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Parte III
Capítulo 67

TONTURA E VERTIGEM

Miguel Angelo Hyppolito


Professor Doutor,
Divisão de Otorrinolaringologia, Departamento de Oftalmologia,
Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço,
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São
Paulo

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INTRODUÇÃO

A vertigem é um sintoma freqüente na prática médica. Cerca de


40% dos americanos procuram auxílio médico por quadros
relacionados às tonturas que representam 50% das mortes por quedas
secundárias em idosos, sendo considerado de grande significado em
saúde publica. Estima-se que cerca de 90% dos indivíduos com mais
de 65 anos procuram o médico com esta queixa ao menos uma vez.
A simples classificação dos quadros de vertigem baseados na
história clínica, queixas audiológicas e no tempo de evolução
permitem uma abordagem inicial adequada dos quadros
otoneurológicos, norteando o tratamento adequado ou seu
direcionamento para um diagnóstico otoneurológico especializado
adequado.
A vertigem, diferentemente de tontura, pode ser definida como
uma sensação de movimento giratório, que pode ser objetivo ou
subjetivo.
Além do sintoma vertigem (sensação rotatória), alguns pacientes
experimentam a sensação de movimento, como ondulatório, oscilação,
balanço, flutuação, sem, no entanto, apresentarem desorientação
espacial. Um fato interessante é que o termo "tontura" é o mais usado
por eles para exprimir tanto a vertigem como outros sintomas que não
guardam nenhuma relação com a verdadeira vertigem. Não é
infreqüente ouvirmos queixas vagas, como: falta de firmeza na
marcha, confusão mental, fraqueza, instabilidade, turvação de vista,
etc. Já o termo "tontura rotatória" tem o mesmo significado de
vertigem.

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Pacientes com queixa de “tontura” e alteração do equilíbrio
devem ser avaliados minuciosamente e muitos necessitarão de uma
avaliação do sistema vestibular chamada de avaliação otoneurológica.
A avaliação otoneurológica consiste de uma anamnese e
detalhada, exame físico completo, exames laboratoriais, radiológicos,
audiológicos, eletronistágmografia ou vectoeletronistágmografia,
videonistágmografia, posturografia e, muitas vezes, potencial
vestibular miogênico.
Na avaliação otoneurológica busca-se saber se existe um
distúrbio dos sistemas relacionados ao equilíbrio, se a queixa de
tontura é rotatória vertigem ou não rotatória, definindo-se inicialmente
se a queixa é de origem vestibular ou não vestibular, como no caso de
arritmias cardíacas, hipotensões posturais, AVC, IAM, entre outras
condições. Em se tratando de uma vertigem de origem vestibular,
deverá definir se esta é periférica ou central. No caso de um quadro de
origem periférico deverá definir se existe um distúrbio vestibular
unilateral, definindo o lado comprometido ou bilateral, com
hiporreflexia, hiperreflexia ou arreflexia vestibular. Por fim deverá
definir o grau do acometimento, sua provável etiologia, nortear o
tratamento sintomático e etiológico, definindo seu prognóstico.
O elemento neurológico importante na manifestação labiríntica e
que será investigado é o Nistágmo, importante no exame físico e nos
exames otoneurológicos complementares.
O nistagmo é o sinal físico fundamental no diagnóstico
diferencial da vertigem. Deve ser pesquisado com muito critério, já
que está sempre presente nas crises de vertigens e, eventualmente, fora
delas. Não ocorre nos transtornos gástricos e nem nas afecções
cardiovasculares.

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Hipoacusia e acúfenos também podem vir associados à
vertigem, quase sempre expressando uma doença periférica no nível
dos Órgãos sensoriais cocleares, sensoriais vestibulares e/ou VIII par
craniano.

MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS

Os quadros vertiginosos podem se apresentar como crises


espontâneas de vertigem que se resolvem gradualmente em dias,
resultado de uma perda unilateral da função vestibular, relacionada a
uma lesão periférica no labirinto e/ou no nervo vestibular; como
ataques de vertigem espontânea recorrente, que ocorrem quando há
uma súbita, ampla e reversível perda da atividade neural de repouso de
um dos labirintos ou de sua conecção com o sistema nervoso central,
apresentando recuperação subseqüente á função normal ou próxima do
normal ou como episódios recorrentes de vertigem posicional,
resultante da excitação transiente das vias vestibulares centrais
desencadeadas por mudanças de posição. Ocorre por distúrbios dos
órgãos otolíticos (gravidade) ou suas conecções no núcleo vestibular
ou cerebelo ou por alteração na pressão na cúpula dos canais
semicirculares que não se equaliza com a pressão endolinfática,
também leva a alterações posicionais. Alterações estruturais com a
presença de “debris” ou otólitos nos canais semicirculares e
metabólicas atuam alterando a gravidade específica das cúpulas dos
mesmos, produzindo vertigem.
De acordo com a topografia da lesão vertiginogênica, podemos
classificar a vertigem em:
· Periférica sensorial: Quando a lesão ocorre no órgÜo sensorial do
aparelho vestibular (cristas ampulares e/ou máculas utriculares e

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saculares), como é o caso da doença de Meniere, a labirintite por
drogas ototóxicas, etc.
· Periférica neural: Quando a lesão ocorre nos nervos vestibulares,
como, por exemplo, na neuronite vestibular e no schwanoma
vestibular.
· Central: Quando a lesão atinge o SNC por doenças focais ou por
doenças gerais. Ex: epilepsia, esclerose múltipla, tumores da fossa
posterior, etc.
· Mista: Embora rara, quando ocorrem lesões periféricas e centrais ao
mesmo tempo. Ex: insuficiência circulatória vértebrobasilar
(especialmente em idosos), herpes-zoster oticus, doenças metabólicas,
etc.
· Indeterminada: Quando não se evidencia lesão orgânica periférica
nem central. Ex: vertigem psicogênica, de origem oftálmica, coluna
cervical, etc.

SENSAÇÕES VERTIGINOSAS

Na vertigem objetiva, o paciente tem uma ilusão de que os


objetos estão girando em torno de si e na subjetiva tem a sensação de
ele próprio estar girando em torno dos objetos (do meio).
A vertigem rotatória é típica de um distúrbio labiríntico
periférico, mas pode estar presente em alguns distúrbios do sistema
vestibular central.
Pode vir acompanhada de sintomas neurovegetativos, como
náuseas, vômitos, sudorese e palidez ou de sintomas auditivos como
zumbidos e diminuição da audição. Alguns indivíduos podem
apresentar a queixa de sensação de flutuação, instabilidade,
desequilíbrio sem vertigem, quedas e sensação de cabeça vazia.

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Por questionamentos ao paciente é possível suspeitar de
comprometimento vestibular periférico ou central, como descrito no
quadro I.

Quadro I: sintomas e sinais que podem inferir um


comprometimento vestibular periférico ou central ou não
vestibular.

