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contexto
Published by Davis W. Huckabee on 16/07/2015
A palavra “contexto” significa literalmente “tecer junto”, e lida com aquilo que
vai antes e depois de uma palavra ou passagem específica das Escrituras.
Assim, o contexto de um texto das Escrituras são os versículos ao redor que
têm relação com o mesmo assunto ou tema. Um pastor amigo, o irmão
Charles Whaley, explicou bem quando disse: “Não há nenhum texto separado
do contexto”. Danos incalculáveis foram cometidos por pessoas que tiraram
um texto ou frase de seu contexto, e o interpretaram sem referência aos
versículos ao redor.
Um dos fatores básicos na Inspiração lida com esse assunto, conforme lemos
em 2 Pedro 1:20-21: “Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da
Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida
por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram
inspirados pelo Espírito Santo”. Observe-se primeiramente que profecia aqui e
em outras partes das Escrituras não se restringe a eventos futuros que são
preditos. A palavra grega propheteia significa literalmente proclamar =
pregar, e esse é o sentido mais comum nas Escrituras quando essa palavra é
usada.
Pedro advertiu contra esse próprio problema ” torcer as Escrituras para tentar
forçá-las a dizer o que não dizem. Depois de falar das epístolas de Paulo, e das
verdades profundas que elas contém, ele disse: “”que os indoutos e
inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria
perdição”. (2 Pedro 3:16) Deve-se observar de passagem que Pedro foi
inspirado a colocar as epístolas de Paulo no mesmo nível das “outras
Escrituras”. Isso também se aplicaria àquilo que o Espírito Santo havia movido
Pedro a escrever.
As palavras que Pedro usou aqui são instrutivas. “Torcer” traduz strebloo, que
é a forma verbal de um substantivo que se referia a um instrumento de
tortura, e assim se refere à tortura com um sarilho, ou torcer até desconjuntar.
É isso o que se tenta fazer com uma Escritura quando se não quer entendê-la
em seu contexto e deixá-la dizer o que tinha o propósito de dizer. “Perdição” é
o sentido literal da palavra aqui usada, mas também é traduzida “destruição”,
pois muitas vezes tem a conotação de destruição espiritual. E essa é
evidentemente a idéia aqui, conforme indica o seguinte versículo:
“Vós, portanto [ele está tirando uma conclusão a partir do versículo
precedente], amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que, pelo
engano dos homens abomináveis, sejais juntamente arrebatados, e
descaiais da vossa firmeza“. Perverter uma Escritura a fim de se estabelecer
uma interpretação pessoal é uma característica dos homens maus, e tem sua
própria maldição, pois entorta o entendimento que o indivíduo tem da
verdade e estabelece a falsidade em seus pensamentos. Mas os verdadeiros
santos podem também se desviar nesse assunto, pois todos temos ainda uma
mente carnal que deve ser mantida em submissão ao Espírito Santo.
Lendo o contexto, logo ficamos sabendo que o assunto que está sendo
discutido aqui não é a “vida intermediária”, nem é de forma alguma o estado
da alma que está em debate. O apóstolo está aqui argumentando que Jesus na
verdade era o que Ele afirmava ser, e que o Pentecoste era prova do fato de
que Jesus realmente havia ressuscitado dos mortos e subido fisicamente ao
Pai, conforme já havia sido predito em profecia. A ressurreição física de Cristo
é o assunto aqui, pois Davi não havia subido fisicamente ao céu, de modo que
a profecia não poderia se referir a ele. Um conceito pré-formado envolvendo a
teoria do estado intermediário permaneceu com esse escritor durante três ou
quatro anos, impedindo-o de entender corretamente essa maravilhosa
passagem, mas quando ele a leu em contexto, a verdade finalmente irrompeu.
Isso fez com que esse escritor ficasse mais consciente da necessidade de
observar o contexto inteiro em qualquer passagem antes de aplicar sobre ela
alguma interpretação dogmática. Desde então, com o passar dos anos
escrevendo comentários acerca de quase todos os versículos do Novo
Testamento, esse escritor constatou repetidamente que entender dentro do
contexto inteiro quase sempre nos dá uma percepção mais reta de qualquer
versículo.
Mas podemos e devemos aplicar para todo o nosso estudo esse mesmo
princípio e sempre fazer questão de estudar o contexto inteiro de qualquer
versículo, até mesmo quando envolve vários capítulos. E todo o nosso esforço
impedirá a aplicação de uma interpretação errônea num versículo isolado. O
evangelismo popular que usa “Caminhando em Romanos” erra nesse aspecto,
pois pega Romanos 10:13 e constrói uma pirâmide invertida em cima desse
único versículo, com pouca ou nenhuma atenção ao contexto. É gloriosamente
verdade que “Quem invocar o nome do Senhor será salvo”. Mas há nove
capítulos e meio de contexto antes desse versículo que precisamos entender
para que não lhe apliquemos uma interpretação totalmente errônea. A
negligência de levar em consideração os capítulos de um a três de Romanos
deixará os homens ignorantes da depravação total de todos os homens de
modo que eles não perceberão sua necessidade. E sem conhecimento de
Romanos 3:24-5:1 os homens permanecem ignorantes da necessidade
absoluta da redenção que existe única e completamente em Cristo. E se os
homens não perceberem que essa redenção é aplicada unicamente pela graça
soberana, Romanos 5:20-21, eles sentirão uma auto-suficiência que os
impossibilitará de sentir a necessidade de invocar o Senhor. É fácil obter
profissões de fé se um Evangelho pervertido e incompleto for apresentado,
mas a negligência de apresentar toda a verdade condenará o pecador para
sempre, e fará com que o pregador descuidado seja culpado do sangue dos
homens, Atos 20:26-27.