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“Love to teach”

Research & Resources for every classroom


(de Kate Jones)

Pedro Damião
Twitter: @geofactualidade | Blogger: geofactualidades.blogspot.com

1. Começar a aula.
 Rever ou revisitar conteúdos anteriores antes de iniciar um novo conteúdo para melhorar a memória de longo
prazo, ou seja, para promover a aprendizagem
 A investigação mostra que a melhor estratégia par a iniciar uma aula é rever conteúdos / conceitos anteriores
 “Engagement is a poor proxy for learning” (Robert Coe). Só por si, o envolvimento dos alunos na aula não
garante que estejam a aprender.
 É importante ter 5 tarfefas-tipo para iniciar a aula a rever conceitos / conteúdos anteriores, mas devem ser
rotativas ao longo de cada período letivo (Ross Morrison McGill)
 Dez princípios de instrução de Rosenshine:
1. Começar a aula com uma breve revisão de aprendizagens anteriores
2. Apresentar novos conteúdos de forma faseada, seguido de prática após cada fase
3. Fazer muitas perguntas e aceitar respostas de todos os alunos
4. Proporcionar modelos / exemplos já trabalhados pelo professor para os alunos resolverem problemas.
Explicar e demonstrar a resolução de um problema antes de promover o trabalho independente para
aplicação.
5. Guiar a prática dos alunos através de questionamento, exposição adicional, tarefas de consolidação,
síntese/sumário das partes mais importantes da aula (feito pelos alunos)
6. Confirmar continuamente a compreensão através de tarefas de recuperação de conhecimentos da
memória de longo prazo (“retrieval practice”) e verificação de não existência de equívocos sobre o
tema
7. Garantir que cada aluno alcance 80% de sucesso em cada aula; para isso os alunos têm que ser
desafiados
8. Conceder apoio / suporte aos alunos nas tarefas mais complexas
9. Promover e monitorizar a prática independente de modo a que cada aluno seja fluente nas
competências a adquirir
10. Envolver os alunos nas tarefas semanais / mensais de revisão
 Começar a aula em tarefas de revisão (5 a 8 minutos) que podem consistir em: rever conteúdo anterior,
exercitar competências, definir conceitos, verificar compreensão de vocabulário ou outra tarefa relacionada
com conhecimentos anteriores

Prática de recuperação (“retrieval practice”)

 É uma poderosa estratégia de aprendizagem que consiste em ir buscar informação à memória de longo prazo;
de cada vez que tal é feito, está-se a reforçar a memória, sendo mais fácil no futuro relembrar informações /
conceitos
 A necessidade da prática de recuperação advém das conclusões obtidas por Ebbinghaus, que estabeleceu que
a retenção de informação diminui no tempo e esta acaba por ser perdida se não existir tentativa para a
recuperar

Batalha de Ideias para a Sala de Aula 1


 De acordo com Ebbinghaus, todos os indivíduos esquecem novas informações da mesma forma e ao mesmo
ritmo, qualquer que seja o conteúdo ou a complexidade
 Esquecer é crucial e benéfico para a aprendizagem quando combinado com estratégias de revisão regulares
(“retrieval practice”)
 Rever ou testar aprendizagens no final da aula não traz grande benefício para a memória de longo prazo pois
a informação aprendida no dia ainda está na memória operativa; mas se decorrer muito tempo, essa
informação será esquecida e terá que ser novamente aprendida
 A memória de longo prazo ficará reforçada se não decorrer muito tempo entre o contacto com a nova
informação e o momento de recuperação da informação da memória de longo prazo
 Ao introduzir um tópico novo o professor deve:
 Procurar conhecer o que os alunos já sabem (conhecimentos prévios) e dar atenção aos equívocos
 Estabelecer a relação da nova informação aprendida com o que os alunos já sabem (utilizar as
questões O quê? Quem? Onde? Porquê?)
 Utilizar uma imagem / texto e explorar tudo o que os alunos já sabem (brainstorm, inferências,
anotações na imagem, …)

Polícias e Ladrões.
 Em 8 a 10 minutos, os alunos (Polícias) fazem uma lista de tudo quanto se lembram sobre um conceito /
evento / personalidade; de seguida, os alunos (Ladrões) movem-se pela sala e procuram outras ideias
“roubadas” dos colegas, completando a lista respetiva

Escolha múltipla (quiz).


 Devem ser utilizados apenas para relembrar, retirando a ansiedade aos alunos; o resultado não deve ser
partilhado com o professor para não ser utilizado para fins de avaliação
 Kahoot, Socrative, Quizizz

Reconhecer vs Relembrar.
 Envolve a resposta a questões abertas, implicando o processo de relembrar informação, tendo portanto um
efeito mais forte no reforço da memória do que o “quiz”
 No “quiz” a resposta correta já se encontra escrita e o aluno apenas terá que a reconhecer entre as restantes;
nas perguntas abertas, o aluno tem que dar a resposta apenas procurando na memória a informação
necessária

Grelha de desafios.
 As dificuldades com que os alunos se deparam podem ser desejáveis ou indesejáveis; as dificuldades
desejáveis são as que criamos para que os alunos façam aprendizagens através de desafios para a memória
 A grelha de desafios é composta por um conjunto de retângulos (3x4) no qual são registadas perguntas com
quatro graus de dificuldade diferentes; cada grau de dificuldade corresponde a 1, 2, 3 ou 4 pontos
 Os desafios consistem em perguntas sobre um tema a que os alunos têm que responder, escolhendo as
perguntas a que se sentem mais confortáveis para responder
 A grelha de desafios pode ser utilizada no início ou no fim da aula, para que os alunos respondam a desafios
de diferentes graus de complexidade; são os alunos que escolhem os desafios em função da sua preferência
ou do domínio que têm do tema em estudo

Grelha de desafios “retrieval practice”.