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AVALIAÇÃO CLÍNICA DAS TONTURAS ROTATÓRIAS


E NÃO ROTATÓRIAS

Pacientes com crises espontâneas de vertigem que se resolvem


gradualmente em dias procuram o serviço de saúde de pronto
atendimento (PA) no nível primário, sendo importante reconhecer e
diferenciar um quadro puramente vestibular periférico de um quadro
agudo central. O paciente apresenta-se com vertigem rotatória intensa,
agravada pela movimentação da cabeça e aliviada repousando-se na
vertical (sentado) e com a cabeça parada (imóvel). Há uma sensação
de queda para o lado afetado. Sensação que o mundo roda lentamente
quando olha em uma direção e roda rapidamente quando olha para a
outra direção (nistágmo espontâneo).
O paciente tem dificuldade para parar e andar em seguida,
podendo cair para o lado afetado.
A história clínica é de extrema importância para a diferenciação
de periférica e central: Idade, história de HAS, aterosclerose, doença
vascular, AVC (sugerem infarto ou hemorragia no SNC) e são comuns
nos quadros de labirintopatia central.
Um exame clínico geral com especial atenção aos sistemas
cardiocirculatório e neurológico é extremamente essencial. Ao exame
físico a observação da marcha do paciente pode identificar
incapacidade de ficar em pé ou caminhar, sem queda (paciente prefere
ficar na cama). Já a queixa de perda auditiva unilateral, trauma ou
infecção do ouvido (ou VAS) são comuns nas labirintopatias de
origem periférica, devendo haver especial atenção ao exame de
otoscopia e aos testes neurológicos de marcha e observação da
presença de nistágmos. Ao exame físico a observação da marcha do

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paciente pode identificar prejuízo do equilíbrio, mas com
possibilidade de deambular na fase aguda (cabeça fixa).

Pacientes com ataques de vertigem espontânea recorrente


apresentam crises de tontura rotatória com duração de minutos a horas,
e terminam não como uma compensação verdadeira (como com
ataques prolongados), mas com uma restauração da atividade neural
normal. Pela história clínica, considerando a duração dos ataques
vertiginosos, pode-se considerar:
Tonturas de origem vascular - AIT – duração de minutos, causas de
orelha interna – duração de horas
Com a presença de sinais neurológicos focais ao exame físico,
faz-se necessário a avaliação por imagem de ressonância nuclear
magnética.
Os exames de audiometria e eletronistágmografia (sem sintomas
neurológicos - com ou sem perda auditiva)
Quando há suspeita de Doença de Meniére é necesssário uma
avaliação por “screening” sanguíneo: sífilis latente, congênita,
adquirida, doença autoimune do ouvido interno.
A vertigem pode ser considerada um equivalente migranoso, com
ou sem cefaléia nos momentos de crise (respostas calóricas
assimétricas podem estar presentes, mas a perda auditiva não é
comum).
Na esclerose múltipla a vertigem pode ser um sintoma inicial,
mas os ataques recorrentes vêm com sintomas neurológicos
associados.
Estas situações exigem avaliação neurológica e/ou
otorrinolaringológica por se tratarem de quadros recorrentes.
O que pode ser investigado e controlado no nível primário:
Hipertensão arterial sistêmica;

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Arritmias cardíacas;
Diabetes Mellitus;
Doença auto Imune;
Sífilis (VDRL)
Hipotireoidismo ou hipertireoidismo;
Hipercoleterolemia;
Hipertrigliceridemia;
Anemia;
Policitemia;
Distúrbios ovarianos (mulher) – Se presença de história clínica prévia,
há necessidade de avaliação ginecológica.

Pacientes que apresentam episódios recorrentes de vertigem posicional


por vários dias ou que estão susceptíveis a mudanças de posição ou
relatam uma sensação de movimento não específico - que persiste
entre os episódios de vertigem posicional, devem era investigados para
lesão central, próxima ao IV ventrículo.
A Manobra de Dix Hallpicke permite o diagnóstico, através da
avaliação do nistágmo. VPPB: nistágmo posicional torcional com
duração menor que 30 segundos (qualquer nistágmo diferente é
central).
Central: vertical puro (cima/baixo) não fatigável.
Causas comuns: esclerose múltipla, atrofia cerebelar, tumor
cerebelar, malformação de Chiari.
Nistágmo posicional paroxístico.
Pela complexidade, estes casos podem ser identificados pela
história clínica e encaminhados o mais breve possível para avaliação
neurológica e / ou otorrinolaringológica.
O que pode ser investigado e controlado no nível primário:
Hispertensão arterial sistêmica;

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Arritmias cardíacas;
Diabetes Mellitus.

