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Ra 8049271
São Paulo
2018
Projeto de Prática
Título do Projeto: A educação básica no Brasil atual: desafios e perspectivas
Descrição do Projeto:
Esse projeto se caracteriza pelo desenvolvimento de uma ação investigativa, que busca
compreender as problemáticas que envolvem a educação básica no Brasil atual, por
intermédio da análise do documentário dirigido por João Jardim Pro dia nascer feliz (2007),
da coleta e análise de dados estatísticos e da elaboração de um texto dissertativo ao final sobre
“A educação básica no Brasil atual: desafios e perspectivas”. Vimos que, ao longo da história
do Brasil, o Estado se mostrou negligente em relação à garantia do direito à educação. Desde
o período monárquico até recentemente, somamos iniciativas no campo da educação por parte
do poder público, que contribuíram para a consolidação do caráter elitista da educação
brasileira e a marginalização de contingentes significativos da população. Encontramos um
retrato desse descaso nas estatísticas e dados levantados pelos próprios órgãos oficiais como o
INEP em relação aos índices de analfabetismo e as taxas de evasão escolar. Nos últimos anos,
podemos identificar vários movimentos em favor da universalização da educação e em defesa
da escola pública e a implementação de políticas educacionais que conseguiram avanços
quantitativos em direção à democratização do ensino, porém essa democratização do acesso
não foi acompanhada da devida qualidade de ensino. Atualmente, os estudos apontam o baixo
rendimento escolar dos estudantes e outros graves problemas que afetam a educação brasileira
como a violência, a falta de motivação de alunos e professores, dentre outros, que
comprometem a aprendizagem e demonstram que a educação democrática de qualidade está
longe de ser efetivada. Dessa forma, esse projeto se justifica cientificamente pela tentativa de
aproximar o aluno de licenciatura das problemáticas que envolvem a educação básica na
atualidade, propiciando a reflexão e o debate e o desenvolvimento de postura docente crítico e
investigativa nos planos históricos e pedagógicos.
1ª etapa: Assistir ao documentário Pro dia nascer feliz (2007). Direção: João Jardim, ano:
2007. Para isso acesse o documentário diretamente no Youtube. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=nvsbb6XHu_I&t=45s. Acesso em: 19 jun. 2018.
2ª etapa: 1.Apresentar um quadro dos diferentes momentos mostrados pelo diretor. 2.
Desenvolver ao final, uma análise crítica e reflexiva do documentário, considerando a
legislação da educação e questões como o direito a educação e o dever de educar, princípios e
fins da educação, organização e funcionamento das escolas, gestão e financiamento da
educação, currículo escolar, etc.
3ª etapa Coleta de dados estatísticos como número de matrículas na rede pública municipal e
estadual e rede privada de ensino; dados sobre evasão e repetência, índice de desenvolvimento
como o IDEB, dentre outros. Os dados podem ser coletados no site do Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Disponível em: <
http://portal.inep.gov.br/web/guest/painel-educacional>. Acesso em: 19 jun. 2018.
4ª etapa: Desenvolver uma análise dissertativa dos dados coletados.
5ª etapa: Elaborar um texto crítico e dissertativo final, fazendo um paralelo envolvendo o
documentário Pro dia nascer feliz (2007) e os dados coletados.
Durante o documentário “Pro dia Nascer Feliz”, dirigido pelo cineasta e pesquisador
João Jardim, encontramos temas de extrema relevância representados pela desigualdade na
educação brasileira. São 88 minutos que nos permitem entrar em contato com a alarmante
realidade que vivenciam os professores e jovens de algumas regiões do país. São relatos de
gestores, familiares, educadores e alunos; seus dramas e experiências em escolas públicas e
privadas, no Rio de Janeiro, Pernambuco e São Paulo. O documentário apresenta o sistema
educacional no país, por meio de depoimentos destas pessoas, onde de forma impiedosa,
podemos observar assuntos como a violência, desigualdade social e o hiato que se forma entre
o ensino básico privado e público. Praticamente todos os problemas apresentados partem do
ponto de vista que como já é sabido, temos um sistema educacional em decadência.