 O professor deve assumir que os alunos irão esquecer o que aprendem, a menos que sejam realizadas ações
para os ajudar a lembrar a informação (Peps McCrea)
 Não será eficaz se se procurar rever ou relembrar a informação semanas ou meses após ter sido ensinada pela
primeira vez

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 A grelha de desafios “retrieval practice” consiste numa tabela de 3x4 retângulos, com questões feitas sobre
conteúdos lecionados na aula anterior, na semana anterior, no mês passado e no período anterior, a que
correspondem diferentes pontuações (mais baixa para os conteúdos mais recentes)

Grelha síntese.
 Fornecer aos alunos uma grelha com os seguintes títulos: evento, conceitos, palavras-chave, questões, etc.
sobre temas já ensinados, pedindo aos alunos que escrevam de memória tudo o que lhes ocorre sobre os
aspetos em estudo

Cinco por dia


 A ideia consiste em utilizar cinco questões, palavras, conceitos, etc. para que os alunos façam a revisão em
cada dia. Cinco eventos para colocar por ordem cronológica. Cinco minutos para escrever tudo quanto se
lembram sobre o tema / conceito. Cinco conceitos para ligar a cinco definições. Cinco imagens para
classificar / anotar
 Todas estas atividades simples devem ser realizadas numa base regular e no início da aula para que se tornem
uma rotina a que os alunos se devem habituar. A consistência do professor em manter a rotina é muito
importante
 Será importante promover estas atividades no início da aula, para que os alunos quando entrem na sala de
aula comecem de imediato as tarefas, sem necessitar do apoio do professor

2. Fazer com que a aprendizagem perdure.


 A memória de curto prazo (memória operativa) é limitada em capacidade em relação à quantidade de
informação que pode armazenar e por quanto tempo
 A memória de longo prazo é ilimitada na sua capacidade; o professor deve promover ocasiões para garantir
que a informação é armazenada e convertida em memória a longo prazo
 Se a informação não passar para a memória de longo prazo, então não se pode dizer que há aprendizagem
 No planeamento de uma aula, devemos combinar o nosso conhecimento didático da disciplina mas também a
psicologia cognitiva no que respeita ao estudo da memória e de como se processa a informação no cérebro
 “A memória é o resíduo do pensamento” (Daniel T. Willingham). Para que uma informação possa ser
memorizada, isto é, passar para a memória de longo prazo, os alunos deverão raciocinar / pensar sobre essa
informação. Se a informação for apenas lida / ouvida e os alunos não pensarem sobre a mesma, a
probabilidade de ser memorizada é muito pequena
 Existem diferentes tipos de memória a longo prazo: episódica, semântica e processual. Todos são importantes
no processo de aprendizagem, mas o foco deve estar na memória semântica (significado).
 É importante criar atividades ou experiências de aprendizagem que sejam memoráveis (ainda que isto, só por
si, não garanta a aprendizagem) e que criem oportunidades para ficarem retidas em simultâneo na memória
semântica e na memória processual

Teoria da Carga Cognitiva.

 A teoria de carga cognitiva (John Sweller) explica que os professores precisam de limitar a quantidade de
novas informações que fornecem aos alunos para que a memória operativa (curto prazo) não fique
sobrecarregada
 Quanto maior for a dificuldade em reter informação, maiores serão as dificuldades de aprendizagem
 “A memória operativa de um aluno é um extraordinário lugar mas muito ocupado” (Graham Nuthall)

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 Os alunos apresentam diferentes graus de tolerância à carga cognitiva e isso deve ser tido em consideração na
planificação das tarefas de aula e na diferenciação pedagógica
 Deve-se evitar o “efeito de redundância” quando damos aos alunos informação que não é relevante para a
aprendizagem, podendo reforçar a carga cognitiva
 A informação nova a transmitir deve ser “compactada” pois não temos capacidade para processar muita
informação em simultâneo, caso contrário é esquecida e gera confusão

Curiosidade.

 Para que as ideias fiquem retidas é importante gerarmos interesse e curiosidade; mas tal como a criatividade, a
curiosidade não se ensina
 Há que criar oportunidades de aprendizagem para despertar / promover a curiosidade, a novidade e a
resolução de problemas, para que a retenção em memória seja mais eficaz (Firth e Smith)
 A curiosidade faz parte da condição humana e impele as pessoas a explorar novas ideias e problemas, ainda
que haja pessoas mais curiosas e outras menos curiosas
 Quando nos deparamos com uma ideia / problema, tendemos a avaliar o esforço mental necessário:
abandonamos o problema se exigir muito ou se exigir pouco esforço (Daniel T. Willingham)
 Ao longo do seu percurso escolar, os alunos vão perdendo curiosidade ou, como refere Freud, “a sede do
conhecimento”
 Os professores acreditam simplesmente que há alunos curiosos e outros não, sem que pensem na curiosidade
como algo que pode ser induzido ou alimentado
 A curiosidade é o desejo pelo conhecimento que motiva os indivíduos para aprender novas ideias, para
eliminar lacunas no seu conhecimento e para resolver problemas e desafios intelectuais
 Podemos induzir a curiosidade durante um longo período se criarmos lacunas no conhecimento e,
posteriormente, preenchermos essas lacunas (Chip Heath e Dan Heath)
 Uma técnica para promover a curiosidade dos alunos é, face a uma pergunta que a turma coloque, deixar em
suspenso e dizer que só daqui a, por exemplo 2 aulas, é que se irá revelar a resposta. A curiosidade faz com
que os alunos acabem a procurar a resposta e a tragam na próxima aula
 A técnica é fazer como nas séries de televisão: quando a história está naquele ponto empolgante, o episódio
termina para deixar o espectador curioso pelo próximo; em algumas séries, o episódio seguinte inicia-se com
uma revisão sobre os anteriores
 Outra técnica para despertar a curiosidade, passa por utilizar uma imagem intrigante ou um objeto misterioso
sejam relevantes para o conteúdo da aula

Missão Secreta.

 Para despertar a curiosidade, esta atividade consiste na atribuição secreta de tarefas específicas alguns alunos,
no início ou durante a aula, para os ajudar a manter o foco e alcançar objetivos, sendo uma forma de apoio e
suporte. O secretismo torna os alunos mais motivados e envolvidos na tarefa

Empatia.

 É um traço de caráter de que gostamos ou queremos que os nossos alunos demonstrem mas é algo que não
se ensina. A empatia pode ser modelada frente aos nossos alunos e podemos criar oportunidades para gerar
ou para pensar sobre a empatia
 A “falta de empatia” (John Hattie) existe quando alguém não se consegue colocar no lugar de outra pessoa
seja na dor ou no sofrimento
 “Colocar-se no lugar do outro” é uma atividade que pretende colocar os alunos no lugar de outra pessoa,
através da escrita, na primeira pessoa, de um discurso narrativo sobre o tema e tem como objetivo levar o
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aluno a pensar no que terá sentido essa pessoa numa determinada situação; por exemplo, um refugiado, uma
vítima de racismo, uma vítima de um terremoto,…

Estilos de Aprendizagem.

