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“O caminho está aberto”

“Dificuldades e problemas fazem surgir o que há de melhor no homem”;


“O mar é o rei de todo os rios”
“É a cabeça que manda no corpo”
“Somente um tolo não sabe lidar com seus negócios”
“Um preguiçoso não merece comer”
“Felicidade dura pouco em casa de pobre”
“Rei morto, rei posto”
“Não se apressa o que requer paciência”
“Nenhum chapéu é mais importante que uma coroa”
“É um erro não aprender com os erros”
“Quem oculta seus males será enterrado com eles”
“As bênçãos passam por nós sem fazer pausa”
“A destruição é a única garantia que um mentiroso pode ter”
“O não-compassivo não pode esperar por compaixão”
“Os Ajogún não criam caso na casa de Olódúmarè”;
“O corcunda carrega uma carga divina”

Eji Ogbè

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Baba Èjí Ogbè

O nascimento de Èjí Ogbè A água é o primeiro elemento


Orí adquire sue àpèrè A ansiedade do trabalho de parto
O casamento frustrado entre Èjí Ogbè e Eji Alî Ìfá nos protege de Ìkú e os demais Ajogún
Èjí Ogbè precisa apaziguar sua esposa, Wérè O poder ambíguo de Èñù
Èjí Ogbè ajuda um homem a ganhar uma causa na justiça O valor da ponderação
Baba Èjí Ogbè ajuda Möju a ter filhos Ìkú não encontra Olófin
A mãe de Èjí Ogbè faz ëbö pela reputação do filho Ìfá inspira à sabedoria
Baba Èjí Ogbè é coroado rei entre os Odù Ìfá Ìkú não reconhece bujë
Èjí Ogbè escapa das armadilhas feitas pelo rei de Ìfû Nasce o livre arbítrio
Ìkú não consegue levar Èjí Ogbè antes da hora prevista A virtude da batata-doce
Èjí Ogbè leva paz a uma cidade que pertencia a Ëjï Abutre faz ëbö para vida longa
Façamos ëbö para resolver nossos problemas A caçada que não deu certo
Olódúmarè absolve Èjí Ogbè de acusações injustas Aríra ajuda Îrúnmìlà a prosperar
Îrúnmìlà é desrespeitado por sua esposa O porquê as colinas são imortais
Îrúnmìlà garante vida longa a seus devotos Um preguiçoso não merece comer
Ao olhar para trás vejo bênçãos para mi Òrìñà protege contra os difamadores
O porquê de Cabeça é mais importante que Olho A maldade do povo de Ilawè
Îrúnmìlà recebe autoridade de Olódúmarè A morte não justifica tristeza
Ao amigo de Èñù não faltarão bênçãos Èla, representante de Îrúnmìlà
Òrúkérékè quase perde a coroa de Ido É Cabeça que deve dominar Corpo
Água, Terra e Mercado são igualmente importantes Îrúnmìlà sofre com pesadelos
A fé e a devoção finalmente serão recompensadas A fé garante bênçãos ao devoto
Oñibatá faz ëbö para ter uma família Îñun abençoa com fecundidade
É difícil encontrar um verdadeiro Babalawo Îrúnmìlà, exemplo de bom caráter
Îrúnmìlà adquire uma esposa mais jovem O Sol torna-se conhecido por todos
Os ancestrais nos observam do îrun Îrúnmìlà casa-se com Terra
Nasce a revolução política e a cerimônia do ìtá
Èñù leva as bênçãos do îrun a Îrúnmìlà
O assunto de Ìfá é o mais importante
Devido às queimadas, Òñàlá abandona o àiyé
O porquê de a bananeira ter tantos frutos
Îrúnmìlà faz ëbö para respirar aliviado
Cada um escolhe seu próprio caminho
Îrúnmìlà casa-se com Torò, a filha de Olókun
O homem que se casou com uma àjý
A mãe de Îrúnmìlà faz oferendas ao Ìfá do filho
Ìfá nos inspira à honestidade
O caminho de Oyigyigi Öta omi o
Îrúnmìlà vem ao àiyé para trazer todos os tipos de bênçãos
As virtudes dos elementos rituais
Îrúnmìlà deixa um rastro de prosperidade atrás de si
Öbàtàlá recebe o oyè de Àlàbàlàñë
Não existem fatos isolados
Descendência é mais firme que Mulher ou Prosperidade

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Baba Èjí Ogbè

Essência

a) Èjí Ogbè é conhecido como o primeiro Odù a se manifestar no àiyé, embora não seja necessariamente o mais velho, títulos
que a princípio pertenceriam a Îyûkú Meji e Òfún Meji. Èjí Ogbè representa o àba (ideação cósmica, “plano” de Olódúmarè
para o Universo) agindo na matéria branca, violenta e não diferenciada representada por Òfún, que emanou da “não-
matéria”, escura e misteriosa representada por Îyûkú. Por ser o primeiro Odù a “chegar” ao àiyé, Èjí Ogbè está associado à
vanguarda e à liderança. A ideia de que Èjí Ogbè carrega os planos de Deus para o Universo manifesto alude à inteligência, à
criação de um propósito; por isso se diz: “ Èjí Ogbè cria um caminho”; um meio especìfico para que a Vontade Divina se
cumpra em Sua manifestação cognoscível.

b) Em seus caminhos nasce Orí (consciência, livre arbítrio e potencial para sabedoria); a sabedoria; a precocidade de algumas
crianças; o ato de inverter posições para gerar esquecimento (?); o sistema respiratório, a coluna vertebral; os vasos
sanguíneos; o sistema linfático; o ìtá de Òrìñà, a sacralização de algumas árvores, o poder de obì, a caixa torácica, o sistema
nervoso central, a cobrança de honorários, os mensageiros do îrun que observam nossas ações, a denúncia anônima; o livre
arbítrio.

c) Os mitos contam que Èjí Ogbè foi mandado ao àiyé por Olódúmarè para promover a salvação de seus pais (e por extensão,
da humanidade). O conceito universal de messias se aproxima desse fato. O importante é saber que Èjí Ogbè traz concórdia,
paz e entendimento, quando os corações se abrem para essas bênçãos. Os ìtan também relatam o dia a dia de Èjí Ogbè,
revelando que à sua casa sempre chegavam pessoas com os mais diversos problemas, em busca de auxílio e orientação.
Essas características desse Odù apontam para a possibilidade de missão, quer seja religiosa ou assistencial.

d) Esse é o Odù Ìfá que ensina que os Ajogún não matam aqueles que o alimentam.

e) Ìfá ensina que Èñù (além de Orí, é claro), é o melhor amigo que uma pessoa pode ter. Èñù acompanhará o bom devoto,
favorecendo-o em oportunidades, lhe protegendo e instruindo; mas Èñù exigirá cuidados, consideração e gratidão por parte
do devoto. Èjí Ogbè deixa claro que ao amigo de Èñù, não faltará bênçãos.

f) Èjí Ogbè é o Odù que nos encoraja a encarar a morte sob um ponto de vista espiritual. Ele avisa que tudo aqui é
passageiro, que em breve nos reencontraremos com nossos parentes do îrun. Ìfá nos ensina aqui que o lugar de onde viemos
é o mesmo para onde retornaremos, e que as dificuldades da vida nos forçam a “olhar” para Olódúmarè. Em razão de todos
esses ensinamentos, Èjí Ogbè nos avisa a manter um comportamento honroso, sábio e bondoso, pois será isso que
ofereceremos a Olódúmarè quanto regressarmos ao îrun.

g) Foi nos caminhos desse Odù que Orí adquire seu àpèrè (suporte). Ìfá nos avisa que teremos sonhos e aspirações, mas que
precisaremos buscar pelos meios que tornarão possível a realização dos mesmos. Ìfá nos aconselha a estarmos completos
(em sem tratando de ita) para que tenhamos reais chances de alcançar nossos objetivos. Ìfá também nos avisa que durante o
processo de preparação pessoal devemos ter em mente a prioritária necessidade de busca pela sabedoria divina. Ìfá avisa que
sem tal sabedoria não estaremos “completos”, e dessa forma não obteremos sucesso em nenhum de nossos assuntos.

h) Nesse Odù, Olófin determinou que no corpo humano, Cabeça seria o líder, e os demais membros deveriam segui-lo e
obedecê-lo. Essa é uma alusão à necessidade de sucumbir à sabedoria os impulsos inferiores, que não raro nos trazem
consideráveis problemas. Oferendas a Orí favorecerão o autocontrole e a percepção daquilo que se deve ou não fazer em
dadas circunstâncias.

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i) Ìfá ensina que a manutenção de uma conduta nobre nos favorecerá em todos os aspectos da vida. Ele nos avisa que novos
desafios ou dificuldades se aproximam, e nos sentiremos tentados a agir de maneira a favorecer nosso sucesso, mesmo que
isso deponha contra nossa própria consciência. Ìfá diz que Olódúmarè acompanhará e abençoará aquele que não mudar sua
conduta, que se mantiver digno e correto, mesmo quando tudo pareceria mais fácil se ele assim não agisse.

j) Èjí Ogbè nos fala sobre a dificuldade de encontrarmos um sacerdote qualificado para tratar de nossos assuntos espirituais.
Esse fato sugere a necessidade de prudência antes de assumir compromissos religiosos, e sob outro ponto de vista também
pode ser entendido como um incentivo a se tornar o sacerdote raro que nós mesmos procuraríamos.

l) Foi nesse Odù que o Sol recebeu o nome de “Aquele que é conhecido por todos”. Ìfá diz que essa pessoa obterá fama e
destaque em seu meio, e que deve fazer as oferendas e os preceitos prescritos, para que dessa fama advenha diversas
bênçãos em sua vida. Ìfá revela que essa pessoa tem um profundo desejo de realizações, e que ele a auxiliará a realizá-los.

m) Esse Odù tem uma conotação ecológica, pois revela que as queimadas foram as principais responsáveis por Òñàlá ter
voltado ao îrun. Sob um ponto de vista simbólico, Ìfá nos alerta para a possibilidade de algumas situações nos gerarem tanto
desconforto, que chegaremos à conclusão que o melhor a fazer para nosso próprio bem estar é partir.

n) Èjí Ogbè é o Odù que explica o caráter ambíguo de Èñù, revelando entre outras coisas que ele incita a compaixão no
carrasco.

o) Nesse Odù aprendemos que a água é a primeira e mais importante oferenda ritual, pois simboliza a matéria primordial de
onde nasce toda a vida, e que em si contém todas as possibilidades.

p) Baba Èjí Ogbè é o Odù através do qual Ìfá nos ensina que não existem fatos isolados. Se um fato existe, ele deve sua
existência a outro; tudo está mais ou menos correlacionado. Essa sabedoria deve nos inspirar a buscar a causa existente
entre tudo aquilo que percebemos. A reflexão sobre a causa última há de nos transportar a outro nível de percepção da
realidade, a ponto de termos melhor domínio sobre nossas ações, pois estaremos mais cônscios de que as mesmas
certamente produzirão resultados.

q) Èjí Ogbè é o Odù que explica a situação em que uma pessoa faz oferendas constantes durante um bom tempo, sem ver as
devidas respostas às suas súplicas. Ìfá ensina aqui que essa pessoa está sendo testada. Ele diz que para essa pessoa,
desfrute e fé devem andar de mãos dadas. Ele assegura diversas bênçãos ao devoto que não perder a fé, mesmo quando as
coisas não acontecem como ele espera ou deseja. Se mantivermos o correto comportamento, teremos a oportunidade de
realizar grandes feitos nesse mundo.

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Ire

a) Ìfá ensina aqui que há uma estreita relação entre conduta pessoal e prosperidade. Inicialmente Èjí Ogbè não possuía o
status de líder entre os Odù, mas oferendas realizadas e ações piedosas o qualificaram para tal. Isso significa que além de
fazer ëbö, será preciso conduzir nossa vida no caminho da retidão, da bondade e da compaixão. Ìfá assegura que se esse
comportamento for adotado, Èñù providenciará excelentes oportunidades para que possamos atingir a prosperidade.

b) Ìfá avisa que nos depararemos com situações novas e inusitadas que estarão relacionadas à nossa prosperidade. Isso
poderá ser um novo emprego, uma nova função ou qualquer situação que se encaixe no contexto. Ìfá avisa que poderemos
ter êxito nessa nova empreitada, conseguindo sucesso e ganhos materiais, principalmente se fizermos oferendas a Àirà.

c) Ìfá nos avisa que há um lugar onde as pessoas estão satisfeitas com o que têm, embora não conheçam tudo aquilo que
podemos fazer por elas. Ìfá diz que se formos a esse lugar, levaremos a essas pessoas mais benefícios do que elas estão
acostumadas. A consequência disso será positividades para as pessoas em questão, e consideráveis bênçãos para nós
mesmos. Ìfá nos aconselha fazermos encantamentos com batata-doce para atingir esses objetivos.

d) Nos caminhos de Èjí Ogbè é possível conceber um filho após idade avançada, quando não se espera mais por essa bênção.
Ìfá assegura, nos caminhos de Olófin e Olókun, que a pessoa para quem aparecer esse Odù viverá até conhecer seus netos.
Além do sentido literal, é prudente considerar a hipótese de que os projetos pessoais mais caros, mesmo que ao longo da
vida não tenham encontrado um caminho para se manifestarem, poderão fazê-lo depois que a idade madura é alcançada.
Esse fato por si só justifica a manutenção da fé, assim como o aprimoramento pessoal, para que ao chegar o momento, tudo
possa de fato ser considerado uma bênção.

e) O correto planejamento é essencial para que haja sucesso quando esse Odù aparece. Fazer alguma coisa apenas porque há
o desejo de fazer não levará a nada. A derrota e a vergonha estarão esperando aqueles que se colocarem num caminho, sem
saber qual a distância a ser percorrida nem os percalços que caminho em questão oferecerá. Ìfá assegura maiores chances de
sucesso àqueles que se preparam com consultas prévias, oferendas e ações inspiradas por seus conselhos.

f) Através de Èjí Ogbè, Ìfá enaltece a importância do trabalho. Ele deixa clara a importância que a labuta tem em nossa vida,
e também avisa àqueles que não fazem esforços durante a juventude, que não terão razão para reclamar na velhice. De
forma cabal Ìfá evidencia que o trabalho é um dever de todos, pois afirma que “um preguiçoso não merece comer ”!

g) Ìfá nos avisa que as bênçãos do îrun estão procurando nossa casa no àiyé, mas elas só encontrarão o caminho se Èñù
assim o permitir. Ìfá também diz que um comportamento irritadiço pode descontentar Èñù, que propositadamente usará seus
meios para impedir que as bênçãos em questão nos encontrem. Ìfá nos aconselha realizar oferendas adequadas a Èñù, além
de manter um comportamento mais tranquilo e controlado, para que não percamos situações consideravelmente benéficas
que podem chegar a nossa vida a qualquer momento.

i) Ìfá nos fala aqui sobre uma viagem que pretendemos fazer. Ele afirma que se antes de viajarmos não fizermos as oferendas
prescritas, essa viagem será sinônimo de perdas. Ìfá diz que aquilo que poderemos perder devido a essa viagem dificilmente
será recuperado no futuro.

j) Através desse Odù os pais podem ter um papel decisivo na prosperidade do filho, se quando a criança ainda for pequena
oferendas forem feitas a Îrúnmìlà ou ao Ûlûdà da mesma, dependendo da orientação de Ìfá a esse pormenor.

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i) Através de Baba Èjí Ogbè, Ìfá nos ensina o valor de uma família. Ele revela que precisamos nos esforçar em nome de nossa
descendência, pois essa é mais importante que uma mulher ou prosperidade. Ìfá ensina que tanto a mulher como a
prosperidade são volúveis, e não se pode contar com elas em todos os momentos; mas a descendência é garantia que nossa
semente continuará indefinidamente. Devido a essa orientação, será sábio colocar a descendência como um dos principais
objetivos de nossa vida.

j) Talvez o melhor presságio de sucesso desse Odù seja o fato de que em seus caminhos Îrúnmìlà vem ao àiyé, com o
propósito claro de trazer e espalhar bênçãos nesse mundo. Ìfá avisa que no àiyé há energias negativas, que tentam frustrar
os planos superiores de abençoar as criaturas, mas Ìfá também diz que Îrúnmìlà conhece os caminhos que inequivocamente
trazem coisas boas a esse plano de existência. Tudo isso significa que por maiores que sejam as dificuldades encontra das, o
sucesso material se fará presente àqueles que seguirem os conselhos de Ìfá e descobrirem quais são esses abençoados
caminhos.

i) Ìfá diz que aqui há o medo secreto de chegar ao fim da vida sem realizar os planos pessoais ou ter acesso às bênçãos de sse
mundo Baba Èjí Ogbè é o Odù através do qual Ìfá nos orienta no sentido de não choramingarmos por nossas dificuldades. Ao
invés disso devemos fazer ëbö e depositar nossa confiança nas Divindades, pois elas nos garantirão diversas bênçãos se
agirmos dessa maneira. Ìfá assegura aqui que o devoto não morrerá pobre, nem passará pelo mundo sem conhecer coisas
boas, desde que ele pare de choramingar e faça com fé as oferendas prescritas.

