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XV

Semana de Pós-Graduação em

Ciências Sociais da unesp/fclaR

CIÊNCIAS SOCIAIS EM TEMPOS DE CRISE:

NOVOS DISPOSITIVOS DE CONTROLE

E RETRAÇÃO DE DIREITOS

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara

Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais

http://www.xvsemana.coletivando.org/
INFORMAÇÕES TÉCNICAS

Comissão Científica: Ana Clara Citelli; André de Oliveira Gerônimo; Bruno


Gracias Dio; Cínthia Xavier da Silva; Douglas Delgado; Elaine Apolônio; Everton
Henrique Faria; Geander Barbosa das Mercês; Guilherme Bemerguy Chêne
Neto; Guilherme de Matos Floriano; Igor Lula Pinheiro Silva; Isaías Albertin de
Moraes; Jader Tadeu Fantin; João Mauro Gomes Vieira de Carvalho; José Lucas
da Silva; Marina Corrêa dos Santos; Matheus Felipe Silva; Richard Douglas
Coelho Leão; Tainá Veloso Justo; Valdirene Ferreira Santos; Vladimir Bertapeli.

Arte e Diagramação: André de Oliveira Gerônimo

Semana de Pós-Graduação em Ciências Sociais (15. : 2016 : Araraquara, SP)

Ciências Sociais em Tempos de Crise: Novos Dispositivos de Controle e


Retração de Direitos; Caderno de resumos da XV Semana de Pós-Graduação
em Ciências Sociais / XV Semana de Pós-Graduação em Ciências Sociais;
Araraquara, 2016 (Brasil).

Documento eletrônico. - Araraquara: FCL-UNESP, 2016.

Modo de acesso: http://www.xvsemana.coletivando.org/

ISBN Online: 978-85-8359-033-0

1. Pós-Graduação. 2. Ciências sociais. I. Título.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da FCLAr – UNESP.


Grupo de trabalho I:
Antropologia, cidades e micropolíticas - Sessão A

Etnografia urbana com grupos


periféricos na cidade de Ribeirão Preto
Luis Phellipe de Souza Thomaz Dantas.................................................................36

O Sistema é a Bomba e o Pavio – O projeto da Literatura


Marginal/Periférica revisto a partir dos Coletivos
Poesia na Brasa e Perifatividade em São Paulo
Silvio Rogério dos Santos........................................................................................37

Corpos e subjetividades esportivas nos contextos urbanos


Valentina Iragola Cairoli..........................................................................................38

Cotidiano e Feira Livre:


uma interpretação sobre a sua construção e desenvolvimento
Marcus Vinicius de Souza Perez de Carvalho.......................................................39

Fashion’s cities? Cidades da Moda no Brasil


João Paulo Aprígio Moreira.....................................................................................40

O que fazem os jovens no Shopping? Sociabilidade e interações


sociais urbanas ancoradas na relação consumo e identificação
Felipe Roberto Petenussi........................................................................................41

O consumo de moda por grupos de baixa renda:


reflexões sobre o trabalho de campo
Beatriz Sumaya Malavasi Haddad.........................................................................42

O acesso a moradia, a construção habitacional


de padrão econômico e as possíveis racionalidades
que se formam a partir da compra dessa habitação
Gabriela Lanza Porcionato.....................................................................................43

AS OCUPAÇÕES NAS ÁREAS DE RESSACAS EM MACAPÁ-AP:


DISSONÂNCIA ENTRE A NECESSIDADE DE MORADIA E A LEGISLAÇÃO
AMBIENTAL, URBANÍSTICA E O DIREITO À MORADIA DIGNA
Jucilene Moraes Lopes............................................................................................44

A opinião dos alunos de Engenharia, Arquitetura,


Direito e Serviço Social da UEL sobre punições ilegais a pichadores
Amanda Vitoria Lopes Moreira da Silva; Cleber da Silva Lopes.........................45
Grupo de trabalho I:
Antropologia, cidades e micropolíticas - Sessão B

Maringá e a outra face do planejamento urbano


Pollyana Larissa Machiavelli; Caroline Pagamunici Pailo...................................47

Segregação sócio espacial como meio de (des)valorização imobiliária


Caroline Pagamunici Pailo; Pollyana Larissa Machiavelli...................................48

Criança, representação da “esperança” e controle social:


as subvenções da municipalidade às instituições
filantrópicas em São Paulo na Primeira República
Ricardo Felipe Santos da Costa..............................................................................49

Imagem, Arquivo e Rosto: uma experiência antropológica


Rafael Bezzon...........................................................................................................50

A Dialética Urbana: A Cidade Como Espaço


de Dominação Capitalista e de Superação do Capital
Jacques Felipe Iatchuk Vieira..................................................................................51

Feito de papel: imagem e sensação em quadrinhos de Gabriel Góes


Renan Bergo da Silva...............................................................................................52

FAMÍLIAS NOS ENCONTROS, FAMÍLIAS NOS PAPÉIS: DESLOCAMENTOS


ENUNCIATIVOS EM UM NÚCLEO DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS EM MEIO ABERTO
Sara Regina Munhoz................................................................................................53

Passagem e contemplação:
Análise da relação entre usuários do metrô de São Paulo e Arte
Weslei Pinheiro Maciel............................................................................................54

Na natureza ou na cultura: interações e direitos no espaço urbano


Sarah Faria Moreno.................................................................................................55

Notas de campo sobre o respeito


e conflito entre moradores de rua e agentes estatais
Natália Maximo e Melo...........................................................................................56
Grupo de trabalho II:
Cultura, Identidade e Memória - Sessão A

Produções fonográficas evangélicas antes do Gospel


Edson Alencar Silva..................................................................................................58

O PROEPO E A AFIRMAÇÃO DA IDENTIDADE DO POVO TRADICIONAL


POMERANO ATRAVÉS DA LÍNGUA – UMA POLÍTICA PÚBLICA EM DISCUSSÃO
Moyses Berndt; Lilia Jonat Stein; Sandra Márcia de Melo..................................59

Memórias da contracultura na obra de Caio Fernando Abreu


Natália Rizzatti Ferreira..........................................................................................60

Quando o nativo é o pesquisador:


a questão de gênero na produção intelectual
de três mulheres indígenas latino-americanas
Priscila da Silva Nascimento...................................................................................61

Geleia Geral: paisagem da formação cultural tropicalista


Vinicius Milani..........................................................................................................62

A história oficial e a memória museológica da


cidade de Araraquara/SP: a busca por outras memórias
Débora de Souza Simões........................................................................................63

Violeta Parra e Mário de Andrade: uma contextualização folclórica


Larissa Gonçalves Menegassi.................................................................................64

Tradição, Identidade e Poder em “O Sol”


Gabriela Peters Gonçalves Levy.............................................................................65

A compreensão do fascismo à luz do pensamento crítico de Adorno


Raquel dos Santos Candido da Silva......................................................................66

Cultura material e História das representações


mentais em Sérgio Buarque de Holanda:
de Monções e Caminhos e Fronteiras à Visão do Paraíso
Diogo de Godoy Santos...........................................................................................67
Grupo de trabalho II:
Cultura, Identidade e Memória - Sessão B

Presença Negra em Londrina:


Trajetórias e protagonismo em oito décadas de história
Mariana Aparecida dos Santos Panta...................................................................69

Dançando entre domínios:


práticas e usos da dança como estratégia político-corporal
Yasmine Avila Ramos..............................................................................................70

Da diáspora africana e na fronteira da identidade


Cauê Gomes Flor; Luana Silva de Souza Flor........................................................71

ETNOGRAFIA: UMA ANÁLISE RITUAL E IDENTITÁRIA DA RODA DE CAPOEIRA


ANGOLA ORGANIZADA PELO GRUPO DE CAPOEIRA QUILOMBO DE MINAS
Keyty Silva; Ana de Paula; Najara Rodrigues; Pedro Marques...........................72

Como as travestis eram vistas nos filmes da boca do lixo:


o caso de “ O sexo dos anormais”
Dionys Melo dos Santos..........................................................................................73

Identidade, Memória e Relações Étnicorraciais na Congada


Tatiane Pereira de Souza........................................................................................74

Da “rua” para o palco:


trajetórias e negociações em torna da “dança do ventre”
Amana dos Santos Nesimi......................................................................................75

Resistência e luta em Cocalinho:


identidades e representações em questão
Gerson Alves de Oliveira.........................................................................................76

O papel da memória na permanência da história


do batuque de umbigada em Araraquara
Natalia Carvalho de Oliveira; Claudete de Sousa Nogueira...............................77

AS RELAÇÕES ÉTNICAS NO BRASIL: AS CONTRIBUIÇÕES


DO POVO NEGRO NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PAÍS
Osvaldo José da Silva...............................................................................................78
Grupo de trabalho III: Povos Indígenas,
Quilombolas e Comunidades Tradicionais - Sessão A

Considerações acerca da perda ou não de autoria e identidade


em textos em português escritos na escola Kamadu, da etnia juruna
Lígia Egídia Moscardini............................................................................................80

A EFETIVAÇÃO DE UM PROGRAMA DE TEMAS RACIAIS NA UFTM -


UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIANGULO MINEIRO - PROPOSTA E DESAFIOS
Maria Cristina de Souza..........................................................................................81

Agora vocês que aprendem:


contribuições e reflexões dos Karajás para os tempos de crise
Sofia Santos Scartezini............................................................................................82

TERRA DE SANTO E TERRA DE PRETO -


A COMUNIDADE QUILOMBOLA DO CARMO
Ana Luísa Nardin .....................................................................................................83

Novos contextos de uma luta milenar - As ações políticas dos Povos


e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana na região de Campinas
Leonardo Elias Luz da Silva.....................................................................................84

Calón e assistência social –


uma experiência etnográfica de viabilização de direitos
Erika dos Santos Tolentino.....................................................................................85

Territorialidade e Povos Tradicionais:


Os conflitos Socioambientais na tribo dos Yanomami
Ana Luiza de Paula Santos; Keyty de Andrade Silva; Najara Letícia Viana
Rodrigues; Pedro Henrique Dias Marques...........................................................86
Grupo de trabalho III: Povos Indígenas,
Quilombolas e Comunidades Tradicionais - Sessão B

A resistência cotidiana dos povos indígenas durante


a ditadura de Alfredo Stroessner no Paraguai (1954-1989)
Paulo Alves Pereira Júnior......................................................................................88

Os caminhos da oralidade e da escrita: elementos para uma


etnografia histórica do processo de disposição espacial Tupi
Vladimir Bertapeli....................................................................................................89

O CAMPO EM EVIDÊNCIA: ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES


METODOLÓGICAS DA ANTROPOLOGIA SOCIAL PARA O TRABALHO DE CAMPO
Claudimara Cassoli Bortoloto................................................................................90

O “drama social” da insurgência de um novo sujeito de direitos


Sérgio César Corrêa Soares Muniz; Cássia Ferreira de Oliveira.........................91

VIVÊNCIA EM UM PROJETO DE EXTENSÃO COM JOVENS GUARANI:


DIÁLOGOS E REFLEXÕES DE UMA TERAPEUTA OCUPACIONAL
COM AS PERSPECTIVAS ANTROPOLÓGICAS
Amabile Teresa de Lima Neves..............................................................................92

Deslocamentos Guarani- Mbyá: Oguatá Porã - a política


das caminhadas à luz do enfrentamento com não-índios
Stefani Ramos Corraini...........................................................................................93

Galibi Marworno, Galibi Kalinã, Palikur, Karipuna e o


processo de homologação de suas terras indígenas – Amapá
Meire Adriana da Silva............................................................................................94

O ESBULHO DOS DIREITOS INDÍGENAS NO BRASIL CONTEMPORÂNEO:


OS PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO E DE PRECARIZAÇÃO DA
POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO À SAÚDE DOS POVOS INDÍGENAS
Fábio do Espírito Santo Martins.............................................................................95

AS MARCAS DA TERRITORIALIDADE NA
COMUNIDADE QUILOMBOLA DE MANGUEIRAS
Pedro H. D. Marques; Joseanne Gois; Patrícia N. dos Santos; Ana L. de P. Santos;
Keyty de A. Silva; Najara L. V. Rodrigues...............................................................96
Grupo de trabalho IV: PENSAMENTO POLÍTICO E SOCIAL
BRASILEIRO, TEORIA POLÍTICA, CULTURA E DEMOCRACIA - Sessão A

A herança colonial ibérica portuguesa na sociologia brasileira


Milton Andreza dos Reis.........................................................................................98

PODER MODERADOR: AS DIFERENÇAS ENTRE O PRIMEIRO REINADO


(1822-1831) E AS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS CONTEMPORÂNEAS
Eder Aparecido de Carvalho...................................................................................99

Pensamento político e história das ideias:


Compreendendo diferentes aproximações e
métodos interpretativos entre Brasil e Reino Unido
Rafael Marchesan Tauil; Milton Lahuerta...........................................................100

O legado teórico de Florestan Fernandes: dependência


e subdesenvolvimento na periferia do capitalismo
Felipe Augusto Duarte...........................................................................................101

Sobre a recepção e circulação de ideias no pensamento social


e político brasileiro: uma análise da presença das teses de Karl
Mannheim nas obras de Florestan Fernandes (1960-1975)
Thiago Pereira da Silva Mazucato; Vera Alves Cepêda.....................................102

Celso Furtado e a dependência cultural


das classes privilegiadas na periferia
Felipe Amorim de Oliveira....................................................................................103

Hiroshi Saito: contribuições para a consolidação das Ciências


Sociais e dos estudos de imigrantes japoneses em São Paulo
Jader Tadeu Fantin.................................................................................................104

Bassano Vaccarini e os dilemas da vida pública


Giovanna Isis Castro Alves de Lima.....................................................................105

Francisco Campos e a Reforma educacional


de 1931 no Governo Provisório (1930-1934)
Rodrigo Pereira da Silva........................................................................................106

Intelectuais na crise oligárquica: atração pela autocracia burguesa


Leonardo Sartoretto..............................................................................................107
Grupo de trabalho IV: PENSAMENTO POLÍTICO E SOCIAL
BRASILEIRO, TEORIA POLÍTICA, CULTURA E DEMOCRACIA - Sessão B

A nova transparência: valor e linguagem


Ivan Pinheiro de Figueiredo..................................................................................109

Para uma Teoria Política da Ditadura Inconstitucional


Vinício Carrilho Martinez; Vivianne Caroline Santos Sobral.............................110

Brasil, 2013 - 2016: há uma nova onda conservadora?


Apontamentos para pesquisas futuras
Bernardo Fogli Serpa Geraldini; José Carlos dos Santos...................................111

Carlos Nelson Coutinho e a “modernização conservadora”


Rafael Massuia.......................................................................................................112

A relação entre direitos humanos e


soberania popular em Seyla Benhabib
Isadora Feitoza de Carvalho.................................................................................113

Neodesenvolvimentismo:
uma falsa alternativa ao neoliberalismo
Matheus Gringo de Assunção..............................................................................114

Os impasses colonias no processo da modernização brasileira: um


estudo sobre a questão da cultura nos “Cadernos do Nosso Tempo”
Guilherme de Carli.................................................................................................115

PODER LOCAL E HOMENS DE NEGÓCIO NO OESTE PAULISTA


Eder Carlos Zuccolotto..........................................................................................116

A democracia liberal norte-americana: entre o discurso e a prática


Jéser Abílio de Souza; Elizabete Sanches Rocha.................................................117

A importância da UNAM na construção


da Sociologia na América Latina
José Antônio da Silva Júnior..................................................................................118
Grupo de trabalho V: Partidos, Eleições e
Comportamento Político e Eleitoral - Sessão A

PRODUÇÃO, RECEPÇÃO E TRAJETÓRIAS: UM ESTUDO SOBRE MÍDIA E POLÍTICA


Alexandre Aparecido dos Santos.........................................................................120

Os efeitos do processo de democratização do ensino


superior sobre o comportamento político dos brasileiros
André Luiz Vieira Dias; Maria Teresa Miceli Kerbauy........................................121

Partidos Políticos de acordo com a Party Politics:


uma análise das publicações do periódico
Tiago A. L. Barbosa; Bruno M. Schaefer; David A. Nota....................................122

Sob o espectro de Getúlio Vargas:


a disputa presidencial de 1955 pelas páginas da Ultima Hora
Thiago Fidelis..........................................................................................................123

Política de Estado e identidade nacional nos anos Vargas


Gabriel Frias Araujo; Agnaldo de Sousa Barbosa...............................................124

Imprensa e cobertura eleitoral: A agenda da Folha de


São Paulo durante o primeiro turno das eleições de 2016
Mércia Alves; Bernardo Geraldini........................................................................125

AGENDA TEMÁTICA DA DISPUTA PELA PRESIDÊNCIA: ACHADOS E


CONTRIBUIÇÕES SOBRE O COMPORTAMENTO ELEITORAL BRASILEIRO
Bárbara Lima; Lucy Oliveira.................................................................................126

Donald Trump, Populismo e Discurso Político


Matheus Lucas Hebling.........................................................................................127
Grupo de trabalho V: Partidos, Eleições e
Comportamento Político e Eleitoral - Sessão B

ASPECTOS DA ECONOMIA E URBANIZAÇÃO DE MOSSORÓ/RN: BREVE ANÁLISE


DE SUAS RELAÇÕES COM O PODER POLITICO LOCAL DA FAMÍLIA ROSADO
Ana Maria Bezerra Lucas......................................................................................129

ELEIÇÕES, CANDIDATOS E PARTIDOS:


CONDICIONANTES DAS MUDANÇAS NA DISPUTA POLÍTICA LOCAL
Thais Cavalcante Martins......................................................................................130

Sociedade civil e politica partidária: um estudo comparativo de novas


experiências democráticas das cidades de Porto Alegre e Montevidéu
Alejandro Lezcano Schwarzkopf..........................................................................131

A nova onda neoliberal na América Latina


Joyce Oliveira Cavalcante; Drielly Elienny Duarte de Figueiredo.....................132

Desilusão Política e Ascensão Antiestablishment


na Europa Central Pós 1989. O caso dos Partidos-empresa
de Negócios na República Tcheca (2010-2013)
Flávio André Rodrigues Barbosa..........................................................................133

REPRESENTAÇÃO FEMININA NA DIREÇÃO EXECUTIVA


NACIONAL DOS PARTIDOS POLÍTICOS BRASILEIROS
Leonardo Aires de Castro.....................................................................................134

Desvendando o enigma: o PMDB dos anos 2000


a partir da emergência de uma nova coalizão dominante
Levy Lisboa Neto....................................................................................................135

O comportamento dos parlamentares na


votação do Impeachment da presidente Dilma
Barbara Caroline Botassio; Mércia Alves............................................................136
Grupo de trabalho VI: ESTADO, SOCIEDADE,
POLÍTICAS PÚBLICAS E INSTITUIÇÕES POLÍTICAS - Sessão A

Condicionalidade da educação no programa Bolsa Família:


a lógica estatal e suas resistências
Isabela Vianna Pinho.............................................................................................138

COTAS RACIAIS NA UNIVERSIDADES: UMA ANALISE DAS AÇÕES AFIRMATIVAS


Nilda Rodrigues de Souza.....................................................................................139

As políticas públicas para Juventude


O caso do PROJOVEM CAMPO Saberes da Terra
Elaine Aparecida de Souza Apolonio; Maria Teresa Miceli Kerbauy................140

Relações entre pobreza e cidadania no contexto das políticas de


transferência de renda: uma reflexão sobre o Programa Bolsa Família
Isadora Coutinho Moraes.....................................................................................141

IDEIAS, CRENÇAS E POLÍTICAS: AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE


ASSENTAMENTOS RURAIS NO PRIMEIRO GOVERNO FHC
Flávia Sanches de Carvalho; Joelson Gonçalves de Carvalho...........................142

Entre os beneficiários e o Estado: uma proposta


de abordagem simétrica sobre o Programa Bolsa Família
Guilherme de Matos Floriano..............................................................................143

Ideias e Políticas Públicas:


um estudo sobre políticas de ensino superior nos anos 2000
Aline Vanessa Zambello........................................................................................144

Ações integradas entre Universidades e Governo


Federal como estratégia de garantia de acesso
às Políticas Públicas para Mulheres Rurais
Amanda M. Sanches; Alexandra Filipak; Sany S. Aleixo....................................145

O Programa Bolsa Família e as


representações de pobreza para as beneficiárias
Cinthia de Oliveira Cunha.....................................................................................146

Marcos institucionais da política


pública de juventude: construindo o cenário
Dayane Aparecida dos Santos..............................................................................147
Grupo de trabalho VI: ESTADO, SOCIEDADE,
POLÍTICAS PÚBLICAS E INSTITUIÇÕES POLÍTICAS - Sessão B

A institucionalização do desenvolvimento local: uma


análise dos paradgimas, das políticas e dos processos em curso
Tayla Barbosa.........................................................................................................149

O Papel do Pronaf no desenvolvimento rural brasileiro: a construção


social do mercado da agricultura familiar junto ao Movimento dos
Pequenos Agricultores da região de Santa Cruz do Sul/RS
Giovanni Barillari de Freitas.................................................................................150

A EVOLUÇÃO DO PODER PÚBLICO NO COMBATE À VIOLÊNCIA CONTRA A


MULHER - A ATUAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO DO GRANDE ABC/SÃO PAULO
Eliane Cristina de Carvalho Mendoza Meza.......................................................151

Políticas públicas para mulheres: uma análise da agenda


governamental brasileira através do modelo de equilíbrio pontuado
Amanda Vizoná......................................................................................................152

Festas Religiosas e Políticas de Turismo: a construção da fé no RN


Drielly Elienny Duarte de Figueiredo; Maria Lúcia Bastos Alves.....................153

AFINAL, O QUE É UM MUSEU? O DESAFIO DAS POLÍTICAS


PÚBLICAS EM TORNO DA DINAMICIDADE DE UM CONCEITO
Larissa Rizzatti Gomes..........................................................................................154

Cultura em Araraquara:
entre a Lei Orgânica e as projeções orçamentárias
Raquel Lujan Hissa Leite.......................................................................................155

IDEIAS E FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS: UMA DISCUSSÃO


SOBRE AS POLICY IMAGES E AS POLÍTICAS CULTURAIS NO BRASIL
Samira Chedid........................................................................................................156

A nova perspectiva para as Políticas Públicas no Brasil


Marco Aurélio Zaparolli.........................................................................................157
Grupo de trabalho VI: ESTADO, SOCIEDADE,
POLÍTICAS PÚBLICAS E INSTITUIÇÕES POLÍTICAS - Sessão C

O CARÁTER REPRESSIVO DO SISTEMA PENAL BRASILEIRO:


UM OLHAR CRÍTICO SOBRE A PROPOSTA DE REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL
Jacqueline Janoszka Miani....................................................................................159

O Estado de Exceção e a experiência democrática brasileira pós 1985


Bruna Ferrari Pereira............................................................................................160

Relações de poder e influência – O caso da Secretaria de


Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia de São Carlos / SP
Nathália Gonçalves Zaparolli...............................................................................161

SISTEMAS DE REPRESENTAÇÃO: algumas reflexões no Paraná


Everton Henrique Faria.........................................................................................162

Possibilidade e Limites do Conselho Municipal de Direitos


da Pessoa com Deficiência de Florianópolis/SC (2005-2015)
Márcia Inês Schaefer.............................................................................................163

A atuação política do setor de segurança privada no Brasil


Caio Cardoso de Moraes.......................................................................................164

Juventude em desamparo: um estudo da relação Estado


e terceiro setor na Fundação CASA em São Paulo/SP
Caio de Castro Cardoso; Rafael Rodrigues da Costa.........................................165

O Controle da Segurança Privada pelo Poder Judiciário: um estudo


sobre a atuação do TJPR e do TJSP por meio de processos cíveis
Gabriel Antonio Cabeca Patriarca.......................................................................166

Acesso à justiça e judicialização da saúde na Defensoria Pública de


São Carlos: uma análise sobre a instituição de 2014 a 2015
Giovanna Mariano Silva........................................................................................167

Aos amigos tudo, aos inimigos a Lei: Disputas eleitorais e


judicialização da política no Estado do Rio de Janeiro (1988-2016)
Marcus Cardoso da Silva.......................................................................................168

Os Poderes Legais da Segurança Privada:


o caso das revistas nos ambientes de trabalho
Fabrício Silva Lima.................................................................................................169
Grupo de trabalho VII:
IDENTIDADE, DIFERENÇAS E PODER - Sessão A

Frantz Fanon e a crítica à Modernidade Europeia


Dionisio da Silva Pimenta.....................................................................................171

Reflexões preliminares sobre a escrita negra


Daniel Ramos da Silva Melo.................................................................................172

Bioética, poder e relações de gênero


Lillian Ponchio e Silva Marchi...............................................................................173

Oliver Cox: um sociólogo esquecido


Erik Wellington Barbosa Borda............................................................................174

IDENTIDADE E FEMINISMO:
RANÇOS E AVANÇOS NA CONSTRUÇÃO DO SUJEITO
Lina Penati Ferreira...............................................................................................175

Identidades, Estigma e Ordem Autoritária: Racismo, Elitismo e


Misoginia como Fundamentos da Dinâmica Social no Brasil
Sérgio Luiz de Souza; Daniela Severo da Silva...................................................176

Entre direitos humanos e “direitos dos manos”: discursos sobre a


infância nos paradoxos da democracia e do neoliberalismo
Marisa Adriane Dulcini Demarzo; Gabriela Guarnieri.......................................177

A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO “SUJEITO BANDIDO” E DO “MUNDO DO


CRIME” EM CONTEXTOS DE MODERNIDADE PERIFÉRICA RADICALIZADA
Alex Moreira...........................................................................................................178

A construção do dependente químico


Sandra Regina Martins Caldas.............................................................................179
Grupo de trabalho VII:
IDENTIDADE, DIFERENÇAS E PODER - Sessão B

ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE AS CARACTERÍSTICAS E


SIGNIFICADOS DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER IDOSA EM ITUIUTABA
Ana Paula Lima Fernandes...................................................................................181

A pele pede a palavra:


identidade e diferenças por meio da tatuagem
Beatriz Patriota Pereira........................................................................................182

As monas no crime:
reflexões sobre seletividade penal e encarceramento LGBT
Victor Siqueira Serra; José Arthur Fernandes Gentile.......................................183

Prostituição Feminina e Exclusão Social:


as contradições da legislação brasileira e o acirramento
das desigualdades em territórios de vulnerabilidade social
Eulália Fabiano.......................................................................................................184

Do público ao privado:
um estudo sobre as mulheres negras na sua cotidianidade
Larissa Crisitina da Silva.......................................................................................185

O Culto ao “Macho Alpha” na Irmandade da Sedução: um estudo


sobre a construção da masculinidade em um fórum online
Myatã Sanches Pedrini Campos...........................................................................186

O reconhecimento da diversidade sexual e


de gênero no trabalho do(a) assistente social
Marina de Almeida Borges...................................................................................187

Hierarquia, corpos e rituais:


uma fotoetnografia com os jovens do Grupo Escoteiro São Carlos
Marianna Lahr Faustino........................................................................................188

Trabalho sexual, estupro e Sistema de Justiça Criminal:


uma análise crítica a partir do Feminismo de Terceiro Mundo
Marcela Dias Barbosa............................................................................................189
Grupo de trabalho VIII: Questão Agrária,
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - Sessão A

A (in)sustentabilidade nos canaviais paulistas:


a superexploração do trabalho e da natureza
Ana Carina Sabadin...............................................................................................191

AFETADOS PELA MINERAÇÃO:


Comunidades camponesas em defesa do meio ambiente no Peru
Lourdes Eddy Flores Bordais................................................................................192

Dammed and Diversionary: The discourse of Belo Monte


Ed Atkins.................................................................................................................193

O efeito do início das obras de construção sobre


as estratégias de atuação dos agentes sociais envolvidos
no conflito socioambiental ao redor da UHE Belo Monte
André Marconato Ramos......................................................................................194

China e Brasil nas negociações climáticas


Jefferson dos Santos Estevo.................................................................................195

A participação social dos catadores de materiais recicláveis


nos acordos setoriais para implantação da logística reversa
Jéssica Duquini dos Santos...................................................................................196

O SABER LOCAL E A RAZÃO NORMATIVA


Douglas Gomes Nalini de Oliveira.......................................................................197

A Educação Holística e a aceitação da


prática da Permacultura na sociedade francana
Vinicius França Ribeiro e Souza...........................................................................198
Grupo de trabalho VIII: Questão Agrária,
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - Sessão B

ESPAÇO E TÉCNICA NAS SERTANIAS DO TRIÂNGULO MINEIRO:


UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE NARRATIVAS DO MUNDO RURAL
Adriana Lacerda de Brito......................................................................................200

Espaço Agrário no Brasil:


A importância da agricultura familiar no contexto atual
Najara Rodrigues; Ana de Paula; Keyty Silva; Pedro Marques.........................201

A Feira Noturna da Agricultura Familiar de Araraquara-SP


como via de escoamento da produção de agricultores familiares
Camila Benjamim Vieira........................................................................................202

O “fazer-se” associativo como estratégia de


desenvolvimento: processos de cooperação entre
pequenos e médios produtores rurais no interior paulista
Licia Nara Fagotti...................................................................................................203

A LUTA PELA TERRA NA REGIÃO DE ARARAQUARA (SP):


UM ESTUDO A PARTIR DA MEMÓRIA DAS FAMÍLIAS PIONEIRAS
DOS ASSENTAMENTOS BELA VISTA DO CHIBARRO E MONTE ALEGRE
Fernando Henrique Ferreira de Oliveira.............................................................204

Comunicação comunitária como instrumento para a cidadania:


o processo de implantação da Rádio Monte Alegre
Matheus H. de Souza Santos; Ana Cláudia Fernandes Terence.......................205

POLÍTICAS DE ASSENTAMENTO NA AMAZÔNIA:


REALIDADES E PERSPECTIVAS NO ESTADO DO PARÁ
Monique Helen Cravo Soares Faria; Norma Ely Santos Beltrão.......................206

REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA NO CAMPO E OS PROCESSOS


DE TRABALHO NOS ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA
Kelli Cristine de Oliveira Mafort...........................................................................207
Grupo de trabalho IX:
Trabalho, Movimentos Sociais e Conflitos Urbanos - Sessão A

Juventudes e Trabalho:
Informalidade e Desemprego da categoria juvenil no Brasil
Helaine Christina Oliveira de Souza....................................................................209

Direito da mulher à cidade: desafios frente a opressão


e a exploração das trabalhadoras no espaço urbano
Ana Beatriz Cruz Nunes........................................................................................210

VARRENDO A CIDADE:
a mulher Gari em Ituiutaba - um estudo de invisibilidade social
Maria Betania Gomes da Silva.............................................................................211

Mulheres, família e o trabalho


terceirizado no setor calçadista de Franca - SP
Ana Carolina de Souza; Ana Cristina Nassif Soares...........................................212

O trabalho feminino na Polícia Militar do


Estado de São Paulo: uma análise sobre as mudanças
e constâncias do trabalho das mulheres policiais
Giulianna Bueno Denari........................................................................................213

Estilistas de moda em lojas populares de São Paulo:


entre o criativo e o precário
Amanda Coelho Martins.......................................................................................214

Jovem e intenso: a experiência de trabalho no setor fast fashion


Rafaela Semíramis Suiron.....................................................................................215

Emprego e Estado de Saúde no Brasil


Renan Marcelo Alves Coimbra.............................................................................216

Economia Solidária e Reforma Psiquiátrica:


Alternativas de autonomia à usuários da saúde mental
Luiza Mendes Dias Serra.......................................................................................217

Habitação social, movimentos sociais urbanos e Reforma Urbana:


Um resgate histórico para se pensar Uma ponte para o futuro
Thalles Vichiato Breda...........................................................................................218
Grupo de trabalho IX:
Trabalho, Movimentos Sociais e Conflitos Urbanos - Sessão B

AMOR AO TRABALHO:
UMA NOVA FACE BIOPOLÍTICA À RACIONALIDADE DO TRABALHADOR
Breilla Zanon..........................................................................................................220

O ovo da serpente: a luta pela americanização


dos sindicatos brasileiros e o surgimento do Novo Sindicalismo
Regiani Zornetta....................................................................................................221

HISTÓRIA DAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS E OS INDICADORES DE PRECARIZAÇÃO


DO TRABALHO NO BRASIL E NO MUNDO
Fernanda Barcellos Mathiasi................................................................................222

COOPERATIVISMO:
A EXPERIÊNCIA DA COPERCICLA NO MUNICÍPIO DE ITUIUTABA - MG
Maria de Fatima Gomes........................................................................................223

O frigorífico na aldeia: implicações do trabalho nas


indústrias de carne para os Kaingang do Toldo Chimbangue
Míriam Rebeca Rodeguero Stefanuto.................................................................224

Notas acerca das políticas sociais


para o trabalho no Uruguai (2005-2009)
Alexandre dos Santos Lopes................................................................................225

Movimento Ambientalista Chinês: lutas e conquistas


Mariana Delgado Barbieri.....................................................................................226

Reflexões sobre as Mudanças nos


Movimentos Sociais em Angola: do mpla ao 15+2
Armindo Feliciano de Jesus..................................................................................226
Grupo de trabalho IX:
Trabalho, Movimentos Sociais e Conflitos Urbanos - Sessão C

A improbabilidade histórica da revolução nacional:


Florestan Fernandes e o capitalismo dependente
Alan Eric Fonseca...................................................................................................229

CONSCIÊNCIA DE CLASSE: ASPECTOS MARXISTAS NA


PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO CONTEMPORÂNEO
Sandra Oliveira Mayer Barros..............................................................................230

Classe Operária e Sujeito Revolucionário


Anderson Vinicius Dell Piagge Piva......................................................................231

A gestão do tempo de trabalho no contexto das


novas tecnologias da informação e comunicação
Mauricio Reis Grazia..............................................................................................232

Trabalho Imaterial e Condições de Trabalho:


A Reestruturação do Setor de Telecomunicações Brasileiro
Angelina Michelle de Lucena Moreno.................................................................233

O surgimiento do movimento estudantil na América Latina


Alex Roberto Beber................................................................................................234

Os sentidos das manifestações de 2013


e 2015 e o neodesenvolvimentismo no Brasil
Cristhiane Falchetti...............................................................................................235

Conteúdo político e formas organizativa das manifestações de Junho de


2013: analisando uma “nova” concepção de luta social no Brasil
João Gabriel Loures Tury......................................................................................236

Renda, consumo e classes sociais:


uma análise das Ciências Sociais brasileiras no século XXI
João Gabriel Selles Pelegrini.................................................................................237
Grupo de trabalho X:
Regionalismo, Integração e Atores Internacionais - Sessão A

América Latina: teorias e modelos de desenvolvimento regional


Matheus Felipe Silva..............................................................................................239

INSTITUCIONALIDADE DO REGIONALISMO SUL-AMERICANO


PÓS-HEGEMÔNICO: UM PARALELO DA INTERRELAÇÃO
AUTONOMIA E INTERGOVERNAMENTALISMO
Jóhidson André Ferraz de Oliveira.......................................................................240

As relações Brasil-África durante


o governo Lula (2003-2010): Uma nova agenda?
Alexandre de Freitas Carreira..............................................................................241

A MOEDA DE CADA UM - O Acordo de Paris e algumas reflexões sobre


consensos em nível escalar - do Global ao Local
Isabel Gnaccarini....................................................................................................242

AGENDA DO REGIONALISMO NA AMÉRICA DO SUL:


SOBREPOSIÇÃO OU COMPLEMENTARIDADE?
Clarissa Correa Neto Ribeiro................................................................................243

Democracia em crise na América Latina:


desafios para a Organização dos Estados Americanos
Roberta Cava..........................................................................................................244
Grupo de trabalho X:
Regionalismo, Integração e Atores Internacionais - Sessão B

O Multilateralismo na Organização das Nações Unidas


Gabriela Ibara Tenório..........................................................................................246

Neorrealismo e neoliberalismo: uma síntese?


Reflexões a partir do conceito de “cooperação”
Paulo Victor Zaneratto Bittencourt.....................................................................247

Autonomia ou dependência institucional?


O Parlamento e o Foro Consultivo do Mercosul
à luz da participação brasileira no bloco regional
Cairo Gabriel Borges Junqueira; Bruno Theodoro Luciano..............................248

Política industrial e a internacionalização


das empresas brasileiras na América do Sul
Daniela Cristina Comin Rocha..............................................................................249

AS ILHAS MALVINAS NO CONTEXTO DOS NOVOS ARRANJOS INTERNACIONAIS


Rogério do Nascimento Carvalho........................................................................250

A INSERÇÃO URUGUAIA NA GLOBALIZAÇÃO /


NOVA ORDEM MUNDIAL E SEU MODELO DE NEODESENVOLVIMENTISMO
Samuel Decresci.....................................................................................................251

Entre a justiça distributiva e a articulação política:


um estudo acerca da dualidade funcional dos
conselhos comunais no período de 2007 a 2012
Natalia Innocente Rodrigues................................................................................252
Grupo de trabalho XI: Teorias Sociais Contemporâneas:
a crise enquanto categoria analítica - Sessão a

Como a relação é concebida nas Ciências Sociais:


o esboço de uma reflexão
Adriana Werneck Regina.......................................................................................254

A emergência das teorias do imaginário:


articulações do pensamento socioantropológico
frente à crise do sentido na contemporaneidade
Djaine Damiati........................................................................................................255

Sujeito e Estado: Foucault e a microfísica dos poderes


Ramon Taniguchi Piretti Brandão.......................................................................256

Considerações sobre os direitos à privacidade e à intimidade:


as tecnologias biométricas de segurança
Heitor Felipe Eidt Pirolo........................................................................................257

A linguagem como arma de guerra:


o pensamento de Karl Kraus a respeito da corrupção da linguagem
e seu papel na formação do indivíduo-soldado
Laura Pimentel Barbosa.......................................................................................258

Fenômenos da globalização:
a proliferação da guerra e dos processos de desumanização
Renaldo Mazaro Jr..................................................................................................259

A política do medo através do terrorismo


Olavo Negrao Pereira Barreto..............................................................................260

Contribuições e limites teóricos de


Charles Taylor e Jürgen Habermas à Teoria do Reconhecimento
Rubia de Araujo Ramos.........................................................................................261
Grupo de trabalho XI: Teorias Sociais Contemporâneas:
a crise enquanto categoria analítica - Sessão B

Crise, regulação e os limites da racionalidade:


releituras da escola francesa da regulação
Rogério dos Santos Bueno Marques...................................................................263

A crítica da racionalidade científica:


aproximações entre Ulrich Beck e Boaventura de Sousa Santos
Marcelo Rodrigues Lemos....................................................................................264

CRISE E CRÍTICA: RAÍZES COMUNS E POLARIZAÇÕES


Erick Quintas Corrêa.............................................................................................265

Dialética e ciências sociais em tempos de crise:


duas experiências da teoria crítica
Igor Lula Pinheiro Silva.........................................................................................266

Modernidade e Pós-modernidade: evidenciando contradições


Christiane Milessa Gonçalves...............................................................................267

A modernidade como projeto inacabado de sociedade:


insuficiências das teorias sociais e críticas a
um diagnóstico de tempo da contemporaneidade
André de Oliveira Gerônimo................................................................................268

O fenômeno populacional das grandes cidades:


O comportamento como busca de compreensão sociológica
Josias Alves da Costa.............................................................................................269

Aceleração social: para uma teoria crítica dos tempos modernos


João Lucas Faco Tziminadis..................................................................................270

CRISE CONTEMPORÂNEA DO CAPITAL: limites para a emancipação política


ou possibilidade para emancipação humana?
Darliane Maria Holanda Costa.............................................................................271

Reestruturação produtiva e crise social:


contribuições a partir da Teoria Crítica
João Mauro Gomes Vieira de Carvalho...............................................................272
Grupo de trabalho XII:
EDUCAÇÃO E SOCIEDADE - Sessão A

USO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E


COMUNICAÇÃO E DINÂMICAS DO TRABALHO DOCENTE
Denise Cardoso; Lorena da Costa; Tássio de S. Damasceno............................274

CINEMIMESIS: O Cinema como


representação da realidade em uma experiência educativa
Ellen Zouain; Marcelo Silva Cruz; Thiago Senatore Morila...............................275

Educação como desbarbarização: a crítica ao fascismo


nas reflexões filosófico-educacionais de Theodor W. Adorno
Amanda Forner......................................................................................................276

Algumas perspectivas da Teoria Crítica da sociedade


acerca dos limites e possibilidades de uma
educação para emancipação na atual conjuntura
Bruno Perozzi da Silveira......................................................................................277

A escola e seus processos de subjetivação: práticas e discursos


pedagógicos a partir de uma perspectiva foucaultiana
Danila Faria Berto..................................................................................................278

DISCIPLINA ESCOLAR E DISCIPLINA FABRIL: Educação e


formação da classe operária nacional nos anos 1930 e 1940
Derick Casagrande Santiago................................................................................279

Dilemas e contradições sobre a autonomia escolar em Gramsci


Anderson Bombarda.............................................................................................280
Grupo de trabalho XII:
EDUCAÇÃO E SOCIEDADE - Sessão B

A PRÁTICA CURRICULAR DO ENSINO DE


SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO NA PARAIBA
Geziane do Nascimento Oliveira; Geovânia da Silva Toscano.........................282

A IMPLEMENTAÇÃO DA SOCIOLOGIA NO
CURRÍCULO DO ENSINO MÉDIO EM FORTALEZA/CE
José Anchieta de Souza Filho; Geovânia da Silva Toscano................................283

Educação e luta política na trajetória


do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
Luana de Paula Perez............................................................................................284

Apontamentos sobre a história do ensino de


Sociologia na educação básica e suas contribuições
para a formação dos jovens num contexto de crise
Carolina Modena da Silva.....................................................................................285

O ensino de sociologia no itinerário


das metodologias ativas de ensino aprendizagem
Kattia Figueiredo; Nilza dos Anjos; Suzana G. Rodrigues.................................286

O lugar do ensino de sociologia:


crescimento, invisibilidade e subordinação
Lívia Bocalon Pires de Moraes.............................................................................287

Os efeitos de financiamento do Banco Mundial


para a educação básica atravessada pelo paradoxo
de impor o português como língua de ensino na Guiné-Bissau
Dabana Namone....................................................................................................288

O MANIFESTO DOS PIONEIROS DA


EDUCAÇÃO NOVA E A REVOLUÇÃO BURGUESA NO BRASIL
Adair Umberto Simonato Junior..........................................................................289
Grupo de trabalho XII:
EDUCAÇÃO E SOCIEDADE - Sessão C

Novos dispositivos de controle:


Ambiente Virtual de Aprendizagem um relato de experiência
Juliana Rossi Duci...................................................................................................291

A Universidade em Moçambique: Caminho e Trilhas


Pedro João Uetela..................................................................................................292

A família homoparental no contexto escolar:


discutindo possíveis relações de violência
João G. de C. Gattás Tannuri; Marilda da Silva...................................................293

Religião e Representações do Índio em


Escolas Públicas de Penápolis (1990 - 2010)
Carlos Eduardo Marotta Peters...........................................................................294

O Ensino de Culturas Indígenas na Primeira Infância


Veronica Monachini de Carvalho.........................................................................295

Indefinições da pátria educadora: o PRONATEC


Rodrigo dos Santos................................................................................................296

O cientista social como educador na prática médica


Arieli Buttarello; Juan Fernandez; Herling Alonzo.............................................297

Raymond Aron e as Relações Internacionais


na Universidade de Brasília (UnB)
Denizar Amorim Azevedo.....................................................................................298

Filosofia das Ciências Sociais:


ambiência jurídica e compreensão do direito
Alexandre Campos Coelho; Marcilene Reis de Almeida...................................299
Grupo de trabalho XIII:
Migrações, Políticas e Fronteiras - Sessão A

A política do medo na contemporaneidade:


o retorno do racismo e a figura do inimigo interno
Laís Barreto da Silva..............................................................................................301

Fronteiras e migrações internacionais:


pensando criticamente as contradições da
situação europeia contemporânea (um estudo de caso)
Alexandre Honig Gonçalves; Guillermo Alfredo Johnson.................................302

Fluxos migratórios e participação política:


a necessidade dos direitos políticos na discussão dos migrantes
Marcus Vinícius Cardeal de Miranda Ribeiro de Almeida.................................303

Refugiados e deslocados forçados:


da exclusão para uma política de reconhecimento
Gabrielle da Cunha................................................................................................304

Impactos dos fluxos migratórios sobre


a ideia de cidadania, em duas perspectivas de transformações
Valdirene Ferreira Santos.....................................................................................305
Grupo de trabalho XIII:
Migrações, Políticas e Fronteiras - Sessão B

Fluxos migratórios e a política de circulação de pessoas


Cinthia Xavier da Silva...........................................................................................307

Processos de identificação entre trabalhadores migrantes:


mobilidades e os “entre-lugares identitários”
Rosemeire Salata...................................................................................................308

Circularidade migratória no início do século XXI: uma análise


do fluxo de brasileiros e suas experiências como migrantes
Gláucia Assis; Leonardo M. da Silva; Manoela S. Frederico..............................309

A migração transnacional de
trabalhadores (as) haitianos para Manaus
Ana Paula C. A. Pedrosa; Ricardo Lima da Silva.................................................310

Trajetória e desafios na inserção do migrante


haitiano no Brasil: experiências na cidade de São Paulo
Andréia Brito de Souza..........................................................................................311

Receber e integrar: dilemas, desafios


e limites para os refugiados na cidade de São Paulo
Marina Figueiredo..................................................................................................312
Grupo de trabalho XIV: Religiões e Religiosidades:
vivências religiosas na contemporaneidade - Sessão A

A ética neopentecostal e o espírito neoliberal


Manuela Lowenthal Ferreira................................................................................314

O Pluralismo da Secularização e o
Absolutismo do Fundamentalismo Religioso
Hamilton Castro da Silva......................................................................................315

O milagre pentecostal na política: Da socialização política à


expressão democrática dos fiéis da Assembleia de Deus (AD)
Morgane Laure Reina............................................................................................316

Possibilidades de ser e criar em religião


José Lucas da Silva.................................................................................................317

Globalização, Modernidade e Religião no Brasil contemporâneo:


os impactos da modernização reflexiva no neopentecostalismo brasileiro
Antonio Carlos de Oliveira Boarretto..................................................................318

Chamados ao entretenimento: a estratégia do evangelicalismo


pentecostal na busca por espaço no e por mercado religioso brasileiro
Douglas Alessandro Souza Santos.......................................................................319

Magia revisitada:
uma revisão bibliográfica desse conceito e suas características
Herson Herbster Chaves de Oliveira Bastos......................................................320

O Peso da Posse:
notas sobre a estética da circulação no espiritismo
Allan Wine Santos Barbosa...................................................................................321

“VINDE E SEDE SANTOS” - REFLEXÃO SOBRE A FORMAÇÃO DAS COSMOLOGIAS


TRADICIONAIS NA CONTEMPORANEIDADE E SUA RELAÇÃO COM A JUVENTUDE:
A “OBRA DE DEUS” NO MUNDO
Nayara Cristina Lizarelli........................................................................................322
Grupo de trabalho XIV: Religiões e Religiosidades:
vivências religiosas na contemporaneidade - Sessão B

“Existe uma comunidade chinesa no sentido de amizade”: comunidade na


diáspora e “ser chinês” no contexto de algumas igrejas etnificadas
Marcelo da Silva Araujo........................................................................................324

Os homens de Deus no Congresso:


um estudo sobre a relação dos modelos eclesiásticos e o
comportamento político na Frente Parlamentar Evangélica
Rafael Rodrigues da Costa; Luciana Silveira.......................................................325

A controvérsia em torno da aprovação da união estável


homoafetiva no Brasil: Uma análise da oposição de
parlamentares evangélicos a ADI n.º 4277
Paula Andréa Gomes Bortolin..............................................................................326

Entre o rural e o urbano:


a formação da identidade dos fiéis Assembleianos brasileiros
Otávio Barduzzi Rodrigues da Costa...................................................................327

SILÊNCIOS E SUSSURROS DO CLAUSTRO:


PASSADO E PRESENTE NA ORDEM DE SANTA CLARA DE ASSIS
Vanessa de Faria Berto.........................................................................................328

Estado laico brasileiro em debate: a indicação


religiosa de Michel Temer ao Ministério da Ciência e Tecnologia
Fernando Guimarães; Giulliano Placeres; Raiza Campregher.........................329

Entre o projeto político e o poder:


as performances da bancada evangélica no legislativo federal
Gabriel Silva Rezende............................................................................................330

Celibato clerical em Andradina-SP


e o movimento de padres casados no Brasil
Marcelo Fernandes Brentan.................................................................................331

Movimento Atletas de Cristo:


surgimento, desenvolvimento e perda de prestígio
Breno Minelli Batista.............................................................................................332
Grupo de trabalho I:
Antropologia, cidades e
micropolíticas - Sessão A
Etnografia urbana com grupos
periféricos na cidade de Ribeirão Preto

Luis Phellipe de Souza Thomaz Dantas


Graduando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: O estudo da antropologia urbana vem alcançando cada vez mais


espaço, como campo teórico - como já apontava Gilberto Velho (1973) e
Carlos Cantor Magnani (1996) - devido ao aumento de contradições sociais
e da necessidade de interpretação de fenômenos oriundos do agrupamento
humano nos grandes centros urbanos. Esta pesquisa busca somar-se aos
estudos urbanos que já estão em andamento desde a década de 80 (com R. Da
Matta; Dunham; Cardoso; Gilberto Velho entre outros), e que se intensifica neste
momento, com a produção acadêmica, principalmente a partir de 2000, nas
mãos de Gabriel Feltran; Adalton Marques; Paulo Malvasi; Carolina Grillo entre
outros. Para uma compreensão mais adequada da violência no Brasil, estes
autores se propõem a realizar a pesquisa de campo em favelas de São Paulo e
Rio de Janeiro. Utilizando-se da leitura destes autores e da prática etnográfica
esta pesquisa buscar somar-se aos esforços citados para uma compreensão
da vida urbana na cidade de Ribeirão Preto.O objetivo da pesquisa proposta é
dar continuidade aos estudos da antropologia urbana, adentrando o universo
dos bairros periféricos, que consiste numa realidade diferente das chamadas
favelas consolidadas por meio de uma inserção prévia derivada da experiência
própria nestes ambientes, e por meio de um informante que de antemão se
propôs a auxiliar na realização do trabalho etnográfico em questão. O que
se busca é interpretar elementos culturais, como a vestimenta a linguagem e
música consumida como indicativos de pertencimento ou distinção quando
apropriados por grupos periféricos na cidade de Ribeirão Preto.