 A teoria dos estilos de aprendizagem defende que os alunos têm uma preferência para aprender em função do
seu estilo de aprendizagem (auditivo, leitura, escrita, visual, cinestético)
 Existem cerca de 71 teorias sobre estilos de aprendizagem, por isso a ideia de planificar aulas em função dos
estilos de aprendizagem é irrealista e com impacto no trabalho do professor
 Existe uma crença generalizada entre os professores sobre esta teoria, que consideram que os alunos
aprendem melhor em função do seu estilo preferido. No entanto, esta ideia é mais um “neuromito”
 Um “neuromito” é a confusão gerada por má interpretação de factos científicamente provados no que respeita
à utilização da investigação sobre “mente, cérebro e educação”
 As evidências do impacto dos estilos de aprendizagem são fracas ou mesmo nulas e não está provado que
trazem vantagens para os alunos
 Rotular os alunos em função de estilos de aprendizagem específicos pode mesmo minar a crença de que a
aprendizagem se faz pelo esforço, dando assim argumentos para o insucesso
 Cada indivíduo pode até preferir aprender de acordo com determinado estilo (pelo visual, por exemplo), tal
como há pessoas que gostam de música e outras que gostam de pintar; mas isso não significa que a
aprendizagem seja mais eficaz e é aqui que o debate se centra: na eficácia
 Os estudos que defendem os estilos de aprendizagem e que os alunos aprendem melhor de acordo com esses
estilos falham nos critérios de validação científica
 O debate em torno dos estilos de aprendizagem revela que a sua defesa se faz maioritariamente por
professores. Tal significa que os professores têm boas intenções e querem proporcionar experiências de
aprendizagem personalizadas e agradáveis aos alunos, mas tal não significa que as abordagens em função
dos estilos de aprendizagem sejam mais eficazes para os alunos aprenderem
 A teoria não deve ser vista de forma determinista mas também não deve ser rejeitada por completo, pois pode
ser mais um suporte para promover a aprendizagem em sala de aula
 Os professores não precisam planificar aulas ou atividades para atender dos estilos individuais de
aprendizagem preferidos dos alunos
 Acreditar que os alunos aprendem melhor de acordo com um determinado estilo (auditivo, por exemplo) pode
criar a ideia errada acerca daquilo que aprenderam e do que foi transferido para a memória de longo prazo
 “Vivemos numa sociedade que hipervaloriza as liberdades individuais e em que a escolha é cada vez mais vista
como um direito básico. A ideia que cada pessoa é diferente da outra e que deve ser tratada de modo
diferente encaixa bem na cultura moderna e por isso esta aceitação de que os alunos aprendem melhor
segundo um estilo pessoal” (Graham Nuthall)
 Os estilos de aprendizagem têm mais a ver com motivação e envolvimento nas tarefas e não tanto com a
aprendizagem. É isso que afirmam as publicações decorrentes da investigação científica sobre o assunto
 Em vez de nos centrarmos no estilo de aprendizagem preferido dos alunos, devemos colocar o foco nos
métodos mais eficazes para promover e apoiar a aprendizagem e a memória de longo prazo

3. Ensinar com tecnologia.


 “A tecnologia pode melhorar o ensino de qualidade, mas a tecnologia não consegue substituir um mau
ensino” (Andreas Schleicher)
 A tecnologia tem-se tornado cada vez mais importante e dominante na vida dos jovens e vive-se atualmente
uma revolução digital com alterações significativas em termos sociais, políticos, e económicos

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 No discurso político atual ouve-se muitas vezes a afirmação que os jovens de hoje irão ter no futuro profissões
que ainda não foram inventadas e que, portanto, os deveremos preparar para esse futuro
 Porém, não será que considerar a necessidade de prepararmos os jovens para empregos que não existem
porque: no futuro, irão continuar a existir muitas carreiras e profissões do presente; não poderemos preparar
os jovens para empregos que não sabemos quais são e o que é que exigem; a tecnologia evolui a um ritmo
muito grande mas grande é também o ritmo a que os jovens se adaptam para utilizar as novas tecnologias em
seu favor
 Ainda não somos sentiment bolas na utilização de pedagogias que tirem o melhor partido das tecnologias
 As abordagens pedagógicas com recurso a tecnologias não devem substituir as abordagens tradicionais mas
antes devem complementá-las
 As tecnologias podem dar um grande apoio aos professores em providenciar feedback aos alunos e podem
também motivar os alunos para aprender
 Ao utilizar as tecnologias em sala de aula devemos considerar que a sua implementação deve ser eficaz, ter
um propósito e ser bem sucedida
 A tecnologia não pode estar no centro da aprendizagem mas sim o currículo; a tecnologia deve ser utilizada
como ferramenta de apoio à aprendizagem e para reduzir a sobrecarga de trabalho do professor

Confiança na utilização da tecnologia.

 Não existe grande consistência no uso de tecnologia na sala de aula não só porque as mudanças são muito
rápidos mas também o que são muito fofos os professores que se sentem confortáveis no seu uso
 A tecnologia na sala de aula não é a solução para todos os problemas mas também não pode ser vista como
inimigo
 Os professores adquiriram formação profissional num período em que o desenvolvimento tecnológico era
muito incipiente e por isso não se consideram suficientemente preparados para utilizar a tecnologia; por outro
lado, não reconhecem a sua relevância nem o valor da tecnologia para o ensino e para a aprendizagem e
ainda há que considerar que os alunos têm hoje mais conhecimentos sobre as tecnologias digitais do que os
professores
 Modelo de confiança no uso das tecnologias em sala de aula: Sobrevivência Perito Impacto Inovação
(Mandinach e Cline)
 Não é difícil introduzir tecnologias digitais nas escolas (aliás os alunos transportam-nas todos os dias! Os
smartphones!); o difícil é garantir que é utilizada de forma consistente e apropriada
 É errada a ideia de que basta gastar dinheiro em tecnologias para que os professores as utilizem mas não
basta entregar a cada professor um tablet ou um computador; o ênfase tem que estar na aprendizagem e não
nos instrumentos que utilizamos
 O desafio consiste em utilizar a tecnologia para promover a aprendizagem ou para reduzir a sobrecarga de
trabalho dos professores
 Compete ao professor decidir utilizar ou não a tecnologia, tendo em consideração as suas competências, a
confiança e a crença de que possa vir ou não a melhorar o processo de ensino-aprendizagem; mas a
confiança do professor é a chave do sucesso da utilização da tecnologia em sala de aula
 A tecnologia não vai substituir os professores pois a necessidade de interação humana será sempre
fundamental na sala de aula

Modelo S.A.M.R.