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Ibi

a) Ìfá nos avisa sobre Ìbáwijî. Os motivos de tais conflitos podem ser os mais diversos, mas oferendas a Èñù ajudarão em
todos eles.

b) Apesar de evocar espiritualidade, Èjí Ogbè é um Odù de inimigos. Em seus caminhos nasce a denúncia anônima, motivada
pela inveja e desejo premeditado de prejudicar. Ìfá fala sobre os problemas que poderemos ter por não cobrar nada ou muito
pouco por nossos serviços. Apesar dessa considerável negatividade, Ìfá assegura proteção e justiça àqueles que se
mantiverem no caminho de retidão e cumprimento do dever.

c) Sucesso e inimizades andam de mãos dadas nesse Odù. Ìfá avisa que infelizmente um conduzirá ao outro. Uma das
características da inimizade é o desejo dos inimigos de nos destruírem, simplesmente por quererem ter sucesso onde outros
falharam. Ìfá aconselha oferendas a Èñù e Îrúnmìlà para obter proteção pessoal.

d) Por ser o líder entre os Odù Ìfá, é natural que a presença de Èjí Ogbè favoreça a liderança, em seus mais diversos
aspectos. O importante aqui é salientar que tal liderança pode ocorrer de forma precoce, o que irritará aqueles que se
consideram mais aptos à mesma. Em função desse fato, Ìfá nos orienta a fazermos ëbö, para que possamos vencer as
oposições que tentarão obstruir nosso caminho à vitória.

e) Ìfá nos avisa que problemas se aproximam. Devemos estar preparados para brigas, intrigas e discussões. Mas Ìfá também
deixa claro que tais situações visam nosso aprimoramento e crescimento como seres humanos. Devemos aproveitar toda
oportunidade para crescer e nos aproximarmos espiritualmente de nossos mentores. Ìfá aconselha oferendas a Ògún e
Îsànyìn para que a situação não fuja de nosso controle.

f) Ìfá nos avisa que infelizmente a difamação estará em nossos caminhos. Encontraremos difamadores em casa e na rua;
familiares e estranhos falarão mal a nosso respeito. Ìfá afirma que Òrìñà exigirá justiça, mas devemos fazer nossa parte
através de nossas atitudes e pensamentos, que sempre devem ser contrárias às mentiras que dirão a nosso respeito. Ìfá
aconselha oferendas a Ògún e Òñàlá para que possamos vencer nossos difamadores.

g) Ìfá nos avisa que as constantes tentativas e falhas de nossos inimigos em nos destruir podem levá-los a se unir para esse
propósito. Nesse caso eles se tornarão consideravelmente fortes, e poderão atingir seu objetivo se não tomarmos os cuidados
necessários. Para essa situação Ìfá aconselha oferendas a Èñù e Òrìñà Òkè.

i) Quando em ibi, Èjí Ogbè nos fala sobre a resistência que encontraremos em um lugar que pretendemos ir ou nos instalar.
Ìfá avisa que nos tratarão com hostilidade e desrespeito, mas ele também afirma que brigar com o povo de tal lugar não
atrairá nenhum benefício. Se as oferendas corretas forem executadas, Ìfá afirma que Èñù nos protegerá.

j) Ìfá nos fala aqui sobre uma disputa sem sentido, em que os lados envolvidos insistem em se considerar mais importantes.
A sabedoria de Ìfá nos ensina que tudo tem sua importância, e que todas as partes de uma engrenagem são essenciais para o
correto funcionamento de um organismo. Oferendas apaziguantes favorecerão o despertar dessa consciência, o que por si só
determinará o final do conflito em questão.

h) Ìfá nos avisa que um ancião terá sua capacidade de comando questionada, e as pessoas desejarão que ele abdique de sua
posição em favor de um líder mais novo. Ìfá avisa que esse novo líder ainda está despreparado, e se ele assumir agora as
funções do ancião, não demorará até que as pessoas tenham saudade do antigo líder.

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i) Ìfá afirma aqui que nós conseguiremos uma posição de destaque ou liderança em nossa vida, mas infelizmente conspirarão
para nos derrotar ou minar nossa influência. Ele diz que teremos amplas chances de vitória se fizermos as oferendas
prescritas, e também se nos tornarmos essenciais à vida daqueles que comandamos ou lideramos, assim como a água é
essencial na vida de todos os seres vivos.

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Comportamento

a) Como já foi visto, Orí “nasce” nesse Odù. Isso representa o potencial para inteligência e posterior sabedoria. Quando em
ire, Ìfá avisa que a presença dessas características atrairá a resolução adequada para diversos problemas; mas quando em
ibi, esse Odù representa os aspectos negativos da inteligência, como a arrogância, orgulho e descrença.

b) Ìfá fala sobre o desejo natural de auxiliar e orientar outras pessoas. Os filhos desse Odù possuem essa característica, e
deveriam sempre deixá-la agir.

c) Èjí Ogbè fala sobre a boa cabeça, aquela que houve os conselhos que lhe são dados e sente a necessidade de segui-los.
Esse foi o comportamento de Palmeira num dos ìtan desse Odù, e devido a esse fato se diz que uma pessoa alta terá boa
sorte quando Èjí Ogbè se manifesta, e o oposto poderá ocorrer a uma pessoa de baixa estatura. É provável que recebamos
conselhos de pessoas desconhecidas, ou que não possuam um grande conhecimento sobre nossos problemas mais sérios. É
preciso considerar com muita seriedade a possibilidade de seguir tais conselhos.

d) Esse Odù fala sobre a preocupação que os pais devem ter em relação à honra ou ao nome de seus filhos. Ìfá diz que os
pais ouvirão falar mal de seus descendentes, e deverão fazer o que estiver ao seu alcance para honrar o nome de sua família.
Toda essa problemática envolvendo filhos também se aplicam a outras pessoas que amamos, e também a nossos projetos
pessoais mais íntimos.

e) Quando em ibi, Èjí Ogbè fala sobre a estupidez do deslumbramento, que pode prejudicar a qualidade de nossas escolhas.
Ìfá nos orienta a sermos prudentes e pensarmos com paciência antes de tomar decisões; pois ao fazê -las, se pensarmos
apenas no benefício imediato perderemos oportunidades únicas de desenvolvimento e possível prosperidade.

f) Ìfá nos ensina através de Èjí Ogbè que as questões espirituais são as mais importantes de nossa vida. Não importa o
quanto os problemas e questões cotidianas possam exigir nossa atenção; as questões espirituais estão à frente. Ìfá fala que
essa consciência será muito útil em diversos momentos de nossa vida, servindo como um guia que certamente nos conduzirá
ao nobre cumprimento de nosso destino.

g) Nesse Odù os Ancestrais observam cada uma de nossas ações. Se agirmos de forma a trazer vergonha à lembrança deles,
eles não nos punirão, mas Ìfá avisa que Îrúnmìlà tomará as dores dos Ancestrais, e fará o incauto passar por consideráveis
vergonhas em sua vida.

h) Ìfá nos inspira através desse Odù a sermos honestos. Ele afirma que as dificuldades dessa vida nos entristecem, mas que
isso não é motivo para sermos desonestos. Ele também afirma que os caminhos da prosperidade se abrirão para nós, mas aí
teremos que optar se desejamos ou não sermos referência do que não presta no àiyé. Por último ele deixa claro que as
divindades não permitirão que o mal destrua a verdade.

i) Ìfá nos avisa aqui que nos depararemos com problemas consideráveis, que desafiarão nosso bem estar, nossa inteligência e
nossa fé. Ele também deixa claro que choramingar não trará solução, pois a mesma se encontra no ëbö e na paciência. Ìfá
nos ensina aqui que não há problema que essas duas dádivas não possam resolver. Podemos não perceber isso agora, mas
nosso futuro pode ser grandioso, se agora dermos os passos certos na direção correta.

j) Através desse Odù, Ìfá nos ensina o valor da ponderação. Ele diz que não devemos agir apressadamente com assuntos que
exigem paciência. Não devemos buscar a prosperidade como se esse fosse o único objetivo da vida, nem perder nosso tempo

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e energia atrás de conquistas mundanas. Ao invés disso, Ìfá nos aconselha a vida equilibrada, longe de barulhos e confusões,
para que possamos em paz descobrir a melhor maneira de passar pelo àiyé.

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Saúde, bem estar e proteção

a) A questão de saúde mais importante a ser considerada quando Èjí Ogbè se manifesta é a informação que esse Odù traz:
“Se alguém esconde suas doenças, será sepultado com elas”. Isso é um sinal claro de que qualquer alteração fìsica que ocorra
nos caminhos desse Odù merece atenção. Èjí Ogbè está associado ao nascimento de todas as coisas, inclusive das doenças.
Isso significa que a presença desse Odù, quando o ibi apontar para saúde, indica o surgimento de doenças potencialmente
graves; mas exatamente por se tratar de doenças “novas” ainda será possìvel tratá-las adequadamente.

b) Os mitos retratam Èjí Ogbè como um habilidoso médico, além de sacerdote. Esse fato gera esperanças quando doenças se
manifestarem através de seus caminhos.

c) Ìfá nos avisa aqui que uma pessoa ainda jovem poderá ficar gravemente enferma. O ëbö para essa situação estará nos
caminhos de Olófin e Olókun.

d) Apesar de ser um Odù ligado à luz, a manifestação negativa de Èjí Ogbè nos fala sobre a ação dos Ajogún, especialmente
Ìkú, Àrun e Ofò. Ìfá nos aconselha fazer ëbö para despistar tais infortúnios. Ele assegura uma vida longa e saudável como às
das rochas àqueles que fizeram as oferendas prescritas.

e) Foi nos caminhos desse Odù que o Abutre conseguiu sua cabeça branca, símbolo de longevidade. Ìfá nos aconselha a
executar os ritos necessários e por ele prescritos, para que possamos atingir a velhice com segurança, saúde e dignidade.

f) Ìfá nos alerta aqui sobre a insônia causada pela preocupação e angústia, e todos os males físicos e emocionais que tal
problema acarreta. Ìfá também nos avisa que se as oferendas corretas forem realizadas, a angústia que impede nosso sono
desaparecerá, no mesmo instante em que a solução de nossos problemas ficar mais óbvia à nossa vista. Ìfá também diz que
sem as oferendas, não faz sentido esperar pela resolução da insônia, nem dos problemas que a geram.

g) Baba Èjí Ogbè é o Odù Ìfá que faz alusão às práticas respiratórias que trazem alívio e bem estar, que são muito difundidas
no oriente. Ele deixa claro que o correto respirar alivia tensões e clareia o pensamento, tornando-nos mais aptos a entender a
complexidade de nossos problemas, e por extensão, de perceber a solução para os mesmos. Nesse Odù recebemos a
orientação para respirar profundamente e procurar um lugar tranquilo e afastado para refletir sobre os dilemas da vida e o
nosso papel nos mesmos.

h) A gravidez merece toda a atenção quando esse Odù se manifesta. Ìfá nos avisa sobre a importância de fazer ëbö com as
folhas por ele indicadas, para que eventuais dificuldades gestacionais sejam vencidas. Esse Odù fala sobre a ansiedade,
angústia e incerteza inerentes a uma longa noite de trabalho de parto. Ìfá se refere ao aspecto literal dessa situação, mas o
aspecto metafórico também pode ser considerado; dessa forma, antes que algo realmente importante e longamente esperado
(tal qual um filho) chegue em nossa vida, experimentaremos as sensações já descritas. O importante é que Ìfá nos assegura
que se seus conselhos forem ouvidos, tudo ocorrerá bem no final, e nossas expectativas serão superadas.

i) Ìfá diz que sob certas circunstâncias poderemos duvidar se desfrutaremos de vida longa. Ele nos aconselha a
abandonarmos tais pensamentos, pois o devoto receberá ire àikú se fizer as oferendas prescritas e manter a conduta correta.
Ìfá nos avisa a sempre mantermos o pensamento positivo a esse respeito.

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Relacionamentos

a) Ìfá deixa clara a necessidade de conversas francas e abertas entre um casal, por que nesse Odù, ao deixar se expressar
com clareza, alguém favorece para que ocorram mal entendidos do tipo “achei que você concordava...” Ìfá avisa que dessas
situações nascerá frustrações, que poderão rapidamente se transformar em animosidade e consequente dissolução de um
casamento.

b) Ìfá fala sobre relacionamentos enfraquecidos devido à falta de sintonia entre as partes, especialmente quando os planos de
um não correspondem exatamente aos planos do outro. Nessas circunstâncias, um filho poderá ser muito benéfico ao casal, a
ponto de salvar um casamento que aparentemente não tinha mais futuro.

c) Ìfá adverte à necessidade de fazer ëbö antes de se casar e antes de pensar em filhos, pois são consideráveis as chances de
nascer uma criança mal formada. Ìfá diz que se isso vier a acontecer, possivelmente o casamento não sobreviverá a todo o
sofrimento que envolve a questão, sendo consideráveis as chances de separação. Ìfá também diz que é a empolgação da
paixão que pode impedir alguém de fazer as oferendas necessárias no momento adequado. Toda essa complexa situação
sugere a necessidade de cuidados médicos mais modernos, no sentido de analisar o material genético do casal, pois há
chances de existirem incompatibilidades que favoreçam um feto mal formado.

d) A mulher que casar sob as bênçãos de Èjí Ogbè deve fazê-lo com um homem espiritualizado, preferencialmente um
sacerdote. Ela também deve ter em mente que por maiores que sejam os problemas de relacionamento, não deve irritar seu
marido a ponto de ele querer sair de casa. Ìfá diz que se a esposa não seguir esses conselhos, atrairá para si a ação dos
Ajogún; e caso ela já o tenha feito, será necessário realizar oferendas o quanto antes, pois como Ìfá ensina nesse Odù, “Os
Ajogún não matam aqueles que os alimentam”.

e) Ìfá diz que após um casamento frustrado, um homem poderá se deparar com grandes dificuldades financeiras, até que
possa voltar a prosperar. Quando isso acontecer, ele terá de seu lado uma mulher poderosa, mas geniosa. Ìfá diz que ao lado
dessa mulher o homem voltará a ter uma vida próspera, mas quando isso acontecer ele deve honrá-la, respeitá-la e nem por
um minuto pensar em trocá-la por outra, pois se assim o fizer estará chamando novamente a pobreza para sua vida.

f) Ìfá nos avisa sobre a possibilidade de nos interessarmos por alguém, que infelizmente também possuirá outros
pretendentes. Ìfá nos ensina que será através da inteligência, paciência e oferenda que conseguiremos convencer tal pessoa a
optar por nós. Mesmo se as coisas correrem como desejamos, Ìfá nos avisa que os outros pretendentes não desistirão assim
tão fácil. Nessa hora Ìfá aconselha oferendas a Èñù, para que consigamos escapar das dificuldades que nos serão geradas. Ìfá
também aponta para a possibilidade desse relacionamento nos beneficiar social ou economicamente.

g) Ìfá nos avisa aqui que sob certas circunstâncias poderemos nos deparar com a solidão. Ele fala sobre a importância que um
bom relacionamento pode ter para trazer estabilidade a nossa vida. Ìfá avisa que se o ëbö nos levar a esse relacionamento,
as dificuldades da vida ficarão mais suportáveis, e as pessoas falharão em nos separar de nosso verdadeiro amor.

h) Ìfá avisa ao homem que seja muito criterioso ao escolher sua esposa. São consideráveis as chances de alguém tomar uma
àjý como esposa. Ìfá diz que se isso acontecer, a saúde do infeliz definhará rapidamente, podendo inclusive levá-lo a morte.
Ìfá aponta uma dica para o homem saber se sua futura esposa é uma àjý: demasiada magreza (seria prudente desconsiderar
a hipótese de se casar com uma àjý gorda ou de constituição regular).

12
Obras de Èjí Ogbè

1) Se faz oferendas a Èñù e também se confecciona um colar com sementes de gengibre para obter vitória numa causa
jurídica.

2) Se prepara o banho de Èjí Ogbè, composto basicamente por ìgbín, que tem por finalidade refrescar e acalmar o espírito,
preparando-o para momentos tormentosos que se aproximam.

3) Se faz oferendas com sal para que não falem mal daqueles que amamos.

4) Aqui se faz a magia da troca de posições, para que uma pessoa esqueça algo que deve ser esquecido.

5) Se faz oferendas (possivelmente a um Funfun ou ao Òrìñà familiar) antes de um casamento, para evitar separações e a
geração de crianças mal formadas.

6) Se faz ëbö diário de obì a Ìfá durante vários dias, para evitar a ação precoce de Ìkú.

7) Se faz constantes oferendas aos Ajogún, para que eles não encontrem motivos de nos molestar.

8) Se faz oferendas com cabeças de animais e outros elementos para acalmar Ìyàmi Àjý (nesse caso, simbolizada por uma
esposa ou companheira furiosa com o comportamento ingrato de seu marido).

9) Ìfá nos ensina aqui a fazermos pequenas oferendas em momentos de dificuldades, por que isso tornará possível fazer
grandes oferendas quando as dificuldades se transformarem em prosperidade.

10) Se faz oferendas com porco-espinho para afastar Àjý.

11) Se faz oferendas a Èñù e à mãe de Òrìñànlá (?), para que possamos atingir posição de liderança entre os nossos, e para
que essa posição não possa ser questionada.

12) Oferendas a Àirá favorecerão sucesso e prosperidade em situações novas ou inusitadas, tal qual viagens, promoções,
novos empregos, etc.

13) Se faz encantamentos com ìgbín e dendê perante Èñù, quando precisamos ir a um lugar potencialmente perigoso.

14) Se faz oferendas com porco-espinho para repelir o ataque de Àjý.

15) Se prepara inñý com partes de antílope para que Èñù vire um lugar “de pernas para o ar”.

