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UFRGS/IFCH/DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA HUM03070/HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA I-A PROF.

CLÁUDIA MAUCH 2012/2

UNIDADE 3

3.1. A RESTAURAÇÃO
O CONGRESSO DE VIENA (1814)
O Congresso de Viena assentou as bases políticas e jurídicas para uma ordenação da Europa que se
prolongará por um século. Nesse período, as guerras entre Estados europeus foram relativamente
poucas, mas revoluções e guerras civis foram incessantes.
 Viena era o reduto do absolutismo e a Áustria tinha clara posição anti-francesa, anti-liberal (=anti-
revolucionária) e anti-nacionalismos. Metternich era o representante do absolutismo Habsburgo.
 Princípios do congresso: "restauração" (retorno à situação política anterior à Revolução Francesa ou a
um modelo semelhante à Revolução Gloriosa de 1660); legitimidade (volta das dinastias "legítimas"
aos seus tronos); equilíbrio entre os países poderosos para conservação da "paz"; solidariedade
contra-revolucionária, que legitimava o princípio de intervenção.
 Cinco "potências" presentes ao Congresso: Grã-Bretanha, França, Prússia, Áustria e Rússia
 Objetivo dos Tratados de 1814: instauração de um sistema que assegurasse a manutenção de um
"equilíbrio" entre as potências européias; "deter a marcha da história" era a idéia implícita.
- A França deveria devolver as conquistas napoleônicas, voltando ao território que possuía em 1792.
Conforme Talleyrand, o representante francês, "A Revolução, e não a França, deve ser punida." Os
partidários da restauração ficaram satisfeitos.
- Prússia, Áustria e Rússia conseguiram expansão territorial. Vítimas foram Itália ("uma expressão
geográfica" e não política, na famosa expressão de Metternich), Polônia e Estados Balcânicos.
- Espanha e Portugal não foram contemplados nos tratados: declínio dos seus impérios coloniais. Na
América Latina havia interesse britânico nas independências e as tentativas recolonizadoras foram
obstaculizadas pela Doutrina Monroe ("América para os americanos").
- Grã-Bretanha tinha ambição de controle sobre zonas estratégicas da Europa e de outros continentes,
em função da expansão do seu comércio colonial marítimo. A Grã-Bretanha tornou-se a única grande
potência colonial.
 Criação da Confederação Germânica (10/06/1815): 39 Estados substituíram os 350 do Sacro Império
Romano Germânico; disputa entre Áustria e Prússia pela supremacia dentro da Confederação (eram
39 estados soberanos encabeçados por uma Dieta presidida pela Áustria).

As Alianças:
 SANTA ALIANÇA (setembro/1815): Proposta pelo Czar Alexandre l para "defesa da religião, paz e justiça";
objetivo era neutralizar ameaça revolucionária francesa.
PRÚSSIA + RÚSSIA + ÁUSTRIA X FRANÇA
 QUÁDRUPLA ALIANÇA (20/11/1815): Mais eficaz que a Santa Aliança; prevenção para o caso do retorno
de Napoleão ou da Revolução: inauguração do primado das "grandes potências".
PRÚSSIA + RÚSSIA + ÁUSTRIA + INGLATERRA X FRANÇA

Estrutura interna dos Estados em 1815:

"Ávida por eliminar os traços da revolução e as conquistas do Império, a Europa de 1815 é uma Europa
legitimista, clerical, reacionária. É uma Europa aristocrática e desigual." (DUROSELLE, 1976, p. 11)

 O critério de agrupamento dos Estados utilizado por Duroselle é a existência de assembléias, onde
pelo menos uma é eleita; as Constituições, onde existiam, eram outorgadas pelo soberano: "O
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princípio de legitimidade e a prerrogativa real não sofrem com a outorga de certas liberdades." (p. 8)
- Estados com constituição: Países Baixos, Suécia, Noruega (nordeste da Europa); alguns Estados
alemães; Confederação Suíça (única República da Europa); Inglaterra.
- Estados sem constituição: Áustria, Rússia e Prússia (monarquias absolutas); Itália; Espanha e Portugal
(até 1820). "(...) não se deve exagerar as diferenças existentes entre os Estados constitucionais e os
Estados absolutos." (p. 10)
 Classes governantes: a aristocracia ainda detinha postos administrativos; a Europa era governada
pelos grandes proprietários de terras; na França e Inglaterra a nobreza tradicional estava mesclada
com uma burguesia enriquecida. Em geral, a aristocracia que rodeava os soberanos era reacionária e
anti-liberal; o clero apoiava soluções absolutistas; os regimes se apoiavam em polícias políticas; os
operários não possuíam direito de coalizão.

