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UNIDADE 3
3.1. A RESTAURAÇÃO
O CONGRESSO DE VIENA (1814)
O Congresso de Viena assentou as bases políticas e jurídicas para uma ordenação da Europa que se
prolongará por um século. Nesse período, as guerras entre Estados europeus foram relativamente
poucas, mas revoluções e guerras civis foram incessantes.
Viena era o reduto do absolutismo e a Áustria tinha clara posição anti-francesa, anti-liberal (=anti-
revolucionária) e anti-nacionalismos. Metternich era o representante do absolutismo Habsburgo.
Princípios do congresso: "restauração" (retorno à situação política anterior à Revolução Francesa ou a
um modelo semelhante à Revolução Gloriosa de 1660); legitimidade (volta das dinastias "legítimas"
aos seus tronos); equilíbrio entre os países poderosos para conservação da "paz"; solidariedade
contra-revolucionária, que legitimava o princípio de intervenção.
Cinco "potências" presentes ao Congresso: Grã-Bretanha, França, Prússia, Áustria e Rússia
Objetivo dos Tratados de 1814: instauração de um sistema que assegurasse a manutenção de um
"equilíbrio" entre as potências européias; "deter a marcha da história" era a idéia implícita.
- A França deveria devolver as conquistas napoleônicas, voltando ao território que possuía em 1792.
Conforme Talleyrand, o representante francês, "A Revolução, e não a França, deve ser punida." Os
partidários da restauração ficaram satisfeitos.
- Prússia, Áustria e Rússia conseguiram expansão territorial. Vítimas foram Itália ("uma expressão
geográfica" e não política, na famosa expressão de Metternich), Polônia e Estados Balcânicos.
- Espanha e Portugal não foram contemplados nos tratados: declínio dos seus impérios coloniais. Na
América Latina havia interesse britânico nas independências e as tentativas recolonizadoras foram
obstaculizadas pela Doutrina Monroe ("América para os americanos").
- Grã-Bretanha tinha ambição de controle sobre zonas estratégicas da Europa e de outros continentes,
em função da expansão do seu comércio colonial marítimo. A Grã-Bretanha tornou-se a única grande
potência colonial.
Criação da Confederação Germânica (10/06/1815): 39 Estados substituíram os 350 do Sacro Império
Romano Germânico; disputa entre Áustria e Prússia pela supremacia dentro da Confederação (eram
39 estados soberanos encabeçados por uma Dieta presidida pela Áustria).
As Alianças:
SANTA ALIANÇA (setembro/1815): Proposta pelo Czar Alexandre l para "defesa da religião, paz e justiça";
objetivo era neutralizar ameaça revolucionária francesa.
PRÚSSIA + RÚSSIA + ÁUSTRIA X FRANÇA
QUÁDRUPLA ALIANÇA (20/11/1815): Mais eficaz que a Santa Aliança; prevenção para o caso do retorno
de Napoleão ou da Revolução: inauguração do primado das "grandes potências".
PRÚSSIA + RÚSSIA + ÁUSTRIA + INGLATERRA X FRANÇA
"Ávida por eliminar os traços da revolução e as conquistas do Império, a Europa de 1815 é uma Europa
legitimista, clerical, reacionária. É uma Europa aristocrática e desigual." (DUROSELLE, 1976, p. 11)
O critério de agrupamento dos Estados utilizado por Duroselle é a existência de assembléias, onde
pelo menos uma é eleita; as Constituições, onde existiam, eram outorgadas pelo soberano: "O
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princípio de legitimidade e a prerrogativa real não sofrem com a outorga de certas liberdades." (p. 8)
- Estados com constituição: Países Baixos, Suécia, Noruega (nordeste da Europa); alguns Estados
alemães; Confederação Suíça (única República da Europa); Inglaterra.
