Sie sind auf Seite 1von 10

O Prog Jazz do Absurdo gravou 6 CD's num só dia (8 no ano)

Uma das coisas que mais impressiona no Jazz é o tamanho das discografias de caras como John
Coltrane, Sonny Rollins e Charlie Parker.

O mais notável é que o Trane e o Bird nos deixaram relativamente cedo, mas nem por isso a
discografia dos mestres do sax não conta com boas dezenas de registros.

Num contexto vívido e muito receptivo para experimentos dos mais diversos e complexos, o Jazz
é aquele cara gente fina que abraça qualquer coisa sem nenhum tipo de preconceito ou
estereótipo.

Até o silêncio vira groove, como na clássica "4'33'', composição do pianista, compositor e maestro
John Cage. Um dos momentos chave na história da música, esses quatro minutos e tinta e três
segundos representaram um novo momento para os limites da arte, principalmente num contexto
conceitual.

E é exatamente dessa água transgressora que grupos como o Prog Jazz do Absurdo bebem. Não
ouse groovar do mesmo lado da rua que esses meliantes. O quarteto radicado nos becos mais
cavernosos do Butantã não economiza quando o assunto é improvisação livre, e se depender de
Rob Ashtoffen (baixo), Vitor Coimbra (bateria) e Conrado Vieira (teclados), até a música tema
da Peppa Pig vira uma jam, ou melhor, disco.

Line Up:
Conrado Viera (teclados/sintetizadores)
Sintia Piccin Fermino (saxofone)
Richard Fermino (saxofone/trompete)
Mariana Fermino (flauta/voz)
Gabriel Fermino (saxofone)
Victor Coimbra (bateria)
Rob Ashtoffen (baixo)
Arte: Welder Rodrigues

Track List:
"Intro"
"Pepa Entra na Bagunça"
"Pepa Viaja no Sax"
"Pepa Vai ao Dentista"
"Pepa Conhece Gabrielzinho"
"Pepa Entra em Apuros"
"Pepa Entra na Discoteca"
"Pepa se Transmuta em um Rato"
"Pepa se Transmuta em um gato"
"O Fantástico Mundo de Pepa"
"Pepa Goes to Neverland"
"PepaYardigans"
"Pepa de Volta ao Lar"

Com o objetivo de provar que o som ainda se alimenta dos extremos, o grupo registrou 6 discos
em 4 horas e 33 minutos... O John Cage definitivamente ficaria orgulhoso.

Detalhe: antes dessa sessão, a banda já tinha gravado 2 trabalhos em 2018 ("Água de Xuca" e
"Curso de Harmonia e Rítmica para Idiotas"), ambos lançados em maio e abril (respectivamente).
Um prato cheio pra você que não acredita na possibilidade da Alanis Morrissete e um baixo
fretless coexistirem sob o mesmo teto, esses discos foram apenas a ponta do iceberg perto do que
foi idealizado e produzido no BTG Studio.
Foto: Emanuel Coutinho

Sei discos gravados num só dia. 6 discos, é isso mesmo que você leu. Tudo sem saio nenhum,
bastou parar o carro para que o trio malhasse o Jazz. Além do trio base, o combo convocou os
melhores músicos da cena da paulista para participar do dia de gravações e o resultado foram 6
de registros que caminham do Funk ao Free Jazz, passando pelo Gospel, o Fusion e a música de
abertura do Chaves.

Parece absurdo. E é em um absurdo de fato, mas é justamente numa época onde a indústria
fonográfica aposta apenas em singles, que projetos como esse merecem atenção, até por que não
basta só improvisar, ainda mais num contexto instrumental, é primordial apresentar algo que
prenda a atenção do ouvinte.

Esse é o retrato perfeito do primeiro disco gravado na sessão. "Peppa Prog" surge audacioso desde
sua capa. Trocadilho inteligente de Welder Rodrigues, a ilustração se empodera do clássico "In
The Court Of The Crimson King", primeiro disco do King Crimson, lançado em 1969 para dar
apenas uma pista de como o Jazz e o Rock Progressivo falam a mesma língua.

Assim como todos os 6 discos gravados na sessão, "Peppa Prog" também é resultado de um take
único. A partir da música tema do desenho, Gabriel e Mariana Fermino, de apenas 6 e 7 anos de
idade, respectivamente, tocam sax e flauta enquanto todos os outros instrumentos começam a
ocupar o som sempre imerso nos sintetizadores de Conrado Vieira.
Uma overdose de sarcasmo e polirritmia, tudo em take único, essa é uma boa oração para resumir
o que é o Prog Jazz do Absurdo. Em show, mesmo com uma formação compacta, o grupo
consegue criar temas e climas com grande facilidade, algo notável, dada a complexidade de fazer
isso o tempo todo.

