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XVII Congresso Federativo (JSFAUL)

Moção Sectorial
Refeições Vegetarianas como opção principal nas cantinas públicas

O século XXI apresenta-nos uma das maiores crises que alguma vez o homem teve de
enfrentar - As alterações climáticas. As consequências deste fenómeno colocam em
causam a sobrevivência do nosso planeta como o conhecemos e por inerência a
sobrevivência da nossa espécie também. Este momento demonstra-se
extraordinariamente desafiante para nós, seres humanos, pois questiona a forma como
a nossa sociedade evoluiu ao longo dos tempos, e consequentemente impõe uma
mudança radical nos seus hábitos, rotinas e até talvez necessidades. Portanto, é inegável
a importância de levar à avante medidas que tornem possível estas mudanças, por mais
difícil que pareça ser a sua implementação. Não há tempo a perder, e a inércia da
sociedade face a estes factos não pode continuar, se ainda queremos um futuro
sustentável.

Uma das grandes causas por detrás deste dramático fenômeno ambiental é a
concentração atmosférica de C02, gás efeito de estufa e principal causador do
aumento de temperatura, que desde da revolução industrial aumentou 42%, devido
em grande parte ao uso de combustíveis fósseis, que são a base de todas as grandes
industrias, mas também pela produção em massa de animais para consumo alimentar.
É neste último que reside a razão desta moção.

Está comprovado que é preciso uma mudança global nas dietas alimentares, para
tentar que o aumento da temperatura global não seja superior a 2ºC, ou seja, que
permita diminuir drasticamente a necessidade de produção agropecuária e
consequentemente a emissão de C02 , controlando o impacto nas alterações da
temperatura do planeta. Para tal, esta nova dieta alimentar significa que o cidadão
mundial médio precisa de reduzir em 75% a carne bovina e em 90% menos carne
suína, aumentando o consumo de legumes, leguminosas, frutos secos e sementes,
reduzindo em cerca de metade as emissões do setor pecuário.
Perante esta realidade, têm-se vindo a criar movimentos pró- vegetarianismo ou pelo
menos apelos a uma redução drástica no consumo de carne pela comunidade
internacional, tendo em conta as consequências graves que a sua produção e consumo
excessivo têm para o planeta, como também para a saúde do ser humano.

Assim, a medida que apresentamos vem no seguimento desta realidade que exige
respostas com urgência. Sugere-se uma alteração na dieta das cantinas escolares,
universitárias e também de serviços públicos. A opção principal oferecida pelas cantinas
passa a ser a vegetariana, em vez da de carne ou peixe, de modo a que se algum
aluno/trabalhador preferir a de carne e a de peixe, terá de pedir previamente. Por outras
palavras, é tentar inverter a ordem de como as refeições nas cantinas funcionam
atualmente, dando primazia àquilo que é vegetariano, face ao que é de carne ou de
peixe e acabando por normalizar a chamada alimentação vegetariana.

Com esta medida pretendemos educar e também criar a adaptação necessária para
aquilo que é o nosso futuro, pois não é sustentável para o planeta o consumo de carne
que o homem consumo diariamente. Por isso, partindo da permissa de que na escola se
educa e se forma o futuro, apela-se a esta mudança, pois é uma resposta aos desafios
do nosso tempo e que poderá trazer alguns dos resultados pretendidos, quando falamos
em atenuar/solucionar as consequências dramáticas das alterações climáticas. O
objetivo principal não é tornar todos os jovens totalmente vegetarianos, mas sim
introduzir na vida deles uma diminuição diária do consumo de carne, de forma a tornar
a alimentação vegetariana algo natural e diminuir a necessidade de produção de carne,
avançando no sentido que futuro exige.

Por conseguinte, os jovens terão de aprender a compreender o impacto que tem aquilo
que cada um consume, terão de entender como é possível mudar os seus hábitos e
descobrir outras formas igualmente boas de se alimentar, e ainda poderão verificar
benefícios na sua saúde, uma vez que uma alimentação variada e rica em legumes,
leguminosas e outras fontes de proteína para além das animais é o recomendado pelos
serviços nacionais e internacionais de saúde. Somos seres omnívoros, não carnívoros.
Para compreendermos melhor a importância de medidas como esta podemos enumerar
alguns factos que assim o comprovam.

1.De acordo com o Painel em Alterações Climáticas das Nações Unidas, em termos
mundiais a agropecuária é responsável por 24% da emissão de gases com efeito de
estufa. Aqueles que são a causa principal para o aumento da temperatura que se tem
vindo a presenciar nestes anos, e cujas consequências têm-se demonstrado dramáticas
com os eventos meteorológicos extremos verificados por todo o globo.

2.A nível mundial cerca de 83% da terra cultivada no mundo é para produção de animais
e respetivas rações.