Palavras-chave: Etnografia Urbana; Consumo; Identidades.

36
O Sistema é a Bomba e o Pavio – O projeto da Literatura
Marginal/Periférica revisto a partir dos Coletivos
Poesia na Brasa e Perifatividade em São Paulo

Silvio Rogério dos Santos


Graduando em Ciências Sociais - UNICAMP

Resumo: Este projeto busca discutir como são interpretadas e mobilizadas as


proposições levantadas pelos coletivos literários da periferia nos tempos atuais,
comparando-as com as propostas de seu surgimento, no começo dos anos 2000.
Para realizar esta empreitada, serão pesquisadas e acompanhadas as atividades
de dois coletivos periféricos de São Paulo: o Coletivo Poesia na Brasa, que atua
na Vila Brasilândia e o Coletivo Perifatividade, que atua na região do Fundão do
Ipiranga. Objetiva-se reconstituir analiticamente aspectos das histórias e formas
de organização, como também realizar uma observação participante das ações
desenvolvidas por estes grupos, no intuito de conseguir uma compreensão
mais substancial desse fenômeno. Dito de outra forma, o mote deste projeto
é o de interpretar como se dá atualmente, o entendimento da premissa de
ser “contra o sistema”, enunciado por Ferréz e propalado por quase todos os
coletivos literários da periferia.A escolha desses dois coletivos como ponto de
partida dessa pesquisa se deu - para além de meu prévio contato com ambos os
grupos - por seu marco temporal diferenciado, pelo fato de não terem a mesma
repercussão e visibilidade que seus antecessores (Ferréz, Cooperifa e Sarau
do Binho), pelo fato de focarem suas atividades preferencialmente na região
em que estão inseridos - em particular, nos equipamentos públicos destas; e
também por seu aparente interesse, em certa medida, pela discussão sobre
políticas públicas para a periferia, como se pôde depreender previamente das
discussões contidas nos blogs e nas páginas do facebook de ambos os coletivos.

Palavras-chave: Literatura Marginal/Periférica; Cultura; Periferia.

37
Corpos e subjetividades esportivas nos contextos urbanos

Valentina Iragola Cairoli


Mestranda em Sociologia - UFSCar

Resumo: A proposta desta comunicação tem por objetivo apresentar a construção


histórica de um fenômeno que tem se tornado de grande visibilidade nos contextos
urbanos brasileiros: a corrida de rua. O fenômeno que hoje conhecemos como
o “boom da corrida de rua”, surge nos Estados Unidos, na década de 1970, se
expande às grandes cidades brasileiras duas décadas depois, a partir dos anos
1990. Nesta ocasião, gostaria de refletir a respeito de duas questões que norteiam
minha pesquisa: como se consolida esse esporte? E, além disso, como ele se
transforma em uma prática de consumo de tempo livre, que mobiliza milhões de
pessoas nos contextos urbanos brasileiros? O objetivo de analisar a construção
desse “jeito de ser esportivo” levou-me a reconstruir brevemente a história dos
esportes na Europa, no contexto de aquilo que Norbert Elias chamou como
“processo civilizatório”; posteriormente, analiso as representações corporais que
se materializaram a partir do século XIX, em um Brasil que empreendia os debates
ideológicos da modernização. Neste contexto, tornou fundamental analisar
as implicações políticas da introdução da Educação Física nos foros científicos
do país, entre um conjunto de políticas educativas de saúde sanitária e higiene
pública. Posteriormente, pesquiso os diversos discursos em conflito na hora de
determinar a origem da corrida como prática esportiva, e a idealização de um ideal
de guerreiro altruísta que as mesmas reivindicam. Finalmente, para compreender
o processo de massificação da prática, abordo o análise de grandes best sellers
norte-americanos que tiveram impacto no Brasil: os livros de Kenneth Cooper e
Jane Fonda, assim como sua repercussão na construção da cultura da boa forma.

Palavras-chave: Corpos; Corrida; Urbanismo.

38
Cotidiano e Feira Livre: uma interpretação
sobre a sua construção e desenvolvimento

Marcus Vinicius de Souza Perez de Carvalho


Graduando em Ciências Sociais - UNESP/Marília

Resumo: O contexto urbano é constituído por uma variedade de elementos tais


como diferentes instituições, grupos e organizações que, como um conjunto,
se realizam nas cidades, assim, a feira livre se apresenta nesse projeto com a
relevância de um desses elementos que dialoga e edifica a si e a realidade em
que está inserida. Desta forma, para entendermos a feira livre e sua abrangência
ao contexto urbano nos apropriaremos da interpretação crítica do seu cotidiano,
o qual Henri Lefebvre, em síntese, definiu como sendo a relação de diferentes
temporalidades coexistentes. Junto a essa elaboração do cotidiano, há o
enfoque em dois elementos expressivos à história da feira livre e que interferem
diretamente na contemporaneidade desse objeto de estudo, são eles, a rua como
espaço público e simbólico em que a feira se realiza e o supermercado como local
de caráter privado e que se relaciona competitivamente com o evento analisado.
Para alcançar tal proposta, esta pesquisa é elaborada como um estudo de caso,
o qual nos permite a utilização de diferentes técnicas metodológicas como a
biográfica, documental, entrevistas e história oral e, por fim, a apropriação
da fotografia como linguagem complementar ao texto cientifico. A pesquisa
encontra-se em andamento, contudo, já se desenvolve para a verificação das
hipóteses formuladas, as quais consistem na capacidade da absorção de uma
forma positiva ou negativa da feira livre pelo contexto social e urbano.

Palavras-chave: Feira-Livre; Cotidiano; Urbano.

39
Fashion’s cities? Cidades da Moda no Brasil

João Paulo Aprígio Moreira


Doutorando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Esta comunicação parte do questionamento proposto pelo livro


Fashion’s World Cities - Gilbert & Breward (2006). Nele os autores propõem
categorias para se pensar as cidades vinculadas a seus status de capitais
mundiais da Moda. Tomando a caracterização proposta por estes autores,
pretendo a partir da etnografia verificar quais as cidades brasileiras atendem
às categorizações propostas na obra, pelo menos a nível nacional e regional.
Em seguida, discuto os impactos destas categorizações nos repertórios e
atividades culturais e econômicas destas cidades. Nesse sentido, tenciona-se
responder questões sobre as relações destas características a novos modos de
subjetivações, ocupação do espaço e estilos de vida produzidos e reinventados
nestas cidades a partir da presença de fashionistas. Por fim, pergunta-se sobre
a margem de inventividade deixada por uma categorização, que a princípio é
tomada como global, mas que se refaz continuamente a partir de perspectivas
locais que podem ser explicitadas a partir do método etnográfico. O resultado
da pesquisa contempla uma percepção de cidades brasileiras que se destacam
no cenário nacional enquanto cidades de Moda, tais como São Paulo, Belo
Horizonte, Fortaleza, Rio de Janeiro e Goiânia.

Palavras-chave: Moda; Sociologia Econômica; Etnografia.

40
O que fazem os jovens no Shopping?
Sociabilidade e interações sociais urbanas
ancoradas na relação consumo e identificação

Felipe Roberto Petenussi


Mestrando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Para além da visão utilitarista, a abordagem antropológica entende


consumo como processo ritual capaz de dar sentido a vida e marcar os
significados, sua função é de mediador simbólico. Ativo e presente no cotidiano,
o consumo ocupa um papel central como estruturador/estruturante de valores
simbólicos que constrói e manipula identidades e regula relações sociais.
Consumir é comunicar, é tornar o mundo mais inteligível, por meio do consumo
uma pessoa é capaz de manejar e alterar os símbolos pelos quais irá construir
sua aparência - uma visão de si - pensando em uma posição de sujeito que quer
ocupar dentro de um sistema de representação específico. Na cultura ocidental
pode-se estabelecer uma identificação entre a pessoa e a classe de coisas que
ela possui ainda que essas coisas sejam vistas como externas. Diante destas
questões, esta apresentação visa expor parte do trabalho da pesquisa que vem
sendo realizada na cidade de Ribeirão Preto - SP – Brasil. Após a realização de
uma sondagem inicial, por meio da aplicação de questionário entre jovens, estes
passaram a ser observados em um Shopping localizado na região central da
referida cidade em diferentes momentos. Como principal objetivo, a pesquisa
intenta identificar as práticas, hábitos e bens de consumo que atuam como
mediadores de relações sociais, sobretudo as voltadas para os processos de
identificação operados por esses jovens.Na imperatividade do extraordinário
presente no campo, novas perspectivas emergem acerca das relações tecidas
pelos jovens e da forma como estes interagem e ocupam um espaço peculiar da
cidade: o shopping.

Palavras-chave: Consumo; Identificação; Juventude.

41
O consumo de moda por grupos de baixa renda:
reflexões sobre o trabalho de campo

Beatriz Sumaya Malavasi Haddad


Mestra em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Este trabalho tem como objetivo apresentar reflexões sobre o trabalho
de campo, abordando a pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em
Ciências Sociais da Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara, intitulada
Relações entre o Global e o Local: circulação e uso de referências de moda por
grupos de baixa renda. Pretende-se enfocar na trajetória percorrida, desde a
delimitação do universo de pesquisa à realização de entrevistas no trabalho
de campo, visando contribuir com pesquisas que elegem como metodologia
a base etnográfica e qualitativa. A prática da pesquisa exige clareza dos
procedimentos metodológicos escolhidos, tanto dos fundamentos teóricos
como dos instrumentos adotados para a análise empírica. Essa foi realizada
em comunidades localizadas no município de Santo André/SP, que compõe o
chamado Núcleo Jardim Santo André. Inseridos na vertente da antropologia
denominada antropologia urbana, buscou-se identificar os diversos significados
acionados no âmbito do consumo de moda por indivíduos de baixa renda,
contradizendo que estes estão excluídos do mercado globalizados de moda e que
consomem apenas produtos de primeira necessidade, identificando as práticas
e símbolos relacionados a circulação e uso de marcas de moda consideradas
mundiais.

Palavras-chave: Trabalho de Campo; Metodologia; Consumo Popular.

42
O acesso a moradia, a construção habitacional de
padrão econômico e as possíveis racionalidades que se
formam a partir da compra dessa habitação

Gabriela Lanza Porcionato


Mestra em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: A proposta desse artigo é de refletir sobre a emergência de um


novo segmento de construção habitacional no Brasil, o condomínio de padrão
econômico, e as possíveis racionalidades que se formam a partir da compra dessa
habitação, assim como contribuir com o debate sobre políticas habitacionais
e acesso a moradia. Este artigo considerou que a aquisição de uma habitação
promove mudanças profundas na vida do comprador. Nossa referência teórico-
metodológica são os escritos de Pierre Bourdieu (1979, 2000), que segundo
as suas pesquisas, o acesso ao alojamento moderno é a ocasião para uma
reestruturação do sistema das práticas, que é observada na divisão do trabalho
entre os sexos e na gestão do orçamento, instituição das crianças, ou práticas de
lazer. Os dados apontam para a aproximação da racionalidade das construtoras
e dos consumidores quando ambos consideram o Programa Minha Casa Minha
Vida como uma grande oportunidade de negócio, de formação de patrimônio e
de obtenção de lucro. No entanto, essa convergência não é harmônica, isto é,
ela possui um distanciamento, principalmente no tocante ao modelo em que
essa habitação foi apresentada: em forma de condomínio. Portanto, também
evidenciamos uma divergência, ou seja, um desajuste de racionalidades, pois
a construtora propõe um modelo de casa que não é considerado adequado
para alguns dos moradores. Enquanto alguns passam a ter uma relação de
distanciamento com o lugar onde vivem, e não se reconhecem como moradores,
outros que estão um pouco mais inseridos, e se sentem fazendo parte do
condomínio, relatam os problemas da nova moradia.

Palavras-chave: Moradia; Compra; Racionalidade.

43
AS OCUPAÇÕES NAS ÁREAS DE RESSACAS EM MACAPÁ-AP:
DISSONÂNCIA ENTRE A NECESSIDADE DE MORADIA E A LEGISLAÇÃO
AMBIENTAL, URBANÍSTICA E O DIREITO À MORADIA DIGNA

Jucilene Moraes Lopes


Mestranda em Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente - UNIARA

Resumo: A urbanização precária está presente em grande parte das cidades


brasileiras, a população urbana só aumentou devido ao êxodo rural e as cidades
não acompanharam esse crescimento vertiginoso. Para grande parte dessa
população urbana “sobrou” as áreas periféricas e/ou áreas ambientalmente
frágeis para fincarem suas moradias. Em Macapá não foge à realidade das demais
cidades do Brasil. Na capital do estado do Amapá a população urbana cresceu
demasiadamente devido aos grandes projetos implantados, a cidade e estado
tornaram-se focos de atração populacional. Em razão do crescimento populacional
as áreas úmidas, consideradas por lei áreas de proteção permanentes-APPs, antes
já ocupadas timidamente, foram fortemente afetadas por construção de moradias
precárias (palafitas). As áreas de ressacas (termo usado no estado) são “as favelas”
do Amapá. Através de pesquisa bibliográfica o presente trabalho se propõe a
estudar as ocupações das ressacas na cidade de Macapá. Tem como objetivo:
fazer um levantamento da legislação ambiental e urbanística referentes às áreas
de ressacas.

Palavras-chave: Ocupações Irregulares; Áreas de Ressacas; Legislação.

44
A opinião dos alunos de Engenharia,
Arquitetura, Direito e Serviço Social da UEL
sobre punições ilegais a pichadores

Amanda Vitoria Lopes Moreira da Silva¹; Cleber da Silva Lopes²


¹ Graduanda em Ciências Sociais - UEL
² Orientador - UEL

Resumo: A pichação é um fenômeno social presente nos contextos urbanos. Em


muitas cidades é possível encontrar jovens dispostos a arriscar a própria vida e
a liberdade para deixar suas marcas em muros, edificações e monumentos. O
ato de pichar é bastante controverso, gerando fortes reações tanto do poder
público quanto da sociedade. Para além do âmbito legal, a pichação tem gerado
ações ilegais de repressão e justiçamento por parte de grupo de moradores,
seguranças particulares e, inclusive, policiais. A partir de dados gerados por uma
pesquisa de opinião pública realizada com 314 estudantes de Serviço Social,
Direito, Engenharia, Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de
Londrina em janeiro de 2016, o trabalho em desenvolvimento tem por objetivo
analisar a opinião dos alunos sobre ações de repressão a pichadores. Em que
medida os estudantes apoiam ações ilegais de pichadores? O que explicaria esse
apoio? O trabalho procura responder essas questões e testar três hipóteses: (1)
estudantes com formação mais humanística (Direito e Serviço Social) apoiam
menos as punições do que aqueles de formação menos humanística e que
atuam diretamente na organização do espaço urbano (Engenharia e Arquitetura
e Urbanismo); (2) estudantes que já foram vítimas de pichação ou que têm
parentes próximos que já foram vítimas de tais atos apoiam mais as punições
ilegais do que as demais pessoas; e (3) homens apoiam mais as punições ilegais
a picadores do que as mulheres.

Palavras-chave: Pichação; Punições Ilegais; Pesquisa de Survey.

45
Grupo de trabalho I:
Antropologia, cidades e
micropolíticas - Sessão B
Maringá e a outra face do planejamento urbano

Pollyana Larissa Machiavelli¹; Caroline Pagamunici Pailo²


¹ Mestranda em Arquitetura e Urbanismo - UEM
² Mestranda em Ciências Sociais - UEM

Resumo: O espaço urbano é o local onde deveria se efetivar o princípio da


dignidade da pessoa humana, além da função social da cidade, que abrange
a efetivação do direito à moradia, ao trabalho, lazer, convivência coletiva e
harmônica da heterogeneidade que compõem as cidades. Porém, nestas
mesmas cidades se cruzam as mais variadas situações de pobreza, exclusão
social, segregação sócio espacial, desigualdades e apropriação do trabalho
coletivo pelo capital e a reprodução apenas da força de trabalho, tornando-se
um espaço da acumulação capitalista. Assim, planejar e ocupar o espaço urbano
sob padrões de bem-estar e condições de sobrevivência e convivência tem sido
um esforço imenso para diversos segmentos da sociedade, comprometidos
com o direito à cidade garantido para todos que nela moram e trabalham. Este
trabalho objetiva fazer diferentes leituras urbanas do município de Maringá e
região metropolitana, referente ao direito à moradia na perspectiva de direito
social, em conformidade com o artigo 6º da Constituição Federal de 1988, que
ao colocar a moradia no rol dos direitos sociais estabelece conexão a outros
direitos sociais que podem ser encontrados no Sistema Brasileiro de Proteção
Social (SBPS). Para alcançar tal objetivo foi realizado trabalho de campo e
pesquisa documental, referentes a origem da cidade até data atual. Foi realizada
análise das fotos aéreas e mapas de Maringá, datando do final da década de 40
até este momento, tendo em vista o processo de urbanização. Pode-se observar
que Maringá desde seu princípio foi segregadora e mantém esse padrão até a
presente data, com intensificação desse processo, com periferização da pobreza,
movimentações pendulares, acumulação primitiva de capital no polo.

Palavras-chave: Desigualdade; Função Social ; Direito à Cidade.

47
Segregação sócio espacial como meio de
(des)valorização imobiliária

Caroline Pagamunici Pailo¹; Pollyana Larissa Machiavelli²


¹ Mestranda em Ciências Sociais - UEM
² Mestranda em Arquitetura e Urbanismo - UEM

Resumo: A função social da cidade abrange a efetivação do direito à moradia,


ao trabalho, lazer, convivência coletiva e harmônica do complexo que compõem
as cidades. Observa-se em várias cidades situações de pobreza, exclusão
social, segregação sócio espacial e desigualdades, como no caso de Maringá.
Cidade essa situada no noroeste do estado do Paraná, pertencente a uma
região de colonização inglesa, marcada desde o projeto pioneiro pela intensa
segregação sócio espacial. Sua região metropolitana foi implantada em 1998,
com um desenvolvimento marcado principalmente pela intensa concentração
de atividades e protagonismo político na cidade polo. Um dos aspectos desse
processo se reflete nas precárias condições de moradia, além da distância desta
em relação ao local de trabalho. Ou seja, diversas pessoas trabalham na cidade
pólo e se dirigem diariamente as cidades dormitórios – em especial Sarandi e
Paiçandu – fenômeno esse conhecido como migrações pendulares, oriundo da
falta de alternativa. Este trabalho objetiva realizar leituras urbanas de Maringá e
região metropolitana, tendo em vista a moradia na perspectiva de direito social -
consoante na Constituição Federal de 1988 - assim como o direito à cidade como
um todo. Para este fim, utilizou-se como metodologia a pesquisa documental.
Foram realizadas análises de dados, documentos e mapas da cidade referentes
aos últimos anos. Pode-se observar que Maringá desde seu princípio foi
segregadora, e com o passar dos anos o processo tem se intensificado cada vez
mais, salientando fenômenos como exclusão social e periferização da pobreza.

Palavras-chave: Exclusão Social; Periferização da Pobreza; Direito à Cidade.

48
Criança, representação da “esperança”
e controle social: as subvenções da
municipalidade às instituições filantrópicas em
São Paulo na Primeira República

Ricardo Felipe Santos da Costa


Mestrando em Educação e História Cultural - UNICAMP

Resumo: Do lema positivista, foram apropriados pelos símbolos nacionais, a


ordem e o progresso. Ao amor, excluído da bandeira e do selo, ao menos na
metrópole do café, restaram os discursos dos parlamentares e dos filantropos,
além da suposta motivação nas ações assistenciais da “boa sociedade”, de
amparo aos abandonados. Para promover as subvenções da municipalidade às
instituições sociais, o apelo à caridade foi utilizado sob o pretexto de proteger os
outros do liberalismo triunfante como, também e sobretudo, garantir a ordem
social e econômica. Assim, pelo menos em parte, o controle, o isolamento e a
normalização social tiveram como revestimento o amor ao próximo, a filantropia,
a benemerência, o humanismo, a civilização, ou seja lá como quiserem chamar
tais políticas remediadoras do caos e mantenedoras da ordem social. E, ainda,
pela própria exploração da esperança contida potencialmente na criança,
como forma de prometer, hoje e sempre, a salvação no amanhã. Dessa forma,
procurando entender as relações de força instituídas por esta política, tendo
como referências teóricas Foucault, Certeau e Thompson, este trabalho refaz
o caminho do dinheiro até as instituições assistenciais e o seu uso, buscando
descobrir, seguindo o seu rastro, o jogo de poder e seus interesses nas lutas
estabelecidas para obter da Câmara Municipal as verbas sob a rubrica de “Auxílios
e Subvenções”. A gestão da pobreza, assim, apresenta-se como uma forma de
controlar as “classes perigosas” e manter a sociedade a salvo das rupturas que
seriam decorrentes da sua erradicação.

Palavras-chave: Caridade; Assistência Social; Controle Social.

49
Imagem, Arquivo e Rosto: uma
experiência antropológica

Rafael Bezzon
Mestrando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: A presente comunicação é fruto da pesquisa de mestrado em


andamento realizada no programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da
Unesp – FCLAr, com auxílio financeiro através da CAPES. Minha pesquisa gravita
em torno de uma abordagem antropológica, através de uma etnografia, de um
arquivo fotográfico particular, localizado na cidade de Ribeirão Preto, de um
importante fotógrafo da cidade, Tony Miyasaka. As reflexões realizadas até o
presente momento, tem como eixo norteador a imagem e o arquivo, esse binômio
reflexivo nunca esteve tão presente em nosso cotidiano, se apresentando
com uma força muito grande em nosso universo estético, técnico, político e
histórico. A imagem e, consequentemente, o arquivo que a conforma, conforme
elas se multiplicam, se tornam espaços de interesse para as Ciências Sociais
e Antropologia por serem lugares privilegiados de acesso à conhecimentos
que estão emaranhados entre os artefatos, os interlocutores e o pesquisador.
Proponho pensar, em conformidade com W. J. T. Mitchell (1986), Sylvia Caiuby
Novaes (2008) e Marilyn Strathern (2014) que o conceito de imagem não deva
ser pensado apenas referente a sua forma canônica do quadrado ou retângulo
fronteiriço, mas que a memória, um texto e um evento podem ser entendidos
como imagem e atuam junto ao arquivo e à imagem-fotografia. Nesse sentido,
pretendo falar sobre minha experiência com essas imagens que informam e
constroem a relação de análise imagética que compõem a pesquisa, que agem
como linhas que se emaranham e formam um nó junto à fotografia. Nó que é
desfeito a partir de um elemento comum, tanto para o arquivo quanto para as
imagens, que é o rosto seja ele das pessoas na ou da cidade acessado através
do arquivo e suas interlocuções.

Palavras-chave: Antropologia Visual; Arquivo Fotográfico; Análise de Imagem.

50
A Dialética Urbana: A Cidade Como Espaço de
Dominação Capitalista e de Superação do Capital

Jacques Felipe Iatchuk Vieira


Graduando em Direito - UNESP/Franca

Resumo: Para que seja possível analisar de forma aprofundada as interações


sociais no capitalismo e a lógica que as rege, se faz necessário voltar a atenção
para a organização do espaço nas sociedades modernas, mais especificamente
para a forma como o urbano é historicamente moldado como instrumento de
manutenção e aprofundamento da exploração capitalista. Para além de meras
mudanças técnicas ou estéticas, cada transformação feita nas cidades altera a
convivência e o entendimento dos indivíduos para com o mundo que os cerca.
Configura-se, assim, a cidade, enquanto importantíssimo elemento na disputa
de hegemonia e na configuração das relações de poder.Seja na tentativa de
apagar a história e a cultura de povos originários em uma localidade (como na
colonização da América Latina), no intuito de proteger governos elitistas das
manifestações populares (como na França de Napoleão III e no Brasil do século
XX) ou na finalidade de hierarquizar indivíduos por meio das áreas que cada
um pode ocupar, o urbano é espaço de constantes conflitos e ressignificação
de papéis sociais. Ou seja, cidade é espaço de luta de classes, de dominação
de gênero e de opressão de raça.Nesse sentido, o presente trabalho pretende
refletir acerca de como a estrutura das cidades tem sido utilizada historicamente
para a dominação social, econômica e cultural de determinados grupos, assim
como para a defesa e o aprofundamento do capitalismo. Outrossim, demonstrar
como essa centralidade do urbano na exploração capitalista também o torna o
espaço onde as contradições desse sistema se fazem mais evidentes, e como
esse fato eleva a cidade à condição de protagonista na luta pela superação do
Capital e na reconfiguração de nossa sociabilidade.

Palavras-chave: Direito à Cidade; Sociologia Urbana; Relações de Poder.

51
Feito de papel: imagem e sensação
em quadrinhos de Gabriel Góes

Renan Bergo da Silva


Mestrando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Apresentarei uma análise de imagens extraídas da obra do quadrinista


brasiliense Gabriel Góes. A análise busca articular as imagens com interlocuções
mantidas entre artista e pesquisador. Nessa articulação procuro conectar o
pensamento e prática de Góes com a imagem final materializada na página. Alguns
eixos importantes dessa análise se encontram na utilização de diferentes materiais
(lápis, lápis de cor, pincel, tinta, etc.); na modulação do registro gráfico (desenho
bonito, desenho feio, desenho realista, desenho estilizado); na reapropriação de
personagens e conteúdos da cultura popular; nas sensações evocadas pelo artista
para criar suas narrativas, bem como nas sensações que pretende estimular em
seus espectadores/leitores, com especial ênfase na ideia de “quadrinho sensorial”
bastante mobilizada por Góes em nossos diálogos. Não entendo que as concepções
do artista a respeito de seu próprio trabalho propiciem uma interpretação última
e acabada ou mais precisa dessas imagens, também não persigo a ideia de que o
acesso ao pensamento do autor sobre sua obra possa elucidar uma camada de
sentido mais profunda por trás das imagens. Parto do pressuposto que as imagens,
embora tenham um criador, possuem vida própria tão logo sejam publicadas,
veiculadas, vistas e lidas por outras pessoas, sendo qualquer interpretação
que uma pessoa faça dessas imagens tão significativa quanto à de seu autor.
Ainda assim entendo que, e aqui reside meu principal interesse, o processo de
pensamento e a prática que informam e dão materialidade à imagem finalizada,
que percorrem o caminho da mente de seu autor até a página através das mãos
e materiais de desenho é, de um ponto de vista antropológico, um campo de
interesse a ser explorado.

Palavras-chave: Antropologia da Imagem; Histórias em Quadrinhos; Gabriel Góes.

52
FAMÍLIAS NOS ENCONTROS, FAMÍLIAS NOS PAPÉIS:
DESLOCAMENTOS ENUNCIATIVOS EM UM NÚCLEO
DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS EM MEIO ABERTO

Sara Regina Munhoz


Mestranda em Antropologia Social - UFSCar

Resumo: Nas medidas socioeducativas em meio aberto (MSE-MA), destinadas


a adolescentes apreendidos pela prática de atos infracionais, uma série de
conceitos são acionados em referência às transformações que os meninos
precisam apresentar ao final do atendimento. Ressocialização, amadurecimento
e avanço são alguns destes termos, que remetem a índices concretos coletados e
apresentados sob a forma de relatórios ou de discursos técnicos em audiências
judiciais. Para que possam ser verificados nos meninos, suas famílias também
precisam ser escrutinadas e acompanhadas. Nessa apresentação, discutirei a
forma como é colocada em prática no cotidiano destes atendimentos a ideia
sempre presente de protagonismo familiar. O artigo resulta de reflexões
apontadas em minha dissertação sobre a construção do atendimento no núcleo
de MSE-MA Dom Bosco Itaquera, em São Paulo. Ali, as famílias dos adolescentes
eram ora acionadas ora obliteradas pelo trabalho dos técnicos para que os
índices exigidos fossem explicitados aos olhos do juiz responsável por cada
caso. Minha fala se construirá a partir de dois tipos de materiais que permitem
que nos posicionemos em lugares privilegiados para a visualização de famílias
distintas sendo trazidas à luz: 1. os encontros entre a equipe técnica e as famílias
dos adolescentes; 2. os relatórios técnicos elaborados pela equipe e enviados
ao Poder Judiciário. Na circulação pelo corredor onde funcionam as MSE-MA,
em cada uma de suas salas, saberes específicos são produzidos a respeito das
famílias e dos meninos atendidos. Minha fala se construirá pendulando entre
essas diluições e condensações concomitantes, e entre os diferentes alcances
que cada um desses desenhos familiares encontra nas MSE-MA.

Palavras-chave: Medidas Socioeducativas; Família; Documentos.

53
Passagem e contemplação: Análise da relação
entre usuários do metrô de São Paulo e Arte

Weslei Pinheiro Maciel


Graduando em Sociologia Política - FESPSP

Resumo: Por muito tempo quando se falou em obra de arte se pensou em um


cenário destinado para isso, normalmente as galerias ou os museus, porém,
com o passar dos anos as obras não conseguindo achar espaço dentro dessa
instituição, que define o que é ou não arte, em certa medida, acabaram fazendo
com que ela se espraiasse para outros espaços. Hoje, dispomos de museus
a céu aberto, arte urbana e um pouco de arte espalhada em todo canto. Na
cidade de São Paulo, por exemplo, temos o projeto Linha da Cultura que leva
obras de arte para o metrô de São Paulo, é nesse cenário que nossa pesquisa
se desdobra. Tendo o metrô como espaço característico da metrópole (lugar de
velocidade, passagem e individualidade) e a arte como o objeto da contemplação
que caminha na contramão da aceleração, tivemos o intuito de compreender
as relações entre os usuários do metrô e as obras de arte. Tentamos, então,
apreender o impacto que a obra de arte na paisagem do metrô causa sobre os
transeuntes, sendo esses impactos demonstrados por seus discursos, expressões
e corporalidades, que acabam por traduzir as formas de ser, perceber e sentir do
sujeito na metrópole moderna.

Palavras-chave: Percepção; Arte; Metrô.

54
Na natureza ou na cultura:
interações e direitos no espaço urbano

Sarah Faria Moreno


Mestranda em Antropologia Social - UFSCar

Resumo: Este trabalho se propõe debater o paradigma natureza e cultura


nas cidades a partir das relações entre humanos e animais. Uma vez que
se possa entender a cidade enquanto um espaço limpo, desenvolvido e
quintessencialmente humano, indaga-se qual a posição, então, dos animais
neste espaço, o qual poderia ser traduzido enquanto cultura – em oposição à
“natureza” animal. Esta questão será debatida a partir de literaturas clássicas
da antropologia, sobretudo a partir de Claude Lévi-Strauss, para se pensar no
par natureza-cultura, bem como na cidade enquanto uma confluência deste
dualismo. Além das literaturas clássicas, também será apresentada uma reflexão
a respeito de espaços específicos da cidade, como os chamados espaços verdes,
que por vezes podem ser considerados simulacros de natureza – ou natureza
– dentro da cidade, em diálogo com bibliografias recentes da área que tratam
de etnografias multiespecíficas, pensando, em específico, os tipos de interações
que se dão entre humanos e animais nestes espaços, tendo em vista que, no
limite, ambos os habitam e os constroem simultânea e mutuamente. Espera-se
que este debate possa contribuir para se pensar como é negociada a ocupação
e habitação das cidades e do espaço urbano, e quem tem esse direito. Nesse
sentido, há abertura para o diálogo com as questões dos direitos animais e
políticas sanitárias de controle de vetores, pensando-se numa ética ecológica
em benefício de todos os agentes envolvidos nas relações: humanos, animais,
cidades. Esta proposta trata-se de um desdobramento da pesquisa de mestrado
da proponente, a qual trata das relações múltiplas e controversas entre pessoas
e pombos urbanos em contextos citadinos.

Palavras-chave: Humanos-Animais; Natureza-Cultura; Cidades.

55
Notas de campo sobre o respeito e conflito
entre moradores de rua e agentes estatais

Natália Maximo e Melo


Doutorado em andamento - Sociologia - UFSCar

Resumo: Em um momento de conflito, é possível ausência de emoções? De


modo geral, pode-se de dizer que as emoções expressam a conexão entre
indivíduo-sociedade. Emoções também aparecem em relação a ações do Estado.
D. Vidal (2003) fazer pesquisa entre classes populares do Recife identifica a
linguagem do respeito como aquela que expressa o vinculo do indivíduo a uma
noção de cidadania e mesmo de humanidade. O sentimento de humilhação, de
ser inferiorizado fere o reconhecimento de humanidade e também a cidadania
do pobre e pode produzir reivindicações. Meu objetivo é apresentar reflexões
a respeito da gestão dos conflitos urbanos. Para refletir sobre isso, me baseio
em um relato retirado da pesquisa de campo entre 2012 a 2014 cujo objetivo é
compreender o papel das instituições estatais na gestão dos conflitos urbanos. A
pesquisa é realizada em uma instituição de Assistência Social onde uma equipe
multidisciplinar de profissionais fazem atendimento da população em situação
de rua. Há ainda dois guardas municipais encarregados da segurança no interior
da instituição. Procuro, então, refletir sobre as manifestações emocionais que
estão unidas a uma gramática moral do respeito/desrespeito. O que se percebe
é que dentro da instituição há uma economia moral (Thompson, 1998) do
respeito (Vidal, 2003) tanto no seu sentido de cidadania quanto de hierarquia
que é mediada pelo silêncio. Este se mostrou a principal técnica de solução de
conflito entre essas gramáticas morais do respeito, ao mesmo tempo em que é o
silêncio que mantém todo o conflito em estado latente e em potencial.

Palavras-chave: Emoções; Respeito; Silêncio.

56
Grupo de trabalho II:
Cultura, Identidade e
Memória - Sessão A
Produções fonográficas evangélicas antes do Gospel

Edson Alencar Silva


Doutorando em Ciências Sociais - PUC/SP

Resumo: As mídias audiovisuais vêm sendo utilizada de maneira intensa pela


maioria dos grupos evangélicos no Brasil desde o início do século XX. Este fato
pode ser verificado facilmente quando olhamos para a quantidade de programas
de rádio e TV que hoje já fazem parte da programação diária de canais abertos
ao público, mas também se fazem presente em canais pagos na TV fechada.
Com a música gravada ocorre algo similar. Contudo, mesmo tendo em vista
que há inúmeras produções musicais, na indústria fonográfica essa presença
passou a ser sentida mais fortemente com o fenômeno da música Gospel. O
ponto que será discutido nesse artigo é justamente esse: como se apresentava o
mercado de produções fonográficas evangélicas antes do Gospel? Destacamos
que ele não se fazia sentir, pois não estava ainda estruturado como mercado de
consumo e venda de músicas.

Palavras-chave: Industria Cultural ; Indústria Fonográfica; Evangélicos.

58
O PROEPO E A AFIRMAÇÃO DA IDENTIDADE DO
POVO TRADICIONAL POMERANO ATRAVÉS DA
LÍNGUA – UMA POLÍTICA PÚBLICA EM DISCUSSÃO

Moyses Berndt¹; Lilia Jonat Stein²; Sandra Márcia de Melo³


¹ Mestrando em Estado, Governo e Políticas Públicas - FLACSO
² Especialista em Gestão, Administração e Supervisão Escolar
³ Doutoranda em Sociologia - IUPERJ

Resumo: O Brasil é multiétnico e multilíngue, onde várias culturas e línguas


coexistem. Os pomeranos fazem parte deste universo, apesar de terem pouca
visibilidade. São um povo camponês que imigrou para o Brasil no século XIX,
vindos de uma região que não tem mais registro geopolítico na Europa e,
recentemente, foram reconhecidos como “Povos Tradicionais” pelo Decreto
6040/2007. Por mais de um século, viveram nas regiões montanhosas do
Espírito Santo e no interior estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina,
onde fortaleceram laços comunitários e puderam recriar seu modo de vida
camponês, mantendo sua cultura e o uso da língua materna – o pommersch ou
pomerano. Hoje, 8 municípios, orginários das antigas comunidades, tornaram a
língua pomerana co-oficial e outros 2 estão discutindo.Em 2005, foi implantado
o Programa de Educação Escolar Pomerana – PROEPO, no Espirito Santo, com
o objetivo de desenvolver nas escolas públicas um projeto pedagógico para
valorizar e fortalecer a cultura e a língua pomerana, oral e escrita. No ano
seguinte, Ismael Tressmann publicou o primeiro dicionário e a primeira gramática
em pomerano, classificando a língua como derivada do “baixo-saxão” e não um
dialeto de origem alemã, como se pensava (TRESSMANN, 2006).No entanto, o
PROEPO ainda possui dificuldades para se firmar como uma política pública
efetiva. Problemas como a falta de material didático específico (o dicionário
pomerano-português está esgotado), ausência de uma formação continuada
para os professores e novos anseios da juventude, foram identificadas com
base no estudo da implantação e resultados do PROEPO em dois municípios do
Espirito Santo.

Palavras-chave: Identidade; Língua; Pomerano.

59
Memórias da contracultura na
obra de Caio Fernando Abreu

Natália Rizzatti Ferreira


Mestra em Ciências Sociais - UNESP

Resumo: A presente comunicação tem em seu horizonte investigar as críticas à


ideologia moderna e capitalista na obra de Caio Fernando Abreu. Uma das linhas
de força da sua literatura é a capacidade de estabelecer a mediação entre a nova
organização da sociedade brasileira e o modelo literário nacional, no caso, a
mudança na temática nas décadas de 70 e 80. Seus textos mostram esta relação,
onde a transição da ditadura militar para o regime democrático se avizinha da ação
da recém implantada indústria cultural. Esta ótica é essencial para compreender
os rastros contextuais de Onde andará Dulce Veiga?. Publicado em 1990, o
livro está situado no ponto tenso da passagem para a democracia no Brasil.
Há a reflexão sobre o clima de desalento desta passagem, cuja desagregação
de alguns referenciais, sobretudo certas práticas e valores projetados pela
contracultura, revela o abismo para o qual o protagonista está caminhando. Mas
o fundo do abismo não o leva a uma queda vertiginosa, ao contrário. Divisam-
se possibilidades de rememoração, conscientização e autoconhecimento, pois
por meio da aproximação de produtos artístico-culturais ele narra as suas
vivências, reconstruindo um sentido para a vida. Por consequência, ele costura
os meandros da cultura engajada dos anos 1960, absorvendo toda a sua riqueza
de experiências. Com base nos escritos de Walter Benjamin e Antônio Candido,
busca-se compreender como a crítica empreendida pelo escritor articula
o conteúdo veiculado e os traços formais, numa dialética em que através da
matéria romanesca seus temas atingem status de recurso estilístico, indiciando
assim a literatura enquanto espaço de produção de conhecimento histórico.

Palavras-chave: Contracultura; Caio Fernando Abreu; Memória.

60
Quando o nativo é o pesquisador: a questão
de gênero na produção intelectual de três
mulheres indígenas latino-americanas

Priscila da Silva Nascimento


Doutoranda em Ciências Sociais - UNESP

Resumo: Este projeto tem como objetivo analisar a produção teórica de


três indígenas da área das ciências sociais, da socióloga maya-kaqchikel da
Guatemala Aura Estela Cumes, da linguista e cientista política kichwa do
Equador Luz Maria de La Torre e da socióloga zapoteca do México Judith Bautista
Pérez, tendo como recorte temático compreender de que maneira as mesmas
operacionalizam o conceito de gênero nos textos que se dedicam a refletir sobre
a questão. Entendendo que suas atuações no cenário intelectual contemporâneo
protagonizam e provocam reflexões conceituais que abrem possibilidades para
novas formas de se pensar e fazer ciência, buscamos compreender como cada
uma delas aciona o universo simbólico de seus respectivos grupos étnicos na
compreensão das relações de gênero tanto no interior de seu grupo quanto na
sociedade envolvente. Para tal, recorreremos à literatura por elas produzida,
aos documentos decorrentes de suas participações em eventos da área e à
realização de entrevistas semiestruturadas.

Palavras-chave: Epistemologia; Gênero; Etnia.

61
Geleia Geral: paisagem da formação cultural tropicalista

Vinicius Milani
Graduando em Ciências Sociais - UNESP/Marília

Resumo: A década de 1960 foi marcada por diversas manifestações artísticas e


tensões políticas. Nesse período, o Brasil assistiu à constituição e consolidação
do que ficou conhecido como Tropicalismo, especificamente, na área musical. O
grupo emergiu em pleno diálogo com as diversas esferas da produção cultural
brasileira no período em questão, como o cinema, o teatro, as artes plásticas e a
literatura. O álbum Tropicalia ou Panis et Circensis, de 1968, expressa o impacto
que a emergência desse grupo causou na cultura brasileira, especificamente,
entre as esquerdas, que cristalizavam uma arte engajada com propostas de viés
nacional-popular. Suas inovações técnicas, o experimentalismo, suas rupturas
e incorporações estéticas em relação ao chamado nacional-popular, deixaram
estilhaços na história cultural brasileira, constituindo temas de intensos debates
no âmbito acadêmico. A canção Geleia Geral, obra que integra o álbum em
questão, permite problematizar a inovação formal, os elementos emergentes
e residuais que compõe as produções tropicalistas, em contraposição às teses
do nacional-popular na esfera cultural. Integrando objeto cultural e contexto
social, busca-se apreender as tensões e contradições sociais engendradas no
processo de produção produção das obras identificadas com o tropicalismo
musical. Através da alegoria, do deboche e de símbolos da produção cultural,
os tropicalistas engendraram uma resposta, no plano estético, que expressava
os impasses em que os artistas brasileiros estavam imersos nos anos 1960.
Considerada uma síntese da estética tropicalista, a análise de Geleia Geral lança
luz sobre as rupturas e continuidades configuradas numa formação cultural
emergente.

Palavras-chave: Cultura e Sociedade; Tropicalismo; Nacionalismo.

62
A história oficial e a memória museológica da cidade
de Araraquara/SP: a busca por outras memórias

Débora de Souza Simões


Mestranda em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: O presente resumo tem como objetivo apresentar os primeiros


resultados da pesquisa de mestrado atualmente desenvolvida em dois museus da
cidade de Araraquara/SP: Museu de Arqueologia e Paleontologia de Araraquara
e o Museu Histórico e Pedagógico “Voluntários da Pátria”. Pesquisa que parte
da problemática da construção da história local que se oficializa através da
repetição, contada e recontada nos livros de memorialistas, no hino, na página
online oficial do município e em outros símbolos; porém compreendida como
uma narrativa mitológica, como a presença dos indígenas “bravos e guerreiros”
Guayanás como os primeiros habitantes do local, sendo que não há registros
históricos desses na região; assim como o mito do herói bandeirante, aventureiro
e desbravador Pedro José Neto, o fundador da cidade. Tal narrativa tenta se
enraizar como uma identidade local, por meio de uma memória histórica, mas
que não traz as múltiplas identidades culturais presentes na cidade.Assim,
através de uma etnografia de museus busca-se nas duas instituições outras
memórias, compreendidas como marginalizadas da história. Um estudo que
investiga tanto os discursos através das exposições, como também um estudo
de coleções, do acervo material enquanto objetos transfigurados pelo museu,
ou seja, que já tiveram função de uso prático e/ou simbólico, e com isso função
de construção de identidades e subjetividades e coletivas, mas que dentro
dos museus transformam-se em objetos de memória, capazes de suscitarem
lembranças inseridas nas memórias coletivas e possibilitam a compreensão da
vida social e cultural local e das diferentes identidades culturais.

Palavras-chave: Memória; História; Museus.

63
Violeta Parra e Mário de Andrade:
uma contextualização folclórica

Larissa Gonçalves Menegassi


Graduanda em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Esse trabalho faz uma análise comparativa entre os folcloristas Violeta
Parra e Mário de Andrade, autores que realizaram importantes registros de
resgate folclórico nos seus países, com um objetivo em comum: a busca de
compreender uma identidade nacional. Dessa maneira, será possível pensar
sociologicamente suas obras e resgates, além do contexto histórico, social e
ideológico no qual se encontravam, aproximando o sentido dado às distintas artes.
O objetivo é refletir o resgate folclórico relacional entre Chile e Brasil, analisando
obras e análises do escritor brasileiro e da cantora chilena sobre esse tema.
As análises partem de perspectivas da sociologia da comunicação e da cultura,
através da temática folclórica, da cultura popular e dos contextos sociais. Para
isso, foram utilizados conhecimentos bibliográficos de dois renomados artistas
que tiveram grande importância nos movimentos culturais latinos do começo do
século XX, com o Modernismo e com a Nueva Canción.Sempre permeados por
pensamentos das produções artísticas desses movimentos, ambos os autores
viveram em um contexto histórico comum, em que a arte e as produções
culturais buscavam uma forma de ressignificação do mundo, ao mesmo tempo
em que tentavam encontrar a própria identidade nacional. Produções essas que
demonstram uma aproximação quando analisadas sociologicamente, desde a
construção ideológica e de conhecimento até o significado da comunicação de
suas obras com as sociedades em questão.

Palavras-chave: Cultura Popular; Folclore; Identidade Latino-Americana.

64
Tradição, Identidade e Poder em “O Sol”

Gabriela Peters Gonçalves Levy


Doutoranda em Sociologia - USP

Resumo: Este texto discute identidade nacional, peso da tradição e poder no


interior do filme O Sol (2005), dirigido por Alexandr Sokurov. Para tanto, nos
voltamos ao encadeamento de imagens, sons, diálogos e silêncios. Em O Sol não
se trata de exaltar ou execrar líderes ou acontecimentos em sua magnificência,
mas de discutir imageticamente uma certa ritualística associada ao exercício
do poder em uma situação onde a memória nacional e as práticas tradicionais
colocam-se em xeque. A trama se desenrola a partir da perspectiva pessoal do
imperador Hirohito sobre a rendição dos exércitos japoneses para os Estados
Unidos (EUA) consolidando o fim da Segunda Guerra Mundial. Este, no entanto,
não é um filme que mostra batalhas, pois parte do cotidiano do imperador,
incorporando a temática da guerra e da rendição japonesa em uma série de
tradições e práticas pautadas por rituais e formalidades que se por um lado
isolam o imperador da dimensão do confronto e da derrota, por outro, exigem
uma tomada de posição bastante difícil dentro do contexto social em questão.
O papel da tradição e as práticas associadas à construção da identidade de
cada um e de todo o povo japonês passa, necessariamente, pela imagem do
imperador. Hirohito – que como imperador e detentor do poder real é aquele
que habita para além das montanhas, descendente direto da deusa do Sol –
tem a responsabilidade de manter a coesão social no Japão e está diante de
uma situação onde deve escolher entre a “honra”, sentimento constitutivo
da identidade, e a “paz”, que simbolizaria a derrota. Nossa análise se volta à
compreensão da tradição e à construção da identidade japonesa para discutir os
possíveis significados sociais da postura assumida pelo imperador.

Palavras-chave: Sociologia do Cinema; Identidade; Poder.

65
A compreensão do fascismo à luz do
pensamento crítico de Adorno

Raquel dos Santos Candido da Silva


Graduanda em Ciências Sociais - UNESP/Marília

Resumo: Os conceitos oriundos da psicanálise, são importantes eixos para


a compreensão dos estudos de diversos autores comumente associados a
Teoria Crítica, principalmente, no que concerne aos estudos de Theodor W.
Adorno sobre fascismo e personalidade autoritária, formulados em sua crítica
ao fascismo. Theodor Adorno empenhou-se em compreender as tendências
regressivas próprias ao fascismo, bem como, os procedimentos mobilizados por
líderes grupais no sentido de reforçar imagens estereotipadas de depreciação
de minorias étnicas, raciais e imigrantes em geral. Com isso, Adorno procura
demonstrar a eficiência do líder fascista, no sentido deproporcionar satisfações
de natureza narcísica, compensadoras das frustrações reais experimentadas
por seus seguidores, que envolvem uma completa inversão dos procedimentos
e objetivos propriamente educativos da teoria freudiana. O fascismo, ao
contrário, persegue objetivos diametralmente opostos, tornando o indivíduo
dependenteem relação a seus processos inconscientes, neutralizando os
potenciais emancipadores latentes na sociedade burguesa. A elucidação dessa
contradição entre o grau de maturidade racional e as tendências à regressão
coletiva requer considerar, segundo oautor, o teor de gratificação emocional
proporcionada pela adesão a esse tipo de coletivo.

Palavras-chave: Theodor Adorno; Teoria Crítica; Fascismo.