16) Se faz ëbö com batata-doce para levar benefícios a outras pessoas, e que para toda a situação envolvida no processo nos
favoreça com consideráveis e duradouras bênçãos.

17) Oferendas a Olófin e Olókun podem garantir a geração de um filho, mesmo após a idade madura. O mesmo vale para a
resolução de íntimos projetos pessoais.

18) Se faz ëbö com um carrego que é encontrado no rio, para salvar uma pessoa moribunda.

13
19) Se faz oferendas a Olófin quando precisamos tomar uma importante decisão, para que a sabedoria e não o
deslumbramento inicial seja a nossa escolha.

20) Ìfá nos ensina aqui a preparar um àgbo que visa trazer diversas bênçãos.

“Winrin falará, dono da riqueza; a venda traz dinheiro para a casa. Owani está me procurando”.
“Estou na casa de Owà. Toda boa sorte que eu quero, que me procure rapidamente”.
“Ìfá, ponha em meu caminho coisas boas, assim como você tornou azul a roupa de agbè”,
“E deixou como osùn a roupa de alukï, assim como você ajudou odidû”;
“Mo fé eya Ijamö, a roupa que o rei usa é brilhante. Você ajudou Akísà a conseguir um reino”;
“Você fez Tûtûrûgún ser coroado; você faz banana-d’água se abundante”;
“Olu se saju, venha fazer o bem para mim. Ñënñë diworo, venha fazer o bem para mim”.
Riscaremos esse Odù e recitaremos o îfî. Usaremos tudo isso para banho.

21) Se faz oferendas de cães, tartarugas e caracóis a Ògún, Îsànyìn e Ògèrè, para que possamos suportar dificuldades,
intrigas e discussões que são inevitáveis, mas favorecerão nosso crescimento.

22) Se faz oferendas a Èñù e Òrìñà Òkè para não sermos destruídos por nossos inimigos, quando eles se unirem para nos
prejudicar.

23) Se faz oferendas a Èñù, Îrúnmìlà e Olókun, para que possamos conseguir um casamento que nos favoreça
materialmente, e para que possamos vencer nossos adversários nessa questão.

24) Se faz oferendas a Orí com um obì que descansou no pèpèlé de Ìfá. Isso nós faremos para atingir os meios necessários de
atingir nossos objetivos.

25) Se faz oferendas para Àyé (Ògèrè, Onílû) para sermos abençoados com um bom casamento, que entre outras coisas
possa nos favorecer materialmente.

26) Se oferece a Èñù um preá ornamentado com miçangas, para que ele permita que as bênçãos do îrun encontrem o
caminho de nossa casa.

27) Se faz oferendas a Èñù com bastante dendê, caso nos deparemos com resistência ou hostilidade em um lugar que
pretendemos ir ou nos instalar.

28) Se faz encantamentos com a folha òñibàtá e sua lama para se conseguir um relacionamento duradouro e estável.

29) Se faz as oferendas prescritas a por Ìfá (provavelmente a Èñù), para que uma viagem que pretendemos fazer não seja a
responsável por consideráveis perdas de oportunidades.

30) Ìfá aconselha o preparo de ògùn ìsòrà, que é um preparo para mantermos nosso corpo fechado às más vibrações e
perigos que nossos inimigos podem nos mandar. Cozinharemos ewé olobi sowo , ewé ëhin olobë, junto com a carne das costas
de uma ovelha. Adicionaremos iyëfá, osùn e o couro rasgado de um atabaque. Usaremos isso para banho, e ficaremos com
nosso corpo fechado. A isso chamamos ògùn ìsòrá. Para preparar essa magia recitaremos o öfî e seguiremos os passos a
seguir:

14
Akinko, Asaro, Opa rabata;
Esses três se juntaram e foram abater um animal em Ìfû;
Quem gosta do braço, que fique com o braço.
Quem gosta da perna, que fique com a perna,
Quem gosta da cabeça que fique com a cabeça;
Îrúnmìlà pediu para deixarem as costas para ele.
Disseram, “Você, Îrúnmìlà, por que desejas as costas dentre todas as outras partes ”?
Ele respondeu que nas costas está a vitória;
É nas costas que lobisowo guarda seu dinheiro;
É nas costas que a mãe carrega seu filho;
Ele disse que seria vitorioso em Opa Iledi,
“Todos falam mal de mim, mas eu sairei vitorioso”.

31) Se faz uma magia, chamada ògùn awùrè ànu, para que possamos adquirir bênçãos graças a simpatia das pessoas.
Queimaremos o talo de öpë yekete, junto com preá e iyëfá. Com uma parte prepararemos oñè, e com a outra prepararemos
ëkî com leite. Tudo isso deixaremos à nossa cabeceira. Assim adquiriremos simpatia e bênçãos, e a isso chamamos ògùn
awùrè ànu. É preciso recitar o encantamento e seguir os passos a seguir:

Akilodun está indo para Ilodun,


Depois ele foi para Apàsà.
Öpë Yekete está indo para Ilomu Alagunnu;
Habitantes de Ilomu Alagunnu,
Habitantes de Apásà,
É Ëda que diz para que nossas coisas corram bem;
É boa a voz que a rã usa para chamar a chuva;
Essa é a voz que Olódúmarè aceita;
Pessoa que já mamou, tenha simpatia por mim; pessoa que já mamou;
A menos que você nunca tenha mamado, tenha simpatia por mim.

32) Se faz as oferendas que Ìfá aconselhar para que possamos encontrar um sacerdote qualificado, que possa nos auxiliar a
resolver as questões espirituais, religiosas, sociais, amorosas e financeiras de nossa vida. As mesmas oferendas também
servirão para que possamos encontrar pessoas honestas em nossa vida.

33) Ìfá afirma que oferendas emocionadas a Îñun, feitas diretamente ao rio, trarão abundância de filhos (e por extensão, de
tudo aquilo que filhos simbolicamente representam).

34) Se faz oferendas a quem Ìfá aconselhar para que um ancião não seja deposto de seu cargo, para que alguém mais jovem,
inexperiente e ainda incapaz possa assumi-lo; o que resultaria em sofrimentos para todos os envolvidos na questão.

35) Ìfá nos aconselha a cobrir um obì com ûfun, e soprar ötí sobre ele logo que acordarmos. Esse obì será oferecido a Olófin
durante quinze dias. No décimo sexto dia levaremos o obì à colina, e rogaremos a Olófin por bênçãos, depois ofereceremos o
obì a Orí. Tudo isso nós faremos para que o embaraço e o sofrimento saiam do nosso caminho.

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36) Num recipiente com água fresca colocaremos iyëfá, sal e um pedaços de moranga. Tomaremos um pouco dessa água
periodicamente, que descansará ao lado esquerdo de Èñù . Faremos isso para respirarmos aliviados e para termos boas
notícias em nossos negócios.

37) Ìfá nos ensina aqui a preparar um òñè cuja finalidade é trazer tranquilidade a nossas vidas. Usaremos ewé oluse sajù,
iyëfá e acrescentaremos ao sabão, recitando o öfî:

“A doçura que chegou, venha para mim. Que todos venham me encontrar na tranquilidade”.
“È com tranquilidade que o àkàrà fica no dendê; é indiscutìvel a tranquilidade do mel”.

38) Os pais fazem oferendas ao Ìfá (ou Ûlûdà) do filho, para que o mesmo tenha prosperidade em sua vida.

39) Se faz um preparo para ajudar a virar uma criança no útero para a posição ideal de nascimento. Usa -se ewé òjìjì itàkùn
(BRACHYSTEGIA EURYCOMA, Leguminosae Caesalpinioideae), um fruto de odídi (AFRAMOMUM MELEGUETA, Zingiberaceae -
amorno), um peixe-elétrico, uma formiga-leão. Tudo é queimado e misturado com iyëfá, depois será à noite tomado com
àkàsà quente.

40) Se faz um encanto para que Îrúnmìlà nos ouça. Usa-se ewé ògùn bûrûkû, ewé ògùn málárere, ewé ògùngún. Moeremos
essas folhas com a cabeça de oriri (pombo-selvagem). Colocaremos o preparo num algodão e amarraremos tudo com fios
brancos e pretos. Deixaremos tudo isso ao lado de Ìfá.

41) Se faz um preparo para evitar brigas. Usa-se ûkö, uma fava de atàre. Colocaremos iyëfá na folha, depois enrolaremos a
fava na mesma. Canta-se o encantamento:

Ûkö èé gbé nú agbînïn jà Um ûkö não briga com outro na casca


Èrinlïjö atàre Cento e sessenta e quatro sementes de atàre
Ní n bë ninú ilé kan ñoño Estão juntas numa casa
A kì í gböjà wön lo óde Aqui de fora nunca as escutamos brigar
Ìfá má jý kí wön ó ja ara wön ní ìyàn Ìfá, não permita que uma discussão torne-se briga
Òwú dúdú òwú funfun Linha preta e branca
Ò gbögdî ja ara wön n’ìyàn tì ó di íjà Nunca discutem até brigar

42) Se prepara uma proteção contra morte súbita. Usa-se ewé bùjé wýwý (Cremaspora Triflora, Rubiaceae), ewé àpadà
(Leguminosae Papilionoideae), uma fava de atàre, um sapo. Tudo será queimado e um àtin será preparado e posto em
dezesseis incisões feitas no pulso e na cabeça. Canta-se:

Ìkú ñi oníbùjé mî Ìkú falhou por não conhecer oníbùjé


Sìnìyànmî Aquele que falha em reconhecer pessoas (bis)
Àpadà pa orí Ìkú dà lïdî mi Àpadà, vire a morte para longe de mim
Bí wïn bá mú îpîlï. Se ao invés de um peixe pegamos um sapo
Bí kò bá jö ëja à á fi sílû Nós deixamos esse sapo voltar para casa

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43) Se faz um preparo para ire owó. Usa-se ewé ológbòkíyàn (PLEIOCERAS BARTERI, Apocynaceae - janaúba), ewé
àgbàwíkowéè (MILLETTIA THONNINGII, Leguminosae Papilionoideae), sabão-da-costa. As duas folhas serão piladas junto com
o sabão, enquanto o encantamento é pronunciado. Depois usa-se o sabão para banho.

Ológbòkíyàn gbówó wá Ológbòkíyàn, traga dinheiro para cá


Àgbàwíkowéè máa lö rèé gbówó wá Àgbàwíkowéè, vá e traga dinheiro para cá
44) Se faz um encantamento para conquistar uma mulher rapidamente. Usa-se ewé mákî (olho-de-cabra), fruto de
pòpòjíwàrà (LEEA GUINEENSIS, Leaceae), sete atàre. O fruto será partido em pedaços, depois acrescenta-se os atàre e a
folha devidamente moída, além de iyëfá. Todo o conteúdo será envolto em fios brancos e pretos. Tudo isso será colocado
dentro do mel. Quando o homem quiser ter relações com uma mulher, deverá pronunciar seu nome com o inñë dentro de sua
boca. Depois o inñë será posto novamente no mel.

45) Aqui se faz uma magia para provocar brigas. Usa-se pólvora Ëtú (pólvora), que será colocada numa panela de barro.
Jogaremos um fósforo dentro da panela (Não deixe que o fogo atinja os seus olhos, pois senão você também acabará
tomando parte da briga). Pronuncia-se a encantação:

Èjí Ogbè l’óníì dandan ni k’ó o lö rèé gbé bi bá wön Èjí Ogbè, neste mesmo dia você deve de levar o mal a eles
Èjí Ogbè àjàtúká ni înà òun Ëtúú jà Èjí Ogbè, fogo e pólvora sempre brigam até se separarem

46) Para ire iñëgún ötá se coloca um prato aos pés de Ìfá. Nesse prato se coloca dezesseis pedaços de obì com um atàre
(cada um representando um inimigo). Se oferece a Ìfá duas galinhas, sendo uma branca e outra preta. O ûjû da preta vai
apenas no prato, o da branca vai no igbá. O prato ficará aos pés de Ìfá pelo tempo que ele determinar, e o carrego irá para
onde ele mandar.

47) Para que um governo se estabeleça e cresça em poder, se faz uma torre de algodão com os nomes dos líderes envolvidos.
Essa torre é colocada aos pés de um Òrìñà funfun, que receberá ëbö misì (oito diferentes tipos de comidas, frutas e bebidas).
Ao final acende-se uma vela para cada cabeça.

48) Se faz constantes oferendas a Orí para que haja sabedoria e reais chances de sucesso e prosperidade.

49) Pode-se fazer um trabalho para fechar a vagina de alguém. Usa-se ewé padímï (malícia-das-mulheres). Um àgbo será
preparado, depois um anel será mergulhado na infusão. O homem deve bater com esse anel nas nádegas da mulher, para
que outro homem não a possua. Segue o encantamento:

Ewé padímï ló ní kí n padìmimï Padímï diz que eu devo fechar a minha vagina
Bí obìnrin bá n wû lódò a padímï Quando uma mulher se banha no rio, ela fecha a vagina
Bí ökùnrin bá n wû lódò a padímï Quando um homem se banha no rio, ele esconde o pênis

50) Se faz ògùn para tratar edemas. Usa-se ewé ògùngún (COLA GIGANTEA var. GLABRESCENS, Sterculiaceae), ewé ûgún
(ZANTHOXYLUM VIRIDE, Rutaceae), fruto de ûûrù (pimenta-da-guiné). Os ingredientes serão fervidos. Um pano branco é
molhado no ògùn e esfregado cuidadosamente no corpo. Canta-se:

Ûûrú ní kó Ru Ûûrù diz que ela deve encolher (voltar ao normal)


Ògùngún l'ó ní kó gún Ògùngún diz que ela deve tornar-se perfeita

17
Ûgún o ni kó gún Ûgun diz que ela deve tornar-se perfeita
Èjí Ogbè gbé ìpá yìí kúrò Èjí Ogbè, leve esta inchação para longe

51) Para que alguém não perca seu negócio, se oferece a Èñù três galos. Um em cada esquina do negócio, e outro dentro do
estabelecimento. O carrego é montado com atàre, terra das duas esquinas, dendê e dinheiro. Ìfá diz que mais duas oferendas
serão necessárias (formando três ao todo). Checar quais são as outras duas e quais divindades as receberão.

52) Se faz um preparo para virilidade (ògùn arëmö). Usa-se ewé ikín irúkû (capim-guiné), ewé èsisi ilû (guaxima), raiz de
îgbîlî (Cissus POPULNEA, Vitaceae), potássio concentrado e sal. Tudo será pilado e seco. Com o àtin se riscará o Odù,
pronunciando-se a encantação. Depois o preparo será tomado com àkàsà quente todos os dias.

Ewé ikín gbïmö wá Folha de ikín, traga crianças para mim


Ömö roro ni ti èsìsì ilû Èsìsì ilû sempre acaba parindo crianças lindas
Ömö kì í tán nídí îgbîlî Îgbîlî nunca carece de crianças
Kán-ún bílálà Ia înà ömö wá Kán-ún bílálà, abra o caminho para as crianças virem
lyî kí ó yö ömö wá. Iyî, traga-me crianças

53) Para que a morte se afaste de uma pessoa, se faz ëbö com duas galinhas brancas e um animal morto encontrado na rua.
A carcaça será colocada dentro de uma cabaça. Receberá ûjû dos animais imolados. O carrego é envolto em pano branco e
colocado onde Ìfá disser.

54) Para que um filho-de-santo não vá embora, o babalòrìñà se limpa com um galo a branco. O peito do galo será aberto e
dentro se imola um caracol, depois coloca-se o Odù do afilhado e Èjí Ogbè. O carrego dormirá aos pés de Èñù e pela manhã
será enterrado na beira do mar. Se diz que o filho-de-santo só partirá no dia que o galo sair do jórojóro sozinho.