Atualmente podemos constatar que o crescimento quantitativo nas redes de ensino,
não correspondem a um resultado qualitativo adequado às necessidades da população. Como
mencionado, o filme nos apresenta, os problemas relacionados a falta de estrutura que
refletem na qualidade da educação em todo o país. Pois a infraestrutura de uma escola tem
influência no desempenho dos alunos e sem dúvida no aprendizado também. Neste contexto
precário, do professor se exige uma nova forma de trabalhar, uma nova identidade
profissional, que também como apresentado é um problema real no dia a dia das escolas.
(PIMENTA, 2002).
No documentário, a falta de estrutura se evidencia quando é apresentada a realidade
das escolas nos três estados em questão. São 13,7 mil escolas sem banheiros e 1,9 mil escolas
sem água. Isso pode ser visto, no cenário deficitário marcado pela falta de estrutura em geral
de itens básicos como papel higiênico e recursos didáticos. Estes são inexistentes em algumas
realidades do estado de Pernambuco e os funcionários relatam que a pouca verba que chega
na escola é destinada aos gastos e impostos entre outras demandas.
As cenas ainda apresentam uma realidade difícil que é a deficiência do transporte
destinado aos alunos da cidade de Manari que necessitam chegar a Inajá. Este transporte na
maioria dos dias não funciona e os estudantes acabam perdendo dias e até semanas de aula.
Uma reflexão é pertinente neste momento, já que a lei diz que todos deveriam ter acesso à
educação, como é possível rever no inciso I, artigo 3º da LDB que aborda a questão da
igualdade de condições de acesso e também de permanência nas escolas. (BRASIL, 1996).
Ressalto o relato de uma aluna chamada Valéria que gosta de ler, mora no estado de
Pernambuco e escreve poemas. Os professores acabam não valorizando essa capacidade por
acharem que a aluna não seria capaz de produzir os textos que apresenta. Então soma-se a isso
ainda a questão da dificuldade no acesso e temos um contexto que é um misto de
desmotivação e desinteresse. Todos sofrem com essa realidade, pois sem recursos, sem
condições de trabalho e sem preparo os professores faltam e os alunos não permanecem na
escola, os talentos são perdidos ou esquecidos na precariedade do dia a dia. Um quadro
significativo se apresenta também nas entrevistas dos professores; são os relatos sobre a falta
de respeito, os xingamentos e os excessos cometidos pelos alunos, uma triste e difícil
realidade enfrentada pelos educadores.
No desenvolvimento do documentário, é possível notar que existem problemas em
todas as regiões, no entanto eles se diferenciam um pouco por conta das oportunidades, mas o
fracasso escolar se repete em todo o Brasil.
Percebemos alunos com uma vida difícil e vitimados pelo caos que os envolve nas
escolas menos privilegiadas e um abismo enorme quando se comparam os alunos das escolas
privadas e suas percepções do que vem a ser a pobreza. É explicita a diferença entre as
regiões e as classes sociais apresentada no documentário. Por um lado, uma aluna da rede
particular de ensino, chora porque se sente pressionada com os estudos e nem tem tempo mais
para namorar, outros justificam as notas baixas devido à falta de carinho ou ausência de um
dos pais ou ainda se sentem muito cobrados para obterem sucesso e essas condições então,
geram uma perturbação e consequentemente notas baixas. Enquanto isso estudantes das redes
públicas se preocupam com o que vão comer, com o transporte, com a falta de dinheiro e
recursos para estudar, e até com a violência do bairro aonde mora. Notamos que a realidade
aponta, no entanto para o insucesso escolar em todas as classes sociais.