66
Cultura material e História das representações
mentais em Sérgio Buarque de Holanda:
de Monções e Caminhos e Fronteiras à Visão do Paraíso

Diogo de Godoy Santos


Mestrando em Antropologia Social - USP

Resumo: Em resenha escrita ao jornal Folha de São Paulo em abril de 1995 por
ocasião da reedição de Monções (1945) e Caminhos e Fronteiras (1957), de Sérgio
Buarque de Holanda, Laura de Mello e Souza sugere ter sido a antropologia
uma via necessária para que em sua obra seguinte, Visão do Paraíso (1958), o
autor refletisse sobre os processos históricos pelo viés de uma análise cultural.
Esse trabalho pretende percorrer a hipótese sugerida pela historiadora, a fim
de compreender mais a fundo a transição entre etapas distintas da produção
de Holanda - de Caminhos e Fronteiras e Monções à Visão do Paraíso – tanto
cronologicamente, como teoricamente Para isso, procuraremos elaborar
nos procedimentos de uma etnografia intelectual uma escrita acerca do seu
itinerário, do começo dos anos 40 ao final dos 50 - momento no qual o autor
entra em contato com a literatura etnológica - contemplando sua atuação como
funcionário da Biblioteca Nacional até assumir a cátedra na USP, passando pelo
Instituto Nacional do Livro e pelo Museu Paulista. Em seguida, iremos realizar
uma leitura das obras produzidas nesse período, explorando suas unidades
e descontinuidades temáticas e metodológicas. Nesse sentido, pretendemos
construir uma articulação entre alguns capítulos selecionados de Monções e
Caminhos e Fronteiras com outros de Visão do Paraíso, nos quais Sérgio Buarque
deixa transparecer certa interpretação constante em suas obras a respeito da
mentalidade portuguesa e dos sentidos da colonização lusófona no Brasil.

Palavras-chave: Sérgio Buarque de Holanda; Etnografia Intelectual; Pensamento


Social Brasileiro.

67
Grupo de trabalho II:
Cultura, Identidade e
Memória - Sessão B
Presença Negra em Londrina: Trajetórias e
protagonismo em oito décadas de história

Mariana Aparecida dos Santos Panta


Doutoranda em Ciências Sociais - UNESP/Marília

Resumo: A população negra desempenhou um papel fundamental na


formação socioeconômica e cultural do Brasil. No entanto, a invisibilização
e o silenciamento de suas trajetórias contrastam com a grandiosidade dos
empreendimentos de muitos negros e negras. Nessa perspectiva, este trabalho
tem o objetivo de versar sobre as trajetórias de quatro personalidades negras
que marcaram profundamente a história da cidade de Londrina e, pouco a pouco,
vêm ganhando visibilidade nacional: Justiniano Clímaco da Silva (1908-2000),
professor, médico e político; Vilma Santos de Oliveira (1950-2013), referência
nacional no Movimento Negro e na religiosidade afro-brasileira; Izolina Maria de
Jesus Francisco (1939-2015), comerciante e proprietária da “Venda dos Pretos”,
notório estabelecimento comercial situado no alto do Distrito Espirito Santo,
zona rural de Londrina, patrimônio histórico da cidade; Oscar do Nascimento
(1929), economista, advogado, professor e um dos fundadores do primeiro
clube negro de Londrina, denominado AROL - Associação Recreativa Operária
de Londrina. Ao tornar conhecida a trajetória de vida de alguns negros que se
destacaram, pretende-se aprofundar a história da população negra na cidade,
em sintonia com o contexto de formação e consolidação da nação brasileira
e com o desenvolvimento das relações étnico-raciais desenvolvidas no país.
O estudo contribui para maior conhecimento da história política, econômica,
cultural e social da cidade, visto que a população negra, embora preterida na
história conhecida e divulgada, é parte integrante da realidade londrinense,
paranaense e brasileira.

Palavras-chave: Personalidades Negras; Protagonismo Negro; Trajetórias.

69
Dançando entre domínios: práticas e usos
da dança como estratégia político-corporal

Yasmine Avila Ramos


Mestranda em Antropologia Social - UFSCar

Resumo: A partir do trabalho de campo realizado entre jovens dançarinos


da Escola de Dança da Fundação Cultural da Bahia (FUNCEB), este trabalho
se debruça sobre a análise de uma situação na qual a dança foi usada como
estratégia político-corporal para angariar fundos – simbólicos e materiais – para
uma instituição. No evento de reinauguração de um prédio público na qual a
Escola de dança foi convidada a participar, que contava especialmente com a
presença do governador do estado, foi escolhido o formato de um cortejo no
qual eram apresentadas as danças populares da Bahia, estabelecendo assim
um diálogo direto entre a Escola de Dança e a cultura do estado. Esta escolha
privilegiou uma técnica de dança em específico, a despeito das outras 4 que
também eram oferecidas como base do ensino naquela escola. Deste modo,
coloca-se em evidência como a dança é vista a partir de diferentes escalas, a
depender do contexto em que está inserida e os objetivos que se deseja alcançar.
Da dança pautada em padrões internacionais e na expertise da técnica, como é
o caso do balé, dança moderna e contemporânea, os atores sociais se movem
em outros domínios que privilegiam a dança enquanto tradição, memória,
resgate cultural, autenticidade como forma de diálogo e barganha com o
poder público. Trata-se de mudanças de escalas feita pelos atores sociais, que
tal como indica Strathern, também implica em perdas de informação: há uma
passagem da precisão da técnica para a dança vista a partir de uma visão macro,
representando a Bahia através da dança. Com isso, deseja-se pensar como a
dança ganha significados diferentes a depender do domínio e da escala em que
ela é acionada pelos próprios atores sociais.

Palavras-chave: Danças Populares; Poder Público; Escola de Dança.

70
Da diáspora africana e na fronteira da identidade

Cauê Gomes Flor¹; Luana Silva de Souza Flor²


¹ Doutorando em Ciências Sociais - UNESP/Marília
² Mestra em Ciências Sociais - UNESP/Marília

Resumo: Desde 2004 a cidade de Lins, no interior de São Paulo, recebe,


proporcionalmente, o maior fluxo de estudantes africanos do interior paulista.
Lá eles residem e estudam no Centro Universitário de Lins (Unilins) cerca de
140 estudantes provenientes dos Países de Língua Oficial Portuguesa (Palop):
Angola, Cabo Verde, São Tomé & Príncipe, Moçambique e Guine Bissau. No
entanto, são preponderantes os jovens provenientes de Angola, cerca de 120,
sendo, os únicos que se enunciam enquanto comunidade angolana. Ao enunciar
esse discurso, os estudantes africanos agenciam e negociam um conjunto de
representações, afirmam diferenças e promovem processos de identificação
que produzem um senso de pertencimento de caráter étnico (identidade
étnica). Esse posicionamento se dá em reação, sobretudo, a atribuição adscrita
da negrura cotidianamente (racialização) em sua experiência coletiva, isto é,
ocorre em função da experiência com o racismo na sociedade brasileira. E tão
importante quanto essa reação e posicionamento é a maneira, a forma, o como,
os estudantes realizam esse agenciamento e negociação. Esse trabalho explora
não, nesse sentido, apenas os elementos e práticas utilizadas pelos estudantes
para produzir seu posicionamento, seu senso de pertencimento, mas também a
forma como o realizam. É desse modo, que a noção de diáspora africana torna-
se uma categoria importante para a nossa analise, particularmente a perspectiva
elaborada pelos autores pós-coloniais, na medida em que os estudantes
agenciam e (re)significam elementos culturais próprios as comunidades negras,
sobremaneira, aquelas do atlântico e subjetivamente são profundamente
afetados pelo deslocamento de sua vinda ao Brasil.

Palavras-chave: Racialização; Identidade; Diáspora Africana.

71
ETNOGRAFIA: UMA ANÁLISE RITUAL E IDENTITÁRIA
DA RODA DE CAPOEIRA ANGOLA ORGANIZADA PELO
GRUPO DE CAPOEIRA QUILOMBO DE MINAS

Keyty de A. Silva; Ana L. de Paula; Najara L. V. Rodrigues; Pedro H. D. Marques


Graduandos em Ciências Socioambientais - UFMG

Resumo: A presente etnografia é relevante para o entendimento prático dos


ensinamentos sobre rituais, identidade e resistência, vivido pelos grupos de
capoeira, em especial grupos de capoeira angola no contexto urbano. O objeto
desse estudo foi a roda de capoeira angola realizada aos terceiros domingos
de cada mês pelo Mestre Manso Quilombo – Mestre do Grupo de Capoeira
Quilombo de Minas – na Praça Sete de Setembro no Bairro Centro em Belo
Horizonte, Minas Gerais. O trabalho de campo e observação foi realizado
no dia 20 de março de 2016, quando os autores participaram da roda como
capoeiristas convidados, compondo o coro e a formação da roda. A expressão
da capoeira seja angola ou regional acontece durante a roda, onde todos os
símbolos da capoeira se tornam visíveis, e os movimentos corporais aprendidos
são compartilhados. Para descrever e conhecer a roda de capoeira angola foi
necessário uma abordagem que contemplasse as diversas questões culturais
e religiosas. Já a roda apresenta intrinsecamente uma historicidade e traz
consigo uma memória que é contada a partir de elementos como musicalidade,
valores morais e religiosos, tradição e respeito. É essa descrição além de uma
abordagem identitária e de resistência dos diversos grupos no contexto urbano,
que o presente trabalho se propõe a realizar, tendo como objeto de análise a
roda realizada por Mestre Manso.

Palavras-chave: Identidade; Resistência; Capoeira Angola.

72
Como as travestis eram vistas nos filmes da
boca do lixo: o caso de “ O sexo dos anormais”

Dionys Melo dos Santos


Graduando em Ciências Sociais - UFSCar

Resumo: O objetivo geral desta investigação é buscar elementos teóricos e


conceituais que permitam analisar criticamente o processo de representação
das travestis e transexuais na sociedade brasileira da década de oitenta. Isto a
partir dos filmes do ciclo cinematográfico da boca do lixo paulistana, em especial
a obra O Sexo dos Anormais de Alfredo Sternheim. Mais especificamente,
pretende-se investigar: a) como a personagem travesti Jéssica aparece
representada no enredo do filme, alinhada a quais discursos sobre a experiência
trans; b) as tecnologias e saberes mobilizados nesse trabalho de representação
da alteridade. Esta investigação é conduzida com o objetivo de realizar uma
pesquisa bibliográfica e documental sobre aspectos das representações do
sexo no cinema da boca do lixo, a partir do corpus de pesquisa definido pelo
critério que acentua a presença de personagens travestis e transexuais em papel
de destaque. Busca-se produzir uma análise dessa obra em três dimensões: I)
biográfica, no sentido de entender o lugar de fala de quem produz e reproduz
determinada forma discursiva; II) contextual, respeitando as especificidades
sociais, políticas e econômicas de determinado momento de produção; III)
estética, pensando as dimensões políticas de determinadas formas expressivas.

Palavras-chave: Pornografia; Travestis; Gênero.

73
Identidade, Memória e Relações Étnicorraciais na Congada

Tatiane Pereira de Souza


Doutoranda em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: O Parecer CNE/CP n.º 3/2004, que regulamenta a lei 10.639/2003 e


estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações
Étnico-Raciais nos termos da Lei 9394/1996, orienta que o ensino de Cultura Afro-
Brasileira destacará o jeito próprio de ser, viver e pensar da população negra
manifestado tanto no dia a dia, quanto em celebrações tais como congadas,
moçambiques, dentre outras. No entanto, tanto a escola como a sociedade de
modo geral desconhecem as pedagogias e cosmovisão de mundo que trazem
essas tradições culturais, bem como seu histórico de formação, proposição social,
usos e sentidos de suas raízes étnico-culturais em território. O presente artigo
propõe neste sentido, uma breve imersão na tradição da congada, justamente
para conhecer essa cultura e compreender como a identidade, a memória e as
relações étnicorraciais estão presentes na congada e de maneira tais categorias
se interseccionam nessa tradição. Espera-se que este artigo contribua para
evidenciar a congada como um espaço não somente de sociabilidade, mas de
resistência da cultura de origem africana no Brasil.

Palavras-chave: Identidade; Memória; Congada.

74
Da “rua” para o palco : trajetórias e
negociações em torna da “dança do ventre”

Amana dos Santos Nesimi


Mestranda em Antropologia - UFF

Resumo: A “dança do ventre” não pode ser pensada em uma trajetória única.
Existe um discurso recorrente que o associa ao Egito que move uma série de
práticas em torno desse imaginário. Uma das dimensões que é possível destacar
quando se associa a “dança do ventre” ao Egito é sua dimensão “palco” e “rua”.
Estas duas dimensões estão relacionadas diretamentecom o conceito de
tradição pois, frequentemente esta dança é tida como tradicional ou ancestral,
porém seja qual for a expressão utilizada, o apelo de um passado distante ou
remoto é incorporado como elemento fundamental que dá significado a esta
dança. Segundo esta narrativa existe dois caminhos possíveis: a “dança do
ventre” ou é vista como uma migração do privado/ religioso para o grande
público ou saiu da “rua” e foi para o palco. A “dança do ventre” é encarada como
parte de um ritual religioso de caráter privado e se tornou, com o passar do
tempo e com a influência européia, dança dos famosos cabarets no Egito e no
cinema hollywodiano. Ora ela era encarada como uma manifestação popular
egípcia de “rua” e devido os mesmos motivos apontados anteriormente passa
a assumir a roupagem de palco. Seja qual for a narrativa escolhida, a ideia de
espetacularização está presente como elemento central.Não somente não está
dada mas como está em plena disputa. Uma vez que em torno dela bailarinas
se dividem em defesa de performances mais voltadas para a “simplicidade” e a
“espontaneidade” presente na “dança do ventre tradicional”, mais próximas de
sua raíz de alameda. Enquanto outras irão, embora respeitem essa trajetória
de uma maneira geral, defender uma dança mais “dinâmica” e próxima do puro
entretenimento. Perceber como essa tríade é dada na prática, também é foco
deste trabalho.

Palavras-chave: Dança do Ventre; Tradição; Espetacularização.

75
Resistência e luta em Cocalinho:
identidades e representações em questão

Gerson Alves de Oliveira


Doutorando em Ciências Sociais - UNESP/Marília

Resumo: Este texto pretende problematizar a representação da comunidade


de remanescentes quilombolas de Cocalinho – localizada no norte do estado
de Tocantins – no âmbito do discurso institucional, configurado pelos agentes
que representam os órgãos responsáveis pela aplicação da lei (artigo 68
da Constituição de 1988) no campo politico administrativo. Assim, o ponto
de partida é a fala de um servidor do Instituto de Colonização e Reforma
Agrária que indagado sobre a possibilidade de liberar o acesso a documentos
relacionados à comunidade aqui debatida, fez questão de dizer que conheceu
Cocalinho há muitos anos atrás quando eles realmente eram “negros do pé
rachado”. A hipótese consiste em relacionar a representação feita pelos agentes
públicos com o discurso que tende a reconhecer a comunidade a partir de
categorias reificadas, cujo conteúdo leva a uma interpretação sobre o quilombo
associada ao isolamento e, portanto, fora da civilização, além confinar a cultura
quilombola a uma identidade fixa. A questão será abordada considerando
que o processo de reconhecimento de uma identidade sempre passa por uma
contestação histórica, pois há uma problematização de discursos e verdades
pré-estabelecidas à medida que os sujeitos sociais de um determinado grupo
coletivo, através de suas práticas sociais ressignificam tais verdades. Nestas
circunstancias, a identidade tornar-se algo fluido e flexível mais do que mero
processo de diferenciação.

Palavras-chave: Quilombo; Identidade; Cultura.

76
O papel da memória na permanência da história
do batuque de umbigada em Araraquara

Natalia Carvalho de Oliveira¹; Claudete de Sousa Nogueira²


¹ Graduanda em Ciências Sociais - UNESP
² Orientadora - UNESP

Resumo: As manifestações culturais, religiosas bem como os ajuntamentos,


assumiram importância notável, pois através deles pode-se verificar os
significados dados às vivências culturais/sociais. Compreendendo que cultura é
memória, na medida em que os acontecimentos são guardados ou descartados
de acordo com os filtros estabelecidos pelos grupos, as lembranças retidas, são
experiências individuais e coletivas vivenciadas e dotadas de significado. Sendo
assim, as memórias podem assumir papel central na comunicação de histórias
que foram marginalizadas e silenciadas pela história oficial e que, geralmente,
não estão representadas em espaços dedicados à memória, mas mantiveram-
se vivas e formaram redes de transmissão interna, que possibilitaram sua
permanência, e por isso são chamadas de “memórias subterrâneas”. É neste
contexto que as histórias a respeito do batuque de umbigada se inserem
em Araraquara, pois ao buscar referências sobre tal prática, poucas fontes
documentais foram identificadas, porém, é possível encontrar diversas
memórias narradas pela oralidade. Neste sentido, o presente estudo tem como
objetivo compreender o papel da memória na manutenção e permanências das
histórias sobre o batuque de umbigada na cidade de Araraquara. Mesmo que o
batuque não se manifeste através de encontros em espaços físicos, permanece
vivo na memória dos sujeitos que o vivenciaram de forma direta ou indireta,
estes podem ser considerados “guardiões da memória”, por carregarem consigo
histórias que representam sua comunidade, pois rememorar é reviver histórias
originárias que compõem as tramas do vivido, perfazendo-as de significados que
traçam caminhos aos fazeres em consciência histórica.

Palavras-chave: Memória; Batuque de Umbigada; Araraquara.

77
AS RELAÇÕES ÉTNICAS NO BRASIL: AS CONTRIBUIÇÕES
DO POVO NEGRO NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PAÍS

Osvaldo José da Silva


Mestrando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: O trabalho possui como proposta apresentar o ideário temático do


pesquisador negro Manuel Raimundo Querino. Santo Amaro, BA. 8/07/1851 -
Salvador, BA.14/02/1923. Aluno e Professor no Liceu de Artes e ofícios da Bahia
e da Escola de Belas Artes de Salvador. Pintor, escritor, líder abolicionista e
pioneiro nos registros antropológicos da cultura africana na Bahia. A Tese central
no pensamento de Querino é que a Etnia Negra foi a colonizadora do Brasil, por
estar imersa no cenário econômico do trabalho escravo como produtor da mais-
valia; mesmo não possuindo a liberdade e os meios de produção, foi a mão de
obra operadora do capital mercantil e produtivo na terra brasileira. O legado das
tradições africanas do negro no Brasil transcendeu o tempo histórico; visto que
a memória, a cultura, a cosmologia e o dado da mística religiosa fincou raízes
constituintes do Ser brasileiro no tempo presente. É inegável que a disputa
ideológica da tradição literária relegou Querino ao segundo plano, evidenciando
demais autores defensores da miscigenação “racial”. Tradição que deve e pode
ser refeita com os desafios de uma nova abordagem acadêmica.

Palavras-chave: Negros e Negras; História Descontínua; Formação Cultural.

78
Grupo de trabalho III:
Povos Indígenas, Quilombolas e
Comunidades Tradicionais - Sessão A
Considerações acerca da perda ou não de
autoria e identidade em textos em português
escritos na escola Kamadu, da etnia juruna

Lígia Egídia Moscardini


Doutoranda em Linguística e Língua Portuguesa - UNESP

Resumo: Até os anos 1970, a Educação Escolar Indígena tinha a função de


“civilizar” índios. Por constantes reivindicações, ela passa a se tornar um meio
de preservação cultural, interação com não-indígenas e luta por seus direitos. A
escolaKamadu, da etnia juruna/yudjá, tem esse objetivo. Por isso, se elaboraram
metodologias para intervenções não-indígenas que auxiliassem a escrita
em português por indígenas: a RefacçãoTextual e o Paradigma Indiciário já
explorada em dissertação de mestrado. Assim sendo, essa tese é inspirada na
última viagem a campo para a aldeiajuruna e no próprio desenvolvimento da
dissertação de mestrado. Tomando as mesmas metodologias e propostas de
intervenção em textos, ela será constituída de pontos latentes na dissertação
que propõe uma reflexão complexa e aprofundada sobre “perda de autoria”,
de identidade e de cultura em textos escritos em português por professores e
alunos juruna.

Palavras-chave: Educação Escolar Indígena; Linguística Textual;


Português como Segunda Língua.

80
A EFETIVAÇÃO DE UM PROGRAMA DE TEMAS RACIAIS
NA UFTM - UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIANGULO
MINEIRO - PROPOSTA E DESAFIOS

Maria Cristina de Souza


Doutora em Serviço Social - UFTM

Resumo: busca discutir a questão da desigualdade racial no Brasil afirma


a necessidade de esforços coletivos para combate-la. Precisamos de um
projeto político para isso, é preciso que haja todos os segmentos da sociedade
qualificados e representados.,é possível que esses negros, que começam a se
formar através das cotas, participem mais do processo de produção intelectual,
de uma visão, de um segmento que, até aqui, não teve papel fundamental. Fica
evidenciada a necessidade de ações coletivas para o combate desta desigualdade
e para isso são necessárias informações e formações que facilitem e propiciem
a entrada em organismos destinados ao combate da desigualdade racial. Para
spromoção da igualdade racial necessita da organização dos movimentos
sociais, das universidades e dos poderes públicos, num apelo social pelo respeito
à diversidade na construção democrática do país, visto que a desigualdade
racial favorece outras desigualdades. Na UFTM funciona desde o ano de 2014
o projeto que conta com a participação de alunos dos diversos cursos , além de
várias instituições de Uberaba envolvidas na questão racial. Tem como objetivo
colaborar na efetivação dos movimentos sociais e inserir a universidade em
contribuição aos alunos que vivenciam processos de desvantagens sociais em
decorrência do racismo.Com participação origem étnica diversa, o grupo discute
, com pesquisadores da área, artefatos midiáticos, culturais, políticos e sociais
que discorram sobre a questão racial

Palavras-chave: Desigualdade Racial; Racismo; Participação.

81
Agora vocês que aprendem: contribuições e
reflexões dos Karajás para os tempos de crise

Sofia Santos Scartezini


Mestranda em Antropologia Social - UFSCar

Resumo: As ações das políticas públicas voltadas às comunidades tradicionais


estão desde suas mais diversificadas origens permeadas por contradições e
desafios. As trajetórias desde a concepção até a sua aplicação, são muitas e fluem
entre diferentes regimes espaciais e temporais. Essa reflexão nos contextos das
populações indígenas brasileiras, levando em conta as diversidades culturais
e os desafios do diálogo intercultural multiplicam ainda mais as dimensões,
expectativas e ações dessas políticas. Pensando nesse contexto multidimensional
e no atual cenário político brasileiro, reflito sobre as ações escolares – entendendo
estas como inicialmente verticais – na Aldeia Ibutuna, com a população indígena
Karajá. A trajetória da Escola Estadual Indígena Hariana, passa por diversos
processos: desde sua implementação unilateral governamental até os processos
de apropriação e ressignificação culturais, que geram uma horizontalidade
constantemente atualizada no interior da comunidade. A pesquisa é realizada
na Aldeia Ibutuna, comunidade indígena Karajá, localizada na Ilha do Bananal,
região do Araguaia, em Tocantins. Refletirei as dimensões contextuais dos
processos de etnicidade e apropriação cultural, observando a escola como
espaço de reflexão e local onde as contradições,crises e conflitos emergem e
as apropriações eclodem formando uma configuração complexa que fomenta
a atividade antropológica. As formas como os professores, estudantes e a
comunidade manipula esse bem, inicialmente não indígena, fornecem reflexões
significativas para o campo da etnologia indígena, afetada pelas transformações
políticas brasileiras.

Palavras-chave: Fluxos Culturais; Educação Indígena; Apropriação Cultural.

82
TERRA DE SANTO E TERRA DE PRETO -
A COMUNIDADE QUILOMBOLA DO CARMO

Ana Luísa Nardin


Mestranda em Antropologia - UFSCar

Resumo: O artigo proposto tem como contexto o Termo de


ExecuçãoDescentralizada recentemente assinado, abril 2016, entre a UFSCar
- Universidade Federal de São Carlos - e o INCRA - Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária - que visa à produção de laudos antropológicos
para a titulação de duas terras quilombolas no interior do estado de São Paulo.
Dada a oportunidade, é de interesse situar, nesta comunicação, a pesquisa
que empreende-se como trabalho etnográfico restrito a uma das terras, ou
seja, a comunidade fixada no bairro do Carmo, do município de São Roque-
SP. Verificada a interligação entre o território quilombola e a figura de Nossa
Senhora do Carmo, uma vez que a comunidade se auto denomina de “pretos
do Carmo”, o que norteia o estudo são as concepções geradas pelas relações
entre a comunidade, a terra e a santa. Questões refentes à territorialidade a
partir dos conceitos de “terra de santo” e “terra de preto” que implicam saber em
que medida tais relações sustentam a manutenção dos laços entre os membros
desta comunidade e também entre eles e o território ocupado, e se essas
são agentes para a atualização/reprodução dos sentidos vivenciados em seus
rituais de celebração e em seu cotidiano. Em síntese, esse é o escopo do artigo,
exercício de reflexão sobre o estado da pesquisa de mestrado em andamento
pelo PPGAS-UFSCar Programa de Pós Graduação em Antropologia Social.

Palavras-chave: Quilombolas; Terra de Santo; Terra de Preto.

83
Novos contextos de uma luta milenar -
As ações políticas dos Povos e Comunidades
Tradicionais de Matriz Africana na região de Campinas

Leonardo Elias Luz da Silva


Graduando em Ciências Sociais - UFSCar

Resumo: O trabalho consiste numa análise em nível local de um movimento que


vem crescendo em todo o país: o fortalecimento da organização politica dos povos
e comunidades tradicionais de matriz africana na sua luta por reconhecimento e
garantia de direitos. Não que em períodos anteriores estes grupos não “fizessem
política”, muito pelo contrário. Santos em O Poder dos Candomblés (2009), por
exemplo, nos mostra de forma exemplar como os candomblés no Recôncavo da
Bahia, durante a Primeira República, embora não possuindo representantes nas
disputas eleitorais, souberam usar das intrigas políticas locais a seu favor. Mas
o que caracteriza o momento atual é a construção de uma atividade política que
extrapole estas pequenas e restritas “brechas” do jogo político e garanta uma
efetiva participação na arena pública. É assim que nos últimos anos tivemos,
por exemplo, a publicação do I Plano Nacional de Desenvolvimento dos Povos
e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana - que contou com a grande
participação de sacerdotes de matriz africana de todo o pais - e até a tentativa
de criação, por parte da sociedade civil, de um partido político que represente
estes grupos.Neste sentido, abordarei o caso específico das novas estratégias
políticas utilizadas pelos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana
da região de Campinas. O foco se dá, em grande parte, nos meios pelos quais a
tradição torna-se uma ferramenta de enfrentamento político e na forma como
conhecimentos tradicionais constituem as bases da construção de uma cultura
política democrática e participativa.

Palavras-chave: Comunidades Tradicionais de Matriz Africana; Cultura Política;


Participação.

84
Calón e assistência social –
uma experiência etnográfica de viabilização de direitos

Erika dos Santos Tolentino


Graduada em Serviço Social - UNIGRANRIO

Resumo: Este trabalho tem o objetivo de estudar os ciganos Calón que habitam
o município de Resende/RJ, buscando compreender sua relação com os não
ciganos, com as políticas sociais, em especial a assistência social e conhecer sua
representação social a partir do trabalho etnográfico de pesquisa. Utilizamos
as metodologias de pesquisa explicativa e descritiva, buscando um conjunto de
informações sociológicas, que tem o objetivo de estudar a cultura de um grupo,
comunidade, etnia a partir da inserção no território, da construção da relação de
observado e observador.Os ciganos chegaram em Resende há mais de dez anos
e desde então vem tentando se inserir no cotidiano da cidade. Todavia, essa
relação é muito complexa devido aos costumes inerentes a cultura cigana e ao
preconceito e estigma que enfrentam pelo restante da população. A realidade é
de baixa escolaridade, alto desemprego, evasão escolar de crianças e mulheres
esmolando no centro da cidade. Como trabalhadora da Política de Assistência
Social do município, comecei a me interessar em conhecer a cultura cigana
através do trabalho de campo no acampamento. As comunidades tradicionais
são público prioritário de busca ativa para inserção no Cadastro Único dos
Programas do Governo Federal, poi é um público que por razões do seu modo
de vida, de estigmas e preconceitos vivenciados se encontram em violação de
direitos. Observei que apesar de ser público prioritário da política de assistência
social, os ciganos pouco recorrem aos serviços e este não realiza busca ativa
ou outra estratégia de aproximação. Essa foi uma primeira inquietação, a
potencialidade de trabalho da assistência social, no que tange a proteção social
por ela afiançada frente aos munícipes ciganos.

Palavras-chave: Ciganos Calón; Assistência Social; Comunidade Tradicional.

85
Territorialidade e Povos Tradicionais: Os conflitos
Socioambientais na tribo dos Yanomami

Ana L. de P. Santos; Keyty de A. Silva; Najara L. V. Rodrigues; Pedro H. D. Marques


Graduandos em Ciências Socioambientais - UFMG

Resumo: Desde o primeiro contato dos povos indígenas com os colonizadores


é possível constatar a grande devastação e imposição de costumes a esses
povos, principalmente os localizados no território brasileiro. Muitos deles se
extinguiram, com o passar dos anos, restando apenas alguns remanescentes
que lutam constantemente em busca de seus direitos e preservação de suas
terras. Integrando esse grupo estão os povos amazônicos Yanomami, com uma
população de cerca de 32.000 índios. Com a expansão das fronteiras demográficas,
territoriais, garimpeiras e agrícolas, os costumes dos povos tradicionais, modo
de vida e sua territorialidade foram sendo alterados ao longo do tempo,
forçando-os a se adequarem as novas demandas de mercado. Logo, o presente
trabalho pretende relatar e discutir a organização e representação territorial e
cultural dos Yanomami sob uma perspectiva histórica e geográfica das ameaças
e desafios territoriais que eles vêm enfrentando, em sua pluralidade, através de
pesquisas bibliográficas e leituras de leis relacionadas a Povos e Comunidades
Tradicionais. Defende-se também que é essencial um movimento de tomada de
consciência, a despeito das acusações de manipulação, movidas pelo interesse
econômico local ou regional, oferecidos principalmente pelos garimpeiros e
fazendeiros. Preservar e reconhecer esses povos é apenas o primeiro passo para
garantir seus direitos e a manutenção dos seus costumes e tradicionalidades.

Palavras-chave: Povos Tradicionais; Yanomami; Conflitos Socioambientais.

86
Grupo de trabalho III:
Povos Indígenas, Quilombolas e
Comunidades Tradicionais - Sessão B
A resistência cotidiana dos povos indígenas durante a
ditadura de Alfredo Stroessner no Paraguai (1954-1989)

Paulo Alves Pereira Júnior


Mestrando em História - UNESP

Resumo: A ditadura cívico-militar de Alfredo Stroessner no Paraguai durou de


1954 a 1989. Esse governo desenvolveu um sistema controlador que censurou
qualquer tipo de oposição realizada. Os alvos dessa repressão foram os setores
populares, os políticos vinculados a partidos oponentes, os indígenas, os
clérigos e os jornalistas. A bibliografia sobre os modos de resistência a tal regime
destaca, principalmente, as ações dos grupos “intelectualizados” da sociedade
paraguaia e dos trabalhadores urbano-industriais, organizados em sindicatos
e agremiações políticas. Além disso, essa vertente prioriza como forma de
refutação as manifestações públicas, as contestações político-partidárias e a
atuação de grupos armados, “esquecendo-se” das práticas oposicionistas no
âmbito privado. À vista disso, o presente trabalho apresentará a resistência
cotidiana desenvolvida pelos povos indígenas durante o governo de Stroessner,
apresentada nos depoimentos existentes no tomo III do Informe Final da
Comisión de Verdad y Justicia - Anive haguã oiko.

Palavras-chave: Indígenas; Paraguai; Resistência.

88
Os caminhos da oralidade e da escrita:
elementos para uma etnografia histórica do
processo de disposição espacial Tupi

Vladimir Bertapeli
Doutorando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: A presente comunicação versa sobre as possibilidades de se fazer


uma etnografia histórica do processo de disposição espacial dos Tupi na
costa meridional atlântica do continente. A partir de uma crítica à etnonímia
compósita Tupi, Guarani e Tupi Guarani, trata de apontar os caminhos para
uma reconstituição genealógica das relações entre parentelas e grupos locais
Tupi, Guarani e Tupi Guarani em suas múltiplas articulações espaço-temporais
nuançadas às distintas perspectivas. Para isso, a reconstituição remonta ao final
do século XIX, referenciada ao alcance da memória oral Tupi e Tupi Guarani,
por um lado e, por outro, aos primeiros registros destes etnônimos nas fontes
documentais disponíveis, e abrange o processo de retomada territorial que
culmina na primeira década do século XXI. Tem como marcador temporal a
memória oral dos Tupi e Tupi Guarani quanto ao processo de retomada e o
momento em que surgem os primeiros registros documentais relacionados
ao uso dos mencionados etnônimos. Para tanto propõe-se aqui articular
uma etnografia histórica, coligindo-se narrativas referentes ao passado dos
habitantes mais idosos das atuais aldeias Tupi e Tupi Guarani, os txeramôes e
txedjrays, à pesquisa historiográfica, baseada na crítica de fontes primárias e
secundárias dos acervos do Serviço de Proteção aos Índios (SPI), da Fundação
Nacional do Índio (FUNAI), do Arquivo Público do Estado de São Paulo e dos
arquivos municipais e cartórios particulares das cidades litorâneas paulistas.

Palavras-chave: Tupi e Tupi Guarani; Disposição Espacial; Memória.

89
O CAMPO EM EVIDÊNCIA:
ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES METODOLÓGICAS DA
ANTROPOLOGIA SOCIAL PARA O TRABALHO DE CAMPO

Claudimara Cassoli Bortoloto


Doutoranda em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Esse artigo aborda a discussão sobre a pesquisa de campo e suas


transformações associadas às mudanças de paradigmas na antropologia. Dá
ênfase ao desenvolvimento da antropologia social que a partir dos anos 1970
delineou novos contornos na antropologia contemporânea, acrescentando na
pesquisa de campo a domesticação da subjetividade, do indivíduo e da história.
A antropologia social deu sequência a evolução e renovação de métodos
antropológicos, dentre eles, destacam-se o campo e a escrita como partes
de um mesmo processo que concretiza o efeito etnográfico, cuja observação
e análise encontram-se em um mesmo plano. Nessa mesma lógica, sobressai
a antropologia simétrica de Roy Wagner que concebe a relação de igualdade
entre o pesquisador e seu objeto de pesquisa dada pela imersão, além do
perspectivismo de Viveiros de Castro que assim como a antropologia simétrica
analisa a percepção do outro a partir do conhecimento sobre si mesmo,
constituindo-se em novas formas de tradução da cultura.

Palavras-chave: Método; Pesquisa de Campo; Antropologia.

90
O “drama social” da insurgência
de um novo sujeito de direitos

Sérgio César Corrêa Soares Muniz¹; Cássia Ferreira de Oliveira²


¹ Mestrando em Antropologia - UFPI
² Graduanda em Ciências Sociais - UFMA

Resumo: Nos últimos 28 anos que se seguiram desde a promulgação da


Constituição Federal de 1988, inúmeras comunidades quilombolas no Brasil
tem protagonizado situações de enfrentamento, seja contra o poder público,
materializado em ordens de reintegração de posse e despejo em desfavor dessas
comunidades, seja contra fazendeiros, empresas mineradoras, de papel e celulose
e outros empreendimentos, que veem a terra como sendo única e exclusivamente
recurso a ser utilizado para atender as necessidades de um mercado de consumo
específico. Diante de tal quadro, neste ensaio pretendo analisar o processo de
construção política e jurídica das comunidades quilombolas como novos sujeitos
de direitos a partir de uma perspectiva conjuntural-estrutural-relacional. Para isso,
explorarei os conceitos de “drama social”, “liminaridade”, “ordem performativa” e
“estrutura da conjuntura”. Minha intenção é demonstrar que a instituição de um
novo sujeito de direito é resultado de um processo de desestruturação de uma
configuração política consolidada, e que entretanto, é estruturalmente colocada
em risco, refletindo a necessidade do estabelecimento de uma nova estrutura
(ordem) onde os sujeitos que a integram sejam recolocados em novas posições e
representados socialmente de uma nova (outra) forma em relação aos paradoxos,
contradições, conflitos e dissensos salientes na ordem social (estrutura) a ser
remodelada. Nesse sentido, a insurgência da comunidades quilombolas como
sujeitos políticos seria resultado de uma “performance total” agenciada por essas
coletividades em torno de seu reconhecimento cultural e de acesso a direitos.

Palavras-chave: Comunidades Quilombolas; Drama Social; Performance Total.

91
VIVÊNCIA EM UM PROJETO DE EXTENSÃO COM JOVENS GUARANI:
DIÁLOGOS E REFLEXÕES DE UMA TERAPEUTA OCUPACIONAL
COM AS PERSPECTIVAS ANTROPOLÓGICAS

Amabile Teresa de Lima Neves


Mestranda em Terapia Ocupacional - UFSCar

Resumo: Introdução: Nos anos de 2014 e 2015, enquanto professora substituta


da graduação de Terapia Ocupacional da Universidade Federal do Espírito Santo,
passei a atuar como técnica do projeto de extensão “Terapia Ocupacional e os
jovens Guarani do ES: diálogos e oficinas culturais”, do qual já participava desde
2011, quando graduava. O projeto envolve a inserção de estudantes de terapia
ocupacional nas aldeias Guarani, na cidade de Aracruz - Espírito Santo. Imersa
em um cenário de conflitos interculturais, a extensão liga-se às necessidades
identitárias e étnicas dos jovens Guarani. Meu papel era auxiliar no planejamento
das práticas e na condução dos alunos às aldeias, suscitando discussões acerca
do contexto cultural e do papel do terapeuta ocupacional no cenário da cultura
Guarani. Objetivo: Este trabalho busca refletir sobre minha necessidade,
emergente com a vivência no campo, de aprofundar o diálogo com os
pressupostos da antropologia e etnografia em prol de um entendimento e apoio
mais efetivo à comunidade Guarani. Discussão: Em contato com as dinâmicas de
etnicidade e territoriais Guarani percebi que as relações interculturais geravam
saberes necessários à elaboração das ações extensionistas, todavia, precisavam
ser traduzidos partindo do interior da cultura Guarani, considerando seu ethos,
para compreender efetivamente em alteridade as problemáticas e necessidades
que configuram a organização dos Guarani de Aracruz-ES. Logo, foi preciso
buscar luz nas teorias antropológicas e etnográficas para aprender a ouvir as
linguagens e vozes múltiplas que compõe a experiência do viver. Considerações:
Pensar ações técnicas de terapia ocupacional em contextos culturais demanda o
diálogo de interpretações múltiplas e dinâmicas.

Palavras-chave: Guarani; Antropologia; Terapia Ocupacional.

92
Deslocamentos Guarani- Mbyá: Oguatá
Porã - a política das caminhadas à luz do
enfrentamento com não-índios

Stefani Ramos Corraini


Mestranda em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Desde o início dos processos coloniais inaugurados na América do Sul,


os índios habitantes originários foram vítimas de muitas imposições advindas
da cultura européia, por acontecimentos que motivaram suas expulsões,
escravizações e retiradas de suas cosmologias próprias por intermédio dos
jesuítas e da política indigenista que fora decretada neste contexto. Neste
ínterim, o subgrupo Mbyá, fez da religião um modo de ser que lhes permite “a
própria condição de sobrevivência num mundo superpovoado por brancos, uma
vez que ela contém os ensinamentos sobre convivência, tolerância e estratégia”
(LADEIRA, 2007, p. 25).O presente artigo cuida de retratar as práticas de
deslocamento do universo Mbyá, enquanto uma convergência entre interesses
pessoais e coletivos que implicam em algo que está intrínseco ao modo como
os Mbyá organizam seus costumes e jeitos de fazer as coisas, ao utilizar a
mudança e a imprevisibilidade enquanto componentes bastante importantes
de suas culturas, o Oguatá Porã (boa caminhada) está circunscrita em uma
ativação cosmológica muito importante que traduz a fidelidade ao “modo de
ser Guarani”.(LADEIRA, 2007).A investigação manifesta quer entender a política
das caminhadas enquanto uma forma de identidade, e seus direcionamentos
históricos estabelecidos pelo legado colonial, Estado e política brasileira que
necessitam facilitar a existência de uma emancipação étnica Guarani.

Palavras-chave: Mobilidade Mbyá; Colonialismo; Guarani.

93
Galibi Marworno, Galibi Kalinã, Palikur,
Karipuna e o processo de homologação de suas
terras indígenas – Amapá

Meire Adriana da Silva


Doutoranda em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: O trabalho visa apresentar algumas considerações iniciais relativas


à pesquisa de doutorado. A mesma tem como objetivo analisar o processo
de homologação das terras indígenas do Estado do Amapá, em específico as
terras Uaçá, Juminã e Galibi do Oiapoque, por meio da ação de suas etnias e da
mediação com entidades, entre elas o CIMI (Conselho Indigenista Missionário). As
terras indígenas estão localizadas na região de Oiapoque e pertencem às etnias
Palikur, Galibi Marworno, Galibi Kalinã e Karipuna. O foco temporal da pesquisa
será 1976 a 1992, período que se iniciou o processo de demarcação das terras
indígenas, a partir dos procedimentos processuais exigidos pela legislação do
referido período. A metodologia adotada será a interface entre antropologia e
história. A história oral será um dos pontos importantes para a pesquisa, por
meio do desenvolvimento de entrevistas com lideranças indígenas e demais
indígenas que participaram desse processo, e com agentes externos envolvidos.

Palavras-chave: Povos Indígenas; Demarcação; Terras Indígenas.

94
O ESBULHO DOS DIREITOS INDÍGENAS NO BRASIL
CONTEMPORÂNEO: OS PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO
E DE PRECARIZAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE
ATENÇÃO À SAÚDE DOS POVOS INDÍGENAS

Fábio do Espírito Santo Martins


Doutorando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Este trabalho propõe analisar a historicidade que circunscreve a


concepção, o planejamento e a aplicação da Política Nacional de Atenção à
Saúde dos Povos Indígenas. Para tanto, estabelece a interlocução entre dois
contextos específicos; respectivamente, o processo da sua construção, onde é
enfatizado o protagonismo indígena. E, em seguida, o contexto contemporâneo
da sua precarização, processo que está circunscrito à ameaça do retrocesso das
garantias constitucionais, tanto quanto, de maneira específica, está associado à
progressiva redução dos direitos dos povos indígenas na atualidade brasileira.
Desta forma, nas relações que o Estado estabelece com os povos indígenas se
evidencia uma articulação institucional cujas perspectivas políticas derivam de
concepções universalizantes e homogeneizadoras, que resultam em políticas
públicas que desconsideram as especificidades etnoculturais e que não
asseguram a acessibilidade a direitos constitucionais que afirmam a diferença.

Palavras-chave: Povos Indígenas; Políticas para a Saúde Indígena;


Supressão de Direitos.

95
AS MARCAS DA TERRITORIALIDADE NA
COMUNIDADE QUILOMBOLA DE MANGUEIRAS

Pedro H. D. Marques; Joseanne Gois; Patrícia N. dos Santos;


Ana L. de P. Santos; Keyty de A. Silva; Najara L. V. Rodrigues
Graduandos em Ciências Socioambientais - UFMG

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo estudar a relação entre o


Quilombo Mangueiras e a questão da territorialidade. Através de informações
fornecidas pelo “Relatório Antropológico de Caracterização Histórica, Econômica
e Sócio-cultural do Quilombo de Mangueiras”, da pesquisa empírica e de outras
fontes de pesquisa, pretende-se encontrar as características desse processo.
Nota-se que o Quilombo possui a formação da territorialidade de forma dinâmica,
com características e processos próprios, fatores que estão diretamente
ligados à forma de ocupação do território e de sua organização atual. O fato
de estar situado em Belo Horizonte, num contexto urbano, acarreta um grande
conflito socioambiental, uma vez que, modifica a relação da comunidade com
sua propriedade. A pressão imobiliária, econômica, demográfica, ambiental e
política sobre o Quilombo faz com que a sua delimitação desempenhe um papel
fundamental para a manutenção dos costumes, da memória e da história dessa
comunidade, que além de manter a identidade étnica de matriz africana, e por
possuir uma relação de pertencimento com a natureza, mantém a biodiversidade
e contribui para a preservação de uma parcela da mata do Isidoro.

Palavras-chave: Territorialidade; Quilombo de Mangueiras;


Conflito Socioambiental.

96
Grupo de trabalho IV: PENSAMENTO
POLÍTICO E SOCIAL BRASILEIRO, TEORIA
POLÍTICA, CULTURA E DEMOCRACIA - Sessão A
A herança colonial ibérica portuguesa
na sociologia brasileira

Milton Andreza dos Reis


Doutorando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Nesta comunicação, verso sobre o lugar da herança colonial ibérica,


no repertório da sociologia brasileira da primeira metade do século XX. Nos
interessa, uma literatura inspirada em Max Weber (1864/1920), onde podemos
encontrar trabalhos que expressam uma interpretação do Brasil, no qual a
herança colonial ibérica portuguesa foi decisiva para o estabelecimento de um
Estado autoritário, elaborado para atuar como protagonista da organização
nacional, muitas vezes, em detrimento das estruturas básicas do liberalismo e
da própria democracia. De tal maneira, propomos uma discussão que pretende
responder a questão: qual o significado da herança colonial ibérica portuguesa,
na avaliação realizada pela sociologia weberiana brasileira, durante a construção
do nosso Estado nacional? Com isso, pretendemos evidenciar as singularidades,
de forma e conteúdo, do pensamento desta geração de críticos do iberismo,
os inserindo em uma linhagem específica de interpretes introdutores do
repertório weberiano nas ciências sociais brasileira: preocupados mais em
evidenciar uma opinião política, do que uma pesquisa metódica. Para tanto
entendemos seus textos como porta de entrada de seus pensamentos políticos,
e por fim, reavaliando suas considerações, nosso intuito será contribuir para
a compreensão sociológica acerca do quanto nós, brasileiros modernos, ainda
reproduzimos o Ocidente ibérico, mas, também, o quanto somos diferentes, e
como podemos contribuir com ele, para enfrentarmos juntos as encruzilhadas
da modernidade capitalista radicalizada.

Palavras-chave: Herança Colonial Ibérica; Intelectuais; Ensaio.

98
PODER MODERADOR: AS DIFERENÇAS ENTRE
O PRIMEIRO REINADO (1822-1831) E AS
INSTITUIÇÕES POLÍTICAS CONTEMPORÂNEAS

Eder Aparecido de Carvalho


Doutorando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: O presente texto descreve as diferenças entre o Poder Moderador


instituído no Primeiro Reinado (1822-1831) e o Poder Moderador “existente”
nas instituições políticas contemporâneas. Nessa direção, disserta sobre
as modificações que sofreu a teoria política de Benjamim Constant (1767-
1830) quando Dom Pedro I (1798-1834) dissolveu a Assembleia Constituinte e
instituiu o Poder Moderador na Constituição outorgada em 1824. O trabalho
procura apurar ainda as interpretações que leva o Supremo Tribunal Federal
(STF) a apropriar-se do Poder Moderador na democracia contemporânea. Essa
interpretação tem sido adotada por parte considerável dos doutrinadores, o
que nos incentiva o desenvolvimento deste estudo no intuito de reinterpretar
os pressupostos do Poder Moderador nas mãos do STF.A organização desse
trabalho é pautada na reflexão do exercício do Poder Moderador consumado por
Dom Pedro I (colocando o “Imperador e Defensor Perpétuo do Brasil” no centro
do poder político-institucional) e na condição assumida pelo STF (arrogando
informalmente e ilegalmente o papel de Poder Moderador), procurando, desse
modo, expressar alguns aspectos essenciais do processo de desenvolvimento
histórico e político do Poder Moderador.

Palavras-chave: Poder Moderdor; Primeiro Reinado (1822-1831);


Supremo Tribunal Federal.

99
Pensamento político e história das ideias:
Compreendendo diferentes aproximações e
métodos interpretativos entre Brasil e Reino Unido

Rafael Marchesan Tauil¹; Milton Lahuerta²


¹ Doutorando em Ciência Política - UFSCar
² Docente, Pesquisador e Coordenador LabPol - UNESP

Resumo: Temos como intenção neste trabalho apresentar parte dos resultados
obtidos na pesquisa que realizamos na Universidade de Bristol – Reino Unido entre
janeiro e maio de 2016. Esta pesquisa teve dois eixos principais como foco: 1) um
estudo comparativo entre a produção acadêmica inglesa e brasileira na área de
pensamento político e história das ideias; e 2) um aperfeiçoamento metodológico
no campo do contextualismo linguístico e da análise do discurso. Demonstraremos,
como conclusões primárias do primeiro eixo, que com a internacionalização cada vez
maior no campo acadêmico, seria inviável falar sobre uma produção genuinamente
inglesa ou brasileira, mas que ainda assim é possível estabelecer algumas diferenças
fundamentais entre as investigações e seus resultados presentes nas universidades
britânicas e brasileiras de um modo geral Como conclusões do segundo eixo,
buscaremos evidenciar a importância que a análise do discurso vem assumindo
nas pesquisas relacionadas ao pensamento político e à história das ideias. Esta
metodologia vem ao longo dos últimos vinte anos se destacando na realização de
investigações deste campo de estudos tanto na Inglaterra quanto em outros países
europeus e sobrepujando, de certo modo, a utilização do contextualismo linguístico
nesta área disciplinar. Esta novidade no campo metodológico merece especial atenção
no Brasil, visto que a utilização de metodologias específicas na área do pensamento
político é ainda bastante incipiente e vem recebendo atenção cada vez maior de um
número expressivo de pesquisadores.