55) Se faz um preparo para ajudar uma mulher a engravidar. Usa-se ewé fèsoñûjû (CAMPYLOSPERMUM FLAVUM, Ochnaceae),
ewé òrómbó wýwý (limeira-da-pérsia), sabão da costa. Com esse preparo a mulher deve lavar a vagina. Prepara-se o òñè
cantando:

Fèsoñûjû kó s'ûjû d'ömö Fèsoñûjû faz o sangue se tornar uma criança


Òrómbó kìí yàgàn Òrómbó nunca fica estéril
Öñë ni kí o fi ñýrí ömö wá Eu uso o sabão para desviar a criança para cá

18
O nascimento de Èjí Ogbè

Ìfá nos fala aqui de quando Òrìñànlá era casado com Àfin,
E desejava muito ter um filho.
Ao contrário do marido, Àfin não estava tão desejosa assim,
Mas depois de um tempo nasceu uma criança.
Sim, essa era a criança que Olódúmarè mandara ao àiyé,
No intuito de mostrar aos homens o que era bondade.
Quando a criança nasceu, acabou a comida na casa de Òrìñànlá,
E ele saiu para resolver esse problema.
Ele demorou muito a voltar,
E como as coisas ainda não andavam bem entre ele e Àfin,
Eles tiveram uma discussão. Òrìñànlá foi para a rua para não brigar,
E cheia de raiva Àfin pôs vinho de palma em sua caneca.
Ah! Òrìñà não podia bebê-lo! Era seu ëwî!
Quando ele chegou em casa, sentiu sede e pegou sua caneca para beber.
Foi aí que ouviu a voz de seu filho,
Que tinha apenas um mês de vida; “Pai, minha mãe pôs vinho nessa caneca”.
Òrìñànlá ficou boquiaberto com seu filho,
Mas também encheu-se de raiva e quis vingar-se.
À sopa que Àfin tinha preparado,
Ele adicionou sal sem que ela visse. Ah! Sal era o ûwî de Àfin;
Se qualquer um deles provasse seus tabus, certamente morreriam.
Quando Àfin chegou em casa estava com fome.
Quando ela foi servir-se da sopa,
Ouviu a foz de seu filho; “Mãe, meu pai pôs sal nessa sopa”.
Àfin também ficou muito surpresa pela precocidade de seu filho,
Mas também se encheu de raiva. Ela começou a gritar bem alto,
Até que os Ìrúnmîlû apareceram para saber o que estava acontecendo;
Cada um deles expôs seu caso;
O que ninguém entendeu era como uma criança possuía a faculdade de se expressar.
Eles chamaram a criança de “Eji Èjí Ogbè ni Èjí Ogbè onikîn”;
Aquele que veio ao mundo para salvar seus pais.
A partir daquele momento ele foi chamado “Èjí Ogbè”;
O que provê a dupla salvação.
Esse é o filho de Òrìñànlá e Àfin.
19
Èjí Ogbè realiza milagres no mercado

Ìfá nos ensina aqui que quando Ogbè era um rapaz,


Certa fez sua mãe o levou ao mercado.
No caminho ele encontrou uma mulher,
E perguntou qual era seu problema;
A mulher disse não ter problema algum;
Então Ogbè revelou que ela tentava engravidar a três anos, sem sucesso.
Chorando, ela reconheceu que ele estava certo.
Ogbè orientou-a a oferecer dezesseis ìgbín, uma galinha,
Um pombo, cinco obì e mel;
Ele disse que ela deveria oferecer um cabrito,
Àkàrà e ûkî a Èñù.
Ele disse que depois que seu filho nascesse,
Ela deveria presentear Îrúnmìlà com uma serpente îkà;
A mulher disse que faria o ëbö.
Depois que ele chegou ao mercado encontrou um paralítico sentado numa esteira;
Ogbè perguntou qual seu problema;
O homem disse que se alguém tinha um problema, era o próprio Ogbè.
Então Ogbè pegou seu ìrîfá e apontou para as pernas do homem,
Que sentiu que uma força lhe fortificava,
E pela primeira vez conseguiu ficar em pé.
Ogbè disse que uma pessoa não deve esconder suas doenças,
Senão a doença a esconderá no chão.
Depois um pouco mais à frente ele encontrou um homem cego,
E também usou seu àñë para curá-lo.
Todos esses atos de bondade e poder ele fez no mercado,
Sem pedir nenhum tipo de recompensa.
Depois de tudo isso Ogbè voltou para sua casa;
No caminho ele encontrou um esquilo,
Uma serpente, um arbusto, uma palmeira;
A todos aconselhou fazer ëbö.
A oferenda de esquilo seria para evitar morte precoce;
Para o arbusto, seria para não ter o pescoço quebrado;
Para serpente, seria para evitar problemas gerados por vizinhos;
Para palmeira, seria para não morrer de repente.
20
De todos esses que ele aconselhou,
Apenas a palmeira ofereceu o cabrito a Èñù.
Depois de algum tempo,
A mulher que ele encontrara no mercado teve seu filho;
Seu marido foi consultar Ìfá a respeito da criança;
Os awo disseram que ele deveria oferecer um îkûrû,
Uma serpente, e uma planta parasita que se enroscasse numa palmeira.
A essa altura, Serpente desejou fazer seu ëbö;
Quando ela começou o ritual,
Sempre que fazia um pedido,
Seu vizinho Îkûrû respondia “Àñë”!
O barulho que Îkûrû fazia,
Foi isso que orientou o pai da criança;
Ele abateu Îkûrû, abateu a serpente;
Cortou o arbusto que se enroscava na palmeira para fazer ògùn.
É por isso que quando esse Odù aparece para um homem alto,
Nós nos lembramos da palmeira;
E dizemos que ele terá boa sorte.
Quando esse Odù aparece para um homem baixo,
Nós nos lembramos daqueles que não fizeram ëbö,
E esperamos por dificuldades.

Èjí Ogbè ajuda um homem a ganhar uma causa na justiça

Ìfá nos ensina que aos poucos Èjí Ogbè tornou-se próspero,
E convidou outros awo para trabalharem com ele.
Entre esses awo havia um chamado Baba Jagba Lîrun,
Que criou Ìfá para um homem chamado Ajágbà,
No dia que ele tinha questões legais a serem julgadas.
Ìfá aconselhou oferendas com duas galinhas,
Um pedaço de barbante e gim.
Ajágbà ouviu e ofereceu o ëbö;
Com os elementos do ëbö,
Acrescidos de sementes de gengibre,
O awo confeccionou um colar;
Ornado com as penas das galinhas.
Esse colar ficou no pèpèlé de Èñù até o dia do julgamento,
E dali foi tirado com o ìrîfá.
Quando chegou o dia da causa ser julgada,
Ajágbà foi o vencedor.
Ele dançava e regozijava.

21
Olódúmarè absolve Èjí Ogbè de acusações injustas

Ìkú tentou me prender, mas falhou.


Àrun tentou me prender, e também falhou;
Ninguém que come a tartaruga come também o seu casco;
Quem come carneiro não devora os chifres;
Só se guarda a casca do caramujo depois que se come a carne;
Eu sobrevivi aos maldosos planos de meus inimigos.

Essas foram as mensagens de Ìfá para Èjí Ogbè,


No dia que reclamaram sobre ele a Olódúmarè,
Dizendo que ele estava perturbando a ordem já estabelecida.
Olódúmarè ouviu os reclamantes,
E mandou um mensageiro buscar Èjí Ogbè,
Para ouvir o que ele tinha a dizer.
A essa altura Èjí Ogbè já tinha se consultado,
E Ìfá aconselhou fazer ëbö com dezesseis ìgbín e folhas ûrö.
Com esses elementos os awo lhe prepararam àgbo,
Que Èjí Ogbè usou para banhar-se.
Isso lhe trouxe grande tranquilidade;
Foi essa tranquilidade que tornou possível a Èjí Ogbè não se exasperar,
Perante as dificuldades e injustiças que estava sofrendo.
Quando o mensageiro chegou à casa de Èjí Ogbè,
Vestiu-se como um homem pobre, e foi pedir-lhe emprego.
Èjí Ogbè convidou-o para o desjejum,
Mas antes que ambos pudessem comer,
Apareceu uma pessoa rogando a Èjí Ogbè que acudisse um rapaz epilético.
Èjí Ogbè largou o que estava fazendo e foi acudir o tal rapaz;
Ao chegar lá fez os encantamentos necessários,
E rapidamente o rapaz se recompôs.
Antes que Èjí Ogbè pudesse voltar para sua casa,
Chamaram-no para ajudar num parto em que a mãe corria risco;
Lá chegando ele fez as orações apropriadas,
E o parto transcorreu sem maiores problemas para a mãe ou o bebê.
Quando Èjí Ogbè conseguiu voltar para sua casa,
Já passava do meio dia.
22
Enquanto ele comia alguma coisa, chegaram mais algumas pessoas,
Trazendo diferentes problemas a serem resolvidos.
Uma a uma Èjí Ogbè foi ajudando e orientando aquelas pessoas,
Enquanto o mensageiro de Olódúmarè o observava atentamente.
Ao final do dia o mensageiro se revelou,
E levou Èjí Ogbè consigo perante Olódúmarè.
Uma vez no îrun, foi exposta a Èjí Ogbè a razão de sua presença ali,
Mas antes que ele pudesse se defender, o mensageiro o por ele o fez.
Ele narrou a Olódúmarè tudo o que viu,
No único dia que ficou na casa de Èjí Ogbè.
Olódúmarè sentenciou que as acusações a Èjí Ogbè baseavam-se na inveja,
Visto que ele não cobrava por seus honorários.
Èjí Ogbè foi orientado a continuar sua obra de benevolência,
Mas foi autorizado a cobrar honorários justos pela mesma.

A mãe de Èjí Ogbè faz ëbö pela reputação do filho

“Quando a galinha começa a chocar seus ovos, muda o tom de sua voz”;
Essa foi a mensagem de Ìfá para Olayíòrí, a mãe de Èjí Ogbè,
No dia que as pessoas falavam mal de seu filho.
Sim; as pessoas estavam comentando,
Dizendo coisas ruins sobre a obra de Èjí Ogbè.
Ela foi aconselhada a fazer ëbö com quatro saquinhos de sal;
Ela ouviu e fez o ëbö.
Ela dizia, “Ninguém que prova do sal dirá coisas ruins sobre ele”.
Como um jogo, como uma brincadeira;
As pessoas começaram a fazer comentários positivos sobe Èjí Ogbè.
Aqueles que criticavam seus trabalhos,
Passaram a ter uma ideia diferente sobre a questão.

23
O casamento frustrado entre Èjí Ogbè e Eji Alî

Ìfá nos conta que Èjí Ogbè conheceu uma mulher chamada Eji alî
E por ela apaixonou-se perdidamente.
Ele pediu-a em casamento e Eji alî aceitou;
Ah! Ele já tinha consultado Ìfá há pouco;
E fora instruído a oferecer um cabrito a Èñù,
Para que o novo relacionamento tivesse mais chances de sucesso.
Em seu estado mental de paixão,
Èjí Ogbè esqueceu-se do ëbö.
Ele levou Eji Alî para casa,
E pouco tempo depois ela engravidou.
O filho de Èjí Ogbè já estava mal formado no útero;
Quando a criança nasceu, Eji Alî enervou-se com Èjí Ogbè;
Ela disse, “Você cura tantas pessoas, mas não seu filho ”?
Então ela partiu, deixando a criança para Èjí Ogbè criar.
Depois de algum tempo alguns Òrìñà foram à casa de Èjí Ogbè;
Eles disseram, “Você, Èjí Ogbè”;
Disseram, “Por que não o vemos com sua esposa há tempos ”?
Foi aí que Èjí Ogbè lhes falou sobre o ocorrido;
Então as Divindades o lembraram sobre o ëbö negligenciado.
Èjí Ogbè foi rapidamente a um awo que fez a oferenda em seu nome.
O mesmo awo preparou ògùn que foi esfregado nas pernas do filho de Èjí Ogbè.
A criança ficou boa.
Com o resto do ògùn que foi usado,
O awo disse que ele poderia fazer encantamento para trazer Eji Alî de volta;
Mas àquela altura ela já estava casada com um homem chamado Olumerì.
Então ele usou o ògùn para outra coisa.
Ele preferiu usar aquele àñë para fazer seus caminhos se cruzarem com os de Olumerì;
Ele já estava resolvido que iria embora de Ìfû devido aos invejosos que ali existiam;
Antes que partisse de fato,
Ele se encontrou com Olumerì e Eji Alî.
Èjí Ogbè os fez se abaixarem,
Ele os transformou em um só corpo e depois inverteu suas posições (?),
Para que eles nunca mais se lembrassem de todo o ocorrido.

24
Îrúnmìlà casa-se com Àiyé

Ìfá foi criado para Îrúnmìlà,


No dia que ele quis se casar com Àyé,
Filha de “Aquele que possui uma bela roupa”;
Disseram que para tal ele deveria fazer ëbö com preá,
Galinha, dinheiro e algumas contas.
Îrúnmìlà assim o fez.
Ele enfeitou a cintura do preá com diversas contas,
Foi à mata e o imolou, empalando-o sobre a terra.
Bem, Àyé possuía uma roupa com duzentos véus (as camadas so solo?);
Ela dizia que só se casaria com quem visse suas nádegas.
Quando Àyé foi à mata para defecar,
O preá que Îrúnmìlà oferecera,
Èñù fez retornar à vida,
E as contas tornaram-se joias.
Àyé havia tirado seus véus para defecar,
E quando viu o preá, correu atrás dele para pegar as joias.
Disseram a Îrúnmìlà que ele deveria voltar à mata,
Para reforçar seus pedidos.
Quando ele retornou, viu as nádegas de Àiyé.
Ah! Àyé teve que cumprir sua palavra,
E casou-se com Îrúnmìlà.
Tudo o que ela possuía passou ser de Îrúnmìlà também.
Ele cantava, “Eu casei-me com Àiyé. Nunca a deixarei escapar”.
Ìfá fala de uma bênção de casamento,
E que tal casamento nos trará grandes benefícios.

25
Baba Èjí Ogbè é coroado rei entre os Odù Ìfá

Ìfá nos fala aqui sobre Òrìñànlá,


E de quando ele estava prestes a definir quem seria o líder entre os Odù Ìfá.
Sim, ele chamou todos os Odù à sua casa,
E lhes serviu diversos animais como banquete.
Quando o animal chegava, cada Odù pegava uma parte de acordo com sua idade.
Èjí Ogbè era o mais novo,
Por isso as cabeças ficavam sempre para ele, mas ele não reclamava.
Quando o banquete terminou,
Òrìñànlá disse que apenas no outro dia tomaria sua decisão.
Quando Èjí Ogbè voltou para casa, Èñù o encontrou-o,
E percebeu que ele estava triste.
Èñù perguntou qual a causa daquilo;
Èjí Ogbè respondeu que devido sua idade jamais seria escolhido líder entre os Odù.
Èñù disse que em troca de um cabrito, poderia ajudá-lo nessa situação.
Rapidamente Èjí Ogbè fez a oferenda.
Depois Èñù disse que quando ele estivesse indo à casa de Òrìñànlá,
Que levasse inhame assado e água fresca.
No outro dia Èjí Ogbè preparou o que Èñù lhe aconselhou;
Quando ele partiu para a casa de Òrìñànlá,
No caminho se deparou com uma anciã.
A mulher carregava um pesado fardo de lenha;
Èjí Ogbè se prontificou a ajuda-la.
A anciã agradeceu e ambos continuaram a caminhar lado a lado.
Depois de um tempo ela queixou-se de fome;
Èjí Ogbè lhe deu o inhame que trazia consigo.
Quando a anciã queixou-se de sede, ele lhe ofereceu a água de sua bolsa.
A anciã mostrou apreço pela bondade de Èjí Ogbè.
Quando eles se aproximaram da casa de Òrìñànlá,
Ele viu que a anciã entrou na casa de forma totalmente a vontade,
Sem as costumeiras reverências.
Foi aí que ele percebeu que aquela era a mãe de Òrìñànlá;
A anciã o levou à frente do sacrário de Òrìñànlá;
Em frente à essa casa há cento e quarenta e seis pedras brancas;
A anciã colocou uma roupa branca em Èjí Ogbè;
26
Pôs um ûkòdidû em sua cabeça,
Pintou sua mão com ûfun e o pôs sentado na maior entre as pedras.
Ao ver aquela cena de longe, Òrìñànlá perguntou quem era aquele homem,
Que estava recebendo honras de sua mãe.
Nenhum entre os Odù soube responder;
Eles se aproximaram e viram que se tratava de Èjí Ogbè.
Então Òrìñànlá percebeu o que significava tudo aquilo,
E sentenciou que Èjí Ogbè seria o líder entre os Odù.
Ah! Os demais Odù questionaram aquela indicação.
Òrìñànlá disse, “Ontem no banquete”;
Ele disse, “Quem entre vocês ficou com as cabeças dos animais ”?
Eles disseram, “Baba Èjí Ogbè”.
Òrìñànlá disse, “Isso significa que vocês mesmos o escolheram”;
Ele disse, “Pois sem a cabeça não há vida no resto do corpo”.
Os Odù aceitaram a lógica daquela situação,
Mas ainda assim não aceitavam Èjí Ogbè em seus corações.
Quando eles partiram da casa de Òrìñànlá,
Disseram a Èjí Ogbè, “Por vontade de Òrìñànlá será nosso lìder”;
Eles disseram, “Mas só terá nosso respeito se nos oferecer um banquete com duzentas de todas as coisas”;
Eles disseram, “Duzentas sopas diferentes, duzentos àkàrà, duzentas bolas de inhame, etc.”;
Eles disseram, “Se amanhã recebermos esse banquete”;
Disseram, “Então verdadeiramente o consideraremos nosso lìder”.
Ah! Os Odù sabiam que Èjí Ogbè não tinha dinheiro para financiar aquela oferenda;
Sabiam que ele falharia.
Èjí Ogbè também o sabia;
Ele sentou-se no caminho de sua casa e estava muito triste.
Novamente Èñù o encontrou naquela situação;
Èñù já sabia o que estava acontecendo e disse, “Posso te ajudar”;
Ele disse, “Me providencie um cabrito”;
Ele disse, “Uma porção de cada comida exigida”;
Ele disse, “E cento e noventa e nove recipientes para cada comida”.
Rapidamente Èjí Ogbè fez a oferenda.
No outro dia em sua casa, os outros quinze Odù foram para o banquete,
Mas na verdade desejavam ver a vergonha de Èjí Ogbè.
Eles queriam fazer dele um pastor sem rebanho.
Mas Èñù usou seu àñë...
Cada uma das oferendas feita por Èjí Ogbè,
Èñù as multiplicou e encheu os recipientes vazios.
Quando os demais Odù chegaram, o banquete estava servido.
Eles então perceberam o poder de Èjí Ogbè.
Todos comeram felizes; depois sentaram Èjí Ogbè numa cadeira e o levaram até o oceano;
Eles cantavam, “Agbèè gègèè, Agbèè baba”!
Quando chegaram à beira do oceano,
Eji Ogbè ofereceu ali vários ìgbín.
Essa foi a última oferenda que Baba Èjí Ogbè fez,
Antes de ser coroado líder dos Odù Ìfá e se tornar muito próspero.

