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A MANIFESTAÇÃO DOS FILHOS DE DEUS

– O sentido da nossa filiação divina.

– Filhos no Filho.

– Consequências da filiação divina.

I. LEMOS NO SALMO II estas palavras que se aplicam em primeiro lugar ao


Messias: O Senhor disse-me: “Tu és o meu filho, Eu hoje te gerei”1. Desde a
eternidade, o Pai gera o Filho, e todo o ser da Segunda Pessoa da Santíssima
Trindade consiste na filiação, em ser Filho. O hoje mencionado pelo Salmo
significa um sempre contínuo, eterno, pelo qual o Pai dá o ser ao seu
Unigênito2.

Para que exista uma filiação, no sentido preciso da palavra, requere-se


igualdade de natureza3. Por isso, somente Jesus Cristo é o Unigénito do Pai.
Em sentido amplo, pode-se dizer que todas as criaturas, especialmente as
espirituais, são filhas de Deus, ainda que com uma filiação muito imperfeita,
pois a semelhança que têm com o Criador não é, de modo nenhum, identidade
de natureza.

No entanto, com o Baptismo, produziu-se na nossa alma uma regeneração,


um novo nascimento, uma elevação sobrenatural, que nos fez participantes da
natureza divina. Esta elevação sobrenatural deu origem a uma filiação divina
imensamente superior à filiação humana própria de cada criatura. São João, no
prólogo do seu Evangelho, diz-nos que a todos os que o receberam (a
Cristo), deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, àqueles que crêem no
seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem
da vontade do homem, mas de Deus4. “O Filho de Deus fez-se homem –
explica Santo Atanásio – para que os filhos do homem, os filhos de Adão, se
fizessem filhos de Deus [...]. Ele é o Filho de Deus por natureza; nós, por
graça”5.

A filiação divina ocupa um lugar central na mensagem de Jesus Cristo e é


um ensinamento contínuo na pregação da Boa Nova cristã, como sinal
eloquente do amor de Deus pelos homens. Considerai que amor nos mostrou o
Pai – escreve São João – em querer que sejamos chamados filhos de Deus, e
que o sejamos na realidade6. Esta condição de filhos, ainda que deva ter a sua
plenitude no Céu, é já nesta vida uma realidade gozosa e cheia de esperança.
Como nos diz São Paulo numa das Leituras da Missa de hoje, este mundo
criado espera ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus... porque
sabemos que todas as criaturas gemem e estão como que com dores de parto
até agora. E não só elas, mas também nós mesmos, que temos as primícias
do Espírito, também nós gememos no nosso interior, esperando a adopção de
filhos de Deus...7 O Apóstolo refere-se à plenitude dessa adopção, pois já
nesta terra fomos constituídos filhos de Deus, que é a nossa maior glória e o
maior dos nossos títulos: Portanto, já nenhum de vós é servo, mas filho; e se é
filho, também é herdeiro8.

As palavras que desde a eternidade o Pai aplica ao seu Unigênito, são


atribuídas agora a cada um de nós. O Senhor diz-nos: Tu és o meu filho, Eu
hoje te gerei. Este hoje é a nossa vida terrena, pois todos os dias o Senhor nos
dá esse novo ser. “Diz-nos: Tu és o meu filho. Não um estranho, não um servo
benevolamente tratado, não um amigo, o que já seria muito. Filho! Concede-
nos livre trânsito para vivermos com Ele a piedade de filhos e também – atrevo-
me a afirmar – a desvergonha de filhos de um Pai que é incapaz de lhes negar
seja o que for”9.

II. TU ÉS O MEU FILHO...

O Senhor falou constantemente desta realidade aos seus discípulos. Umas


vezes directamente, ensinando-os a dirigir-se directamente a Deus como Pai10,
apresentando-lhes a santidade como imitação filial do Pai11...; e também por
meio de numerosas parábolas, nas quais Deus é representado pela figura do
pai12.

A filiação divina não consiste somente em que Deus nos tenha querido tratar
como um pai aos seus filhos e em que nós nos dirijamos a Ele com a confiança
dos filhos. Não é um simples grau mais elevado na linha dessas filiações que,
num sentido amplo, todas as criaturas têm em relação a Deus, conforme a sua
maior ou menor semelhança com o Criador. Isto já seria um dom imenso, mas
o amor de Deus foi muito mais longe e fez-nos realmente filhos seus. Enquanto
essas outras filiações são na realidade modos de expressão, a nossa filiação
divina é filiação em sentido estrito, embora nunca possa ser como a de Jesus
Cristo, Filho Unigénito de Deus. Para o homem, não pode haver nada maior,
nada mais impensável e mais inalcançável, do que esta relação filial13.

A nossa filiação é uma participação na plena filiação exclusiva e constitutiva


da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. “Desta filiação natural – explica
São Tomás de Aquino –, deriva para muitos a filiação por certa semelhança e
participação”14. É a partir desta filiação que entramos em intimidade com a
Santíssima Trindade: é uma verdadeira participação na vida do Pai, do Filho e
do Espírito Santo.