 SAMR (Substitution Augmentation Modification Redefinition Model) é um modelo que visa avaliar o impacto das
tecnologias digitais na educação e serve também de auxiliar para os professores medirem o seu grau de
evolução quanto à interação com as tecnologias, bem como para avaliar como é que os alunos reagem às
ferramentas digitais
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 O modelo explica de que forma as tarefas de ensino podem ser transformadas através da utilização de
tecnologias
 Substituição: é o nível mais básico de interação tecnológica; acontece quando um recurso como o
computador é usado da mesma forma que um recurso analógico; o método tradicional é substituído mas não
há alteração funcional (ex. escrever apontamentos à mão vs escrever apontamentos no computador)
 Aumento: a tecnologia como ferramenta de substituição mas introduzindo algumas alterações funcionais (ex.
corretor ortográfico ou utilização da Internet para pesquisa)
 Modificação: significa tarefas transformadas pela computação, as quais não poderiam atingir as suas
capacidades plenas sem a tecnologia; o objetivo é introduzir uma mudança estrutural na aula, desenvolvendo
novas habilidades nos alunos (ex. tecnologias para apresentação de trabalhos – MS Powerpoint)
 Redefinição: quando a tecnologia está amplamente incorporada e permite a criação de tarefas que não seriam
possíveis sem o seu uso; a tecnologia está plenamente incorporada, servindo também de plataforma de
comunicação (ex. realidade virtual)
 Este modelo, que assenta em várias fases com vista à “redefinição”, tem alguns críticos que referem que o foco
passa a estar no redesenho das tarefas e não no conteúdo da aprendizagem
 Uma aula assente na fase da “redefinição” pode ser brilhante e muito motivadora para os alunos, pode
despertar muito interesse e ser realmente eficaz; mas também pode ser muito morosa e levar muito mais tempo
do que a aula substituída leva numa hora
 Se os mesmos resultados poderão ser alcançados mais rapidamente sem tecnologia Então essa aula será
talvez mais eficaz e mais benéfica
 Se o tempo que demora a planificar e a preparar uma aula com tecnologia for maior do que a própria aula,
então será de refletir se se justifica; importa também considerar a sobrecarga de trabalho para o professor
 Para refletir: porque usamos a tecnologia na sala de aula? é mais eficaz? é mais rápido? conseguimos
alcançar os mesmos resultados em menos tempo sem tecnologia?

Modelo T.P.C.C.K.

 Corresponde à evolução do modelo PCK (Pedagogical Content Knowledge) - Conhecimento pedagógico e do


conteúdo disciplinar (Shulman, 1988) que assenta na ideia da necessidade do professor dominar as questões
relacionadas com as pedagogias e com os conteúdos da sua área científica
 Em 2006, Kohoeler & Mishra propuseram um modelo que adiciona um novo elemento – tecnológico, e
alteram o modelo para TPACK (Technological Pedagogical Content Knowledge) enquando referencial que
defende a integração tecnológica para apoiar as aprendizagens
 Este referencial exige que o professor tenha: a) conhecimento forte do conteúdo disciplinar que ensina; b)
compreensão sólida das pedagogias mais eficazes; c) experiência e conhecimento de diferentes métodos de
ensino e de aprendizagem; d) compreensão acerca das tecnologias que podem ser utilizadas
 De acordo com o modelo TPACK, no centro de um bom ensino com recurso a tecnologia existem três
componentes essenciais: conteúdo, pedagogia, tecnologia, e as relações entre si, sendo que todos têm que se
complementar
 O professor deve utilizar a sua experiência e o conhecimento dos métodos de ensino mais eficazes para decidir
como vai e se vai incorporar a tecnologia nesses métodos
 É importante que o professor conheça como funciona a tecnologia, caso contrário terá dificuldades em utilizá-
la e em promover aprendizagens
 Mishra (2018) inclui um novo elemento no modelo - conhecimento contextual, relativo às tecnologias
disponíveis a escola as políticas locais e nacionais é que os professores e as escolas estão sujeitos
 Jones (2018) propõe a inclusão de um novo elemento - conhecimento e compreensão sobre psicologia
cognitiva na utilização da tecnologia, por considerar que é muito importante que o professor considere nas
suas decisões sobre a utilização da tecnologia digital, os conhecimentos sobre a investigação da psicologia

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cognitiva: exemplo - Quiz (pedagogia) – Prática de recuperação (retrieval practice) (psicologia cognitiva) –
Geografia (disciplina) – Kahoot (tecnologia)
 Este modelo proposto por Jones (TPCCK) ajuda a considerar o impacto dos vários elementos no ensino-
aprendizagem e a reconhecer a importância da psicologia cognitiva e da ciência

B.Y.O.D. (Bring Your Own Device – Traz o Teu Próprio Dispositivo).

 Permite que os alunos que têm dispositivos tecnológicos possam trazê-los para a escola para usá-los para fins
educativos
 Atualmente, o debate centra-se na necessidade de “desintoxicar” os alunos relativamente à utilização de
smartphones face ao elevado número de horas e à dependência a esta tecnologia
 Desde setembro de 2018 que o governo francês proibiu os alunos de utilizarem os smartphones na escola,
incluindo nos espaços de recreio, embora ainda não se saiba como é que esta política vai ser implementada
 Na Dinamarca este debate também foi feito mas a decisão ficou para as escolas
 BYOD tem sido visto como uma excelente forma de utilizar os meios digitais na escola e na sala de aula ao
mesmo tempo que mantém os alunos interessados
 Não havendo financiamento adequado para comprar as tecnologias, esta é uma estratégia “win-win”, em que
todos ficam a ganhar, pois permite usar os meios digitais mas sem custos
 BYOD deve ser visto como norma tal como os alunos trazem lápis, cadernos e livros para a escola
 A escola deve dar aos alunos as competências para a vida adulta e por isso têm que saber moderar o uso do
telemóvel; ensinar a ser responsável sobre onde e quando te ligar o smartphone é uma questão de
autorregulação
 Proibir o uso do telemóvel seria como que incentivar os alunos a mentir pois é irrealístico pensar que os alunos
não encontram formas alternativas para quebrar as regras face à proibição
 O debate centra-se na responsabilidade que se pretende dar à escola para limitar o uso do smartphone e
regular o mesmo mas importa perguntar: qual o papel dos pais? devem ser os primeiros a quem compete
regular o uso do smartphone pelos filhos; e que dizer do comportamento dos pais quanto ao uso do
smartphone na presença dos filhos? porque se coloca na Escola mais esse encargo?