27
Èjí Ogbè escapa das armadilhas feitas pelo rei de Ìfû

Olupè Perojà (Um Fácil Acordo Vence a Hostilidade),


Esse foi o awo que criou para Baba Èjí Ogbè,
No dia que sua fama e prosperidade despertaram a ira e inveja de alguns reis.
Ìfá nos revela aqui que após se tornar o líder entre os Odù,
Èjí Ogbè tornou-se próspero e famoso;
Seu poder e popularidade cresceram,
A ponto de começar a incomodar alguns reis, entre eles o rei de Ìfû.
Esse rei tramou para destruir Èjí Ogbè,
E armou seu exército com essa finalidade.
Acontece que naquela noite Èjí Ogbè teve um sonho,
No qual viu a si mesmo sendo atacado.
Pela manhã ele se consultou,
E o awo o aconselhou a oferecer um porco espinho como ëbö,
E depois prepará-lo num banquete.
Ele também foi avisado que não deveria comer daquela carne.
Esse ëbö frustrou o ataque do exército inimigo;
Então o rei de Ìfû juntou um exército de Àjý para destruir Èjí Ogbè.
Novamente ele foi a Ìfá;
Instruíram-no a oferecer um ouriço com folhas de Ìfá,
E que não comesse daquela carne.
Essa segunda oferenda assustou e afastou as bruxas,
Que foram invocadas para derrota Èjí Ogbè.
Quando o rei de Ìfû soube que seus planos falharam,
Ele convocou todo o povo para expulsar Èjí Ogbè de lá.
Os awo tinham guardado as cabeças e as peles dos animais imolados;
Eles guardaram essas peças para fazer inñë,
E aconselharam Èjí Ogbè a oferecer um cabrito e um antílope a Èñù.
Èjí Ogbè ouviu e fez a oferenda;
Com as carnes dessa oferenda,
Èjí Ogbè preparou um banquete para todas as pessoas de Ìfû.
Todos comeram e festejaram;
Depois eles perceberam que não poderiam expulsar Èjí Ogbè de Ìfû.
Então o rei de Ìfû percebeu que precisaria ser mais incisivo,
Se quisesse vencer Èjí Ogbè.
28
Ele o convidou publicamente para um jantar em sua casa,
Que ocorreria dali a três dias.
Na verdade essa era a ocasião,
Em que seus assassinos encurralariam Èjí Ogbè e o matariam.
Quando chegou o dia do jantar,
Èjí Ogbè foi à casa de Èñù levando consigo um ìgbín,
Uma colher com dendê e um obì.
Por estar com maus pressentimentos,
Ele fez um encantamento para que Èñù o acompanhasse até o palácio do rei.
Ele riscou seu próprio Odù no chão e foi ao palácio;
O àñë de Èñù o conduziu ileso ao seu destino.
Ao ver que Èjí Ogbè se safara de seus assassinos,
O rei surpreendeu-se.
Ele pensou: “Ele pode ter passado por meus assassinos na vinda”;
Ele pensou, “Mas eles certamente o pegarão na volta”.
Tão rápido como começou o jantar terminou,
Pois conversar não era a intenção do rei.
Quando Èjí Ogbè saiu do castelo,
Os bandidos se uniram para atacá-lo.
Ah! Foi nessa hora que Èñù agiu!
O antílope que Èjí Ogbè oferecera como ëbö,
Èñù o trouxe novamente à vida;
O antílope entrou furiosamente no palácio;
Causando grande reboliço e destruição;
Tudo estava de pernas para o ar;
Na tentativa de acertar o animal, um guarda acabou acertando outro.
A confusão se estabeleceu definitivamente e os guardas começaram a brigar;
No meio daquela confusão, Èjí Ogbè voltou em segurança para sua casa.
Como a confusão no palácio não terminava,
O rei foi obrigado a chamar Èjí Ogbè para fazer o ritual necessário,
A fim de trazer paz àquele lugar.
Eji Ogbè recusou-se;
Ele fez uma grande oferenda de agradecimento a Ìfá,
Mas não voltou a se relacionar com o rei.

29
Èjí Ogbè precisa apaziguar sua esposa, Wérè

Ìfá nos ensina que Èjí Ogbè passou por dificuldades,


Após terminar seu primeiro casamento,
E depois disso, quando se casou novamente estava bastante pobre.
Quando “Îrúnmílà” tinha alguma comida em sua casa,
Dava a cabeça do animal para sua esposa, chamada Wérè.
Com o passar do tempo eles conseguiram as condições de oferecer uma cabra,
E assim o fizeram.
As coisas foram melhorando,
Até que Èjí Ogbè estava em condição de construir uma nova casa,
E obter outras esposas.
Foi aí que ele resolveu fazer uma oferenda de agradecimento a seu Ìfá,
E para isso imolou uma grande vaca.
Èjí Ogbè chamou outros sacerdotes para a ocasião;
Na hora do banquete, Wérè esperou pela cabeça da vaca.
Como ninguém lhe oferecia, ela pegou a cabeça para si.
Os sacerdotes não gostaram daquilo;
Eles disseram que não era correto uma mulher ficar com a cabeça da vaca,
E a tiraram das mãos de Wérè.
Ela esperou por um tempo a reação de Èjí Ogbè,
Como ele não fez nada, ela levantou-se e saiu de casa.
Wérè estava nervosa;
Pegou suas coisas e foi morar com seu irmão, Ìrókò.
Èjí Ogbè só foi atrás dela depois que o banquete terminou;
Ele a encontrou nos galhos de Ìrókò;
E perguntou o porquê te tamanha revolta.
Wérè disse, “Você, Èjí Ogbè”;
Ela disse, “Quando as coisas eram bem difìceis para nós”;
Ela disse, “Você sempre me dava as cabeças para comer”;
Ela disse, “Eu comi as cabeças dos preás, dos peixes e das cabras”;
Ela disse, “Mas não pude comer a cabeça da vaca”;
Ela disse, “Por que quando não podíamos comprar uma vaca”;
Ela disse, “Ninguém de sua família aparecia por aqui ”?;
Îrúnmìlà diz que isso deve ser feito aos poucos;
É de pedaço em pedaço que se come a cabeça do preá;
30
É de pedaço em pedaço que se come a cabeça do peixe;
Aqueles que vieram de longe para ver, desde a lagoa,
Para receber a cabeça da vaca,
Era algo importante em Ìfû;
Nós não somos tão altos como o elefante;
Ninguém tem a força do búfalo;
A roupa de baixo não é tão bela como a que usamos por cima dela;
Nenhum rei é maior que Oni;
Nenhum cordão de búzios é maior que o de Yemiderigbe (Olókun).
Îrúnmìlà diz que devemos medir comprimento e largura;
Com a mão alcançamos mais alto que a cabeça
E as folhas novas da palmeira crescem mais do que as velhas.
Nenhuma floresta é tão densa que não possamos ver Ìrókò;
Nenhuma música é tão alta que cubra o som do agogô.
Tudo isso Èjí Ogbè ouviu de Wérè;
Ele viu que ela estava correta,
E pediu para que por favor, ela voltasse para casa.
Èjí Ogbè teve que oferecer um pano branco,
Uma cabra e dinheiro para apaziguar sua esposa;
Por que Ìfá diz que um homem não deve abandonar a esposa,
Que o apoiou na pobreza;
Só por que a riqueza voltou a lhe sorrir.
Se assim o fizer, a pobreza voltará a andar nos caminhos desse homem.

A caçada que não deu certo

Ìfá foi consultado para Baba Èjí Ogbè,


No dia que ele saiu para uma caçada.
Ele foi instruído a fazer ëbö,
Para se livrar de perigos enquanto caçava.
Èjí Ogbè ouviu, mas não fez o ëbö.
Quando ele estava na mata, caiu uma chuva muito forte;
Èjí Ogbè escondeu-se no que pensou ser uma toca,
Mas que na verdade era o ânus de um elefante;
Èjí Ogbè ficou preso ali.
Depois de um tempo,
Seus parentes consultaram Ìfá para saber sobre seu paradeiro;
Eles foram instruídos a fazer ëbö, e o fizeram.
Não demorou muito e o elefante teve cólicas;
Foi assim que Baba Èjí Ogbè foi libertado.

31
Ìkú não consegue levar Èjí Ogbè antes da hora prevista

Ìfá nos ensina que quando Ìkú soube que nem as Àjý,
Nem as pessoas, nem as Divindades ou os reis;
Que nenhum desses conseguiu destruir Èjí Ogbè,
Ìkú disse que queria vê-lo escapar de seu poder.
Então Ìkú disse a quem quisesse ouvir,
Que levaria Èjí Ogbè consigo ainda naquele ano.
Quando essa situação chegou aos seus ouvidos,
Rapidamente Èjí Ogbè foi se consultar.
O awo que lhe criou Ìfá chamava-se “Os Ajogún não criam caso na casa de Olódúmarè”;
Ele disse que Èjí Ogbè deveria oferecer um bode,
E duzentos sinos para Èñù;
Èjí Ogbè ouviu e fez o ëbö.
Os awo prepararam o sino ritualmente,
Depois os devolveram a Èjí Ogbè.
No momento do ritual ele pegou o sino;
Ele cantava, “Um sino sempre soará; ele sempre estará vivo para soar”.
Ìkú não pode matá-lo naquele ano.
Mas assim que o próximo ano entrou,
Ìkú disse que tiraria a respiração de Èjí Ogbè em sete dias.
Nesse mesmo momento Èjí Ogbè teve um sonho premonitório,
E pela manhã consultou Ìfá a respeito.
Seus awo disseram que Ìkú ainda não desistira de levá-lo de volta ao îrun,
E um ëbö era necessário para a situação.
Ele deveria oferecer um bode, um galo e vinte obì;
O bode e o galo deveriam ser oferecidos a Èñù;
Os obì deveriam ser levados à casa de Ìfá.
A cada dia pela manhã ele deveria romper um dos obì;
Ele deveria dizer, “Ìfá, permita-me vir aqui amanhã e abrir outro obì para você”.
Tudo isso Èjí Ogbè fez.
O prazo dado por Ìkú expirou, e Èjí Ogbè não morreu.
Ele dançava e regozijava.

32
Èjí Ogbè é desrespeitado por sua esposa

Ìfá foi consultado para Èjí Ogbè,


No dia que Àpétébì, sua esposa, o ofendeu e o tirou do sério.
Após a discussão ele saiu de casa irado,
Para não bater em Àpétébì.
Apesar de ser pacífico, ele estava irado.
Foi aí que ele encontrou os Ajogún, que disseram “Aonde vais tão colérico”?
Èjí Ogbè narrou-lhes o ocorrido;
Eles disseram “Nós vamos acertar as coisas pra você”.
Èjí Ogbè não dormiu em casa naquela noite,
E sua esposa teve um sonho tão ruim,
Que no outro dia foi consultar Ìfá.
Instruíram-na a se desculpar com seu marido,
E oferecer dezesseis àdìmù diferentes.
Èjí Ogbè voltou para casa com os Ajogún;
Quando ele chegou, sua esposa lhe pediu perdão;
Abraçou-o e ofereceu os àdìmù.
Èjí Ogbè enfim se acalmou;
Os àdìmù que ele recebeu, ofereceu-os aos Ajogún.
Quando eles quiseram matar sua esposa,
Îrúnmìlà disse, “Vocês não podem matar aquele que vos alimenta”.
Os Ajogún pouparam a mulher de Èjí Ogbè.
Ìfá diz que uma mulher deve cumprir seus deveres;
E não deveria irritar seu marido,
A ponto de ele querer afastar-se dela.

33
Baba Èjí Ogbè ajuda Möju a ter filhos

Baba Èjí Ogbè criou Ìfá para Möju,


No dia que ela chorava por não ter filhos.
Sua idade estava avançando,
E ela ainda não conseguira a bênção de ser mãe.
Por isso instruíram-na a fazer ëbö;
Ela ofereceu uma galinha, um angola e uma cabra;
Disseram que ela deveria por o carrego ao lado de um córrego.
Ah! Èñù ficou nervoso por não ter recebido nada;
Quando Möju foi colocar o carrego,
Èñù fez com que chovesse em abundância;
As águas do córrego se avolumaram e levaram embora o carrego.
Nesse mesmo momento, no îrun,
Um dos filhos de Olófin estava doente;
Os awo disseram que ele deveria trazer uma oferenda,
Que estava chegando naquele momento do àiyé.
Sim, o carrego que Èñù jogou nas águas, Olókun o fez chegar ao îrun;
Olófin pegou o carrego e o levou aos awo;
Eles lançaram iyèròsùn sobre o carrego,
E depois o tocaram na testa do filho de Olófin.
Quase imediatamente o rapaz recuperou sua saúde;
Olófin quis saber de onde viera o carrego salvador;
Olókun disse que não sabia;
Apenas vira o carrego, e sentiu que devia trazê-lo ao îrun.
Baba descobriu que o carrego pertencia a Möju.
Ele perguntou, “Para quê ela fez essa oferenda ”?
O Ûlûdà de Möju disse que apesar da idade, ela ainda não tinha filhos.
Então Olófin bateu seu îpá e determinou que Möju teria filhos;
Apesar de sua idade, ela ainda conheceria seus netos.
Já no outro dia Möju menstruou.
Quando seu ciclo cessou, ela dormiu com seu marido e engravidou.
Depois de um tempo ela teve uma criança, que se chamou Adèyorijù.
Essa criança cresceu e teve seus próprios filhos.
Assim como Olófin dissera,
Möju teve filhos e netos antes que fosse chamada ao îrun.
34
A virtude da batata-doce

Não há lugar no àiyé onde não se possa ser feliz,


Esse foi o awo que criou Ìfá para Òdùnkùn (Batata-doce),
No dia que ela partiu para a Terra de Ìñu (inhame) e Àgbàdó (milho).
Ìfá aconselhou Òdùnkùn a fazer ëbö,
Para a sua vida ser tão doce quanto Ìñu e Àgbàdó.
Ìñu e Àgbàdó foram saboreados pelas pessoas do àiyé,
E eles não são tão doces quanto Òdùnkùn;
Foi nesse dia que Òdùnkùn dançou e cantou,
Dizendo que poderia fazer o ëbö novamente e repetir vezes sem conta.
Ìfá avisou: “Não há valor em repetir o ëbö”;
Òdùnkùn cantou e dançou em honra do awo,
Enquanto o awo louvava Ìfá,
E enquanto Ìfá louvava Olódúmarè.
Quando Òdùnkùn começou a cantar,
Èñù colocou-lhe uma canção na sua boca,
E Òdùnkùn começou a cantar:

Ayé Sènrén ti dun, o dun ju îyin lo A vida da Batata Doce é tão doce quanto o mel
Òrìñà je àiyé mi o dun, Aláyun Gbáláyun . Òrìñà, deixe a minha vida ser doce, o Aláyun Gbáláyun

Ìfá diz que a pessoa está preste a iniciar uma viagem,


Que poderá ser totalmente abençoada.
Ìfá diz que a estrela da pessoa brilhará sobre todos que encontrar na sua caminhada;
Ìfá diz que a pessoa deve comer batatas doces como medicina para a boa sorte;
O ètútú é formado por quatro pombos,
Quatro galos,
Aceite de dendê,
Um prato branco,
Quatro àkàsà,
Áàdùn, owó,
E muitas coisas doces

35
Água, Terra e Mercado são igualmente importantes

Ìfá foi consultado para água, Terra e Mercado,


No dia que eles quiseram saber,
Quem entre eles era o mais importante.
Ìfá disse, “Todos são igualmente importantes”;
Ele disse, “Água traz a vida, sem qual tudo pereceria”;
Ele disse, “É a Terra que recebe a vida que Água dá”,
Ele disse, “E produz todos os nossos alimentos”;
Ele disse, “E se não fosse Mercado”;
Ele disse, “Não poderìamos ganhar o dinheiro necessário para suprir nossas necessidades”.
Água, Terra e Mercado perceberam a sabedoria de Îrúnmìlà,
E desistiram da disputa sem sentido.

Nasce o livre arbítrio

Ìfá nos ensina aqui,


Que no começo da existência os seres espirituais viviam num grande ovo;
E não lhes faltava absolutamente nada para sua felicidade.
Mas aconteceu que os filhos desses seres cresceram,
E neles nasceu o desejo de conseguirem suas próprias casas.
Os Ìrúnmîlû disseram, “O que lhes falta aqui”?
Eles responderam, “Nada, mas queremos ter nossa própria casa”.
Então os Ìrúnmîlû chamaram Olódúmarè,
Na esperança de que Ele convencesse se os filhos a ficarem.
Quando Olódúmarè os indagou sobre o motivo de quererem partir,
Ouviu a mesma resposta que os Ìrúnmîlû.
Então Olódúmarè não os impediu de partirem.
Assim nasceu o livre arbítrio.