As burguesias

Em toda a Europa o período 1815 a 1848 foi marcado pela ascensão das burguesias, cujos tipos a
literatura da época ajudou a fixar, construir e difundir. Em todos os lugares o dinheiro era o critério que
situava alguém dentro ou fora da burguesia, mas existiam grandes distinções entre ser burguês em 1830
na Inglaterra e na Rússia.
- na Inglaterra o individualismo e o utilitarismo já se aplicavam aos problemas polícos e econômicos.
- Na Rússia a burguesia era formada por pequeno grupo de negociantes e industriais saídos eles
mesmos do meio servil. (DROZ, 1985, p. 37)
- Entre os dois extremos, existiam os tipos os mais diversos de burguesias.
- Estados alemães: economia em crescimento desde 1835, mas ainda em 1848 burguesias baseadas no
trabalho e na fortuna não eram predominantes ou comparáveis às inglesas ou francesas; conforme
Engels escrevia em meados do século XIX, padeciam de debilidade numérica e pouca concentração.
- França: Revolução de 1830 foi o momento em que burguesia francesa arrebatou o poder político, se
distinguindo tanto da aristocracia restauradora quanto do “povo”, por suas ocupações e modo de vida;
o dinheiro se converteu em modo de distinção social.

"RESTAURAÇÃO"?

A queda de Napoleão Bonaparte colocou em questão a sobrevivência (e prosseguimento) da Revolução


Francesa ou não: os homens de Estado de 1815 pretendiam estancar a revolução e muitos desejavam
"fazer o relógio andar para trás", como os ultra-realistas e emigrados franceses, que queriam um
regresso à situação anterior a 1789, o que implicaria revogação da Declaração dos Direitos do Homem
de 1789 e da igualdade jurídica presente nos códigos napoleônicos.
 Tal como entendida no Congresso de Viena, a "restauração" significava o restabelecimento de
situação anterior à Revolução Francesa: para alguns, conforme modelo inglês da Revolução Gloriosa;
para os mais reacionários, como a monarquia francesa anterior a 1789. Mas esse sentido de
restauração se tornou impossível, pois o próprio termo tende a ignorar em 1815 a quantidade de
objetivos revolucionários atingidos até a era napoleônica. Assim, o termo restauração acabou por se
converter na designação de um "partido" para os contemporâneos (BERGERON, FURET e KOSELLECK,
1979).
 A "Paz de 1815" é tanto resultado da Revolução Francesa, como resposta das forças tradicionais à
Revolução Francesa, camuflada em uma "restauração".
 A "verdadeira" restauração se limitou a 3 tipos de Estados:
- Espanha de Fernando VII: revogação da Constituição de 1812 e restabelecimento da Inquisição.
- Roma: reorganização dos Estados Pontifícios, com redução dos judeus a guetos e rejeição das
"modernidades iluministas".
3
- Cantões suíços e cidades do Império Germânico onde foram restabelecidas constituições patrícias e
estamentais.

* * *

Bibliografia citada:
a
BERGERON, Louis ; FURET, François ; KOSELLECK, Reinhart. La época de Ias revoluciones europeas, 1780-1848. 3 ed. México:
Siglo XXI, 1979.
a
DROZ, Jacques. Europa: restauración y revolución. 1815-1848. 9 ed. Madrid: Siglo Veintiuno, 1985.
DUROSELLE, Jean Baptiste. A Europa de 1815 aos nossos dias . Vida política e relações internacionais. São Paulo: Pioneira, 1976.
a
HOBSBAWM, Eric J. A era das revoluções. Europa, 1789-1848. 5 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. Cap. 6, p. 127 a 149.
a
HOBSBAWM, Eric J. A era do capital. 1848-1875. 4 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. Cap. 1, p. 29 a 46.
UFRGS/IFCH/DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA HUM03070/HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA I-A PROF. CLÁUDIA MAUCH 2012/2

UNIDADE 3

3.2. AS REVOLUÇÕES DE 1820, 1830 E 1848

Hobsbawm (1986, cap. 6) identifica três principais tendências das oposições aos governos alinhados com
a restauração depois de 1815:

1. Liberais moderados
- Seriam provenientes da "classe média" superior e aristocracia liberal.
- Defendiam a Monarquia constitucional semi-britânica com sistema parlamentar de qualificação por
propriedade (oligárquico); inspirado na Constituição francesa de 1791.