- Estados sem constituição: Áustria, Rússia e Prússia (monarquias absolutas); Itália; Espanha e Portugal
(até 1820). "(...) não se deve exagerar as diferenças existentes entre os Estados constitucionais e os
Estados absolutos." (p. 10)
Classes governantes: a aristocracia ainda detinha postos administrativos; a Europa era governada
pelos grandes proprietários de terras; na França e Inglaterra a nobreza tradicional estava mesclada
com uma burguesia enriquecida. Em geral, a aristocracia que rodeava os soberanos era reacionária e
anti-liberal; o clero apoiava soluções absolutistas; os regimes se apoiavam em polícias políticas; os
operários não possuíam direito de coalizão.
As burguesias
Em toda a Europa o período 1815 a 1848 foi marcado pela ascensão das burguesias, cujos tipos a
literatura da época ajudou a fixar, construir e difundir. Em todos os lugares o dinheiro era o critério que
situava alguém dentro ou fora da burguesia, mas existiam grandes distinções entre ser burguês em 1830
na Inglaterra e na Rússia.
- na Inglaterra o individualismo e o utilitarismo já se aplicavam aos problemas polícos e econômicos.
- Na Rússia a burguesia era formada por pequeno grupo de negociantes e industriais saídos eles
mesmos do meio servil. (DROZ, 1985, p. 37)
- Entre os dois extremos, existiam os tipos os mais diversos de burguesias.
- Estados alemães: economia em crescimento desde 1835, mas ainda em 1848 burguesias baseadas no
trabalho e na fortuna não eram predominantes ou comparáveis às inglesas ou francesas; conforme
Engels escrevia em meados do século XIX, padeciam de debilidade numérica e pouca concentração.
- França: Revolução de 1830 foi o momento em que burguesia francesa arrebatou o poder político, se
distinguindo tanto da aristocracia restauradora quanto do “povo”, por suas ocupações e modo de vida;
o dinheiro se converteu em modo de distinção social.
"RESTAURAÇÃO"?
* * *
Bibliografia citada:
a
BERGERON, Louis ; FURET, François ; KOSELLECK, Reinhart. La época de Ias revoluciones europeas, 1780-1848. 3 ed. México:
Siglo XXI, 1979.
a
DROZ, Jacques. Europa: restauración y revolución. 1815-1848. 9 ed. Madrid: Siglo Veintiuno, 1985.
DUROSELLE, Jean Baptiste. A Europa de 1815 aos nossos dias . Vida política e relações internacionais. São Paulo: Pioneira, 1976.
a
HOBSBAWM, Eric J. A era das revoluções. Europa, 1789-1848. 5 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. Cap. 6, p. 127 a 149.
a
HOBSBAWM, Eric J. A era do capital. 1848-1875. 4 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. Cap. 1, p. 29 a 46.
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UNIDADE 3
Hobsbawm (1986, cap. 6) identifica três principais tendências das oposições aos governos alinhados com
a restauração depois de 1815:
1. Liberais moderados
- Seriam provenientes da "classe média" superior e aristocracia liberal.
- Defendiam a Monarquia constitucional semi-britânica com sistema parlamentar de qualificação por
propriedade (oligárquico); inspirado na Constituição francesa de 1791.
3. Socialistas
- Formado por "trabalhadores pobres" ou novas classes operárias industriais.
- Inspirados nas Revoluções do Ano II e na Conspiração dos Iguais de Babeuf (1796).
- Filho do sansculotismo e da ala esquerda do robespierrismo (Saint-Just): Louis Blanc e Auguste Blanqui.
Os elementos em comum dos movimentos de oposição em 1815 eram poucos:
- Ódio pelos regimes de 1815.
- Frente comum contra a tríade monarquia absoluta - Igreja - aristocracia.
"A história do período que vai de 1815 a 1848 é a história da desintegração dessa frente unida."
(HOBSBAWM, 1986, p. 131)
Durante a Restauração (1815-1830), "distinções sociais ou mesmo nacionais ainda dividiam
significativamente a oposição européia em campos mutuamente incompatíveis" (HOBSBAWM, 1986, p.
132).
Década de 1820 - tipo de organização tendia a ser a mesma nos diferentes países: a secreta irmandade
insurrecional (modelos maçônicos, carbonários); influência cada vez maior do radicalismo (jacobinos e
babovistas).
- Carbonários: formados por elementos da média burguesia e do exército, principalmente de Nápoles,
Estados Pontifícios e Piemonte, ou seja, Estados absolutistas e repressores.