36
Ìkú não reconhece bujë

Um cão possui honra;


Agî Ãlà (Òrìñà funfun, identificado com o planeta Vênus) é glorioso como a lua nova.
Uma criança é valiosa como contas,
Mas se for aleijada, não pode amarrar ìlûkû nos braços de outra.
Ìfá foi criado para Ondëñëroro, de Òkè Àpà;
Que estava vivendo em Opoloro,
Quando Ìkú e Àrun estavam observando-o.
Disseram que Ìkú estava procurando por ele,
E que quando Ìkú chegasse,
Encontraria apenas bujë (jenipapo).
Disseram que ele deveria oferecer um ëbö;
O que ele deveria oferecer?
Disseram que ele deveria oferecer dezesseis búzios,
Dois pombos,
Duas galinhas,
Sua roupa e jenipapo.
Ìfá diz que essa pessoa deve usar jenipapo como se fosse pomada;
Deve colocar o jenipapo na água,
E depois se esfregar com ele.
Ondëñëroro fez isso, e começou a ficar com a pele avermelhada.
Quando Ìkú chegou, o encontrou todo rubro.
Ìkú disse, “A pessoa que vim buscar não está aqui”.
Para não levar a pessoa errada, Ìkú foi embora sem levar ninguém.
Quando Ìkú chegou em casa,
Olódúmarè lhe perguntou: “Onde está a pessoa que você foi buscar ”?.
Ele disse, “A pessoa que encontrei era vermelha, e estava nua”.
Olódúmarè disse, “Ah! Ele era o seu ûru (carrego). Você deveria tê-lo trazido”.
Ìkú quis voltar para pegar Ondëñëroro,
Mas Olódúmarè disse, “A serpente não levanta a cabeça duas vezes”.
É assim que Ìfá nos narra como Ondëñëroro escapou de Ìkú.

37
Por que Cabeça é mais importante que Olho

“Tenho apenas uma cabeça, mas que é forte e pensante”.


Ìfá foi consultado para Olho e Cabeça,
Quando eles desejavam boa sorte.
Eles foram instruídos a fazer ëbö;
Disseram que eles deveriam ser sábios e pacientes.
Ambos fizeram o ëbö,
Mas apenas Cabeça seguiu os demais conselhos.
Bem, naquele tempo Olho era mais importante que Cabeça;
Olófin preparou duas cabaças;
Na primeira colocou carne de carneiro com dendê,
E enfeitou-a com um belo tecido.
E na segunda pôs várias pedras preciosas,
Cobrindo-as com areia, e não a enfeitou de forma alguma.
Olófin chamou Olho e Cabeça,
Para que cada um escolhesse uma cabaça.
Como Olho era mais importante, escolheu primeiro.
O belo tecido chamou sua atenção,
E ele pegou a primeira cabaça.
Mesmo que tivesse escolhido primeiro,
Cabeça escolheria a segunda cabaça, por que ele pensou,
“Olófin é sábio, e eu serei paciente”.
Quando eles abriram as cabaças,
Cabeça dançou e regozijou.
Olófin disse, “O Olho vê, mas não pensa”;
Ele disse, “Por isso Cabeça será mais importante a partir de agora”.

38
Um preguiçoso não merece comer

Faça seu trabalho; eu estou fazendo o meu;


Caminhe, apesar do barro;
Se assim não fizermos,
Não teremos boa comida para amanhã.
Essa foi a mensagem de Ìfá para Preguiçoso,
Que dormia até tarde;
Que vivia relaxado,
Só porque possuía heranças,
E que expôs a si mesmo ao sofrimento.
Se não labutarmos e suarmos hoje,
Não poderemos ser prósperos amanhã.
Preguiçoso possuía braços fortes,
Mas recusava-se a trabalhar.
Ele escolheu ficar à toa pela manhã,
E foi o único a sofrer ao anoitecer.
Apenas o trabalho duro pode suportar alguém;
A inatividade não gera recursos.
Qualquer um que se recusar a trabalhar,
Não merecerá comer.
Se um preguiçoso ficar com fome,
Por favor,
Deixe-o morrer,
Pois quer esteja vivo ou morto,
Ele é um inútil.

39
Îrúnmìlà casa-se com Torò, a filha de Olókun

A planta ejinrin se expande e se espalha,


Até que finalmente entra no povoado;
Essa foi à mensagem de Ìfá para Îrúnmìlà ,
No dia que ele quis se casar com Torò (o braço de mar), filha de Olókun.
Para tal, instruíram-no a oferecer dois galos,
Uma galinha, um preá,
Dois sacos e algum dinheiro.
Îrúnmìlà ouviu e fez o ëbö;
Quando partiu para casa de Olókun,
Levou consigo os dois sacos.
A magia de Èñù tornou Îrúnmìlà muito atraente;
Ao vê-lo, Torò desejou casar-se com ele.
Olókun disse que Îrúnmìlà correria perigo,
Pois os quatrocentos Ìrúnmîlû também a queriam.
Îrúnmìlà respondeu que não se importava;
Olókun tornou-se amigável, pois viu que Îrúnmìlà seria bom marido.
Quando os Ìrúnmîlû souberam sobre casamento, ficaram enraivecidos.
Eles abriram um grande fosso à esquerda do caminho de volta,
Abriram um fosso ainda maior à direita,
E à frente abriram um fosse que parecia não ter fim.
Depois eles disfarçaram tais fossos.
Quando Èñù viu o que tinha acontecido,
Jogou os ërù nos fossos, fechando-os.
Os Ìrúnmîlû então instruíram o barqueiro,
A não carregar um homem com sua esposa, sob pena de castigá-lo.
Quando Îrúnmìlà estava chegando próximo à travessia,
Colocou Torò no saco do ëbö e a carregou às costas.
Ah! O barqueiro não o reconheceu e os atravessou ao continente.
Os Ìrúnmîlû se frustraram e deixaram Îrúnmìlà em paz.
Îrúnmìlà cantava e dançava,
Dizendo a Torò que a levaria onde fosse.
Ìfá diz que uma pessoa precisa de ëbö,
Para que possa casar-se com quem deseja,
Mesmo havendo contratempos.
40
Èjí Ogbè leva paz a uma cidade que pertencia a Ëjï

“Pessoas com sérios propósitos não dão ouvidos aos cantos de agouro de um pássaro”;
“Dificuldades e problemas fazem surgir o que há de melhor no homem”;
“Paciência e ëbö fazem o impossível tornar-se possìvel”;
“Me dê um problema difìcil, ou até mesmo uma guerra para resolver”;
“Pois assim as pessoas poderão ver a força das Divindades”;
“Aprender com os erros do sábio é o que chamamos sabedoria”;
“Não aprender é o que chamamos insensatez”;
“Quem não faz ëbö justifica a palavra do awo”;
“Ao ignorar conselhos, tornarmos o nosso conselheiro um profeta”;
Essas foram as mensagens de Ìfá para Ajààgbîn (Aquele que aprende ouvindo conselhos);
E também para Aàgbîn (Aquele que não aprende ouvindo conselhos);
Quando a mando de Èjí Ogbè eles foram criar Ìfá,
Na região onde Ëjï (A discussão) morava.
Eles avisaram ao povo de lá para fazerem ëbö com cinco cães,
Sete tartarugas e sete ìgbín;
Pois assim poderiam resolver questões que gerariam conflitos constantes.
O povo ouviu e fez o ëbö.
Dois de cada elemento do ëbö eles ofereceram Ògún, pois junto com Îsànyìn,
Ele estava sendo fomentando intrigas e problemas entre eles;
Eles também ofereceram dois de cada a Îsànyìn,
Com exceção dos caracóis, pois Îsànyìn não os suporta.
Então eles deram quatro caracóis à Divindade da terra;
Os três cachorros restantes foram preparados e soltos;
Isso eles fizeram para que os cães vagassem ao redor da cidade.
É por isso que um filho de Èjí Ogbè deve criar cães
Os cães que eles soltaram, eles começaram a se reproduzir.
Em pouco tempo havia muitos cães na cidade.
Quando Ògún chegava disposto a criar problemas, os cães começavam a latir para ele;
Aí Ògún se enfezava, e saía perseguindo um cão até matá-lo.
Assim ele aplacava sua ira e desistia de criar problemas.
Quando Îsànyìn aparecia para criar problemas,
Os caracóis começavam a surgir pelo chão.
Ele se incomodava com aquilo e partia.
Foi assim que houve tranquilidade na região onde antes imperava Ëjï.

41
A morte não justifica tristeza

É o Onisciente que conhece os Ajogún;


Gente do campo encontra gente da cidade;
Viajantes do îrun e da àiyé em breve se encontrarão,
Pois as formigas brancas não se separam,
Se não for para se reencontrarem novamente.
Essa foi a mensagem de Ìfá para os araiyé,
Em nome de uma pessoa falecida.
O lugar de onde viemos é o mesmo para onde retornaremos;
Para quê as lágrimas, tristeza e o jejum?
O que se levanta, abaixará.
Aquele que permitiu nossa chegada ao àiyé nos chamará de volta.
Aquilo que nos agrada, desagrada Olódúmarè;
Praticar o mal desagrada Olódúmarè.
Se uma criança não conhece seu pai, o mundo estará errado.
É Ìkú que faz uma criança conhecer o îrun;
Quem pensa em Olódúmarè?
Se não fosse Èñù, quem pensaria em ëbö?
Todos pensam apenas em si mesmo.
Fale comigo, que eu falarei contigo;
E nossas vozes se encontrarão na escuridão.

42
Òrìñà protege contra os difamadores de casa e os difamadores da rua

Akogi lapa, que amarra a si próprio com uma corda;


Esse foi o awo que criou Ìfá para Difamador da Casa,
Difamador da Rua e Îrúnmìlà,
No dia que lhes disseram para fazer ëbö dentro e fora de casa.
Difamadores recusaram-se a fazer o ëbö;
Mas Îrúnmìlà o fez,
E conseguiu vitória sobre os inimigos de casa e os da rua.
Îrúnmìlà cantava e regozijava,
Elénìnì Ilé, Elénìnì Òde o Difamador em casa, Difamador na rua.
Kini mo ra. löwö yin O que eu comprei de vocês?
Ìfá diz que há pessoas querendo difamar o consulente em casa e no trabalho,
Mas os Òrìñà desejam justiça.
Ofereçamos três pombos,
Três àkàsà,
Azeite de dendê e dinheiro;
Tudo isso a Òñàlá e Ògún.

Ìkú não encontra Olófin

Ìfá foi consultado para Olófin,


No dia que Ìkú procurava por ele.
Quando Olófin adoeceu,
Îrúnmìlà disse que Ìkú queria carregá-lo.
“O que devo fazer”?, disse um aflito Olófin;
Îrúnmìlà disse, “Ofereça, ûfun, osùn”;
Ele disse, “E não acenda nenhuma luz por sete dias”.
Olófin seguiu os conselhos de Ìfá.
Quando Ìkú chegou para levá-lo,
Procurou e procurou,
Mas não enxergou ninguém na escuridão.

43
O porquê de as colinas serem imortais

Quatrocentas e vinte enxadas;


Oitocentas e sessenta espadas;
Elas conspiraram juntas e foram guerrear contra Òkè.
Òkè não comia;
Òkè não bebia;
A trama de seiscentas enxadas será derrotada.
Quatrocentos e vinte pássaros;
Oitocentos e sessenta ratos;
Eles conspiraram juntos e tramaram contra Òkè.
Òkè não comia;
Òkè não bebia.
Òkè derrotará a trama de seiscentos pássaros.
Quatrocentos e vinte canalhas;
Oitocentos e sessenta vilões.
Eles conspiraram juntos e foram guerrear contra Òkè.
Òkè não comia;
Òkè não bebia.
Òkè derrotaria a trama de seiscentos canalhas.
Disseram que Òkè deveria oferecer um ëbö;
O que ela deveria oferecer?
Deveria oferecer uma enxada quebrada;
Deveria oferecer trinta e dois búzios;
Deveria oferecer dois pombos;
Deveria oferecer duas galinhas;
Deveria oferecer bastante èkùrù.
Òkè juntou e ofereceu o ëbö;
Ele apaziguou as Divindades.
Depois que Òkè ofereceu o ëbö, Èñù juntou-se a ele.
Os pássaros se alimentavam nas montanhas quando a existência começou;
Eles se aproximaram de Òkè, mas não viram Èñù.
Quando eles bicaram Òkè, seus bicos quebraram.
Quando os ratos chegaram (para roer Òkè), suas bocas sangraram.
Quando os homens batiam em Òkè com suas enxadas,
Essas se quebravam.
44
Eles não puderam ferir Òkè.
Òkè dançava e regozijava;
Ele louvava os awo, e os awo louvavam Ìfá;
Os mesmos awo que disseram a verdade.
Ajalu Gbïingbïin; o Babalawo de Òkè,
Que sobreviveu às bicadas dos pássaros.
Ele dizia: “Se durarem vinte anos (as ofensivas), estarei preparado”
Ele disse, “Òkè não morrerá”.
Ele disse, “Se durar cem ou trezentos anos, estarei preparado”;
Ele disse, “Òkè não morrerá”.
Essa é a razão de colinas não morrerem.
Ìfá fala sobre uma bênção de vida longa aqui.

Îrúnmìlà sofre com pesadelos

“Olumini jinmini”;
Esse foi o awo que consultou Ìfá para Îrúnmìlà,
Quando Ìkú e Àrokan visitaram sua casa.
Ele estava tendo noites difíceis, com pesadelos.
Instruíram-no a fazer ëbö, e ele o fez.
Quando Ìkú entrou em sua casa ficou atônito, incapacitado!
Quando os Ajogún entraram em sua casa,
Ficaram atônitos, incapacitados!
Ele dizia, “Povo de Ipò, povo de Öfá”;
Ele dizia, “Vejam como o ëbö poupou-nos do sofrimento”.
Ele dizia, “Não fazer ëbö certamente não nos pouparia”.

Abutre faz ëbö para vida longa

Ìfá foi consultado para Abutre,


Quando ele desejou uma longa vida.
Disseram que ele deveria fazer ëbö, e ele o fez.
Depois disso, derramarem iyëfá em sua cabeça,
Que ficou esbranquiçada,
Como uma pessoa de cabelos grisalhos.
Ìfá diz que ninguém consegue diferenciar um abutre velho de um novo;
Da mesma forma essa pessoa terá vida longa.

45
Orí adquire sue àpèrè

Èjí Ogbè é o Odù Ìfá que nos ensina como a Cabeça,


Que é uma divindade,
Veio a ter um corpo permanente.
Ìfá ensina que originalmente as Divindades foram criadas sem Cabeça,
Por que Cabeça por si só é uma Divindade.
Àmurè foi o awo que criou Ìfá para Îrúnmìlà,
No dia que ele quis adquirir sua Cabeça.
Ele foi instruído a juntar suas mãos em prece,
E rogar a Olódúmarè por sua Cabeça.
Ele também deveria oferecer quatro obì,
Uma tigela de barro,
Uma bucha e sabão-da-costa.
Ele deveria manter o obì em seu altar de Ìfá sem separá-los,
Por que um visitante inesperado poderia aparecer.
No obì que Îrúnmìlà rezou,
Olódúmarè pôs toda sua sabedoria;
Quando os Ìrúnmîlû buscassem por essa sabedoria,
Deveriam primeiro romper o obì sacralizado por Olódúmarè,
O qual Îrúnmìlà deixou descansando em seu pèpèlé.
Orí também se consultou com Àmurè,
Na esperança de saber o que poderia fazer para prosperar;
Ter uma casa e devotos.
Ele foi instruído a oferecer quatro obì,
Mas Orí não tinha dinheiro para comprá-los.
Foi aí que Èñù saiu dizendo pelo îrun,
Que Îrúnmìlà tinha quatro belos obì em seu altar,
E que estava esperando uma Divindade que pudesse rompê-los.
Os Ìrúnmîlû marcharam para a casa de Îrúnmìlà;
Um a um eles tentaram romper o obì, mas todos falharam.
Orí foi o último a tentar;
Naquela época as pernas,
Os braços e os demais órgãos,
Todos viviam separadamente.
Orí era apenas uma bola amorfa;
46
Ao se deslocar para a casa de Îrúnmìlà,
Ele foi rolando sobre a terra.
Quando ele chegou à casa de Îrúnmìlà,
A tigela de barro,
O sabão e a bucha que Îrúnmìlà ofereceu em ëbö,
Foi tudo isso que ele usou para lavar Orí,
Antes de levá-lo até seu sacrário de Ìfá.
Quando Orí quis romper o obì sagrado,
Pôs nessa ação toda sua força.
O obì se rompeu,
E um estrondo foi ouvido por todos os lados.
Ah! Todos souberam que o obì sagrado tinha sido aberto;
Quem conseguira tal façanha?
“Orì”!
Então Orí tornou-se possuidor dos segredos de obì;
Todos passaram a admirá-lo;
Todos queriam que Orí os acompanhasse em suas jornadas.
Os demais órgãos do corpo se uniram a Orí;
Juntos eles formam o corpo que usamos até o dia de hoje.
Orí dançava e regozijava;
Ele adquiriu seu corpo,
E assim pode vir ao àiyé.
As divindades rogaram e Orí passou a acompanhá-los.
É assim que Ìfá nos ensina como Orí obteve seu àpèrè (suporte);
E como os Ìrúnmîlû passaram a ser acompanhados por Orí.

A maldade do povo de Ilawè

“Eu não olhos para as brigas”;


Ìfá está vendendo dendê em Ilawè,
Onde todas as pessoas são cruéis.
Quando Îrúnmìlà terminou de fazer o ëbö,
Preparou-se para entrar em Ilawè.
Quando aquele povo o viu,
Revoltou-se contra ele.
Alguns pegaram pedaços de pau;
Grandes pedaços de pau;
Disseram, “Como você vai escapar agora, Îrúnmìlà”?
Foi aí que Èñù virou vento;
Ele falou para Îrúnmìlà, “Não brigue com esse povo”;
Ele disse, “Leve sua vida cantando”.
Então Îrúnmìlà começou a cantar; “Eu carrego dendê, e não deixo escorrer”;
Ele cantava, “Povo de Ilawè, eu carrego dendê”.

