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Parte III
Capítulo 67
TONTURA E VERTIGEM
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INTRODUÇÃO
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Pacientes com queixa de “tontura” e alteração do equilíbrio
devem ser avaliados minuciosamente e muitos necessitarão de uma
avaliação do sistema vestibular chamada de avaliação otoneurológica.
A avaliação otoneurológica consiste de uma anamnese e
detalhada, exame físico completo, exames laboratoriais, radiológicos,
audiológicos, eletronistágmografia ou vectoeletronistágmografia,
videonistágmografia, posturografia e, muitas vezes, potencial
vestibular miogênico.
Na avaliação otoneurológica busca-se saber se existe um
distúrbio dos sistemas relacionados ao equilíbrio, se a queixa de
tontura é rotatória vertigem ou não rotatória, definindo-se inicialmente
se a queixa é de origem vestibular ou não vestibular, como no caso de
arritmias cardíacas, hipotensões posturais, AVC, IAM, entre outras
condições. Em se tratando de uma vertigem de origem vestibular,
deverá definir se esta é periférica ou central. No caso de um quadro de
origem periférico deverá definir se existe um distúrbio vestibular
unilateral, definindo o lado comprometido ou bilateral, com
hiporreflexia, hiperreflexia ou arreflexia vestibular. Por fim deverá
definir o grau do acometimento, sua provável etiologia, nortear o
tratamento sintomático e etiológico, definindo seu prognóstico.
O elemento neurológico importante na manifestação labiríntica e
que será investigado é o Nistágmo, importante no exame físico e nos
exames otoneurológicos complementares.
O nistagmo é o sinal físico fundamental no diagnóstico
diferencial da vertigem. Deve ser pesquisado com muito critério, já
que está sempre presente nas crises de vertigens e, eventualmente, fora
delas. Não ocorre nos transtornos gástricos e nem nas afecções
cardiovasculares.
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Hipoacusia e acúfenos também podem vir associados à
vertigem, quase sempre expressando uma doença periférica no nível
dos Órgãos sensoriais cocleares, sensoriais vestibulares e/ou VIII par
craniano.
MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS
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saculares), como é o caso da doença de Meniere, a labirintite por
drogas ototóxicas, etc.
· Periférica neural: Quando a lesão ocorre nos nervos vestibulares,
como, por exemplo, na neuronite vestibular e no schwanoma
vestibular.
· Central: Quando a lesão atinge o SNC por doenças focais ou por
doenças gerais. Ex: epilepsia, esclerose múltipla, tumores da fossa
posterior, etc.
· Mista: Embora rara, quando ocorrem lesões periféricas e centrais ao
mesmo tempo. Ex: insuficiência circulatória vértebrobasilar
(especialmente em idosos), herpes-zoster oticus, doenças metabólicas,
etc.
· Indeterminada: Quando não se evidencia lesão orgânica periférica
nem central. Ex: vertigem psicogênica, de origem oftálmica, coluna
cervical, etc.
SENSAÇÕES VERTIGINOSAS
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Por questionamentos ao paciente é possível suspeitar de
comprometimento vestibular periférico ou central, como descrito no
quadro I.
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paciente pode identificar prejuízo do equilíbrio, mas com
possibilidade de deambular na fase aguda (cabeça fixa).
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Arritmias cardíacas;
Diabetes Mellitus;
Doença auto Imune;
Sífilis (VDRL)
Hipotireoidismo ou hipertireoidismo;
Hipercoleterolemia;
Hipertrigliceridemia;
Anemia;
Policitemia;
Distúrbios ovarianos (mulher) – Se presença de história clínica prévia,
há necessidade de avaliação ginecológica.
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Arritmias cardíacas;
Diabetes Mellitus.
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oculomotor, busca de ptose palpebral, avaliação da reatividade
pupilar, efeitos da fixação ocular, procura de desvios oculares,
convergência, movimentos sacádicos e oscilopsias.
Pesquisa de reflexo vestíbulo ocular com as provas de “tilt de
cabeça”, resposta óculocefálica e “Head Thrusts Test”.
Manobras posturais podem ser determinantes no diagnóstico
otoneurológico, como a manobra de Dix-Hallpike.