Com mais opções e com a contribuição de nomes como Sintia e Richard Fermino que
praticamente tocou em família, o disco foi acrescido de grande riqueza no trabalho de metais,
principalmente trompete e saxofone. A sessão rítmica manteve o swing mesmo nos tempos mais
quebrados enquanto o engenheiro de som, Zeca Leme - um santo - tentava entender o que estava
rolando.

O trabalho dos pequeninos (Gabriel e Mariana) também merece menção. Além da flauta, a
pequenina ainda contribui em algumas passagens com vocal ao lado de Sintia. Escute a sequência
"Peppa Se Transmuta em um Rato" e "Peppa Se Transmuta em um Gato" para entender a
profundidade do repertório desse Jazz. Sincopado, com feeling, quebrado e embalado no groove.
É só apertar play no Funk que é o Prog Jazz do Absurdo.
Conheça os outros 5 trabalhos que foram registrados na sessão:

"Prog Jazz Para Baixinhos"

Line Up:
Conrado Viera (teclados/sintetizadores)
Sintia Piccin Fermino (saxofone)
Richard Fermino (saxofone/trompete)
Mariana Fermino (flauta/voz)
Gabriel Fermino (saxofone)
Vitor Coimbra (bateria)
Rob Ashtoffen (baixo)
Tahyná Oliveira (flauta/piccolo)
Victor "TED" Prado (trompa)

Arte: Welder Rodrigues

Track List:
"Chavez Sai da Vila Prog (Parte 1)"
"Chavez Sai da Vila Prog (Parte 2)"
"Despontando Rumo ao Anonimato"
"A Volta da Vila Prog"
"Groove do Chavez"
"Suco de Tamarindo"
"Uma Tira da Pesada"
"Nossa Turma"
"Vem Ser Feliz Com o Prog Jazz do Absurdo"
"The Real Kenny G"

Gravado com o intuito de criar um plano de fundo orientado ao repertório infantil, o Prog Jazz
Para Baixinhos" foi resultado de uma sessão de improvisos que, mais do que mostrar a beleza dos
arranjos da trilha sonora do Chavez, primam por propor visões completamente novas para sons
que fizeram parte da sua infância.
Um dos trabalhos mais ácidos que foram gravados ao lado de Zeca Leme no BTG Studio, o "Prog
Jazz Para Baixinhos" mostra por que o Jazz é tão complexo e profundo. Até Kenny G fica
interessante quando o grupo mostra a liberdade da improvisação livre que o estilo agrega às
releituras e passagens autorais. O baixo e o teclado para as suítes "Chavez Sai da Vila Prog" (Parte
1 e 2) são o mais puro veneno.

"Dedo no Cu e Gritaria"

Line Up:
Conrado Vieira (teclados/sintetizadores)
Sintia Piccin Fermino (saxofone/voz)
Richard Fermino (trompete)
Vitor Coimbra (bateria)
Rob Ashtoffen (baixo)

Arte: Welder Rodrigues

Track List:
"Jardim Romano"
"Brisa Garotinho"
"Vamo ET"
"Dedo no Cu"
"Gritaria"
"K.Y"
"Dedo no Cu é Vanguarda"
"E Gritaria Também É"
"A Patifaria"
"Acabou a Patifaria"
"Prog Jazz Não é Bagunça"

O Free Jazz foi um movimento que nasceu nos anos 50 e 60 nos Estados Unidos. Um dos
catalizadores para que essa nova filosofia sonora se firmasse foi a insatisfação de músicos como
Charlie Haden (baixo), Pharoah Sanders (saxofone) e Alice Coltrane (piano), por exemplo, com
as limitações de linguagem do Bebop, o Hard Bop do Sonny Rollins (saxofone) e o Jazz Modal
dos anos 40 e 50.
Chamado também de Avant-Garde, o Free Jazz também estimulou a criação de uma linguagem
Progressiva ligada ao Jazz. Esse levante buscou trazer o estilo de volta a suas origens, sempre
com ênfase na improvisação.

Foi isso que o Prog Jazz fez com o interessante "Dedo no Cu e Gritaria". Um registro que vai do
Baião ao Funk com a mesma naturalidade com a qual seu vô vai pegar água pra dentadura, o Prog
Jazz mostra que apesar de oferecer uma proposta difícil, o Free Jazz ainda é vanguarda.

