser um método rápido e eficaz, além de apresentar baixo custo. As digitais também
permitem arquivamento, podendo ser classificadas, evidenciando a papiloscopia
como uma ferramenta singular de identificação (MACEDO;CAMPOS,2013).
14

A papiloscopia divide-se em: datiloscopia, que consiste na identificação por


meio das pontas dos dedos, em quiroscopia, que trata da identificação através da
análise das impressões palmares e, por fim, podoscopia, identificação pela planta
dos pés.
Devido a sua fácil aplicação e segurança no resultado, a identificação
humana pela impressão digital apresenta larga vantagemfrente a outros métodos
existentes.
As impressões digitais que podem ser encontradas em locais de crimes
resumem-se a três tipos: as moldadas, localizadas em materiais que gravam os
sulcos dos tecidos (exemplo: gesso); as visíveis, que são nítidas, perceptíveis a olho
nu por estarem impregnadas por tintas, graxa ou sangue deixado no local ao
manusear materiais e, por último, as latentes, que somente podem ser visualizadas
utilizando-se técnicas específicas.(MACEDO;CAMPOS,2013)
O cuidado dos profissionais envolvidos na análise de uma cena de crime
deve pautar todas as etapas do processo, para que não haja contaminação da
prova.
Ludwig (1996)salienta que, para que uma evidência seja considerada
idônea, técnicas apropriadas, pautadas em rigoroso método científico devem ser
empregadas, observando-se sempre a cadeia de custódia para evitar alteração e
destruição do material.
Dúvidas quanto ao momento que determinado vestígio foi produzido são
pertinentes naesfera das ciências forenses. Em termos práticos, a relevância de um
dado vestígio pode ser questionada notribunal pela defesa que pode argumentarque
“a atividadeque gerou o vestígio foi anterior ou posterior ao crime; nesse contexto,
destaca-se a datação de impressões latentes”. (RIBAUX et al. 2010 apud BARROS,
2013, p.2)
A informação precisa do lapso temporal em que foi produzida determinada
impressão em uma cena de crime, pode ser crucial para um convencimento de
autoria do delito.
“As impressões deixadas em um tempo distinto do momento do crime
poderiam ser excluídas antes da investigação”, permitindoque se reduza
significativamente“o tempo e os gastos com análise de impressões de indivíduos não
envolvidos no caso em questão”.(MERKEL et al.,2012a apud BARROS, 2013, p.02).
Na mesma linha de raciocínio, Barros enfatiza que:
15

Uma vez que seja possível estabelecermos quando um determinado


vestígio foi transferido para a cena de um crime, torna-se possível
determinar a época de contato entre pessoas e/ou objetos e, dessa forma,
acrescentar uma valiosa informação para as investigações criminais. A
datação de um vestígio se define como a atribuição de uma idade absoluta
ou relativa na determinação de um intervalo de tempo que separe os
elementos entre uma data e o tempo presente. (BARROS, 2013, p. 2)

Diante deste contexto, impõe-se o questionamento acerca do papel da


papiloscopia como procedimento de vital importância para a identificação
humana,método seguro e eficaz, capaz de estabelecer uma relação unívoca entre
os elementos envolvidos em um evento, criando um conjunto de provas que possam
diferenciar pessoas, individualizando-as e estabelecendo uma identidade.
16

1.1 OBJETIVOS

1.1.1Objetivo geral

Apresentar as vantagens da papiloscopia como método de identificação


humana em relação a outros métodos conhecidos.

1.1.2 Objetivos específicos

• Definir perícia e atividade pericial;


• Detalhar os elementos da impressão digital;
• Definir as técnicas de revelação de digitais latentes;
• Conceituar os elementos técnicos da papiloscopia (terminologia);
• Elencar os tipos de impressões que podem ser encontradas em locais
de crime;
• Descrever a produção daprova pericial;
• Apresentar a avaliação de justiça diante de um serviçotécnico acessível
a todos;
• Demonstrar os vários aspectos da perícia papiloscópica em local de
crime e em material.

1.2JUSTIFICATIVA

Os métodos de identificação humana evoluíram com o passar do tempo no


sentido de proporcionar absoluta segurança nos resultados. Vários processos foram
17

utilizados ao longo da história, alguns são ainda empregados tais como nome e
fotografia, entretanto estes processos não garantem a individualização de um
indivíduo, sendo apenas complementares à identificação.
Outras formas de identificação de pessoas em diversas civilizações foram
por vezes cruéis, como as mutilações (por exemplo o corte dos dedos ou mão dos
criminosos), queimaduras com ferro incandescente e tatuagens. Apesar de sua
importância na evolução histórica dos processos de identificação, estes métodos
também possuíam falhas, pois as mutilações podiam decorrer de acidentes e as
tatuagens poderiam ser alteradas ou removidas.
Apenas na segunda metade do século XIX,surgiu o primeiro método
científico de identificação desenvolvido pelo francês Alphonse Bertillon, baseado nas
medidas do esqueleto humano. Este sistema foi bastante popular na época, mas
invariavelmente, provou ser ineficiente e sujeito a erros.
Depois de longos estudos e pesquisas, surgiu a papiloscopia (ciência que
trata da identificação humana a partir das papilas dérmicas); os desenhos papilares
são individuais, perenes e imutáveis. (OLIVEIRA et al., 2004)
A papiloscopia, calcada nos preceitos técnicos introduzidos por Juan
Vucetich, mostrou eficácia em seu desempenho e substituiu o sistema
antropométrico no mundo todo.
Embora as impressões digitais tenham sido usadas desde os tempos mais
ancestrais para identificar as pessoas, estas passaram a sermais acentuadamente
utilizadas na criminalística a partir do século XX.(SNUSTAD; SIMMONS, 2008)
Juan Vucetich, chefe de polícia na província de Buenos Aires, Argentina,
pela primeira vez, resolveu um caso de homicídio após confronto das digitais. Uma
mãe, que acusou o vizinho de ter matado seus dois filhos, foi identificada como a
verdadeira culpada das mortes.
Com a consagração da papiloscopia como ciência, unidades policiais
passaram a adotá-la pra identificação de criminosos e análise de digitais
encontradas em locais de crime.
Na atualidade o DNA forense é usadonas esferas criminal e civil, para a
investigação policial e verificação de paternidade, respectivamente.Entretanto, o
exame de DNA tem um custo mais elevado e ainda são necessários maiores
estudos nessa área para que seu uso possa ser ampliado. (SAGARA et al., 2008)
18

Indubitavelmente, o DNA se apresenta como uma ferramenta promissora de


investigação, mas sua aplicação ainda é limitada e novas tecnologias precisam ser
desenvolvidas para a redução de custos em sua aplicação.
Farah (2007) argumenta que a probabilidade de ocorrer algum tipo de
coincidência entre traços de impressões digitais produzidas por indivíduos diferentes é
extremamente remota.Sabemos ainda que, inclusive no mesmo indivíduo, não se
encontram impressões digitais idênticas.
O método papiloscópicoé verdadeiro ainda para estabelecer a distinção entre
gêmeos univitelinos, o que não acontece com os exames de DNA.
O emprego das digitais como ferramenta de identificação humana tanto pode
afirmar ou negar a identidade de um indivíduo. (TRINDADE, 2007)
A papiloscopia, desta forma, quando aplicada no âmbito judicial, resguarda
também o direito daspessoas inocentes, pois impede que alguém seja acusado
injustamente quando houver equívoco de identidade.
Para estabelecer diferenças entre uma pessoa e outra, impõe-se a
necessidade de um método que as individualize, pautado em características próprias
que as identifiquem. Historicamente, dentre os diversos métodos existentes, o
papiloscópico apresenta-se como sendo o mais eficaz por conseguir individualizar
indivíduos tanto civil quanto criminalmente. (LADEIRA; OLIVEIRA; ARAÚJO, 2013)
A unicidade dos desenhos papilares assegura uma individualização com alto
grau de precisão, comprovando a assertividade da papiloscopia.
As impressões latentes e as particularidades dos desenhos papilares (únicas
para cada ser) são formadas pelas cristas de fricção, pequenas saliências situadas
na parte superficial da pele, utilizadas para fins de identificação. Os desenhos
presentes nas polpas digitais, na região das palmas das mãos e das solas dos pés,
bastam para estabelecer uma individualização. (BUDOWLE et al., 2006)
O presente trabalho de pesquisa se justifica, pois em primeiro lugar, os
operadores do direito eagentes públicos envolvidos na Segurança Pública, precisam
de meios eficazes e atuantes para vencer a criminalidade, objetivando a paz social,
imprescindível em um Estado Democrático de Direito.
Outra razão se deve ao fato de que abordagens recentes na gestão da
administração pública frente à segurança pública,prevêemque os serviços prestados
devem atender primeiramente às necessidades dos cidadãos e não da burocracia.
(RODRIGUES; SILVA; TRUZZI, 2010)
19