Palavras-chave: História das Ideias; Intelectuais e Política; Métodos Interpretativos.

100
O legado teórico de Florestan Fernandes: dependência e
subdesenvolvimento na periferia do capitalismo

Felipe Augusto Duarte


Graduado em Ciências Econômicas - UNESP/Araraquara

Resumo: O presente estudo é centrado no debate e caracterização do conceito de


capitalismo dependente presente na obra de Florestan Fernandes (FF). O objetivo é
evidenciar sua hipótese de que o contexto histórico-estrutural do subdesenvolvimento
e da dependência impossibilita a conciliação entre desenvolvimento capitalista
e transformação social democrática. Partindo da interpretação acerca da dupla
articulação entre: os nexos de dependência externa frente às nações hegemônicas
do sistema econômico internacional e o subdesenvolvimento interno desigual e
combinado que compatibiliza o “moderno” e o “arcaico”. FF dá especial atenção aos
desdobramentos da luta de classes e suas influências sobre a acumulação de capital
em sociedades de capitalismo periférico. Emerge daí seu conceito de capitalismo
dependente, que pretende explicar, através das peculiaridades e dos condicionantes
históricos, a situação concreta de sociedades em que o aprofundamento das relações
capitalistas e o consequente desenvolvimento econômico não se conjugam com o
florescimento de uma sociedade competitiva com soberania democrático-nacional.
Nossa hipótese é a de que este horizonte teórico permite superar criticamente a
racionalidade adaptativa e retomar a reflexão dos dilemas do desenvolvimento
brasileiro, a partir das relações internas e externas responsáveis pela façanha
histórica de (re)funcionalizar o subdesenvolvimento e a dependência.Este trabalho se
limita a apreciação de dois aspectos fundamentais desta construção teórica: 1) Como
o desenvolvimento interno desigual e combinado é antinômico a formação de um
espaço econômico nacional autônomo; 2) Como o padrão de dominação de classes
determina o grau, o ritmo e o sentido da transformação social.

Palavras-chave: Florestan Fernandes; Capitalismo Dependente; Subdesenvolvimento.

101
Sobre a recepção e circulação de ideias no pensamento social
e político brasileiro: uma análise da presença das teses de
Karl Mannheim nas obras de Florestan Fernandes (1960-1975)

Thiago Pereira da Silva Mazucato¹; Vera Alves Cepêda²


¹ Doutorando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara
² Doutora em Ciência Política e Docente - UFSCar

Resumo: As principais teses do sociólogo húngaro-alemão Karl Mannheim,


particularmente a sociologia do conhecimento e a planificação democrática,
produzidas no contexto europeu no período 1920/1947 tiveram uma intensa
recepção na obra de pensadores latino-americanos, com destaque para a
obra de renomados intelectuais brasileiros como Celso Furtado e Florestan
Fernandes. Inicialmente elaborada com o propósito de compreender a
conjuntura caótica em que se encontrava a Europa nas primeiras décadas do
século XX (uma vertente mais teórica) e fornecer instrumentos sofisticados
para a intervenção na esfera da política (uma vertente mais prática), as teses de
Karl Mannheim buscavam compreender a formação e a dinâmica dos grupos
sociais e de suas ideologias e utopias, chegando a empreender uma genealogia
das principais vertentes teórico-práticas que brotaram da trajetória europeia
(sendo as principais a ideia liberal-burguesa, a ideia conservadora e a ideia
socialista-comunista). Num momento imediatamente posterior à elaboração
das teses de Mannheim, porém em outro contexto político e com trajetória
histórica completamente diferente, pensadores brasileiros utilizaram-se das
teses de Mannheim para compreender a trajetória de formação política e
social brasileira, também vinculando a este projeto intelectual de diagnosticar
a realidade nacional um outro projeto de elaboração de ferramentas científicas
para a intervenção nesta realidade com o objetivo de superar a situação de
“atraso” por eles diagnosticada. Neste trabalho serão analisados a presença e
os usos das teses de Karl Mannheim na obra de Florestan Fernandes publicada
entre 1960 e 1975, momento em que este autor produz a sua “interpretação
do Brasil”.

Palavras-chave: Circulação de Ideias; Florestan Fernandes; Karl Mannheim.

102
Celso Furtado e a dependência cultural
das classes privilegiadas na periferia

Felipe Amorim de Oliveira


Graduando em Sociologia e Política - FESPSP

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo a retomar a dimensão cultural


do processo de modernização brasileira por Celso Furtado, no livro o mito do
desenvolvimento econômico. Para Furtado, modernização ocorre quando um
país passa a adotar níveis de consumo de elevada renda, sem o correspondente
desenvolvimento econômico da nação. Para compreender esse processo na
periferia, Furtado parte da análise da terceira fase da evolução do sistema
capitalista. Essa nova fase do capitalismo produz no centro maior integração
e homogeneização da produção, elevando a renda per capita da sociedade,
promovendo um consumo de massa, com o substancial aumento da cesta de
consumo. Na periferia o excedente criado, gera a demanda por bens finais,
para a reprodução em miniatura, da cesta de consumo do centro por uma
minoria privilegiada. Dessa forma, decorre uma síndrome da concentração
de renda, que faz aumentar o fosso que separa as nações desenvolvidas das
subdesenvolvidas. Enquanto nas primeiras, o excedente criado se desdobra no
aumento do consumo da maior parte da população; na periferia o excedente
retido, se desdobra em concentração de renda por uma minoria privilegiada,
que demanda bens de consumo de alto valor agregado. O objetivo deste
trabalho é retomar a dimensão cultural da modernização no Brasil, processo
que logrou crescimento econômico, sem o correspondente desenvolvimento;
que fez o Brasil se industrializar sem realizar o sonho prometido: alcançar o
desenvolvimento econômico e social. Tentaremos mostrar que a explicação
mais profunda desse processo é a dependência cultural das classes privilegiadas
no Brasil.

Palavras-chave: Modernização; Dependência Cultural; Celso Furtado.

103
Hiroshi Saito: contribuições para a
consolidação das Ciências Sociais e dos
estudos de imigrantes japoneses em São Paulo

Jader Tadeu Fantin


Doutorando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Este trabalho tem como foco o estudo da vida e obra de Hiroshi Saito
(1919-1983), e pretende demonstrar a sua contribuição para a consolidação
das Ciências Sociais e dos estudos de imigrantes japoneses em São Paulo.
Japonês, imigrante na década de 1930, morador e agricultor no interior paulista
nas fazendas de café em um primeiro momento, ao se deslocar para a cidade
de São Paulo tornou-se importante figura no meio acadêmico na Escola Livre
de Sociologia e Política - ELSP. Foi pioneiro com os estudos de integração dos
imigrantes japoneses e seus descendentes na sociedade brasileira, e terminou
sua carreira na Escola de Comunicação e Artes da USP. Com o estudo desse
pesquisador espera-se oferecer uma contribuição para a narrativa da história
das Ciências Sociais em São Paulo, discutindo elementos que possam ter
ficado esmaecidos ou desvalorizados.Saito está inserido em um contexto de
pioneirismos nas Ciências Sociais brasileira (marcado pela fundação da ELSP e
pela Faculdade de Filosofia da USP – instituições que iniciaram e consolidaram os
primeiros cursos de Ciências Sociais em São Paulo). Saito esteve ligado às duas
instituições, mas sua produção de maior destaque se relaciona com a ELSP. Essa
produção necessita de compilação, análise, crítica e qualificação adequadas,
sobretudo porque se refere a um período de estruturação das Ciências Sociais
no qual Saito se insere ativamente. Este contexto, identificado por iniciativas
vultuosas para o firmamento de um novo campo científico no Brasil, ficou
marcado por debates e controvérsias que se encontram presentes na narrativa
da história das Ciências Sociais que tem a intenção de aferir valor sociológico aos
estudos desse período.

Palavras-chave: Hiroshi Saito; Estruturação das Ciências Sociais e da Sociologia


em São Paulo; Estudos de Imigrantes Japoneses.

104
Bassano Vaccarini e os dilemas da vida pública

Giovanna Isis Castro Alves de Lima


Graduada em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: A crescente especialização das academias nacionais torna o encontro


de trajetórias intelectuais organicamente vinculadas à esfera pública cada vez
mais complexo. Em vista disso, a proposta da pesquisa fundamenta-se na
investigação da trajetória do artista plástico italiano Bassano Vaccarini (1914-
2002), enquanto intelectual e organizador da cultura em diversas frentes
modernizadoras no estado de São Paulo, e sua articulação com as abordagens
referentes ao declínio da vida pública suscitadas por Richard Sennett e Russell
Jacoby. A recuperação de sua trajetória nos aponta caminhos possíveis para
o aprofundamento da compreensão das novas realidades institucionais da
intelectualidade frente ao cenário de erosão da vida pública.

Palavras-chave: Modernidade; Intelectuais; Vida Pública.

105
Francisco Campos e a Reforma educacional de
1931 no Governo Provisório (1930-1934)

Rodrigo Pereira da Silva


Mestre em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: A proposta de trabalho tem como objetos o pensamento do político


mineiro Francisco Campos e a reforma educacional. Conhecida como Reforma
Francisco Campos, foi feita pelo mesmo enquanto chefe no Ministério da
Educação e Saúde Pública (1931). O período histórico é contemplado por
trabalhos robustos e extremamente qualificados, mas ainda apresenta gap no
que tange os objetos desta proposta. É relevante pensar a atuação de Campos
durante o primeiro governo getulista para compreender suas ações e que ainda
hoje estão presentes como a organização da universidade. O período histórico
foi de intensas mudanças no campo social, político e econômico. A sociedade
mudava seu perfil, começava a industrialização do país através da implementação
da indústria de base, o Estado era reformulado tendo influencia do ambiente
político e pensamento social da época, um novo tipo de sociedade era pensado
para o país, novo modelo econômico era executado e aprofundado: capitalismo
autárquico. Reformas no âmbito nacional foram elaboradas e executadas. Era a
primeira vez que ocorria reforma educacional com abrangência nacional, pois
antes desse período ocorreram reformas de alcance federativo. Assim, este
trabalho propõe relacionar o pensamento de Francisco Campos com a Reforma
educacional utilizando a revisão bibliográfica e análise documental. Importante e
também de grande contribuição é compreender o pensamento social brasileiro
das décadas de 1920 e 1930, os temas relevantes no debate da época

Palavras-chave: Francisco Campos; Reforma Francisco Campos; Educação.

106
Intelectuais na crise oligárquica:
atração pela autocracia burguesa

Leonardo Sartoretto
Mestrando em Ciências Sociais - UNESP/Marília

Resumo: Este trabalho tem como objetivo investigar a atuação política de alguns
intelectuais no período conhecido como crise oligárquica, movimento que ajudou
a desconstruir a hegemonia da burguesia agrária. O busílis da questão esta em
que os movimentos nos quais esses intelectuais atuaram, a Liga Nacionalista
de São Paulo inspirada na campanha de alistamento obrigatório de Olavo Bilac,
aqueles ligados ao jornal O Estado de São Paulo, o manifesto dos intelectuais de
1924 encabeçado por Monteiro Lobato, a semana de 1922, etc., não pretendiam
outra coisa senão um alargamento das bases dirigentes, na qual estava
encastelada apenas a fração agrária da burguesia. O período aqui entendido,
portanto, como crise oligárquica remonta ao mesmo momento da deflagração
da guerra mundial em 1914 – e não apenas ao início da crise do tenentismo
(1922) como grande parte da literatura aponta -, que sendo derivação da luta
imperialista dos países hegemônicos, é também o momento de exacerbação
da crise da ideologia liberal. A crise oligárquica adquire o caráter de crise de
hegemonia quando são rompidos os laços de representatividade, quer dizer, as
outras frações e grupos da classe média se lançam em movimentos que buscam
reorganizar e oxigenar a dominação autocrática, ampliando o quadro da elite
no bloco do poder. Todavia, como aponta Gramsci, em momentos como este,
de crise orgânica nos partidos políticos, o desfecho ocorre de acordo com a
capacidade do próprio partido político se modernizar e atender as demandas do
dia, caso contrário as forças que demonstrarem maior rapidez em organização
tendem a tomar o poder por soluções de força. A fração agrária da autocracia
burguesa não os ouviu e a revolução de 1930 lhe retirou a direção política.

Palavras-chave: Crise de Hegemonia; Bloco no Poder;


Crise Orgânica dos Partidos Políticos.

107
Grupo de trabalho IV: PENSAMENTO
POLÍTICO E SOCIAL BRASILEIRO, TEORIA
POLÍTICA, CULTURA E DEMOCRACIA - Sessão B
A nova transparência: valor e linguagem

Ivan Pinheiro de Figueiredo


Mestrando em Direito - UNESP

Resumo: Desde a discussão proposta por Habermas acerca da instauração


da democracia procedimental, situada entre as promessas liberais-formais de
garantia de direitos individuais na base do discurso universalista, mas ao mesmo
tempo garantidor da autonomia individual via direitos negativos contra estado, e
o seu oposto, o estado social, impositor de padrões de ação normais e também
potencialmente infringentes de barreiras individuais, e um desdobramento
ensaiado por Francisco de Oliveira, que defendia, contra a expansão irrefreada
da medida do valor, a constituição de esfera pública dentro da qual as disputas
seriam cosidas pela instituição do “estado mínimo”, cada vez mais definido por
sua função de recepção de posições sociais em jogo e modulação do embate
para manter a estabilidade da reprodução social em termos não redutíveis à
reprodução do capital, procura-se discutir, no plano interno à teorização dos
autores, a alteração de rota operada, com o reconhecimento da falência da
esfera pública “antivalor”, em que a indeterminação tende a confluir em nova
determinação medida pelo valor e que ao invés de “conexões de sentido
erráticas” fundadas na ação anticomunicativa – na qual a falta de formas impede
a articulação política, vez que não são parametrizados os termos de fundo desde
o qual se origina a contrariedade e se pode disputar o sentido do que quer dizer
social e política – estabelece justamente o contrário, ou seja, a cristalização do
campo de conflito dentro do qual os atores devem se movimentar, campo dentro
do qual os programas que se apresentam como alternativos se inscrevem no
campo semântico indiviso do progresso.

Palavras-chave: Filosofia Política; Linguagem; Valor.

109
Para uma Teoria Política da Ditadura Inconstitucional

Vinício Carrilho Martinez¹; Vivianne Caroline Santos Sobral²


¹ Doutor em Ciências Sociais - UFSCar

² Doutoranda em Ciência, Tecnologia e Sociedade - UFSCar

Resumo: O objetivo do texto é elaborar apontamentos iniciais que auxiliem no


perfilamento de uma Teoria Política da Ditadura Inconstitucional. Para tanto, em
primeiro plano – sem ser exaustivo –, será destacada a racionalidade que se
abriga no Estado de Direito; para, em seguida, aventar-se como há migração/
naturalização da racionalidade jurídica na forma do poder de exceção. O texto
discorre sobre a conjuntura política nacional através de teorias da ciência política
e da ciência jurídica. Por fim, são feitas algumas considerações sobre como o
governo interino fragiliza a capacidade do Estado de enfrentar os desafios da
Modernidade Reflexiva. Para tanto, inicialmente é apresentado o conceito de
Ditadura Inconstitucional e posteriormente são feitas maiores reflexões sobre
o caso brasileiro, deflagrado pelo Impeachment de Dilma Rousseff (2016). E por
fim, são feitas algumas considerações sobre como algumas ações do governo
capitaneado por Michel Temer impactam na capacidade do país de gerir o
enfrentamento dos riscos sociotécnicos (BECK, 2010; 2006).

Palavras-chave: Teoria Política; Ditadura Inconstitucional;


Riscos Sociotécnicos.

110
Brasil, 2013 - 2016: há uma nova onda conservadora?
Apontamentos para pesquisas futuras

Bernardo Fogli Serpa Geraldini; José Carlos dos Santos

Mestrandos em Ciência Política - UFSCar

Resumo: No Brasil, as manifestações de junho de 2013 foram vistas como o


estopim da expressão de insatisfações populares, que foram tipicamente
formuladas, estruturadas e vocalizadas em termos ideológicos de direita. Tem-se
afirmado, desde então, que está em curso no país uma nova onda conservadora,
similarmente ao que vem ocorrendo na Europa, por exemplo. A despeito das
chamadas “pautas-bomba” recém-votadas na Câmara dos Deputados no
período Eduardo Cunha e do aumento de bancadas associadas a uma agenda
de retrocesso, não há indicadores definitivos de um “endireitamento” da
população brasileira, e as análises que apontaram essa “nova” tendência por
vezes se mostraram frágeis. Em todo caso, essas manifestações podem ser
vistas como o marco inaugural de um período conturbado e ainda vigente,
que não pode ser analisado em termos de explicações esquemáticas — como
aquelas, por exemplo, baseadas somente em termos materiais, ou aquelas que
se apoiam em torno da questão da corrupção. Este trabalho explora algumas
pesquisas de opinião recentes a fim de verificar se (e como) se manifesta esse
“novo” conservadorismo. São analisadas variações da opinião pública notadas
entre os anos de 2008 e 2014, tanto no que diz respeito a temas econômicos
quanto relacionadas a valores de cunho social/moral. Por fim, são feitas
algumas considerações metodológicas que, espera-se, contribuirão para futuras
investigações sobre supostas mudanças estruturais na cultura política brasileira.

Palavras-chave: Nova Onda Conservadora; Cultura Política; Opinião Pública.

111
Carlos Nelson Coutinho e a
“modernização conservadora”

Rafael Massuia
Doutorando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Carlos Nelson Coutinho, ao longo de sua trajetória, buscou compreender


o Brasil numa perspectiva marxista. Nessa tarefa, de alçar compreensão da forma
específica em que se deu o processo de desenvolvimento capitalista do país,
do surgimento do Brasil “moderno”, em contraponto ao modelo interpretativo
clássico (que pressupõe o desenvolvimento clássico do capitalismo), em que o
referido processo dá-se de forma popular ou jacobina (de “baixo”), o pensador
baiano recorreu a dois conceitos, que conjuga em uma proposta interpretativa
singular: da noção “via prussiana”, como formulada por Lenin (e retomada por
Lukács), ao conceito de “revolução passiva”, como proposto por Gramsci. A partir
desse aporte teórico, Coutinho buscou investigar o caráter de “modernização
conservadora” (realizada “pelo alto”), referendado pela aliança entre os
principais setores das classes dominantes (do “velho” ao “novo”), que tem por
consequência a ruptura entre nação e povo; tal procedimento, recorrente na
história do país (e a História recente do país não nos decepciona nesse aspecto),
tem por característica o atendimento imediato, autoritário e unilateral das
demandas dessas elites (mudanças de regime, interpretação dúbia da Carta
Constitucional, seletividade investigativa, etc.). Nesse sentido, realizaremos
algumas considerações sobre a hipótese interpretativa de Coutinho que,
acreditamos, ainda é capaz de fornecer grande subsídio para a discussão sobre
as consequências deletérias da forma específica de modernização capitalista do
país.

Palavras-chave: Carlos Nelson Coutinho; Pensamento Social Brasileiro;


Modernização Conservadora.

112
A relação entre direitos humanos e
soberania popular em Seyla Benhabib

Isadora Feitoza de Carvalho


Mestranda em Ciências Sociais - UNIFESP

Resumo: A teoria da democracia deliberativa de uma virada na teoria


democrática. Antes disso, o ideal democrático visto apenas na transformação
da agregação de interesses em decisões coletivas através de mecanismos de
representação e do voto. A democracia deliberativa, nesse sentido, se apresenta
como uma proposta teórica que tende a deslocar o foco do processo decisório
em regimes democráticos desses mecanismos para a discussão ou deliberação.
No entanto, em um mundo cada vez mais globalizado, a teoria da democracia
deliberativa, buscando atualizar-se enquanto teoria crítica, volta-se também
para questões ligadas à democracia global e não apenas ao Estado-nação.
Nesse cenário, os principais defensores da democracia deliberativa tenderam a
adotar uma perspectiva cosmopolita, influenciada por Kant. Dentre os principais
autores dessa corrente, encontra-se Seyla Benhabib. A autora cunhou o conceito
de “iterações democráticas” no qual busca preservar uma das principais
características da teoria democrática que é a de defender o ideal de soberania
popular ao mesmo tempo em que o localiza em práticas. Nesse sentido, o
presente trabalho tem por objetivo compreender como Seyla Benhabib lida com
a tensão entre direitos humanos e soberania popular, levando em conta que,
para a autora, o atual contexto tem um potencial ambivalente. Tanto a ascensão
de normas cosmopolitas que visam proteger o indivíduo em uma sociedade
global quanto a difusão de novas formas de imperialismos que ocorrem devido
ao enfraquecimento da soberania dos estados são fenômenos concomitantes.

Palavras-chave: Democracia Deliberativa; Direitos Humanos;


Soberania Popular.

113
Neodesenvolvimentismo: uma falsa
alternativa ao neoliberalismo

Matheus Gringo de Assunção


Graduado em Ciências Econômicas - UNILA

Resumo: Nos últimos 13 anos tem sido comum encontrar argumentos de


que o país teria passado a viver uma inflexão em sua política econômica,
ou seja, estaríamos vivenciamos, a partir de algumas análises, o ciclo
neodesenvolvimentista, identificado como a expressão da política econômica e
social dos governos liderados pelo Partido do Trabalhadores.No entanto, após
cerca de 10 anos de parco crescimento econômico conjugado com políticas
sociais de distribuição de renda, com base em um processo de concentração
e centralização do capital, assim como o reforço do papel de exportador de
commodities agrícolas e minerais e aumento da superexploração da força de
trabalho, o “ciclo neodesenvolvimentista” parece se encerrar. A materialidade
que dava sustento ao modelo na esfera do sistema mundial capitalista deixou
de existir com o aprofundamento da crise do capitalismo internacional,
principalmente após sua última crise cíclica, iniciada em 2007-2008.Neste
contexto, e com vistas a contribuir minimamente no entendimento e crítica
de uma estratégia (o desenvolvimentismo) e de um horizonte utópico (o
desenvolvimento) muito comuns no debate político-intelectual brasileiro, este
artigo buscará entender o neodesenvolvimentismo a partir da continuidade do
desenvolvimento capitalista como horizonte estratégico presente no discurso
ideológico e político brasileiro, seja ele oriundo do campo conservador ou
progressista. Bem como, demostrará que o neodesenvolvimentismo é uma
falsa alternativa ao neoliberalismo e a superação do subdesenvolvimento e da
dependência.

Palavras-chave: Neodesenvolvimentismo; Ideologia do Desenvolvimento;


Teorias do Desenvolvimento.

114
Os impasses colonias no processo da
modernização brasileira: um estudo sobre
a questão da cultura nos “Cadernos do Nosso Tempo”

Guilherme de Carli
Mestrando em Ciência Política - UFSCar

Resumo: Nos anos de 1945 a 64, auge do nacional-desenvolvimentismo


brasileiro, podemos observar o crescimento da efervescência ideológica e
da produção intelectual impactadas tanto pelo exercício do planejamento
do desenvolvimento quanto pelo processo de institucionalização do campo
acadêmico das ciências sociais brasileiras. Entre os intelectuais espraiaram-se
em temas, correntes e instituições diversas, mantendo em comum a análise do
caso brasileiro (de legado colonial, periférico), analisando nossa formação (tema
chave em muitos desses autores) ou os entraves à transição para a modernidade.
Neste aspecto, é importante destacar a questão cultural do período, que era
uma das principais chaves de análise para se pensar um projeto nacional pela
organização aqui abordada: o Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e
Política (IBESP). Fundada em 1953 por um grupo de intelectuais de várias áreas
de conhecimento, o IBESP sintetizou seu debate nos Cadernos do Nosso Tempo,
influenciando uma instituição posterior vinculada ao Estado brasileiro: o ISEB. O
presente trabalho contempla os cinco volumes dos “Cadernos do Nosso Tempo”,
material publicado pelo Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política
(IBESP) entre os anos de 1953 e 1956 com o intuito de divulgar o pensamento de
um determinado grupo de intelectuais acerca das questões do país. O objetivo
é apresentar,através da sistematização de argumentos textuais e sua correlação
com o ambiente histórico, os principais paradigmas culturais de educação
brasileira e suas consequências na sociedade civil, levando em consideração
nosso passado colonialista e nosso presente (leia-se década de 50) ameaçado
pelo imperialismo internacional.

Palavras-chave: Nacionalismo; Intelectualidade; Pensamento Político.

115
PODER LOCAL E HOMENS DE NEGÓCIO NO OESTE PAULISTA

Eder Carlos Zuccolotto


Doutorando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: O presente trabalho tem por intuito investigar como o poder local em
São Paulo, em especial no Oeste Paulista, esteve fundado em determinadas
relações sociais e no comportamento e ação de fazendeiros que assumem
um perfil diferenciado de empreendedorismo e que por isso acabaram
assumindo o papel de “homens de negócios”, termo utilizado por Florestan
Fernandes. Tal categoria não se assemelha com outros de seus pares tanto no
Estado de São Paulo, quanto em outras regiões do Brasil. Outra questão deste
trabalho é analisar a atuação no campo político, ou seja, se há um caráter
particular, diverso daquele tipo consagrado no trabalho de Vitor Nunes Leal.
Os “homem de negócios”, diferencia os fazendeiros da região cafeeira em dois
tipos: um primeiro é aquele em que ainda existe uma dependência entre as
velhas relações sociais do sistema senhorial escravista; o segundo, um perfil
mais empreendedor, sua dependência em relação a terra e principalmente
ao sistema senhorial escravista diminuía na medida em que avançavam para
uma perspectiva voltada para os negócios e o interesse por novos espaços
e investimentos. Sobre o coronelismo vale ressaltar que não buscaremos
tratá-lo apenas como um mandonismo local, “[...] o conceito não deixava de
incorporar traços do mandonismo local, mas era mais do que isso, fazia parte
de um sistema, de um enredo que ligava coronéis (mandões), governadores e
presidente da república [...]”. (CARVALHO apud LEAL, 2012, p.10).

Palavras-chave: Homens de Negócio; Coronelismo; Oeste Paulista.

116
A democracia liberal norte-americana:
entre o discurso e a prática

Jéser Abílio de Souza¹; Elizabete Sanches Rocha²


¹ Graduando em Relações Internacionais - UNESP/Franca
² Doutora em Estudos Literários - UNESP/Araraquara

Resumo: É possível observar que os Estados Unidos utilizam da exportação


da democracia liberal como fundamento de sua política externa, segundo
as justificativas de proporcionar, aos países denominados como não
democráticos, um ambiente internacional pacífico por meio da adoção de
princípios democráticos, contribuindo, assim, para uma maior estabilidade
mundial. Contudo, é manifesto o contraste existente entre os discursos sobre
a exportação da democracia liberal realizados pelos estadunidenses e a
manifestação dela na prática. E compreender esse problema é de fundamental
relevância teórica e prática, tendo em vista o aumento considerável da influência
da questão democrática no cenário internacional. A pesquisa realizada possui
caráter teórico-bibliográfico, de natureza exploratória, de modo que se dispôs,
inicialmente, a investigar as principais definições existentes de democracia,
mediante perspectivas de autores liberais, como Robert Dahl e Joseph
Schumpeter, e compreender a estrutura democrática estadunidense. Em
seguida, partiu-se para estudar as contribuições teóricas da Análise de Discurso
que fossem relevantes para as Relações Internacionais, consoante autores que
seguem o pensamento da Escola Francesa, como Helena H. Nagamine Brandão,
Dominique Orlandi, e Eni Peccunelli Maingueneau. Por fim, foram examinados os
discursos do presidente George W. Bush e de seus secretários de Estado, Colin
L. Powell e Condoleezza Rice, bem como a Doutrina Bush, de forma a localizar o
que eles determinaram para a política externa e, assim, comparar os discursos
sobre a exportação da democracia liberal realizados e a manifestação dela na
prática. Ou seja, confrontar a teoria e a prática.

Palavras-chave: Democracia Liberal; Política Externa Estadunidense;


Análise de Discurso.

117
A importância da UNAM na construção da
Sociologia na América Latina

José Antônio da Silva Júnior


Doutorando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: A institucionalização da sociologia no México ocorreu em 1930


quando surgiu o Instituto de Investigação Social na UNAM. O processo de
institucionalização da sociologia mexicana foi seguido pela sua profissionalização
em meados da década de 50. Em 1951 foi criado a Escuela Nacional de Ciencias
Políticas y Sociales, que coube também a Lucio Mendieta sua criação, a partir
de então, foram criadas as condições necessárias para a consolidação da
profissionalização da sociologia nesse país. Em 1958 a direção do ENCPS vai para
as mãos de Pablo González Casanova e a partir de então a Escola ganha novo
formato. Por convite de Lucio Mendieta, González ingressa no ISS em 1950 e
desde então começa a pensar em uma reformulação da sociologia na UNAM.
Pela primeira vez se definiu um currículo acadêmico para formar sociólogos
e cientistas políticos que pudessem abordar as múltiplas problemáticas
que o desenvolvimento do país gerava (REYNA, 2006). Os anos de 1950 e
1960 trouxeram inúmeros questionamentos acerca do desenvolvimento da
sociologia na América latina, tais como; Qual o papel da sociologia como ciência
da sociedade? Qual o papel do sociólogo e o objetivo de suas investigações? O
que investigar? Como investigar? Com que ferramentas? E com que métodos:
Quantitativo? Qualitativo? O fazer do sociólogo teve que enfrentar uma
discussão ideológica política, tendo que demostrar como a ciências sociais é
uma linguagem e um processo histórico cujos métodos não estão isentos de
uma proposta teórico-política de construção social da realidade.Assim sendo, a
proposta desse trabalho é mostrar a importância da construção da Sociologia
Mexicana na constituição da sociologia na América Latina.

Palavras-chave: Sociologia; UNAM; América Latina.

118
Grupo de trabalho V:
Partidos, Eleições e Comportamento
Político e Eleitoral - Sessão A
PRODUÇÃO, RECEPÇÃO E TRAJETÓRIAS:
UM ESTUDO SOBRE MÍDIA E POLÍTICA

Alexandre Aparecido dos Santos


Mestre em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Ao apresentar como objeto as práticas discursivas de agentes


consumidores de bens simbólicos provenientes do universo da imprensa
e do campo político em nosso país, este trabalho tem por objetivo contribuir
para as reflexões acerca das relações entre discurso e poder em nossa
contemporaneidade. Norteados pela hipótese de que a esfera da recepção pode
ser pensada como um momento, prático de negociação de sentido, singular
a cada agente, buscar-se-á a construção de uma reflexão sobre as possíveis
relações entre as informações midiáticas sobre politica, às trajetórias dos agentes
receptores e os posicionamentos políticos por estes assumidos. Neste sentido
tentaremos, dentro de uma perspectiva teórica embasada principalmente pelos
escritos de Pierre Bourdieu e Michel Foucault, compreender como as trajetórias
dos agentes, provisoriamente nomeados leitores/eleitores, influenciariam na
recepção das informações veiculadas pela mídia sobre questões próprias às
disputas por poder no campo politico nacional.

Palavras-chave: Discurso; Poder; Política.

120
Os efeitos do processo de democratização do ensino
superior sobre o comportamento político dos brasileiros

André Luiz Vieira Dias¹; Maria Teresa Miceli Kerbauy²


¹ Doutorando em Ciências Sociais - UNESP
² Docente PPGCS - UNESP/Araraquara

Resumo: Este artigo tem como objetivo analisar o efeito da escolaridade


superior sobre o comportamento político dos cidadãos ao longo do processo
de democratização da educação superior no Brasil. A partir dos dados obtidos
pelo ESEB (Estudo Eleitoral Brasileiro), aplicamos o modelo de regressão logística
binária no intuito de observar os efeitos da escolaridade superior sobre variáveis
de caráter político, são elas: interesse por política, a disposição ao voto, o gosto
por partidos políticos, a preferência e a satisfação com o funcionamento da
democracia. A hipótese é de que, ao contrário do efeito que a educação ocasiona
sobre a cidadania nas democracias avançadas, no Brasil a educação superior não
exerce influência sobre o engajamento político e, portanto, não há uma correlação
entre a escolaridade e o comportamento de cidadãos mais interessados por
política no Brasil.Palavras-chaves: comportamento político; engajamento cívico;
interesse por política; escolaridade superior.

Palavras-chave: Comportamento Político; Engajamento Cívico;


Escolaridade Superior.

121
Partidos Políticos de acordo com a Party Politics:
uma análise das publicações do periódico

Tiago Alexandre Leme Barbosa¹; Bruno M. Schaefer²; David A. Nota³


¹ Doutorando em Ciência Política - UFRGS
² Mestrando em Ciência Política - UFRGS
³ Doutorando em Ciência Política - UFRGS

Resumo: A análise de revistas científicas constitui em um ponto de partida


privilegiado para o entendimento das teorias, objetos, temas e problemas
que são eleitos como importantes por um determinado campo acadêmico. Na
Ciência Política, estudos recentes foram realizados sobre o perfil dos periódicos
nacionais e estrangeiros tendo como objetivo a análise do perfil de autores
que publicam, teorias dominantes e técnicas de pesquisas utilizadas. Para
quem adota a concepção Kuhniana de ciência, os editores dos periódicos são
considerados guardiões dos “paradigmas científicos”, à medida que escolhem
quais são os “quebra-cabeças” dignos de serem publicados. Nesse trabalho,
analisamos as publicações da revista Party Politics, um dos principais periódicos
do mundo destinado ao estudo dos partidos políticos. Artigos que orientam
todo o campo de estudo sobre os partidos políticos foram publicados na revista,
como, a título de ilustração, a tese do partido cartel. Tivemos dois objetivos
com o trabalho: i) a análise do perfil dos autores que tiveram os seus artigos
publicados e ii) a análise da forma que os partidos são abordados na revista.
O banco de dados ainda está em construção, e consistiu no levantamento das
seguintes informações nos artigos publicados entre 1995 e 2016: i) autores
que publicam, filiação institucional e país; ii) as palavras chaves utilizadas; iii)
sob qual aspecto os partidos são analisados; iv) dados utilizados e v) teorias
que informam a pesquisa, por exemplo. Os resultados preliminares indicam a
publicação de trabalhos empíricos, sobre os mais variados temas: organização
partidária e eleições, por exemplo. A predominância de trabalhos empíricos é
notável e a revista parece ser aberta a comunidade acadêmica.

Palavras-chave: Partidos Políticos; Ciência Política ; Periódicos.

122
Sob o espectro de Getúlio Vargas: a disputa
presidencial de 1955 pelas páginas da Ultima Hora

Thiago Fidelis
Doutorando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: A presente comunicação tem como principal objetivo discutir como


a eleição para presidente da República em 1955 foi divulgada pelo jornal
carioca Ultima Hora. Esse pleito foi marcado por intensa instabilidade política,
uma vez que, no ano anterior, o presidente do Brasil, Getúlio Vargas, matou-
se após uma crise politico-militar, na qual vários grupos civis e as principais
autoridades militares do país pediram sua renúncia. Presente à frente do
Executivo Nacional entre 1930 e 1945 (sendo que, a partir de 1937, governou
sob um regime ditatorial, intitulado Estado Novo), Vargas foi eleito em 1950
e voltou ao cargo em 1951, sofrendo forte oposição de vários grupos que
visualizavam seu retorno como o fim da breve democracia que estabelecera-
se no país, sendo a imprensa um dos principais meio opositor nesse contexto.
Pouco tempo depois do início de seu governo, foi fundado o jornal Ultima Hora
que, embora não fosse, oficialmente, um órgão do governo, foi estruturado de
forma a defender as ações do presidente e seu legado, destoando dos principais
periódicos do período. Mesmo isolado em seus últimos momentos no governo,
Vargas conseguiu com seu suicídio reavivar os grupos políticos identificados
com sua cultura política, sendo que a eleição presidencial de 1955 foi marcada,
exatamente, por esse choque entre os que apoiavam e os que eram contrários
às ações do ex-presidente. Dentro dessa disputa, a Ultima Hora acompanhou
com grande interesse as movimentações e as disputas políticas, noticiando mas
também opinando sobre o processo eleitoral. Assim, a comunicação buscará
uma compreensão mais ampla de como essa publicação participou da eleição
para Presidente, ainda sob o espectro de Getúlio Vargas.

Palavras-chave: Ultima Hora; Eleição de 1955; Imprensa.

123
Política de Estado e identidade
nacional nos anos Vargas

Gabriel Frias Araujo¹; Agnaldo de Sousa Barbosa²


¹ Mestrando em Direito - UNESP/Franca
² Departamento de Educação, C. Sociais e Políticas Públicas - UNESP/Franca

Resumo: O presente trabalho pretende discutir as relações entre política, cultura


e Estado nos anos de governo Getúlio Vargas. Seria possível forjar uma cultura
e identidade por meio da ação do Estado? Longe de esgotar tais questões ou
se aprofundar no vasto campo dos debates sobre cultura, o trabalho centra-
se na perspectiva da ação estatal buscando compreender de que modo a ação
governamental, tentaria trazer a cultura para as esferas e moldes da oficialidade.
As relações entre política e cultura no Brasil sempre foram intensas. Período
emblemático diz respeito ao Estado Novo, momento de intensa ação política,
e também cultural, de promoção de uma cultura e identidade nacional. A
cultura recebeu especial atenção, com a criação de órgãos para administração
da educação e cultura, órgãos destinados ao patrocínio e ao incentivo às artes,
ou mesmo a cooptação e colaboração, direta ou indireta, de intelectuais e
artistas para as esferas da oficialidade, visando à criação de uma cultura oficial
e homogênea em que povo, nação e estado coincidissem harmonicamente,
um discurso legitimador. A cultura torna-se gradualmente um instrumento de
propaganda e promoção do regime com órgãos criados especialmente para esse
fim. De outro lado, a censura, responsável por exercer o controle e a repressão,
ajustando a cultura aos parâmetros e interesses oficiais. Assim, a apropriação da
cultura pressupõe a disputa pelo controle do discurso e muitas vezes significaria
o apagamento, até mesmo à força, de seus traços originais em desacordo com o
pensamento oficial. A cultura, em especial a cultura popular, assume um caráter
estratégico na construção e reafirmação da identidade nacional, que, contudo,
revela profundas lutas e disputas travadas em seu seio.

Palavras-chave: Estado Novo; Autoritarismo; Identidade Nacional.

124
Imprensa e cobertura eleitoral: A agenda da Folha de
São Paulo durante o primeiro turno das eleições de 2016

Mércia Alves¹; Bernardo Geraldini²


¹ Doutoranda em Ciência Política - UFSCar
² Mestrando em Ciência Política - UFSCar

Resumo: O papel da mídia é central para a prática política contemporânea,


especialmente em períodos eleitorais, quando os meios de comunicação
assumem a centralidade da mediação de informação política e eleitoral. Nesse
sentido, os jornais são importantes, primeiro porque, segundo dados da Pesquisa
Brasileira de Mídia (2015), é o meio de comunicação de maior credibilidade no
Brasil; e também pelo crescimento sistemático de sua audiência através das
plataformas digitais, forma de consumo que tem se tornado cada vez mais usual,
principalmente entre o público mais jovem. Apesar de o jornalismo brasileiro
ter passado por uma reestruturação, em meados do século XX, que o afastou
do modelo opinativo, seu viés conservador (apontado em diversas pesquisas)
coloca em xeque a posição oficial de neutralidade e objetividade.Este artigo
tem como objetivo entender a atuação da imprensa durante o período eleitoral
a partir da análise dos temas que compõem a agenda da Folha de São Paulo
(FSP), um dos principais e mais tradicionais meios de comunicação do país. O
material analisado é composto pelas manchetes e pelas notícias de capa da FSP
publicados durante as eleições municipais de 2016, que teve início em 16 de
agosto do mesmo ano. Além dos temas que compõem a agenda, é analisado o
espaço dado pelo periódico às eleições municipais de 2016, às campanhas, e aos
atores políticos.

Palavras-chave: Comunicação Política; Cobertura Jornalística;


Eleições Municipais.

125
AGENDA TEMÁTICA DA DISPUTA PELA PRESIDÊNCIA:
ACHADOS E CONTRIBUIÇÕES SOBRE O
COMPORTAMENTO ELEITORAL BRASILEIRO

Bárbara Lima; Lucy Oliveira


Doutorandas em Ciência Política - UFSCar

Resumo: Passadas mais de quatro décadas da formulação da teoria da agenda


setting, seus achados e pesquisas ao redor do mundo corroboram a relevância
e vitalidade desta para explicar como os meios de comunicação orientam as
audiências sobre o que pensar. Em contextos de democracias de público, com
campanhas eleitorais fortemente mediatizadas, a agenda construída pelos
candidatos que disputam o voto é um elemento preponderante para entender
o comportamento eleitoral. Questões como a proeminência das plataformas
partidárias, planos de governo ou dos ataques auxiliam na identificação de temas
relevantes na escolha dos representantes políticos diante da alta volatilidade
do voto e baixa identificação partidária. Neste sentido, este trabalho busca
apresentar os resultados encontrados pelo Grupo de Pesquisa “Comunicação
Política, Partidos e Eleições” sobre a agenda da campanha presidencial de 2014
no Brasil. Para isso utilizamos a análise de conteúdo do Horário Gratuito de
Propaganda Eleitoral (HGPE) dos candidatos mais competitivos, no primeiro
e segundo turnos. De acordo com os dados, podemos identificar uma baixa
participação dos programas de governo, bem como uma proeminência dos
ataques entre candidatos, apontando para a redução do papel das propostas
das coalizações na disputa e aprofundamento da modernização de campanhas.

Palavras-chave: Agenda Setting; Campanha Presidencial; Partidos.

126
Donald Trump, Populismo e Discurso Político

Matheus Lucas Hebling


Doutorando em Ciência Política - UNICAMP

Resumo: O populismo é uma sombra para a democracia e sua história não é


recente. Tido como uma ideologia que procura criar uma oposição entre o povo
puro e uma elite corrupta, o conceito de populismo pode ser aplicado a diferentes
ideologias e perpassa diferentes regiões e momentos da história, sendo,
sobretudo, uma estratégia de reequilíbrio da distribuição do poder político entre
os grupos sociais estabelecidos e emergentes, em um cenário no qual a tensão
entre democracia liberal e do populismo decorre das maneiras em que estas
ideologias percebem as relações entre as instituições representativas e a vontade
do povo. O objetivo desse paper é verificar se podemos afirmar que o candidato
à Presidência norte-americana Donald Trump pode ser considerado populista.
Metodologicamente, serão analisadas as declarações oficiais do candidato
através da análise quantitativa de conteúdo aplicada através do software QDA
Miner/WordStat. Essa metodologia nos possibilitará tratar quantitativamente os
discursos do candidato, procurando identificar possíveis tendências populistas.
Em um segundo momento, retirar-se-ão conceitos e palavras-chave comuns
à direita populista, usando os traços apontados por Betz (1993), passando
por uma análise qualitativa, que tentará compreender como determinadas
características tidas como populistas pela literatura corrente aparecem na figura
e discurso de Donald Trump. Os resultados apontam para uma resposta positiva
à pergunta colocada. Os resultados mostram que Trump se caracteriza como
sendo populista e segue os padrões da direita radical populista.

Palavras-chave: Populismo; Discurso Político; Análise de Conteúdo.

127
Grupo de trabalho V:
Partidos, Eleições e Comportamento
Político e Eleitoral - Sessão B
ASPECTOS DA ECONOMIA E URBANIZAÇÃO DE MOSSORÓ/RN:
BREVE ANÁLISE DE SUAS RELAÇÕES COM O PODER POLITICO
LOCAL DA FAMÍLIA ROSADO

Ana Maria Bezerra Lucas


Doutoranda em Ciências Sociais - UFRN

Resumo: Os Rosados sempre são apontados, tendo como diferencial do seu


poder político, o fato de não possuírem grandes propriedades de terras. O
surgimento da liderança do patriarca - Jerônimo Rosado - e o desenvolvimento
e a consolidação do poder dessa família sempre se vinculam às alianças que
a família possuía (no final do século XIX e início do século XX)com as elites
locais ou mesmo de sua atividade como boticário na cidade de Mossoró. O
desenvolvimento do mando dessa família é associado pela sua força econômica
advinda da extração de gipsita e pelas relações com famílias com poder
político, na cidade, através do casamento, uma vez que o patriarca teve vinte
e um filhos e muitos deles se uniram em matrimonio a nomes da política local
como: Fernandes, Escóssia, Ciarlini, Cantídio.O objetivo central deste artigo é
discorrer sobre a economia da cidade de Mossoró e sua inter-relação com o
processo de urbanização e desenvolvimento da cidade com o intuito de explicar
o surgimento, desenvolvimento e consolidação do poder político da família
Rosado. Para tanto apresenta-se uma breve periodização dos ciclos econômicos
e sua influência no processo de urbanização da cidade na tentativa de identificar
como a família Rosado faz uso dos ciclos econômicos e da urbanização da cidade
para manutenção de sua oligarquia. O artigo faz parte do desenvolvimento do
projeto de tese (em andamento - defesa em fevereiro de 2019) e foi apresentado
como exigência para avaliação da disciplina Tópicos Especiais: O RN e Natal
como campo de pesquisa e estudo Programa Pós-Graduação em Ciências Sociais
– PPGCS da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, ministrada
pelo prof. Dra. Maria do Livramento Miranda Clementino, no semestre letivo de
2016.1

Palavras-chave: Mandonismo; Família Rosado; Mossoró.

129
ELEIÇÕES, CANDIDATOS E PARTIDOS: CONDICIONANTES
DAS MUDANÇAS NA DISPUTA POLÍTICA LOCAL

Thais Cavalcante Martins


Doutoranda em Ciência Política - UFSCar

Resumo: Buscando contribuir com as análises que tratam dos estudos eleitorais
e dos partidos políticos, realizamos um estudo de caso no município de São Carlos
(SP) a partir da observação de 06 pleitos (1982-2004). O ponto de partida é a
retomada de eleições pluripartidárias no período de abertura democrática; nossa
análise se estende até o período de reconfiguração dos quadros que compõem
a elite política local. Esta pesquisa tem como objetivo principal investigar os
condicionantes que levaram as modificações no cenário político eleitoral do
município, caracterizado pelo enfraquecimento de lideranças tradicionais locais
e o surgimento de novas forças políticas. Em nossa pesquisa buscamos avaliar
além das transformações no quadro eleitoral os dados relativos a fragmentação
partidária, sobretudo no Legislativo municipal, destacando os seus efeitos para a
governabilidade no município. Do ponto de vista metodológico, empreendemos
uma análise de dados agregados disponíveis no Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) e Tribunal Regional Eleitoral (TRE), além de entrevistas semiestruturadas
com os atores políticos do contexto. Entre os principais resultados destaca-se
a reordenamento das eleições municipais marcada pelo surgimento de novas
forças políticas e pelo delineamento de uma polarização de potências partidárias
que ganham notoriedade também no cenário nacional.

Palavras-chave: Eleições; Partidos Políticos; Poder Local.

130
Sociedade civil e politica partidária:
um estudo comparativo de novas experiências
democráticas das cidades de Porto Alegre e Montevidéu

Alejandro Lezcano Schwarzkopf


Doutor em Sociologia - UFSM

Resumo: Este trabalho visa analisar de forma comparativa o Orçamento


Participativo de Porto Alegre e a Descentralização Participativa de Montevidéu,
tendo como centro analítico o papel desempenhado pelos sistemas político-
partidários no Brasil e no Uruguai. Nas duas cidades, os modelos participativos
foram consolidados institucionalmente na década de 1990. Nos dois casos, existiu
um papel determinante do Executivo Municipal, formado por novos governos de
esquerda que alcançaram o poder pela primeira vez, a Frente Ampla (FA), em
Montevidéu, de 1990 até o presente, e o Partido dos Trabalhadores (PT), em Porto
Alegre, entre 1989 e 2004. Essas forças políticas podem ser classificadas como
partidos de massas segundo a tipologia de Duverger (1980), isto é, com forte
vínculos extra-parlamentares em diferentes organizações da sociedade civil. Estas
forças políticas formaram-se em sistemas políticos com marcadas diferenças.
Uruguai e Brasil apresentam casos antagônicos de institucionalização partidária.
Por um lado, no Uruguai, que, segundo Mainwaring; Scully (1995) apresenta
alta institucionalização partidária e elevados índices de apoio à democracia. O
sistema partidário brasileiro tem o menor grau de institucionalização partidária
da América Latina, apresentando uma organização fragmentária, com baixa
identificação entre seus eleitores. A partir desta realidade, a investigação
pretende oferecer elementos que auxiliem a responder a seguinte pergunta: até
que ponto as diferenças do sistemas partidários do Brasil e do Uruguai afetam a
criação e o funcionamento das novas Instituições Participativas?

Palavras-chave: Democracia Participativa; Sociedade Civil; Partidos Políticos.

131
A nova onda neoliberal na América Latina

Joyce Oliveira Cavalcante¹; Drielly Elienny Duarte de Figueiredo²


¹ Graduanda em Direito - UFRN
² Graduanda em Ciências Sociais - UFRN

Resumo: Observando as perspectivas políticas da América Latina, o presente


trabalho visa o entendimento das questões políticas que rondam nosso
continente, sendo o ressurgimento da direita e a crescente onda neoliberal os
focos principais da pesquisa. Aqui pretendemos observar como as ideologias
de cunho notoriamente popular, também chamado de governos de esquecer,
tiveram seu apogeu durante a primeira década do novo milênio entre 2000 e
2009 e nos últimos anos, o que se percebe é que estamos cada vez mais trocando
os governos de auxílio popular, por políticas que prezam o capital internacional
e acordos com grandes empresas. A compreensão de como funciona essa
mudança de opinião rápida e crescente da população que vota nesses países
se torna algo muito essencial, em especial pela atual conjuntura política que
estamos passando no Brasil, um dos países mais influentes da América do Sul
e Latina.