- Excetuando-se Grã-Bretanha e Estados Unidos, revolucionários consideravam-se pequena elite de
progressistas atuando entre - e para o eventual benefício de - uma massa inerte de povo ignorante; o
inimigo comum eram as monarquias absolutistas unidas pelo czar.
- Viam a Revolução como algo unificado e indivisível e não como fenômeno de libertação nacional (ideal
do internacionalismo), embora alguns desses movimentos tenham sido posteriormente embrião de
movimentos nacionais, principalmente na Itália.
Década de 1830 - forma-se certa reação nacionalista contra o internacionalismo (centrado na França)
do período carbonário.
- Radicais rejeitam confiança dos moderados em príncipes e potências: os povos devem lutar pela sua
liberdade por ação direta.
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AS "ONDAS" REVOLUCIONÁRIAS
Governos que lutaram contra Napoleão tinham como objetivo evitar uma segunda Revolução Francesa,
e se empenharam na repressão aos movimentos das oposições.
- Agitação nos Estados alemães: decepções com promessas liberais contidas na constituição da
Confederação Germânica e não cumpridas em Estados prussianos e parcialmente cumpridas em outros
leva a agitação nos meios universitários, que pressionam governos a outorgar constituições; repressão
abafa movimentos e leva a controle da imprensa e das universidades. Reivindicações liberais associadas
a nacionais. Crescimento da burguesia renana: maior pressão por medidas liberais dentro da Prússia.
- Espanha: movimento militar obriga Fernando VII a restabelecer a Constituição de 1812.
- França: assassinato do Duque de Berry (herdeiro do trono) em 1820, mas objetivos dos revolucionários
são derrotados.
- Rússia: sociedades secretas fracassam na tentativa de colocar no poder um czar constitucionalista.
Atinge toda a Europa a oeste da Rússia e Estados Unidos (onde se dão reformas para ampliação do
número de eleitores).
Agitação, guerras, libertação de países (Bélgica da Holanda, Polônia da Rússia).
Marca “derrota definitiva dos aristocratas pelo poder burguês na Europa Ocidental”; classe
governante passa a ser alta burguesia de banqueiros, industriais, altos funcionários civis (às vezes)
aceita por uma aristocracia que concorda em promover reformas burguesas desde que não ameaçada
pelo sufrágio universal (HOBSBAWM, 1986).
- Regimes se caracterizam por instituições liberais salvaguardadas da democracia por qualificações
educacionais ou censitárias para os eleitores.
- Início de período de crise do capitalismo gera intranqüilidade econômica e social.
- Povo cada vez mais identificado com os operários: intensificação dos movimentos de operários e
modificações na política das esquerdas com separação entre moderados e radicais, que tendem para o
socialismo; nova onda de movimentos de massas; movimento passa a ser dividido em diferentes
segmentos sociais e nacionais.
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É em 1830 (derrubada dos Bourbon na França) que as barricadas tornam-se símbolo de insurreição
popular.
No início das revoltas há união entre liberais moderados e radicais; no curso do movimento
liberais moderados se afastam dos radicais e podem tomar 2 caminhos:
- na Europa Ocidental
suprimiram dos governos os
radicais e democratas;
Derrota do radicalismo faz esquerdas (socialistas, anarquistas e radicais) passarem a pensar que saída
estava na revolução social e na ação direta.
Surgimento do movimento socialista e operário com mais vigor na Inglaterra e França na década de
1830.
Cartismo (1838 a 1848)
Na França o "socialismo utópico" (Saint-Simon, Fourier, Cabet) mobiliza e lidera movimento popular,
mas não faz propaganda da revolução; Auguste Blanqui retoma tradição do jacobinismo e monta
estratégia de tomada do poder pela classe operária ("ditadura do proletariado" é um termo blanquista).