Diante dos casos de impunidade com os quais a sociedade se depara, uma


gestão eficiente em segurança pública precisa apresentar uma prova incontestável
que corrobore o processo penal e diminua os índices de criminalidade através de
uma efetiva aplicação da lei.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O homem, desde os primórdios da civilização, sempre buscou formas de


identificar-se e estes processos, ao longo da história, têm sido estudados por
historiadores e arqueólogos.
Os primeiros métodos de individualização estavam ligados ao direito de
propriedade, objetos eram marcados para definir seus donos, a posteriori, o homem
iniciou um processo de identificação de pessoas perigosas à sociedade, era preciso
identificar aqueles que se tornassem nocivos, utilizou-se para isso muitas vezes de
meios atrozes e sem embasamento científico, tais como os relatados porAraújo:

Processo ferrete consistia na marcação com ferro incandescente na fronte,


na face ou nas espáduas, utilizado em vários países, com a finalidade de
identificar criminosos, de modo que cada um fosse reconhecido pela corres-
pondência das figuras ou letras, determinando o tipo de crime cometido.
Com um duplo objetivo: punir e identificar.
A mutilação consistia na mutilação de órgãos essenciais de criminosos, tais
como dedos, pés mãos e, até mesmo, a castração. O órgão mutilado varia-
va de acordo com o crime e com as leis do país que a adotavam como pro-
cesso de identificação. Esse processo tinha como finalidade identificar o au-
tor do delito e reprimir o crime. Entretanto, bania o indivíduo da sociedade,
impedindo dessa forma sua possível reintegração.
A tatuagem era utilizada como forma de distinção por muitos povos da anti-
guidade como sinal de distinção. Heródoto informava que os tebanos prisio-
neiros eram marcados na fronte com o nome e as armas do rei. [...] (ARAÚ-
JO,2009, p.03)

A criminalidade atingiu níveis espantosos, desconhece fronteiras e atinge


todas as regiões do país, um crime bárbaro se sobrepõe a outro nos meios de
comunicação.Em um Estado Democrático de Direito,uma investigação eficiente de
práticas criminosas, precisa estar associada ao pleno respeito dos direitos humanos.
Neste contexto, a perícia criminal se insere e adquire primordial importância, pois é o
20

setor responsável por produzir a prova técnica, respaldada pela competência dos
profissionais envolvidos e pela tecnologia de ponta.(RODRIGUES; SILVA; TRUZZI,
2010)
A Constituição Federalem seu artigo 5º, prevê os direitos e garantias
individuais dos cidadãos, quais sejam: “ninguém será submetido à tortura; as provas
obtidas por meios ilícitos são inadmissíveis; a pessoa que for presa será informada
de seus direitos, entre os quais o de permanecer calada e o de ter a assistência da
família e de advogado”, dispondo também que “nenhuma pena passará da pessoa
do condenado”. O método papiloscópico coaduna-se perfeitamente ao preceito de
um Estado Democrático, pois baniu quaisquer excessos e constrangimentos
praticados contra pessoas que eram suspeitas de cometimento de crimes,
possibilitando a individualização das penas e infratores.
Diante desta realidade, a prova pericial produzida cientificamenteobtém
destaque,pois promove e assegura o respeito aos direitos humanos nocurso das
investigações criminais.

2.1 ATIVIDADE PERICIAL

A perícia é fundamental para que se conheça todos os aspectos envolvendo


a materialidade do delito e que dependam de uma análise técnico-científica. Neste
sentido, podemos inferir que a atividade pericial é bastante abrangente e dispõe de
incontáveis possibilidades de análise.As perícias podem ser realizadas nos instru-
mentos utilizados no crime, nas pessoas envolvidas no delito, em locais, documen-
tos e cadáveres.
A atividade pericial é uma atividade técnico-científica prevista no Código de
Processo PenalBrasileiro (CPP). Os peritos são enquadrados como auxiliares da
Justiça (art. 275), com conhecimento especializado em determinada área e possuem
autonomia garantida pela Lei 12030/2009, não havendo qualquer tipo de
subordinação com a autoridade requisitante. A perícia insere-se no título das provas
(art. 158-250), que são dez: pericial; interrogatório do acusado; confissão; perguntas
21

à vítima; testemunhal; reconhecimento de pessoas ou coisas; acareação;


documental; indiciária; e busca e apreensão. (BRASIL, 2005)
Em termos etimológicos, o termo perícia advém do latim PERITIA e significa
conhecimento adquirido pela experiência, um instrumento especial de constatação,
prova ou demonstração, científica ou técnica, da veracidade de situações, coisas ou
fatos.Nucci (2008, p.400), define perícia como “o exame de algo ou alguém realizado
por técnicos ou especialistas em determinados assuntos, podendo fazer afirmações
ou extrair conclusões pertinentes ao processo penal. Trata-se de um meio de prova”.
Perito é "o apreciador técnico, assessor do juiz com a função de fornecer
dados instrutórios de ordem técnica (...)."(MIRABETE, 2000, p.420)
A perícia criminal é obrigatória nas infrações penais que deixarem vestígios
(art. 158 do CPP), sob pena de nulidade do processo, não podendo ser dispensada
nem mesmo que o criminoso confesse a prática do crime. (BRASIL, 2005)
A polícia judiciária ao ser notificada da prática criminosa, dá início às
investigações e para garantir a materialidade do delito, faz-se necessário a
realização de vários tipos de perícias, dentre elas, a perícia papiloscópica.
O papiloscopista é o profissional imbuído da responsabilidade de realizar a
perícia papiloscópica, para tanto, ele deve recolher as impressões na própria cena
do delito, para posterior análise, confronto e confecção do laudo pericial
papiloscópico.
A papiloscopia é utilizada, primordialmente, para estabelecer a identidade
entre as pessoas, visando sua individualização por meio da análise das impressões
digitais. De acordo com Araújo (2009), a ampla e variada classificação dos padrões
nos dez dedos, possibilitou a criação de vastos arquivos de impressões digitais,
permitindo a expedição de carteiras de identidade e aumentando as possibilidades
de identificação criminal, fatos que ganharam novo impulso com o advento do
software AFIS, Sistema Automático de Impressões Digitais(sigla oriunda do inglês
AutomatedFingerprintIdentification System). Este sistema economiza recursos físicos
e materiais durante a pesquisa de uma impressão em um banco de dados e permite
a pesquisa também de minúsculos fragmentos coletados nos locais de práticas
criminosas.
O local de um delito guarda informações importantes para sua
resoluçãoPequenos detalhes, como um mero fragmento de impressão papilar,
podem proporcionar uma identificação positiva e consequente resolução do caso.
22

Por este motivo, além das ferramentas tecnológicas atualmente disponíveis para
incrementar o trabalho da perícia, é importante o cuidado, a paciência e experiência
do profissional ao examinar as cenas de crimes.
A perícia papiloscópica subsidia os inquéritos policiais e futuros processos
penais, tornando-se prova irrefutável da presença de um indivíduo no local onde
suas impressões digitais forem encontradas.
O laudo é imprescindível para o arquivamento do inquérito policial ou a
possível denúncia de um acusado, pois traz os elementos de prova (materialidade) e
indícios de autoria. (RODRIGUES; SILVA; TRUZZI, 2010, p. 848)
O laudo pericial é um documento redigido pelo perito, deve ser bem
minucioso e relatar todas as etapas envolvidas no atendimento de determinada
ocorrência, quais foram oscritérios utilizados e sua conclusão– que é o resumo do
ponto de vista do perito, fundamentada em elementos objetivos.