2. Democratas radicais (ou "Radicais")


- Formado pela classe média inferior, parte dos novos industriais, intelectuais e pequena nobreza
descontente.
- Ideário inspirado na Revolução Francesa de 1792-1793: república democrática com inclinação para
"Estado de bem-estar social" e animosidade em relação aos ricos (constituição jacobina de 1793).
- "Jacobinismo" é o que melhor o representa, mas grupo formava conjunto variado e confuso.

3. Socialistas
- Formado por "trabalhadores pobres" ou novas classes operárias industriais.
- Inspirados nas Revoluções do Ano II e na Conspiração dos Iguais de Babeuf (1796).
- Filho do sansculotismo e da ala esquerda do robespierrismo (Saint-Just): Louis Blanc e Auguste Blanqui.
 Os elementos em comum dos movimentos de oposição em 1815 eram poucos:
- Ódio pelos regimes de 1815.
- Frente comum contra a tríade monarquia absoluta - Igreja - aristocracia.

"A história do período que vai de 1815 a 1848 é a história da desintegração dessa frente unida."
(HOBSBAWM, 1986, p. 131)
Durante a Restauração (1815-1830), "distinções sociais ou mesmo nacionais ainda dividiam
significativamente a oposição européia em campos mutuamente incompatíveis" (HOBSBAWM, 1986, p.
132).

 Década de 1820 - tipo de organização tendia a ser a mesma nos diferentes países: a secreta irmandade
insurrecional (modelos maçônicos, carbonários); influência cada vez maior do radicalismo (jacobinos e
babovistas).
- Carbonários: formados por elementos da média burguesia e do exército, principalmente de Nápoles,
Estados Pontifícios e Piemonte, ou seja, Estados absolutistas e repressores.
- Excetuando-se Grã-Bretanha e Estados Unidos, revolucionários consideravam-se pequena elite de
progressistas atuando entre - e para o eventual benefício de - uma massa inerte de povo ignorante; o
inimigo comum eram as monarquias absolutistas unidas pelo czar.
- Viam a Revolução como algo unificado e indivisível e não como fenômeno de libertação nacional (ideal
do internacionalismo), embora alguns desses movimentos tenham sido posteriormente embrião de
movimentos nacionais, principalmente na Itália.
 Década de 1830 - forma-se certa reação nacionalista contra o internacionalismo (centrado na França)
do período carbonário.
- Radicais rejeitam confiança dos moderados em príncipes e potências: os povos devem lutar pela sua
liberdade por ação direta.
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AS "ONDAS" REVOLUCIONÁRIAS
Governos que lutaram contra Napoleão tinham como objetivo evitar uma segunda Revolução Francesa,
e se empenharam na repressão aos movimentos das oposições.
- Agitação nos Estados alemães: decepções com promessas liberais contidas na constituição da
Confederação Germânica e não cumpridas em Estados prussianos e parcialmente cumpridas em outros
leva a agitação nos meios universitários, que pressionam governos a outorgar constituições; repressão
abafa movimentos e leva a controle da imprensa e das universidades. Reivindicações liberais associadas
a nacionais. Crescimento da burguesia renana: maior pressão por medidas liberais dentro da Prússia.
- Espanha: movimento militar obriga Fernando VII a restabelecer a Constituição de 1812.
- França: assassinato do Duque de Berry (herdeiro do trono) em 1820, mas objetivos dos revolucionários
são derrotados.
- Rússia: sociedades secretas fracassam na tentativa de colocar no poder um czar constitucionalista.

1a onda revolucionária (1820-1824)


 Caracteriza-se pela luta política em prol
do estabelecimento de constituições.
 Limitada ao Mediterrâneo: Grécia
(única vitoriosa), Espanha, Portugal
(Revolução Constitucionalista do Porto
em 1820), Nápoles (carbonários).
 Influência nas independências da
América Latina, organização de
irmandades secretas compostas por
elites de liberais progressistas que
organizariam a revolução contra as
restaurações em nome do "povo".