"Deus é Inacreditável"

Line Up:
Conrado Vieira (teclados/sintetizadores)
Lucas Coimbra (teclados)
Victor "TED" Prado (trompa)
Vitor Coimbra (bateria)
Rob Ashtoffen (baixo)

Arte: Welder Rodrigues

Track List:
"O Hino (Cor 618)"
"Alegrem-se Sempre no Senhor. Novamente Direi Alegrem-se (Fil 44)
"Como é Bom Cantar Louvores ao Nosso Deus (Sal 1471)"
"O Homem Natural Não Aceita as Coisas do Espírito de Deus, pois para Ele são Loucura
(Cor 1 214)"
"E O que Vivo e Fui Morto Mas eis Aqui Estou Vivo Para Todo Sempre. Amém (Apo
118)"
"Segura na Mão de Deus e Vai (Ose 46)"
"E Conhecereis a Verdade E a Verdade vos Libertará (Joa 832)"

Inspirado na música Gospel de péssima qualidade que figura no canal de TV do Edir Macedo,
isso sem dizer nos ridículos arranjos que as igrejas de São Paulo estão oferecendo aos seus
respectivos casórios, que o Prog Jazz do Absurdo gravou o intrigante "Deus é Inacreditável".
O grande destaque dessa gravação é a dupla de teclas. Com um duplex de marfim malhado e
sintetizadores, Conrado Viera e Lucas Coimbra (Samuca e a Selva) entregam a maior overdose
de tecladores que o grupo gravou durante a sessão.

Com um approach bastante espiritual e amplamente melódico, esse disco explora uma dinâmica
que, em função do rico trabalho do Conrado e do Lucas, deixa os músicos ainda mais livres para
alterarem os andamentos e apresentarem novos ideias de improviso. Em breve em alguma igreja
perto de você.

"Hu1000mildade Acima de Todos"

Line Up:
Conrado Vieira (teclados/sintetizadores)
Tahyná Oliveira (flauta/piccolo)
Victor "TED" Prado (trompa)
Vitor Coimbra (bateria)
Rob Ashtoffen (baixo)

Foto: Emanuel Coutinho

Track List:
"Intro"
"Muita Orelha para pouco Van Gogh"
"Ferve Frevo"
"Cheguei na Humilda e sem querer fui Foda"
"A Maquininha do Dentista (Parte 1)"
"A Maquininha do Dentista (Parte 2)"
"A Anestesia do Dentista (Parte 1)"
"A Anestesia do Dentista (Parte 2)"

Um dos registros de maior cadência no Funk, "Hu1000mildade Acima de Todos" continua a


odisseia de improvisos do Prog Jazz do Absurdo com temas muito centrados na sessão rítmica de
Rob Ashtoffen (baixo) e Vitor Coimbra (bateria).
Com mais uma dose cavalar de intervenções espacias, vide os sintetizadores de Conrado Vieira,
esse registro oferece um olhar interessante para a dinâmica dos instrumentos de sopro. As frases
doces de Tahyná Oliveira (flauta/piccolo) e as texturas de Victor Prado (trompa) oferecem uma
tela em branco bastante propícia aos improvisos do grupo. As suítes "A Maquininha do Dentista"
e "A Anestesia do Dentista" merecem até clipe.

"Pobre Star (Não deixe o Fracasso Subir à Cabeça)"

Line Up:
Conrado Vieira (teclados/sintetizadores)
Lucas Coimbra (teclados/sintetizadores)
Vitor Coimbra (bateria)
Rob Ashtoffen (baixo/guitarra)
Vinicius Nicoletti (baixo/guitarra)

Track List:
"Prog Jazz do Absurdo - Minha Jacuzzi é uma caixa d'água"
"Pegando um Bronze na Laje de Casa"
"Só andamos de Mercedes e Scania"
"4h40"
"Não Deixe o Fracasso Subir à Cabeça"
"O Prazer é Todo Seu"
"Bag Rasgado"
"X-Músico"
"O Rob Quer Tocar Ainda"

O registro mais cavernoso de todos os 6 trabalhos que foram gravados, "Pobre Star" merece uma
menção honrosa. Único disco a não contar com sólidas contribuições de metais e sopros, esse
Jazz foi todo improvisado no Jazz Rock, Fusion para os bilíngues.

Com passagens instrumentais que remetem aos maiores dramas no cotidiano de qualquer músico,
o grupo aparece em mais uma sessão com a dupla de teclas (Conrado Veira & Lucas Coimbra) e
ainda conta com a presença de Vinicius Nicoletti, peça chave nesse trabalho.
Guitarrista e também baixista, Vinicius ainda tocou baixo (fretless) e se alternou nas guitarras
com Rob Ashtoffen. Dessa vez mostrando uma faceta mais agressiva na guitarra, foi bastante
interessante observar a abordagem do Rob no instrumento. Caminhando pra quase 4 horas e 40
de sessão os músicos estavam visivelmente cansados, mas o Jazz Progressivo desse take é
vigoroso e repleto de precisas intervenções por parte dos solistas. Talvez o prazer seja de fato
todo seu.

"Everything we do is music"
John Cage

Das könnte Ihnen auch gefallen