2.2IMPRESSÃO DIGITAL

A datiloscopia criminal é muito utilizada na atualidade, principalmente com o


intuito de identificar indivíduos indiciados em inquéritos e processos criminais.Com o
aprimoramento dosmeios para revelação de latentes e com o refinamento da
habilidade em realizar o comparativo entre as cristas papilares, caracteriza-se por
ser uma técnica segura, econômica e com alto grau de precisão nos resultados.
Os postulados fundamentais da papiloscopia, já citados
anteriormente(perenidade, imutabilidade e variabilidade), são aceitos e validados
mundialmente, uma vez que são considerados verdadeiros princípios científicos.
Conforme oreferencial teórico adotado por Macedo e Campos (2013), as
particularidades dos desenhos papilares encontrados nos dedos, palmas das mãos
e planta dos pés, foram estudados, a partir do século XVIII, por vários
pesquisadores, até ser possível instituir- se um sistema de classificação
datiloscópico como o utilizado atualmente.
23

O desenho digital é encontrado na parte mais externa da pele, nele é


possível observar três sistemas de linhas: sistema marginal, sistema nuclear e
sistema basilar. Diz-se que o sistema de linhas precede os tipos de impressões, pois
é a partir dos desenhos formados por estas linhas, que surge a sua classificação.
As linhas do sistema basilar e marginal são geralmente paralelas, abauladas
e assumem uma direção contínua, com pouca variação no seu sentido.As linhas que
formam o sistema nuclear, por sua vez, apresentam formas diversas e são as mais
utilizadas para fins de classificação datiloscópica.
O delta é um elemento importante da impressão digital, formado pela
confluência dos três sistemas de linhas, sua posição é determinante para definir o
tipo e subtipo da impressão digital.
O método de classificação adotado hoje em dia, foi desenvolvido por Juan
Vucetich, que definiu quatro tipos fundamentais de impressões digitais: o arco, que
geralmente não possui delta, a presilha interna cujo delta está à direita do
observador, a presilha externa, que apresenta um delta à esquerda do observador e,
por fim, o verticilo, que possui dois deltas, um de cada lado.
Para se classificar os quatro tipos descritos acima, utilizam-se, para o dedo
polegar, as letras A (arco), I (presilha interna), E (presilha externa) e V (verticilo), e
os números (1 a 4) para qualquer um dos outros dedos.
A classificação alfa-numérica,facilita o arquivamento e posterior pesquisa em
arquivos datiloscópicos.
A figura a seguir apresenta os desenhos de uma mesma impressão e seus
elementos principais.
24

Figura 1: Desenhos de uma mesma impressão e seus elementos principais


Fonte:Macedo e Campos (2013, p. 6).

Quando se fala em impressões digitais latentes, além do conhecimento dos


tipos de desenhos digitais, é imprescindível ao papiloscopista saber a composição
dos elementos que são excretados pela pele humana, pois este dado é fundamental
para a escolha do agente que será empregado em sua revelação.
O quadro abaixo traz os componentes químicos encontrados em uma
impressão digital:
25

Compostos inorgânicos Compostos orgânicos


Glândulas

Aminoácidos, uréia, ácido


Cloretos, íons metálicos, amônia,
Sudoríparas lático, açúcares, creatinina,
sulfatos, fosfatos, água.
colina, ácido úrico.

Ácidos graxos, glicerídeos,


Sebáceas
hidrocarbonetos, álcoois.

Proteínas, carboidratos,
Apócrinas Ferro
colesterol.
Quadro 1: Relação entre as glândulas e os compostos excretados pelo corpo humano
Fonte:Macedo e Campos (2013, p. 7).

2.3 TERMINOLOGIA

Para um perfeito entendimento de alguns conceitos básicos restritos ao


mundo da perícia papiloscópica, porém fundamentais para a compreensão deste
estudo, elencamos alguns tópicos que devem ser conhecidos, conforme o postulado
por Araújo (2004):

2.3.1 Perícia Papiloscópica

A Perícia Papiloscópica caracteriza-se por um apurado conjunto de técnicas


empregadas na coleta e análise de impressões digitais com o intuito de identificar a
identidade de quem a produziu, avaliando-se o valor de prova dos vestígios e
inserindo-os na cena do crime.
A perícia papiloscópica divide-se em duas etapas: o levantamento de
impressões (digitais, palmares e plantares) na cena delituosa e o posterior confronto
de impressões, ou seja, o exame comparativo entre as impressões questionadas,
recolhidas da cena do crime e as impressões padrões dos prováveis suspeitos.
26

2.3.2 Papilograma

Impressão digital que possibilita a identificaçãode todos os elementos


importantes para sua classificação como sistema de linhas e delta, incluindo-se aqui,
também as impressões palmares (quirograma) e palmares (podograma).

2.3.3 Fragmento de impressão papilar

No fragmento de impressão papilar, não é possível verificar os elementos


que permitem sua classificação, por estarem ausentes ou apenas parciais. Válido
também para as impressões da palma das mãos e planta dos pés.

2.3.4 Impressão questionada e Impressão padrão

Impressão questionada é aquela da qual se desconhece o autor e cuja


autoria se busca, principalmente por meio do confronto com a impressão padrão,
que é aquela de autoria comprovada.

2.3.5 Padrão de exclusão e padrão de confirmação

Padrão de exclusão são aquelas impressões que devem ficar fora do rol de
suspeitos, como por exemplo, as impressões da própria vítima. Padrão de
confirmação é a impressão do(s) suspeito(s).
27

2.3.6 Tipos de impressões papilares

São classificadas em três: visíveis, caracterizam-se por serem diretamente


observáveis sem o auxílio de qualquer objeto óptico, normalmente estão
impregnadas com sangue, tinta ou qualquer produto corante; as modeladas, que
possibilitam um molde do desenho digital pois estão apostas em superfícies como
gesso, argila, etc.; e, finalmente, as latentes, isto é, que necessitam de reveladores
que reajam com as substâncias excretadas pela pele para tornarem-se aparentes.

2.3.7 Suporte

É a superfície onde a impressão papilar se encontra, tal como vidro, papel,


metal e outros. Suporte primário é a superfície onde originalmente se encontrou uma
impressão. Suporte secundário é aquele preparado para receber a impressão
transportada do suporte original.

2.3.8 Revelação de impressões

É a técnica que utiliza produtos especiais para visualização de latentes,


como pós e reagentes químicos.
28

2.3.9Minúcias

São pequenos pontos presentes na digital que conferem à impressão sua


individualidade.

2.3.10 Tipos de Perícia Papiloscópica

Quanto à aplicação classificam-se em:material, que consiste nas técnicas e


procedimentos realizados nos mais diversos materiais visando localizar e revelar
impressões digitais; veículo, são técnicas empregadas em veículos com o mesmo
objetivo da perícia papiloscópica em material; local, compreendem técnicas e
procedimentos realizadas em cenas de crime com o objetivo de identificar pessoas
que estiveram no local e cadáveres,que busca identificar o morto através da digital.
Neste trabalho, vamos nos ater somente à perícia papiloscópica em local e em
material.

2.4 TÉCNICAS DE REVELAÇÃO DE DIGITAIS LATENTES

Enquanto que as impressões moldadas e visíveis podem ser facilmente


identificadas numa cena de crime, bastando removê-las juntamente com o suporte
em que se encontram ou fotografá-las para análise posterior, as latentes necessitam
do emprego de alguma substância química para que fiquem aparentes.
Há uma gama de fatores que influenciam nas digitais encontradas em cenas
de crimes, desde a pressão exercida pelo sujeito sobre o suporte, a quantidade de
suor depositada na superfície, fatores climáticos (frio ou calor), e se o ambiente é
aberto ou fechado. Alguns materiais preservam mais as digitais, como vidro, metal e
cerâmica, outros que possuem superfície porosa tal como madeira não tratada, que
dificultam a boa fixação das substâncias excretadas pela pele.
29