Palavras-chave: Política Latino Americana; Neoliberalismo; Governo.

132
Desilusão Política e Ascensão Antiestablishment na
Europa Central Pós 1989. O caso dos Partidos-empresa
de Negócios na República Tcheca (2010-2013)

Flávio André Rodrigues Barbosa


Doutor em Ciências Sociais - UFJF

Resumo: Neste trabalho, o qual integra nossas pesquisas de doutoramento,


realizamos uma abordagem da atual conjuntura política vivida pela Europa
Central pós 1989, com a emergência e sucesso eleitoral de novos partidos políticos
de centro-direita configurados de acordo com o modelo de partido-empresa de
negócios (Hopkin e Paolucci, 1999), inspirados na UCD, de Adolfo Suárez, e no
Forza Italia, de Silvio Berlusconi. Realizamos uma análise dos dois mais bem
sucedidos partidos políticos da República Tcheca configurados nesse modelo
durante as duas últimas eleições realizadas no país (2010 e 2013), a saber o Veci
Verejné (Assuntos Públicos) e o ANO2011 (SIM2011). O sucesso eleitoral desses
partidos tem sido atrelado à crise da democracia liberal representativa, agravada
pela junção dos sentimentos de profunda desilusão política, com os partidos
herdeiros da democratização, e os graves escândalos de corrupção e captura do
estado que envolveu os mesmos. O sucesso dos novos partidos também se fez
através de uma hábil combinação desses fatores com a construção discursiva de
fortes apelos antiestablishment, anti-partidos e anti-corrupção orientados por
uma lógica populista (Lacalu, 2005).

Palavras-chave: Partidos Políticos; Corrupção; Antiestablishment.

133
REPRESENTAÇÃO FEMININA NA DIREÇÃO EXECUTIVA
NACIONAL DOS PARTIDOS POLÍTICOS BRASILEIROS

Leonardo Aires de Castro


Mestrando em Ciência Política - UFSCar

Resumo: A baixa presença feminina na política não se compõe apenas nos


quadros eleitorais. A pequena representatividade desse grupo na estrutura
partidária demostra a desigualdade efetiva enfrentada pelas mulheres em
todas as instâncias da vida política. Esse artigo analisou, comparativamente, a
participação das mulheres nos quadros de dirigentes partidários nacionais, a
partir da composição da Comissão Executiva Nacional dos partidos com maior
relevância numérica, quais sejam: Partido dos Trabalhadores (PT), Partido da
Social Democracia Brasileira (PSDB), Partido da Frente Liberal/ Democratas (PFL/
DEM) e Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Observamos
a perspectiva longitudinal, ou seja, o arranjo representativo na fundação dos
partidos até os quadros atuais (2013). A hipótese que norteia o trabalho aponta
que o Partido dos Trabalhadores possuí mais mulheres representadas nas
organizações de dirigentes partidários nacionais, por configurar uma legenda de
esquerda, associada a movimentos sociais organizados que defendem a maior
participação da mulher na política.

Palavras-chave: Comissão Executiva Nacional; Partidos Políticos;


Representação Feminina.

134
Desvendando o enigma: o PMDB dos anos 2000 a partir da
emergência de uma nova coalizão dominante

Levy Lisboa Neto


Doutorando em Ciências Sociais - UFBA

Resumo: Amparado em uma abordagem federalista, o artigo propõe uma


leitura da composição dos cargos-chave da organização partidária que permite
compreender as distinções de domínio entre as esferas regional e nacional dentro
do PMDB. Assim amplia o escopo analítico em torno das interpretações referentes
à suposta autonomia e ao poder decisório das seções estaduais do partido sobre
as deliberações de âmbito nacional, desnudando um cenário diferente daquele
antevisto em épocas passadas nas quais o PMDB operava sob uma espécie de
píncaro confederacionista. Na direção dos critérios e pressupostos analíticos
estabelecidos, a pesquisa revela um possível redirecionamento do perfil
organizacional-administrativo do partido, cujos efeitos e repercussão aparecem
a partir de uma maior unidade e disciplina no conjunto das ações partidárias.
Em razão desse possível redirecionamento, que se afasta do regionalismo e
aporta-se numa condição mais centralizada das decisões partidárias, aparecem
os questionamentos balizadores deste artigo. Os líderes regionais continuariam
a exercer a mesma força de outrora? As seções de alta concentração partidária
são os estados de origem dos ministros indicados pelo partido para compor
o Governo de Dilma Rousseff (PT) (2011-2014)? Qual o Estado de origem dos
líderes do partido na Câmara e no Senado Federal? As disputas internas pela
presidência do partido (Convenções Nacionais) estão mais acirradas, renhidas,
ou houve uma acomodação (dissolução ou pouca organização) dos grupos
internos dentro do PMDB?

Palavras-chave: PMDB; Organização Partidária; Federalismo.

135
O comportamento dos parlamentares na
votação do Impeachment da presidente Dilma

Barbara Caroline Botassio¹; Mércia Alves²


¹ Mestranda em Ciência Política - UFSCar
² Doutoranda em Ciência Política - UFSCar

Resumo: No contexto político vivenciado a poucos meses, de dificuldades do


governo Dilma em articular sua coalização, implementar políticas e enfrentar
uma oposição que liderou a campanha pró-impeachment, este artigo tem como
objetivo analisar o comportamento dos parlamentares da Câmara dos Deputados
na votação do Impeachment da presidente Dilma. Para isso, o trabalho fará uma
análise empírica de variáveis consagradas na literatura nacional que possam ter
tido peso na decisão dos parlamentares na hora da votação, tais como: forte
federalismo, fragmentação dos partidos políticos e relações Executivo-Legislativo.
Embora o evento seja recente, pretende-se levantar possíveis relações causais
que possam auxiliar no entendimento de um momento político que entrará para
a História brasileira.

Palavras-chave: Comportamento Parlamentar;


Relações Executivo - Legislativo; Partidos Políticos.

136
Grupo de trabalho VI:
ESTADO, SOCIEDADE, POLÍTICAS PÚBLICAS
E INSTITUIÇÕES POLÍTICAS - Sessão A
Condicionalidade da educação no programa Bolsa
Família: a lógica estatal e suas resistências

Isabela Vianna Pinho


Graduando em Ciências Sociais - UFSCar

Resumo: O afamado Bolsa Família foi criado em 2003 pelo governo federal e
atualmente beneficia milhões de famílias, sendo hoje considerado o maior
programa de transferência condicionada de renda do mundo. Desde sua criação,
tornou-se objeto de grande atenção no debate acadêmico e no debate público.
As condicionalidades são um ponto central em seu desenho e a adoção das
mesmas foi bastante contestada. Isto posto, admite-se a existência de um debate
com múltiplas formas de descrição e compreensão desta política, tal como de
suas contrapartidas. Entretanto, os enunciados dos sujeitos receptores não
aparecem com frequência na literatura, o que demonstra uma lacuna propícia a
ser analisada. Na proposta do programa, através das condicionalidades busca-
se, entre outros objetivos, aumentar o acesso aos direitos sociais básicos de
saúde, educação e assistência social. Como demonstram alguns estudos sobre
os impactos na trajetória escolar, os resultados dessa estratégia têm sido
relevantes. Todavia, a experiência de dois anos de estágio no Cadastro Único,
localizado no município de São Carlos, provocou certa inquietação analítica na
autora deste trabalho. Durante o período, foi muito frequente a presença de
mães “em descumprimento” da condicionalidade da educação por falta de seus
filhos à escola. Tais faltas pareciam se referir às insuficiências de outras políticas
sociais, contudo eram atribuídas, não raro, à negligência ou falta de cuidado
das mães. Neste sentido, tinha-se como objetivo relacionar a lógica estatal das
condicionalidades com a prática vivida pelas “beneficiárias” e agentes estatais,
através de etnografia feita nos universos empíricos do Cadastro Único e fora
dele, com entrevistas de mulheres que vivenciam tal situação.

Palavras-chave: Bolsa Família; Condicionalidades; Beneficiárias.

138
COTAS RACIAIS NA UNIVERSIDADES: UMA
ANALISE DAS AÇÕES AFIRMATIVAS

Nilda Rodrigues de Souza


Doutoranda em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: O presente resumo consiste num recorte que faz considerações


preliminares da pesquisa de doutoramento, referente a trajetória dos egressos
cotistas na e pós universidade (UERJ, UnB, UEL). Temos por objetivo apresentar,
brevemente, uma discussão sobre as políticas públicas voltadas para as
ações afirmativas, em especial, as cotas raciais universitárias implantadas nas
instituições superiores do Brasil, problematizando seus resultados. Utilizaremos
como referenciais teóricos contribuições de Norbert Elias (processo civilizador,
habitus social), Pierre Bourdieu (habitus, capital, campo), Florestan Fernandes
(ajustamentos inter-raciais), Otavio Ianni (metamorfose do escravo em negro)
e Carlos Hasenbalg (mecanismos societários), para entender o contexto de
inserção das cotas.Como hipótese (a qual poderá ser confirmada ou descartada),
defendemos que as políticas ou ações “afirmativas”, empreendidas pelo Estado
brasileiro, e as reformas na educação, ainda não resolveram o problema
de inserção no mercado de trabalho devido à falta de postos de trabalho no
mercado. Enfatizaremos também resultados referente a coleta de dados que
foram feitas com dissertações, teses e entrevistas com egressos cotistas da
Universidade Estadual de Londrina.

Palavras-chave: Política Pública; Ações Afirmativas; Habitus Social.

139
As políticas públicas para Juventude O caso do PROJOVEM
CAMPO Saberes da Terra

Elaine Aparecida de Souza Apolonio¹; Maria Teresa Miceli Kerbauy²


¹ Doutoranda em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara
² Docente da Faculdade de Ciências e Letras - UNESP/Araraquara

Resumo: O Projovem Campo, é uma modalidade do ProJovem, uma política


pública do Ministério de Educação, através da DPEJUN/SECADI/MEC, em parceria
com a secretaria de Educação do Estado, no nível fundamental de Educação
de Jovens e Adultos, unificando qualificação social e profissional, visando a
potencialização das capacidades dos jovens do campo, com idades entre 18 e
29 anos. O objetivo geral da pesquisa é analisar a implementação de políticas
públicas para a Juventude, através do Programa Projovem Campo – Saberes da
terra e sua contribuição para o desenvolvimento de uma melhor qualidade de
vida dos jovens, de acordo com as diretrizes da política nacional de juventude.O
objetivo específico é verificar a efetividade da política em questão; seu impacto e
benefícios oriundos da implementação do programa Projovem Campo Saberes
da Terra. A proposta metodológica adotada para este projeto é de natureza
qualitativa, realizaremos um estudo bibliográfico, a partir dos documentos
primários (relatórios, cadernos, legislação) e publicações em torno da realidade
investigada, que contribua para evidenciar aspectos metodológicos do Programa
PROJOVEM e sua efetiva aplicação, além de entrevistas, através do procedimento
análise temática do conteúdo, com os responsáveis pela implementação e
coordenação do programa no Distrito Federal. Dessa maneira, tornar-se-á
possível cruzar informações, confirmar ou rejeitar hipóteses, descobrir novos
dados, afastar suposições ou levantar hipóteses alternativas. (Lüdke e André,
1986).

Palavras-chave: Política Pública ProJovem; Educação de Jovens e Adultos;


Qualificação Profissional.

140
Relações entre pobreza e cidadania no contexto das
políticas de transferência de renda: uma reflexão
sobre o Programa Bolsa Família

Isadora Coutinho Moraes


Mestranda em Ciências Sociais - UEM

Resumo: A entrada dos Programas de Transferência de Renda na agenda


pública nacional tem mobilizado um amplo debate a respeito do potencial de
tais políticas em funcionarem como vetores de inclusão da população pobre ao
mundo da cidadania, debate este que aponta para a necessidade de repensar
as possíveis relações entre cidadania e pobreza. O presente trabalho investiga
de que modo o campo do pensamento social tem tematizado os desafios da
construção cidadã no Brasil e indica algumas das questões colocadas pelo
Programa Bolsa Família a essa problemática, utilizando, para tanto, os dados
retirados do trabalho de observação participante junto a grupos de titulares do
programa residentes em Nova Esperança, um pequeno município da Região
Metropolitana de Maringá. Questiona-se, assim, se experiência do recebimento
de uma renda transferida pelo Estado àqueles que se enquadram nos perfis da
pobreza e extrema pobreza, bem como o cumprimento de condicionalidades
associadas ao programa, impacta na forma como os titulares do Bolsa Família
vivenciam as ações do poder público e se relacionam com o Estado.

Palavras-chave: Políticas Públicas; Cidadania; Bolsa Família.

141
IDEIAS, CRENÇAS E POLÍTICAS: AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE
ASSENTAMENTOS RURAIS NO PRIMEIRO GOVERNO FHC

Flávia Sanches de Carvalho¹; Joelson Gonçalves de Carvalho²


¹ Mestranda em Ciência Política - UFSCar
² Docente do Departamento de Ciências Sociais - UFSCar

Resumo: Os modelos teóricos contemporâneos e a literatura recente que


buscam entender o processo de formação de agenda governamental e
contribuir para o campo de políticas públicas têm demostrado a importância
das ideias e crenças no processo de construção de políticas públicas. Nesse
artigo temos como objetivo central, a partir da análise de um caso empírico,
contribuir para o entendimento do papel das ideias no processo de formação
de agenda. Mais especificamente, esse trabalho lança luz sobre o Massacre de
Eldorado dos Carajás, em 1996, relacionando-o com ações em prol da reforma
agrária anteriores e posteriores ao massacre, inscritas no primeiro mandado
do governo Fernando Henrique Cardoso. Tanto o recorte, como o tema e a
política setorial que iremos abordar se justificam, na medida em que durante
a década de 1990, além da persistência da violência em geral, temos também,
para além do massacre, as atenções da mídia e da comunidade internacional
voltando-se para gravidade do problema agrário nacional. Buscar entender
como o Massacre de Eldorado dos Carajás agiu enquanto gatilho para mudança
de políticas, possibilitando que os movimentos sociais passassem a atuar na luta
por políticas públicas, pautando a questão agrária em um governo notadamente
neoliberal.

Palavras-chave: Ideias; Políticas Públicas; Reforma Agrária.

142
Entre os beneficiários e o Estado: uma proposta de
abordagem simétrica sobre o Programa Bolsa Família

Guilherme de Matos Floriano


Mestrando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Esta pesquisa tem como análise o Programa Bolsa Família, política
pública que visa à assistência social no Brasil efetuando transferência direta de
renda às famílias consideradas como economicamente vulneráveis. Entretanto,
de uma forma ainda pouco utilizada nos diversos estudos feitos até o momento
sobre o tema, ressalta-se o papel que a etnografia pode exercer na análise
antropológica de programas sociais no seio de seu processo de formulação,
implementação e avaliação das políticas públicas. Assim, o principal objetivo
deste trabalho – em andamento – é, percebendo o Bolsa Família como o local
de encontro onde ocorre a mediação cultural entre beneficiários e o Estado,
analisar essa relação mediada, entendendo-a enquanto fator relevante da
eficácia do programa. A partir de uma abordagem pragmática, em busca de
registrar as percepções e opiniões sobre a prática do PBF objetiva-se colocá-
las em simetria para alargar o espaço de entendimento do programa, sendo
este chave para a compreensão de sua eficácia. Para tanto, está se lançando
mão de uma bibliografia ampla acerca da política pública, de um trabalho de
campo nos CRAS da cidade de Araraquara que permita compreender o fluxo de
informações e o funcionamento do programa “dentro” do Estado; um trabalho de
campo, também, com os beneficiários que indague suas percepções a respeito
do programa e sua prática buscando a visão que estes possuem do PBF para,
dessa forma, ensaiar um estudo de antropologia simétrica entre as percepções
e práticas de “dentro” e de “fora” do aparelho do Estado.

Palavras-chave: Programa Bolsa Família; Eficácia; Simetria.

143
Ideias e Políticas Públicas: um estudo sobre
políticas de ensino superior nos anos 2000

Aline Vanessa Zambello


Doutoranda em Ciência Política - UNICAMP

Resumo: Nos últimos quinze anos, várias políticas públicas para a educação
superior foram implantadas a partir de uma abordagem inclusiva e equitativa,
entre elas temos o REUNI, a Lei de Ações Afirmativas, PROUNI, FIES e PNAES.
No setor público, essas políticas resultaram em um aumento considerável
da malha de atendimento tanto na forma de disponibilização de vagas (por
meio do ampliação / criação de instituições), na democratização do acesso na
entrada quanto nas modalidades de permanência estudantil. Essa trajetória,
contudo, trata-se de ponto de inovação. A questão que orienta o trabalho,
resultante da pesquisa realizada em nível de mestrado, é entender como a
mudança de contexto que permitiu que políticas públicas de cunho equitativo
e igualitário, para a educação superior pública federal acontecesse em meio a
uma trajetória privativas e elitista, procurando ainda avaliar quais e como certos
temas entraram para a pauta pública de discussão possibilitando que políticas
públicas do setor fossem implementadas a partir dos anos 2000. O estudo se
deu através do levantamento de documentos relacionados ao debate nacional
e internacional entre 1985 e 2012, que foram sistematizados e analisados para
levantar informações sobre como se deu a formação da pauta de discussão
da temática. Como resultado desse trabalho identificamos quatro debates
em diferentes instâncias que colaboraram para a formação conceitual do que
depois veio a ser o REUNI.

Palavras-chave: Ensino Superior; Políticas Públicas; Ideias.

144
Ações integradas entre Universidades e Governo Federal
como estratégia de garantia de acesso às Políticas
Públicas para Mulheres Rurais

Amanda Menezes Sanches¹; Alexandra Filipak²; Sany Spínola Aleixo³


¹ Graduada em Administração - UNIRP
² Doutoranda em Ciências Sociais - UNESP/Marília
³ Doutora em Zootecnia - UNIRP

Resumo: O presente trabalho pretende abordar as Políticas Públicas para as


Mulheres Rurais no Brasil observando sua formulação e implantação através
de diferentes arranjos institucionais existentes e seus impactos na construção
de um desenvolvimento rural sustentável e solidário com foco no trabalho e
autonomia econômica da mulher. Trata-se de uma análise das ações integradas
entre Universidades Públicas e Governo Federal onde residem os limites e as
possibilidades de garantia de acesso, pelas mulheres e suas organizações, às
políticas públicas. Esse trabalho apresenta resultados parciais do conjunto
da pesquisa e da extensão realizada no âmbito do Projeto “Mulheres Rurais
e Agroecologia na região Sudeste: tecnologias para autonomia econômica,
segurança alimentar e conservação da biodiversidade” realizado através de
Termo de Execução Descentralizada que repassa recursos da Diretoria de
Políticas Públicas para Mulheres Rurais do Ministério do Desenvolvimento
Agrário para o Instituto Federal de São Paulo para que desenvolvam, através
da extensão universitária, metodologias de acesso às políticas públicas. Tal
proposta foi conquistada pelos movimentos sociais feministas do campo
em conjunto com a instituição de ensino superior. O trabalho realizado pode
perceber que as mulheres rurais pouco acessam as políticas públicas e que
estratégias institucionais são eficazes na implantação das mesmas, porém
apresentam fragilidades causadas pelo cenário político existente causando
impactos na proposta.

Palavras-chave: Políticas Públicas; Mulheres Rurais; Extensão Universitária.

145
O Programa Bolsa Família e as representações
de pobreza para as beneficiárias

Cinthia de Oliveira Cunha


Mestranda em Ciências Sociais - UNIFESP

Resumo: O objetivo dessa pesquisa foi compreender se o Programa Bolsa


Família (PBF) tem proporcionado mudanças na representação da pobreza
de suas beneficiárias. De maneira específica, apreender como as privações
são vivenciadas pelas participantes do PBF em suas realidades cotidianas.
Enfatizando uma discussão sobre a representação da pobreza que se pretende
avaliar até que ponto o PBF possibilitou aos seus beneficiários serem vistos e
percebidos pelos outros e por eles mesmos enquanto sujeitos dignos de direitos
e não como indivíduos pertencentes a uma paisagem naturalizada no cenário
brasileiro. Essa pesquisa utiliza como técnica de pesquisa a realização de 16
entrevistas semi estruturadas junto às beneficiárias do PBF no município de
Campinas, São Paulo. Os resultados das entrevistas analisadas indicam que as
representações da pobreza para as beneficiárias são caracterizadas por uma
oscilação entre imagens negativas e positivas que as entrevistadas possuem
sobre a forma que elas se veem e percebem que são vistas pela sociedade em
suas relações cotidianas. Foi possível verificar que estão presentes no imaginário
das beneficiárias em determinados momentos as tradicionais ideias pejorativas
do vagabundo, do coitado, do fraco, do morto de fome, do miserável, que
precisam da ajuda do Estado para conseguir manter uma vida digna, e em outros
momentos o que se apresenta são as imagens de sujeitos que são pobres, mas
também são honestos, corretos, trabalhadores, que lutam com dificuldade e
determinação.

Palavras-chave: Programa Bolsa Família; Pobreza; Campinas.

146
Marcos institucionais da política pública de juventude:
construindo o cenário

Dayane Aparecida dos Santos


Graduanda em Ciências Sociais - UFSCar

Resumo: O presente trabalho tem como norte a investigação de fatores


que influenciaram a elaboração e institucionalização da política pública de
juventude engendrada no Brasil no período de 2005 a 2015. O significado de sua
implementação e institucionalização é de fundamental importância para esse
segmento social, uma vez que somente a partir do debate acerca dos problemas
(sociais e econômicos) enfrentados pelas juventudes brasileira no inicio do
século XXI e questões em torno do desenvolvimento integral e da emancipação
é que se concedeu aos jovens a premissa de cidadão sendo fundamentado
principalmente pelo Estatuto da Juventude.Este trabalho procurou observar as
discussões pertinentes a política pública voltado para o mercado de trabalho, o
programa intitulado Projovem (Programa Nacional de Inclusão de Jovens) que
foi implantado em 2005 em caráter de urgência e posteriormente, em 2008
reformulado agregando outros programas sendo renomeado de Projovem
Integrado. O objetivo geral consiste em, mapear a conjuntura na qual se
deu o debate para a elaboração e institucionalização da política pública de
juventude que tem como programa piloto o Projovem. Como objetivo específico
pretendeu-se destacar os marcos do processo de construção da estrutura que
foi institucionalizada como política de juventude. A metodologia consistiu no
levantamento e sistematização de documentos como legislação (Estatuto da
Juventude; Decreto lei nº 5.557/2005; Decreto lei nº6.629/2008, Plano Nacional
de Juventude) e relatórios referentes a juventude produzidos pelo Comissão
Especial de Política Pública de Juventude da Câmara dos Deputados,o Instituto
Cidadania e Conselho Nacional de Juventude (CONJUVE) no período delimitado
neste trabalho.

Palavras-chave: Política de Juventude; Política Pública; Projovem.

147
Grupo de trabalho VI:
ESTADO, SOCIEDADE, POLÍTICAS PÚBLICAS
E INSTITUIÇÕES POLÍTICAS - Sessão B
A institucionalização do desenvolvimento local: uma análise
dos paradgimas, das políticas e dos processos em curso

Tayla Barbosa
Mestranda em Ciência Política - UFSCar

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo compreender o processo de


institucionalização de políticas públicas voltadas para o tema do desenvolvimento
local, analisando os principais marcos legais que cercaram tais políticas e
enfatizando as contradições intrínsecas a elas. A partir da observação teórica
prévia sobre desenvolvimento nas escalas locais, observa-se que os municípios
brasileiros, dentro da perspectiva de um capitalismo competitivo global, possuem
dificuldades de crescimento econômico e garantia de boa qualidade de vida
para a sua população. Logo, o objetivo da pesquisa, é investigar o processo de
institucionalização do desenvolvimento local no Brasil a partir da Constituição de
1988, a partir da análise de dados secundários e as entrevistas com os agentes
públicos locais. Tendo em vista que as discussões sobre as políticas públicas
ganharam força nos últimos anos, o presente trabalho tem a intenção de verificar
as trajetórias empíricas traçadas para o avanço de políticas de desenvolvimento
socioeconômico baseadas na teoria do desenvolvimento endógeno.

Palavras-chave: Institucionalização; Políticas Públicas;


Desenvolvimento Local.

149
O Papel do Pronaf no desenvolvimento rural
brasileiro: a construção social do mercado da
agricultura familiar junto ao Movimento dos Pequenos
Agricultores da região de Santa Cruz do Sul/RS

Giovanni Barillari de Freitas


Mestrando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: O projeto de pesquisa tem por objetivo investigar os efeitos do


Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) para
o desenvolvimento rural brasileiro no que tange a agricultura familiar. Mais
especificamente, considerando as transformações sofridas pelo agricultor
vinculado ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) da região de Santa
Cruz do Sul/RS a partir da implementação do Pronaf como política pública,
analisaremos o mercado da agricultura familiar como uma construção social.
O referencial teórico inspira-se na sociologia econômica ao propor a analise
do mercado como construção social e, mais especificamente, na sociologia
relacional de Pierre Bourdieu, especialmente na problematizarão que
privilegiará um recorte na questão econômica, identificando elementos sociais
nesse fenômeno, os quais levam a construção social do mercado da agricultura
doméstica via Pronaf e com influencia direta do MPA. Em nosso argumento,
esses agricultores atuam na luta por melhores condições de vida, num contexto
de relações de poder entre os agentes envolvidos na cultura do fumo. Enquanto
política pública, o Pronaf é uma ação do Estado que tem proporcionado
alterações nesta realidade.

Palavras-chave: Pronaf; Agricultura Familiar;


Movimento dos Pequenos Agricultores.

150
A EVOLUÇÃO DO PODER PÚBLICO NO COMBATE À
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER - A ATUAÇÃO DOS
MUNICÍPIOS DA REGIÃO DO GRANDE ABC/SÃO PAULO

Eliane Cristina de Carvalho Mendoza Meza


Mestranda em Políticas Públicas - UFABC

Resumo: O trabalho tem o objetivo de demonstrar como o Poder Público


Municipal tem visto a questão de gênero e o que tem sido feito para que as
mulheres tenham seus direitos (e cidadania) respeitados. A produção de políticas
específicas para mulher se funda não só na necessidade de compensação
histórica, mas também no fato de que para se ter uma sociedade mais
igualitária, são necessárias políticas de gênero, promovendo a equidade para
a mulher no dia a dia e no trabalho. Esse é um processo que ainda se encontra
em construção, mas pode-se dizer que houve um grande avanço do Poder
Público Municipal nessa área. Uma das razões pode ser atribuída à mudança na
legislação, que abriu uma nova arena para a formulação de políticas locais de
gênero, adequando a lei à realidade das mulheres no nível local, especialmente
na região do Grande ABC, em São Paulo.

Palavras-chave: Poder Público; Gênero; Região do Grande ABC.

151
Políticas públicas para mulheres:
uma análise da agenda governamental brasileira
através do modelo de equilíbrio pontuado

Amanda Vizoná
Doutoranda em Ciência Política - UFSCar

Resumo: Através de uma breve análise do histórico brasileiro, é possível


afirmar que as políticas públicas para mulheres adentraram de fato a agenda
governamental apenas a partir de 2002, possuindo como marco a criação da
Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres, um órgão institucional com
orçamento próprio e exclusivamente voltado à produção de políticas públicas de
participação social, de combate à desigualdade de gênero e de combate à violência
contra a mulher. Diante de tal contexto, o presente trabalho busca analisar como
as Políticas Públicas para mulheres ganharam espaço nos governos do início
do século XXI, assim como busca interpretar como os atores envolvidos foram
responsáveis por essa inclusão e pelas mudanças que atingiram tais políticas
nos últimos anos (entre 2002 e 2016). Para alcançar tal objetivo, recorreremos ao
modelo de análise de “Equilíbrio Pontuado”, teoria desenvolvida e apresentada
por Frank Baumgartner e Bryan Jones em “Agendas and Instability in American
Politics” ([1993] 2009), no intuito de analisar o desenvolvimento da política
pública referida. O método proporciona uma visão sobre como certas pautas são
incluídas nas agendas de governo, além de tornar possível a análise dos motivos
de uma possível estabilidade ou das mudanças que forem constatadas. Desta
forma, o presente trabalho busca relacionar alguns conteúdos significativos do
campo de políticas públicas, como construção e manutenção de agenda, com o
objetivo de analisar a trajetória das políticas para mulheres lançando luzes sobre
seus possíveis desafios.

Palavras-chave: Políticas Públicas; Equilíbrio Pontuado;


Politicas para Mulheres.

152
Festas Religiosas e Políticas de Turismo: a
construção da fé no RN

Drielly Elienny Duarte de Figueiredo¹; Maria Lúcia Bastos Alves²


¹ Graduanda em Ciências Sociais - UFRN
² Docente do Departamento de Ciências Sociais - UFRN

Resumo: Articulando a cultura religiosa aos interesses políticos, eclesiais e


empresariais, o presente trabalho tem como objetivo apresentar reflexões sobre
a pesquisa “Festas Religiosas e Políticas de Turismo: a construção da fé no RN.”
Recupera as discussões sobre as políticas públicas de turismo, particularmente
o Programa de Regionalização do Turismo que em parceria com o Ministério
do Turismo lança novos olhares para os aspectos culturais, os quais passam a
ocupar lugar de destaque nos planos de desenvolvimento regional. Para esta
apresentação, considerou-se os incentivos políticos, econômicos relacionados
a construção da estátua de Santa Rita de Cássia,localizada na cidade de Santa
Cruz-RN ponto de referência para os demais municípios do estado que almejam
o turismo religioso. Como recurso simbólico disponível para a edificação de
destinos turísticos, a construção da referida estátua concomitante a outros
projetos políticos em execução permite a diferenciação desse espaço na medida
em se torna centro de visitações e, consequentemente, de reorganização de um
movimento religioso que expande para além do âmbito estadual. A metodologia
adotada foi a análise de dados com abordagem quanti-qualitativa de natureza
exploratória com suporte bibliográfico e documentais.

Palavras-chave: Turismo Religioso; Políticas Públicas; Religião.

153
AFINAL, O QUE É UM MUSEU? O DESAFIO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS
EM TORNO DA DINAMICIDADE DE UM CONCEITO

Larissa Rizzatti Gomes


Mestranda em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: A pesquisa tem como objetivo contribuir para a reflexão acerca do


papel dos museus na atualidade e dos desafios da elaboração de políticas
públicas para o setor. Ao observar a trajetória dos museus nota-se que essas
instituições passaram por um processo de ressignificação caracterizado por uma
reorientação de suas relações com a sociedade e pela ampliação das funções
sociais dessas instituições, as quais, de locais de guarda e estudo de coleções,
tornaram-se agentes de transformação social. O novo conceito de museu,
desenvolvido e consolidado em encontros internacionais de profissionais da
área, a partir de meados do século XX, ao mesmo tempo em que apresentou
respostas às demandas contemporâneas, fez surgir novos desafios no campo das
políticas públicas. No processo de compreender os museus como instrumentos
a serem utilizados pelos mais diversos atores na busca pelo desenvolvimento
social, a musealização, como prática social, terminou por irromper os limites
físicos dos museus institucionalizados, tornando mais difícil a elaboração de
políticas que contemplem o conceito em sua amplitude. Nesse contexto, o
estudo pretende apresentar algumas das políticas desenvolvidas para o setor
museológico no Brasil, com maior ênfase no estado de São Paulo. O enfoque
recairá, principalmente, sobre o Cadastro Estadual de Museus, apresentado,
nesse ano de 2016, pelo Sistema Estadual de Museus de São Paulo. Pretende-
se investigar as formas pelas quais o Cadastro pode ser entendido, para além
de uma ferramenta de normatização, como importante instrumento de política
pública para o setor museológico paulista. O embasamento teórico da pesquisa
se dará, principalmente, a partir das teorias neo-institucionais.

Palavras-chave: Museus; Políticas Públicas; Cadastro Estadual de Museus.

154
Cultura em Araraquara: entre a Lei
Orgânica e as projeções orçamentárias

Raquel Lujan Hissa Leite


Graduanda em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: A análise que será apresentada constitui parte de uma pesquisa que
investiga a importância do Teatro Municipal de Araraquara em suas funções de
produtor artístico e estimulador de sensibilidade estética. O objetivo é indicar
o valor do gasto público em Cultura no período de cinco (5) anos, situando
a discussão sobre as políticas culturais no Município, além de destacar as
limitações do Teatro Municipal enquanto equipamento cultural disponível
como instrumento de políticas públicas.A observação do período (2013 à 2017),
feita através do orçamento previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei
Orçamentária Anual dos órgãos competentes da gestão cultural de Araraquara,
encontrou um movimento decrescente nos orçamentos, registrando queda
de 17%. Nos cinco anos estudados, em média, a Cultura representa 1% da
receita municipal, e a projeção de orçamento para 2017 é de apenas 0,45%.
Os resultados encontrados alimentam uma discussão sobre o papel da Cultura
na política pública do Município e a dissonância com sua Lei Orgânica (1990),
que garante o oferecimento de estímulos concretos às atividades e expressões
culturais. A pesquisa demonstra que os valores do orçamento municipal levam
a um caminho contrário do que preconiza a Lei Orgânica. Disto apresenta
o diagnóstico de dissonâncias político-institucionais entre a base legislativa
e os meios materiais para a ação pública, o que resulta na vulnerabilidade
da operacionalização de políticas públicas de cultura, negando ao cidadão o
exercício de seu pleno direito. Neste quadro, o Teatro Municipal de Araraquara
fica impossibilitado de exercer suas funções enquanto produtor artístico, e de
promover o estímulo à sensibilidade estética.

Palavras-chave: Cultura; Políticas Públicas; Araraquara.

155
IDEIAS E FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS:
UMA DISCUSSÃO SOBRE AS POLICY IMAGES E AS
POLÍTICAS CULTURAIS NO BRASIL

Samira Chedid
Mestranda em Ciência Política - UFSCar

Resumo: Uma maneira de trazer a discussão a respeito de políticas públicas é


buscar compreender as ideias que impulsionam a formulação de determinada
política. Nessa perspectiva, o objetivo do presente trabalho é buscar compreender
como a temática da institucionalização da cultura por meio do Plano Nacional
de Cultura (PNC), ascendeu à agenda do governo federal. Para tal, utilizaremos
o conceito de policy images desenvolvido por Baumgartner e Jones, onde
defende-se que as ideias são essenciais no entendimento entorno da produção
de políticas públicas, pois por meio delas é possível observar as movimentações
sobre o assunto em pauta. No caso das políticas culturais no Brasil, verifica-se
que a ideia formalizada do PNC data do fim dos anos 2000, quando a Proposta
de Emenda Constitucional no 306 foi apresentada ao Congresso Nacional. Sua
aprovação ocorreu cinco anos depois, em meio a intensos debates e mobilização
da sociedade civil. Desse modo, o conceito de cultura passa a uma renovação,
que dá ênfase a seu conceito antropológico. Observa-se assim, que a discussão
acerca de políticas culturais institucionalizadas permanecia nos subsistemas
culturais, até enfim ascenderam ao macrossistema, isto é, à agenda do governo
federal, quando foi aprovado e formulado o primeiro planejamento a longo
prazo num período democrático no país.

Palavras-chave: Políticas Culturais; Plano Nacional de Cultura; Policy Images.

156
A nova perspectiva para as Políticas Públicas no Brasil

Marco Aurélio Zaparolli


Graduando em Direito - UNIVEM

Resumo: Pontuamos a questão das políticas públicas como essencial para trazer
à tona a dimensão de sua incursão no período mais conturbado da vida pública
depois da derrocada do regime militar. E o espectro conservador que se aflora
e toma conta do país vislumbra preocupações. Isso implica em ver a história
reescrita sob a ótica do conservadorismo e mais além, do neoliberalismo que
pactua por um Estado mínimo, contraproducente ao crescimento vertiginoso
que se verificou de 2003 a 2014, ano em que começa a derrocada econômica.
Porém, negar o passado e sua exegese desse período presidencial inaugurado
pelo pensamento dito de esquerda é esquecer os avanços sociais havidos. A
partir desses questionamentos, o presente trabalho pretende entender como a
agenda conservadora que se inicia com a derrocada do governo da presidenta
Dilma Roussef interrompe claramente um ciclo de políticas públicas voltadas
para a população menos favorecida pelo capitalismo predominante na sociedade
ou de outra forma, como avença o presidente substituto, Michel Temer, apenas
refrega o contencioso e estimula uma linha que se permita alavancar um
desenvolvimento sustentável sob o verniz das finanças públicas equilibradas.
Afinal, o presidente Temer fala em contenção de gastos, em freio das despesas
públicas e nada diz sobre políticas públicas de fato. O discurso impregnado de
demagogia do choque de gestão e a predominância da vontade oligárquico-
burguesa brasileira no controle das políticas públicas. Assim, servimo-nos das
referências bibliográficas e jornalísticas, assim como dados levantados de fontes
oficiais do governo. Colocando em pauta a importância de um debate que está
presente na sociedade: Políticas públicas para quê e para quem?

Palavras-chave: Políticas Públicas; Elite Brasileira; Agendas Governamentais.

157
Grupo de trabalho VI:
ESTADO, SOCIEDADE, POLÍTICAS PÚBLICAS
E INSTITUIÇÕES POLÍTICAS - Sessão C
O CARÁTER REPRESSIVO DO SISTEMA PENAL BRASILEIRO:
UM OLHAR CRÍTICO SOBRE A PROPOSTA
DE REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL

Jacqueline Janoszka Miani


Graduada em Serviço Social - UNESP/Franca

Resumo: A questão da criminalidade e aumento da violência vem tomando


proporções significativas na atualidade. Deste modo, o debate sobre o
encarceramento em massa e sobre as medidas de tentativa de combate a esse
quadro torna-se imprescindível. Objetivamos analisar a Proposta de Emenda
Constitucional (PEC) 171/93 – que dispõe sobre a redução da maioridade penal
– como uma característica de um Estado Punitivo que se mascara através de
um discurso que coloca a punição como proteção aos jovens e como garantia
de segurança social. Pretendemos demonstrar a relação da PEC 171/93 com a
penalidade neoliberal, além de apontar o atual desempenho das disposições de
legislações especiais acerca de medidas socioeducativas de internação.

Palavras-chave: Redução Maioridade Penal; Medida Socioeducativa; Penalidade


Neoliberal.

159
O Estado de Exceção e a experiência
democrática brasileira pós 1985

Bruna Ferrari Pereira


Mestra em Ciência Política - UFSCar

Resumo: Neste trabalho realizaremos um estudo sobre o conceito de Estado de


exceção, apontando suas principais características, autores e debates em que se
insere. Em seguida, realizamos uma reflexão sobre a forma como aspectos do
período ditatorial militar vivenciado no Brasil (1964-1985) continuam presentes
na experiência democrática brasileira pós 1985, através de práticas autoritárias
e abusivas cometidas por agentes do Estado e também através de valores
institucionais. Ao fim, argumentamos sobre a permanência de um legado
destrutivo da ditadura militar em nossa atual sociedade, exibindo dados de
pesquisas realizadas por diversas vertentes da academia brasileira. Na definição
de Giorgio Agamben (2004), o estado de exceção define-se como um regime
da lei no qual a norma vale, mas não possui força suficiente para ser aplicada
cedendo lugar a atos que não possuem o valor de lei, mas detêm a força. Neste
sentido, a força da lei se torna um elemento indeterminado o qual só pode ser
reivindicado pelo Estado ou pela autoridade de uma organização revolucionária.
Sobre o legado da ditadura militar Edson Teles e Vladmir Safatle (2010) afirmam
que devido a uma reconciliação extorquida no período de abertura política
em 1985, o Brasil passou a assimilar certos hábitos e práticas autoritárias, de
forma que a presença do legado ditatorial e da repressão praticada no período
ainda pode ser observados atualmente . Esta reconciliação extorquida aliada ao
frágil processo de justiça transicional no país foi um fator determinante para
que o legado ditatorial permanecesse no atual regime democrático brasileiro.A
partir destes conceitos procuramos debater a atual conjuntura da dos valores e
instituições democráticas brasileiros.

Palavras-chave: Estado de Exceção; Ditadura Militar; Legado Autoritário.

160
Relações de poder e influência – O caso da
Secretaria de Desenvolvimento Econômico,
Ciência e Tecnologia de São Carlos/SP

Nathália Gonçalves Zaparolli


Mestranda em Ciência Política - UFSCar

Resumo: Esse estudo tem o propósito de questionar e analisar as relações


de poder e influências das elites tecnológicas na formação da Secretaria de
Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia no município de São Carlos,
instituída em 1997. As personalidades que encabeçaram esse projeto e seus
desdobramentos. A metodologia é um estudo de caso com método qualitativo,
a partir de levantamento bibliográfico e análise documental da instituição
em questão. O levantamento bibliográfico consiste em percorrer a questão
da Política de Ciência e Tecnologia no Brasil (PCT), como plano de fundo a
PCT mundial e América Latina. Explanar a respeito da federalização brasileira
ocorrida a partir de 1988, para situar o objeto a ser estudado e mostrar porque
faz sentido estudar as políticas públicas locais. Realizar um levantamento teórico
específico de PCT local. Juntamente com análise documental baseadas em leis e
atas do órgão em questão. Pontuar a importância do município de São Carlos/
SP nesse cenário, uma vez que conta com grandes investimentos públicos e
privados em ciência e tecnologia desde sua formação,em seu processo histórico.
A relevância desse trabalho se mostra ao propor o estudo de um órgão dentro
do aparato institucional municipal, com as particularidades e especificidades que
o compõem, podendo nos levar a outros caminhos se comparados aos órgãos
federais, além das relações entre instituições e elites (tecnológicas), sempre em
pauta em estudos nas áreas de Administração Pública e Ciência Política.

Palavras-chave: Política de Ciência e Tecnologia Local; Instituições Públicas;


Elites Tecnológicas Locais.

161
SISTEMAS DE REPRESENTAÇÃO:
algumas reflexões no Paraná

Everton Henrique Faria


Doutorando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Desde a edificação e promulgação de nossa última Constituição, muito


se tem discutido sobre o sistema de representação política no Brasil, em especial,
acerca das inéditas formas de representação por intermédio da sociedade civil.
Nos últimos anos, diversas pesquisas e estudos vêm se ocupando com múltiplos
temas intentando à construção de um arcabouço teórico conceitual (uma teoria
política) capaz de interpelar, apreender e compreender esse novo processo
político-participativo no Brasil, buscando dimensionar, dessa forma, as diferentes
faces, papéis e funções de nossas instituições políticas, partidos políticos,
movimentos sociais, grupos e opinião pública. Alguns destes estudos têm
apresentado à relação entre estes novos modelos de instâncias de representação
e o poder executivo nas mais diversas temáticas. No entanto, a bibliografia sobre
participação e representação pouco tem apresentado discussões específicas
acerca da relação entre o poder legislativo e as instâncias de controle social,
nem entre o poder judiciário e estas no processo de controle social e/ou nos
processos estabelecidos no cenário político institucional. Assim, este artigo tem
como escopo apresentar algumas reflexões sobre a organização do sistema de
representação política institucional do Estado do Paraná, especificamente, em
como está organizado o poder legislativo - Câmara Legislativa Estadual do Paraná
– ALEP – e os Conselhos Gestores de Políticas Públicas deliberativos no processo
de fomentação/implementação de políticas públicas entre os anos de 2002 a
2014. A metodologia aplicada consiste em métodos de pesquisas qualitativos e
quantitativos, definindo-se como uma metodologia mista.

Palavras-chave: Conselhos Gestores; Legislativo; Representação.

162
Possibilidade e Limites do Conselho Municipal de Direitos
da Pessoa com Deficiência de Florianópolis/SC (2005-2015)

Márcia Inês Schaefer


Graduada em Ciências Sociais - UFSC

Resumo: Estudo sobre o Conselho Municipal de Direitos da Pessoa com


Deficiência (CMDPD) de Florianópolis, capital do Estado de Santa Catarina;
descrevendo o processo de criação desse conselho – em 2005 e 2006-, e a
trajetória de atuação entre 2007 e 2015, elencando as possibilidades e avanços
alcançados pelo conselho no contexto das políticas das pessoas com deficiência,
mas também destacando os limites de sua atuação.

Palavras-chave: Conselho de Direitos da Pessoa com Deficiência;


Modelo Social da Deficiência; Movimento Social.

163
A atuação política do setor de
segurança privada no Brasil

Caio Cardoso de Moraes


Mestrando em Ciências Sociais - UEL

Resumo: A partir do final da década de 1980 o arranjo institucional brasileiro


passa por grandes transformações que, por sua vez, modificaram a relação
entre o Estado e a Sociedade. No entanto, existe uma lacuna na bibliografia
sobre esses novos padrões de relacionamento entre setores sociais e o Estado.
Este trabalho pretende contribuir para o preenchimento desta lacuna por meio
do estudo de um setor que ganhou robustez no Brasil na década de 90: o setor
de segurança privada. O objetivo do trabalho é compreender os interesses e
estratégias de representação de interesses do setor de segurança privada
em relação à política regulatória brasileira. Quais os interesses do setor de
segurança privada frente à política regulatória existente no Brasil? Quais são
os temas e matérias para qual o lobby do setor de segurança privada mais
se dirige? Em quais esferas institucionais esse setor atua? Como esses atores
buscam representar seus interesses nessas esferas? Essas são as perguntas
que o trabalho busca responder. Três métodos serão usados para responder
às perguntas de pesquisa: 1) pesquisa bibliográfica; 2) análise documental das
Atas da Comissão Consultiva para Assuntos da Segurança Privada (CCASP), dos
documentos elaborados pelas entidades representativas do setor de segurança
privada, como revistas e sites das entidades e, dos projetos de lei formulados
pelo setor e enviados ao Legislativo; 3) entrevistas semiestruturadas com os
principais atores do setor de segurança privada no Brasil.

Palavras-chave: Lobby; Representação de Interesses; Segurança Privada.

164
Juventude em desamparo: um estudo da relação Estado e
terceiro setor na Fundação CASA em São Paulo/SP

Caio de Castro Cardoso; Rafael Rodrigues da Costa


Graduandos em Ciências Sociais - FESPSP

Resumo: O presente trabalho busca compreender a relação entre Estado e


sociedade civil organizada nas medidas socioeducativas para jovens infratores
na cidade de São Paulo. No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA) é a legislação que possibilita que crianças e adolescentes tenham direitos
fundamentais assegurados. No estado de São Paulo, a autarquia responsável
por acompanhar as medidas socioeducativas para jovens infratores é a
Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (Fundação
CASA). A alteração prometia um novo modelo de gestão, objetivada em
unidades descentralizadas com o intuito de aprimorar o cuidado individual com
os internos em parceria junto a Organizações Não-Governamentais (ONGs)
que colaborassem com a reinserção deste jovem à sociedade. Sendo assim, a
pesquisa foi realizada em seis ONGs que trabalham na cidade de São Paulo,
com visitas a campo e entrevistas semiestruturadas com alguns funcionários.
As entrevistas tiveram enfoque em dois eixos principais: identificar a trajetória
da sociedade civil que se organizava com o propósito de reinserir os jovens
infratores na sociedade e entender como esta organização se relaciona com o
Estado.

Palavras-chave: Estado; ONG; Juventude.

165
O Controle da Segurança Privada pelo Poder
Judiciário: um estudo sobre a atuação do TJPR e
do TJSP por meio de processos cíveis

Gabriel Antonio Cabeca Patriarca


Graduando em Ciências Sociais - UEL

Resumo: O Brasil é um dos países que apresenta mais profissionais empregados


no setor de segurança privada do que nas forças policiais. Entretanto, poucas
pesquisas empíricas foram realizadas sobre o controle deste imenso contingente
de profissionais engajados em atividades de policiamento. O objetivo deste
trabalho é contribuir com esta literatura, por meio de um estudo empírico
sobre o controle realizado pelas varas cíveis do Tribunal de Justiça do Paraná
(TJPR) e do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) sobre empresas de segurança
privada. Através da análise quantitativa de uma amostra de acórdãos coletados
nos repositórios online desses Tribunais, foram abordadas questões como a
predominância de condenações cíveis; o valor das indenizações; a relação entre
as decisões de primeira e segunda instância; o tempo decorrido entre o fato que
gerou a abertura do processo judicial e o julgamento em segunda instância; e a
formação e utilização de jurisprudência sobre o tema. Os principais resultados
indicam que os tribunais não são relutantes em condenar civilmente empresas
cujos seguranças foram acusados de desvios e, portanto, atuam efetivamente
como um mecanismo de responsabilização do setor. Apesar desses achados, o
trabalho questiona o quão processos judiciais são capazes de alterar a conduta
dos seguranças na ponta e, por conseguinte, capazes de produzir controle sobre
o setor de segurança privada.

Palavras-chave: Segurança Privada; Controle; Poder Judiciário.

