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2 O PROCESSO DE “ROEDURA’ DO CONTINENTE EA CONFERENCIA DE BERLIM Oo impulso de “roedura” Tratar da partilha européia e da conquista da Africa, significa repor 0 protagonismo europeu no momento em que sio tragadas as modernas fronteiras do continente na Conferéncia de Berlim (1884-1885), desencadeando-se um processo cujas conseqiiéncias se fazem sentir até os dias atuais. Nesse sentido, a conferéncia ¢ © grande marco ua expanse do proceso de “roedura” do continente, iniciado por volta de 1430 com a entrada portuguesa na Africa." Impelidos, a principio, pela necessidade de trigo ¢ outros cereais para abastecimento do reino ¢, a seguir, pelos ganhos com metais precio- sos € especiarias, a meta dos “viajantes-exploradores” financiados pelo rei de Por- tugal era alcangar as Indias por via maritima, uma vez que 0 acesso por terra, de Tanger & regido de Safim, lhes fora impedido pelos turcos otomanos até & batalha de Lepanto, em 1571.” Contornando a costa ocidental da Africa, atingiram 0 Cabo Bojador (1434), havendo registros — como o de Gomes Eanes Zurara, na sua Crénica da Guiné— referentes a uma atividade comercial composta pela aqui- sigdo de negros tornados cativos ¢ de ouro dos muculmanos.* (veja mapa 2.1) Também ha que se registrar a chegada de Cadamosto, veneziano ao servico de Lisboa, e do portugués Diogo Gomes, respectivamente em 1455 e 1456, no 1. E oportuno registrar que a historiografia portuguesa considera a conquista de Ceuta, em 1415, a ppenetragio na costa do Marrocos até a batalha de Alcicer-Quibir, travada em 1578, entre D. Se- bastido, rei de Portugal, ¢ 0 rei do Marrocos como os marcos iniciais do “tempo africano”. 2. GODINHO, Vitorino M. Os descobrimentos ¢ a economia mundial. Lisboa: Presenga, 1963-1971, 4 v. 3. O referido texto foi publicado em 1841, pelo Visconde de Santarém, com base em um manus- tito existente na Biblioteca Nacional de Paris, LEILA LEITE HERNANDEZ, 46 L066T ‘vIDUVD 2 OLINAVE We Opeeseg] “TAX OP o1stura AX Songs Sou ‘oURDTAe aUaUALOD Op ,eINpaot, apossasid O - [Z Dani cor tung S571 (1a9D)epue ou equa, ares Hen aoepeeHL sesso on ona A AFRICA NA SALA DE AULA 47 tio Gambia, uma das principais vias de acesso ao interior do continente até ao século XIX, além de importante rota de escoamento de ouro e de grande quanti- dade de cscravos do Bambuk. Por sua vez, em 1456, também chegaram ao rio Grande, entrando em contato com o Império do Mali Tendo por alvo o reforgo ¢ a protegao do expansionismo portugués ao rei D. Afonso V, “o Africano”, foi elaborada a bula Romanus Pontifex, que ameaga- va de excomunhao os que burlassem © monopélio ultramarino outorgado pelo papa Nicolau V. Explorando 0 carter cosmopolita, aterritorial do capital co- mercial acumulado nas pracas européias, “Portugal langou precocemente as ba- ses de uma drea imperial de mercado”. O relato de Cadamosto da conta de que no ano de 1456 ele atingiu pe- quenos pontos da costa ocidental africana. Definidos como “portos de trato”® do litoral, foram importantes no fomento do mercado negreiro ao longo de toda a zona subsaariana, registrando 0 escambo de negros por montarias, va- lendo cada cavalo de dez a vinte escravos. Em 1482, na chamada Costa do Ouro, mais precisamente no promontério do Golfo da Guiné, foram construidos 0 forte ¢ 0 castelo de Sao Jorge da Mina, primeiras edificacdes européias ao sul do Saara. Da regido, eram obtidos ouro e, sobretudo, escravos. E sabido que, até meados do século XVI, cerca de 300 mil individuos da Costa dos Escravos ¢ do Congo foram vendidos na Mina Velha, tendo o Brasil por destino.° Esse escoamento da Africa Ocidental foi completa do mais tarde por Pinda, na Africa central, importante fornecedora de negros, cobre e marfim (veja mapa 2.2). No ano seguinte, 1483, Diogo Cao, buscando 0 cami- nho das Indias, subiu 0 rio Congo ¢ acabou encontrando 0 reino do Congo, atual regiio ao norte de Angola, parte da Repiiblica do Congo ¢ da Repiiblica Democratica do Con- go. Interessante destacar que 0 reino do Congo, cuja dura- sao se estendeu até o ultimo quartel do século XVII (mais precisamente em 1665, quando foi destruido por tropas lu- sas, afticanas e brasileiras), teve um mani (senhor), 0 Mani- congo, que se declarou convertido ao cristianismo, em 1512, como forma de se opor as linhagens rivais “animistas”. Recebeu 0 nome de D. Joao I ¢ arrastou boa parte da nobreza para a conversio ¢ a mudanga de no- 4, ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos viventes. Formagio do Brasil no Axlantico Sul. Séo Pau- lo: Campanhia das Tetras, 2000. p. 30. 5. A expressio € utilizada por Luiz F. de Alencastro, op. cit. p. 46. 6. Ibidem, p. 64.

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