A revelação do desenho papilar no local de crime, se resume, muitas vezes,


a meros fragmentos papilares deixados pelos dedos, mãos e pés descalços, que
denunciam a presença do suspeito no local.
São inúmeras as técnicas atualmente utilizadas, levando-se em conta o tipo
de suporte onde se encontram as digitais, pois alguns compostos são indicados
apenas para determinados tipos de superfície.
A habilidade técnica do papiloscopista é um quesito importante na seleção e
manuseio do material utilizado. Algumas substâncias são extremamente tóxicas e
requerem condições especiais para uso.
A escolha da técnica para visualizar a impressão digital latente é importante,
pois aescolha incorreta pode destruir a impressão, inutilizando-a de forma
permanente.
Entre as técnicas difundidas para a revelação de digitais latentes, a técnica
do pó é uma das mais empregadas, indicada para casos em que a impressão
encontra-se em superfície lisa, não absorvente, seca e macia. Cabe ressaltar a
existência de uma ampla variedade de pós (dissulfeto de molibdênio, pó branco, pó
de chumbo, pó magnético, etc.), cada qual utilizado em uma situação especifica.
O pó deve ser aplicado com um pincel macio, tomando-se o cuidado de
provocar movimentos leves e suaves, pois o atrito das cerdas do pincel pode destruir
a impressão. Existem também pós luminescentes utilizados quando a impressão não
se encontra em um plano de fundo bem definido, que possibilite contraste. Em tais
ocasiões, depois de aplicar o pó, a digital é submetida à luz forense (ou ultravioleta)
para sua visualização. (CHEMELLO, 2006)
Dependendo do tipo de suporte em questão, o pó pode não ser suficiente
para revelar com clareza uma latente, havendo necessidade de empregar outros
agentes reveladores.
O vapor de iodoé um revelador gasoso, perfeito para uso em pequenos
objetos, pois os cristais de iodo reagem com as gorduras excretadas revelando o
desenho da impressão. Recomenda-se fotografar a impressão imediatamente para
posterior análise, pois desaparece quando exposta ao meio ambiente.
Atualmente, entre os reveladores químicos, o cianocrilatoou vaporização
com cola, é muito utilizado pelos papiloscopistas. O cianocrilato, quando
vaporizado, forma uma cola que adere ao desenho da digital, permitindo sua
visualização que pode ser aprimorada com substâncias fluorescentes.
30

Outro revelador largamente usado é a ninidrina, principalmente para


latentes buscadas em papel. A ninidrina em contato com aminoácidos produz um
produto de cor púrpura que promove a revelação. É um material muito tóxico e deve
ser manipulado em um local com boa exaustão para evitar a inalação de vapores e
com uso de luvas para que não seja absorvido pela pele.
No caso específico de impressões impregnadas com sangue, o amido black
é o mais adequado. Quando em contato com sangue, esta substância assume uma
coloração azul escura.
A tecnologia do laser também se aplica à revelação de latentes, através de
um aparelho que emite ondas luminosas, é possível localizar as impressões.
O papiloscopista, de posse de todas estas técnicas, precisa ser cauteloso ao
optar por qualquer uma delas, pois enquanto alguns reagentes podem ser
combinados, a maioria apresenta caráter irreversível após sua aplicação.

2.5 PERÍCIA PAPILOSCÓPICA

Qualquer sistema legal requer precisão, a culpabilidade precisa ser


identificada para que a pena seja aplicada e a justiça estabelecida. A perícia
papiloscópica, enquanto atividade técnico-científica, promove o embasamento
necessário para que as penas sejam aplicadas aos verdadeiros culpados.
Segundo conceituam Álvaro Codeço e Flávio Amaral: “A Perícia
Papiloscópica em local de crime é feita através do estudo detalhado e minucioso do
local, das peças encontradas, das impressões ou fragmentos papilares visando à
elucidação do delito”. (CODEÇO; AMARAL, 1992, p. 244)
É evidente a importância das perícias na investigação criminal, elas
nortearão o inquérito policial para que, no âmbito processual, os elementos de prova
sirvam de base para a busca da justiça.
Para Trindade (2007), apapiloscopia busca a identificação positiva,
assegurandoque duas impressões foram produzidas ou não pelo mesmo
indivíduo.Para alcançar esse objetivo, considera-se as impressões digitais
31

(datiloscopia), impressões palmares (quiroscopia) e impressões plantares


(podoscopia).
Quando se apresenta a necessidade específica de imputar-se uma
responsabilidade a uma pessoa, o termo “identificação” precisa ser diferenciado de
“reconhecimento” (ARAÚJO, 2009). Uma testemunha pode reconhecer um suspeito
como semelhante ao que estava no local do crime, mas cabe à perícia, através de
técnicas especificas, de cunho objetivo como o confronto papiloscópico, por
exemplo, o ônus da afirmativa de que aquela pessoa é idêntica ou não a que estava
na cena do crime e responsável pelo fato delituoso. Assim, enquanto o
reconhecimento é subjetivo, baseado nas percepções individuais de alguém, a
identificação é rigorosamente cientifica.
A coleta de fragmentos papilares em locais de crimes, deve obedecer uma
rotina como acompanharemos a seguir.

2.5.1 Perícia Papiloscópica em local

A perícia papiloscópica em local compreende um levantamento preliminar. O


papiloscopista deve buscar vestígios que possam vir a identificar os sujeitos
relacionados com a atividade criminosa. Além das impressões digitais, é preciso
estar atento também quanto à presença de impressões plantares ou palmares. Em
uma perícia, é importante reunir o máximo de informações e, para isto, o
profissional da papiloscopia vale-se de todos os recursos disponíveis, tais como
anotações, fotografias e croquis. A partir do levantamento inicial, o papiloscopista
concentra sua busca no local onde provavelmente estão concentrados os vestígios
e, após o exame das superfícies, elege o revelador apropriado e procede ao registro
fotográfico das impressões moldadas e visíveis, dependendo do caso. Não sendo
possível a revelação das impressões papilares no local, o material deve ser
criteriosamente transportado para o laboratório.
As impressões devem ser selecionadas levando-se em conta sua relevância
no local do delito, isto é, onde ela foi encontrada (por exemplo, no cabo de uma
arma) e também seu grau de nitidez quanto à presença de minúcias.
32

As impressões que possibilitarem condições de análise,precisam ser


numeradas obedecendo às normas de registro com a identificação de quem as
coletou, data, local.
O material recolhido para laboratório precisa ser acondicionado em perfeitas
condições e seu transporte deve ser feito com cautela, pois disso depende a
integridade do vestígio.
Ressalta-se que “o fato de o técnico utilizar luvas não garante a integridade
das impressões, impede apenas que as impressões do perito contaminem o material
que manuseou. Nesse sentido, os objetos devem ser sempre manuseados pelas
bordas ou arestas, a fim de minimizar os riscos de destruição das impressões”.
(MÜLLER, 2012, p.30)
A idoneidade dos vestígios recolhidos no local do crime deve ser analisada
dentro de um conjunto de fatores, desde ações diretas dos peritos envolvidos até os
exames complementares que se fizerem necessários.
O registro fotográfico é outro ponto importante, pois as fotografias vão
reproduzir fielmente acena, tal como esta foi encontrada, as áreas adjacentes ao
local também merecem registro. Nas fotografias de cena de crime, é importante
partir do macro para o micro, ou seja, o ambiente como um todo, o objeto no
ambiente e finalmente, a impressão no objeto.
Neste sentido, Müller (2012), destaca:

Fotografia Direta: é a fotografia da impressão papilar no suporte original.


Sua finalidade é prevenir um possível acidente no processo de decalcagem
ou registrar a impressão papilar que não possa ser processada pelo método
convencional (ex:.impressõesentintadas). Fotografia Indireta: é aquela
produzida após o decalque/moldagem da impressão papilar revelada e sua
transferência para outro suporte (MULLER, 2012, p. 29-30).