166
Acesso à justiça e judicialização da saúde na
Defensoria Pública de São Carlos: uma análise
sobre a instituição de 2014 a 2015

Giovanna Mariano Silva


Mestranda em Sociologia - UFSCar

Resumo: O presente trabalho busca contribuir para uma nova abordagem sobre
a sociologia do direito, voltando-se para a Defensoria Pública de São Carlos e sua
atuação em casos de saúde. O debate será feito a partir do conceito de acesso à
justiça e judicialização da saúde, visto que a atuação da Defensoria entre outras
coisas consiste em garantir que o direito à saúde não seja violado.O objetivo é
compreender de que maneiras a Defensoria Pública buscou atuar nos processos
referentes à matéria de saúde, qual a porcentagem desses casos frente às
outras áreas de atuação da Defensoria, quais os conflitos se mostram mais
recorrentes, e qual a relevância destes perante os outros processos civis que são
de competência da Defensoria. O recorte espacial escolhido é o município de
São Carlos, no interior de São Paulo. A metodologia escolhida para o trabalho é
da pesquisa documental, e tem por preocupação a análise qualitativa dos dados,
buscando a lógica e os códigos informados através dos processos judiciais.

Palavras-chave: Acesso à Justiça; Judicialização; Sociologia do Direito.

167
Aos amigos tudo, aos inimigos a Lei: Disputas
eleitorais e judicialização da política no
Estado do Rio de Janeiro (1988-2016)

Marcus Cardoso da Silva


Doutor em Sociologia Política - IFF

Resumo: O artigo - resumo da tese - focaliza as intervenções do Poder Judiciário nas


disputas eleitorais no Estado Rio de Janeiro entre 1988 e 2016, especificamente os
processos e/ou cassação de prefeitos por infrações eleitorais. Partindo da teoria
clássica sobre judicialização da política, seguimos para um estudo empírico que
encontrou um número restrito de atores nos casos selecionados nos afastamos
da teoria clássica sobre o tema que entende a judicialização sempre revestida
de “valores republicanos”, para nos aproximarmos da teoria dos campos sociais
de Bourdieu. Concluímos que o processo é melhor entendido a partir da ideia
de que os campos jurídico e político se comunicam, trocam, se influenciam e
mais, se utilizam mutuamente enquanto capital para obtenção dos objetos em
disputa no seu campo original.A constatação, demonstrada no nosso estudo,
é de que os atores do campo político vão ao campo jurídico, via processos e
articulações – em busca da conquista dos seus “troféus”. Mais ainda, o inverso
também é verdadeiro e os agentes do campo jurídico vão ao campo político atrás
de capitais de diferentes tipos que possam ser transformados em posse dos
objetos em disputa no campo jurídico.A conclusão acima foi demonstrada em
três grandes etapas. Na primeira etapa/capítulo fizemos uma discussão teórica
acerca de conceitos chaves para compreensão do nosso objeto de estudo.No
segundo passo, empírico, focalizamos nosso objeto de estudo em sua acepção
macro, ou seja, buscamos passar pelos casos encontrados na pesquisa de campo
em busca de repetições, variáveis repetidas, padrões pelos quais o processo está
submetido. Na última etapa focalizamos o município de Campos dos Goytacazes.

Palavras-chave: Poder Judiciário; Disputas Eleitorais; Campos Sociais.

168
Os Poderes Legais da Segurança Privada: o caso
das revistas nos ambientes de trabalho

Fabrício Silva Lima


Graduando em Ciências Sociais - UEL

Resumo: A segurança privada é um fenômeno amplamente presente nas cidades


brasileiras, sobre tudo naquelas que concentram atividades industriais e de
serviços. Os seguranças particulares atuam em locais diversos e desempenham
funções variadas, mas em geral visando diminuir riscos e perdas que possam
afetar o lucro daqueles que os empregam. O policiamento de trabalhadores no
ambiente de trabalho move-se por essa lógica de prevenção de perdas, sendo
uma atividade que se confunde com o próprio renascimento da segurança
privada no mundo moderno. Este trabalho pretende apresentar resultados de
um estudo sobre os fundamentos legais e os limites impostos pelo Judiciário para
que seguranças particulares realizem revistas em trabalhadores. A metodologia
do estudo é quali-quanti. As unidades de análise são decisões judiciais dos
Tribunais Regionais do Trabalho de SãoPaulo (TRT2), Campinas (TRT15) e Paraná
(TRT9) proferidas em 2012. Inicialmente foram selecionadas aleatoriamente 353
decisões; 118 foram excluídas da análise por serem falsos positivos, resultando
assim em uma amostra formada por 235 decisões judiciais. Essas decisões
foram analisadas quantitativamente por meio de estatística descritiva e também
analisadas qualitativamente por meio de Análise de Conteúdo (AC).

Palavras-chave: Segurança Privada; Revista; Trabalhadores.

169
Grupo de trabalho VII:
IDENTIDADE, DIFERENÇAS E PODER - Sessão A
Frantz Fanon e a crítica à Modernidade Europeia

Dionisio da Silva Pimenta


Doutorando em Sociologia - UFSCar

Resumo: O objetivo dessa apresentação é o de promover uma leitura


interpretativa das obras Pele Negra, Máscaras Brancas (1952) e Os condenados
da Terra (1979) do martiniquenho Frantz Fanon, compreendendo-as como
críticas ao projeto de Modernidade Europeia. Nossa hipótese é a de que, ao
discutir as formas de racialização desenvolvidadas pelo aparelho colonial, Frantz
Fanon desconstrói as bases epistêmicas da Modernidade no que diz respeito aos
conceitos de civilização, estado-nacional e humanidade. Nesse sentido, pautamo-
nos nas diferentes recepções do autor na área dos estudos pós-coloniais – Homi
Bhabha e Stuart Hall – e decoloniais – Aníbal Quijano, Nelson Maldonado-
Torres e Ramón Grossfogel – como fundamentação teórico-metodológica, e
empregamos, enquanto abordagem, a análise dos conteúdos das obras a partir
de três eixos: a) modernidade/colonialidade; b) luta por reconhecimento; c) novo
humanismo.

Palavras-chave: Estudos Fanonianos; Estudos Pós-Coloniais;


Estudos Decoloniais.

171
Reflexões preliminares sobre a escrita negra

Daniel Ramos da Silva Melo


Mestre em Antropologia Social - UFSCar

Resumo: A intenção deste trabalho é analisar introduções e prefácios de algumas


obras que compõem a chamada literatura negra periférica brasileira produzida
em torno de saraus e rodas de poemas realizadas nas periferias, pois, considera-
se que é neste espaço em que usualmente são relatados os percursos e percalços
aos quais autoras e autores negros e/ou periféricos tiveram que enfrentar para
realizar suas publicações de contos, crônicas ou poemas no formato de livro
individual, co-autoria ou antologias. A escrita é ainda um importante marcador
social de diferenças que separa e hierarquiza pessoas de origens, orientações
e características sociais diversas. As grandes livrarias e eventos literários ainda
são dominados por pessoas brancas, no geral homens heterossexuais de classe
alta ou média. No ano de 2016, a FLIP (Feira Literária de Paraty) homenageou
uma mulher, se propôs a discutir “representatividade” e ao mesmo tempo não
contou em sua programação oficial com nenhuma pessoa negra convidada. Este
é apenas um exemplo para lançar luz à questão da invizibilização desta produção
preta e periférica que está diretamente relacionada com alguns estereótipos e
lugares sociais atribuídos a população de ascendência africana. Ao se lançar
no mundo da escrita, mulheres e homens negros se colocam como produtores
de suas próprias narrativas e perspectivas, ou seja, como atores principais na
construção de registros, memórias, coletividades e identidades.

Palavras-chave: Raça; Literatura; Periferia.

172
Bioética, poder e relações de gênero

Lillian Ponchio e Silva Marchi


Mestra em Direito - UNESP

Resumo: A pesquisa parte de uma reflexão sobre a visão abstrata e estatizante


do Direito, tendo em vista o abismo existente entre a teoria e a prática dos
direitos, na busca de uma expressão mais autêntica das necessidades sociais
– em especial das mulheres. Desde já, é preciso mencionar a íntima relação da
Bioética com questionamentos acalorados. Estudá-la é mergulhar em profundas
indagações, pluralidade de pensamentos e de conflitos que superam a seara
individual. Assim, é preciso ressaltar o comprometimento da Bioética com os
direitos das mulheres em face da atual concepção excessivamente jurídica,
formalista e estatalista. A aposta é no resgate da noção dos direitos construídos
a partir de práticas sociais, como processos de luta pela dignidade, numa
perspectiva emancipadora. A Bioética até pouco tempo estava enclausurada na
área da saúde, com um histórico peculiar, marcado por importações acríticas
de pacotes de princípios éticos de um contexto diferente da América Latina.
Na Conferência de Amsterdã em 1992, foi criada a Associação Internacional da
Bioética, que estimula o desenvolvimento da pesquisa e do ensino da Bioética,
bem como defende o valor das discussões livres e abertas. Há pressões (religiosas,
sociais e políticas) que buscam evitar esse debate de temas controversos, que
envolvem autonomia da mulher. A interação do feminismo possibilitou que
abordagens silenciadas fossem integradas à agenda. Tal vertente, ao superar
o mito da neutralidade, escolhe ficar ao lado dos historicamente discriminados,
os quais ficaram excluídos do projeto bioético. Logo, a Bioética feminista utiliza
como fundamento um olhar crítico frente a todas as formas de opressão, em
especial a de gênero.

Palavras-chave: Bioética; Poder; Gênero.

173
Oliver Cox: um sociólogo esquecido

Erik Wellington Barbosa Borda


Mestrando em Sociologia - UFSCar

Resumo: Oliver Cox foi um sociólogo caribenho nascido em Trinidad e Tobago.


Como era esperado aos jovens de classe média das Índias Ocidentais, Cox
ruma para o exterior atrás uma formação, para voltar ao seu país e assumir
uma posição na estrutura da sociedade colonial. Contudo, ao chegar aos EUA,
eventos mudam radicalmente seus planos e o levam para a Sociologia, onde
se destaca principalmente por ter trazido contribuições heterodoxas em
relação ao que se realizava pelo restante da Sociologia americana. As críticas
de Cox ao establishment e sua origem racial e nacional, em alguma medida,
lançaram-no a um esquecimento por um longo período. Não obstante, o autor
tem recebido uma atenção por parte de teóricos contemporâneos, e seu papel
como intelectual tem sido reconhecido até por associações como a American
Sociological Association. O objetivo deste trabalho é apresentar algumas das
contribuições sociológicas iniciais de Cox ao público brasileiro. Espera-se mostrar
como o autor se distancia do padrão de produção da Universidade de Chicago,
onde teve sua formação, como isso se refletiu na recepção de sua obra, e de que
modo tal pode ser creditado à origem caribenha do autor. Deve-se dizer que o
trabalho aqui proposto vincula-se a uma pesquisa de mestrado mais ampla que
visa a investigar as obras de Oliver Cox e C. L. R. James em busca do que Hall
chamou uma vez de seus “prismas de formação caribenha”.

Palavras-chave: Oliver Cox; Teoria Social Caribenha; Pensamento Negro.

174
IDENTIDADE E FEMINISMO: RANÇOS E AVANÇOS
NA CONSTRUÇÃO DO SUJEITO

Lina Penati Ferreira


Mestranda em Ciências Sociais - UEL

Resumo: Os debates que envolvem a temática sobre identidade e sujeito nas


ciências sociais, já se tornaram clássicos. Sem dúvidas, a teoria feminista tem
contribuído muito para o aprofundamento dessa temática, reforçando a sua
importância e argumentando de forma coerente e qualificada, as questões que
se revelam questionáveis em algumas concepções.Assim, ainda que as reflexões
das teorias feministas partam das problemáticas de gênero, as contribuições
vão além dessa temática, propondo novas questões para a própria teoria social,
em especial, para os estudos sobre identidade e sujeito. Como aponta Stuart
Hall, o feminismo é sem dúvida um paradigma importante para a virada na
concepção da ideia de sujeito nas teorias sociais.Dessa forma, o objetivo deste
trabalho é debater as propostas feministas sobre os conceitos de identidade e
sujeito, buscando responder de que forma o feminismo incorporou e propôs
novos paradigmas aos estudos sobre identidade. De início, recuperaremos
brevemente essas noções e, em seguida, apresentaremos algumas discussões
postas na teoria feminista sobre a emergência de um novo sujeito, que reconhece
e articula as mais diversas identidades sociais. Para isso, utilizamos a técnica
de revisão da bibliografia, buscando apontar, ainda que brevemente, os pontos
essenciais do debate.

Palavras-chave: Teoria Feminista; Sujeito; Identidade.

175
Identidades, Estigma e Ordem Autoritária:
Racismo, Elitismo e Misoginia como
Fundamentos da Dinâmica Social no Brasil

Sérgio Luiz de Souza¹; Daniela Severo da Silva²


¹ Doutor em Sociologia - UNIR
² Universidade Federal de Rondônia / Porto Velho

Resumo: Este artigo é fruto de reflexões oriundas de nossas pesquisas de


mestrado e doutorado acerca das relações sócio-étnico-raciais e atuações das
populações negras, na construção de suas identidades, no Nordeste Paulista e
Triângulo Mineiro, além dos dados e concepções geradas por estas pesquisas
e por projetos por nós orientados na Universidade Federal de Rondônia e,
ainda, dados do contexto sociopolítico brasileiro ao longo do século XX e
décadas recentes orientam nossas elaborações. Neste sentido, nosso objetivo
é empreender interpretações a respeito das contradições presentes entre, por
um lado, os projetos políticos dos grupos hegemônicos de estruturação dos
espaços urbanos e estabelecimento de lógicas institucionais fundados em uma
perspectiva de modernidade homogeneizante de base etnocêntrica, misógina e
elitista na sociedade brasileira e, por outro lado, a realidade social constituída
pela diversidade étnico-racial, de gênero e de classe que constitui fontes para a
construção de identidades. Neste contexto, focamos a produção de identidades
estigmatizadas, o estranhamento e a heteronomia que fundamentam a
dinâmica autoritária em nosso contexto nacional. Desta forma, trazemos
concepções e dados de estudiosos/as para tecermos nossas concepções. Nesta
direção, dialogamos com Florestan Fernandes (1976) acerca da lógica política
das revoluções pelo alto da burguesia no Brasil, com Marilena Chauí (2004)
sobre democracia, cultura e sociedade autoritária, Dagoberto José Fonseca
(2000) acerca das relações de gênero e étnico-raciais e poder e Muniz Sodré
(1999) que analisa a relação entre a noção de modernidade definida pelas elites
econômicas, identidades e a diversidade sócio-étnico-racial no Brasil.

Palavras-chave: Relações Étnico-Raciais; Ordem Autoritária; Dinâmica Social.

176
Entre direitos humanos e “direitos dos manos”:
discursos sobre a infância nos
paradoxos da democracia e do neoliberalismo

Marisa Adriane Dulcini Demarzo¹; Gabriela Guarnieri²


¹ Doutoranda em Educação - UNICAMP
² Docente do Campos Tebet

Resumo: A pesquisa tem como objetivo a análise sobre que compreensões/


concepções em relação à infância vêm sendo consolidadas e/ou modificadas na
atualidade brasileira, a partir de um contexto político/econômico antagônico de
neoliberalismo e democracia. Surge de inquietações a partir de práticas pessoais
e profissionais, ligadas à infância e sua violação de direitos, como Conselheira
Tutelar na cidade de São Carlos, cujas experiências, marcantes, davam nota de
uma sociedade que, ao mesmo tempo em que busca a proteção da infância,
refuta seus direitos ao questionar e criticar o ECA e as normativas de proteção ao
direito da infância. A pesquisa está inscrita metodologicamente na perspectiva
da análise do discurso, a qual busca compreender as diversas facetas sócio-
históricas que envolvem os diferentes discursos sociais, no caso, os referentes
às concepções sobre a infância. Tem como principal referência metodológica os
estudos de Foucault, sobretudo em “A arqueologia do saber”. A pesquisa utiliza
como dispositivo de produção do discurso os Conselhos Tutelares das cidades
de Campinas e São Carlos- SP, analisando denúncias sobre violação do direito à
criança, direcionadas aos órgãos, e entrevistas com conselheiros tutelares. Os
discursos sobre a infância não se desconectam de um nível macro de relações
sociais permeadas por suas posições políticas e econômicas, e isso se reflete
na forma como as instituições e a sociedade vai construindo os conceitos
sobre a infância. Os primeiros resultados demonstram a relação ambígua e
contraditória da produção desses discursos, a depender de fatores sociais, tais
como a dimensão de classe social, mesmo dentro das instituições que tem como
premissa a proteção do direito e da cidadania plena.

Palavras-chave: Infância; Concepções; Discurso.

177
A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO “SUJEITO
BANDIDO” E DO “MUNDO DO CRIME” EM CONTEXTOS DE
MODERNIDADE PERIFÉRICA RADICALIZADA

Alex Moreira
Doutorando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Este texto traz a público alguns dos resultados parciais de uma
investigação sociológica que tem por objeto o tema da criminalidade no Brasil,
com foco específico sobre o que qualificamos a partir da ideia de “cultura crime”,
traduzida num personagem quase arquetípico, auto intitulado “sujeito bandido”.
Nesse sentido, visamos compreender as transformações pelas quais passaram
tanto o “sujeito bandido” quanto o “mundo do crime”, tendo por pano de fundo
o surgimento do crime organizado no país. Damos ênfase à criação do Primeiro
Comando da Capital (PCC), organização que se estruturou a partir do sistema
carcerário do estado de São Paulo e se espraiou por vários estados do país,
estendendo-se inclusive a outros países da América Latina. Para compreender
esse novo personagem social, nos beneficiamos de vasto material artístico
produzido nas periferias das cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, analisado
vis-à-vis as referências teóricas consagradas pela literatura especializada sobre
o tema. O intuito aqui é buscar nos movimentos artísticos e em suas expressões
culturais as ferramentas que nos auxiliem a entender esse novo ator social.

Palavras-chave: Identidade; Criminalidade; Modernidade.

178
A construção do dependente químico

Sandra Regina Martins Caldas


Mestranda em Ciências Sociais - PUC/SP

Resumo: Um quarto da população carcerária do Brasil responde pelo crime de


tráfico de drogas, muitos dos quais para manter o próprio consumo. Personagem
relevante dentro do cenário cultural, o dependente químico, mais do que um
objeto pronto e acabado, é uma construção que se dá em várias instâncias de
poder e micro relações que satisfazem necessidades geradas principalmente
em nível político. Estigmatizado, criminalizado e patologizado, os dependentes
químicos constituem uma categoria complexa de indivíduos cujos direitos de
escolha a um modo de vida é constantemente rechaçado, não lhes restando
outra alternativa senão a de cumprir o destino estigmatizado que lhe é imposto.
O objetivo deste artigo é de tentar compreender de que modo se dá sua
construção como categoria social. Através de autores como Foucault, Goffman
e Sennett intenta o artigo desvelar esta construção de desumanização do outro
em um contexto social onde o direito a individualidade corresponde mais a um
mito do que uma possibilidade real.

Palavras-chave: Dependência Química; Estigma; Poder.

179
Grupo de trabalho VII:
IDENTIDADE, DIFERENÇAS E PODER - Sessão B
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE AS CARACTERÍSTICAS
E SIGNIFICADOS DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
IDOSA EM ITUIUTABA

Ana Paula Lima Fernandes


Graduada em Serviço Social - UFU

Resumo: Este trabalho teve como objeto de estudo A Violência Doméstica Contra
a Mulher Idosa. O interesse pelo o tema se deu a partir do estágio supervisionado
realizado no CREAS de Ituiutaba, no setor de atendimento ao idoso, em que
observei um grande número de registros de violência contra a mulher idosa.
O objetivo geral foi saber os motivos da violência contra as mulheres idosas,
sendo os objetivos específicos identificar os motivos que levam a mulher idosa
a suportar a violência, quem são os agressores, conhecer os tipos de violência
que mais ocorrem no cotidiano da mulher idosa, e buscar informações acerca
dos direitos a partir do Estatuto do Idoso. O cenário da pesquisa foi o Centro de
Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), especificamente o setor
de Proteção Social ao idoso e à pessoa com deficiência na cidade de Ituiutaba/
MG. Para a realização da pesquisa optou-se pelas pesquisas exploratória e
descritiva, utilizando as pesquisas bibliográfica, documental e de campo. Para a
pesquisa de campo foi realizada a entrevista com duas assistentes sociais que
trabalham no setor do idoso no CREAS. Os dados coletados a partir das falas
das participantes da pesquisa foram analisados qualitativamente buscando os
diversos significados das fala das entrevistas. Espera-se contribuir para com
os estudos sobre a violência contra a mulher, contudo o trabalho não se finda,
somente abre novas possibilidades de pesquisa nesta área.

Palavras-chave: Mulher; Violência; Idosa.

181
A pele pede a palavra: identidade e
diferenças por meio da tatuagem

Beatriz Patriota Pereira


Doutoranda em Sociologia - UFSCar

Resumo: A tatuagem, historicamente, esteve associada à marginalidade


e ligada a um estigma. Apesar de ter relações estritas com a arte e com a
cultura em outras sociedades; no Ocidente, apresenta um processo recente de
legitimação e popularização, incluindo sua profissionalização, mercantilização,
higienização, medicalização e artificação.Nesse processo, a marca corporal
acaba por reverberar diferenças. Quando o sujeito escolhe fazer uma tatuagem,
suas posições de raça, gênero, geração e classe podem ser reiteradas ou
questionadas. Assim, a pesquisa analisou como as posições do sujeito acabam
por atuar na escolha dos desenhos e dos locais dos corpos tatuados.Ademais,
contribuindo para ampliar a compreensão sociológica sobre corpo e identidade,
esta pesquisa buscou compreender como o sujeito tatuado dá significado a
suas tatuagens ao construir sua identidade. A partir dos pressupostos de que
há uma relação entre tatuagem e identidade e de que a prática, na qualidade de
modificação corporal, é uma marca de diferença e identificação; a pesquisa visou
compreender como a tatuagem é negociada na construção da identidade para
o sujeito tatuado em São Carlos e entender como as tatuagens são significadas
e o que esses desenhos afirmam na construção de uma imagem de si para
os tatuados.Para isso, a metodologia foi baseada em pesquisa bibliográfica,
observação participante em três estúdios com diferentes perfis e entrevistas
semiestruturadas com tatuados.

Palavras-chave: Tatuagem; Identidade; Diferenças.

182
As monas no crime: reflexões sobre
seletividade penal e encarceramento LGBT

Victor Siqueira Serra¹; José Arthur Fernandes Gentile²


¹ Mestrando em Direito - UNESP
² Graduando em Direito - UNESP

Resumo: Desde que a teoria queer chegou ao Brasil, por meio das universidades,
muitas pesquisadoras e pesquisadores buscam formas de traduzir a potência
analítica e epistemológica do insulto que se tornou nome de uma corrente
teórico-política. Essas traduções buscam reconstruir as ferramentas teóricas
queer para a (e a partir da) realidade latino-americana. Essa tradução tornou-se
possível a partir do contato com os estudos pós-coloniais e assim articulou-se
um campo de estudos que pode ser denominado “teoria cu”, “teoria transviada”
ou “puta teoria”.A partir desse arcabouço teórico, emergem novas possibilidades
de se compreender os processos que gerenciam e (re)produzem sexos, gêneros
e desejos. Desde que, em 2014, criaram-se as alas LGBT no sistema carcerário
brasileiro, diversos trabalhos teóricos foram desenvolvidos buscando explicar
as relações de poder – (inter)subjetivas, institucionais e sociais – que perpassam
corpos (generificados) e sexualidades nas prisões.O que aqui se propõe, pelo
entrelaçamento da criminologia crítica com os estudos queer pós-coloniais,
é: identificar conceitos e categorias analíticas utilizados em alguns trabalhos
científicos (empíricos ou não) produzidos no Brasil sobre pessoas LGBT
encarceradas; cruzar essas análises com dados (quantitativos e qualitativos)
levantados a partir de acórdãos criminais do Tribunal de Justiça de São Paulo; e,
por fim, contribuir na construção de um saber crítico capaz de compreender os
processos sociais – interseccionais – de vitimização e criminalização de travestis
e outras dissidências de gênero no sistema de justiça criminal paulista.

Palavras-chave: Criminologia Queer; Encarceramento; Dissidências de Gênero.

183
Prostituição Feminina e Exclusão Social:
as contradições da legislação brasileira e o acirramento
das desigualdades em territórios de vulnerabilidade social

Eulália Fabiano
Doutoranda em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: No Brasil, a prostituição feminina se apresenta como um fenômeno


contraditório, ao mesmo tempo em que a Legislação não reprime a mulher que
opta por essa atividade, a manutenção de estabelecimento que a viabilize é
considerada crime. Em 2009, foi alterado os crimes sexuais no Código Penal, o
objetivo era uma revisão das antigas normatizações para aproximá-las da atual
realidade cultural. Seguindo as convenções internacionais que visam combater
o tráfico de pessoas, o Código renovou suas diretrizes acerca desse crime, mas
passou a considerar prostituição como sinônimo de exploração sexual. Desse
modo, torna-se mais difícil o reconhecimento social da prostituição como
atividade voluntária e a afirmação dos direitos das prostitutas, especialmente
para as mulheres das camadas populares que atuam em regiões pobres dos
centros urbanos, marcados pela desigualdade social e preconceitos. Para
analisar esse contexto, o artigo buscará a contribuição do filósofo francês Michel
Foucault que, dedicou-se a analisar os regimes de verdade historicamente
construídos e a formação dos sujeitos a partir das relações de poder do meio
social e institucional onde se encontram circunscritos, evidenciando a existência
de normatizações que tendem a excluir determinados grupos. Assim, o artigo
buscará analisar a marginalização do sujeito prostituta, a verdade historicamente
legitimada sobre a prostituição e a dificuldade de seu reconhecimento social e
jurídico. Também apresentará breve análise da atual normatização do Código
Penal que tende a contribuir para a permanência da exclusão social de mulheres
que optam pelo exercício dessa atividade, especialmente entre as mulheres dos
grupos pobres que atuam em territórios de vulnerabilidade social.

Palavras-chave: Prostituição Feminina; Desigualdade Social;


Reconhecimento.

184
Do público ao privado: um estudo sobre as
mulheres negras na sua cotidianidade

Larissa Crisitina da Silva


Mestranda em Serviço Social - UNESP/Franca

Resumo: O presente trabalho propõe uma análise do cotidiano doméstico


de mulheres negras moradoras da periferia. Para isso, será considerado as
intersecções de classe e raça, uma vez que estão intimamente ligadas às
relações de poder vigentes em nossa sociedade e que revelam, para além da
exploração, as diferentes formas de opressão assumidas pelo poder na vida
cotidiana; tais formas se expressam não apenas em circunstâncias econômicas,
sociais, políticas, culturais, mas também nas atitudes emocionais e simbólicas
desta mesma população e de seus interlocutores na vida social. Trata-se de
uma pesquisa qualitativa realizada no Centro de Referência de Assistência
Social (CRAS), da cidade de Araraquara. Optamos por adotar a observação
participante para a realização da pesquisa estabelecendo assim uma relação
direta com os interlocutores. Também recorremos a análise teórica através da
bibliografia que abarca questões de gênero com suas possíveis intersecções já
pontuadas acima. Embora a discussão acerca do trabalho doméstico seja um
tema que atingi as mulheres de uma maneira geral, não se pode negar que a
forma como são inseridas na sociedade também interferem no espaço privado
e consequentemente no sentido em que as relações ali se estabelecem. Dessa
forma, a relevância deste trabalho se expressa justamente na proposta de
estudar, a partir de uma realidade objetiva, a forma como a questão de gênero,
raça/etnia e classe se apresentam nas relações cotidianas.

Palavras-chave: Mulheres Negras; Trabalho Doméstico; Gênero.

185
O Culto ao “Macho Alpha” na Irmandade da
Sedução: um estudo sobre a construção da
masculinidade em um fórum online

Myatã Sanches Pedrini Campos


Graduando em Ciências Sociais - UFSCar

Resumo: Meu intuito é apresentar os resultados de minha iniciação científica na


qual busco compreender a construção da masculinidade em uma comunidade
online que chamo de irmandade da sedução. Trata-se de um fórum online usado
por homens heterossexuais para troca de dicas, táticas e técnicas para “seduzir
mulheres”. No desenrolar do trabalho de campo, pude identificar uma política
falocêntrica marcada pela existência simultânea da ostentação e exaltação
de um padrão específico de masculinidade: o “macho alpha”. Nessa incursão
etnográfica, tomei como referências teóricas os estudos sobre Masculinidades,
Mídias digitais e a Teoria Queer, quais me forneceram conceitos importantes,
como tecnologias de gênero e masculinidade hegemônica, para compreender
o que observava em campo. Nesse sentido, elementos presentes na irmandade
da sedução chamados de “ciência da sedução” e “arte da sedução” podem
ser entendidos como tecnologias de gênero que agem na criação de homens
adequados às normas sexuais e de gênero.

Palavras-chave: Masculinidades; Teoria Queer; Mídias Digitais.

186
O reconhecimento da diversidade sexual e de
gênero no trabalho do(a) assistente social

Marina de Almeida Borges


Mestranda em Serviço Social - UNESP

Resumo: O trabalho tem como objetivo refletir a formação e a prática profissional


dos(as) assistentes sociais brasileiros diante da diversidade sexual e de gênero
presente na sociedade contemporânea. Se tratando de uma profissão marcada
por influências religiosas e conservadoras é importante traçar um panorama da
atuação destes profissionais na atualidade, tendo como base os instrumentais
que norteiam a profissão. Ainda que a diversidade sexual e de gênero não seja
uma exclusividade do século XXI, a visibilidade e o debate adquiridos nos últimos
tempos, fomentados pelos meios de comunicação digitais como redes sociais
e outros dispositivos que conectam sujeitos, culturas, notícias e tribos sociais,
deve perpassar pela formação e constante reatualização destes profissionais de
forma a seguir os princípios fundamentais da profissão que retratam o dever
e a importância de um atendimento com qualidade, respeito e dignidade para
com todos os usuários dos serviços. Em muitos segmentos a prática deste(a)
profissional é interdisciplinar, e se faz imprescindível no atendimento, garantia
e efetivação de direitos sociais da população LGBTI e suas famílias. A própria
concepção do conceito de “família” aparece em questionamento, e é a partir
do momento em que compreendemos este conceito como baseado no afeto
e na cumplicidade e desvinculado da necessidade latente da consanguinidade
e do parentesco é que auxiliaremos a inserção destes núcleos familiares nos
serviços oferecidos pela categoria. É uma reflexão de extrema importância para
a categoria e para a população LGBTI e que cruza recortes de classe social e raça,
além do gênero e das sexualidades, uma vez que se constituem diante de uma
sociedade repleta de normatividades e desigualdades.

Palavras-chave: Diversidade Sexual; Serviço Social; Homoafetividade.

187
Hierarquia, corpos e rituais: uma fotoetnografia
com os jovens do Grupo Escoteiro São Carlos

Marianna Lahr Faustino


Mestranda em Antropologia Social - UFSCar

Resumo: O escotismo é um movimento de juventude que e pretende


condicionar o comportamento e o corpo de seus membros por meio de uma
conduta obediente e disciplinada, integrando-os em agrupamentos juvenis
com estrutura hierárquica adaptada do modelo militar: o sistema de patrulhas.
Esta pesquisa etnográfica/fotoetnografica pretende adentrar ao sistema de
patrulhas das tropas escoteira e sênior do Grupo Escoteiro São Carlos, como
forma de compreender como o direito de mando (centrado na liderança juvenil
do monitor) e os deveres de obediência (pretendidos aos demais elementos da
patrulha) auxiliam na formação de uma corporalidade especifica, que em muito
se aproxima da encontrada na caserna.O corpo juvenil recebera destaque, será
o foco das fotografias e da observação participante, que pretendem registrar
os membros juvenis em sua trajetória momentânea no movimento escoteiro.
Este corpo será destacado em dois momentos: quando posto como instrumento
competitivo durante os jogos e quando imposto a uma conduta disciplinada
durante os rituais solenes (cerimonias escoteiras). Considerando que as tropas
observadas são mistas (jovens de ambos os sexos, com idade de 11 a 18 anos),
este estudo também pretende compreender como meninos e meninas se
desenvolvem tanto corporalmente como em suas atitudes comportamentais,
tanto em seu autodesenvolvimento, como enquanto agrupamento etário.
Buscamos assim, contribuir as pesquisas nas áreas da antropologia visual,
antropologia dos militares, juventude, corpo, rituais e gênero.

Palavras-chave: Escotismo; Fotoetnografia; Corpo.

188
Trabalho sexual, estupro e Sistema de
Justiça Criminal: uma análise crítica a
partir do Feminismo de Terceiro Mundo

Marcela Dias Barbosa


Mestranda em Direito - UNESP/Franca

Resumo: O trabalho pretende refletir a (des)proteção institucional oferecida


às trabalhadoras do sexo, no Brasil, quando vítimas da violência sexual,
especificamente, quanto ao estupro. Nota-se que a aplicabilidade da norma
incriminadora do estupro envolve o julgamento não apenas dos fatos ocorridos,
mas também da moralidade e da reputação sexual da mulher agredida que deixa
de ocupar o papel de vítima para se tornar uma potencial suspeita. Os casos de
estupro são instrumentalizados pelos profissionais do direito, funcionando de
modo a controlar a sexualidade feminina e impedir o exercício de seu trabalho a
partir da liberdade e autonomia. A figura do patriarca protagonista em todas as
esferas do social contribuiu para a perda de autonomia e liberdade da mulher,
além de naturalizar a violência machista presente em um plano simbólico
e relacional. O direito instituiu a primazia masculina por meio de normas de
conteúdo androcêntrico, bem como ao formar profissionais distantes da temática
de gênero e das demandas apresentadas pelos movimentos feministas. Neste
contexto, será questionada a seletividade penal das mulheres que oscilam entre
os estigmas de vítimas e vilãs a partir dos questionamentos formulados pela
Criminologia Feminista e pelo Feminismo de Terceiro Mundo.

Palavras-chave: Trabalho Sexual; Estupro; Feminismo de Terceiro Mundo.

189
Grupo de trabalho VIII:
Questão Agrária, Meio Ambiente
e Desenvolvimento Sustentável -
Sessão A
A (in)sustentabilidade nos canaviais paulistas:
a superexploração do trabalho e da natureza

Ana Carina Sabadin


Mestranda em Sociologia - UFSCar

Resumo: O avanço da preocupação ambiental aos espaços rurais pode ser


pensado em termos econômicos, sociais, políticos e culturais que se apoiam na
construção de um discurso sustentável. Tal discurso, por sua vez, vê-se imbuído
de contradições, ao passo que acaba por mascarar os impactos socioambientais
ocasionados pela exploração de recursos naturais e, até mesmo, dos próprios
trabalhadores, em favor de um crescimento econômico disfarçado de “bem
comum”. Em outros termos, criam-se justificações da própria manutenção da
ordem capitalista, nas quais o capitalismo incorpora parte de seus valores em
nome daquilo que é criticado, sem questionar seus princípios de acumulação e
exigência de lucro. Essa perspectiva pode ser trazida à produção sucroalcooleira
do estado de São Paulo, tomada aqui como um campo empírico merecedor
de investigação. Pensando particularmente na produção de etanol, busca-
se, nesta comunicação, discorrer sobre os impactos ocasionados pelo setor
sucroalcooleiro a fim de contrastar a proposta do Protocolo Agroambiental
Paulista, firmado em 2007, que, ao tomar esse discurso sustentável como
fundamento, e toda essa lógica de justificação, estabelece prazos gradativos
para a eliminação da prática da queima da palha da cana-de-açúcar, bem como
elabora diretivas na tentativa de conter os impactos ambientais decorrentes
desta produção. Para dar conta desta problemática, tem-se como procedimentos
metodológicos, a pesquisa bibliográfica, a pesquisa e análise documental, bem
como entrevistas semiestruturadas com representantes da Secretaria do Meio
Ambiente do Estado de São Paulo.

Palavras-chave: Queimadas; Protocolo Agroambiental Paulista; Sustentabilidade.

191
AFETADOS PELA MINERAÇÃO: Comunidades camponesas
em defesa do meio ambiente no Peru

Lourdes Eddy Flores Bordais


Mestranda em Sociologia - UFSCar

Resumo: Os conflitos socioambientais causados pela mineração no Peru têm


longa data (alguns sugerem que iniciou com a entrada do capital transnacional
minerador a princípios do século XX). Mas a sociologia no Peru só passou
estudar seriamente esses conflitos quando as relações políticas entre o Estado,
a sociedade civil e as empresas mineradoras foram tensionadas por uma série
de exigências, reclamações e, às vezes, oposições frontais à continuidade de
projetos de exploração de minerais na última década.Entre os sujeitos políticos
que mais se mobilizam contra a mineração estão os camponeses, eles procuram
dialogar com as autoridades para uma participação mais ativa nas decisões
sobre seus territórios. Até o ano 2015, se registrou que quase 70% dos conflitos
sociais no Peru estiveram relacionados com a posição “anti-mineração” das
populações locais, isso também tem a ver com o grande aumento de concessões
de terras para exploração que outorgou o Estado ás empresas, geralmente
estrangeiras. Atualmente se estima que mais de 20% do território peruano
está concessionado à mega-minería.Neste contexto, este trabalho tem como
objetivo apresentar as comunidades camponesas, pelo geral rurais, como
atores políticos centrais na defesa do meio ambiente natural, o qual inclui a
terra (Pachamama) e a água como fundamentos centrais da vida. Acreditamos
que os conflitos socioambientais, agravados pela implementação das consignas
neoliberais, poderia oxigenar as abordagens sociológicas tradicionais sobre
“desenvolvimento” e “meio ambiente” no âmbito rural, dado que se trata de
sujeitos que orientam suas ações por lógicas próprias; também, porque suas
resistências excedem o espaço local, combinando-o com o global, a “vida” contra
o capital.

Palavras-chave: Comunidades camponesas; Mineração; Contaminação.

192
Dammed and Diversionary: The discourse of Belo Monte

Ed Atkins
Doutorando em Ambiente, Energia e Resistência - Universidade de Bristol

Resumo: On 24th November 2015, IBAMA authorised the Operation Licence


for, the hydroelectric complex, Belo Monte (previously Kararaô). This project
has become one of the most divisive dams in Brazilian history with Belo Monte
becoming entangled in a thirty-year ideological struggle between a pro-dam
bloc (of state plus private interests) and an anti-dam coalition (of domestic and
international activists). Central within this struggle has been the role of discourse,
used to define Belo Monte and its wider (positive and positive) consequences.
As a means to understand the discourse present within the construction of Belo
Monte, this work will analyse a number of sources from orations given within
the Brazilian Câmara dos Deputados (House of Representatives, the lower
house of the National Congress) and public speeches from high-level politician.
These sources will be analysed to understand the various discursive structures
present within the pro-dam’s discussion of Belo Monte, its consequences, and
the opposition that stands against it. This paper has found that, the government
and individual politicians have sought to discursively legitimise Belo Monte in
a number of ways: such as the need to increase electricity generation capacity,
assertions of an international conspiracy against Brazilian development and the
sustainability of new complex. It is this fluidity of articulation – and the harnessing
of contemporary discursive structures (such as those of sustainability) that has
allowed the pro-dam coalition to divide the opposition, decreasing their political
power and further legitimising the project.

Palavras-chave: Belo Monte; Desenvolvimento Sustentável; Energia Hidráulica.

193
O efeito do início das obras de construção
sobre as estratégias de atuação dos agentes
sociais envolvidos no conflito socioambiental
ao redor da UHE Belo Monte

André Marconato Ramos


Doutorando em Ambiente e Sociedade - UNICAMP

Resumo: O presente artigo analisa o efeito que o início das obras de construção
teve sobre as estratégias de atuação dos agentes sociais envolvidos no conflito
socioambiental ao redor da UHE Belo Monte. O principal efeito identificado foi
de desmobilização da luta de alguns agentes sociais pela suspensão do projeto.
Movimento ambientalista, indígenas, organizações religiosas, colônias de
pescadores e associações comunitárias abandonaram os discursos mais radicais
e passaram a dialogar com os representantes do projeto, para tentar garantir
o mínimo de cumprimento das condicionantes socioambientais impostas ao
empreendedor (Norte Energia S. A) pelo processo de licenciamento ambiental.
O artigo procura demonstrar que dentro da atual estrutura de oportunidades
políticas que se configura ao redor das principais decisões ambientais em relação
à UHE Belo Monte o governo e os empreendedores privados possuem maior
capacidade de fazer valer seus interesses de expansão da oferta de energia
hidrelétrica via construção de UHEs nos rios da Amazônia brasileira. Nesse
contexto discute-se a possibilidade dos grupos contrários a esse modelo de
planejamento energético assumirem a iminência da construção de novas UHEs
nos próximos anos sem abandonar seus ideais de promoção de desenvolvimento
local/regional sustentável. Para tanto seria preciso pensar em novos modelos de
governança ambiental e de processos decisórios para serem aplicados com o
objetivo de tentar alcançar o mínimo de impacto social e ambiental desse tipo
de empreendimento sobre as populações que habitam o território ao seu redor.

Palavras-chave: Conflito Socioambiental; Usina Hidrelétrica Belo Monte;


Governança Ambiental.

194
China e Brasil nas negociações climáticas

Jefferson dos Santos Estevo


Doutorando em Ciências Sociais - UNICAMP

Resumo: As negociações sobre mudanças climáticas apresentam a divisão entre


países desenvolvidos e em desenvolvimento. A divisão se iniciou ainda na década
de sessenta, com o início da preocupação com o meio ambiente. Com o avanço
das mudanças climáticas, países como Brasil e China têm modificado suas
políticas externas defensivas, para moderadas. O risco das mudanças climáticas é
presente em ambos os países, que adotaram à partir de 2009, políticas nacionais
sobre o clima. Apesar da mudança de política externa, ambos países defendem
o “princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas”, indicando
que os países desenvolvidos devem arcar com as maiores responsabilidades.
Durante a última Conferencia das Partes em Paris, Brasil e China indicaram
metas voluntárias de redução de emissões, o que indica que mantêm uma
preocupação com o tema, mesmo defendendo o maiores esforços dos países
desenvolvidos.O artigo analisará as políticas externa de ambos os países,
demonstrando as recentes tomadas de decisões e implementações interna
sobre o tema das mudanças climáticas.

Palavras-chave: Mudanças Climáticas; Brasil e China; Política Externa.

195
A participação social dos catadores de
materiais recicláveis nos acordos setoriais
para implantação da logística reversa

Jéssica Duquini dos Santos


Graduanda em Direito - UNESP/Franca

Resumo: A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei nº 12.305/10, foi


um marco da legislação ambiental brasileira, trazendo um novo olhar para
os resíduos sólidos, passando a considerar suas dimensões política, social e
econômica. A Logística Reversa, instrumento da previsto na Lei, objetiva efetivar a
reciclagem e o retorno dos resíduos sólidos ao setor empresarial. Esta, é aplicada
por meio acordos setoriais, que consistem em atos de natureza contratual
firmado entre o poder público e uma cadeia produtiva, sendo submetidos à
formas de participação previstas no decreto Decreto 7.404/10. O olhar trazido
para os resíduos sólidos através da PNRS, o coloca em pauta como catalisador
de um novo projeto de desenvolvimento, promotor da cidadania e da inclusão
social. Assim, este trabalho abordará os resultados iniciais de uma pesquisa em
andamento, a qual busca investigar se aplicação da PNRS cumpre um de seus
princípios basilares, a promoção da participação dos catadores, participação
prevista na Decreto 7.404/10 e na Lei 12.305/10 (PNRS). Para tal, a pesquisa analisa
a participação dos catadores nos acordos setoriais existentes até hoje. Dentre
os objetivos gerais, estão o estudo dos mecanismos de participação previstos
no Decreto 7.404/10; os aspectos gerais da Lei 12.305/10; a participação dos
catadores, com análise dos documentos oficiais do Ministério do Meio Ambiente
e a partir de entrevistas com os catadores participantes dos acordos. Já os
objetivos específicos, buscam: analisar as concepções de participação social; os
princípios basilares da PNRS e a Economia Solidária, identificando seus pontos
de convergência política-principiológica.

Palavras-chave: Catadores de Materiais Recicláveis; Política Nacional de


Resíduos Sólidos; Acordo Setorial e Participação Social.

196
O SABER LOCAL E A RAZÃO NORMATIVA

Douglas Gomes Nalini de Oliveira


Graduando em Ciências Sociais - UNESP/Marília

Resumo: Observando os processos atuais de produção alimentícia e atentos ao


direcionamento político brasileiro ao modelo de exportação de commodities,
fortemente implantado nas áreas rurais do país por meio das monoculturas,
procuramos refletir sobre os pressupostos teóricos da chamada: “Revolução
Verde”, que a partir da extensa utilização de insumos químicos e sementes
transgênicas têm extraído poderosos coeficientes econômicos da terra,
questionando suas implicações no trato com a natureza. Paralelamente,
indagamo-nos como outras interpretações culturais, suas formas de vida e
sua relações com o planeta podem contribuir de forma positiva para novas
abordagens, tanto em relação à utilização das florestas como provedoras de
recursos, quanto como provedora de novas alternativas simbólicas, fugindo
à normatividade imposta pela noção de Razão europeia, que partindo do
Iluminismo procura universalizar as práticas em diferentes setores da vida.
Sobre uma perspectiva Pós-colonial, disposta a trabalhar as histórias até
então veladas, dos povos “derrotados”, podemos pensar o termo: “cultura”,
no contexto Latino Americano, como forma de resistência à esta proposta
hegemônica, cuja a introdução de novos conceitos, percebidos a partir de uma
leitura Interdisciplinar, permitem vislumbrar “novas” formas de compreender e
agir sobre o mundo natural, buscando melhores práticas de trabalho humano
em suas relações com o meio ambiente, tanto botânico, quanto animal, ou
mesmo geológico.

Palavras-chave: Saber Local; Pós-Colonialismo; Produção Alimentícia.

197
A Educação Holística e a aceitação da prática
da Permacultura na sociedade francana

Vinicius França Ribeiro e Souza


Graduando em História - UNESP

Resumo: Respaldado pelas teorias de educação holística e de permacultura


como alternativas mais democráticas e humanistas, o presente estudo pretende
inserir-se na sociedade francana analisando as diferentes modalidades e níveis
de aceitação do crescente clamor social por uma educação ambiental integrada
a rotina da escola da cidade de Franca (São Paulo). Guiando-se pelos bons
resultados pedagógicos coletados pelo grupo ITCP (Incubadora Tecnológica de
Cooperativas Populares, UNESP Franca) no trabalho de ressignificação da relação
do cidadão com o espaço e a terra que o aporta, este estudo pretende iniciar um
levantamento metodológico da situação escolar vigente, expondo dificuldades
(estruturais, burocráticas ou ideológicas) e facilidades do enraizamento tardio
dessa nova necessidade contemporânea de conscientização.

Palavras-chave: Educação Holística; Permacultura; Sociedade Francana.

198
Grupo de trabalho VIII:
Questão Agrária, Meio Ambiente
e Desenvolvimento Sustentável -
Sessão B
ESPAÇO E TÉCNICA NAS SERTANIAS DO TRIÂNGULO
MINEIRO: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE
NARRATIVAS DO MUNDO RURAL

Adriana Lacerda de Brito


Mestranda em Geografia - FACIP/UFU

Resumo: A análise comparativa entre narrativas surge como uma possibilidade


de apresentar duas diferentes compreensões acerca da organização do território
do Triângulo Mineiro. Desde o início de sua ocupação no período colonial, as
noções de progresso, funcionalidade e desenvolvimento, associados à inserção
técnica e tecnológica, conferem uma perspectiva de ruralidade com base no
capital e em suas relações de poder. Por outro lado, a ruralidade técnica perpassa
caminhos tradicionais de resistência próprios da cultura original desse território,
representados pelos modos de vida indígena, quilombola e de pequenos
trabalhadores. Estas resistências políticas se afirmam também enquanto
resíduos sociais que contrariam a lógica imposta pelos setores hegemônicos
a partir do modo como estabelecem sua relação com a terra. Portanto,
apresentam-se diferentes modos de poder, ao constituírem como resposta ao
modelo técnico e científico contemporâneo. Surge, então, a dualidade do projeto
ideológico territorial. Este artigo pretende analisar, à luz do imaginário social,
as dimensões simbólicas, ideológicas, políticas e culturais que incidiram neste
espaço e que contribuíram para a sua configuração contemporânea. A partir de
narrativas que remontam a cultura local, pretendemos revelar um panorama das
dinâmicas ambientais considerando os aspectos socioambientais e ecológicos,
no sentido de resgatar uma estrutura a partir dos hábitos, costumes e tradições
locais. Procuramos estabelecer uma reflexão teórica sobre o mundo rural: O
mundo rural que se empreende através de rupturas com as tradições e com as
gradativas inserções da modernidade. Assim, reconstruir o imaginário social de
uma época, para dele extrair suas formas agrárias originais.

Palavras-chave: Espaço Agrário; Técnica; Narrativa.