47
Nasce a revolução política e a cerimônia do ìtá

Baba Èjí Ogbè nos fala sobre Àdònílè, o rei ancião,


Cujos súditos consideravam velho demais para reinar.
As pessoas achavam que ele deveria abdicar da coroa,
Em favor de Lòsa, seu jovem rival.
O povo já pensava em destroná-lo à força,
E um servo fiel avisou-o do que estava preste a acontecer.
Àdònílè disse, “Não será preciso expulsar-me. Eu abdico”.
Assim Àdònílè partiu e Lòsa ascendeu ao trono.
Mas eis que Lòsa se revelou um rei despreparado,
E as coisas começaram a piorar naquele reino.
O povo já desejava a volta de Àdònílè,
Mas ninguém sabia onde encontrá-lo.
Foi o pássaro de Îsànyìn que avisou Àdònílè,
Sobre o que estava acontecendo,
E Àdònílè voltou à cidade para se inteirar dos novos acontecimentos.
Quando as pessoas o viram,
Rogaram para que ele aceitasse a coroa novamente,
Mas Àdònílè disse que não faria nada,
Antes que oferendas fossem feitas a Ìfá e aos Òrìñà,
E se eles abençoassem, ele voltaria ao poder.
Então oferendas foram feitas,
E na cerimônia de ìtá foi abençoada a volta de Àdònílè ao trono.
É assim que Ìfá nos revela,
Como começaram as revoluções políticas e a cerimônia do ìtá

48
Îrúnmìlà vem ao àiyé para trazer todos os tipos de bênçãos

Sólido como um telhado;


Firme como uma casa;
Essa foi a mensagem de Ìfá para Îrúnmìlà,
Dada pelo awo chamado Albino,
No tempo em que Îrúnmìlà desejou sair do îrun e vir ao àiyé.
Ele disse, “Eu irei ao àiyé para gerar prosperidade e novas casas”;
Ele disse, “Para ter muitas esposas e filhos; para adquirir muitas coisas boas”;
Ele disse, “E instituir uma nova ordem no mundo”.
Os seres do îrun perguntaram, “Por que você acha que terá sucesso ”?
Disseram, “O àiyé está cheio de poderes negativos”;
Disseram, “Que asseguram que nada de bom chegue lá”;
Disseram, “E olhe para esses poderes negativos bloqueando seu caminho”;
Disseram, “Com malìcias premeditadas”.
Îrúnmìlà respondeu, “Para mim, isso não é obstáculo, pois conheço o caminho das bênçãos”;
Ele disse, “E eu tenho o desejo de trazer todas as coisas boas ao àiyé”.
Eles disseram, “Então que seja. Diga-nos, quando então pretende voltar ao îrun”?
Îrúnmìlà lhes respondeu através de uma parábola.
Ele disse, “Eu retornarei ao îrun quando as pedras do rio não mais rolarem”;
Ele disse, “Quando pedaços de cerâmica correrem pelas ruas como se fossem sangue”;
Ele disse, “Quando o que tiver de ser feito, seja feito”;
Ele disse, “Quando o tempo se aproximar, mas nunca chegar”;
Então perguntaram, “Como é? Qual o significado dessas palavras ”?
Ìfá lhes respondeu, “Se não conseguem interpretar uma parábola, lhes direi de forma clara”;
Ele disse, “Eu não retornarei ao îrun”!

49
É Cabeça que deve dominar Corpo

Baba Èjí Ogbè é o Odù Ìfá que nos ensina,


Que antigamente Cabeça e Corpo tinham vontade própria;
Esses dois, cada um tinha sua própria opinião.
Um queria ir, outro queria voltar;
Eles não se entendiam.
Então um dia Corpo não quis mais carregar cabeça;
Deixou-a sentada numa pedra,
E foi fazer tudo aquilo que tinha vontade e que Cabeça não permitia.
Ah! Olófin viu que corpo estava prejudicando a si mesmo.
Ele disse, “Criei tu e Cabeça para que juntos formem uma unidade”;
Ele disse, “Sem Cabeça, tu certamente sucumbirás”.
Então Olófin determinou que esses dois andassem sempre juntos,
E que Cabeça determinasse onde Corpo deve ir.

Devido às queimadas, Òñàlá abandona o àiyé

Ìfá nos conta aqui,


Os motivos que levaram Òñàlá a abandonar esse mundo.
Conforme as pessoas iam evoluindo,
E mostrando novas necessidades sociais,
Aos poucos os homens foram criando o hábito,
De queimar árvores por vários motivos.
Ora, as árvores representam o àñë de Òñàlá!
Para cada humano que ele criou,
Uma árvore também foi criada.
A fumaça das árvores sendo queimadas,
Machucava o coração de Baba.
Quando ele não aguentou mais,
Resolveu voltar ao îrun.

50
Descendência é mais firme que Mulher ou Prosperidade

Îrúnmìlà, pacientemente ouça nossas súplicas;


Misericordiamente aceite nossas orações;
Compassivamente aceite nossos pedidos;
Por favor, dê atenção a nossas requisições.
Îrúnmìlà, nós imploramos que você venha ao àiyé,
E faça nossa oferenda auspiciosa.
Aceite aquilo que lhe oferecemos, traga felicidade a nossa vida,
E permita que nossas orações cheguem ao altíssimo îrun.
A terra é preta, e sempre será preta;
As tormentas são tempestuosas, e sempre serão assim.
Essa foi a mensagem de Ìfá para Prosperidade,
Que é incerta como o oceano;
A mesma mensagem foi dada a Mulher,
Que é volúvel como o oceano;
A mesma mensagem foi dada a Descendência,
Que é firme como rochas presas no leito do rio.
Prosperidade vai e volta,
Da mesma forma a Mulher;
Mas Descendência continua uma linhagem para todo o sempre.

Oñibatá faz ëbö para ter uma família

Alufi consultou Ìfá para Oñibatá,


Quando ela chorava por não ter filhos,
E por ser sozinha no mundo.
Instruíram-na a oferecer ëbö, e ela o fez.
Ela conseguiu seu marido, que é a lama da lagoa.
É difícil separar esses dois;
Eles tiveram um filho, que é a mais bela entre as flores.
Oñibatá cantava,
Meu ëbö teve resultado; se o vento quiser me arrastar,
Minha família não permitirá.

51
O porquê de a bananeira dar tantos frutos

“A mortandade castiga a terra deixando-o seca e estéril”;


Essa foi a mensagem de Ìfá para Ölömöagbiti,
No dia que ela buscava por filhos.
Aconselharam-na a fazer ëbö com quatro quartinhas,
Quatro preás e quatro peixes.
Ölömöagbiti ouviu e ofereceu o ëbö.
Depois disso ela teve filhos muitas e muitas vezes;
Ela sempre tinha filhos presos a ela,
E eles se espalharam a seu redor.
Como conhecemos Ölömöagbiti?
Ela é aquela a quem chamamos Bananeira.

Ìfá inspira à sabedoria

Se alguém tiver riquezas, mas não tiver bom caráter,


Essa riqueza pertencerá a outro alguém.
Se alguém é abençoado com filhos, mas não tem bom caráter,
Esses filhos pertencerão a outra pessoa.
Se alguém é abençoado com prosperidade, mas não tem bom caráter,
A prosperidade pertencerá a outro alguém.
Ìfá, não permita que andemos pelo mundo apressadamente;
Ìfá, não permita que gastemos a prosperidade impacientemente;
O que deve ser apreciado com maturidade,
Não nos permita desfrutar descabidamente.
Sempre que chegarmos a um lugar agradável,
Que possamos descansar tranquilamente.
Que possamos prestar atenção ao futuro,
E a levar em consideração a dualidade das coisas;
E que tudo isso influencie em nosso adormecer.

52
Îrúnmìlà, exemplo de bom caráter

Eu me porto como meu Criador me fez;


Sempre faço o bem, e não o mal;
Sou honesto e não mantenho maus pensamentos;
Não morrerei em vergonha;
Pois da forma que me comporto hoje,
Me comportarei amanhã.
Essa foi a mensagem de Ìfá para Îrúnmìlà,
E os quatrocentos e um Ìrúnmîlû,
Quando eles vieram para o àiyé.
Olódúmarè instruiu-os a serem sempre bons,
Mas somente Îrúnmìlà manteve a honestidade de pensamento,
Para vencer todas as maléficas maquinações dessa vida.

É difícil encontrar um verdadeiro babalawo

Nós viajaremos pelos oceanos,


Antes de podermos ver a ave agbè;
Nós viajaremos pelos oceanos,
Antes de podermos ver a ave alukï;
Cruzaremos vários rios e oceanos,
E antes de encontrarmos um verdadeiro Babalawo,
Alcançaremos Ilé Ìfû.
Essa foi a mensagem de Ìfá para Ìgbín,
Quando ele praticava Ìfá em Ileyö.
Ele fez de seu choro um grito de lamentação;
Fez de sua canção uma mensagem de lamentação.

“Os humanos verdadeiros são raros”;


“Teremos que viajar muito”,
“Antes de encontrarmos um verdadeiro babalawo”.

53
O caminho de Oyigyigi Öta omi o

“É o esforço mortal”;
Vangloriou-se a Água;
“É uma luta a vencer”;
Respondeu a Estrada;
No dia do assustador duelo,
Estrada ruiu e formou vários outros caminhos menores.
Essa foi a mensagem de Ìfá para Oyigyigi Öta,
A rocha imperturbável que fica na beira do rio;
Oyigyigi Öta tornou-se imortal quando foi perguntar a Ìfá,
O que deveria fazer para não morrer precocemente.
Ela deseja ter uma vida muito longa;
Ìfá aconselhou-a a fazer ëbö uma cabra e onze bolsas com búzios.
Oyigyigi Öta ouviu e fez o ëbö.
O awo então lhe fez um preparo de folhas que lhe trouxe vida longa;
Desde então todos nós cantamos:

Oyigyigi Öta omi o; Rocha que fica à beira do rio


Oyigyigi Öta omi Rocha que fica à beira do rio
Awa di Oyigyigi a o ku mö o Nós nos tornaremos imortais como as rochas
Oyigyigi Öta omi Como àquelas que ficam à margem do rio

54
O assunto de Ìfá é mais importante

"O meu é importante, o meu é importante",


Parece dizer o grito da Garça Real Cinzenta.
Bem, então de quem é o assunto mais importante?
O assunto mais importante é claramente o que diz respeito a Ìfá, sem dúvida!
O espinheiro îkan brota abundantemente e acaba por alcançar o caminho;
Mas claramente o assunto de Ìfá é o mais importante!
A liana ögàn cresce profusamente e quase impede o caminho;
Mas claramente o assunto de Ita é o mais importante!
"O meu é importante, o meu é importante",
Parece dizer o Grito da Garça Real Cinzenta.
Mas é claro que o assunto de Ìfá é o mais importante!
Nenhuma música soa tão alto que o agogô não possa ser ouvido;
Mas claramente os assuntos de Ìfá são os mais importantes.

Îrúnmìlà faz ëbö para respirar aliviado

Îrúnmìlà diz que quando que ao inspirar e expirar,


Ele enche-se do alento;
Sente-se descansado e satisfeito;
Ele disse que ao oferecer água,
Se respira com satisfação;
Que ao oferecer uma moranga se adquire honra;
Ele disse que aquele que oferecer sal,
Encontrará satisfação em seus assuntos.
Num recipiente com água fresca colocaremos iyëfá,
Sal e um pouco de moranga;
Tomaremos um pouco dessa água periodicamente,
Que descansará ao lado esquerdo de Èñù.
Ele diz que essa pessoa quer respirar livremente e sem dificuldade,
E também quer satisfação em seus assuntos.

55
O Sol torna-se conhecido por todos

Ìfá foi criado para “Aquele que é amplamente conhecido”,


No dia que ele quis se tornar conhecido por todos no mundo;
Instruíram-no a fazer ëbö e ele o fez.
Como conhecemos “Aquele que é amplamente conhecido”?
É ele que chamamos de Sol.
Com a cabeça do preá e do peixe,
E com a crista do galo e a folha de Ìfá,
Faremos um preparo,
E sobre a cabeça dessa pessoa faremos vinte e duas pequenas incisões,
Onde colocaremos esse preparo.
Tudo isso nós faremos para que ela atinja seus objetivos,
Pois essa pessoa construirá um grande nome para si mesma.

Cada um escolhe seu próprio caminho

Ìfá nos ensina aqui que cada um escolhe seu próprio caminho,
Igual aos vinte búzios,
Que escolheram um caminho,
Mas não puderam terminá-lo;
Assim como os quarenta búzios;
Então eu digo que nosso pai Àgbönnírègún,
É aquele que pode completar seu caminho;
Ele diz que cinquenta búzios só podem completar seu caminho,
Por que ninguém esquece dessa quantia quando a conta.
Ìfá diz que essa pessoa tem anseios e realizará seus objetivos,
E ele não permitirá que ela seja esquecida.

56
O homem que se casou com uma Àjý

Nós o perdemos para Ìkú;


Com um canto cheio de dor falamos com nós mesmos, sussurrando;
Apenas o gato pode se vestir com màrìwò;
Essa foi a mensagem de Ìfá para “Aquele que espalha sua sociedade com pés largos”;
No dia que ele quis se casar com uma mulher muito magra.
Disseram que seria preciso dezesseis obì,
Três galinha,
Um prato preto,
Um quartilhão novo e dinheiro.
O ëbö não foi feito;
Depois que ele se casou,
Quase não saiu mais de casa,
E ali mesmo morreu.
Ìfá diz que essa pessoa precisa de ëbö,
Para que uma Àjý não o mate.

A mãe de Îrúnmìlà faz oferendas ao Ìfá do filho

As mãos e os pés pertencem ao corpo;


Otaràtará foi o awo que criou Ìfá para Èlèrèmojù,
Mãe de Àgbönnírègún;
Ela foi instruída a oferecer duas galinhas,
Duas pombas e algum dinheiro.
Tudo isso ela deveria oferecer ao Ìfá de sua criança.
Disseram que assim sua vida seria próspera.
Èlèrèmojù ouviu e fez o ëbö.

57
Îrúnmìlà recebe autoridade de Olódúmarè

Quando nós lavamos nosso rosto,


Quando lavamos nosso nariz,
Terminamos logo abaixo do queijo.
Ìfá foi criado para Îrúnmìlà,
No dia que ele foi receber autoridade de Olódúmarè.
Îrúnmìlà fez ëbö,
E Olódúmarè deu autoridade a ele.
A partir daquele dia nós dizemos; “Àñë”!.

Îñun abençoa com fecundidade

Duas palavras devem ser ditas;


Eles me deram duas tarefas;
O caminho está aberto,
O remédio bom permanece.
Foi dito a uma certa pessoa que está afastada,
Quando lágrimas de compaixão afastaram a maldição da esterilidade.
Ela deveria pegar um jarro com pescoço comprido,
E enquanto o ëbö fosse realizado,
Deveria ir a um lugar onde as águas correm devagarzinho,
Até que o útero esteja cheio;
Deveria beber água em pequenos goles e chamar por Îñun,
O rio generoso.
Ìfá diz que um ëbö será benéfico;
De onde não há nada, nada virá.
“Venham e vejam-me ninar meu bebê aos pés dos senhores Òrìñà”.

zx

58
Ìfá nos inspira à honestidade

Os homens honestos do àiyé mal chegam a vinte;


Os desonestos são mais de cento e quarenta mil;
Ìfá foi criado para Îrúnmìlà,
No dia que ele estava muito triste;
Devido a sequência de insucessos e atitudes malignas das pessoas.
Ìfá nos inspira a sermos honestos;
As Divindades não permitem que a verdade se comprometa;
Foi aconselhado aos Ìrúnmîlû que fizessem oferendas,
Para que houvesse homens honestos no àiyé;
Eles fizeram as oferendas,
E então começaram a nascer homens honestos nesse mundo.
Ìfá diz que a necessidade de riquezas nos entristece;
Esse problema entristece nosso destino;
Ele diz que qualquer um pode conseguir grandes riquezas,
Mas também pode ser um ponto negativo de referência.

Òrúkérékè quase perde a coroa de Ido

Òrúkérékè era o príncipe de Ido;


Ele era aventureiro e gostava muito de viajar.
Antes de começar uma nova viagem ele foi consultar Ìfá;
Disseram, “Você, Òrúkérékè”;
Disseram, “Seria bom que fizesse ëbö”;
Disseram, “Para que dessa viagem não advenha grandes perdas”.
Òrúkérékè ouviu e ofereceu o ëbö.
Então o rei de Ido morreu,
E os anciões deram a coroa a Òrúkérékè.
Se ele tivesse viajado um pouco antes,
Se não tivesse voltado para fazer ëbö,
Outra pessoa seria o rei de Ido agora.

59
O valor da ponderação

Que nós não procuremos poderes mundanos com avidez;


Que nós não alcancemos a prosperidade com impaciência;
O que deve ser manuseado com maturidade,
Não pode ser tratado com afobação;
Melhor seria procurar um bosque denso,
E lá descansar e refletir;
Ponderando sobre o presente e o passado,
E aprendendo a nos preparar para nossos últimos dias no àiyé.