O principal objetivo do registro fotográfico é possibilitar ao judiciário e demais


partes interessadas, uma posterior visualização da cena de crime. Vale destacar que
somente após a tomada de fotografias, o papiloscopista ou qualquer outro perito
está autorizado a manusear os objetos.
33

2.5.2 Perícia Papiloscópica em material

Aperícia papiloscópicacaracteriza-se pela análise de materiais que foram


manuseados pelos suspeitos a fim de se detectar e identificar impressões digitais.
Os materiais geralmente chegam ao Instituto de Identificação após
encaminhamento realizado por outros Núcleos de Perícias do estado ou então, são
coletados em ocorrências de crimes na capital.
A fase do local é uma das mais importantes do trabalho policial. Os vestígios
colhidos e as informações descritas nesta fase, podem fazer a diferença entre o
sucesso e o fracasso de um julgamento. A manipulação inadequada de uma coleta
pode acarretar a invalidação ou a impossibilidade de uma análise laboratorial.
Müller destaca:

1. No caso de papéis, em princípio a revelação deverá ser feita em


laboratório, devido à toxidez dos seus reveladores torna-se inviável o
trabalho de revelação de impressões dos mesmos no local. Estes
preferencialmente serão acondicionadas em sacolas plásticas limpas,
sem serem dobrados;
2. No caso de objetos pequenos dever-se-á apoiar nas bordas a fim de
minimizar os riscos de destruição de possíveis impressões ali existentes;
3. Os objetos deverão ficar com suas superfícies livres de atrito, e
devidamente fixadas em caixas para transportes;
4. Deverá o técnico estar calçado de luvas e ainda utilizar pinças, de modo
a ter o menor contato possível com a superfície do objeto a ser
examinado;
5. As remoções de objetos do local deverão ser precedidas de fotografia.
Estes deverão ser relacionados e comunicado o fato às pessoas
responsáveis pela guarda ou proprietários, bem como às autoridades
competentes. (MÜLLER, 2012, p.32)

O local de um crime é um ambiente extremamente vulnerável, qualquer


atitude imprudente ou negligente, pode invalidar de modo irreversível um vestígio em
potencial. As ações voltadas para as cenas de crime, não são aleatórias, pelo
contrário, obedecem a uma série de rotinas e procedimentos que seguidos
rigorosamente, garantem a legitimidade da prova pericial.
Neste sentido, Campos (2007), enfatiza a importância do registro
documental de todo o processo, para que as evidências quando analisadas
34

isoladamente ou quando colocadas em cheque com declarações de pessoas


envolvidas na investigação, não suscitem qualquer dúvida quanto a sua idoneidade.
Desde o momento em que são recolhidos da cena do crime até a sua
chegada ao laboratório, os vestígios passam por vários funcionários, técnicos e
administrativos. A cadeia de custódia permite a sua rastreabilidade, determinando
que aquele vestígio que será submetido à análise é efetivamente o mesmo que saiu
do local do delito.
A sociedade como um todo tem interesse em uma Justiça Criminal que
encontre e puna os responsáveis por delitos cometidos (ou inocente aqueles
erroneamente acusados), e ao mesmo tempo respeite os direitos humanos. A perícia
contribui para este anseio da sociedade com provas científicas que ajudam a Polícia
e a Justiça Criminal, respectivamente, a identificar e julgar os verdadeiros autores
dos delitos. (RODRIGUES; SILVA; TRUZZI, 2010)
A responsabilidade penal demanda a certeza da autoria, embasada por
um método seguro e eficaz, capaz de estabelecer uma relação unívoca entre os
elementos em questão (nexo de causalidade). Afinal, mais do que apenas
reconhecer uma pessoa, é preciso individualizá-la estabelecendo uma identidade.
A perícia papiloscópica é fundamental, pois determina de maneira irrefutável
a quem pertence as impressões digitais coletadas em locais de crime. Entretanto,
esta deve ser contextualizada junto aos demais elementos probatórios, para que
possa subsidiar de forma inconteste o inquérito policial e posterior processo penal.
Desta forma, podemos inferir que a identificação criminal papiloscópica também se
constitui em um meio de prova para auxiliar pessoas inocentes quando houver
equívoco de identidade.
Para preservar a integridade de uma evidência, todas as etapas do processo
de perícia devem ser devidamente documentadas, como passos de um
procedimento único que garanta a credibilidade da prova. O perito sempre deve
observar as recomendações técnicas para garantir a idoneidade do vestígio
Tavares Júnior ressalta que:

[...] nos casos em que não exista material indispensável para efetuar o
levantamento de impressões latentes no local o perito deverá saber
improvisar uma maneira para acondicionar os suportes, fazendo o possível
para evitar o atrito destes com outros materiais, para que não ocorra a
perda dos indícios. [...] é aconselhável o uso de luvas cirúrgicas para o
manuseio de objetos.(TAVARES,1991, p. 81)
35

Uma prova pericial irrefutável depende não só dos recursos materiais que
estão à disposição dos peritos, mas também da sua conduta atenta e vigilante.

2.6 A PRODUÇÃO DO SERVIÇO PERICIAL CRIMINAL

O processo de produção do serviço de Perícia Criminal,inicia-se com o


acionamento da perícia pelo Delegado de Polícia, dentro do que preconiza o art.
6º,VII, do Código de Processo Penal.
Apresentada a demanda,e conforme a natureza da ocorrência, cabe ao
profissional da perícia empregar o material apropriado na cena delituosa. O tempo
de resposta deve ser o menor possível, para não haver prejuízo dos vestígios, não
obstante isolamento do local realizado pela autoridade policial e seus agentes.Em
Santa Catarina, os crimes ocorridos na grande Florianópolis são atendidos pelo
Instituto Geral de Perícias (IGP) da capital,enquanto que as ocorrências do interior
do estado são de responsabilidadedos Núcleos Regionais de Perícia.
A preservação fidedigna da cena de crime está intimamente ligada ao
resultado final da perícia. Toda e qualquer alteração, deve ser comunicada ao perito
para fins de registro.
Após uma vistoria preliminar, o perito inicia a busca minuciosa pelos
vestígios (impressões digitais, sangue, fios de cabelo, objetos, corpos, etc).Realiza
as medições e elabora um desenho da cena. Nos locais de crime vários detalhes
relacionados com o exame, tais como modus operandi, meio utilizado para ingressar
no local, marcas de violência, objetos fora da posição original, devem ser
observados. Concluído o trabalho, o local é liberado e o perito retorna ao IGP para
exames complementares (papiloscópicos,laboratoriais,balísticos, residuográficos,etc)
e feitura do laudo. Importante reforçar que, uma vez liberado o local, este passará a
sofrer influências imediatas, alterando-se os elementos da cena.
Durante as investigações é comum, segundo Rodrigues, Silva e Truzzi:

[...] a polícia solicitar para eventuais suspeitos o fornecimento de padrões


(sangue, fio de cabelo, impressões digitais, caligrafia, etc.), para que sejam
comparados e analisados com aqueles vestígios que o perito criminal
coletou no local. Esses exames são realizados no back office [...].Os peritos
do back office ao final emitem um laudo, que é encaminhado ao perito do
caso. Posteriormente, há a elaboração do laudo, outro fator crítico. O laudo
36

descreve em detalhes a cena do crime, analisa e interpreta as evidências e


a dinâmica dos fatos. Ao final, é emitida uma conclusão. O laudo contém
fotografias e croquis para ilustrar o local e as evidências e fundamentar as
conclusões. ( RODRIGUES; SILVA; TRUZZI, 2010, p. 850)

Após a conclusão, o laudo é encaminhado à Delegacia de Polícia ou juízo


requisitante. Os peritos podem ter que responder a quesitos escritos ou serem
intimados a comparecer perante o tribunal para esclarecer sobre o laudo pericial à
autoridade competente.

2.7 A AVALIAÇÃO DE JUSTIÇADA PROVA PERICIAL

Todo rito processual penal existe para regular a persecução do Estado,a


períciase insere neste contexto como requisito fundamental para resguardar os
direitos e garantias dos imputados, assegurando a imparcialidade da justiça.