No decorrer do filme a cena se volta para a periferia do Rio de Janeiro, onde a
realidade é diferente, mas os problemas são os mesmos. Existe a falta de interesse tanto de
alunos como de professores. O problema se agrava com a questão da violência, do uso de
drogas e dos excessos. Muitas vezes os professores concordam com a aprovação do aluno
quase que como uma medida para que o problema seja eliminado. É um ciclo de ações
negativas que ferem diversos artigos da LDB/96, como podemos perceber, no artigo 12.
Nesta parte do trabalho nos dedicaremos a coleta de dados estatísticos como número de matrículas na rede pública municipal e
estadual e rede privada de ensino; dados sobre evasão e repetência, índice de desenvolvimento como o IDEB, dentre outros. De acordo
com a interpretação dos gráficos, buscaremos analisar alguns possíveis fatores.
Matrículas 2017 - Urbanas e rurais
Fonte Censo Escolar/INEP 2017 | Total de Escolas de Educação Básica: 39017 | QEdu.org.br
Considerações Finais
A partir do desenvolvimento deste trabalho podemos perceber que nossa educação
ainda possui muitas falhas e precisamos refletir sobre as práticas educativas adotadas pelas
escolas tanto privadas como públicas. É necessário pensarmos sobre as metodologias com
objetivo de proporcionarmos uma educação formadora com sujeitos críticos onde alunos e
professores possam caminhar juntos e prontamente em busca de conhecimento.
O documentário “Pro dia nascer feliz” contribuiu de forma importante para uma
enfatizar a necessidade de agirmos em prol de mudanças de atitudinais, pois os problemas
possuem diversas causas e ao analisarmos os indicadores de abandono, evasão, reprovação e
até matrículas fica claro que o Brasil necessita estratégias eficazes que atuem em benefício do
desenvolvimento, assegurando o direito de educação a todos, conforme a lei determina.
A realidade estrutural das escolas, apresentada no documentário permanece ainda hoje.
São mais de dez anos desde o filme e os problemas permanecem como demonstram os
indicadores atuais. Diante do exposto acredito que precisamos olhar atentamente para as
escolas, devemos atuar em um contexto mais amplo do que a sala de aula, pois os problemas e
os desafios perpassam a realidade social e econômica dos estudantes. Os sujeitos envolvidos
no processo de ensino aprendizado, estão inseridos em realidades complexas e cada qual
possui a sua história. Os educadores então vivem um dia a dia desafiador e neste sentido
devemos estar cientes de que as discussões acerca da educação, ainda estão longe de
atingirem resultados.
A meu ver, a educação encontra-se ainda em um processo de construção que envolve
realidade cheia de “cores fortes”, são vivências de uma sociedade onde existe a violência, a
falta de recursos, o fracasso, a insegurança, a má formação, a falta de percepção e um abismo
social muitas vezes intransponível. São adversidades que fazem do trabalho do professor um
desafio diário e constante. A narrativa deste filme leva o expectador a uma reflexão intensa na
medida que aumenta a nossa responsabilidade em buscarmos melhorias para o cenário
educativo no Brasil.
Ainda há muito trabalho a ser feito, a desigualdade é realmente preocupante e os
conflitos são reais como pudemos constatar. Logo acredito que enquanto o país não adotar
realmente políticas públicas voltadas para a educação e não se preocupar com a formação do
professor considerando o contexto social em que vivemos hoje, inclusive como medidas que
envolvam os pais e toda a comunidade, dificilmente teremos um ensino de melhor qualidade.
A educação tem que buscar o seu papel na formação de um novo olhar, mesmo que em meio
aos desafios, temos que realmente nos envolver na busca de “um dia mais feliz”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LIMA, Ana; RIBEIRO, Vera Masagão; CATELLI JR., Roberto (Coord.). Indicador de
Alfabetismo Funcional – Inaf: estudo especial sobre alfabetismo e mundo do trabalho. São
Paulo: Instituto Paulo Montenegro e Ação Educativa, maio de 2016.