200
Espaço Agrário no Brasil: A importância da agricultura
familiar no contexto atual

Najara L. V. Rodrigues; Ana L. de Paula; Keyty A. Silva; Pedro H. D. Marques


Graduandos em Ciências Socioambientais - UFMG

Resumo: O espaço rural no Brasil vem sendo modificado com o passar do tempo.
Essas mudanças possuem formas singulares no meio rural e atualmente sofrem
modificações e modernizações, pela biotecnologia, pela produção familiar e
outros que vão sendo variados conforme o contexto regional. A globalização da
economia provocou uma reestruturação produtiva da agropecuária brasileira,
marcada pela territorialização do capital e pela oligopolização do espaço agrícola,
culminando na organização de um novo modelo econômico, técnico e social de
produção, Denise Elias (2006). Essas mudanças são contextualizadas na produção
familiar em propriedades menores. A maior parte das mudanças corresponde ao
espaço rural, e não a produção dos complexos agroindustriais. Neste contexto,
analisaremos as formas de relação da agricultura familiar sobre o agronegócio
envolvendo o seu meio de produção e as formas atuais que englobam esse
tema. Através de análises bibliográficas e dos dados fornecidos pelo IBGE sobre
o tema, buscou-se analisar a agricultura familiar de forma clara e objetiva,
mostrando assim, as relações existentes sobre esse tema.Diante disso, possível
perceber que a globalização e o desenvolvimento econômico são os principais
fatores que acarretam transformações no contexto industrial da modernização
agrícola. Elias (2007:50) denomina, “a difusão do agronegócio globalizado explica,
em parte, a expansão do meio técnico-científico-informacional e a urbanização
em diferentes áreas do país”. Assim, o espaço rural, não é visto apenas como
forma de produção agrícola, ele é modificado de forma a trazer o contexto
não agrícola para esse meio, sendo chamado de modernização da agricultura
brasileira (Santos 1986).

Palavras-chave: Agricultura Familiar; Espaço Agrário; Modernização.

201
A Feira Noturna da Agricultura Familiar de
Araraquara-SP como via de escoamento da
produção de agricultores familiares

Camila Benjamim Vieira


Mestranda em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Parte de um projeto municipal, que recebe o nome de “Negócio do


Campo”, a realização da Feira Noturna da Agricultura Familiar em Araraquara-
SP, ocorre em todos os finais de tarde de quinta-feira desde julho de 2014 no
pátio do prédio da estação ferroviária da cidade. Fazem parte 35 feirantes,
entre barracas de hortifrútis, alimentação e artesanato que comercializam com
aproximadamente 800 consumidores por feira. Assim, compõe-se um espaço
delimitado fisicamente, porém dotado de uma amplitude de relações sociais
que perpassa esta fronteira. Essa amplitude se complexifica ao adicionarmos
especificidades da feira em questão, como de seus feirantes serem, em sua
maioria, agricultores familiares assentados, característica que atribui significados
particulares a esses feirantes, tanto pela relação indissociável de casa/trabalho/
família, como pela visão que os demais grupos (consumidores e agentes
municipais) possui deles por esse fato. Como recorte de uma pesquisa em
andamento (que tem como objeto a constituição da Feira Noturna da Agricultura
Familiar de Araraquara-SP como espaço social), a presente proposta de texto
objetiva discutir teoricamente a feira supracitada como via de escoamento da
produção dos agricultores familiares permitindo a reprodução econômica e
social das famílias que compõem essa feira. Sustentaremos nossa argumentação
através da escolha teórica e metodológica da sociologia reflexiva de Pierre
Bourdieu, somada a sociologia econômica e sociologia rural.

Palavras-chave: Agricultura Familiar; Feira; Sociologia Reflexiva.

202
O “fazer-se” associativo como estratégia de
desenvolvimento: processos de cooperação entre pequenos
e médios produtores rurais no interior paulista

Licia Nara Fagotti


Mestranda em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Este texto é parte de um pesquisa em andamento que objetiva


compreender os processos de cooperação, comunicação e interação que
se concretizam e se potencializam via associações formadas por pequenos
produtores agrícolas ligados a agricultura familiar, especificamente em
municípios das microrregiões de Araraquara e Jaboticabal, no interior paulista.
Busco entender o sentido da ação e a percepção dos associados em relação ao
processo de cooperação, procurando estabelecer os nexos entre as demandas
coletivas e as individuais que compõem esses espaços produtivos. Dessa
maneira, o objetivo geral da pesquisa consiste em entender os novos agentes
e as formas de produção que, não raro, conectam-se às reconfigurações
produtivas da sociedade contemporânea. Nesse sentido, mediante pesquisas
anteriormente realizadas com produtores na região central do interior paulista,
entendemos que tais agentes caracterizam-se pela mobilização de processos
de comunicação e de cooperação para a construção de possibilidades políticas,
sociais, econômicas e simbólicas. Objetiva-se compreender de que maneira a
participação em associações modifica o ambiente institucional influenciando
a identidade, o campo de ação, de possibilidades e de estratégias desses
produtores agrícolas. Foco as experiências de três associações localizadas em
municípios do interior paulista: Associação de Apicultores do município de Boa
Esperança do Sul (APISBOA), Associação de Produtores Rurais de Ibitinga (APRIB)
e Associação de Produtores Rurais de Agricultura Familiar de Taquaritinga
(APRAFT) em razão de características locais que podem abrir debate e discussão
com o processo maior observado.

Palavras-chave: Associativismo; Pequena e Média Agricultura;


Desenvolvimento Local.

203
A LUTA PELA TERRA NA REGIÃO DE ARARAQUARA (SP): UM
ESTUDO A PARTIR DA MEMÓRIA DAS FAMÍLIAS PIONEIRAS DOS
ASSENTAMENTOS BELA VISTA DO CHIBARRO E MONTE ALEGRE

Fernando Henrique Ferreira de Oliveira


Mestrando em Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente - UNIARA

Resumo: Este trabalho é desdobramento de uma pesquisa de mestrado (em


andamento) que busca compreender as experiências de luta pela terra na região
de Araraquara (SP) a partir da memória -evidenciada nas histórias de vida- das
famílias pioneiras dos assentamentos Bela Vista do Chibarro e Monte Alegre.
Em suma, este trabalho visa estudar as dimensões dos assentamentos rurais
a partir de temas ligados à cultura, à memória e as histórias de vida de famílias
assentadas que se inserem na contemporaneidade como guardiãs de um
patrimônio cultural precioso, de conhecimentos e as técnicas ligadas ao universo
rural tradicional. A memória das famílias pioneiras assentadas do Monte Alegre e
Bela Vista do Chibarro serão compreendidas a partir das entrevistas de história de
vida, abordagem qualitativa da História Oral amplamente utilizada pelas ciências
sociais, que prioriza obter informações sobre os fatos, os acontecimentos e as
experiências na trajetória de vida dos homens e mulheres a partir de fontes orais
(relatos, depoimentos e entrevistas). Em relação à metodologia nos pautaremos
num estudo bibliográfico sobre o processo de luta pela terra e a constituição dos
assentamentos de reforma agrária na região de Araraquara/SP, articulando com
técnica de histórias de vida visando resgatar a memória das famílias pioneiras
sobre as suas trajetórias de vida e experiências em projetos de reforma agrária.

Palavras-chave: Assentamentos Rurais; Histórias de Vida; Memória.

204
Comunicação comunitária como instrumento
para a cidadania: o processo de implantação da
Rádio Monte Alegre

Matheus Henrique de Souza Santos¹; Ana Cláudia Fernandes Terence²


¹ Mestrando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara
² Docente do Departamento de Administração Pública - UNESP/Araraquara

Resumo: Este artigo visa descrever a implantação da rádio comunitária Monte


Alegre, seus desafios, as dificuldades enfrentadas e o papel de suas lideranças.
A comunicação comunitária compreende o desenvolvimento de estratégias
de comunicação da sociedade civil organizada. Aborda-se a comunicação
comunitária como uma ferramenta educacional para a implantação de uma
cidadania que possibilite que o cidadão seja responsável pelo permanente
debate sobre a Democracia. Pondera-se o papel de educar para um modelo
de cidadania. Modelo esse que possibilite o rompimento com os limites que o
Estado e o capitalismo empregam, no qual o indivíduo não compreende suas
funções na construção da sociedade e que empodere a participação social como
instrumento que coloque o cidadão como central e protagonista nos debates
de reformulação e reflexão da Democracia. Precisamos olhar para as demais
movimentações que estão acerca desse processo, como, por exemplo, o de
criação de uma associação, a luta e conquista de concessão pública e todo o
esforço coletivo para efetivação de tal instrumento. Esses momentos são
também formas libertadoras, pois haverá assimilação de conhecimentos antes
longínquos, integração de pessoas e setores da comunidade que anteriormente
não mantinha diálogo. Isto se dá devido ao fato de que as condições para
que uma rádio comunitária, no Brasil, se perpetue são pouquíssimas e, em
contrapartida, o investimento financeiro e político que se faz, para que essas
mesmas rádios sucumbem aos interesses dos grandes grupos de mídias, são
inúmeros. No processo de implantação da rádio Monte Alegre o maior destaque
dá-se ao grupo de cidadãos que busca sua cidadania plena e encontra, nessa
travessia diversos obstáculos.

Palavras-chave: Comunicação Comunitária; Cidadania; Assentamento Rural.

205
POLÍTICAS DE ASSENTAMENTO NA AMAZÔNIA:
REALIDADES E PERSPECTIVAS NO ESTADO DO PARÁ

Monique Helen Cravo Soares Faria¹; Norma Ely Santos Beltrão²


¹ Mestra em Ciências Ambientais - UEPA
² Doutora em Economia Agrícola, Docente da UEPA

Resumo: Nas últimas décadas, centenas de milhares de famílias se instalaram


na Amazônia brasileira no âmbito do Programa de Reforma Agrária, programa
que tem como lógica permitir que colonos ganhem a vida por meio da agricultura
de pequena escala e produção de um excedente agrícola para o mercado,
promovendo a redistribuição da terra através da regularização de invasões
de terras de pequenos proprietários de latifúndios em grande escala, e pela
redistribuição de terras públicas para os pequenos agricultores em fronteiras de
colonização existentes. Os projetos de colonização e integração nacional criaram
os alicerces para a implantação dos assentamentos na Amazônia. A maior parte
das famílias que migraram para a região foi motivada pela oferta de terras e
crédito subsidiado, e foram distribuídas, em sua maioria, em assentamentos do
Incra, concentrados ao longo da rodovia Transamazônica, no Estado do Pará, e
no entorno da BR–364 em Rondônia. Assim, tem-se como objetivo identificar e
caracterizar a implantação e desenvolvimento de projetos de assentamentos no
Estado do Pará. Poucas iniciativas políticas têm a relevância social, econômica
e ambiental dos projetos de colonização rural na Amazônia. Na história destes
assentamentos estão escritos o sucesso ou fracasso de milhares de famílias,
questões de desenvolvimento rural e produção de alimentos, criação de
infraestrutura e a dinâmica de desmatamento e ocupação daquela imensa
região de vocações diversas. Inúmeros fatores afetam o processo, tais como o
potencial produtivo dos solos, a demanda pela terra, os conflitos fundiários, as
políticas públicas, o regime de mercados internos e externos.

Palavras-chave: Política Agrária; Desenvolvimento; Assentamento.

206
REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA NO CAMPO E OS PROCESSOS DE
TRABALHO NOS ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA

Kelli Cristine de Oliveira Mafort


Doutoranda em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: O campo brasileiro tem sido hegemonizado pelo modelo do


agronegócio, sob a lógica das grandes empresas transnacionais, contando com o
expressivo aparato estatal para seu desenvolvimento. Esse processo produziu, a
partir do final da década de 1990 até a atualidade, uma Reestruturação Produtiva
que incrementou aspectos fundamentais que já vinham sendo implantados
desde a chamada Revolução Verde (anos de 1970). Neste trabalho, procuro
identificar e analisar os impactos da atual Reestruturação Produtiva em relação
aos processos de trabalho entre assentados e assentadas do estado de São Paulo,
que concentra um contingente importante de trabalhadores e trabalhadoras que
estão sob a condição do trabalho flexível e de sua consequente precarização.
Com isso apresento nesse trabalho resultados preliminares da minha pesquisa
de doutorado, que pretende trazer uma contribuição à análise da atualidade da
Reforma Agrária e suas implicações em relação à questão agrária brasileira.

Palavras-chave: Reforma Agrária; Assentamentos; Trabalho.

207
Grupo de trabalho IX:
Trabalho, Movimentos Sociais e
Conflitos Urbanos - Sessão A
Juventudes e Trabalho: Informalidade e
Desemprego da categoria juvenil no Brasil

Helaine Christina Oliveira de Souza


Mestranda em Ciências Sociais - UEL

Resumo: O presente trabalho buscou à partir da pesquisa bibliográfica e


documental discutir questões que envolvem as relações entre juventude
e trabalho no Brasil, de forma, a problematizar e contribuir para o debate
referente ao tema. A juventude como categoria social têm sido objeto de muitas
pesquisas na sociologia, assim como, em outras áreas do conhecimento, devido
ao expressivo número de indivíduos que compõem a população brasileira,
contabilizando aproximadamente cinquenta milhões de indivíduos entre 15 a
29 anos. Salienta-se que número tão significativo de jovens é inédito no Brasil,
assim como, mundialmente, por essa razão, tenham motivado pesquisas em
diferentes áreas do conhecimento. Estudos demonstram que embora o acesso à
escolaridade se ampliou esse dado não representou garantia de emprego para
uma parcela significativa da juventude que vivenciam precárias condições de
trabalho e vida. A informalidade e o desemprego atingem com maior intensidade
a juventude em detrimento de outras faixas etárias, sinalizando a indispensável
intervenção do Estado e Organismos Internacionais. Dessa forma, compreender
a juventude no Brasil e a forma como essa vivência o trabalho ou não trabalho
é imprescindível para intervenção de políticas pública de forma a minimizar as
mazelas sociais que atingem essa categoria social no país.

Palavras-chave: Precarização do Trabalho; Juventudes; Trabalho.

209
Direito da mulher à cidade: desafios frente a opressão e a
exploração das trabalhadoras no espaço urbano

Ana Beatriz Cruz Nunes


Graduanda em Direito - UNESP/Franca

Resumo: Na pós-modernidade a cidade não é mais concebida enquanto


espaço rigidamente estratificado por ocupação e classe, mas sim marcada pelo
individualismo e assinalada através da posse e do consumo. As cidades são o
principal espaço de reprodução da força de trabalho; no entanto, seu papel não
está restrito apenas ao fornecimento do espaço onde se concretiza a reprodução
social do capital pois as cidades também definem a forma como essa reprodução
se realizará. As cidades constituem um complexo urbano construído histórica e
socialmente, portanto, a cidade é um espaço de disputa de classe.Nos países
situado na periferia do capitalismo, grande parte da população urbana vive em
áreas ocupadas e afastadas dos centros políticos e econômicos. Essa parcela da
população que é segregada política e espacialmente forma o exército de reserva
que aliena sua força de trabalho para sua própria subsistência. Outra questão
própria do espaço urbano é que o lar é o espaço da mulher por excelência,
enquanto a rua – que é o espaço público e político – é o lugar do homem e da
masculinidade de modo que as mulheres só podem ultrapassar as fronteiras do
espaço privado desde que seja para empregar sua força de trabalho de forma
alienada e explorada.Sendo assim, o presente trabalho buscará elencar quais
direitos e quais políticas públicas entendemos como constitutivos do Direito
da mulher à cidade e elaborar algumas possibilidades de superação desse
paradigma das cidades orientadas para o mercado, trabalhando a questão
da cidade como mecanismo de opressão e exploração da mulher e buscando
construir uma possibilidade de superação desse paradigma no sentido da cidade
como um espaço de luta de classes, construção política e emancipação humana.

Palavras-chave: Trabalho da Mulher; Direito à Cidade; Movimentos Sociais.

210
VARRENDO A CIDADE: a mulher Gari em Ituiutaba -
um estudo de invisibilidade social

Maria Betania Gomes da Silva


Graduada em Serviço Social - UFU

Resumo: Aborda-se neste estudo assunto relativo à qualidade de vida no


trabalho da mulher gari na cidade de Ituiutaba-MG. A escolha do tema se deu
inicialmente pelas observações pessoais sobre as condições de trabalho da
mulher-gari, que envolvem o desempenho dessa mulher no seus afazeres, a
jornada dupla e trazendo em pauta a qualidade de vida destas mulheres nesse
tipo de trabalho. Partiu-se do pressuposto que o trabalho da mulher gari é
árduo, e muitas vezes essas mulheres são vistas como parte do lixo que varrem,
que a sociedade as vê como contaminadas. É um trabalho que só é valorizado
quando ninguém o executa; e aí é que veem a falta de alguém para fazê-lo. Essas
mulheres enfrentam todo tipo de preconceito; muitas são as vezes que são vistas
como coisas, mesmo usando um uniforme de cor inconfundível, ninguém as vê,
são invisíveis, é como se não fossem humanas e não adoecessem, não tivessem
família, filhos, fossem invisíveis a tal ponto de serem maltratadas e por não
terem seu trabalho reconhecido pela sociedade. Objetiva-se, pois, de modo geral
analisar quais os impactos na qualidade de vida da mulher-gari que o trabalho
na limpeza urbana traz como consequência. Especificamente identificar o perfil
da mulher-gari a partir de seu trabalho; descrever a realidade social e econômica
dessas mulheres gari em Ituiutaba-MG. As técnicas de pesquisa utilizadas são
bibliográficas e exploratória onde participam da pesquisa 6 mulheres garis
da cidade de Ituiutaba-MG, que consentiram em responder ao questionário
semiestruturado, contendo 11 questões.

Palavras-chave: Mulher-Gari; Trabalho; Preconceito.

211
Mulheres, família e o trabalho terceirizado no
setor calçadista de Franca - SP

Ana Carolina de Souza¹; Ana Cristina Nassif Soares²


¹ Graduada em Serviço Social - UNESP/Franca
² Orientadora - UNESP/Franca

Resumo: Tendo como base as desigualdades geradas por meio da socialização a


partir do gênero e do trabalho, a pesquisa teve como intuito o estudo acerca das
temáticas supracitadas enquanto determinantes para a vida individual e para a
constituição familiar de mulheres que trabalham com o pesponto de calçados
domiciliar na cidade de Franca - SP.O trabalho utilizou-se de aprofundamento
teórico acerca dos temas abordados através da leitura e análise de bibliografia
pertinente ao proposto. Acrescido a isso, foram realizadas entrevistas
semiestruturadas com seis pespontadoras domiciliares da cidade, tal como com
um representante sindical e uma estudiosa do setor calçadista francano, afim
de obter aproximação para com a realidade vivenciada por essas mulheres. A
produção de calçados, principalmente masculinos, é a principal geradora de
empregos na cidade. Entretanto, o trabalho ofertado para grande parte dos
munícipes não garante boa qualidade de vida, nem ao menos possibilidade
de avanços socioeconômicos para seus empregados.Com a terceirização dos
serviços e, consequentemente, suas responsabilidades, a situação da classe
trabalhadora se agrava ainda mais, como no caso do pesponto domiciliar em
que muitas mulheres estão inseridas.Por meio do estudo, observou-se que as
condições deste trabalho são demasiadamente insalubres, prejudicando a saúde
das pespontadoras, a intensificação do trabalho infantil, tal como jornadas de
trabalho extensas e superexploração da mão de obra.O gênero, por sua vez,
mostrou-se como fator determinante para as mulheres trilharem o caminho do
trabalho flexibilizado, assim como a realização da tripla jornada da mulher, pois
as responsabilidades domésticas são encaradas como intrínsecas às mulheres.

Palavras-chave: Trabalho; Gênero; Família.

212
O trabalho feminino na Polícia Militar do Estado de São
Paulo: uma análise sobre as mudanças e constâncias do
trabalho das mulheres policiais

Giulianna Bueno Denari


Mestra em Sociologia - UFSCar

Resumo: A presente proposta tem como objetivo apresentar resultados da


pesquisa de mestrado finalizada em 2016, dando enfoque ao trabalho policial,
principalmente o trabalho realizado pelas mulheres. Sua inserção na Polícia
Militar do Estado de São Paulo (PMESP) se deu no ano de 1955 e desde a
criação do Corpo de Policiamento Feminino (CPFem) o trabalho das mulheres
mudou em sua função. Inicialmente era assistencialista com a população de
migrantes que chegavam constantemente à capital paulista, bem como com a
população chamada de vulnerável pelos próprios policiais – mulheres, idosos e
crianças. Depois foi aderindo à lógica ostensiva, seguindo o discurso de que se
tornavam policias de verdade quanto mais podiam exercer funções até então
exclusivamente masculinas: patrulhas, correr atrás de bandido e lidar com o
crime, por exemplo. A divisão sexual do trabalho se manteve, por lei, durante
50 anos, cabendo às mulheres o exercício do policiamento assistencialista,
do trânsito e as funções administrativas, enquanto aos homens o trabalho
ostensivo, de rua, da guerra era exercido desde os primeiros grupamentos
policiais no estado. Após os anos 2000, houve a unificação dos trabalhos de
polícia. Desta forma, a discussão oficial sobre o trabalho policial passou a ser
sobre as condições de realização do trabalho em si, as horas de policiamento
ostensivo, jornadas, escalas, periculosidade, exposição da família, entre outros.
Não houve assim precarização do trabalho, uma vez que as formas de contrato
e direitos são regulamentadas sob o regime estatutário de contratação, mas
podemos dizer sobre a precarização das condições de trabalho a partir do que
fora apontado pelas policiais entrevistadas.

Palavras-chave: Trabalho; Polícia Militar; Gênero.

213
Estilistas de moda em lojas populares de São Paulo:
entre o criativo e o precário

Amanda Coelho Martins


Doutoranda em Sociologia - UFSCar

Resumo: Tivemos como objetivo principal analisar a ocupação do estilista


de moda (ou fashion designer) que trabalha no setor do vestuário em lojas
populares. Entendendo a moda como expressão do novo, da invenção, mas
também como um campo da imitação, a moda condensa formas e conteúdo
das sociedades, integrando e excluindo diferentes classes, assim como propõe
uma estetização da vida cotidiana, exaltação do ato de consumir e uma
distinção social. Os estilistas buscam neste cenário um status em uma ocupação
idealizada, considerada criativa com alto grau de autonomia, mas que o cotidiano
do trabalho termina por desfazer ilusões. Há uma heterogeneidade entre
esses trabalhadores, dos que são consultores ou ‘criadores’ que alcançaram
status na carreira e são elite na área, da massa de trabalhadores que atuam
em cadeias de lojas voltadas ao consumo popular. Nossa premissa é de que o
chamado mundo da moda mescla um convívio entre a criatividade e o glamour,
com a precariedade das relações de trabalho enfrentadas pela maioria desses
trabalhadores. A pesquisa está sendo realizada a partir de uma seleção de ateliês
e lojas que utilizam esses profissionais, observação do trabalho e entrevistas
em profundidade buscando recuperar a heterogeneidade de sua atuação e a
dualidade criatividade/precariedade presentes em seu cotidiano. Os locais de
pesquisa são duas cidades do interior do Estado de São Paulo, Araraquara e São
Carlos, e a grande São Paulo em lojas localizadas no comércio popular.

Palavras-chave: Estilistas de Moda; Criatividade; Precariedade.

214
Jovem e intenso:
a experiência de trabalho no setor fast fashion

Rafaela Semíramis Suiron


Mestranda em Ciências Sociais - UNESP/Marília

Resumo: Para muitos jovens egressos do ensino médio, ou cursando o


ensino superior, o comércio varejista representa a principal porta de entrada
para o mercado de trabalho. Por um lado isso ocorre porque, geralmente, as
contratações desses jovens se dão em distintas funções não especializadas
de baixa remuneração, que não demandam níveis especiais de qualificação
e experiência profissional; e, por outro, porque as estratégias empresariais
costumam associar os produtos comercializados aos valores relacionados à
juventude, transformando o jovem numa espécie de “propaganda viva”.Longe
de representar uma ocupação de longo prazo, a experiência no setor fast
fashion (moda rápida) está relacionada a uma situação de empregabilidade
passageira, estratégia da qual se vale tanto o jovem empregado comerciário
(objetivando o consumo e independência financeira), como o empregador, que
estabelece piso salarias reduzidos com prejuízo aos primeiros.Neste sentido, o
enfoque dado a este estudo é de compreender a reestruturação do comércio a
partir das estratégias gerenciais que os grupos varejistas no setor fast fashion
assumem em relação à composição da força de trabalho. Para isto, focaremos
nas trajetórias de alguns jovens trabalhadores da C&A, uma das principais
empresas do setor. Os propósitos específicos que norteiam este trabalho são
de descrever e analisar a particularidade do trabalho na empresa. Isto é, as
relações salariais, o emprego de “novas” tecnologias, a gestão e organização do
trabalho nas lojas, bem como às habilidades e competências exigidas dos (as)
trabalhadores (as) em suas funções diárias. Para a realização dessa investigação
partimos de entrevistas semiestruturadas e revisão bibliográfica.

Palavras-chave: Comércio; Jovens; Trabalho.

215
Emprego e Estado de Saúde no Brasil

Renan Marcelo Alves Coimbra


Mestrando em Ciências Sociais - UFJF

Resumo: O estudo aponta caminho para a investigação empírica sobre a relação


entre classe social e estado de saúde no Brasil. Para tanto, operacionaliza as
categorias de classe a partir de tipologia construída com base nos seguintes
atributos do emprego das pessoas: posse de propriedade, relação com a
autoridade, número de empregados e credencial. Empregos na base da
pirâmide caracterizam-se por alto nível de exposição a fatores de risco, jornadas
deteriorantes, retribuições mínimas e pouco ou nenhum controle sobre ativos
que possibilitem incrementos em qualidade de vida. Ao passo que, aqueles
no topo tendem a ser menos arriscados e mais gratificantes. Ainda, as classes
privilegiadas possuem acesso diferenciado a recursos que garantem sua maior
qualidade de vida independente da distribuição de fatores de risco. A construção
dessa tipologia, com base nas quatro dimensões supramencionadas, poderá dar
vazão a um esquema analítico onde a localização de classe servirá como forte
preditora do estado de saúde. Para o empreendimento, o trabalho propõe a
utilização dos microdados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013.

Palavras-chave: Emprego; Classe Social; Estado de Saúde.

216
Economia Solidária e Reforma Psiquiátrica:
Alternativas de autonomia à usuários da saúde mental

Luiza Mendes Dias Serra


Graduanda em Relações Internacionais - UNESP/Franca

Resumo: A economia solidária vem como resposta na década de 90 ao


desemprego resultante das crises financeiras como também o advento da
tecnologia como substituição da mão de obra. Segundo Paul Singer (2002),
a economia solidária tem em seus alicerces a cooperação e a coletividade. A
luta anti-manicomial e a economia solidária surgem em conjunto, contra a
exclusão social e também econômica. Aqueles que são excluídos, em busca
de autonomia, constroem formas de produção, as redes de troca e entidades
representativas. Como alternativa para aqueles indivíduos em sofrimento
mental, a EcoSol se apresenta como forma de desenvolver e planejar o próprio
trabalho e sua auto-gestão. A reforma psiquiátrica busca a inclusão não só
social, mas também econômica, e neste ponto a economia solidária vem para
agregar.O presente artigo tem como objetivo geral investigar a relação que se
cria entre o movimento de reforma psiquiátrica, que inicia-se no Brasil ao fim
dos anos 70, em um contexto de redemocratização brasileira e movimentos
políticos-sociais e a geração de trabalho e renda através do artesanato, nos
alicerces trazidos pela EcoSol como uma estratégia de reabilitação psicossocial
para aqueles que são usuários da saúde mental. Além disso, este artigo busca
associar a produção da arte como maneira de geração de renda estimulada
pela criação dos CAPS (Portaria GM 224/92), como afirmação da inclusão e
empoderamento daqueles em sofrimento mental.

Palavras-chave: Economia Solidária; Reforma Psiquiátrica; Saúde Mental.

217
Habitação social, movimentos sociais urbanos
e Reforma Urbana: Um resgate histórico para se
pensar Uma ponte para o futuro

Thalles Vichiato Breda


Mestrando em Sociologia - UFSCar

Resumo: A proposta deste artigo é debater os rumos da política de habitação


social, movimentos urbanos e reforma urbana, à luz dos atuais acontecimentos
políticos, principalmente a mudança de governo Federal. O objetivo deste artigo
é, portanto, comparar as políticas de habitação social, os principais movimentos
sociais urbanos de moradia a nível nacional e o debate da reforma urbana,
desde 1930 até 2016, com as diretrizes de governo apresentadas no documento
Uma ponte para o futuro (PMDB). Busca-se resgatar elementos históricos para
se pensar o que há de novo e o que há de antigo nas diretrizes propostas pelo
atual governo federal. Como metodologia, realizou-se um resgate bibliográfico
a respeito das três áreas, tendo como primeiro marco na política de habitação
social o Governo Vargas (1930); no debate dos movimentos nacionais urbanos,
a década de 1960, com a gestação dos movimentos sociais urbanos e também
com o Seminário de Habitação e Reforma Urbana (Petrópolis/ RJ, 1963), onde
se discutiu a crise e reforma urbana. Utilizou-se também o documento Uma
ponte para o futuro, que apresenta propostas do governo; também foi utilizado
os discursos oficiais de Temer; e, notícias coletadas em portais eletrônicos,
relacionadas aos temas aqui tratados. Como resultado, pode-se concluir que,
mesmo muito recente a mudança de governo, os caminhos apontam para
cortes em programas sociais ( no caso, PMCMV), não se apresentam propostas
de reforma urbana, principalmente o que tange a questão da reforma fundiária
e a efetividade da função social da terra. As atuais propostas parecem repetir e
aprofundar o liberalismo, que foi muito forte na década de 1990.

Palavras-chave: Políticas Sociais Habitacionais; Movimentos Sociais e Reforma


Urbana; Uma Ponte para o Futuro.

218
Grupo de trabalho IX:
Trabalho, Movimentos Sociais e
Conflitos Urbanos - Sessão B
AMOR AO TRABALHO: UMA NOVA FACE BIOPOLÍTICA À
RACIONALIDADE DO TRABALHADOR

Breilla Zanon
Doutoranda em Sociologia - UFSCar

Resumo: Nosso intuito é pensar sobre a equivalência da crítica a respeito da


racionalidade ocidental presente na Dialética do Esclarecimento (1985) de
Theodor Adorno e Max Horkheimer, às perspectivas também críticas que
autores contemporâneos desenvolvem a respeito da racionalidade capital
dos novos modelos de trabalho flexíveis, em especial naqueles que mobilizam
em seus discursos tanto a afetividade dos trabalhadores quanto motivam o
perfil empreendedor desses indivíduos. Refletiremos em torno de um debate
sobre como o esclarecimento da razão ocidental, – responsável por mobilizar
a concepção do indivíduo livre e poderoso pelo fato de ser dotado do saber
científico para além das explicações míticas – se comporta como mito visível em
meio a razão biopolítica pela qual se baseia a sociedade neoliberal, em específico
nas relações entre capital e trabalhador. No entanto, uma nova face dessa
racionalidade, amplamente debatida pelas obras de Michel Foucault (2008),
mas especificamente evocada em o Nascimento da Biopolítica e posteriormente
problematizada com mais afinco por autores como Gilles Deleuze e Félix
Guattari (2011), e Luc Boltanski e Ève Chiapello (2009), nos revela como as
formas disciplinares e de controle extrapolam a condição fixa, burocratizada
e institucional da racionalidade tecnicista característica do Iluminismo, e
passa a permear a vida dos indivíduos por meio de discursos que mobilizam
o afeto e o desejo do trabalhador em função de uma maior produtividade, e
consequentemente, exploração por parte do capital. Nossa intensão é comparar
teoricamente os dois momentos dessa racionalidade, buscando deixar em
evidência os objetivos em comum as quais ambos se põem a serviço quando
relacionadas ao mundo do trabalho.

Palavras-chave: Trabalho Flexível; Racionalidade Ocidental; Biopolítica.

220
O ovo da serpente: a luta pela
americanização dos sindicatos brasileiros
e o surgimento do Novo Sindicalismo

Regiani Zornetta
Doutoranda em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Quando o Partido dos Trabalhadores (PT) começou a ser organizado


no Brasil não foram poucas as vozes a anunciar o despontar de uma nova
fase na história da luta de classes no país. Mais do que um “novo partido”, o
PT foi apresentado como o “primeiro partido” na história brasileira, no qual os
trabalhadores seriam verdadeiramente os protagonistas. Duas décadas mais
tarde essa Nova Esquerda chegou ao poder, mas para surpresa de muitos, tal
ascensão não transformou o Estado Nacional num aparelho democrático e muito
menos dos trabalhadores. Ao contrário, grande parte das políticas implantadas
pelo partido serviram para reforçar o enquadramento da economia nacional
às novas exigências do capital imperialismo.Por que aparentemente, em tão
pouco tempo, o Partido dos Tabalhadores se afastou tanto de suas bases sociais
e ideológicas?As características que fazem do PT de hoje um partido afinado
ideologicamente com a atual ordem capitalista neoliberal já estavam fincadas
nas entranhas dessa organização bem antes de sua ascensão ao poder. Foram
plantadas lá por um processo histórico muito complexo, ligado ao movimento
sindical no Brasil e no mundo e posto em prática por forças econômicas e
políticas do capitalismo estadunidense entre o final da década de 1950 e os anos
de 1960-70. Tal processo tinha como pilares fundamentais desencadear as bases
para o desenvolvimento de uma América Latina mais liberal, menos nacionalista
e com um sindicalismo amplamente concatenado aos interesses das grandes
corporações e das instituições financeiras norte-americanas. O objetivo, então,
deste trabalho é a compreensão de tal processo.

Palavras-chave: Sindicalismo; Movimentos Sociais;


Relações Brasil-Estados Unidos.

221
HISTÓRIA DAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS E OS INDICADORES DE
PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO NO BRASIL E NO MUNDO

Fernanda Barcellos Mathiasi


Mestranda em Ciências Sociais - UFJF

Resumo: O presente resumo objetiva-se analisar a relação das Entidades


Privadas, mais especificamente as Organizações Sociais (O.S), observando-a
em determinados setores de responsabilidade do Poder Público as eventuais
consequências que colocam em discussão os papéis que ocupam o Estado e
o Mercado, a qualidade e a eficiência dos serviços públicos prestados e a
situação dos trabalhadores. O trabalho tem início com a contextualização das
O.S enquanto resultado de um longo processo de mudanças no capitalismo,
em que diante dos limites de suas forças produtivas e de suas contradições
estruturais, procura conquistar determinados setores de responsabilidade do
Estado, direcionados à promoção do Bem-Estar Social, a fim de explorá-los
economicamente. A discussão é a partir do modelo das O.S na Inglaterra, as
“quangos”, e sua implementação no Brasil no governo FHC, por meio de uma
ampla agenda reformista neoliberal denominado Plano Diretor de Reforma do
Estado Brasileiro, que em poucos anos depois a Lei 9.637 de 1998 garantiria a
segurança juridica para o surgimento das primeiras O.S e o início das atividades
de prestação de serviços nos setores da saúde, educação, cultura, meio ambiente,
desenvolvimento tecnológico e pesquisa cientifica. Diante da problemática, a
pesquisa pretende objetivar a situação conjuntural dos trabalhadores das O.S ao
longo destes dezoito anos de existência avaliando as condições dos trabalhadores
através de relatórios e denúncias e aferir se as O.S. são um fator de precarização
do trabalho. O estudo pretende contribuir para se problematizar, discussões,
pautas, leis e organizações, fruto de políticas públicas que afetem diretamente o
mercado de trabalho, setores econômicos e o trabalhador, principalmente.

Palavras-chave: Organizações Sociais; Trabalhador;


Precarização do trabalho.

222
COOPERATIVISMO: A EXPERIÊNCIA DA COPERCICLA
NO MUNICÍPIO DE ITUIUTABA - MG

Maria de Fatima Gomes


Graduada em Serviço Social - UFU

Resumo: Esse estudo tem como objeto o cooperativismo na Copercicla, a


experiência do cooperativismo nessa instituição e suas contribuições para a
cidade de Ituiutaba. O interesse pelo tema surgiu a partir da experiência da
autora como estagiária durante o período de graduação em Serviço Social na
Universidade Federal de Uberlândia – Faculdade de Ciências Integradas do
Pontal/FACIP, realizado por um período de três semestres. Definiu-se como
objetivo geral compreender o processo de criação da Copercicla e a forma como
essa instituição colabora com o desenvolvimento sustentável da cidade. Os
objetivos específicos caracterizam-se em conhecer os valores do cooperativismo
e algumas características da Economia Solidária presentes na Copercicla, levantar
informações sobre os benefícios que a Copercicla traz para os cooperados e
para a cidade e compreender como a cooperativa colabora no desenvolvimento
sustentável de Ituiutaba. Essa pesquisa classifica-se como de caráter descritivo
e exploratório, pois visa o aprimoramento de ideias além da descoberta de
intuições relativas à Copercicla. Recorreu-se entre outras, às referências teóricas
de Singer (2002), Mano, Pacheco e Bonelli (2005) e Mendes (2009). Considera-
se nesse estudo que a cooperativa desenvolve ações que refletem de maneira
positiva não só na vida dos cooperados, mas também nos aspectos ambientais
e sustentáveis da cidade.

Palavras-chave: Cooperativismo; Reciclagem; Economia Solidária.

223
O frigorífico na aldeia: implicações do
trabalho nas indústrias de carne para os
Kaingang do Toldo Chimbangue

Míriam Rebeca Rodeguero Stefanuto


Mestranda em Antropologia - UFSCar

Resumo: O presente trabalho dedica-se a investigar quais as implicações para


os Kaingang do Toldo Chimbangue de sua recente inserção nas indústrias de
produção de carne na região da cidade de Chapecó, Santa Catarina. O trabalho
nos frigoríficos, que apresenta uma organização específica e que abate animais
e produz carne em quantidades industriais, se contrapõe e se relaciona a
diversas outras práticas e conhecimentos Kaingang. Este trabalho se debruça
principalmente sobre os aspectos que dizem respeito às noções de trabalho,
às relações com os animais e à alimentação. Grande parte dos moradores do
Toldo Chimbangue se relaciona de alguma forma tanto do modo industrial
de se abater animais e produzir carne quanto da caça e da criação, uma vez
que a maioria da população já esteve ou continua empregada em algum
frigorífico da região de Chapecó; muitos mantêm criações – normalmente de
suínos e aves – nas proximidades de casa, e que a caça vem sendo retomada
aos poucos acompanhando a recuperação das florestas. Assim, a partir da
pesquisa etnográfica e da contraposição desses elementos, pretende-se ampliar
o conhecimento a respeito das aldeias que passaram a fornecer trabalhadores
indígenas para estes frigoríficos.

Palavras-chave: Kaingang; Trabalho; Frigoríficos.

224
Notas acerca das políticas sociais para o
trabalho no Uruguai (2005-2009)

Alexandre dos Santos Lopes


Doutorando em Ciências Sociais - UNESP/Marília

Resumo: As produções acadêmicas nos últimos anos têm destacado em âmbito


internacional a ascensão dos partidos de esquerda à Presidência da República
nos países da América Latina. Partimos da hipótese central da incompatibilidade
estrutural entre acumulação e equidade. Trata-se de analisar as políticas sociais
uruguaias como processo e resultado de relações complexas e contraditórias
que se estabelecem entre Estado e sociedade civil, no âmbito dos conflitos e luta
de classes que envolvem o processo de produção e reprodução do capitalismo,
nos seus grandes ciclos de expansão e estagnação, ou seja, problematiza-se o
surgimento e o desenvolvimento das políticas sociais no contexto da acumulação
capitalista e da luta de classes, com a perspectiva de demonstrar seus limites e
possibilidades. A filosofia da práxis é a perspectiva metodológica que norteia
a presente investigação, o referencial marxiano enquanto método das ciências
sociais refere-se sempre às condições sociais de existência, em Gramsci (2000), é
presente a preocupação com o partido político, afirmando que ele deve assumir
uma postura que contenham ideias sobre a importância das concepções
democráticas, guiadas pela vontade de transformação social, que deve ser
demonstrada da ação através vontade coletiva. O objetivo específico desta
pesquisa é investigar as políticas sociais do trabalho da Frente Ampla (2005-
2009), ou seja, a experiência dos Conselhos de Salários no primeiro mandato
do Presidente Tabaré Vázquez. O estudo das políticas sociais para o trabalho da
Frente Ampla (2005-2009), sua realização encontra-se através de uma análise
histórica da estrutura social do Uruguai a luz do neoliberalismo e da história
desta Frente de partidos de esquerda.

Palavras-chave: Trabalho; Frente Ampla; Políticas Sociais.

225
Movimento Ambientalista Chinês: lutas e conquistas

Mariana Delgado Barbieri


Doutoranda em Ambiente e Sociedade - UNICAMP

Resumo: Num momento em que a China surpreende o mundo em virtude de


seus índices econômicos, é fácil identificar as consequências ambientais das
escolhas políticas e econômicas adotadas nesse país. No contexto da sociedade
do risco, uma governança global é primordial para atuar frente ao quadro das
mudanças ambientais que atingem indistintamente todo o globo. Compreender
como os movimentos ambientalistas se constituíram historicamente na China,
sua atuação, limites e o papel fundamental desempenhado na sociedade global
em que estamos inseridos são os objetivos principais dessa pesquisa, que
busca identificar como as organizações não governamentais ambientalistas
estão agindo no interior da China e como elas se posicionam entre o Estado
e a sociedade civil. Fundamental ator social do século XXI, o movimento
ambientalista chinês possui importância global ao identificar os riscos e propor
formas de mitigação, que trarão impactos em toda sociedade global, buscando
amenizar as consequências das mudanças ambientais. Com início no começo
dos anos de 1990, o movimento ambientalista constitui-se como o segundo
maior movimento social da China contemporânea, assumindo importante papel
na internalização de questões sociais, ambientais e políticas. Passa ao longo da
década de 2000 por um remodelamento, em que paulatinamente conquista
espaços de atuação e articulação, marcando a transição do ambientalismo
autoritário para o ambientalismo democrático.

Palavras-chave: Movimento Ambientalista; China; Mudança Climática.

226
Reflexões sobre as Mudanças nos Movimentos
Sociais em Angola: do mpla ao 15+2

Armindo Feliciano de Jesus


Mestrando em Sociologia Política - IUPERJ

Resumo: O presente resumo provém de um artigo que objetiva suscitar


discussões e reflexões sobre as ações dos movimentos sociais, desde as lutas
contra a dominação colonial até a contemporaneidade, tendo como foco central
a sociedade angolana, que nos últimos anos tem apresentado uma série de
transformações políticas,econômicas, culturais e sociais, fazendo com que novos
conflitos e tensões emergem. O objetivo é basicamente chamar atenção para
as adaptações que ocorreram nas teorias que correspondem e explicam os
movimentos sociais angolano num viés marxista.No entanto, trata-se de uma
pesquisa qualitativa em que nos prendemos em três momentos: no primeiro
momento foi feito revisão dos aspectos dos movimentos sociais e as questões
referente ao processo de governabilidade, objetivando entende-los num
contexto global; no segundo momento houve o aprofundamento conceitual a
partir da literatura específica e sua aplicação junto à investigação da estrutura
política institucional de Angola; no terceiro momento houve a observação e
análise de campo.

Palavras-chave: Forças Sociais; Lutas Sociais; Marxismo.

227
Grupo de trabalho IX:
Trabalho, Movimentos Sociais e
Conflitos Urbanos - Sessão C
A improbabilidade histórica da revolução nacional:
Florestan Fernandes e o capitalismo dependente

Alan Eric Fonseca


Mestrando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Florestan Fernandes considera que o desenvolvimento socioeconômico


e político das economias dependentes não pode ser concebido como uma
repetição dos processos que se deram no desenvolvimento das economias
centrais. Ele refuta a ideia de que, sendo o Brasil uma nação atrasada, bastaria
uma força modernizadora racionalmente orientada para lançar o país num nível
desenvolvido e autônomo de participação no sistema econômico mundial. A
perspectiva que toma como pressuposto que o atraso é um restolho colonial
passível de superação simplesmente por meio do crescimento é, dessa forma,
considerada por Fernandes um reducionismo econômico incapaz de compreender
com profundidade a natureza da dinâmica da acumulação capitalista na
periferia do sistema. Sua análise, ao privilegiar o olhar sobre a dinâmica social
da luta de classes no desenvolvimento da modernização nacional, revela que
não são apenas os traços heteronômicos da economia brasileira que esclarecem
os fundamentos da dependência e do subdesenvolvimento, mas sobretudo,
são as relações de classe e frações de classe aqui construídas que os explicam
sociologicamente. Assim, a dependência não seria efeito exclusivo da dominação
externa, mas encontraria internamente também a engrenagem que a produz e
perpetua através das ações das burguesias nacionais. Pretendemos revisitar a
obra de Fernandes, apontando as críticas do autor a partir da análise do papel
da relação entre as classes sociais na conformação do capitalismo dependente
e do subdesenvolvimento. Buscamos, ainda, demonstrar a insuficiência das vias
modernizadoras, em especial o nacional-desenvolvimentismo no século XX e o
neodesenvolvimentismo no século XXI, para sua superação definitiva.

Palavras-chave: Dependência; Nacional-Desenvolvimentismo;


Neodesenvolvimentismo.

229
CONSCIÊNCIA DE CLASSE: ASPECTOS MARXISTAS NA
PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO CONTEMPORÂNEO

Sandra Oliveira Mayer Barros


Mestra em Gestão de Organizações e Sistemas Públicos - UFSCar

Resumo: O capitalismo se estrutura pela acumulação de capital e lucro em sua


forma máxima arraigando a apropriação privada da riqueza socialmente gerada.
É a forma radical de dominação do capital como sistema sociometabólico, que
diz respeito ao modo de produção de mais-valia ou modo de subsunção da força
de trabalho ao capital. Com a exploração máxima do trabalhador, ocorre uma
perda da razão social do trabalho, expropriando do trabalhador sua subjetividade
fazendo-o desperceber sua condição de proletariedade. É por isso que, no caso
da classe trabalhadora, é preciso a tomada de consciência social do processo de
trabalho, para romper com a ideologia dominante e desenvolver sua consciência
de classe na luta pelo poder político contra a dominação de classe da burguesia.
Somente nessa luta é que tal classe desenvolve uma forma de consciência
necessária com vista à sua emancipação. O problema de pesquisa ao qual este
estudo pretende discorrer e dialogar compreende analisar a impossibilidade do
desenvolvimento da consciência de classe em relações de trabalho precarizadas.
A investigação será orientada pelos referenciais clássicos e contemporâneos que
dialogam sobre as temáticas da reestruturação produtiva do capital através do
fordismo e após, da captura da subjetividade, traçada pelo Toyotismo, passando
pela definição de classe do proletariado e consciência de classe, nas acepções
marxistas. Como contribuição, espera-se avançar nas ponderações e reflexões
acerca dos conflitos, das resistências e das ações frente ao sociometabolismo do
capitalismo moderno.

Palavras-chave: Capitalismo; Consciência de Classe;


Precarização do Trabalho.

230
Classe Operária e Sujeito Revolucionário

Anderson Vinicius Dell Piagge Piva


Mestrando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Pretende-se aqui discutir o papel político e social da moderna classe


operária diante das novas transformações no mundo do trabalho. Para isso,
estabelecemos um debate que tem como base as teorias de Sérgio Lessa & Ivo
Tonet sobre o proletariado moderno. Assim, partimos de suas concepções e,
em confronto com os escritos econômicos marxistas, pretendemos estabelecer
em que medida as modernas forças produtivas entram em contradição com as
atuais relações de produção (baseadas no trabalho assalariado), tornado essas
últimas cada vez mais obsoletas. Utilizaremos a definição de Lessa & Tonet para
“proletariado” em confronto com a própria concepção marxiana para pontuar em
que medida os autores avançam ou recuam em relação à teoria marxista. Para
isso, nos valeremos fundamentalmente das análises de Karl Marx presentes nos
Grundrisse e n`O Capital e os confrontaremos com as obras recentes de Lessa &
Tonet.Por fim, analisaremos as duas perspectivas com base nas transformações
concretas observadas no mundo do trabalho, provocadas pelo progresso
tecnológico e as grandes mudanças do processo produtivo nas últimas décadas.

Palavras-chave: Classe Operária; Capitalismo; Teoria Econômica Marxista.

231
A gestão do tempo de trabalho no contexto das
novas tecnologias da informação e comunicação

Mauricio Reis Grazia


Mestrando em Ciências Sociais - UNIFESP

Resumo: A Gestão do Tempo de Trabalho no Contexto das Novas Tecnologias da


Informação e Comunicação.O texto apresentado aqui tem por objetivo apresentar
de forma introdutória os resultados da pesquisa de mestrado realizada na
empresa Colabore. Inove. Transforme (CI&T) situada na região de Campinas
– SP. Nesse sentido, os resultados do trabalho de mestrado apresentado aqui
partiram da discussão acerca da possibilidade de um tempo livre socialmente
compartilhado ou de um comunismo do saber como exposto por vários autores
da sociologia contemporânea. Após a realização de entrevistas semiestruturadas
com os gerentes e desenvolvedores de software da empresa CI&T e analise da
bibliografia deslocamos nossa analise para as formas de gerencia do tempo
na produção imaterial. A saber, nossa pesquisa buscou compreender quais
os impactos que as novas tecnologias da informação e comunicação (NTICs)
possuem sobre as relações de trabalho, em especial no que diz respeito ao
gerenciamento do tempo de trabalho. Partimos da hipótese que os impactos
causados pela revolução tecnológica no modo de produzir encontram-se
embasado nos ideais Taylor-fordistas e Toyotista. O trabalho imaterial, em
especial nesse caso a produção de software, não permitiu o surgimento de uma
sociedade dual, de uma retomada do controle sobre o processo de produção
ou da formação de uma “multidão”. Pelo contrário, acreditamos que as novas
tecnologias da informação e comunicação se mostram como uma evolução,
uma intensificação, dos ideais Taylor-fordista e Toyotista de gerenciamento da
produção.