EXAME FÌSICO OTONEUROLÓGICO

O exame físico otoneurológico engloba um exame físico geral


detalhado, acrescido de provas neurológicas e exame
otorrinolaringológico específicos.
No exame físico geral deve-se determinar a pressão arterial nos
braços sentado e deitado, a ausculta cardíaca, a freqüência de pulso e
cardíaca e a ausculta de frêmitos cervicais.
No exame do equilíbrio e da marcha são avaliados o equilíbrio
estático e dinâmico, com a simples inspeção da marcha, as provas de
Romberg, Romberg sensibilizado, prova de Unterberger e teste da
marcha de Fukuda.
O exame sensitivo motor deverá englobar a força muscular,
função cerebelar com as provas de índex-nariz, índex-índex,
calcanhar-joelho e provas de diádococinesia. Os reflexos tendinosos
profundos e a resposta plantar e testes proprioceptivos devem ser
investigados.
Movimentos oculares e testes visuais são importantes. A
determinação da acuidade visual habitual e dinâmica, além do campo
visual. Exames de fundo de olho podem determinar sinais de
hipertensão intracraniana o de doenças metabólicas que podem cursar
com distúrbios labirínticos como o diabetes, podendo ainda colaborar
para a visualização de nistágmo espontâneo, na observação do nervo
óptico. Pesquisa do desencadeamneto de nistágmos com a prova de
“Head Shake Test”.
Os movimentos oculares, palpebrais e pupilares são importantes
na avaliação de pares cranianos envolvidos no sistema vestíbulo-

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oculomotor, busca de ptose palpebral, avaliação da reatividade
pupilar, efeitos da fixação ocular, procura de desvios oculares,
convergência, movimentos sacádicos e oscilopsias.
Pesquisa de reflexo vestíbulo ocular com as provas de “tilt de
cabeça”, resposta óculocefálica e “Head Thrusts Test”.
Manobras posturais podem ser determinantes no diagnóstico
otoneurológico, como a manobra de Dix-Hallpike.
A avaliação de pares cranianos é fundamental. O VIII º par
craniano é avaliado por provas clínicas com o uso do diapasão (vide
capítulo XXXX - provas de Weber e Rinne). O reflexo corneano,
sensibilidade facial ao toque leve ou ao estímulo com alfinete
determinam o estado do V º par craniano. Sensibilidade no conduto
auditivo externo e movimentos da mímica facial informam a função do
VII ° par craniano. Elevação e reflexo palatais (IX º e X º pares).
Movimentação dos músculos esternocleidomastoideo e trapézio (XI º
par) e protrusão e movimentação da língua (XII º par craniano).
Os testes de equilíbrio avaliam o equilíbrio estático e o dinâmico.
As provas para a avaliação clínica do equilíbrio estático são:
Teste de Romberg (1846):
O paciente permanece em pé, com os pés juntos e olhos
fechados, braços soltos ou colados no corpo. o normal é é o paciente
manter-se estático.
Na vestibulopatia periférica o paciente desloca-se da posição
vertical para tentar compensar a sensação de movimento, que sente,
inclinando-se para lado do labirinto afetado que deve coincidir com a
direção da componente lenta do nistágmo.
Em alterações centrais ocorrem os movimentos para frente ou
para trás e nos distúrbios proprioceptivos não existe um lado
preferencial para a queda. Nos distúrbios cerebelares o paciente
mantém a base alargada (abasia).