Códigos QR.

 São um bom recurso para promover a investigação independente pelos alunos


 “Defeito borboleta” (Salomon e Almong) refere-se à forma como os alunos se podem perder das tarefas em
mão quando navegam e pesquisam na web
 Saltam de hiperligação em hiperligação sem qualquer plano de pesquisa nem conhecimento sobre o valor das
informações em que vão “pousando”
 Os alunos são seduzidos pelo clique nas hiperligações, esquecendo frequentemente aquilo de que estão à
procura
 Podem ajudar ao condensar hiperligações úteis para uma determinada pesquisa, evitando o deslumbramento
face à grande volume de informação existente na web
 com código QR, o professor pode guiar o aluno para a pesquisa em sítios confiáveis e úteis, evitando que se
disperse através do defeito borboleta
 Podem ser afixados em certas partes da sala de aula para apoio aos alunos ou para atividades suplementares
após terminar uma tarefa
 Permitem disponibilizar apresentações de aula, textos de apoio, soluções de perguntas dos testes, ficheiros
grandes, vídeos, imagens,…

Expedições Google.

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 Permitem fazer visitas virtuais a monumentos, à natureza, ao corpo humano, permitindo experiências muito
ricas e gratuitas

Microsoft Office Lens.

 Muito útil para fotos de trabalhos de alunos, de registos no quadro, de informações de um livro

4. Como incluir a literacia na disciplina.


 Todos os professores têm a obrigação profissional pela promoção e desenvolvimento da literacia dos alunos
independentemente da disciplina que leciona
 Literacia consiste na leitura, na escrita, na oralidade e na compreensão oral, que é praticamente tudo o que
acontece na sala de aula
 “não existe literacia; existe sim bom ensino e aprendizagem” (David Didau)
 Tudo o que ensinamos está revestido pela linguagem e por isso a linguagem e a comunicação é nossa
responsabilidade enquanto professores
 A literacia e a numeracia são mais aprofundados numa disciplinas do que noutras porém a leitura, a escrita, a
oralidade e acompreensão oral ocorrem todas as salas de aula em todas as aulas em cada dia
 “Multa por excesso de velocidade” para os alunos que apressem o seu trabalho
 A pressa na realização de tarefas é contraproducente epodem gerar erros desnecessários e por isso a “multa
por excesso de velocidade” procura apenas lembrar o aluno para o risco de estar a concluir tarefas de forma
apressada
 Ortografia, pontuação e gramática são partes essenciais da aprendizagem e da comunicação
 Criação de brigadas de caça ao erro de ortografia e pontuação; alguns alunos denominados pelo professor
circulam pela sala do 3 a 5 minutos à caça de erros de pontuação ou de gramática; a atividade é realizada
quando a turma está elaborar um exercício de escrita / ensaio

Discurso na palma da mão.

 Estrutura rígida ajuda os alunos a elaborar um texto de forma faseada; esta ideia destina-se a estruturar a
argumentação para um discurso ou texto argumentativo; o planeamento do discurso a elaborar é feito
utilizando o desenho das mãos, sendo que cada dedo corresponde a uma secção de texto
 O professor deve primeiro dar o bom exemplo de um texto para servir como modelo
 Palma da mão: uma frase com impacto na audiência para despertar o interesse; o dedo polegar deverá ser
dedicado à conclusão final
 Utilizar hipérboles, linguagem emotiva, exemplos, estatísticas, e pessoas de referência para reforçar a
argumentação
 Utilizar as expressões “quem? quando? onde? Porquê?” para tornar o discurso mais expressivo; utilizar frases
no imperativo para tornar o discurso mais assertivo

Leitura.

 Não há nada mais importante em educação do que ensinar um aluno a aprender a ler (Geoff Barton)
 A leitura é a habilidade de compreender, utilizar e refletir sobre textos escritos de forma a atingir um objetivo
pessoal, a desenvolver conhecimento e potencial e participar de modo eficiente na sociedade (OCDE)
 Esta definição vai para além da tradicional noção de leitura como descodificação de material escrito e
compreensão literal

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 Todos os professores têm responsabilidade no suporte a dar os alunos para promover a leitura
independentemente da disciplina que leccionam pois a promoção da leitura tem que ser um desígnio de toda
a Escola e de toda a comunidade
 Quando pedimos a um aluno para ler em voz alta perante toda a turma, é aconselhável que o professor
garanta que os alunos tenham conhecimento prévio do texto; o professor deve antecipadamente explorar o
texto, em especial o vocabulário novo e mais difícil, e modelar a pronúncia das palavras mais difíceis
 Quando o professor determina quem lê, pode fazer diferenciação pois solicita a leitura de uma parte mais
complexa a um aluno com melhor desempenho e uma parte mais pequena e mais simples a um aluno com
dificuldades

Oralidade e Compreensão oral.

 Como os exames e as provas realizadas são escritas, é natural que o professor valorize mais a componente
escrita do que a oral, mas esta é igualmente muito importante
 Todos os dias o professor revela a importância da comunicação verbal através das explicações que dá, das
instruções, do feedback, do apoio e suporte aos alunos, e por isso importa valorizar e criar oportunidades para
que os alunos se expressem oralmente forma clara e com confiança

Questionamento.

 Um professor faz cerca de 2 perguntas por minuto na sala de aula, o que equivale a cerca de 400 perguntas
por dia, 70.000 por ano e 2 a 3 milhões ao longo da sua carreira (Wragg e Brown)
 Nem todas as perguntas estão relacionadas com aprendizagem pois muitas delas fazem parte da gestão da
aula
 Questionar os alunos ocupa mais de um terço do tempo da aula logo após o tempo dedicado pelo professor
à exposição de conteúdos, por isso é algo a que cada professor deve dar mais atenção
 A utilização sábia das competências de questionamento por parte do professor para envolver os alunos, para
os desafiar e para consolidar a compreensão, faz parte de um bom ensino (Ko)
 O questionamento é também um dos princípios importantes para a boa instrução (Barak Rosenshine)
 A aprendizagem dos alunos depende mais da qualidade do que da quantidade da comunicação oral do
professor (Dylan Wiliam)

Green screen.

