Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
O que é Política?
Num significado mais abrangente, o termo pode ser utilizado como um conjunto
de regras ou normas de uma determinada instituição. Por exemplo, uma empresa pode
ter uma política de contratação de pessoas com algum tipo de deficiência ou de não
contratação de mulheres com filhos menores. A política de trabalho de uma empresa
também é definida pela sua visão, missão, valores e compromissos com os clientes.
É natural que com o passar do tempo, seja necessário proceder a uma alteração
de algumas leis ou políticas estabelecidas por um determinado país. No Brasil. a
expressão "reforma política" remete para as alterações propostas para o melhoramento
do sistema político e eleitoral. Essas propostas são debatidas no Congresso Nacional e
são aceites ou recusadas.
Ciência Política
Já faz parte do quotidiano de cada um de nós, ouvir pessoas ao nosso lado dizer
que não gostam da política, que a política é suja, que a política é para os políticos ou
ainda que os políticos são todos a mesma coisa, do tipo farinha do mesmo saco, ou
chifres da mesma cabra.
Não nos esquecemos desta última frase, mas quem de direito agora só se lembra
dela em certas ocasiões mais críticas ou para os devidos efeitos discursivos, que têm um
feed-back nem sempre fácil de avaliar, tendo em conta os resultados das políticas, mas
também o seu custo efectivo, pois aí para nós é que está o grande problema. Já não me
lembro quando é que Agostinho Neto pronunciou a tal frase, mas recordo-me que a
mesma animou durante algum tempo um famoso spot com que a rádio e a televisão nos
aqueciam as orelhas com bastante frequência antes e depois dos principais noticiários,
mas não só.
De acordo com a dita cuja, cito de memória, AN defendia que todos os
angolanos independentemente do seu status social deveriam participar activamente na
vida pública ou na governação, não devendo esta prerrogativa ser apenas um privilégio
para uma elite de políticos ou diplomatas. Acho que AN referia-se mesmo a uma “meia
dúzia” deles. Esta formulação mantém como é evidente toda a sua actualidade e
pertinência, até porque o grande desafio da própria democracia representativa aqui e em
todo o lado, continua a ser o de evoluir de forma consistente e sustentada, para um
sistema que não se esgote apenas na realização de eleições regulares para alguns órgãos
de soberania e pouco mais. O desafio da participação está longe de ter sido vencido.
Em Angola o ponto da situação deste desafio aponta agora como próxima etapa
a realização das eleições autárquicas/poder local. Hoje acredito que a maior parte dos
“netistas” mais ferrenhos da época e que a cada 17 de Setembro reafirma a sua lealdade
ao pensamento do “Guia Imortal”, já não tenha um grande interesse em “ressuscitá-lo”
nesta versão mais popular, da participação dinâmica dos cidadãos na vida política/
pública do país. A política virou mesmo assunto para uma “elite” cada vez mais restrita
e profissionalizada, ao ponto de agora ser mais frequente ouvir os tais “seguidores”
abraçarem outros postulados mais modernaços como a “política é para os políticos” ou a
atacarem algumas organizações da sociedade civil ou mesmo determinadas igrejas com
o referido chavão.
De facto hoje já faz mais jeito que os cidadãos não se interessem pela política e
que tenham com ela uma relação o mais distanciada possível não interessa o motivo,
sendo mais importante que não gostem mesmo da tal política. O conselho é que não se
envolvam em discussões demasiado complicadas para o seu nível etário, social ou
académico pois entretanto, surgiram os politólogos e os comunicólogos que vieram para
resolver este tipo de problemas com recurso às matemáticas e a outras engenharias.
A política na sua relação com o cidadão comum está assim a descer para o
patamar menos zero, onde apenas se exige lealdade na hora do voto e combate/recusa a
todos quantos não gostem da nossa bandeira/ candidato, sem nos preocuparmos
minimamente com as suas ideias ou com o conteúdo das suas críticas/ propostas.
Felizmente que nem tudo tem estado a ir ao encontro das expectativas daqueles que
gostariam de ver a sociedade angolana mais amorfa e a ter com a política este
relacionamento mais restrito que se resume ao direito ao voto, sem garantias de nada,
para além das promessas deixadas no ar da campanha. Votou, está votado.
Vem mais daqui a cinco anos, yá? Felizmente que enquanto uns dizem não gostar nada
de política, também há muitos outros angolanos, sobretudo jovens que entendem que o
bem estar dos cidadãos depende da política ou melhor, das decisões políticas que os
mais velhos ou os mais novos tomam em nosso nome.
Cheguei a conclusão que ambas são palavras de origem diversa. A primeira vem
de civis, raiz latina. A outra da raiz grega - polis. Ambas significam cidade. Têm
etimologia diferente, porém a mesma semântica. Delas vieram cidadão e político
originariamente significando o responsável pela cidade. Com o tempo, cidadão se
restringiu ao indivíduo adulto, livre, com direitos e deveres e zelador das coisas
públicas. Político no sentido restrito é quem assume com mais compromisso o bem
comum. Os dois se destinam ao serviço da comunidade.
Mas isto não existe. Pensar no outro é atitude ausente num mundo impregnado
de individualismo e defensor da prioridade pessoal: primeiro eu, depois o outro.
Conforme esta bitola, os deveres da cidadania perdem sua força nas relações
interpessoais. Disto decorrem, entre outros erros, as agressões ao meio ambiente porque
só se age em vista aos seus interesses, sem nenhum zelo e respeito pelos bens públicos.
WWW.PORTALDEANGOLA: INTERNET