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Esta prova pode ser sensibilizada pelo teste de Romberg-
Barré, colocando-se um pé adiante do outro, em linha reta,
diminuindo a base de sustentação.
Teste de apoio monopodal de Uemura:
Consiste em equilibrar-se sobre um pé com os olhos fechados, o
que não é possível no indivíduo com vestibulopatia unilateral ou
bilateral. É um teste de difícil realização no idoso.
Prova dos braços estendidos:
Consiste no paciente ficar em pé à frente do examinador com os
dedos indicadores paralelamente, apontando para os do examinador e
com os olhos fechados o examinador observa se o indivíduo consegue
se manter com os braços nesta mesma posição por 1 minuto.
Nas vestibulopatias centrais há queda de um ou ambos os braços
e os desvios são desconjugados. Nas vestibulopatias periféricas ocorre
o movimento conjugado dos braços para o lado do labirinto lesado.
Prova de indicação de Bárány (1910)
O paciente é sentado e um objeto é mantido a sua frente (por
exemplo, o dedo do examinador), com os olhos fechados o paciente irá
aponta repetidamente para o objeto.
Se um dos labirintos do paciente não estiver funcionando
adequadamente, este sentirá a ilusão de movimento do objeto e
apontará para o lado do mesmo. o dedo deslocará para o lado afetado.
Esta alteração somente será observada na presença de uma lesão
vestibular unilateral. Este deslocamento é rapidamente corrigido pela
compensação vestibular central.

Testes do Reflexo Vestíbulo-Ocular

Olhos de boneca (resposta oculocefálica)

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O examinador movimenta a cabeça do paciente para tráz e para
frente no plano horizontal e vertical. ocorrerá um estímulo vísuo-
vestibular. a presença de movimentos compensatórios conjugados
indicará normalidade das vias vestíbulooculares. a presença de
movimentos deconjugados indicará lesão no facículo longitudinal
medial, neurônios oculomotores ou músculos oculares.
Prova de agitação cefálica - “Head-Shaking Nystagmus”:
O paciente é submetido a oscilações da cabeça em diferentes
direções por 18 segundos. Estas oscilações são repetidas três vezes e
então é registrado o movimento ocular observando-se parâmetros de
nistagmo, como latência direção e velocidade angular. É um teste bem
tolerado pelo paciente e pode ser realizado com lentes de Frenzel.

Provas de Equilíbrio dinâmico (Avaliação da Marcha)

Prova de Babinski-Weill (1913). (Marcha em estrela)


Mantendo os olhos fechados, o paciente dá repetidamente cinco
passos para frente e cinco passos para trás por 30 segundos.
Nos indivíduos saudáveis não ocorrem desvios da marcha. no
distúrbio vestibular unilateral os passos formarão a figura de uma
estrela, deslocando-se para o lado afetado (lado da lesão vestibular
unilateral).
Nos distúrbios centrais podem ser observadas a marcha ébria
(cerebelar), marcha ceifante (hemiplegia), marcha talonante (funículo
posterior).
Prova de Fukuda:
O teste é realizado sobre três círculos concêntricos desenhados
no chão, com raios de 0,5m de diferença entre si. São divididos em 12
partes iguais, por retas que cruzam o centro, formando um ângulo de
30°.

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O paciente marcha, elevando os joelhos aproximadamente 45°
sem deslocar-se, executando 60 passos (um por segundo) com os
braços estendidos e os olhos fechados.
São considerados resultados patológicos se houver deslocamento
maior do que 1m e/ou rotação superior a 30°. Este teste é útil no
acompanhamento de pacientes com patologias vestibulares periféricas
durante o tratamento por fornecer sinais da ocorrência de compensação
vestibular.
Teste de Unterberger (1938):
O paciente fecha os olhos e estende os braços horizontalmente
para frente e começa a caminhar sem sair do lugar, levantando os
joelhos o mais alto possível por 01 minuto.
Nas situações de labirintopatia periférica descompensada
unilateral ocorrerá desvio para o lado comprometido, em direção a
componente lenta do nistágmo. São considerados positivos para o teste
desvios maiores que 45 o.

Testes da função cerebelar:

Provas índex nariz, índex-índex e índex-joelho


Índex-índex: o paciente realiza movimento de elevação e
abaixamento dos braços, com os olhos fechados, usando os dedos do
médico como referência. Se o paciente tocar o ponto de partida a prova
é negativa.
Índex-nariz: de braços estendidos ao lado do corpo, com os olhos
fechados, o paciente deverá realizar manobras tocando com a ponta de
seu indicador a ponta de seu nariz.
Índex-joelho: com o indicador e os olhos fechados o paciente
toca várias vezes o joelho.