A avaliação de pares cranianos é fundamental. O VIII º par
craniano é avaliado por provas clínicas com o uso do diapasão (vide
capítulo XXXX - provas de Weber e Rinne). O reflexo corneano,
sensibilidade facial ao toque leve ou ao estímulo com alfinete
determinam o estado do V º par craniano. Sensibilidade no conduto
auditivo externo e movimentos da mímica facial informam a função do
VII ° par craniano. Elevação e reflexo palatais (IX º e X º pares).
Movimentação dos músculos esternocleidomastoideo e trapézio (XI º
par) e protrusão e movimentação da língua (XII º par craniano).
Os testes de equilíbrio avaliam o equilíbrio estático e o dinâmico.
As provas para a avaliação clínica do equilíbrio estático são:
Teste de Romberg (1846):
O paciente permanece em pé, com os pés juntos e olhos
fechados, braços soltos ou colados no corpo. o normal é é o paciente
manter-se estático.
Na vestibulopatia periférica o paciente desloca-se da posição
vertical para tentar compensar a sensação de movimento, que sente,
inclinando-se para lado do labirinto afetado que deve coincidir com a
direção da componente lenta do nistágmo.
Em alterações centrais ocorrem os movimentos para frente ou
para trás e nos distúrbios proprioceptivos não existe um lado
preferencial para a queda. Nos distúrbios cerebelares o paciente
mantém a base alargada (abasia).
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Esta prova pode ser sensibilizada pelo teste de Romberg-
Barré, colocando-se um pé adiante do outro, em linha reta,
diminuindo a base de sustentação.
Teste de apoio monopodal de Uemura:
Consiste em equilibrar-se sobre um pé com os olhos fechados, o
que não é possível no indivíduo com vestibulopatia unilateral ou
bilateral. É um teste de difícil realização no idoso.
Prova dos braços estendidos:
Consiste no paciente ficar em pé à frente do examinador com os
dedos indicadores paralelamente, apontando para os do examinador e
com os olhos fechados o examinador observa se o indivíduo consegue
se manter com os braços nesta mesma posição por 1 minuto.
Nas vestibulopatias centrais há queda de um ou ambos os braços
e os desvios são desconjugados. Nas vestibulopatias periféricas ocorre
o movimento conjugado dos braços para o lado do labirinto lesado.
Prova de indicação de Bárány (1910)
O paciente é sentado e um objeto é mantido a sua frente (por
exemplo, o dedo do examinador), com os olhos fechados o paciente irá
aponta repetidamente para o objeto.
Se um dos labirintos do paciente não estiver funcionando
adequadamente, este sentirá a ilusão de movimento do objeto e
apontará para o lado do mesmo. o dedo deslocará para o lado afetado.
Esta alteração somente será observada na presença de uma lesão
vestibular unilateral. Este deslocamento é rapidamente corrigido pela
compensação vestibular central.
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O examinador movimenta a cabeça do paciente para tráz e para
frente no plano horizontal e vertical. ocorrerá um estímulo vísuo-
vestibular. a presença de movimentos compensatórios conjugados
indicará normalidade das vias vestíbulooculares. a presença de
movimentos deconjugados indicará lesão no facículo longitudinal
medial, neurônios oculomotores ou músculos oculares.
Prova de agitação cefálica - “Head-Shaking Nystagmus”:
O paciente é submetido a oscilações da cabeça em diferentes
direções por 18 segundos. Estas oscilações são repetidas três vezes e
então é registrado o movimento ocular observando-se parâmetros de
nistagmo, como latência direção e velocidade angular. É um teste bem
tolerado pelo paciente e pode ser realizado com lentes de Frenzel.
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O paciente marcha, elevando os joelhos aproximadamente 45°
sem deslocar-se, executando 60 passos (um por segundo) com os
braços estendidos e os olhos fechados.
São considerados resultados patológicos se houver deslocamento
maior do que 1m e/ou rotação superior a 30°. Este teste é útil no
acompanhamento de pacientes com patologias vestibulares periféricas
durante o tratamento por fornecer sinais da ocorrência de compensação
vestibular.
Teste de Unterberger (1938):
O paciente fecha os olhos e estende os braços horizontalmente
para frente e começa a caminhar sem sair do lugar, levantando os
joelhos o mais alto possível por 01 minuto.
