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Universidade Federal Fluminense

Disciplina: História do tempo presente

1) Explique o que Marilena Chauí entende por combinação entre história


providencialista e história profético milenarista e como a combinação resulta no
poder populista.

Marilena Chauí, ressalta em seu texto “Raízes Teológicas do populismo” o que ela
chama de um segundo elemento do mito fundador- este mito fundador Marilena Chauí
explica que existe porque impõe-se um vínculo interno com o passado como origem,
um passado que acaba não permitindo uma diferença temporal e que se mantém no
presente-, que vai lançar-nos a história. Ela diz tratar-se de uma história que é teológica
ou providencialista, que significa a história como a realização da vontade divina ou do
plano de Deus. Segundo Chauí, quem melhor instituiu-a foi Santo Agostinho, pensando
o tempo como ocasião para o cumprimento do plano divino. Santo Agostinho pensou a
história como teofania, epifania, profecia e soteriologia.Asssim a autora ressalta:

“Com a vinda de Jesus, cumpriu-se a promessa de redenção e


terminou o tempo real, restando apenas o tempo empírico de
nossas vidas individuais. Como humanos mortais, estamos na
eternidade- participando da Igreja, Jerusálem Terrestre- e,
como humanos dotados de uma alma imortal, participaremos
da eternidade- o Reino de Deus como Jerusalém Terrestre. O
verdadeiro tempo já transcorreu, restando agora, a oposição
entre o século( tempo profano nulo) e a eternidade (ausência de
tempo). (CHAUI, Marilena,1994, p.25)

Marilena Chauí ressalta que contraposta a essa história, existe um terceiro


elemento que contribui para elaboração mítica do Brasil, que é a história messiânica
milenarista. Esta história é considerada herética pela ortodoxia cristã e retomada pelos
franciscanos e em seguida pelos navegantes e pelos jesuítas. Tem como elaborador
Joaquim Friori. Explica que dois traços principais dessa história é a divisão em 3 eras,
ou seja, Pai, Filho e Espírito Santo, ou da lei, da graça e da sabedoria e embate entre
Cristo e o Anti-Cristo, com a vitória de Cristo que prepara o Juízo Final e a Instauração
do reino de Deus na terra que será para sempre.

Para Marilena, a história agostiniana é apropriada pela camada dirigente da


Igreja e pelas classes dominantes, enquanto a história joaquimita é apropriada por todos
os dissidentes cristãos e pelas classes populares. Segundo sua perspectiva é com essa
matriz que as classes populares podem acessar à política como uma luta entre o bem e
mal, e no qual a questão central não seria o poder, mas a luta e a felicidade.

Marilena Chauí acredita no populismo como uma política da classe dominante, e


esta política se ergue sobre um mito fundador. Os dominantes surgem como uma função
de messianismo. No populismo não há intermediários, o governante aparece como um
herói que vai salvar o povo. O governante transcende, está fora dão sociedade.
Transcende os grupos sociais e ao mesmo tempo é imanente porque faz parte da
sociedade e precisa fazer com que as pessoas se idenfitiquem com ele. Todo líder
populista tem um carisma e através dele passa a ter o exercício do poder legitimado. Ela
termina seu texto afirmando que “a matriz mítica preserva a personalização do poder,
impede a operação das mediações e reforça o autoritarismo social e o populismo
político.” CHAUI, 1994,p.30).

2) Aborde a reemergência do populismo na América Latina nos anos 90.

Décio de Azevedo inicia seu artigo, explicitando que na década de 80, os


intelectuais progressistas tinham a esperança de que se implantasse na América Latina
uma democracia que fosse autêntica e sólida, mas que já nos anos 90 este quadro se
alterou, há uma expansão do pluripartidarismo, e além disso, estes intelectuais
perceberam que na América Latina que os regimes políticos em última instância
poderiam ser qualificados como democracias populistas.

Décio de Azevedo Saes ressalta que fatos como a vitória de Carlos Menem na
Argentina, o personalismo do presidente Collor e o personalismo e a super- exposição
de Salinas, presidente do México, a sobrevivência política de Leonel Brizola nos anos
50-60 e o discurso paternalista do presidente Itamar Franco, levaram a grande imprensa
a falar de um neopopulismo latino- americano.

Segundo o autor, os processos políticos frequentemente qualificados como


populistas, não são, todos eles, de uma mesma natureza.
Retoma Richard Sennett para falar da relação política na sociedade capitalista.
Ressalta que para Senett, “na sociedade capitalista, o líder político que parte na busca do
poder obtém credibilidade e legitimidade junto a um certo público, não pelo conteúdo
de suas ações políticas nem pelos seus programas políticos, mas pelo tipo de homem
que ele aparenta ser, o tipo de homem que ele mostra ser.” Décio Saes recuperando mais
uma vez Sennet, acredita que a personalidade do líder torna-se o próprio conteúdo da
relação política.

Segundo Saes, os anos 90 vão reservar uma surpresa aos analistas políticos da
América Latina, é neste período que surgirá um novo discurso político. Segundo ele este
discurso proprõe que: “(...) o governo substitua, como no populismo clássico, a
organização política independente das massas trabalhadoras na posição de uma política
que resulte, em última instância, em redistribuição de renda nacional.” (SAES, Décio.
1994,p. 47). Assim, segundo ele, vai se desenvolver nos anos 90 uma retórica utilizada
por Menes, Collor, Salinas, etc; uma retórica populista neoliberal.

A sua hipótese para que a população aceite este nova variantes do populismo latino-
americano, é que o crescimento da intervenção estatal em concentração de renda
nacional e não acompanhou a implantação de um Welfare State na América Latina.

Por fim, o autor acredita que a questão do populismo na América Latina é um


quadro político complexo. Ele acredita que as relações sociais capitalistas acaba
acentuando as práticas de auto-exposição dos líderes políticos e que só uma ação
consciente dos partidos políticos de esquerda, poderá mudar isso.

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