2a onda revolucionária (1829-1834)

 Atinge toda a Europa a oeste da Rússia e Estados Unidos (onde se dão reformas para ampliação do
número de eleitores).
 Agitação, guerras, libertação de países (Bélgica da Holanda, Polônia da Rússia).
 Marca “derrota definitiva dos aristocratas pelo poder burguês na Europa Ocidental”; classe
governante passa a ser alta burguesia de banqueiros, industriais, altos funcionários civis (às vezes)
aceita por uma aristocracia que concorda em promover reformas burguesas desde que não ameaçada
pelo sufrágio universal (HOBSBAWM, 1986).
- Regimes se caracterizam por instituições liberais salvaguardadas da democracia por qualificações
educacionais ou censitárias para os eleitores.
- Início de período de crise do capitalismo gera intranqüilidade econômica e social.
- Povo cada vez mais identificado com os operários: intensificação dos movimentos de operários e
modificações na política das esquerdas com separação entre moderados e radicais, que tendem para o
socialismo; nova onda de movimentos de massas; movimento passa a ser dividido em diferentes
segmentos sociais e nacionais.
3

 É em 1830 (derrubada dos Bourbon na França) que as barricadas tornam-se símbolo de insurreição
popular.

 No início das revoltas há união entre liberais moderados e radicais; no curso do movimento
liberais moderados se afastam dos radicais e podem tomar 2 caminhos:

- na Europa Ocidental
suprimiram dos governos os
radicais e democratas;

- no Leste a revolução foi


vencida e moderados
confiaram reformas aos
governos.

 Derrota do radicalismo faz esquerdas (socialistas, anarquistas e radicais) passarem a pensar que saída
estava na revolução social e na ação direta.
 Surgimento do movimento socialista e operário com mais vigor na Inglaterra e França na década de
1830.
 Cartismo (1838 a 1848)
 Na França o "socialismo utópico" (Saint-Simon, Fourier, Cabet) mobiliza e lidera movimento popular,
mas não faz propaganda da revolução; Auguste Blanqui retoma tradição do jacobinismo e monta
estratégia de tomada do poder pela classe operária ("ditadura do proletariado" é um termo blanquista).

A Revolução de 1830 na França:

Em julho de 1830 Carlos X tenta desfazer constituição; a população de Paris se revolta contra o regime
da restauração com apoio da burguesia liberal e das sociedades secretas republicanas; revolta tem
sucesso: Carlos X abdica e é exilado. A grande burguesia (representada por deputados liberais e
jornalistas) apoia subida de Luís Felipe (de Orleans) ao trono. Os socialistas republicanos retomam a
luta: revoltas eclodem em fevereiro de 1831 e junho de 1832. Mas a Monarquia de Julho se estabelece
como um regime de monarquia constitucional com apoio da grande burguesia liberal francesa, que
fornecerá suporte ao Orleanismo.

3a onda revolucionária: as Revoluções de 1848

"A primavera dos povos"


"Em poucas semanas nenhum governo ficou de pé numa área da Europa que hoje é ocupada
completa ou parcialmente por dez Estados, sem contar as repercussões em um bom número de
outros. (...)1848 foi a primeira revolução potencialmente global (...)." (Hobsbawm, 1988, p. 30)
4

 - Agitação social e política das décadas de 1830 e 1840 se soma à crise econômica, basicamente de
origem agrícola, dos anos 1846 e 1847. Em setembro e outubro de 1847 crise já estaria sendo superada,
portanto as revoluções iniciam no começo da recuperação econômica.
 -"Revolução de 1848" explodiu quase que simultaneamente na França (vitória temporária), Itália,
Alemanha, Áustria, Suíça; intranqüilidade na Espanha, Dinamarca, Romênia, Irlanda, Grécia, Grã-
Bretanha.
 Manifesto de Marx e Engels: 1848.
 1848 afetou tanto áreas mais desenvolvidas quanto atrasadas da Europa, mas países atingidos eram
muito heterogêneos:
- Oeste: camponeses legalmente livres; "classe média", alta e média burguesia.
- Leste: servidão com nobreza detendo propriedade da terra; ideais nacionais (luta contra império dos
Habsburgo).