Em julho de 1830 Carlos X tenta desfazer constituição; a população de Paris se revolta contra o regime
da restauração com apoio da burguesia liberal e das sociedades secretas republicanas; revolta tem
sucesso: Carlos X abdica e é exilado. A grande burguesia (representada por deputados liberais e
jornalistas) apoia subida de Luís Felipe (de Orleans) ao trono. Os socialistas republicanos retomam a
luta: revoltas eclodem em fevereiro de 1831 e junho de 1832. Mas a Monarquia de Julho se estabelece
como um regime de monarquia constitucional com apoio da grande burguesia liberal francesa, que
fornecerá suporte ao Orleanismo.
- Agitação social e política das décadas de 1830 e 1840 se soma à crise econômica, basicamente de
origem agrícola, dos anos 1846 e 1847. Em setembro e outubro de 1847 crise já estaria sendo superada,
portanto as revoluções iniciam no começo da recuperação econômica.
-"Revolução de 1848" explodiu quase que simultaneamente na França (vitória temporária), Itália,
Alemanha, Áustria, Suíça; intranqüilidade na Espanha, Dinamarca, Romênia, Irlanda, Grécia, Grã-
Bretanha.
Manifesto de Marx e Engels: 1848.
1848 afetou tanto áreas mais desenvolvidas quanto atrasadas da Europa, mas países atingidos eram
muito heterogêneos:
- Oeste: camponeses legalmente livres; "classe média", alta e média burguesia.
- Leste: servidão com nobreza detendo propriedade da terra; ideais nacionais (luta contra império dos
Habsburgo).
Grupos político-
ideológicos:
- Radicais: defendiam a
república democrática unitária
e centralizada nos moldes da
Revolução Francesa.
- Liberais Moderados: medo da
democracia (igualada à
"revolução social"); persuasão
dos príncipes para a mudança
para regimes constitucionais.
1 - Todas foram vitoriosas mas rapidamente derrotadas; com exceção da França, todos os antigos
governantes retornaram ao poder e conquistas foram destruídas.
2 - Foram de fato, ou enquanto antecipação imediata, revoluções sociais dos trabalhadores pobres:
assustaram moderados liberais que elas mesmo haviam posto no poder.
3 - Moderados não se dedicaram seriamente à revolução, exceto em países onde também estavam em
jogo a autonomia nacional ou independência: abandonaram a revolução quando as barricadas foram
montadas nas ruas.
1848 fracassou porque ficou evidente que conflito decisivo não era velhos regimes contra forças do
progresso, e sim "ordem" X "revolução social".
4 - Revolução só manteve seu ímpeto onde os radicais eram suficientemente fortes (tinham ligação com
movimento popular) para empurrar os moderados para frente ou fazer a revolução sem eles,
principalmente em países onde a questão da libertação nacional era crucial e precisava da mobilização
das massas (como Itália e Hungria).
5 - As burguesias tenderam a se alinhar com a "ordem" quando a propriedade estava ameaçada.
Burguesia deixa de ser força revolucionária nos anos 1850: liberalismo econômico sem grandes
alterações sociais.
6 - Radicais da baixa classe média, artesãos, pequenos proprietários, agricultores liderados por
intelectuais jovens e/ou marginais formavam força revolucionária significativa, mas dificilmente uma
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Fim da política da tradição na Europa Ocidental: monarquias perceberam que população não
aceitava mais legitimação por direito divino; as forças do conservadorismo tiveram de mudar de
discurso e estratégia política.
França pós-48: eleição de Luís Bonaparte (Napoleão III, sobrinho de Napoleão) em dezembro de 48;
não é nem moderado, nem conservador. "Abaixo as taxas, abaixo os ricos, abaixo a república, viva o
imperador!": os trabalhadores pobres votaram em Luís Bonaparte contra a República dos ricos. Eleição
de Luís Bonaparte representou que mesmo o sufrágio universal (que era identificado com a revolução)
era compatível com a manutenção da ordem social.
* * *
Bibliografia citada:
BERGERON, Louis , FURET, François , KOSELLECK, Reinhart. La época de Ias revoluciones europeas, 1780-1848. 3a ed. México:
Siglo XXI, 1979.
a
DROZ, Jacques. Europa: restauración y revolución. 1815-1848. 9 ed. Madrid: Siglo Veintiuno, 1985.
