Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Hoje há cerca de 700 samaritanos. Seu idioma de uso comum é o hebraico moderno e o
árabe palestino, enquanto para atos litúrgicos utilizam o hebraico samaritano
Por volta de 1000 a.C., os Israelitas viviam nas terras altas situadas a oeste do rio
Jordão, assim como numa área situada um pouco a leste deste rio, no actual território da
Jordânia. Segundo a Bíblia, os Israelitas dividiam-se em doze tribos, que alimentavam
rivalidades mais ou menos intensas umas com as outras.
Ainda de acordo com a Bíblia, estas tribos teriam sido unificadas em cerca de 1000 a.C
pelo rei Saul, que foi sucedido por David; este foi por sua vez sucedido pelo seu filho
Salomão[1].
Depois da morte de Salomão, em cerca de 930 a.C., dez tribos do norte separaram-se e
formaram o reino de Israel, também conhecido como reino da Samaria, devido ao nome
da cidade que se tornou a sua capital no século IX a.C. Este reino tornou-se vizinho e
por vezes rival do reino do Sul, o reino de Judá.
[editar] Os dois reinos
Num contexto em que a religião e a política não estão separadas, o controle da religião é
um aspecto importante do poder. Assim, cada reino fixou os seus próprios lugares de
culto. O do reino de Iehudá foi instalado em Jerusalém, enquanto que os do reino de
Israel situavam-se em diversos pontos, encontrando-se os mais importantes nas
extremidades norte e sul do reino, em Betel e em Dan. Nos primeiros séculos esta
diversidade de templos não representou um problema e não gerou qualquer tipo de
cisma. Saliente-se que antes do ano 1000 a.C. não existiam locais de culto permanentes,
como mostra a Bíblia (o profeta Samuel, por exemplo, era sacerdote no santuário de
Silo). O fenómeno estava relacionado com a ausência de uma centralização do poder
inerente à vida das tribos.
De acordo com a Bíblia, as tribos do reino de Israel tinham uma inclinação para o
pecado. Sobre os seus templos lança-se a acusação de estarem abertos aos ritos pagãos e
de não serem verdadeiramente israelitas. Não é possível provar a realidade destas
acusações, que de qualquer forma demonstram uma hostilidade da malchut Iehudá para
com o malchut Israel.
Em 722 a.C. a saber o rei Salmaneser, os Assírios conquistaram o reino de Israel, que
transformaram numa província do seu império. O reino de Judá aceitou submeter-se à
soberania dos Assírios como estado vassalo, tendo por isso sobrevivido mais algum
tempo. Restabeleceu a sua independência durante o reinado de Josias, tendo sido
destruído pelos Babilónios e a sua população deportada em 586-587 a.C.
De acordo com o II Livro de Reis, que se pensa ter sido redigido em meados do século
VI a.C. (pelo menos cento e cinquenta anos após os acontecimentos), a população do
reino de Israel foi deportada para outras regiões do Império Assírio como castigo pelos
seus pecados. De seguida, esta população teria misteriosamente desaparecido (as "Dez
Tribos perdidas de Israel").
A Bíblia refere que povos estrangeiros foram transladados para habitar o território das
populações deportadas. Estes estrangeiros teriam criado uma religião nova, que
misturava elementos hebraicos e pagãos, e encontram-se na origem dos Samaritanos[2].
Em 586 a.C., o reino de Judá cai perante o inimigo, e uma parte da sua população é
deportada para a Babilônia. Após a libertação dos exilados por Ciro II em 537 a.C.,
estes decidem reconstruir o templo de Jerusalém. O Samaritanos oferecem então a sua
ajuda, mas esta é rejeitada, tal como descreve o Livro de Esdras.