 Grupos político-
ideológicos:
- Radicais: defendiam a
república democrática unitária
e centralizada nos moldes da
Revolução Francesa.
- Liberais Moderados: medo da
democracia (igualada à
"revolução social"); persuasão
dos príncipes para a mudança
para regimes constitucionais.

 Características comuns das revoluções de 1848, segundo Hobsbawm (1988, p. 33 a 43):

1 - Todas foram vitoriosas mas rapidamente derrotadas; com exceção da França, todos os antigos
governantes retornaram ao poder e conquistas foram destruídas.
2 - Foram de fato, ou enquanto antecipação imediata, revoluções sociais dos trabalhadores pobres:
assustaram moderados liberais que elas mesmo haviam posto no poder.
3 - Moderados não se dedicaram seriamente à revolução, exceto em países onde também estavam em
jogo a autonomia nacional ou independência: abandonaram a revolução quando as barricadas foram
montadas nas ruas.
 1848 fracassou porque ficou evidente que conflito decisivo não era velhos regimes contra forças do
progresso, e sim "ordem" X "revolução social".
4 - Revolução só manteve seu ímpeto onde os radicais eram suficientemente fortes (tinham ligação com
movimento popular) para empurrar os moderados para frente ou fazer a revolução sem eles,
principalmente em países onde a questão da libertação nacional era crucial e precisava da mobilização
das massas (como Itália e Hungria).
5 - As burguesias tenderam a se alinhar com a "ordem" quando a propriedade estava ameaçada.
 Burguesia deixa de ser força revolucionária nos anos 1850: liberalismo econômico sem grandes
alterações sociais.
6 - Radicais da baixa classe média, artesãos, pequenos proprietários, agricultores liderados por
intelectuais jovens e/ou marginais formavam força revolucionária significativa, mas dificilmente uma
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alternativa política; alinhavam-se com a esquerda democrática. Trabalhadores pobres careciam de


lideranças e organização para se constituírem como alternativa política.

 1848 foi a primeira revolução na


qual socialistas/comunistas
apareceram na linha de frente:
Marx, Louis Blanc, L. Auguste
Blanqui, Bakunin, Proudhon,
Mazzini; mas ainda não havia
clareza e consenso sobre a
revolução social.

 Principais mudanças provocadas por 1848, apesar da derrota das revoluções:

 Fim da política da tradição na Europa Ocidental: monarquias perceberam que população não
aceitava mais legitimação por direito divino; as forças do conservadorismo tiveram de mudar de
discurso e estratégia política.
 França pós-48: eleição de Luís Bonaparte (Napoleão III, sobrinho de Napoleão) em dezembro de 48;
não é nem moderado, nem conservador. "Abaixo as taxas, abaixo os ricos, abaixo a república, viva o
imperador!": os trabalhadores pobres votaram em Luís Bonaparte contra a República dos ricos. Eleição
de Luís Bonaparte representou que mesmo o sufrágio universal (que era identificado com a revolução)
era compatível com a manutenção da ordem social.

 Efeitos de 1848 para Duroselle:


- Esperanças das nacionalidades foram frustradas (mapa político dos estados europeus ficou o mesmo).
- Sufrágio universal na França (apesar do golpe de 1851) foi, a longo prazo, vitória da democracia.
- Destruição dos últimos vestígios de regimes senhoriais onde subsistiam, menos na Rússia (abolição da
servidão só em 1861).
- Maior parte dos Estados conservou suas constituições nos anos seguintes.

* * *
Bibliografia citada:
BERGERON, Louis , FURET, François , KOSELLECK, Reinhart. La época de Ias revoluciones europeas, 1780-1848. 3a ed. México:
Siglo XXI, 1979.
a
DROZ, Jacques. Europa: restauración y revolución. 1815-1848. 9 ed. Madrid: Siglo Veintiuno, 1985.
DUROSELLE, Jean Baptiste. A Europa de 1815 aos nossos dias. Vida política e relações internacionais. São Paulo: Pioneira, 1976.
HOBSBAWM, Eric J. A era das revoluções. Europa, 1789-1848. 5a ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. Cap. 6, p. 127 a 149.
HOBSBAWM, Eric J. A era do capital. 1848-1875. 4a ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. Cap. 1, p. 29 a 46.
UFRGS/IFCH/DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA HUM03070/HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA I-A PROF. CLÁUDIA MAUCH 2012/2