DUROSELLE, Jean Baptiste. A Europa de 1815 aos nossos dias. Vida política e relações internacionais. São Paulo: Pioneira, 1976.
HOBSBAWM, Eric J. A era das revoluções. Europa, 1789-1848. 5a ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. Cap. 6, p. 127 a 149.
HOBSBAWM, Eric J. A era do capital. 1848-1875. 4a ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. Cap. 1, p. 29 a 46.
UFRGS/IFCH/DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA HUM03070/HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA I-A PROF. CLÁUDIA MAUCH 2012/2
UNIDADE 3
CRONOLOGIA DA HISTÓRIA POLÍTICA DA FRANÇA ENTRE 1814 E 1871
1814
Napoleão Bonaparte assina sua abdicação formal (6/4).
No mesmo dia, o Senado proclama rei o Conde da Provença, irmão de Luís XVI que adota o título de Luís XVIII
“Rei da França e Navarra”: RESTAURAÇÃO BOURBON apoiada pelas potências aliadas e por um decisivo grupo de
figuras públicas francesas interessadas na garantia de sua riqueza e status. Luís XVIII tenta promover fusão dos
diferentes componentes políticos da elite francesa: aristocracia pré-1789, emigrados realistas, funcionários
napoleônicos e alguns ex-republicanos.
Promulgação de uma nova Constituição (4/6): monarquia constitucional, parlamento bicameral (Câmara de
Pares do Reino escolhidos pelo rei e Câmara de Deputados eleitos pelos Departamentos), garantia das
liberdades civis de inspiração liberal, das terras distribuídas pela Revolução e da manutenção das patentes,
honrarias e títulos napoleônicos; catolicismo romano declarado como religião do Estado; sufrágio censitário.
Derrota de Napoleão em 1814 representou o estabelecimento de nova ordem internacional na Europa:
TRATADOS DE 1814 pretendem privar a França dos territórios conquistados por Napoleão, impedir o
ressurgimento do expansionismo francês, obter recompensas territoriais para as potências européias
(principalmente Áustria, Inglaterra e Rússia) e estabelecer um sistema que promovesse a paz e estabilidade
européias. Aceitação dos tratados por Luís XVIII é considerada humilhação nacional por parte dos franceses.
Contra a Restauração, forma-se aliança entre constitucionais, bonapartistas e “jacobinos”.
1815
Napoleão Bonaparte foge de seu exílio na ilha de Elba e desembarca na costa francesa com cerca de mil
homens (1/3), chegando em vinte dias a Paris com apoio de setores do exército descontentes com os Bourbon
e da população das cidades por onde passou, estimulando fervor bonapartista.
Luís XVIII foge para a Bélgica (20/3) e Napoleão toma o poder: CEM DIAS.
Promulgação de uma nova Constituição denominada “Ato adicional à Constituição do Império” aprovada em
plebiscito por cerca de um milhão e meio de cidadãos.
Representantes das potências européias no Congresso de Viena decidem opor-se ao golpe de Estado.
Fracassando em suas tratativas diplomáticas de conseguir apoio internacional com garantias que não violaria
os acordos de 1814, Napoleão parte para a ofensiva, invadindo a Bélgica (16/6). É derrotado dois dias depois
em WATERLOO pela infantaria britânica (18/6). Em Paris, abdica pela segunda vez (22/6).
Luís XVIII imediatamente retoma o poder. Restauração bourbônica implica um retorno à situação de 1792.
Santa Aliança (set.): Rússia, Prussia e Áustria contra França.
“Quádrupla Aliança” (20/11): Rússia, Prussia, Áustria e Inglaterra contra França.
1820
Assassinato do Delfim (Duque de Berry, herdeiro do trono): Conde de Artois (futuro Carlos X), irmão de Luís
XVIII e chefe “ultra-realista” desde 1815, entra na linha de sucessão.
Onda de anti-liberalismo e realismo fervoroso.
1824
Carlos X assume o trono.
1827
Dissolução da Guarda Nacional de Paris.
Restabelecimento da censura à imprensa.
1830
Carlos X tenta desfazer a Constituição. Em julho população de Paris com apoio da burguesia liberal e de
sociedades secretas se revolta contra o regime da restauração: Carlos X é forçado a abdicar e é exilado.