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Nas lesões vestibulares periféricas ocorre o desvio harmonioso
para o mesmo lado lesado. Nas patologias centrais e cerebelares
ocorrem as dismetrias.
Diádococinesia
O paciente realiza movimentos repetitivos e alternados em
pronação e supinação das mãos sobre os joelhos.
Este teste estará alterado em patologias dos hemisférios
cerebelares, ocorrendo incoordenação unilateral homolateral dos
movimentos. A incoordenação bilateral pode ocorrer em afecções do
vermis cerebelar.

Nistágmo
Nistagmo pode ser definido como um tremor associado dos
globos oculares, podendo apresentar dois componentes bem definidos,
um componente rápido e um lento.
De acordo com sua origem podemos encontrar os seguintes
nistagmos:
Nistágmo Fisiológico: encontrado nas posições extremas do olhar.
Nistágmo de fixação: pode ser de três tipos: Amblióptico (pessoas com
pouca visão), congênito (aparece com a fixação e se acentua com o
desvio ocular diminuindo com o fechar dos olhos) e de fixação
adquirido (são centrais e a lesão é no cerebelo ou no tronco cerebral).
Nistágmo Optocinético: induzido por um estímulo óptico em
movimento.
Nistágmo Vestibular: se origina no órgão vestibular, nas vias e núcleos
vestibulares, tronco, cerebelo e até no diencéfalo. É bifásico, sendo
composto por duas fases, lenta e rápida. A componente lenta é a que
desloca o olho da posição central e a componente rápida o traz de volta
para manter o objeto fixo a retina.

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MÉTODOS DE AVALIAÇÃO EM OTONEUROLOGIA

Eletronistágmografia (ENG)

O princípio da ENG é baseado na diferença que existe no


potencial da retina pigmentada que é negativo com a córnea que é
positiva. Isso gera o que é chamado de potencial córneo-retiniano que
atua como um dipolo elétrico. Um eletrodo colocado próximo ao olho
torna-se mais positivo quando o olho se aproxima e menos positivo na
direção oposta.
Os registros são feitos posicionando-se dois eletrodos (ativos)
nos cantos laterais dos olhos e um eletrodo terra (fronte) ou com um
eletrodo a mais na fronte, entre os olhos, tendo-se uma configuração
para a vectoeletronistágmografia (VENG) que permite avaliar, pela
composição de vetores, movimentos verticais e oblíquos dos olhos, o
que não é conseguido com a ENG convensional.
O exame deve ser realizado no escuro, pois o potencial córneo-
retiniano varia com a iluminação. O exame tem uma variação na
captação com uma sensibilidade que varia de 1 a 2 graus.
São registradas as fases lenta e rápida do nistágmo permitindo-se
calcular a velocidade angular da componente lenta que é um
movimento ativo, corrigida pela componente rápida que é um
movimento rápido na direção oposta. A velocidade angular da
componente lenta pode apresentar alterações que auxiliam na
avaliação da função vestibular. Este cálculo é realizado manualmente
nos polígrafos (ENG convencional) e automaticamente nos
equipamentos computadorizados que permitem também uma análise
de outros parâmetros (ENG computadorizada).
A videonistágmografia (VNG) tem por objetivo avaliar a
origem vestibular de tonturas ou alteração do equilíbrio. tem como