UNIDADE 3
CRONOLOGIA DA HISTÓRIA POLÍTICA DA FRANÇA ENTRE 1814 E 1871
1814
 Napoleão Bonaparte assina sua abdicação formal (6/4).
 No mesmo dia, o Senado proclama rei o Conde da Provença, irmão de Luís XVI que adota o título de Luís XVIII
“Rei da França e Navarra”: RESTAURAÇÃO BOURBON apoiada pelas potências aliadas e por um decisivo grupo de
figuras públicas francesas interessadas na garantia de sua riqueza e status. Luís XVIII tenta promover fusão dos
diferentes componentes políticos da elite francesa: aristocracia pré-1789, emigrados realistas, funcionários
napoleônicos e alguns ex-republicanos.
 Promulgação de uma nova Constituição (4/6): monarquia constitucional, parlamento bicameral (Câmara de
Pares do Reino escolhidos pelo rei e Câmara de Deputados eleitos pelos Departamentos), garantia das
liberdades civis de inspiração liberal, das terras distribuídas pela Revolução e da manutenção das patentes,
honrarias e títulos napoleônicos; catolicismo romano declarado como religião do Estado; sufrágio censitário.
 Derrota de Napoleão em 1814 representou o estabelecimento de nova ordem internacional na Europa:
TRATADOS DE 1814 pretendem privar a França dos territórios conquistados por Napoleão, impedir o
ressurgimento do expansionismo francês, obter recompensas territoriais para as potências européias
(principalmente Áustria, Inglaterra e Rússia) e estabelecer um sistema que promovesse a paz e estabilidade
européias. Aceitação dos tratados por Luís XVIII é considerada humilhação nacional por parte dos franceses.
 Contra a Restauração, forma-se aliança entre constitucionais, bonapartistas e “jacobinos”.
1815
 Napoleão Bonaparte foge de seu exílio na ilha de Elba e desembarca na costa francesa com cerca de mil
homens (1/3), chegando em vinte dias a Paris com apoio de setores do exército descontentes com os Bourbon
e da população das cidades por onde passou, estimulando fervor bonapartista.
 Luís XVIII foge para a Bélgica (20/3) e Napoleão toma o poder: CEM DIAS.
 Promulgação de uma nova Constituição denominada “Ato adicional à Constituição do Império” aprovada em
plebiscito por cerca de um milhão e meio de cidadãos.
 Representantes das potências européias no Congresso de Viena decidem opor-se ao golpe de Estado.
Fracassando em suas tratativas diplomáticas de conseguir apoio internacional com garantias que não violaria
os acordos de 1814, Napoleão parte para a ofensiva, invadindo a Bélgica (16/6). É derrotado dois dias depois
em WATERLOO pela infantaria britânica (18/6). Em Paris, abdica pela segunda vez (22/6).
 Luís XVIII imediatamente retoma o poder. Restauração bourbônica implica um retorno à situação de 1792.
 Santa Aliança (set.): Rússia, Prussia e Áustria contra França.
 “Quádrupla Aliança” (20/11): Rússia, Prussia, Áustria e Inglaterra contra França.
1820
 Assassinato do Delfim (Duque de Berry, herdeiro do trono): Conde de Artois (futuro Carlos X), irmão de Luís
XVIII e chefe “ultra-realista” desde 1815, entra na linha de sucessão.
 Onda de anti-liberalismo e realismo fervoroso.
1824
 Carlos X assume o trono.
1827
 Dissolução da Guarda Nacional de Paris.
 Restabelecimento da censura à imprensa.
1830
 Carlos X tenta desfazer a Constituição. Em julho população de Paris com apoio da burguesia liberal e de
sociedades secretas se revolta contra o regime da restauração: Carlos X é forçado a abdicar e é exilado.
 Com apoio da grande burguesia, deputados liberais e jornalistas, sobe ao trono Luís Felipe, Duque de Orleans:
MONARQUIA DE JULHO (Louis-Philipe d’Orléans tomou o título de Rei dos franceses, em oposição ao de Rei da
França)
 Sociedades republicanas retomam a luta política: revoltas em fevereiro de 1831, junho de 1832 e abril de 1834.
1835
 Luís Felipe sofre atentado (28/7).
 Leis da Imprensa tentam silenciar jornais legitimistas e republicanos, mas Le National (principal jornal
republicano de Paris) continuou sendo publicado.
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1836
 Tentativa de sublevação militar promovida por Luís Napoleão Bonaparte (30/10).
1839
 Membros da Sociedade das Estações (republicanos anarquistas) tentam tomar o poder em Paris liderados por
Armand Barbès e Auguste Blanqui (12/5).
1840
 Le National lidera campanha pela ampliação do direito de voto em eleições parlamentares.
 Novo atentado a Luís Felipe.
 Governo chefiado por Adolphe Thiers envolve a França em conflitos no Oriente Médio e no Egito.
 Thiers é substituído pelo liberal François Guizot (out.): início do período de estabilidade governamental até
1846.
 Período 1840 a 1846: crise agrícola; expansão industrial; boom especulativo; problemas sociais.
Impopularidade de Guizot em função de sua política de cooperação anglo-francesa e conservadorismo na
política interna.
1847
 Vitória governista nas eleições parlamentares de agosto de 1846 estimula agitação em prol da ampliação do
direito de voto.
 Campanha dos banquetes pró-reforma (julho/1847 a fevereiro/1848).
1848
 Fevereiro: deposição e abdicação de Luis Filipe (24/2): II REPÚBLICA - GOVERNO PROVISÓRIO
 23 de abril: eleições para Assembléia Nacional (sufrágio masculino direto) - desunião da esquerda = vitória dos
republicanos moderados; socialistas em minoria.
 Governo formado por uma Comissão Executiva com cinco membros.
 15 de maio: invasão da Assembléia e repressão aos radicais (Blanqui, Albert, Barbès).
 Junho: fechamento das oficinas nacionais.
 Insurreição de Junho (de 22 a 24/6): “Liberdade ou morte” + “Às armas”
 Constituição (setembro): unicameralismo, presidencialismo, sufrágio universal masculino.
 10 de dezembro: eleições; Luis Napoleão Bonaparte eleito presidente com 74% dos votos.
1851
 2 de dezembro: golpe de estado de Luis Napoleão Bonaparte (Napoleão III) - II IMPÉRIO.
1870
 19 de julho: França declara guerra à Prússia - Guerra Franco-Prussiana (1870 e 1871); Inglaterra, Áustria e Itália
ficam neutras.
 1 de setembro: Batalha de Sedan - Napoleão III é capturado: queda do II Império.
o