Îrúnmìlà garante vida longa a seus devotos

Que a felicidade do festival dure até o próximo ano;


Essa foi a mensagem de Ìfá para Îrúnmìlà,
Quando seus inimigos juraram que ele não sobreviveria ao próximo festival de Ìfá.
Îrúnmìlà lhes respondeu que aquela previsão estava errada,
Que não se apoiava na verdade.
De várias maneiras,
Îrúnmìlà disse ao seu séquito, “Vocês viverão em felicidade até o próximo festival”;
Ele disse, “Do mesmo jeito que aconteceu nesse ano”;
Ele disse, “O Onipotente garantirá que as coisas assim sejam”;
Ele disse, “Obì, òrògbò, atàre, íyèrè”;
Ele disse, “Tudo isso é o que sempre oferecemos”;
Ele disse, “Assim como îdúndún e o abutre sempre estão presentes nos ritos”;
Ele disse, “O Onipotente garantirá que estejamos vivos no próximo festival de Ìfá”!

60
Os ancestrais nos observam do îrun

Quem chama èkùrù de èkùrù,


Tudo bem, seus ancestrais o observam do îrun .
Quem diz que Ìrókò é a planta Orò,
Tudo bem, seus ancestrais o observam do îrun .
Quem diz que a tartaruga e a pomba são o mesmo animal,
Tudo bem, seus ancestrais o observam do îrun .
Quem fala que o azedo é doce,
Tudo bem, seus ancestrais o observam do îrun ,
E Ìfá o declarará como mentiroso e impostor.

As virtudes dos elementos rituais

Îrúnmìlà diz, “Nós devemos dizer, hin ”;


Eu digo que nós devemos tomar fôlego e descansar;
Ele diz que aquele que oferece água,
Terá um sopro de encantamentos;
Îrúnmìlà diz que nós devemos suspirar;
Eu digo que nós devemos tomar fôlego e descansar.
Ele diz que aquele que oferece quiabo, terá honra.
Îrúnmìlà diz que nós devemos suspirar;
Eu digo que nós devemos tomar fôlego e descansar.
Ele diz que aquele que oferece sal,
Terá satisfação em sua vida.

61
Não existem fatos isolados

É a história que carrega que mata o escravo;


É uma maldição que mata o ladrão;
São acordos quebrados que matam a amizade;
É a consanguinidade que mata os parentes maternos;
Essa foi a resposta de Ìfá para as mil e setecentas divindades,
No dia que eles foram até Olódúmarè devido uma rixa...

A água é o primeiro elemento

Ensinar é dar uma tarefa específica,


O awo deve se ater à divinação,
Assim como o médico se atem à medicina;
Sapos terão mais chances de sucesso,
Se permanecerem perto da água.
Essa foi a mensagem de Ìfá para Água,
No dia que as dezesseis Divindades conspiraram contra sua soberania.
Água foi aconselhada a fazer ëbö,
Para que pudesse sair vitoriosa dessa questão.
Ela ouviu e fez o ëbö,
E depois começou a cantar:

“Tome um pouco de mim, Èjí Ogbè, pois eu sou o primeiro elemento”;


“Eu sou a força criativa”;
“Como tramas ou estratagemas podem me destruir”,
“Quando todos os seres bebem de mim”;
“E me usam para permanecerem limpos”?

62
Èñù leva as bênçãos do îrun para a casa de Îrúnmìlà

Îwûnrûnwûrûn l’orì ëku;


Îwûnrûnwûrûn ni ijë orí ëku;
Îwûnrûnwûrûn ni ijë orí ëja;
Îwûnrûnwûrûn ni ijë omi lobo ìgbín;
Esses foram os awo que consultaram Ìfá para Ajé, filha de Olókun;
E também para Okun, filho de Onirada;
E para Ìdë, filho de Onikanpa;
E para Esu Iyayala, filho de Onirapa;
No dia em que eles vinham do îrun para o àiyé.
Todos eles foram aconselhados a fazer ëbö,
Com öjà (faixa de amarrar a roupa na cintura) para evitar a morte.
Dos quatro, somente três fizeram o ëbö com öjà;
Ajé, e Ìdë fizeram o ëbö prescrito.
Esu Yalayala recusou-se a fazer ëbö com seu öjà;
Todos fizeram ëbö com os öjà e cabritos.
Ajé, Okun e Ìdë;
Cada um deles possuía sessenta escravos;
Esu Yalayala também tinha sessenta escravos;
Morere, o grande babalawo de Ûgbà,
Foi ele quem consultou Ìfá para Îrúnmìlà,
Quando ele lamentava a falta de quatro sortes na vida.
Ele foi aconselhado a ofertar para Èñù um preá,
Também um cabrito e cento e sessenta búzios.
Tinha que amarrar os búzios no pescoço do preá e entregar a Èñù;
Îrúnmìlà não seguiu a orientação.
Quando as quatro sortes chegaram ao àiyé,
Esu Yalayala, Okùn, Ajé e Ìdë;
Todas procuraram a casa de Îrúnmìlà;
As quatro sortes e os sessenta escravos de cada uma;
Eles não sabiam o caminho para a casa de Îrúnmìlà.
Encontraram Èñù na encruzilhada,
A mesma que une o mundo visível ao invisível;
Èñù lhes perguntou para onde iam;
Elas responderam que estavam indo para a casa de Îrúnmìlà.
63
Èñù lhes disse que estava, exatamente naquele instante,
Vindo da casa de Îrúnmìlà e que ele havia morrido.
Os escravos, que carregavam as coisas para suas donas,
Colocaram toda a bagagem no chão; não sabiam o que fazer.
Ficaram sentados, pois não podiam prosseguir viagem nem voltar para trás;
Tinham viajado cento e vinte dias para chegar à encruzilhada.
Quanto a Èñù, fora embora.
Yalayala disse aos companheiros,
Que os avisara de que não deveriam fazer ëbö com seus öjà ;
Agora não dá mais para voltar ao îrun;
E Îrúnmìlà, que viemos encontrar no àiyé, já morreu.
Muito deprimido e inconformado,
Esu Yalayala que não fizera ëbö com seu öjà,
Com ele se enforcou.
Sobraram os três que haviam feito ëbö com seus öjà;
Ficaram todos sentados junto a suas bagagens,
Pensando numa solução para o problema,
Já que não possuíam um öjà para se enforcarem;
Èñù transformou-se em jovem,
E foi pedir a Îrúnmìlà que lhe desse cento e sessenta búzios,
Um preá e um cabrito,
Para que as sortes que estavam a caminho de sua casa pudessem chegar.
Îrúnmìlà disse que não lhe daria nada,
Porque Èñù sempre comera com ele.
A esposa de Îrúnmìlà,
Conhecendo muito bem a personalidade de Èñù, irritou-se.
Como estavam comendo,
Ela parou de comer e disse ao marido que ficaria infeliz,
Se ele não desse a Èñù os cento e sessenta búzios,
O preá e o cabrito solicitados.
Irritado, Îrúnmìlà providenciou o que Èñù pedira,
Mais um galo,
E jogou tudo nele.
Èñù caiu e logo se levantou;
E começou a cantar;
Recebera cento e sessenta búzios e dançava alegremente ao som do tambor bata;
Ele disse, “Farei uma folha verde secar”;
Ele disse, “Se eu não comer, não deixarei que outro coma”.
Èñù se transformou então numa criança,
E foi encontrar-se com as Sortes e seus escravos,
A quem mentira anteriormente.
Lá chegando, encontrou todos sentados e lhes perguntou o que faziam;
Responderam que estavam ali já há três dias,
E que um homem velho lhes dissera que Îrúnmìlà havia morrido.
Èñù xingou o velho que dissera isso (sendo ele mesmo o velho);
Disse-lhes que estava vindo da casa de Îrúnmìlà;

64
E que acabara de ganhar de suas próprias mãos o colar que ostentava;
Pediu a todos que o seguissem e os levou à casa de Îrúnmìlà.
Ao chegarem lá, Ajé foi a primeira a entrar.
Logo em seguida entrou Okùn e depois Ìdë.
O quarto que teria entrado seria Yalayala que, entretanto, suicidara-se.
Èñù pediu a todos que entrassem na casa de Îrúnmìlà,
Com tudo o que traziam.
Foram necessários vários dias,
Para carregar e ajeitar ali tudo o que haviam trazido.
A casa de Îrúnmìlà ficou repleta de bênçãos;
Èñù lembrou a Îrúnmìlà que o avisara de que a grande sorte estava a caminho;
Îrúnmìlà alegrou-se e dançou de felicidade;
Ao abrir a boca, Olódúmarè aí colocou a seguinte cantiga:

“Ajé entrou na casa. Okùn veio atrás”;


“Usar uma coroa de ìdë não é difìcil”;
“Oh! Ajé entrou. Oh! Okùn está a caminho”;
“Usar uma coroa de ìdë não é difìcil”.

Ìfá nos protege de Ìkú e os demais Ajogún

Três awo criaram Ìfá para Îrúnmìlà;


O primeiro chamava-se “Eu renuncio à glória”;
O segundo chamava-se “Eu abdico de ambição e poder”
O terceiro chamava-se “Olotuè sià sià”;
Esses três awo eram da mais alta corte do îrun.
Eles criaram Ìfá para Îrúnmìlà,
No dia que Ìkú espalhava destruição de cidade a cidade;
Juntamente com seus companheiros.
Ìfá orientou Îrúnmìlà,
Que transmitiu a mensagem para seus devotos.
“No dia que Ìkú decide plantar destruição, eu protegerei minha cidade”;
“Assim como o ìgbín, que pela graça de Òrìñànlá”,
“Vive seguramente dentro de sua casca”;
“Da mesma forma eu trarei proteção a todos vocês”;
“Que os devotos não sejam visitados por Ìkú”;
“Que os campos possam ser protegidos de Ìkú e dos Ajogún”;
“Que essa oração seja aceita por Ìfá”;
“E todos possamos estar juntos nos próximos anos. Àñë”!

65
A ansiedade do trabalho de parto

“Eu dou a você duas crianças, e não apenas uma”;


Essa foi a mensagem de Ìfá para a mulher que estava grávida.
“Eu dou a você duas crianças, e não apenas uma”;
Essa foi a mensagem de Ìfá para a mulher que ainda não estava grávida.
“Eu dou a você duas crianças, e não apenas uma”;
Essa foi a mensagem de Ìfá,
Para a mulher que estava em trabalho de parto na casa de Olófin.
Ela conseguirá dar à luz a criança?
O trabalho de parto é longo e dificultoso;
Mas há uma planta chamada woroworo,
Que quando usada leva a bons resultados.
Tudo ocorrerá bem com a criança?
Sim, de fato.
Outra planta, chamada were.
Quando usada garantirá segurança a mãe e a criança.
E se ela falecer de fadiga?
Não, nunca!
Assim como a colina, ela estará firme e forte.
Ela conseguirá sobreviver aos três estágios do parto?
Sim, certamente;
E depois ela regozijará, cantando:
“Minha criança chegou”!
“Em fim meu filho nasceu ”!

E nós responderemos,

“Saudações! A noite longa e temerosa enfim acabou”;


“E você conseguiu duas, e não apenas uma criança”.

66
A fé garante bênçãos ao devoto

Quando a primavera começa a desapontar,


O que não é útil fica para trás;
Essa foi a mensagem de Ìfá para um cliente que chorava em desespero,
Por que o final de sua vida parecia incerto e sem esperança.
Ìfá disse, “Para de choramingar e faça ëbö”;
Ele disse, “Esses infortúnios serão vencidos e bênçãos encherão sua vida”;
Ele disse, “Faça a oferenda como estou lhe dizendo”;
Ele disse, “Meus devotos nunca morrem pobres”;
Ele disse, “Pois até o final ele põe sua confiança nas mãos do Senhor Negro”;
Ele disse, “Devotos de Ìfá são abençoados com esposas e filhos”;
Ele disse, “Pois até o final ele põe sua confiança nas mãos do Senhor Negro”;
Ele disse, “Devotos de Ìfá recebem todas as bênçãos”;
Ele disse, “Pois até o final ele põe sua confiança nas mãos do Senhor Negro”;

Îrúnmìlà deixa um rastro de prosperidade atrás de si

Olañi palorè;
Ìwà mi lëhin,
E mestre da cidade de Imökùn;
Esses foram os três awo que criaram Ìfá para Îrúnmìlà,
No dia que parecia que o grande mestre quis deixar o àiyé,
Deixando uma grande prosperidade atrás de si.
Declarou essa parábola:

“Um ramo vivo, recortado e apontado”;


“Até que fique afiado o suficiente para penetrar”;
“Esse é o ramo que deve ser usado em luta”;
“Mas não contra Olañi palorè; Ìwà mi lëhin e mestre da cidade de Imökùn”;
O grande mestre Îrúnmìlà deixou o àiyé,
E atrás de si um legado de prosperidade.

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Façamos ëbö para resolver nossos problemas

Îdúndún cresce ereto e confiante;


Dando brotos de distintos tons de verde.
Essa foi a mensagem de Ìfá para Floresta,
No dia que ela lamentava sua triste situação de solidão.
“Seja como Îdúndún”, disse Ìfá,
“Pare de choramingar e faça ëbö”;
“Suas preces serão ouvidas”.
“Tûtûrûgún será vasta na terra, espalhando-se pelos caminhos”;
Essa foi a mensagem de Ìfá para a Colina,
Quando ela não tinha estabilidade.
“Faça ëbö”, disse Ìfá,
“Seus pés estarão firmemente fixos à terra”.
“O caldeirão é profundo e vasto”;
“Você deve ser mais profundo e mais vasto”;
Essa foi a mensagem de Ìfá para Gota de Água;
“Faça ëbö”; disse Ìfá,
“Fortuna rirá para você, até que você se transforme num riacho”.
Que a boa fortuna sorria sobre a vastidão,
Ìfá, não retire de vós os seus olhos,
Não permita que caiamos.

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Öbàtàlá recebe o oyè de Àlàbàlàñë

Nenhum copo de água pode rivalizar com o oceano;


Nenhum ramo de planta será tão grande quando uma árvore;
Essa foi a mensagem de Ìfá para Öbàtàlá,
No dia que ele foi agraciado com o poder criativo,
No dia que ele recebeu o oyè de Àlàbàlàñë.
Outras Divindades desejaram partilhar desse oyè,
Com exceção de Èñù e Îrúnmìlà,
Pois ambos declinaram.

A fé e a devoção finalmente serão recompensadas

“Durante anos e anos suas oferendas não obtiveram resultados”;


“Mas nesse ano eu recompensarei sua paciência com ótimos auspìcios”;
Essa foi a mensagem de Ìfá para Làmòregùn,
Aquele que clamava por prosperidade,
Filhos dos Anciões dos antigos dias de Ìfá;
Minha prosperidade acontecerá;
Prosperidade requer paciência;
Assim como as águas frescas reavivem o peixe cansado;
A comunidade de Ìfá será abençoada.

69
Ao olhar para trás vejo bênçãos para mim

Îrúnmìlà me perguntou como vão as coisas;


Eu disse que tudo vai bem;
Logo pela manhã encontrei os devotos dos Ìrúnmîlû,
Oferecendo ìgbín como ëbö.
Eles pediram para que eu dissesse o que me faltava.
Eu respondi, “Prosperidade, esposas, filhos, ire gbogbo”.
Eles disseram que eu deveria lavar meu Ìfá,
E oferecer um obì grande e maduro.
Eu deveria oferecer àkàrà aos meus ancestrais.
Quando olhei para trás, o que vi?
Vi a prosperidade vindo atrás de mim; abundantemente.
Vi boas esposas que vinham atrás de mim;
Elas eram bonitas e elegantes.
Olhei para trás novamente e o que vi?
Vi meus filhos vindo em minha direção;
Eles pareciam fortes e saudáveis.
Olhei para trás novamente e o que vi?
Vi as coisas boas da vida;
Repletas de abundância e satisfação.
Eu declarei: cavalos devem ser montados;
Faz parte do trabalho deles.
Èjí Ogbè é o dono do mundo,
Onde um cavalo deve ser montado.

70
Ao amigo de Èñù não faltarão bênçãos

Ponrinpon Sigidi é o babalawo da floresta;


Ogogoro e da cidade de Ijamö;
Ìfá foi criado para Îrúnmìlà,
No dia em que se tornaria o melhor amigo de Èñù.
Para o melhor amigo de Èñù não faltará prosperidade,
Amor, fertilidade ou qualquer outra sorte.
Quando a afinidade com um amigo é grande,
Ele é considerado um parente.
Èñù, eu vim para ser o seu melhor amigo;
Não permita que me falte prosperidade.
Èñù, eu vim para ser o seu melhor amigo;
Não permita que me falte sorte no amor.
Èñù, eu vim para ser o seu melhor amigo;
Não permita que falte fertilidade.
Èñù, eu vim para ser o seu melhor amigo;
Não permita que me falte qualquer tipo de sorte.
Nós imolaremos um galo abrindo-lhe o peito,
E rapidamente colocaremos o sumo do ìgbín com dendê nessa abertura.
Èñù receberá essa oferenda,
Para que possamos ter bons e importantes amigos em nossa vida.

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Arírà ajuda Îrúnmìlà a prosperar

Ëdùn arà é poderoso;


Grande é o poder das pedras de Ñàngó;
Arírà, o poderoso.
Ìfá foi criado para Îrúnmìlà,
Quando ele começou a prática da divinação,
Na cidade de Öbamöwö.
Ele estava seguro que obteria lucros ali,
Mas o aconselharam a fazer ëbö,
E ele o fez.
Îrúnmìlà teve sucesso,
Trazendo lucros para sua casa.
Ele dançava e regozijava.

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