Guião

1: O tema desta apresentação é o Espaço Social na obra “Os Maias”.

2: “Os Maias” é uma obra escrita por Eça de Queirós, um dos expoentes do realismo português,
em 1888. Esta obra retrata o percurso de três gerações da família Maia: o avô Afonso da Maia,
o filho Pedro da Maia e o neto Carlos da Maia. Adicionalmente, o autor faz a caracterização da
sociedade portuguesa do século XIX, criticando a dimensão sociocultural da mesma.

3: O espaço social refere-se aos ambientes, que pode ser, entre outros, jantares, chás, soirés,
bailes e espetáculos, onde atuam as personagens que Eça escolheu para representarem a
sociedade da época – dirigentes, alta aristocracia e burguesia. Na obra “Os Maias”, o espaço
social cumpre um papel puramente crítico.

4: Na obra em questão, existem diversos eventos que representam o espaço social. No entanto,
destacam-se quatro, pela importância que possuem. São estes: Santa Olávia (local onde Carlos
cresceu), o Jantar no Hotel Central, as Corridas no Hipódromo e o jantar em casa dos
Gouvarinho. Todos estes ambientes são fechados, de modo a manter um certo elitismo.

5: O primeiro espaço social é o ambiente em que Carlos é educado. Neste espaço físico, a Quinta
de Santa Olávia, verifica-se o confronto entre duas mentalidades opostas que se refletem no
tipo de educação dada. Carlos recebe uma educação à inglesa sob o mote “Corpo são em mente
sá” enquanto Eusebiozinho recebe uma educação à portuguesa. A primeira dá primazia ao
contacto com o ar livre e à atividade física; a segunda, ao catecismo e à aprendizagem das línguas
mortas.

6: O espaço social seguinte é o ambiente durante o Jantar no Hotel Central. Este jantar
apresenta-se como uma verdadeira radiografia da cidade de Lisboa e dos seus habitantes das
ditas classes altas. Neste jantar, são abordados três assuntos. Em termos de Literatura, Alencar
mostra-se contra o realismo/naturalismo, refugiando-se na moral que ele próprio não seguiu
enquanto Ega afirma que a distinção entre realismo/naturalismo não é clara. Relativamente às
finanças, este assunto é tratado de forma despreocupada, mostrando a irresponsabilidade dos
presentes. Esta é tal que, segundo os mesmos, os empréstimos são a principal e indispensável
fonte de receitas, mostrando não entender que estes levarão o país à bancarrota. Por fim, em
termos de política, defendem a república em detrimento da monarquia e Ega deseja mesmo que
o país vá à bancarrota para que Espanha invada Portugal. Após esgrimidos todos os argumentos,
Ega e Alencar envolvem-se numa cena de pancadaria, denotando aí o tipo de educação que a
dita alta sociedade da época tinha – esforçando-se por parecer requintada, mas sendo grosseira.

7: A corrida no Hipódromo é toda ela uma sátira ao desejo de imitar o que é estrangeiro e,
supostamente melhor. Assim, a sociedade burguesa é apresentada como vivendo de aparências,
comparecendo no evento apenas para aparecer nos jornais. Verifica-se que o traje da maioria
não se adequava à situação por ser demasiado chique, nuns casos, e por parecerem “vestidos
sérios de missa”, noutros. Deste modo, o ambiente que devia ser ligeiro e descontraído aparece
deturpado, mostrando a falta de gosto. Além disso, os comportamentos também não se
adequam ao local: quem assiste não parece minimamente interessado no evento, as senhoras
mantêm-se nos seus lugares e bastante constrangidas pois não sabem como agir e ocorre uma
desordem provocada por um jóquei que demonstra a falta de educação e delicadeza da
sociedade.
8: O jantar em casa dos Gouvarinho mostra-nos, através das falas das suas personagens, a
degradação dos valores morais, o atraso intelectual do país e a mediocridade das altas figuras
da sociedade. Estes aspetos centram-se numa personagem: Sousa Neto, representante da
administração pública. Este, durante o jantar, mostra não conhecer um filósofo reputado;
pergunta a Carlos se em Inglaterra há literatura, mostrando a sua falta de cultura e
conhecimentos e, mais ainda, questiona Carlos acerca dos países estrangeiros, denotando o seu
aprisionamento cultural ao país.

9: Em suma, o espaço social é o composto pelos ambientes onde os personagens estão e, nos
“Maias”, existem vários espaços sociais. Estes espaços, na obra, mostram uma sociedade inculta,
sem educação, sem evolução (facto que fica claro na educação dada a Eusebiozinho- uma
educação à antiga) e restrita a espaços elitistas a que apenas as classes altas podem aceder.