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princípio a filmagem dos movimentos dos olhos iluminados com luz
infravermelha no escuro completo. são registrados por meio de
computador os movimentos dos olhos que podem ser voluntários,
espontâneos e estimulados (nistagmos).
Tem como características maior rapidez no registro, não utilizam
eletrodos, não ocorrendo flutuação de polarização de eletrodos. uma só
calibração é realizada. os movimentos dos olhos são observados sem
artefatos e em tempo real e também permite medidas manuais, além
das informatizadas.
Os registros permitem uma medida do limiar, ganho e fase,
velocidade da componente lenta do nistágmo, freqüência. tem uma
sensibilidade de 1/16 º e maior precisão que a ENG de 1/4 º.
Durante o exame de ENG, VENG ou Videonistágmografia são
registrados:
Calibração
Movimentos sacádicos
Movimentos oculares espontâneos
Movimentos oculares semiespontâneos
Rastreio ocular
Nistágmo optocinético
Nistágmos de posição
Nistágmo pós-rotatório
Nistágmo pós-calórico

Prova de agitação cefálica - “Head-Shaking Nystagmus” (com o


uso de Lentes de Frenzel)

O paciente, utilizando as lentes de Frenzel é submetido a


oscilações da cabeça em diferentes direções por cerca de 18 segundos.
Estas oscilações são repetidas três vezes e então é registrado o

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movimento ocular observando-se parâmetros de nistagmo, como
latência direção e velocidade angular. É um teste bem tolerado pelo
paciente e não requer equipamento sofisticado.
Os óculos de Frenzel são constituídos de lentes de + 30 dioptrias,
utilizados para que o paciente não consiga fixa objetos, permitindo que
com o aumento dos olhos seja possível a melhor visualização do
nistágmo.
A presença de nistágmo após a movimentação cefálica é anormal e
indica disfunção vestíbulo-ocular e nos quadros vestibulares
periféricos o nistágmo bate em direção oposta ao lado lesado.

Craniocorpurografia:

É um método de registro para as provas clínicas de equilíbrio estático e


dinâmico, principalmente avalia de forma objetiva as provas vestíbulo-
espinais (provas de Romberg, Fukuda e Unterberger).

Posturografia Dinâmica Computadorizada

A posturografia é uma técnica de avaliação objetiva do controle


postural permite o estudo dos reflexos vestíbulo espinais, responsáveis
pela estabilidade postural do corpo em condições dinâmicas e
estáticas. Para a manutenção da postura deve-se levar em conta a
função vestibular e os outros distúrbios em sistema nervoso periférico
e central que podem envolver todo complexo sistema de manutenção
do equilíbrio dependente da integração de aferências vestibulares,
visuais e proprioceptivas.
A posturografia não permite um diagnóstico diferencial entre as
diversas partes do labirinto, já que são estimulados simultaneamente os
canais semicirculares e os órgãos otolíticos.

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A posturografia é utilizada como teste para distúrbios do
equilíbrio, centrais e déficits sensoriais, como monitorização de uma
terapia de reabilitação do equilíbrio e da recuperação de paciente.
Medindo o funcionamento dos 03 sistemas que participam do
controle do equilíbrio, a posturografia avalia as estratégias de
movimento para a manutenção do mesmo, mede o limite de
estabilidade do paciente e a capacidade de controle voluntário do
deslocamento do seu centro de gravidade, permite a criação e
monitorização de um programa de reabilitação personalizado e
contribui com para a prevenção de quedas

Prova de auto rotação cefálica ativa:

Permite avaliar disfunções do sistema vestibular, particularmente


do reflexo vestíbulo ocular, com movimentos de cabeça em
freqüências fisiológicas de 1 a 5 Hz. Pode ser a única alteração
encontrada no exame otneurológico.
O paciente é orientado a movimentar a cabeça de modo
progressivo o mais rápido possível nos planos horizontal e vertical
com os olhos fixos em um objeto. Os movimentos de cabeça são
captados por um acelerômetro de cabeça e registrados por meio da
ENG computadorizada.

Referências Bibliográficas:

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Revista brasileira de Otorrinolaringologia 66 (6) Parte 2


novembro/dezembro 2000suplemento nq 11.

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