O reino selêucida foi um reino de cultura helenística governado por uma dinastia de
origem macedónia, que resultou da divisão do império de Alexandre, o Grande. Embora
de início tivesse uma extensão territorial considerável, em pouco tempo restringiu-se à
região da Síria-Palestina. O reino afirmou fortemente a cultura grega, o que num
primeiro momento não representou um problema para os judeus e samaritanos que
viviam na Palestina. A situação alterou-se durante o reinado de Antíoco VI Epifânio
(175-163 a.C.), que lança uma campanha de helenização forçada das populações do seu
reino. A decisão de em 168 a.C. consagrar o Templo de Jerusalém a Zeus obteve a
aprovação de alguns judeus, gerando a revolta de outros, liderados pelos Macabeus.
Segundo o Livro dos Macabeus, tropas samaritanas teriam se unido em 166 a.C. ao
exército selêucida para combater os judeus durante a revolta dos Macabeus. No domínio
da religião, os Samaritanos teriam também aceitado transformar o templo do Monte
Gerizim num templo helenístico.
No entanto, esta aliança política com os Selêucidas não deixou rastro nos samaritanos
quando o domínio selêucida terminou. É portanto possível que tenha sido uma aliança
política sem conteúdo religioso, embora esta aceitação reforce a acusação de paganismo
que já se encontrava presente no Livro dos Reis.
As relações com os judeus foram em geral negativas durante toda a Antiguidade. Existia
entre eles um odio recíproco. Depois do sucesso da revolta judaica contra os selêucidas,
o novo reino dos Hasmoneus, governado por João Hircano I conquista Siquém e destrói
o templo do Monte Gerizim (108 a.C.).
No reinado de Adriano (de 117 a 138), os judeus e os samaritanos foram castigados com
a proibição de celebrarem o shabat e as festas, bem como de praticarem a circuncisão e
os banhos rituais. As crônicas samaritanas atribuem a Adriano a destruição de todos os
seus livros sagrados, com excepção do Pentateuco e da genealogia dos sacerdotes.
Justiniano I
Assim, o imperador Zenão I lança-se de ataque aos judeus e aos samaritanos. Durante o
seu reinado o templo dos samaritanos foi destruído pela segunda vez e desta feita de
forma definitiva, não tendo sido reconstruído.
Sob a condução de um líder carismático e messiânico, chamado Julianus ben Sabar (ou
ben Sahir), os Samaritanos revoltaram-se em 529. Com a ajuda dos ghassanidas (árabes
cristãos), o imperador Justiniano esmaga a revolta. Dezenas de milhares de Samaritanos
foram mortos ou vendidas como escravos. Outros converteram-se, sem dúvida como
maneira de escapar à repressão. De uma população de pelo menos centenas de milhares
de pessoas, passa-se rapidamente a uma pequena população. O Império Bizantino foi o
responsável pela transformação dos samaritanos de um povo que ocupava uma região
onde se desenvolveu a uma minoria submetida[carece de fontes?].
Um último levantamento sem sucesso teve lugar em 594, tendo contribuído ainda mais
para a queda demográfica da população samaritana.
Hoje a população samaritana é estimada em cerca de 670 pessoas (2005), que vivem no
monte Gerizim e em Holon, comunidade essa criada pelo segundo presidente de Israel,
Yitzhak Ben-Zvi, em 1954 .
Devido a sua resistência a aceitar convertidos, a comunidade samaritana tem sido
reduzida grandemente, além de enfrentar enfermidades genéticas. Apenas em tempos
recentes foi aceito que homens da comunidade se casem com mulheres judias não-
samaritanas.
Para os Samaritanos, aquilo que os judeus chamam de primeiro mandamento ("Eu sou o
Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão") é apenas uma
apresentação que Deus faz de si próprio; assim, o primeiro mandamento dos
Samaritanos é o segundo mandamento dos Judeus ("Não terás outros deuses diante de
mim"). Segundo os Samaritanos os judeus fizeram da apresentação de Deus o primeiro
mandamento depois de terem retirado como décimo mandamento o dever de considerar
o Monte Gerizim como local de culto.