No que se refere à nossa relação com as divinas Pessoas, pode-se, pois,


dizer que somos filhos do Pai no Filho pelo Espírito Santo15. “Mediante a graça
recebida no Baptismo, o homem participa do eterno nascimento do Filho a
partir do Pai, porque é constituído filho adoptivo de Deus: filho no Filho”16. “Ao
sair das águas da sagrada fonte, todo o cristão ouve de novo aquela voz que
um dia se fez ouvir nas margens do rio Jordão: Tu és o meu Filho muito
amado, em ti pus todo o meu enlevo (Lc 3, 22), e compreende ter sido
associado ao Filho predilecto, tornando-se filho adoptivo (cfr. Gál 4, 4-7) e
irmão de Cristo”17.
A filiação divina deve estar presente em todos os momentos do nosso dia,
mas deve manifestar-se sobretudo se alguma vez sentimos com mais força a
dureza da vida.

“Parece que o mundo desaba sobre a tua cabeça. À tua volta, não se
vislumbra uma saída. Impossível, desta vez, superar as dificuldades.

“Mas tornaste a esquecer que Deus é teu Pai? Omnipotente, infinitamente


sábio, misericordioso. Ele não te pode enviar nada de mau. Isso que te
preocupa, é bom para ti, ainda que agora os teus olhos de carne estejam
cegos.

“Omnia in bonum! Tudo é para bem! Senhor, que outra vez e sempre se
cumpra a tua sapientíssima Vontade!”18

III. A FILIAÇÃO DIVINA não é um aspecto entre muitos da vocação do


cristão: de algum modo, abarca todos os outros. Não é propriamente uma
virtude que tenha os seus actos particulares, mas uma condição permanente
do baptizado que vive a sua vocação. A piedade que nasce dessa nova
condição do homem que segue os passos de Jesus “é uma atitude profunda da
alma, que acaba por informar a existência inteira: está presente em todos os
pensamentos, em todos os desejos, em todos os afectos”19. Se considerarmos
atentamente os desígnios de Deus, podemos dizer que todos os dons e graças
nos foram dados para nos constituírem como filhos de Deus, como imitadores
do Filho até chegarmos a ser alter Christus, ipse Christus20, outro Cristo, o
próprio Cristo.

Cada vez temos de parecer-nos mais com Cristo. A nossa vida deve reflectir
a sua. Por isso a filiação divina deve ser objecto da nossa oração e das nossas
reflexões com muita frequência. Assim a nossa alma virá a encher-se de paz
no meio das maiores tentações ou contratempos, pois viveremos abandonados
nas mãos de Deus. Um abandono que não nos dispensará do empenho por
melhorar, nem de empregar todos os meios humanos ao nosso alcance para
lutar contra a doença, a penúria económica, a solidão..., mas que nos dará paz
no meio dessa luta. A vida dos santos, mesmo no meio de muitas provas,
sempre esteve cheia dessa serenidade, como deve estar a nossa.

A filiação divina é também o fundamento da fraternidade cristã, que está


acima do vínculo de solidariedade que existe entre os homens. Nos outros,
devemos ver filhos de Deus, irmãos de Jesus Cristo, chamados a um destino
sobrenatural. Desta maneira, ser-nos-á fácil prestar-lhes essas pequenas
ajudas diárias de que todos necessitamos e, sobretudo, indicar-lhes
amavelmente o caminho que leva ao Pai comum.

A nossa Mãe Santa Maria ensinar-nos-á a saborear essas palavras do


Salmo II que líamos no começo desta meditação, e a considerá-las como
realmente dirigidas a cada um de nós: Tu és o meu filho, Eu hoje te gerei.
(1) Sl 2, 7; (2) cfr. João Paulo II, Audiência geral, 16.10.85; (3) cfr. São Tomás de
Aquino, Suma teológica, III, q. 32, a. 3 c; (4) Jo 1, 12-13; (5) Santo Atanásio, De Incarnatione
contra arrianos, 8; (6) 1 Jo 3, 1; (7) Rom 8, 19-23; (8) Gál 4, 7; (9) São Josemaría Escrivá, É
Cristo que passa, n. 185; (10) cfr. Mt 6, 9; (11) cfr. Mt 5, 48; (12) cfr. J. Bauer, Diccionario de
teologia biblica, Herder, Barcelona, 1967, verbete Filiación; (13) cfr. M. C. Calzona, Filiación
divina y cristiana en el mundo, em La misión del laico en la Iglesia y en el mundo, EUNSA,
Pamplona, 1987, pág. 301; (14) São Tomás de Aquino, Comentário ao Evangelho de São
João, 1, 8; (15) cfr. Fernando Ocáriz, Hijos de Dios en Cristo, EUNSA, Pamplona, 1972, pág.
98; (16) João Paulo II, Homilia, 23.03.80; (17) João Paulo II, Exortação Apostólica Christifideles
laici, 30.12.88, 11; (18) São Josemaría Escrivá, Via Sacra, IXª estação, n. 4; (19) São
Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 146; (20) São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa,
n. 96.

Fonte: Website de Francisco Fernández Carvajal AQUI

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