3.A água necessária para produzir um 1 kilo de carne é cerca de 15,42 litros de água, ou
seja, os recursos necessários para produzir apenas uma pequena quantidade deste
alimento não compensa aquilo que efetivamente este nos dá em termos de nutrientes,
tendo em conta outras alternativas vegetais como é o caso das leguminosas, que
necessitam de muito menos recursos para a sua produção e dão tanto ou mais termos
de nutrientes

4. A nível nacional, no setor agrícola a produção de animais é responsável por 83% das
emissões de gases com efeito de estufa, verificando-se o impacto que esta produção
pode ter em cada país, tendo em conta que Portugal nem é dos países cuja produção de
carne cobre a quantidade de consumo, ou seja, ainda necessita de importar, e ao
juntarmos a pegada também dessa importação, é de facto insustentável.

5. Há também um custo conhecido para a saúde humana, especialmente quando se


trata de comer carne processada, os antibióticos usados para criar gado e mante-lo
livre de doenças, geralmente acabam naquilo que consumismo, e também o consumo
excessivo de carne contribui para doenças cardiovasculares, nomeadamente o
colesterol.

6. O roteiro para a neutralidade carbónica prevê uma redução entre 25%. a 50% na
produção de gado bovino em Portugal, como forma de atingir os objetivos de
neutralidade carbónica a que o país se comprometeu, porque não há outra forma de
alcançar estas metas.

Os factos apresentados anteriormente reforçam e evidenciam o quão importante é uma


medida como a de tornar a opção vegetariana, a opção principal nas cantinas públicas,
invertendo a ordem atual, porque é isso que o desafio das alterações climáticas implica,
alterar os nossos hábitos, adaptarmo-nos à realidade que temos.

Por outro lado, também é de relevar que começa a existir um movimento jovem a nível
mundial, que alerta para esta situação e exige estas mudanças, pois é a única forma de
sairmos deste impasse assustador, que é continuar a ver a destruição do nosso planeta
e do nosso futuro.

Como exemplos temos a Greta Thunberg, ativista sueca de 15 anos, que criou um
movimento europeu que alerta a comunidade política para as mudanças necessárias
tendo em conta o futuro em risco que as gerações jovens têm pela frente. Mas também,
a Genesis Butler, ativista americana de 12 anos, vegetariana e que pretende
consciencializar os Estados Unidos para a mudança da sua alimentação e que até
desafiou o Papa Francisco a adotar uma dieta vegetariana durante a quaresma.

Para além dos mais, podemos referir casos em que esta medida já foi implementada e
o resultado foi de sucesso. O Colégio de Oliveira do Douro, que tem uma dieta
vegetariana implementada há vários anos para as crianças. Os alunos são livres de
consumir a opção vegetariana da escola ou levar a sua não vegetariano. Para surpresa
de muitos, esta dieta teve a adesão maioritária das crianças e até de professores, visto
que aproveitaram a oportunidade para experimentar algo diferente, mas igualmente ou
até mais saudável do que estavam habituados, acabando por gostar e sentir resultados
benéficos na sua energia e saúde.

Estes são os sinais de como a chave para a mudança de hábitos já enraizados na nossa
sociedade está na força dos jovens, as gerações que vão herdar este planeta e que o
querem herdar com a possibilidade de terem um futuro no mesmo.
Em poucas palavras podemos dizer que a aplicação desta medida é em última análise
para muitos, um caso de “primeiro estranha-se, depois entranha-se”, como é e serão
tantas das medidas necessárias para criar um futuro sustentável, dado que é isso que
implica o fenómeno das alterações climáticas, uma readaptação completa da vida do
ser humano.

Em conclusão, a Juventude Socialista como uma organização política jovem deve lutar
pela aplicação de medidas como esta, que estão na vanguarda do seu tempo e que
zelam pelo futuro dos jovens, é a única solução que temos. Não o fazer, é apenas tentar
evitar o inevitável, é adiar cada vez mais as alterações necessárias, aumentando a
probabilidade de perder o nosso futuro. De facto, há sempre resistência à mudança, o
homem é um ser de hábitos e conforto, porém a evolução dos tempos exige alterações,
exige a procura de novos hábitos e novos confortos, tal como a história sempre nos
ditou.

Leonor de Azevedo Tavares


Fontes:
https://www.publico.pt/2015/11/02/sociedade/noticia/nesta-escola-a-comida-e-
vegetariana-ha-42-anos-e-ninguem-estranha-ou-reclama-
1713024?fbclid=IwAR3hhmWNKQAF3Z7Xa2MMLcf-
c9LwZuN590vqfDxhSxbp7SU_A6th0M_lJAA#gs.2f1H4me7
https://mercyforanimals.org/greta-thunberg-vegan-cop24-climate-change
https://www.beforetheflood.com/explore/the-crisis/primary-causes/
https://news.un.org/en/story/2018/11/1025271
https://www.theguardian.com/environment/2018/oct/10/huge-reduction-in-meat-
eating-essential-to-avoid-climate-breakdown
https://www.theguardian.com/news/datablog/2013/jan/10/how-much-water-food-
production-waste
https://sicnoticias.pt/especiais/a-menina-ativista-que-desafia-o-papa/2019-02-
07-Qual-o-impacto-ambiental-do-consumo-de-carne-

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