As crianças são iniciadas no estudo da Torá quando tem quatro ou cinco anos. Quando a
criança leu a Torá por completo tem lugar uma cerimónia especial; atingir este objectivo
pode variar segundo a criança, pelo que a cerimónia pode ocorrer entre os seis e os dez
anos.
[editar] Doutrinas
Os cálculos do calendário e dos dias das festas são feitos pelos sacerdotes. Duas vezes
por ano o sumo sacerdote samaritano distribui o calendário para o período de seis meses
que se segue. Nestas duas ocasiões cada homem samaritano paga ao sumo sacerdote
uma quantia de dinheiro (em alusão ao meio siclo de Êxodo 30:11-16)
Os Samaritanos celebram sete festas religiosas: Pessach (Páscoa), Massot (a Festa dos
Pães Ázimos), Shavuot, a Festa do Sétimo Mês, Iom Kippur, Sucot e Shemini Aseret
(festa do último dia de Sucot). Três destas festas implicam a realização de uma
peregrinação ao Monte Gerizim.
O sacrifício é realizado no Monte Gerizim, embora no passado tenha sido celebrado nas
povoações samaritanas. Durante o sacrifício o sumo sacerdote lê as passagens do Êxodo
associadas ao dever religioso. O abate dos animais ocorre no preciso momento em que o
sumo sacerdote lê o texto do Êxodo 12:6.
[editar] Outras práticas
Para além destas crenças e festas, os Samaritanos procuram seguir estas práticas:
1. Viver perto do Monte Gerizim (o que é posto em causa com a instalação de uma
parte da comunidade em Israel).
2. Participação obrigatória de toda a comunidade no sacrifício da Páscoa.
3. Observância do Shabat.
4. Respeito pelas regras de pureza descritas na Torá. Neste sentido, os Samaritanos
ainda seguem as regras do Levítico abandonadas pelos judeus, como a obrigação
da mulher se isolar da comunidade durante o período da menstruação ou depois
de ter dado à luz.
Os Samaritanos utilizam mezuzot mais grossas que as mezuzot judaicas, mas recusam o
uso dos tefilin.
Os Samaritanos de Nablus vivem quase todos num bairro da cidade há vários séculos.
O rei Hussein da Jordânia comprou terras perto do Monte Gerizim, que entregou à
comunidade samaritana, que as utilizou para construir uma aldeia de nome Kiryat Luza.
Esta localidade é o centro espiritual da comunidade, encontrando-se nela a residência do
sumo sacerdote.
Depois da Guerra dos Seis Dias, a administração militar israelita da Cisjordânia, sob
pressão da comunidade samaritana de Israel, colocou em prática uma política favorável
aos samaritanos de Nablus. Apesar de terem beneficiado desta política, os Samaritanos
tiveram o cuidado de não apareceram como traidores aos olhos dos palestinianos,
desempenhando por vezes um papel de intermediários entre a população de Nablus e o
exército israelita.
Do ponto de vista religioso, os Samaritanos são dirigidos por um sumo sacerdote que
reside em Nablus. Os sacerdotes afirmam-se descendentes da tribo sacerdotal de Levi.
Depois da guerra de 1967, as duas comunidades (a de Nablus e de Holon) criaram cada
um um conselho de sete membros eleitos. Estes conselhos encarregam-se dos assuntos
civis da comunidade e servem de interlocutores com as autoridades israelitas e
palestinianas.
A maioria dos casamentos é feita no seio da mesma "casa", o que não contribui para
melhorar os problemas de consanguinidade que a comunidade conhece.
Numa nova tentativa de solucionar a situação, Eleazar ben Tsedaka, sumo sacerdote dos
Samaritanos desde 2004, emitiu uma directiva que autoriza os homens da sua
comunidade a casar com mulheres oriundas de qualquer meio religioso, desde que estas
se convertam à fé samaritana antes do casamento.