 As apresentações dos alunos podem ser filmadas tendo como pano de fundo uma área verde azul (as que
mais se afastam das cores da pele do ser humano) para serem filmados; o painel verde permite remover o
fundo na edição de vídeo e substituir por uma imagem à escolha; existem apps para este efeito
 Com esta ideia, pode-se criar um cenário para uma reportagem virtual sobre uma catástrofe natural, um
evento histórico (ex. anacronismo), um boletim meteorológico, uma entrevista, …

5. Vocabulário e conceitos.
 Todas as disciplinas têm conceitos e terminologias específicas que ajudam os alunos a terem uma
compreensão sobre um determinado tema
 O tanto que não utilizamos o vocabulário específico sem assegurar que os alunos o compreendam
 Não podemos assumir que os alunos compreendem um conceito Apenas porque estão familiarizados com
estes ou porque foram falados na aula
 Quanto maior for a riqueza do vocabulário a que os alunos forem sujeitos, maior será a aprendizagem mas
existe uma ampla gama de palavras que requerem suporte explicação para uma compreensão mais profunda

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Modelo das três camadas para o ensino do vocabulário.

 Refere que o vocabulário pode ser categorizado em três camadas em função do seu grau de complexidade e
que assim se pode mostrar qual o vocabulário que requer atenção específica
 Primeira camada: palavras básicas que os alunos aprendem desde muito novos e surgem no discurso diário;
os alunos dominam bem a sua pronunciação e a sua compreensão (gato, rocha, livro, andar)
 Segunda camada: palavras mais sofisticadas que podem ter vários significados; surgem em conversação entre
adultos (circunstâncias, objetivo, características, afortunado)
 Terceira camada: palavras de uma área científica específica que não são utilizadas tão frequentemente quanto
as anteriores (fotossíntese, globalização, revolução)
 As palavras das primeira e segunda camadas são usadas frequentemente em qualquer disciplina e em
qualquer contexto, mas as palavras da terceira camada são quase exclusivamente utilizadas em que contexto
específicos muito restritos
 Não são necessárias aulas dedicadas exclusivamente ao ensino do vocabulário mas devemos criar rotinas ou
tarefas para ensinar o vocabulário específico
 O currículo assente no conhecimento irá fortalecer a aquisição e compreensão do vocabulário pois ao longo
das aulas os alunos irão estar sujeitos ao vocabulário específico da disciplina
 O domínio do vocabulário específico de uma disciplina pode ser muito desafiador para alguns alunos pelas
seguintes razões: na leitura e soletração dos conceitos (por isso é importante o professor repetir em voz alta os
vocábulos difíceis) e compreensão da terminologia no seu contexto (por isso é importante dar exemplos –
modelos de aprendizagem)

Definições.

 É geralmente assumido que ser capaz de definir uma palavra ou conceito significa conhecimento mais
aprofundado; tal não é suficiente pois há que ter em consideração o contexto em que a palavra é usada e o
conhecimento mais alargado, o qual é mais importante do que a própria definição
 Quando se pede um aluno para procurar no dicionário a definição de uma palavra, o contexto é a chave da
resposta, pois existem diferentes significados para a mesma palavra; por isso importa ter um conhecimento
mais alargado para saber situar a definição correta no seu contexto
 6 passos de Robert Marzano para aprender vocabulário: é um processo criado para o ensino do vocabulário
novo em qualquer disciplina e em qualquer idade
 Os seis passos de Robert Marzano consistem em:
 1. O professor explica, descreve e dá exemplos relativamente ao novo conceito
 2. Pedir aos alunos para definirem o conceito pelas suas próprias palavras; para os alunos de
português língua não materna os alunos devem também escrever a definição na sua língua materna
 3. Pedir aos alunos que desenhem uma imagem ou símbolo que representa o conceito
 4. Criar atividades diversas que façam os alunos contactar repetidamente com o conceito
 5. Proporcionar a discussão entre os alunos sobre o novo conceito
 6. Levar os alunos a fazerem jogos que envolvam utilização repetida do vocabulário ou do conceito,
para reforçar a aprendizagem

6. Fazer revisões.
 A maior parte daquilo que fazemos como professores e alunos no que respeita à aprendizagem não tem os
efeitos que pensamos; pequenas e simples mudanças podem fazer uma grande diferença
Batalha de Ideias para a Sala de Aula 11
 Os professores e os alunos não estão bem informados sobre os resultados da investigação mais recente no
que respeita às estratégias de revisão mais eficazes;
 Os alunos devem conhecer e compreender as estratégias de revisão mais eficazes desde tenra idade, para que
possam fazer parte das suas rotinas e dos seus hábitos de aprendizagem
 Há uma preocupação e um debate social sobre a forma como as escolas se estão a transformar em fábricas
para a preparação para exames. Quando os resultados são fortemente escrutinados através dos rankings, quer
os alunos quer os professores vão sentir a pressão
 “Devemos querer que os jovens desenvolvam uma real compreensão dos conteúdos das suas disciplinas e não
que se transformem em máquinas de passar nos exames” (Brian Cox)
 Um aspecto importante relacionado com o sucesso dos alunos consiste nas tarefas de consolidação e revisão e
esta é uma área em que o professor pode apoiar os alunos mas estes devem estar motivados para as
realizarem de forma independente
 Os métodos de revisão mais utilizados pelos alunos consistem em ler a matéria, sublinhar textos e decorar
conceitos / estudar massivamente na noite anterior ao teste. Mas estas não são as estratégias mais eficazes
para reforçar a memória de longo prazo
 É improvável que os alunos deixem de utilizar estas estratégias repentinamente mas apesar disto é importante
educá-los sobre as estratégias mais eficazes que são aconselhadas pela investigação
 “Ensinar os alunos a aprender é tão importante quanto ensinar-lhes os conteúdos porque adquirir
conhecimento da disciplina e também sobre as estratégias mais eficazes para aprender é importante para
promover viagem ao longo da vida” (John Dunlosky)
 A prática de recuperação (retrieval practice) através de quizzes é uma boa estratégia para promover a
aprendizagem e a memória de longo prazo, e muitas estratégias podem ser utilizadas com este objetivo, as
quais devem ser promovidas nas rotinas de sala de aula e não apenas como preparação para o teste
 Esperamos que os alunos se preparem antecipadamente para o teste / exame de modo a que não necessitem
de estudar na noite anterior; esta situação pode ser o resultado de falta de confiança, de lacunas na forma de
revisão ou de elevada ansiedade devido à proximidade de teste importante / exame
 Para evitar o estudo no dia anterior, o qual envolve treinar ou decorar conceitos ou factos específicos de modo
repetitivo, devemos ensinar os alunos a estudarem através de prática espaçada ou distribuída
 Estudar durante 5 horas distribuídas ao longo de duas semanas é tão eficaz como estudar as mesmas 5 horas
no dia anterior
 A aprendizagem espaçada implica que os alunos estudem um determinado tema ao longo de um período de
tempo, retomando esse tema em momento posterior
 A investigação demonstra que esta prática é mais eficaz para que os alunos relembrem melhor os conceitos, e
portanto melhora a capacidade de retenção a longo prazo; os benefícios da aprendizagem espaçada para a
retenção na memória de longo prazo é um aspetos mais bem comprovados de toda a história da investigação
experimental sobre memória e aprendizagem
 Bjork e Bjork ajudam-nos a compreender porque razão professores e alunos devem estar sensibilizados para
esta prática se explicitamente os informarmos sobre estes benefícios suportados pela investigação: os alunos
poderão planear o seu estudo e revisões de forma a contemplar a prática espaçada e poderão dedicar a noite
anterior ao teste / exame a um sono reparador
 Uma das técnicas mais utilizadas pelos alunos para estudar e fazer revisões consiste em sublinhar textos; o
propósito desta técnica está em destacar informação, o que não significa que a informação seja aprendida
 Sublinhar textos pretende apenas sinalizar a informação importante, mas esta técnica é geralmente assumida
como algo que nos ajuda a aprender e portanto é aparentemente muito eficaz
 Sublinhar textos pode ser um ponto de partida mas não deve ser a principal estratégia de revisão; sublinhar
informação será melhor do que não fazer revisões pois os alunos certamente irão aprender algo com a
releitura e com o sublinhado, mas é importante saber que estas estratégias não são eficazes para melhorar a
capacidade de retenção na memória de long prazo