Nas situações de labirintopatia periférica descompensada
unilateral ocorrerá desvio para o lado comprometido, em direção a
componente lenta do nistágmo. São considerados positivos para o teste
desvios maiores que 45 o.
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Nas lesões vestibulares periféricas ocorre o desvio harmonioso
para o mesmo lado lesado. Nas patologias centrais e cerebelares
ocorrem as dismetrias.
Diádococinesia
O paciente realiza movimentos repetitivos e alternados em
pronação e supinação das mãos sobre os joelhos.
Este teste estará alterado em patologias dos hemisférios
cerebelares, ocorrendo incoordenação unilateral homolateral dos
movimentos. A incoordenação bilateral pode ocorrer em afecções do
vermis cerebelar.
Nistágmo
Nistagmo pode ser definido como um tremor associado dos
globos oculares, podendo apresentar dois componentes bem definidos,
um componente rápido e um lento.
De acordo com sua origem podemos encontrar os seguintes
nistagmos:
Nistágmo Fisiológico: encontrado nas posições extremas do olhar.
Nistágmo de fixação: pode ser de três tipos: Amblióptico (pessoas com
pouca visão), congênito (aparece com a fixação e se acentua com o
desvio ocular diminuindo com o fechar dos olhos) e de fixação
adquirido (são centrais e a lesão é no cerebelo ou no tronco cerebral).
Nistágmo Optocinético: induzido por um estímulo óptico em
movimento.
Nistágmo Vestibular: se origina no órgão vestibular, nas vias e núcleos
vestibulares, tronco, cerebelo e até no diencéfalo. É bifásico, sendo
composto por duas fases, lenta e rápida. A componente lenta é a que
desloca o olho da posição central e a componente rápida o traz de volta
para manter o objeto fixo a retina.
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MÉTODOS DE AVALIAÇÃO EM OTONEUROLOGIA
Eletronistágmografia (ENG)
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princípio a filmagem dos movimentos dos olhos iluminados com luz
infravermelha no escuro completo. são registrados por meio de
computador os movimentos dos olhos que podem ser voluntários,
espontâneos e estimulados (nistagmos).
Tem como características maior rapidez no registro, não utilizam
eletrodos, não ocorrendo flutuação de polarização de eletrodos. uma só
calibração é realizada. os movimentos dos olhos são observados sem
artefatos e em tempo real e também permite medidas manuais, além
das informatizadas.
Os registros permitem uma medida do limiar, ganho e fase,
velocidade da componente lenta do nistágmo, freqüência. tem uma
sensibilidade de 1/16 º e maior precisão que a ENG de 1/4 º.
Durante o exame de ENG, VENG ou Videonistágmografia são
registrados:
Calibração
Movimentos sacádicos
Movimentos oculares espontâneos
Movimentos oculares semiespontâneos
Rastreio ocular
Nistágmo optocinético
Nistágmos de posição
Nistágmo pós-rotatório
Nistágmo pós-calórico
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movimento ocular observando-se parâmetros de nistagmo, como
latência direção e velocidade angular. É um teste bem tolerado pelo
paciente e não requer equipamento sofisticado.
Os óculos de Frenzel são constituídos de lentes de + 30 dioptrias,
utilizados para que o paciente não consiga fixa objetos, permitindo que
com o aumento dos olhos seja possível a melhor visualização do
nistágmo.
A presença de nistágmo após a movimentação cefálica é anormal e
indica disfunção vestíbulo-ocular e nos quadros vestibulares
periféricos o nistágmo bate em direção oposta ao lado lesado.
Craniocorpurografia:
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A posturografia é utilizada como teste para distúrbios do
equilíbrio, centrais e déficits sensoriais, como monitorização de uma
terapia de reabilitação do equilíbrio e da recuperação de paciente.
Medindo o funcionamento dos 03 sistemas que participam do
controle do equilíbrio, a posturografia avalia as estratégias de
movimento para a manutenção do mesmo, mede o limite de
estabilidade do paciente e a capacidade de controle voluntário do
deslocamento do seu centro de gravidade, permite a criação e
monitorização de um programa de reabilitação personalizado e
contribui com para a prevenção de quedas
Referências Bibliográficas:
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