Com apoio da grande burguesia, deputados liberais e jornalistas, sobe ao trono Luís Felipe, Duque de Orleans:
MONARQUIA DE JULHO (Louis-Philipe d’Orléans tomou o título de Rei dos franceses, em oposição ao de Rei da
França)
Sociedades republicanas retomam a luta política: revoltas em fevereiro de 1831, junho de 1832 e abril de 1834.
1835
Luís Felipe sofre atentado (28/7).
Leis da Imprensa tentam silenciar jornais legitimistas e republicanos, mas Le National (principal jornal
republicano de Paris) continuou sendo publicado.
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1836
Tentativa de sublevação militar promovida por Luís Napoleão Bonaparte (30/10).
1839
Membros da Sociedade das Estações (republicanos anarquistas) tentam tomar o poder em Paris liderados por
Armand Barbès e Auguste Blanqui (12/5).
1840
Le National lidera campanha pela ampliação do direito de voto em eleições parlamentares.
Novo atentado a Luís Felipe.
Governo chefiado por Adolphe Thiers envolve a França em conflitos no Oriente Médio e no Egito.
Thiers é substituído pelo liberal François Guizot (out.): início do período de estabilidade governamental até
1846.
Período 1840 a 1846: crise agrícola; expansão industrial; boom especulativo; problemas sociais.
Impopularidade de Guizot em função de sua política de cooperação anglo-francesa e conservadorismo na
política interna.
1847
Vitória governista nas eleições parlamentares de agosto de 1846 estimula agitação em prol da ampliação do
direito de voto.
Campanha dos banquetes pró-reforma (julho/1847 a fevereiro/1848).
1848
Fevereiro: deposição e abdicação de Luis Filipe (24/2): II REPÚBLICA - GOVERNO PROVISÓRIO
23 de abril: eleições para Assembléia Nacional (sufrágio masculino direto) - desunião da esquerda = vitória dos
republicanos moderados; socialistas em minoria.
Governo formado por uma Comissão Executiva com cinco membros.
15 de maio: invasão da Assembléia e repressão aos radicais (Blanqui, Albert, Barbès).
Junho: fechamento das oficinas nacionais.
Insurreição de Junho (de 22 a 24/6): “Liberdade ou morte” + “Às armas”
Constituição (setembro): unicameralismo, presidencialismo, sufrágio universal masculino.
10 de dezembro: eleições; Luis Napoleão Bonaparte eleito presidente com 74% dos votos.
1851
2 de dezembro: golpe de estado de Luis Napoleão Bonaparte (Napoleão III) - II IMPÉRIO.
1870
19 de julho: França declara guerra à Prússia - Guerra Franco-Prussiana (1870 e 1871); Inglaterra, Áustria e Itália
ficam neutras.
1 de setembro: Batalha de Sedan - Napoleão III é capturado: queda do II Império.
o
4 de setembro: golpe de estado por iniciativa dos republicanos moderados Favre e Gambetta - Governo de
Defesa Nacional, REPÚBLICA.
Setembro: sítio à Paris, que capitula em janeiro de 1871.
1871
Fevereiro: Assembléia Nacional nomeia Thiers Chefe do Executivo; França perde região da Alsácia-Lorena e
deve pagar indenização à Prússia (Paz de Versalhes), além de ter seu território ocupado por 3 anos.
agravamento do antagonismo entre França e Alemanha; hegemonia alemã na Europa.
1o de março: alemães entram em Paris e estoura insurreição popular socialista.
28 de março: governo de Thiers foge para Versalhes - COMUNA DE PARIS: projeto de Estado formado por uma
federação de comunas livres e autônomas.
Maio: repressão à Comuna liderada por Mac Mahon - Semana Sangrenta (cerca de 20 mil execuções).
Transição: Thiers como presidente provisório negocia evacuação alemã mediante indenização.
1873
Mac Mahon eleito presidente como transição para a restauração monárquica.
Câmara decide proclamar III REPÚBLICA: instabilidade de governos (50 trocas até 1914).