A principal função da justiça é permitir que todos tenham acesso aos


serviços prestados pelo Estado de modo igualitário. O senso de justiça deve
franquear o serviço a todos, estabelecendo as condições para que os indivíduos o
utilizem de fato, independentemente de suas condições econômicas e sociais.
(ZARIFIAN, 2001)
O caráter social da perícia é percebido nesse cenário por meio da produção
de provas com o intuito de auxiliar no processamento das demandas judiciais, para
que as decisões sejam tomadas de forma transparente e todo e qualquer
julgamentopossa se apoiar em fatos analisados científica e tecnicamente.
Na perícia criminal, todos os cidadãos, sem exceção, são beneficiários do
serviço, é facultado também àqueles que precisam comprovar sua inocência.Cada
caso deve receber o tratamento apropriado, entretanto, algumas localidades
dispõem de mais recursos tecnológicos propiciando umatendimentode maior
qualidade.
Zarifian (2001) preconiza que por ser acessível a todos, a perícia criminal
promove a solidariedade à medida que contribui para a inclusão social de
segmentos marginalizados.
37

Cabe ao Estado o papel de mediador de conflitos e garantidor da justiça. A


perícia evita que indivíduos sofram constrangimentos para confessar atos ilícitos que
não cometeram e oslaudos periciais podem atenuar um crime ou até mesmo
absolver um inocente. Aindividualização dos infratores é também uma questão de
cidadania.
A aplicação da justiça não tem caráter somente punitivo, pois visa também
garantir que o infrator repare os danos causados à sociedade. Tem ainda o aspecto
pedagógico, isto é, prevê a recondução moral do cidadão para que passe a se
comportar de forma aceitável pela sociedade. (ARAUJO, 2009)
Embora casos de destacada repercussão na mídia e impacto na sociedade
recebam maior atenção, todos deveriam ser tratados com a mesma importância. No
entanto, no âmbito do Estado de Santa Catarina, percebe-se que por falta de
recursos, principalmente humanos, não se faz, como regra, coleta de digitais em
furtos de pequenos valores, seja em veículos ou residências.O volume de
ocorrências dessa natureza é muito grande e inviabilizaria o trabalho dos
papiloscopistas, que atualmente contam com apenas 42 profissionais para atender a
todo o estado,tornando insuficiente o dever de inserção social da perícia.
38

3 METODOLOGIA

A metodologia adotada no presente trabalho, por tratar-se de um estudo


na área de ciências humanas e sociais,foia abordagem qualitativa.Segundo os
subsídios teóricos de Godoy (1995 a), a pesquisa quantitativa preocupa-se com a
medição objetiva e quantificação dos resultados obtidos; enquanto que a pesquisa
qualitativa não pretende enumerar ou medir os eventos analisados, mas
compreendê-los.
Apesar de sua importância, a papiloscopia ainda é desconhecida por
muitos e este estudo, sem querer esgotar o tema, procurou apresentar alguns
aspectos relevantes que envolvem esta ciência.
Godoy (1995 b) e Lüdke e André (1988), enfatizam que a pesquisa
qualitativa possui cinco características principais, sendo: tem o ambiente natural
como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento principal; os dados
coletados são descritivos tornando a palavra escrita essencial; os pesquisadores
qualitativos preocupam-se mais com o processo;o significado que as pessoas dão às
coisas e à sua vida são a preocupação fundamental do investigador; os
pesquisadores empregam o enfoque indutivo na análise dos seus dados.
Tendo em vista o caráter de relativa subjetividade da pesquisa qualitativa,
uma vez que os dados compilados são apresentados pelo viés da autora, as fontes
escolhidas assumem papel de destaque.
A papiloscopia ainda é uma área sobre a qual ainda existem poucas
publicações. A pesquisa bibliográfica utilizada neste estudo, contemplou os autores
mais renomados no tema, tanto no idioma nacional, no espanhol e na língua inglesa.
As fontes de coleta de informações foram selecionadas com o objetivo de garantir a
qualidade do material aqui descrito. Vergara (2005, p. 48), refere-se à pesquisa
bibliográfica como “[...] o estudo sistematizado desenvolvido com base em material
publicado em livros, revistas, jornais e redes eletrônicas, isto é material acessível ao
público em geral” e, de fato, fez-se uma análise exaustiva de todo material ao
alcance desta pesquisadora.
O cuidado na escolha dos referenciais teóricos adotados também teve
como objetivo assegurar a possibilidade de confirmação posterior dos dados.
39

Segundo Marconi e Lakatos (2007, p. 16) o objetivo da pesquisa


qualitativa é “tentar conhecer e explicar os fenômenos que ocorrem no mundo
existencial”. Asseveram ainda que, é necessário entender “como esses fenômenos
operam, qual a sua função e estrutura, quais as mudanças efetuadas, por que e
como se realizam, e até que ponto podem sofrer influências ou ser
controlados”.(MARCONI E LAKATOS 2007, p. 16)
A metodologia empregada possibilitou um estudo em profundidade do
tema proposto, destacando a importância da papiloscopia como método de
identificação humana e suas vantagens. Permitiu ainda, traçar um panorama das
atividades dos profissionais papiloscopistas e de como sua atuação é fundamental
para o resultado final da Justiça Criminal.
40

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O homem, desde a antiguidade, sempre se preocupou com questões volta-


das à identificação. Inicialmente a identificação assumiu um cunho privado, o homem
“marcava” o que lhe pertencia. Mais tarde, a necessidade de identificação estendeu-
se ao próprio homem em si, era preciso algum sinal que o distinguisse perfeitamen-
te, sobre o qual não restasse nenhuma dúvida. Da individualização de uma pessoa
entre os seus semelhantes, pode depender a segurança de uma transação comerci-
al ou a segurança da sociedade contra um criminoso. A identificação resguarda direi-
tos e exige o cumprimento de deveres.
“[...]O homem como organismo vivo ou morto, distingue-se como indivíduo
por características biológicas. [...] Confiando na imutabilidade de algumas caracterís-
ticas ao longo do tempo, civilizações antigas ou mais recentes, marcaram os corpos
de alguns para serem mais facilmente reconhecidos posteriormente”.(GARCIA,
2009,p.01)
Se no passado era necessário marcar a pele de um condenado para identifi-
cá-lo, hoje o reconhecimento de um indivíduo pode ser realizado pela impressão di-
gital.
As contribuições da criminalística englobam um sem número de ciências que
auxiliam os processos de identificação humana. A tecnologia aplicada a estas ciên-
cias, biometria, possibilita o reconhecimento “[...] da identidade de alguém por meio
de atributos físicos ou comportamentais, como a face, impressões digitais, voz e íris,
utilizando para isso tecnologia eletrônica e recursos informáticos
[...]”.(GARCIA,2009,p.1)
Em uma sociedade moderna, informatizada, como a que vivenciamos hoje,
que exige respostas rápidas, apesar de todas as novas técnicas de identificação
existentes, a papiloscopia ainda é o método mais acessível, confiável, econômico e,
por que não, mais rápido, pois apesar de beneficiar-se também da biometria através
do sistema AFIS (AutomatedFingerprintIdentification System), o olho treinado do pai-
loscopista é recurso mais que suficiente para estabelecer a identidade de uma pes-
soa pela análise e confronto de sua digital ( impressão digital questionada e impres-
são padrão).
41

Dentre os diversos tipos de biometria atuais, a biometria de voz apresenta-


se como um processo de identificação através da verificação de características
comportamentais de um ser humano, avaliando os atributos biométricos de sua voz,
que são individuais, comparando-acom amostras do sinal de voz, que através de
gráficos possibilitam o perito confrontar dois áudios para determinar se foram produ-
zidos pelo mesmo aparelho fonador. (SILVA et al., 2012, p.443)
O processo de análise vocal é bastante demorado, uma vez que não existe
um sistema computacional que seja capaz de extrair da fala as características real-
mente indispensáveis à identificação, o perito precisa dispor de várias ferramentas
para obter os dados necessários e organizá-los manualmente para comparação.
Além disto, hoje em dia, os sistemas computacionais que são utilizados para
processar o sinal de voz, dependem de softwares de alto custo e difícil operação.
(BOERSMA; WEENINK 2012 apud SILVA et al., 2012,p.443)
A identificação por voz é relativamente precisa, entretanto, este método não
se aplica se a pessoa estiver rouca por exemplo, ainda, ao contrário das digitais que
não se alteram no decorrer da vida (princípio da perenidade), a voz sofre alterações
ao longo dos anos. Ruídos externos podem prejudicar a técnica e saliente-se que
estados emocionais influem diretamente na voz.
A identificação pelo DNA, material genético humano, é imbatível para a con-
firmação de paternidade, mas não é válida para o estabelecimento de identidade de
gêmeos univitelinos. Em casos de estupro, o DNA também se impõe como técnica
importante, pois o exame de corpo de delito da vítimapermite recolher o material ge-
nético do suspeito. Entretanto, em alguns países como por exemplo no Reino Unido,
devido ao potencial risco de contágio de doenças sexualmente transmissíveis, é
usual o cometimento de estupros com uso de camisinha, evitando também que o
autor deixe amostras de seu DNA no corpo da vítima. (BRADSHAW et al., 2011)
Nesses casos, novamente temos a importância da papiloscopia, pois uma
técnica desenvolvida por uma universidade da Inglaterra em parceria com um labo-
ratório de ciências forenses dos Estados Unidos,pode comprovar se uma pessoa
teve contato com uma camisinha, colocando-a no local de crime sexual.
O método criado pelos pesquisadoresconsegue identificar lubrificante de
camisinha em impressões digitais do suspeito encontradas na cena delituosa, fazen-
do a comparação com o resíduo do lubrificante encontrado na secreção vaginal da
42