Batalha de Ideias para a Sala de Aula 12


 Daniel T. Willingham afirma que a capacidade de retenção de uma informação será maior se os alunos
tiverem que pensar sobre essa mesma informação
 “A memória é o residúo do pensamento” (Daniel T. Wilingham)
 Será que os alunos aprendem sobre o conteúdo quando estão a sublinhar um texto? Não, esta tarefa não
requer esforço mental significativo contrariamente ao efeito de um teste (quiz)
 Responder a questões é mais desafiador e requer maior esforço mental e por isso compreende-se porque os
alunos preferem sublinhar texto: é mais fácil
 Sublinhar textos dá aos alunos uma sensação de satisfação, errada, de familiaridade e fluência com o texto
(Brown)
 Esta técnica pode dar aos alunos a sensação de conquista e satisfação, e também de falsa confiança, porque
num curto espaço de tempo conseguem sublinhar uma grande quantidade de texto, julgando que um grande
volume informação ficou retida
 Alex Quigley discorda do uso desta técnica pois considera que sublinhar texto pode parecer uma boa tarefa e
que houve aprendizagem visual, porém considera que não é mais do que colorir um texto
 Sublinhar texto causa boa impressão e os alunos podem até ficar orgulhosos dos seus sublinhados
multicolores, além de que sugere que foi feita revisão em grande quantidade; mas sendo a apresentação visual
importante e podendo evidenciar que o material foi lido, tal não significa que esta técnica seja significado de
aprendizagem
 Os mesmos argumentos utilizados para os sublinhados podem aplicar-se à releitura pois esta técnica não
requer elevado esforço mental
 Reler um capítulo uma segunda vez pode causar a sensação de familiaridade com o texto, interpretada como
compreensão do mesmo, no entanto não é mais do que uma operação de baixo nível cognitivo
 A investigação tem demonstrado que as técnicas de sublinhar, reler e sumariar estão muito longe de serem
eficazes na aprendizagem quando comparadas com a prática espaçada ou com a realização de testes (quiz)
 As tarefas de revisão devem focar-se no conteúdo ou nas competências a desenvolver; o desafio das tarefas de
revisão não deve estar na tarefa em si, a menos que esta possa ajudar na aprendizagem
 O professor deve utilizar o seu conhecimento sobre as estratégias mais eficazes, combinando-as com o
conhecimento específico de sua disciplina, para criar atividades criativas que promovam a revisão
 A prioridade não deve ser a criação de tarefas de revisão divertidas porque a aprendizagem está primeiro;
técnicas eficazes de revisão podem ser motivadoras e trazer bons resultados tornando o processo menos
stressante
 Um fenómeno educacional muito disseminado no discurso dos professores é a “pirâmide da aprendizagem”,
baseada no trabalho de Edgar Dale (1946) e William Glasser (1969), a qual é hoje reconhecida pelos
especialistas como um mito educativo
 De acordo com a “pirâmide da aprendizagem”, os alunos aprendem assim: 5 % do que o professor diz, 10%
do que lêem, 20% do que ouvem, 30% do que vêem, 50% do que vêem e ouvem, 70% do que dizem e
escrevem, 90% do que fazem ou ensinam outros
 A investigação mais recente concluiu que a pirâmide original de Edgar Dale foi mal interpretada e alterada
pois o seu autor nunca incluiu as percentagens e alertou os seus leitores para que não tomassem a pirâmide
de forma muito literal
 A “pirâmide de aprendizagem” foi desenhada para destacar a importância dos métodos de ensino ativos e
sugere um continuum de métodos e não uma hierarquia
 Não se sabe também como surgiram as percentagens e os investigadores mais recentes afirmam até que na
investigação não se encontram valores assim tão exatos
 Não existem dados científicos nem outros que suportem a ideia de que conseguimos reter na memória uma
determinada percentagem daquilo que aprendemos, conforme aponta a “pirâmide de aprendizagem”

Batalha de Ideias para a Sala de Aula 13


 São muitas as variáveis que interferem no processo de recuperar informação da memória por isso seria
necessário atribuir valores a vários desses fatores; a memória é muito mais complexa do que as percentagens
que a pirâmide de aprendizagem sugere (Daniel T. Willingham)
 Sugerir que os alunos apenas que tem 10% daquilo que lêem contribui para desvalorizar a importância da
leitura, tal como desvaloriza o papel instrucional do professor quando se sugere que os alunos apenas retém
5% do que o professor diz
 A “pirâmide da aprendizagem” não é aconselhável para guiar o trabalho do professor em sala de aula pois é
um neuromito