 4 de setembro: golpe de estado por iniciativa dos republicanos moderados Favre e Gambetta - Governo de
Defesa Nacional, REPÚBLICA.
 Setembro: sítio à Paris, que capitula em janeiro de 1871.
1871
 Fevereiro: Assembléia Nacional nomeia Thiers Chefe do Executivo; França perde região da Alsácia-Lorena e
deve pagar indenização à Prússia (Paz de Versalhes), além de ter seu território ocupado por 3 anos.
 agravamento do antagonismo entre França e Alemanha; hegemonia alemã na Europa.
 1o de março: alemães entram em Paris e estoura insurreição popular socialista.
 28 de março: governo de Thiers foge para Versalhes - COMUNA DE PARIS: projeto de Estado formado por uma
federação de comunas livres e autônomas.
 Maio: repressão à Comuna liderada por Mac Mahon - Semana Sangrenta (cerca de 20 mil execuções).
 Transição: Thiers como presidente provisório negocia evacuação alemã mediante indenização.
1873
 Mac Mahon eleito presidente como transição para a restauração monárquica.
 Câmara decide proclamar III REPÚBLICA: instabilidade de governos (50 trocas até 1914).

  

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA PARA ELABORAÇÃO DA CRONOLOGIA:


AGULHON, Maurice. 1848: o aprendizado da república . Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991.
FORTESCUE, William. Revolução e contra-revolução na França (1815-1852). São Paulo: Martins Fontes, 1992.
GONZÁLEZ, Horácio. A Comuna de Paris. Os assaltantes do céu. São Paulo: Brasiliense, 1981. (Coleção Tudo é História, 24)

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