vítima. Quando o exame for compatível (mesmo tipo de lubrificante), o suspeito fica
imediatamente vinculado ao fato.
Cabe destacar que os exames para extração do DNA, são mais caros e de-
morados que o papiloscópico e, enquanto o sistema AFIS proporciona um banco de
dados para confronto de digitais, no caso do DNA, no Brasil, não dispomos de ban-
cos para comparação.
A possibilidade de detectar impressões latentes deixadas por um assassino
no corpo da vítima vem sendo questionada por especialistas forenses. Um projeto de
pesquisa iniciado na Alemanha propõe um estudo para recuperar impressões laten-
tes da pele dos cadáveres e avaliar se o DNA do assassino poderia ser reconstituído
a partir dessas impressões. Aproximadamente dez por cento das impressões, foram
consideradas capazes de fornecer uma individualização, o que pode ser de grande
valia para excluir ou identificar um provável homicida. (FÄRBER et al., 2010)
A papiloscopia, apesar de ser um método antigo de identificação, não deve
ser desconsiderada frente às técnicas mais atuais, uma vez que a todo momento
surgem novas possibilidades para sua aplicação.
A biometria ocular, seja da íris ou da retina, é uma tecnologia bastante re-
cente e apesar de ter se revelado eficaz em muitas situações, seu uso em larga es-
cala ainda depende de vários estudos. A leitura da íris ou retina, é realizada através
da utilização das imagens capturadas por meio de uma câmera digital. No entanto,
segundo Garcia (2009, p.88), a biometria das estruturas oculares “ainda pouco ofe-
rece para a identificação médico-legal. A rigor, uma correspondência entre o modelo
biométrico apresentado e o arquivado diz apenas isto: os modelos tem grande pro-
babilidade de corresponderem a caracteres biométricos idênticos mas que não iden-
tificam por si só ninguém [...]”.
A habilidade do operador da câmera é um fator importante, pois qualquer
distorção no momento da captura da imagem, pode gerar erro no resultado.
A identificação pela íris e a retina dificilmente pode ser fraudada, mas suas
estruturas se alteram com o envelhecimento. A identificação pela retina é um proce-
dimento invasivo, que requer cooperação do usuário, ainda, lentes e óculos podem
dificultar sua captura. O alto custo da biometria ocular e a não aceitação de alguns
usuários, dificulta a sua aplicação.
Outro ponto negativo deve-se ao fato de que as biometrias oculares “reque-
rem que o indivíduo esteja vivo para a sua aplicação. Tanto para a íris, quanto para
43

a retina, a opacidade dos meios oculares que surge no pós-morte, prejudica o exa-
me [...]. (GOMES, 2004, p.106)
Pelas impressões papilares, é possível identificar um cadáver logo após sua
morte e antes da completa putrefação através de técnicas relativamente simples,
como lavar as mãos do morto com água quente ou injeção de substância oleosa nos
dedos.
Garcia (2009, p.39) afirma que “a datiloscopia transformou-se no padrão ou-
ro em identificação judiciária hoje, sendo utilizada em todo mundo. Além de permitir
a identificação de um indivíduo ou corpo, possibilita a demonstração de alguém em
local de investigação”.
Osdesenhos digitais obtêm vantagens por meio de tecnologias de imagem e
informática para obtenção de impressões e seu arquivamento, como o AFIS, já men-
cionado anteriormente. O escaneamento de papilas digitais de um indivíduo vivo ou
morto através de scaner biométrico, pode comparar o modelo obtido com os elemen-
tos de um arquivo.
A Polícia Federal Americana (FBI), emprega o sistema AFIS como banco de
impressões digitais de indivíduos investigados criminalmente para comparações fu-
turas.
Na ocasião da expedição do documento de identidade, o indivíduo apresenta
seu registro civil, fotografia e fornece suas impressões digitais para registro papilos-
cópico a ser arquivado pelo órgão de identificação do estado. Em nível federal, o
Instituto de Identificação Nacional, coordena as informações de identidade forneci-
das pelos órgãos identificadores estaduais.
A importância de se estabelecer a identidade dos indivíduos na sociedade é
facilmente compreensível. Especificamente na área da segurança pública, há que se
definir as identidades da vítima e do agressor pra que o processo atinja seu objetivo
de correta aplicação da pena e efetivo senso e justiça.
O CPP determina em seu artigo 6°inciso VIII, que se deve realizar no inqué-
rito policial “a identificação do indiciado pelo processo papiloscópico, se possível. O
artigo 5° inciso LVIII, da Carta Magna, prevê que quem for civilmente identificado,
pode ser dispensado da identificação criminal, salvo exceções previstas em lei. As-
sim, os estados possuem arquivos civis e criminais.
A facilidade no arquivamento e catalogação das impressões digitais, através
da informatização, possibilita um intercâmbio dessas informações aos institutos par-
44

ticipantes, o que, em alguns casos, aumenta em muito a possibilidade de resolução


de um delito pela identificação célere do criminoso.
Impressões palmares, pegadas e impressões digitais são usadas para
resolver inúmeros casos. Nunca foram encontraram duas impressões digitais
idênticas. Num universo de bilhões de impressões digitais comparadas usando
tecnologia avançada, sempre há significativas ou diminutas diferenças distinguindo
uma impressão da outra.
Novos métodos de identificação surgem e são constantemente testados,
mas impressões digitais constituem a forma mais exata de identificação, sendo
usadas e aceitas universalmente. Enfim, nada ainda se compara às impressões
digitais em matéria de segurança, eficiência, praticidade e aplicabilidade.
Os seres humanos não são absolutamente idênticos entre si, tanto pela
variação da herança genética como pelas influências provocadas pela passagem do
tempo em seus corpos. Mas, algumas dessas características apresentam-se de
forma mais ou menos permanente no organismo, por mais que o tempo passe, como
é o caso das impressões digitais.
Garcia (2009, p.41), enfatiza que “as papilas cutâneas surgem a partir do 6˚
mês de vida intra-uterina, segundo alguns autores, ou 2˚ ao 4˚ mês, segundo outros,
surgindo então, os desenhos papilares que nunca mais desaparecem ou alteram-se
ao longo do tempo. Mesmo se destruídas, refazem-se com o mesmo desenho
anterior. Resistem após a morte até a putrefação. Esses desenhos são muito
variáveis, não se reproduzindo exatamente nem em gêmeos homozigóticos”.
Estes princípios acima citados, perenidade, variabilidade e imutabilidade, associados
à praticidade e classificabilidade, transformam a papiloscopia num método de
identificação civil e criminal efetivamente seguro há mais de um século.
O emprego dos sofisticados softwares voltados para análise das impressões
digitais reforça o conceito de singularidade de uma impressão, pois após décadas de
uso e confrontos exaustivos com extensos bancos de dados, nunca foram
encontradas impressões idênticas para pessoas diferentes. Um desenho digital só é
igual a si mesmo.
Dentre as tendências tecnológicas, aquelas envolvendo impressões digitais
figuram com grande destaque. Com a utilização de scanners de longo alcance,
ampliam-se as possibilidades de identificação e o processamento atinge níveis cada
vez mais rápidos. Atualmente é possível não somente identificar o suspeito – mas
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também conhecer seus hábitos: saber se ele fuma, bebe, faz uso de substâncias
tóxicas, se é gordo, magro, se manipulou explosivos, através da aplicação da
nanotecnologia. Em função das moléculas presentes na impressão digital, o uso de
um spray específico faz com que mudem de cor acusando a presença das moléculas
investigadas. (NICOLLETI, 2014)
Infelizmente, no Brasil, em termos de polícia técnico-científica, não contamos
ainda com uma tecnologia tão avançada na área da nanotecnologia.
Em notícia veiculada pela Comissão de Segurança Pública e Combate ao
Crime Organizado, o diretor do Instituto Nacional de Identificação (INI) da Polícia
Federal, Gledston Campos dos Reis, se manifestou no sentido de exaltar a
papiloscopia como um dos métodos mais seguros nas investigações criminais .Ele
considera que a investigação por meio do DNA, ainda é uma prática recente, com
custo elevado e, em alguns casos, menos eficiente do que a papiloscopia. Gledston
afirma que a identificação papiloscópica impediu, apenas no primeiro trimestre deste
ano, 372 tentativas de troca de nomes de pessoas indiciadas em processos
criminais. Uma vez que é uma prática comum de criminosos o fornecimento de
qualificação pessoal diversa e/ou documentação fraudulenta, a identificação
datiloscópica é peça-chave na determinação de identidade de suspeitos,
investigados e réus que figuram no processo de persecução penal.
O sistema biométrico de impressão digital também impede fraudes em
concursos públicos e vestibulares, vem sendo utilizado em cartórios e será
empregado para garantir a unicidade do cadastro eleitoral brasileiro.
Entre as vantagens do processo papiloscópico, podemos citar também as
mencionadas por Silva (2009):