7. Desenvolvimento profissional.
 “Qualquer professor necessita de melhorar, não porque não é suficientemente bom, mas porque pode ser
ainda melhor” Dylan Wiliam
 A formação de professores é muito importante e não se deverá limitar aos dias específicos de formação mas
ser um processo continuo ao longo da carreira
 Os dinamizadores de sessões de formação precisam de professores motivados para o ensino, a falar com
entusiasmo sobre o ensino, a planificar e a avaliar a sua prática com outros professores, a aprender e a
partilhar aquilo que funciona com cada um
 Ajudar os professores a melhorar as suas práticas de modo contínuo deverá conduzir a melhorias significativas
com valor acrescentado no progresso e no sucesso dos alunos
 Deverá existir o reconhecimento de que ensinar bem não é fácil e necessita de ser melhorado
 Existe uma crença que alguns professores melhores do que outros ou que algumas pessoas nasceram para
ensinar; existem professores que são naturalmente mais ágeis na comunicação ou que se sentem confiantes
 É errado o pressuposto de que alguém ou é bom professor ou é mau professor
 O desenvolvimento profissional é um processo continuo e a longo prazo, e é tanto mais rico quanto estiver
dependente da responsabilidade individual de cada professor
 A aprendizagem parte da responsabilidade cada um e não é algo que apenas acontece na sala de aula
 Como professores somos ou devemos ser excelentes modelos sobre como aprendemos, como progredimos e
nos desenvolvemos ao longo da carreira; seremos pois modelos de excelência para a aprendizagem contínua

Observação de aulas.

 Quando a observação de aulas for uma prática com objetivos de desenvolvimento e não de julgamento e
avaliação, poderá ser bastante útil e de apoio para os professores
 Observar outros professores na sala de aula pode ter um impacto positivo e benéfico pois vamos aprender
muito com outros no que respeita à gestão do comportamento, à comunicação, ao questionamento e muito
mais

Twitter.

 É uma excelente fonte de inspiração, debate e discussão para professores em todo o mundo, e é por isso uma
forma de desenvolvimento profissional
 Através do Twitter poderemos encontrar inspiração, partilhar informação ou recursos, e esta pode ser uma
forma de comunicar com outros professores que estejam distantes
 O Twitter é a melhor sala de professores do mundo

Outras formas de desenvolvimento profissional

 “Teach Meet” são encontros de professores sobre várias temáticas, em que cada participante dispõe de um
tempo de restrito para apresentar um recurso ou uma ideia

Batalha de Ideias para a Sala de Aula 14


 Fóruns 15 minutos podem ser organizados para apresentar e fazer um debate muito rápido sobre um tema,
ideia ou livro
 Newsletter sobre conteúdos relacionados com o ensino e a aprendizagem, aplicações (apps) para a sala de
aula ou para apoiar o trabalho do professor
 Os blogues são também formas muito ricas de cada professor aprender e desenvolver-se profissionalmente
 Livros sobre temáticas relacionadas com o ensino e aprendizagem em geral ou específico da sua disciplina

8. Relações, relações, relações.


 Nem todos os professores gostam de ser diretores de turma e preferem ser apenas o professor da disciplina
 Os professores muitas vezes subestimam o papel e o impacto que cada um tem na vida de cada aluno
sobretudo no seu papel de diretor de turma
 “Ordinary people who produced an extraordinary impact” (Fergal Roche)
 É um chavão mas é verdadeira ideia de que um professor necessita de sentido de humor, de saber rir, de não
se levar a sério, de demonstrar humor na sala de aula perante os alunos ou na sala de professores com os
seus colegas; não precisamos de ser comediantes mas apenas mostrar o lado mais leve da nossa
personalidade
 Os alunos aceitam bem os professores que são firmes, justos e bem-dispostos, e as fronteiras entre estes três
aspectos precisam de estar bem definidas e serem explicitadas
 Relações positivas não garantem excelente comportamento ou aprendizagens bem consolidadas, porém devem
estar no centro da cultura de cada escola
 Conhecer os nomes dos alunos é importante para estabelecer um relacionamento positivo com os nossos
alunos; chamá-los pelo seu nome desde cedo faz toda a diferença para começar a estabelecer uma relação
empática
 Conhecer a individualidade de cada aluno é importante pois ajuda-nos a conhecer melhor as suas
potencialidades, as suas fragilidades, o seu contexto de vida para além das paredes da sala de aula
 Relações positivas e confiança mútua andam de mãos dadas e é no início de cada ano que ambas se
começam a estabelecer, bem como as rotinas necessárias para o funcionamento da de aula
 Relações positivas com os alunos podem aumentar o seu esforço, a motivação, a participação, e são muito
importantes para a gestão dos comportamentos na sala de aula
 O relacionamento com os alunos deve ser positivo e agradável mas sempre assertivo e sem nunca perder de
vista a autoridade do professor
 Os alunos não esperam que os professores sejam seus amigos, porém isso não significa que não possamos ser
amigáveis e mostrar interesse pela individualidade de cada aluno que tem
 O primeiro encontro com os alunos no início do ano é a grande oportunidade sermos amigáveis e agradáveis,
mas também para estabelecermos expetativas altas
 O respeito mútuo é muito importante e necessita ser estabelecido e reforçado quando encontramos os nossos
alunos em qualquer circunstância
 Se os alunos respeitarem os professores e os seus colegas, irão receber de volta o respeito que também
merecem

Algumas técnicas para melhorar o relacionamento entre alunos e professor.

 “Eu quero que o meu professor saiba que...”: cada aluno escreve sobre si quanto a um aspeto menos
conhecido e que possa surpreender os seus colegas e o professor
 “História da minha vida”: pedir a cada aluno que construa um friso cronológico da sua existência
 “Carta para mim”: pedir aos alunos que escrevam para si mesmos mas considerando que apenas irão ler
daqui a muito tempo; estabelecer objetivos e metas para o seu desempenho
 Lista de objetivos: fazer uma lista de objetivos pessoais para o ano letivo em curso
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 Tarefas orais:
 Apresentação aos seus colegas. Durante algum tempo os alunos trocam informação pessoal que
quiserem sobre si próprios e ouvindo o seu colega fazer o mesmo. Posteriormente cada aluno irá falar
à turma sobre o seu colega. Não podem tomar apontamentos e terão que memorizar aquilo que
ouvem do seu colega
 Encontros rápidos. Durante algum tempo os alunos entre si e apresentam-se aos colegas. Para a tarefa
não ser repetitiva pode haver um tema sobre o qual falam, que mudará do professor (filmes, música,
férias...)

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