1.Exatidão: Por meio dele é possível afirmar categoricamente a identidade


de uma pessoa;
2.Baixo Custo: Com apenas uma ficha de papel e tinta é possível obter
impressões papilares;
3.Sistematização de Arquivos: A classificação das impressões papilares,
principalmente as digitais, cria uma seqüência numérica, ou alfanumérica,
que possibilita buscas em arquivos com muitos milhões de fichas.
4.Avaliação de Padrões Dermatoglíficos: Possibilita avaliação genética e
anatomo morfológicas de doenças e/ou síndromes.
5.Criminalística: pode ser utilizado como elemento de prova, no caso de
crimes. Silva (2009 [s.p])
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Uma vez localizadas e identificadas, as impressões digitais constituem os


elementos de maior convencimento da autoria de delitos.
Além de valer como prova pericial, a papiloscopia pode ser utilizada em
vários cenários, tais como:
- alguns caixas eletrônicos, como por exemplo, o Bradesco e recentemente
os terminais de auto-atendimento do Banco do Brasil:
- controle de utilização de celulares e equipamentos eletrônicos;
-controle de acesso a locais de uso restrito como instituições
governamentais, condomínios, escolas e outros;
- abertura de cofres.
O método de identificação papiloscópico é bastante abrangente, podendo ser
utilizado em recém-nascidos ( ainda na maternidade são coletadas as impressões
plantares dos bebês), crianças, adultos ou cadáveres.
A papiloscopia é precisa, confiável e com desempenho eficiente para
recomendá-la como meio de verificação de identidade. Nos casos envolvendo locais
de crime, a papiloscopia demonstra superioridade de desempenho inconteste em
comparação a outras técnicas, apresentando baixo custo, facilidade de operação e
necessitando de poucos recursos. (GARCIA, 2009)
A perícia papiloscópica enquanto prova pericial, apresenta resultados
incontestáveis e, em análise com as demais provas apresentadas no curso de um
processo criminal, contribui para que se alcance a justiça e consequente bem
comum através de nosso ordenamento jurídico.
47

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar de existirem uma gama de outros métodos de identificação


disponíveis na atualidade, as vantagens da papiloscopia ainda são
incomparáveiscomo restou demonstrado neste estudo.
A evolução histórica dos meios de identificação humana, garante a posição
de destaque que a papiloscopia ocupa ainda hoje, seja para fins de identificação civil
ou criminal, poishá mais de um século vem sendo utilizada sempre com resultados
precisos.
A papiloscopia desempenha um papel relevante na esfera da segurança,por
ser um procedimento relativamente simples, rápido e de baixo custo quando
comparado aos outros métodos de identificação.A identificação datiloscópica é o
primeiro recurso a ser utilizado para casos de individualização humana dentro da
área de Segurança Pública.Os procedimentos aqui abordados que fazem parte da
atividade pericial papiloscópica nos locais de crime e em material, demonstram a
importância da papiloscopia como prova para subsidiar inquéritos e processos
criminais. A partir do conhecimento dos elementos da impressão digital e dos tipos
de impressão encontrados em locais de crime, é possível, através da técnica
apropriada, criar uma prova robusta acerca da autoria do delito.
A tecnologia aplicada aos meios de identificação, principalmente com o
advento do AFIS (AutomatedFingerprintIdentification System), garantiu à
papiloscopia a otimização, organização e fácil intercâmbio de seus arquivos civis e
criminais de impressões. O número crescente de identificações e consequente
resolução de vários crimes, demonstra a eficiência da técnica.
Os sistemas de verificação biométrica baseados em impressões digitais são
os que apresentam melhor desempenho com os menores custos quando
comparados a outros sistemas biométricos, como reconhecimento de voz, leitura da
íris ou retina, entre outros. A pouca aceitação destes novos sistemas, falta de
estudos mais aprofundados e aplicabilidade restrita, são fatores que limitam em
muito seu emprego. Os exames de DNA apresentam bons resultados em certas
situaçõesmas,ainda são relativamente caros e não podem ser utilizados em larga
escala.
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A papiloscopia pode ser usada para fins civis e criminais. Na esfera criminal,
estabelecer com exatidão a identidade de um indivíduo,garante o fiel cumprimento
da justiça de maneira equânime.
Para que cumpram sua meta de prova irrefutável, aceita incondicionalmente
pela justiça, as perícias papiloscópicas devem obedecer a procedimentos estritos de
conduta que permitam manter a integridade e consequente idoneidade dos
vestígios.
Diante de uma necessidade de resposta firme e rápida dos governos face à
crescente criminalidade, a área técnica deve acompanhar essa demanda
eficientemente, isto é, garantindo que as atividades periciais tenham respaldo
jurídico. Por isso, além de investimentos em tecnologia aplicada às perícias, mister
se faz a competência técnica dos envolvidos na produção da prova.
Apenas uma polícia bem estruturada, organizada, poderá combater a atual
onda de crimes que assola o país e corresponder aos anseios da população por
uma convivência pacífica.
Dentre as inúmeras causas do aumento da criminalidade no Brasil, tais
como o abismo de classes em nossa sociedade, onde as diferenças sociais são
gritantes, figura a impunidade. O estado brasileiro precisa se mobilizar no sentido de
asseverar que os crimes sejam punidos com mais eficiência e rigor, pois sua inércia
faz muitos pensarem que “o crime compensa”. Assim, cabe ao Estado,
independentemente da gravidade do delito, seja ele um crime de menor potencial
ofensivo, seja ele um crime contra à vida ou patrimônio, garantir que este seja
devidamente apurado, com apresentação de provas e punição dos responsáveis.
Apapiloscopia, enquanto método de identificação de pessoas, apesar de
essencialmente simples, proporciona resultados seguros e eficazes, permitindo a
correta identificação dos culpados.
A justiça e a sociedade não aceitam que uma pessoa seja punida por um
crime que não cometeu, por isso, não pode haver erro quanto à pessoa. Uma
pessoa inocente não pode ser privada de sua liberdade, tampouco, um criminoso,
que deveria ser mantido preso, pode ser libertado. Desta forma, a identificação se
traduz acima de tudo, em uma questão de segurança e cidadania.
Na sociedade atual, a identificação se apresenta tanto para exigir
cumprimento de deveres e obrigações, bem como, para assegurar direitos. “[...]Se
49

não houver uma identificação segura, não será possível garantir a justiça e a
estabilidade nas relações sociais”. (ARAÚJO,2009)
Contemporaneamente, a papiloscopia não só continua prestando serviços à
humanidade como método mais confiável, eficaz e prático de identificação
A perícia criminal tem papel central na segurança pública e justiça criminal.
O perito papiloscópico com a magnitude de seu trabalho, presta um serviço social à
população e um serviço criminal à justiça, com excelência.A competência técnica
dos profissionais envolvidos e os investimentos do governo em tecnologias de ponta,
transformam ciência e conhecimento em um meio de prova, uma vez que as
informações contidas no laudo pericial servem para fundamentar e legitimar
sentenças judiciais.
“A Justiça é cega”, isto é, imparcial, a perícia reforça este conceito uma vez
que contribui com um serviço que é igual e acessível a todos. A perícia concilia o
interesse social de uma apuração eficaz de crimes com o respeito aos direitos
humanos, tendo na papiloscopia o alicercede método mais confiável, eficaz e prático
de identificação
50

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