Palavras-chave: Trabalho Imaterial; Novas Tecnologias da Informação e


Comunicação; Tempo de Trabalho.

232
Trabalho Imaterial e Condições de Trabalho:
A Reestruturação do Setor de Telecomunicações Brasileiro

Angelina Michelle de Lucena Moreno


Mestranda em Ciências Sociais - UNIFESP

Resumo: O trabalho aqui submetido tem por finalidade apresentar os resultados


parciais de uma pesquisa de mestrado, a partir de uma incursão empírica
realizada com os trabalhadores da fundação de parceria público-privada, o Centro
de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD). Localizado na
cidade de Campinas, analisamos as particularidades das condições do trabalho
intelectual desses trabalhadores nos setores de pesquisa e desenvolvimento
(P&D) e no de tecnologia da informação (TI). Com o contexto das novas
tecnologias de informação e comunicação (NTICs), um leque variado de teses
sobre o trabalho imaterial ganharam ênfase sociológico nas últimas décadas,
indicando importantes transformações no modo de produção das mercadorias
imateriais e no tipo de jornada de trabalho empreendida nos postos de trabalho
que requisitam alta qualificação. Partindo de uma análise crítica dessas teses,
e do avanço da precarização do trabalho intelectual, indicamos, no decorrer
desta pesquisa que embora as atuais formas de trabalho apresentem-se como
centrais para a compreensão de um processo mais amplo de reestruturação da
produção nas sociedades capitalistas contemporâneas, as formas de trabalho
hoje intituladas como “novas formas de trabalho imaterial” se assemelhar-se-
iam, em linhas gerais, à produção de tipo fabril, marcada, sobretudo, por um
intenso controle dos trabalhadores em suas atividades produtivas. Analisamos,
portanto, a reestruturação do setor de telecomunicações brasileiro e a fase
de transição do centro de pesquisa, intitulado “o CPqD de mercado” e, como
conseqüência desse contexto, como esta reestruturação do setor afetou os
trabalhadores do centro de pesquisa nas áreas de P&D e TI.

Palavras-chave: Trabalho; Novas Tecnologias; Reestruturação produtiva.

233
O surgimiento do movimento estudantil na América Latina

Alex Roberto Beber


Mestrando em Estudios Sociales y Politicos Latinoamericanos - UAH

Resumo: A história e o presente da América Latina são marcados por profundas


mudanças culturais, sociais e políticas. Esses processos de mudança ocorreram
a partir das relações entre os diferentes atores e estruturas institucionais. Neste
artigo, discutiremos o contexto histórico latino-americano em que surgiu o
movimento estudantil no início do século XX.Nesse contexto, se realizará uma
breve crítica à concepção ideológica liberal que marcou o movimento estudantil
em Córdoba/Argentina/1918.

Palavras-chave: Movimento Estudantil Latino-Americano; Política; Juventude.

234
Os sentidos das manifestações de 2013 e 2015 e o
neodesenvolvimentismo no Brasil

Cristhiane Falchetti
Doutoranda em Sociologia - USP

Resumo: Este trabalho visa discutir o significado dos protestos de junho de


2013 e das manifestações pró-impeachment de 2015, com o intento de notar
nuances dos conflitos sociais presentes na sociedade brasileira contemporânea.
Busca-se, assim, caracterizar as duas ondas de protestos, bem como situá-las
na conjuntura político-social recente do país, identificada pelo ciclo político
neodesenvolvimentista. A hipótese desenvolvida é de que se tratam de protestos
distintos entre si em suas bases sociais, orientações políticas e significados.
Porém, em diferentes sentidos, as duas ondas respondem às tensões acentuadas
pela estratégia desenvolvimentista, enquanto apontam os limites desta em
transpô-las. Trata-se de um trabalho preliminar, que sistematiza alguns dados
empíricos e propõe uma reflexão sobre a dinâmica sociopolítica recente no
Brasil, buscando-se a ligação entre os protestos sociais e os conflitos relativos às
classes e frações de classes que atuam na disputa pela distribuição dos recursos.
O trabalho foi realizado com base em surveys dos protestos e dados estatísticos
de fontes secundárias, e no levantamento bibliográfico sobre os protestos e
sobre o ciclo político recente.

Palavras-chave: Junho de 2013; Manifestações de 2015;


Ciclo Neodesenvolvimentista.

235
Conteúdo político e formas organizativa das
manifestações de Junho de 2013: analisando uma “nova”
concepção de luta social no Brasil

João Gabriel Loures Tury


Mestrando em Ciências Sociais - UNIFESP

Resumo: As manifestações de massa que irromperam nas cidades brasileiras


em junho de 2013 estão entre as maiores ações diretas populares da história
do país. Na literatura publicada sobre os protestos, verifica-se o debate
sobre o surgimento (ou fortalecimento) de uma “nova” concepção de luta
social, na qual características tradicionais do movimento social brasileiro são
questionadas. Dentre as abordagens teóricas que vêm buscando compreender
a emergência, o desenvolvimento e a consolidação dos conteúdos políticos e
formas organizativas conformados nas referidas manifestações, selecionamos,
para a atual apresentação, dois conjuntos de autores. De um lado, os autores
que interpretam a heterogeneidade e a auto-organização das manifestações
por meio do conceito de multidão, formulado por Antonio Negri e Michael
Hardt. Fundada sobre a hegemonia do trabalho imaterial nas sociedades pós-
industriais, a multidão se diferenciaria do povo, da massa, ou da classe operária
(antigo sujeito social da sociedade industrial), e seria o sujeito dos levantes
contemporâneos. De outro lado, estão aqueles pesquisadores que optaram
pelo conceito de classes sociais e seus desenvolvimentos concretos (novo
proletariado, proletariado precarizado, precariado), para interpretar uma nova
morfologia do mundo do trabalho e da luta social no país. As manifestações,
para esta abordagem, seriam expressões da luta de classes num capitalismo
periférico, baseado na acumulação flexível. Pretende-se, portanto, por meio da
análise crítica e do diálogo com as distintas perspectivas teóricas, compreender a
conformação das características políticas e organizativas das Jornadas de Junho.

Palavras-chave: Manifestações de Junho; Multidão; Luta de Classes.

236
Renda, consumo e classes sociais: uma análise das
Ciências Sociais brasileiras no século XXI

João Gabriel Selles Pelegrini


Mestrando em Ciências Sociais - UNIFESP

Resumo: A pesquisa Renda, consumo e classes sociais: uma análise das Ciências
Sociais brasileiras no século XXI, tem como objeto central o debate sobre as
classes sociais. Mais especificamente, de autores que interpretam teoricamente
a sociedade brasileira a partir de um conceito de classe ou estratificação social
e que, em alguma medida, se inserem no debate analisando o impacto na
composição das classes sociais, na primeira década deste século, da ampliação
do salário mínimo, da expansão do crédito, das políticas de transferência de
renda e do crescimento do emprego, sobretudo, os postos de trabalho com
carteira assinada.A análise de autores como André Singer, Jesse Souza, Neri,
Pochmann, Ricardo Antunes e Waldir Quadros, reforçou a importância da
reflexão teórica da sociedade brasileira partindo do conceito de classes sociais.
Ao mesmo tempo, indicam diferentes aspectos teóricos na delimitação que fazem
das classes sociais e destacam diferentes elementos das relações sociais, tais
como: a renda, a inserção no mercado de trabalho, aspectos da ação política de
classe e da identidade subjetiva de classe e elementos materiais e subjetivos das
diferenças de classe.A luz disso, emerge a importância de delimitar teoricamente
a classe trabalhadora no Brasil, sobretudo, assalariados ou de tipos de trabalho
que correspondem a base da pirâmide social. Assim, nossa pesquisa divide-se,
nesse momento, em dois caminhos. O primeiro, no campo da teoria, ou seja,
delimitar e debater criticamente os aspectos destacados pelos autores em sua
conceituação de classe social. O segundo, pode ser sintetizado em uma questão:
como as noções de renda, mercado de trabalho e mudança social são absorvidas
pelo debate teórico das classes sociais?

Palavras-chave: Renda e Classes Sociais; Trabalho e Classes Sociais;


Mercado de Trabalho e Classes Sociais.

237
Grupo de trabalho X:
Regionalismo, Integração e
Atores Internacionais - Sessão A
América Latina: teorias e modelos de
desenvolvimento regional

Matheus Felipe Silva


Mestrando em Ciências Sociais - UNESP

Resumo: O presente artigo busca a reflexão sobre as diferentes correntes


teóricas que visaram a explicação da situação da América Latina no cenário
mundial por uma análise pragmática da posição da região dentro de um
processo de desenvolvimento no quadro da economia global. Para além dos
quadros econômicos apresentados pelos países da região, bem como dos
diferentes modelos de desenvolvimento empreendidos, fossem de maneira
mais isolada ou bilateral, ou até mesmo modelos mais amplos de integração,
essas teorias eram importantes tanto em um sentido explicativo, como no
exemplo da Teoria da Dependência, e em alguns momentos um sentido mais
normativo de processos a serem empreendidos, como no exemplo das Teorias
de Desenvolvimento cepalinas. As diferentes explicações e os diferentes modelos
experimentados contrastam ainda com um período histórico de alternâncias
políticas, sociais e políticas pelo qual a região passou, havendo heranças mesmas
de seu período colonial. Dessa forma, é fundamental explicitar as teorias que
buscavam compreender as possibilidades de desenvolvimento da região, bem
como os diferentes períodos históricos e modelos surgidos na América Latina
que se sucederam na tentativa de inserir a região em um cenário mais global de
desenvolvimento.

Palavras-chave: América Latina; CEPAL; Integração.

239
INSTITUCIONALIDADE DO REGIONALISMO SUL-AMERICANO
PÓS-HEGEMÔNICO: UM PARALELO DA INTERRELAÇÃO
AUTONOMIA E INTERGOVERNAMENTALISMO

Jóhidson André Ferraz de Oliveira


Mestrando em Integração da América Latina - USP

Resumo: Ao longo da história, o regionalismo na América Latina de maneira geral,


e na do Sul, de forma específica, esteve atrelado as postulações das dinâmicas do
Estados Unidos da América (seja de alinhamento, seja de contestação). Porém,
mais recentemente, nos primeiros anos do século XXI, mudanças na conjuntura
mundial e regional e, principalmente, a derrocada da proposição da ALCA em
2005, inaugurou um renovado entendimento dos projetos de regionalismo
e integração na parte sul do continente americano (UNASUL, ALBA, CELAC),
os quais atingiram certo tipo de institucionalidade que alia os projetos de
desenvolvimento nacionais, soberanias estatais e autonomias no cenário intra-
regional e desses para a arena internacional. Neste contexto, este artigo busca
compreender como se dá essa institucionalidade no chamado regionalismo
pós-hegemônico sul americano (TUSSIE; RIGGIROZZI, 2016), face a interrelação
autonomia, soberania e intergovernamentalismo. Para isso, nos debruçamos nos
aportes de Diana Tussie e Riggiozzi afim de entender esse momento histórico do
regionalismo pós-hegemônico para posteriormente verificarmos a relação deste,
com as dinâmicas político-institucionais dos arranjos integracionistas da região.

Palavras-chave: Regionalismo Pós-hegemônico; Institucionalidade; Autonomia


x Intergovernamentalismo.

240
As relações Brasil-África durante o governo
Lula (2003-2010): Uma nova agenda?

Alexandre de Freitas Carreira


Mestrando em Relações Internacionais - San Tiago Dantas

Resumo: A proposta do artigo e fazer uma breve análise das diretrizes e ações
orquestradas em matéria de política externa, durante o governo do presidente
Lula para o continente africano. O envolvimento de diferentes esferas da
burocracia estatal, agentes privados e a participação direta do presidente em
um conjunto de iniciativas de aproximação e intensificação das relações entre
o Brasil e diversos países africanos, representou de fato um novo “paradigma”
nas relações entre o Brasil e o continente africano? A identificação das ações
brasileiras em matéria de cooperação, ampliação da representação diplomática
no continente, envolvimento de diversos atores da burocracia estatal, agentes
privados e da sociedade civil, e compreender como esse conjunto de ações e
iniciativas impactou estrategicamente a inserção internacional brasileira

Palavras-chave: África; Política Externa; Governo Lula.

241
A MOEDA DE CADA UM - O Acordo de Paris e
algumas reflexões sobre consensos em
nível escalar - do Global ao Local

Isabel Gnaccarini
Doutoranda em Ambiente e Sociedade - UNICAMP

Resumo: O presente propõe tratar da governança climática, com foco nos


INDCs (Contribuição Nacionalmente Determinada Pretendida) dos países do
BRIC – Brasil, Russia, India e China, para o Acordo de Paris (COP-21). Pretende
discutir, dentro de uma perspectiva global – local, como a política climática é
aplicada nacionalmente partindo de decisões de consenso na esfera da ONU.
A globalização e, sobretudo, os riscos das questões ambientais em escala
igualmente globais se configuram em cenário onde o sucesso de acordos
políticos não é mais fácil do que a incorporação de suas decisões em escalas
descendentes. Os países do BRIC não são um conjunto coeso de nações e há
enormes disparidades socioeconômicas e culturais: há de se levar em conta suas
posições estratégicas no contexto das relações internacionais - são atores de
certa relevância, mas ainda muito conservadores em suas contribuições. (Viola
e Basso, 2016) Mas a adoção de metas e objetivos para a “descarbonização da
economia” não é clara – nem seus mecanismos nem sua aceitação cultural. Em
esferas de disputas internas (nacionais) é de se esperar que haja resistências. O
mercado global parece ser único ente capaz de oferecer pontes para que decisões
ganhem realidade e relevância – em cidades e comunidades locais. Empresas
tem sido no Brasil uma referência em transformações para a sustentabilidade,
ao menos enquanto capacidade de coesão política intersetorial e propostas de
mecanismos concretos e mensuráveis. Certamente esses pactos enfrentam a
coerção imposta por restrições ambientais globais. A pergunta é - há alternativas
possíveis? Em que condições florescem e/ou ganham em escala? Tempos de
incertezas.

Palavras-chave: Governança Climática; INDC e Mercado; Global-Local.

242
AGENDA DO REGIONALISMO NA AMÉRICA DO SUL:
SOBREPOSIÇÃO OU COMPLEMENTARIDADE?

Clarissa Correa Neto Ribeiro


Doutoranda em Relações Internacionais - San Tiago Dantas

Resumo: Ao buscar relações e interesses comuns entre os diversos processos


regionais vigentes na América do Sul, percebe-se que existe uma equivalência de
atores institucionais e temáticas que talvez possa não estar refletida na estrutura
orgânica ou decisória de cada bloco, mas que torna-se útil para a compreensão
dos interesses de cada processo e a condução de suas negociações. Ao
analisarmos MERCOSUL, UNASUL e CELAC, tal equivalência refere-se às reuniões
ministeriais: seja sob o comando do CMC no MERCOSUL, nos Conselhos da
UNASUL, ou nas Reuniões de Ministros da CELAC, a presença dos ministros
setoriais nos três mecanismos demonstra a delimitação dos rumos e interesses
dos processos de integração a partir do assessoramento de funcionários de
alto nível dos governos nacionais.Partindo do pressuposto de que as instâncias
de participação ministerial são importantes para a configuração e definição da
agenda regional de políticas setoriais, uma vez que se trata de funcionários de
alto nível com a missão de assessorar os chefes de Estado na tomada de decisões,
sua presença ou ausência na estrutura institucional de um bloco poderia indicar
os objetivos e interesses de um processo. Desta forma, considerado o objetivo
principal de investigação da convergência ou divergência nos trabalhos de
MERCOSUL, UNASUL e CELAC, o que se propõe para o presente trabalho é a
análise comparada de temas em que existem foros de discussão nos três blocos,
e também de temas que não são simultâneos em todos os mecanismos, mas
que servem para avaliar como essa fragmentação pode gerar tanto esforços
sobrepostos e desnecessários, do ponto de vista prático, quanto ações que
promovam a complementaridade a partir dos diferentes interesses almejados.

Palavras-chave: Agenda; Mercosul; Regionalismo.

243
Democracia em crise na América Latina: desafios
para a Organização dos Estados Americanos

Roberta Cava
Doutoranda em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: A Organização dos Estados Americanos (OEA), criada em 1948, é uma


das organizações mais relevantes do cenário internacional, trazendo como
premissa a defesa dos princípios do direito internacional, estabelecendo normas
de conduta para os Estados do continente americano, com vistas à solidariedade
entre seus membros e à defesa da soberania estatal. A Organização sustenta,
ainda, o princípio de não intervenção em assuntos de âmbito doméstico, a
cooperação entre Estados e a proteção da segurança e justiça social.A OEA preza,
primordialmente, pela proteção e fortalecimento da democracia dos Estados
Americanos. No período de 1960 a 1980, vários países do continente eram
liderados por regimes militares e, apesar de a maioria desses países não serem
mais palco de ditaduras, suas democracias ainda apresentam fragilidades.Este
artigo propõe uma reflexão acerca das crises democráticas presenciadas pelo
continente americano a partir de 2009, discutindo quais são as possibilidades
e limites de intervenções dos organismos internacionais, em particular a OEA
em tais cenários. O tema é extremamente relevante para o cenário regional
contemporâneo, tendo em vista os recentes acontecimentos em alguns países
da região, e também para promover uma maior compreensão das dinâmicas
regionais da América.

Palavras-chave: Organização dos Estados Americanos; Democracia;


Crises políticas.

244
Grupo de trabalho X:
Regionalismo, Integração e
Atores Internacionais - Sessão B
O Multilateralismo na Organização das Nações Unidas

Gabriela Ibara Tenório


Mestranda em Relações Internacionais - UNESP/Marília

Resumo: A Organização das Nações Unidas, desde a sua criação em 24 de


outubro de 1945, surge juntamente à ideia de se colocar o multilateralismo em
prática. Marcam presença nessa organização internacional inúmeros princípios
que buscam a manutenção da paz mundial e a cooperação entre os países. Além
disso, na teoria, é a representação mais importante de um espaço igualitário
onde todos os países possuem o seu lugar, independentemente de seu poder
econômico ou qualquer outra forma de qualificação. Assim, essa pesquisa tem
como principal objetivo analisar a trajetória do multilateralismo dentro da ONU,
desde a sua criação até os tempos mais recentes, realizando uma ponderação
se ele realmente foi colocado em prática ou não passou de um ensaio. O objeto
de estudo pode ser dividido em dois momentos principais de análise, sendo que
o primeiro compreende do surgimento das Nações Unidas (1945) até o início
dos anos 1990, com a extinção da União Soviética, e o segundo o período após a
Guerra Fria, marcada por uma forte onda bipolar.

Palavras-chave: ONU; Multilateralismo; Organização Internacional.

246
Neorrealismo e neoliberalismo: uma síntese?
Reflexões a partir do conceito de “cooperação”

Paulo Victor Zaneratto Bittencourt


Mestrando em Ciências Sociais - UNESP/Marília

Resumo: O trabalho que aqui se pretende é um primeiro esforço de compreensão


do conceito de cooperação presente na teoria da interdependência complexa
de Keohane e Nye, da década de 1970, defrontando-a com o conceito de
cooperação presente na teoria de política internacional de Kenneth Waltz, a
qual Keohane e Nye tentam complementar com a reedição de seu “power and
interdependence”. A necessidade dessa compreensão e defrontação conceitual
explica-se pela tentativa de síntese entre estas duas correntes teóricas ao fim
da década de 1980; e o conceito de cooperação parece ser um ponto em que
ambas as teorias convergem, já que o realismo estrutural, segundo os autores
liberais, não explica senão alguns fenômenos internacionais. Como apenas um
esforço inicial de uma pesquisa de mestrado, este trabalho pretende apenas
elucidar alguns pontos conceituais e teóricos para tornarem mais claras algumas
perguntas de pesquisa do próprio projeto, além de tentar explicitar alguns
problemas acarretados pela “síntese neo-neo”, a qual representa um ponto
muito importante para o desenvolvimento de teorias das relações internacionais
mais recentes, principalmente no pós-Guerra Fria. A partir da defrontação das
duas concepções de cooperação como ponto de contato, poder-se-á avançar nas
perguntas de pesquisa do projeto, de natureza principalmente metodológica
que, numa hipótese preliminar, apontam para a impossibilidade, ou pelo menos
para a artificialidade, da tentativa de síntese entre o neorrealismo e a teoria da
interdependência complexa (neo)liberal.

Palavras-chave: Teoria das Relações Internacionais; Cooperação;


Interdependência Complexa.

247
Autonomia ou dependência institucional? O Parlamento
e o Foro Consultivo do Mercosul à luz da participação
brasileira no bloco regional

Cairo Gabriel Borges Junqueira¹; Bruno Theodoro Luciano²


¹ Doutorando em Relações Internacionais - San Tiago Dantas
² Doutorando em Ciência Política e Estudos Internacionais U. de Birmingham

Resumo: A constituição do Parlamento do Mercosul (Parlasul) e a


institucionalização do Foro Consultivo de Municípios, Estados Federados,
Províncias e Departamentos do Mercosul (FCCR) representaram a inserção da
representação dos cidadãos e dos atores subnacionais no seio de desenvolvimento
do bloco regional. Com o passar dos anos, a região conseguiu adensar o
desenvolvimento de temas para além das nuances comerciais e acompanhou
o abarcamento de outros atores. Mesmo com os avanços apresentados, o
Mercosul encontra-se com dificuldades de avançar na integração, sendo uma
das principais causas o caráter intergovernamental do bloco. Nesse contexto,
o presente artigo pretende destacar o grau de dependência ou autonomia
tanto das representações brasileiras do Parlasul quanto do FCCR em relação às
estruturas do executivo brasileiro nos temas de integração. Mesmo que ambos
os órgãos facilitem a adição de novas temáticas e novos atores no bloco, conclui-
se que a delegação brasileira no Parlasul é institucionalmente mais autônoma
em relação ao capítulo brasileiro no FCCR, demonstrando posturas políticas
distintas no tratamento das questões de participação cidadã e subnacional no
âmbito mercosulino.

Palavras-chave: Parlasul; FCCR; Poder Executivo Brasileiro.

248
Política industrial e a internacionalização
das empresas brasileiras na América do Sul

Daniela Cristina Comin Rocha


Doutoranda em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: A partir de 2003, com a eleição de Lula da Silva como presidente houve
uma retomada de políticas voltadas para a promoção do desenvolvimento
industrial e do crescimento econômico, coordenadas pelo Estado. Entre 2003 e
2014, três políticas foram elaboradas: a PITCE (Política Industrial, Tecnológica e de
Comércio Exterior), o PDP (Plano de Desenvolvimento Produtivo) e o PBM (Plano
Brasil Maior), este último já no governo de Dilma Rousseff. Um dos objetivos
comuns destas três políticas era melhorar a inserção internacional do Brasil,
tendo como uma de suas medidas a internacionalização das empresas brasileiras.
Nesse mesmo período, a América do Sul ganhou papel relevante na agenda da
política externa brasileira, tanto em termos políticos quanto econômicos. Nesse
último aspecto, inclusive, alguns autores afirmaram que a América do Sul foi
considerada, por parte da diplomacia brasileira, como importante espaço
para a projeção internacional das indústrias brasileiras. Concomitantemente,
ganha força no âmbito regional, projetos de integração física e produtiva, nos
quais a cooperação entre Estado e empresas adquire papel central, cabendo
ao Estado sua coordenação. Tendo em vista os elementos apresentados, o
objetivo desse artigo é demonstrar como a América do Sul estava inserida nas
políticas industriais do período analisado, partindo do pressuposto de que tais
políticas, juntamente com a política brasileira de integração regional, podem
ter influenciado a internacionalização das empresas brasileiras na região sul-
americana.

Palavras-chave: Política Industrial; América do Sul;


Internacionalização de Empresas.

249
AS ILHAS MALVINAS NO CONTEXTO DOS
NOVOS ARRANJOS INTERNACIONAIS

Rogério do Nascimento Carvalho


Mestrando em Estratégia Marítima - Escola de Guerra Naval

Resumo: O Atlântico Sul nunca esteve tão evidência quanto nos últimos 30 anos.
Após a Guerra das Malvinas (1982) e o fim da Guerra Fria (1945-1991) novos
contornos assumem no campo da integração regional. E nesta nova ordem
mundial em que as Ilhas Malvinas, território ultramarino do Reino Unido e
reclamado pela Argentina tem sido objeto de debates acadêmicos.Esse contexto
internacional provoca implicações na América do Sul, e, nos últimos anos, a
Argentina, apoiada pelos vizinhos sul-americanos, busca junto a organismos
internacionais a abertura de negociações para dirimir esta questão, bem como
preservar as riquezas que julga ser de sua propriedade, invocando o espírito
de unidade. Historicamente, o conflito está calcado sob dois pilares que, em
conjunto, dão a dimensão dos ditames aqui a ser exarados: o posicionamento
estratégico e geográfico das Ilhas Malvinas aliado a descoberta de novas riquezas
econômicas forma o arcabouço para identificar e responder aos problemas
sob a premissa da segurança e defesa na região.Não podemos nos olvidar que
a biodiversidade é de extrema importância a aquele que deter a soberania o
manejo de divisas, seja com o patenteamento de novas substâncias ou mesmo
com o comércio de novos produtos.Sob o escopo de uma pesquisa bibliográfica,
de cunho exploratório, quantitativa busca mostrar dentro do escopo da
integração regional, a recente decisão da Comissão de Limites da Plataforma
Continental da Organização das Nações Unidas (CLPCONU), bem como a saída
do Reino Unido da União Europeia pode trazer novas nuances para a região.

Palavras-chave: Ilhas Malvinas; Integração Regional; América Latina.

250
A INSERÇÃO URUGUAIA NA GLOBALIZAÇÃO/ NOVA ORDEM
MUNDIAL E SEU MODELO DE NEODESENVOLVIMENTISMO

Samuel Decresci
Mestrando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: O presente trabalho tem por objeto a inserção do Uruguai dentro


da Nova Ordem Mundial, marcada pela globalização e a efetivação de blocos
econômicos/ Projetos Integracionistas, no qual o país é sócio fundador do
MERCOSUL (Mercado Comum do Sul). Além, apresentar dentro do cenário
“macro” latinoamericano, o modelo de “neodesenvolvimentismo” uruguaio
com suas especificidades. Em geral, tendo em mente o recorte mencionado
atrás, o objetivo do trabalho é apresentar aspectos básicos do país na divisão
internacional do trabalho, na política externa e seus trunfos econômicos.
Ademais, qual tem sido a nova política econômica do governo do “Frente Amplio”
(no poder desde 2005) marcada por uma nova forma de “desenvolvimentismo”
em que o Estado e os atores econômicos internacionais e nacionais têm um
protagonismo destacado e em conjunto.

Palavras-chave: Uruguai; Integração; Neodesenvolvimentismo.

251
Entre a justiça distributiva e a articulação política: um
estudo acerca da dualidade funcional dos conselhos
comunais no período de 2007 a 2012

Natalia Innocente Rodrigues


Mestranda em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Este trabalho busca mostrar a dualidade político-funcional dos


conselhos comunais durante o governo Chávez numa trajetória temporal de
2007 a 2012. Em um contexto de crise de popularidade chavista qual seria o
limite entre a função de distribuição de recursos às localidades comunais e a
função semiconsciente de articulação política e mapeamento eleitoral? Para
construir esse estudo será traçado um breve contexto histórico prévio ao recorte
indicado partindo da eleição de Hugo Chávez e um referencial histórico mais
detalhado da delimitação temporal sinalizada. Para construir o referencial teórico
buscarei nas teorias da justiça recursos para tal embasamento, destacando o
marxismo analítico em Cohen e o comunitarismo de Michael Walzer, criando
então o marco dual da intenção desse trabalho.O trabalho tange algumas
esferas do jogo político como articulação e participação política e centralização e
descentralização de poder. Essas esferas somadas à teoria da justiça distributiva
sob os olhares do marxismo analítico e do comunitarismo, como construção de
um conceito principal de orientação analítica, formam o embasamento teórico e
metodológico do estudo. Essa apresentação permeará demonstrar dados iniciais
e as bases das pretensões de pesquisa. Quanto aos resultados, ainda não posso
apresentá-los devido à incipiência do trabalho acadêmico aqui disposto. Por
enquanto, minha ideia em apresentar esse trabalho no referido evento é para
adquirir experiência e usar das criticas uma forma de melhorar a construção e
aparar possíveis arestas na construção da pesquisa.

Palavras-chave: Conselhos Comunais ; Venezuela ; Hugo Chávez.

252
Grupo de trabalho XI: Teorias Sociais
Contemporâneas: a crise enquanto
categoria analítica - Sessão a
Como a relação é concebida nas Ciências
Sociais: o esboço de uma reflexão

Adriana Werneck Regina


Doutoranda em Antropologia - UFSCar

Resumo: As reflexões de Walter Benjamin, Roy Wagner, Eduardo Viveiros


de Castro e Michael Herzfeld constituem o palco de estudo deste presente
ensaio no qual pretende, entre outras coisas, retratar as atuais tendências
nas formulações teóricas acerca de o que é compreendido como cultura e da
metodologia adotada para circunscrevê-la. Ao articular as convergências e
distinções entre estes autores, localizam-se algumas revisões críticas recorrentes
desde as últimas décadas do século XX, pondo em relevo a preocupação do
instrumental conceitual desviar-se de uma conduta científica pautada na
hegemonia epistemológica ocidental. São expostos diversos ângulos a favor da
alteridade como uma condição fundante da Antropologia, associado à defesa de
que a relação entre culturas inspire a própria reconceitualização do instrumental
teórico das Ciências Sociais. A relação intercultural ganha relevo como uma
experiência de caráter epistemológica, cujo rendimento é voltado para a
expansão do conhecimento científico. Paralelamente, captura-se como a relação
em si mesma tem se constituído como um foco privilegiado na compreensão de
como as manifestações culturais são engendradas. São destacados diferentes
contornos entre os diversos autores que, em comum, tendem em superar
o foco nas instituições como determinantes na maneira de viver, limitando
as possibilidades de agir e sentir. Vale ressaltar o caráter incipiente desta
sistematização analítica, mas que embora isso, possibilita esboçar as tendências
das formas de compreender como uma maneira de viver se desenvolve bem
como no modo de estudá-la.

Palavras-chave: Alteridade; Espistemologia; Relação.

254
A emergência das teorias do imaginário:
articulações do pensamento socioantropológico
frente à crise do sentido na contemporaneidade

Djaine Damiati
Doutoranda em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: É inegável que a civilização ocidental encontra-se mergulhada em


um volume de imagens sem precedentes. Tal fenômeno é creditado às suas
condições de produção e circulação propiciadas pelo desenvolvimento dos meios
técnicos, mas também pela lógica espetacularizante que permeia todo o sistema
econômico vigente, bem como as práticas sociais decorrentes dela. Gilbert
Durand (2004) considera a “civilização da imagem” como um “efeito perverso” do
iconoclasmo técnico-científico que culminaria com a pedagogia positivista. Em
outras palavras, o autor nos leva a entender que as principais invenções ligadas
aos meios de produção, reprodução e distribuição das imagens técnicas, foram
resultantes do progresso da química e da física, como foi o caso da fotografia,
do cinema e da televisão, sendo que mais tarde a teorização matemática teria
levado ao surgimento das imagens digitais abundantes na atualidade. A ciência
embasada no positivismo negou-se a prever o resultado civilizacional de suas
descobertas e o cenário pós-invasão das imagens técnicas, é o que Marc Augé
(1998) chamou de “crise do sentido”, na qual os símbolos, as instituições e a
própria noção de alteridade estariam em xeque. Assim, a crise gerada por uma
mudança significativa no regime das imagens demanda a emergência de uma
abordagem epistemológica capaz de identificar e compreender a sua influência,
sua relação com o simbólico e a cultura. Este trabalho propõe uma breve incursão
pelas teorias e estudos do imaginário com o objetivo de identificar propostas
e métodos para a compreensão da crise do sentido localizada no interior dos
sistemas simbólicos compartilhados na sociedade contemporânea.

Palavras-chave: Teorias; Imaginário; Crise.

255
Sujeito e Estado: Foucault e a microfísica dos poderes

Ramon Taniguchi Piretti Brandão


Doutorando em Filosofia Política - UFG

Resumo: Sabemos que, para Foucault, não existe uma teoria geral do poder. Isso
significa que, em suas análises, o autor não considera o poder como realidade
que possua uma natureza, uma essência que seria, por sua vez, definida a partir
de características universais. Em outras palavras, não existe algo unitário e global
chamado poder, mas unicamente formas díspares, heterogêneas, em constante
transformação. O poder não é um objeto natural, uma coisa; é, antes, uma prática
social e, como tal, constituída historicamente. Não se pode negar que as análises
genealógicas do poder produziram um importante deslocamento com relação
à ciência política, que limita ao Estado o fundamental de sua investigação. Ora,
se debruçando sobre a formação histórica das sociedades capitalistas, Foucault
viu delinear-se claramente uma não sinonímia entre Estado e poder. Assim, o
objetivo aqui pretendido é o de insurgir contra a ideia de que o Estado seria
o órgão central e único do poder, ou de que a inegável rede de poderes das
sociedades modernas seria uma extensão dos efeitos do Estado.

Palavras-chave: Estado; Poder; Foucault.

256
Considerações sobre os direitos à privacidade e à
intimidade: as tecnologias biométricas de segurança

Heitor Felipe Eidt Pirolo


Mestre, Especialista em Ensino de Sociologia - UEL

Resumo: Este trabalho busca refletir sobre o sentido da relação entre a vida e
a política, mais especificamente acerca da biopolítica nas sociedades ocidentais,
para compreendermos como essa relação se apresenta ao considerarmos a
existência e as maneiras de manutenção, legal e política, de Sistemas Biométricos
de Segurança. Procuramos compreender a intensificação na utilização de
tecnologias de segurança através do levantamento de dados biométricos de
indivíduos e populações.

Palavras-chave: Privacidade; Vigilância; Biometria.

257
A linguagem como arma de guerra: o pensamento
de Karl Kraus a respeito da corrupção da linguagem
e seu papel na formação do indivíduo-soldado

Laura Pimentel Barbosa


Mestranda em Ciências Sociais - UNESP

Resumo: Karl Kraus foi um jornalista e escritor austríaco que procurou


desenvolver um diagnóstico de seu tempo, para isso, Kraus utilizou,
principalmente, os artigos e a publicidade dos periódicos. Por meio desse
esforço, Kraus percebeu que uma forte tendência de corrupção da linguagem
acompanhava o desenvolvimento industrial e econômico, essa corrupção, por
sua vez, se intensificou com a Primeira Guerra Mundial. Essa corrupção se refere
ao fato de que, para Kraus, a linguagem havia sido reduzida em seu potencial
e transformada em mecanismo de manipulação das emoções e sentimentos
para estimular o apoio à guerra – contribuindo, portanto, para o fenômeno
da mobilização total. Por essa razão Kraus afirmou que a imprensa tornou-
se uma das mais mortais armas de guerra. Segundo Kraus, a linguagem, ao
perder a sua característica “poética” – quer dizer, de linguagem não mediata –
torna-se mais um mecanismo de automatização dos indivíduos, pois eles, ao
internalizarem e se utilizarem dessa linguagem, perdem sua capacidade crítica
e, consequentemente, seu espírito perde potência; desse modo, sobra espaço
para que as pulsões sejam estimuladas pelo poder político e menos espaço para
o trabalho da razão. A consequência desse processo, segundo Kraus, seria o
aumento da violência, nas diversas formas que ela pode tomar. Kraus foi um
dos primeiros a escrever a respeito da crise do espírito europeu no século XX e
acreditamos que muitas de suas reflexões continuam atuais, o nosso esforço,
nesse ensaio, será o de mostrar essa atualidade.

Palavras-chave: Modernidade; Crise; Pensamento Social.

258
Fenômenos da globalização: a proliferação da
guerra e dos processos de desumanização

Renaldo Mazaro Jr
Mestre em Ciências Sociais/Sociologia - UNICAMP

Resumo: Nossa tese é a desumanização como um dos principais dispositivos


da era global qual permite, de um lado, o aumento do controle das fronteiras,
da vigilância, a maior precarização da vida, a dissolução do Estado de direito
e, de outro lado, a globalização também prescinde de um senso e de uma
direção que podem ser percebidos pela utilização de léxicos, de expressões e
de imagens específicas da guerra na imprensa, nos filmes, nas propagandas e
nas mercadorias a nortear o destino dos povos e a penetrar na consciência das
pessoas. Assim, para compreender a globalização econômica e política através
da proliferação das guerras globais e dos dispositivos sociais que promovem
desumanização de pessoas, grupos sociais e povos em diversas regiões
geográficas, é necessário perceber a construção social da não-pessoa pelo
discurso político, através da utilização de termos específicos que desumanizam
adversários e inimigos - ao identificar em suas existências uma natureza brutal
e odiosa aos valores do ocidente: democracia e mercado, por exemplo. A
desumanização é um dispositivo e representa uma dinâmica cultural e política
que antecede e legitima as intervenções bélicas assistidas nos últimos vinte e
cinco anos, cuja construção ideológica produz uma nova subjetividade e uma
nova ordem social formadas pela utilização calculada politicamente do medo
e da intolerância, da xenofobia e do racismo, numa ordem mundial desigual,
excludente, hierárquica e inédita.

Palavras-chave: Desumanização; Globalização; Nova Ordem Mundial.

259
A política do medo através do terrorismo

Olavo Negrao Pereira Barreto


Mestrando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: O presente trabalho tem por intenção analisar o fenômeno da política


do medo como um dispositivo político utilizado pelas principais potências
ocidentais, sobretudo os Estados Unidos, após os atentados de 11 de Setembro
de 2001. A vitória do capitalismo na guerra-fria, o fim da URSS e a formação da
Nova Ordem Mundial, as sucessivas crises econômicas e políticas produziram
tanto a construção de um novo inimigo e o retorno da guerra como meio de
resolução dos conflitos. O discurso político estadunidense que abre os anos
1990 se constrói sobre a política de tolerância zero e contra as “novas” ameaças
que tornam o mundo inseguro e perigoso. O fenômeno do terrorismo será
rotulado pelo discurso que alimenta o ódio sobre uma cultura e um estilo de
vida que nega a marcha da globalização em direção da paz e da democracia. O
terrorismo, tal qual o terrorista, como apresentado atualmente na grande mídia
e nas descrições dos líderes políticos, se vincula, em essência, ao Islã. Construiu-
se uma imagem, um perfil, um arquétipo, uma definição sobre o ato terrorista e
sobre o terrorismo que, ao analisarmos de maneira mais intensa, fica evidente que
se traduz em definições com fins políticos e mercadológicos. A figura do inimigo
e do terrorista serve como instrumento para legitimação adoção das ações e
medidas que desconstroem o Estado de Direito e esvaziam os direitos humanos
fundamentais. Analisando o Ato Patriótico e a guerra “humanitária”, podemos
compreender como as políticas de vigilância das agências de segurança (como
a NSA), entre outras, promoveram profundas modificações constitucionais em
nome da segurança e da guerra ao terror, que alteram o sentido da sociedade
contemporânea.

Palavras-chave: Terrorismo; Medo; Globalização.

260
Contribuições e limites teóricos de Charles Taylor e
Jürgen Habermas à Teoria do Reconhecimento

Rubia de Araujo Ramos


Doutoranda em Sociologia - UNICAMP

Resumo: Esta apresentação busca problematizar o debate teórico entre Charles


Taylor e Jürgen Habermas sobre políticas de afirmação coletiva e políticas
universalistas, que tratam da racionalidade de políticas contemporâneas
que buscam atender demandas de reconhecimento, como problemas de
imigração, gênero, e desigualdades sociais e políticas de origens diversas.
A busca por diagnósticos de tempo favoreceu o desenvolvimento de novos
modelos explicativos, no qual o reconhecimento aparece como categoria teórica
importante para compreender as motivações de lutas reivindicatórias. A partir
da política de reconhecimento de Charles Taylor e do liberalismo de Jürgen
Habermas, que trata do Estado democrático de direito, iremos problematizar
contribuições e limites para a “Teoria Crítica” e a “Teoria do Reconhecimento”.
Tal escolha se deve a suas contribuições normativas e análises que partem da
facticidade dos obstáculos e potencialidades de coexistência eqüitativa das
diferenças no mundo social contemporâneo. Tendo em vista o problema central
- garantia de direitos e reconhecimento de minorias políticas -, buscaremos
avaliar a solução dada por Taylor a partir de duas críticas feitas por Habermas:
contra o paternalismo e o reconhecimento entendido apenas sob a forma de
reivindicações jurídicas. Na seqüência, mostraremos que Habermas buscou
apresentar potencialidades de emancipação e justiça no modelo tradicional do
sistema de direitos, reforçando sua tese de Direito e Democracia entre facticidade
e validade. Por fim, faremos uma análise da proposta elaborada por Habermas,
com o objetivo de avaliar seus argumentos e concluindo que a radicalização da
via procedimental do direito não dá conta do problema do reconhecimento de
minorias.

Palavras-chave: Reconhecimento; Estado Democrático; Política da Diferença.

261
Grupo de trabalho XI: Teorias Sociais
Contemporâneas: a crise enquanto
categoria analítica - Sessão B
Crise, regulação e os limites da racionalidade:
releituras da escola francesa da regulação

Rogério dos Santos Bueno Marques


Doutorando em Sociologia - UFG

Resumo: Ao procurar as razões que levam à crise buscamos também o seu


contrário: a estabilidade e suas condições de manutenção. É então que entra
em cena o conceito de regulação – a situação de não-crise, capaz de fornecer
condições de reprodução de um sistema com bases sociais, políticas e econômicas.
Esse conceito foi amplamente desenvolvido por economistas franceses através
da formulação do conceito de modo de regulação, cunhado para facilitar a
operacionalização do conceito de regime de acumulação. Assim, um regime de
acumulação só pode funcionar e reproduzir-se se a ele estiver adaptado um
correspondente modo de regulação. Uma crise econômica ocorre quando o
modo de regulação dessa economia não mais assegura a estabilidade de seu
respectivo regime de acumulação. Fazem-se necessários novos arranjos nesse
sistema, a fim de que a articulação entre estas duas categorias se harmonizem.
Algumas questões foram realizadas por críticos da teoria, destacando a
plasticidade das relações sociais, que por serem frutos de ações articuladas
assumem por diversas razões foros de reprodução e estabilidade no interior
de um dado sistema. Esta reprodução se dá pela disponibilidade dos atores, na
medida em que a esta produz uma regularidade e posterior previsibilidade das
ações entre os diferentes atores. O objetivo deste trabalho é questionar os limites
da racionalidade como parâmetro de construção de consensos e regularidades
a partir do ponto de vista da teoria da regulação. Destaco o modo pelo qual
as representações sociais informam em grande medida as ações reiteradas no
tempo que conferem estabilidade, indicando como a teoria da regulação enseja
uma crítica ao homo economicus pela via de uma interpretação interacionista
da vida social.

Palavras-chave: Crise; Regulação; Racionalidade.

263
A crítica da racionalidade científica: aproximações
entre Ulrich Beck e Boaventura de Sousa Santos

Marcelo Rodrigues Lemos


Doutorando em Ciências Sociais - UNESP/Marília

Resumo: A compreensão da contemporaneidade, pelas Ciências Sociais, implica


a revisão de suas regras metodológicas, através de uma crítica epistemológica
sobre os limites do conhecimento social. Esta pesquisa propõe, com isso, debater
a crise de representatividade da ciência, questionando suas noções de verdade.
Neste amplo universo de discussões, Ulrich Beck e Boaventura de Sousa Santos
são referências destacáveis. Para Beck, a ciência não é entendida apenas
como fonte de resolução dos problemas, pois a expansão técnica também é,
em diversos casos, a causa geradora de riscos civilizacionais. Santos, por sua
vez, afirma que a racionalidade cognitiva-instrumental moderna colonizou e
subjugou outras formas de saber, fato que desperta a busca por novas reflexões
que rompam com a tendência da ciência clássica de valorizar uma plateia
universal específica. Trabalhando com os pesquisadores em questão, é possível
notar progressivas transformações na análise científica, que reanimam a razão a
partir de outros discursos e parâmetros conceituais.

Palavras-chave: Ciência; Crise; Crítica.

264
CRISE E CRÍTICA: RAÍZES COMUNS E POLARIZAÇÕES

Erick Quintas Corrêa


Mestrando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Em sua raiz latina, a palavra crise se limita a um emprego medicinal,


como o ponto de virada de uma doença e o juízo médico. Em grego, a palavra
crise assume tanto um significado teológico, enquanto Juízo Final, tribunal
universal, quanto um significado jurídico, associado ao termo crítica. O conceito
de crise significa em primeiro lugar separação, luta, mas também decisão, no
sentido de uma recusa definitiva, de um veredicto ou juízo em geral, que hoje
pertence ao âmbito da crítica. As significações, hoje separadas, de uma crítica
“subjetiva” e uma crise “objetiva” eram originalmente concebidas sob um termo
comum. Para Reinhart Koselleck (1952), a crise do Absolutismo no século XVIII
e a filosofia (iluminista) da história constituem um “fenômeno complementar e
internamente ligado”, resultante de uma transposição da escatologia cristã para
uma filosofia do progresso. Contudo, nesta secularização do emprego teológico
do termo crítica, o termo crise desaparece, dissimulado nos/pelos postulados
morais dos filósofos da história burgueses. Os séculos XX e XXI, marcados pela
sucessão de inúmeras crises econômicas, sociopolíticas, ecológicas, culturais,
inauguraram um período de crise permanente e estrutural do sistema capitalista.
Em 1976, Edgar Morin publica um ensaio centrado no problema da crise
enquanto categoria analítica central de um “pensamento complexo”. Contudo,
a “crisologia” proposta por Morin pretendia arvorar-se uma “teoria da crise”
destituída de qualquer referência ao termo crítica. No campo do marxismo,
autores como Robert Kurz (1991) e István Mészáros (2009) buscaram constituir
uma teoria marxista da crise, retomando de certa maneira o seu vínculo original
com a crítica.

Palavras-chave: Crítica; Crise; História.

265
Dialética e ciências sociais em tempos de crise:
duas experiências da teoria crítica

Igor Lula Pinheiro Silva


Mestrando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Este trabalho tematiza a relação entre dialética e ciências sociais diante
de situações de crise que impactam tanto à dinâmica da vida em sociedade,
quanto às diversas categorias analíticas disponíveis ao intelectual em seu
trabalho de pesquisa social. Afinal, quais devem ser as atitudes ou providências
fundamentais a serem tomadas pelo cientista social em tais contextos de crise?
Para discutir esta questão, o objetivo aqui é analisar duas experiências do
pensamento dialético no século XX: em primeiro lugar, a concepção de imagem
dialética presente nos ensaios de crítica cultural de Walter Benjamin da década
de 1930 e, em segundo lugar, a crítica à indústria cultural realizada por Theodor
Adorno e Max Horkheimer na obra Dialética do esclarecimento (1947). Ao efetuar
a análise destas duas experiências da teoria crítica, este estudo não procura
oferecer modelos exemplares que devem orientar as investigações sociais na
contemporaneidade, mas apenas destacar as suas exigências críticas de que
o pensamento, assim como suas diversas categorias analíticas, se atualizem
constantemente em busca de um ponto de vista renovado, procurando
acompanhar o movimento de transformação da própria realidade com a qual se
defrontam. Portanto, a tese sustentada neste trabalho é a de que a dialética tem
a oferecer às ciências sociais – não um sistema fechado de teses ou proposições e
tampouco um conjunto rígido de categorias analíticas –, mas fundamentalmente
a autoconsciência de sua tarefa infinita de pensar o próprio tempo presente a
partir de uma análise crítica imanente.

Palavras-chave: Crítica Imanente; Imagem Dialética; Indústria Cultural.

266
Modernidade e Pós-modernidade:
evidenciando contradições

Christiane Milessa Gonçalves


Mestranda em Serviço Social - UNESP/Franca

Resumo: O presente ensaio tem como proposição alinhavar algumas ideias no


que tange a contradição entre o campo da modernidade e o campo da pós-
modernidade. Tal proposta de trabalho adota como referência uma perspectiva
histórica e de totalidade alicerçada á teoria crítica, com o intuito de analisar
e problematizar o surgimento e a sedimentação do campo pós-moderno nos
dias atuais, tendo em vista o seu alastramento nas ciências sociais. Para tal,
buscaremos ponderar algumas questões que orientam o referido debate, tendo
como categorias norteadoras: o conceito de modernidade e pós-modernidade, a
noção do que é o conhecimento e a centralidade do sujeito individual ou coletivo
no processo de transformação social. Tais questões pontuadas acima possuem
como ponto de partida, ou seja, como ponto de arranque para a discussão a
obra do filósofo Jean-François Lyotard “O pós-moderno” de 1979 e em contra
partida, vamos nos ater também ás obras de Fredric Jameson “Pós-modernismo:
a lógica cultural do capitalismo tardio” e David Harvey “A condição pós-moderna”
com o objetivo de problematizar algumas das grandes questões que a temática
apresenta evidenciando também o seu contrário, ou seja, o viés da crítica. O
ensaio teórico será realizado mediante pesquisa bibliográfica e a partir das fontes
já apresentadas acima, levando em consideração a importância e a relevância de
cada autor para com a temática desenvolvida.

Palavras-chave: Modernidade; Pós-modernidade; Teoria Crítica.

267
A modernidade como projeto inacabado de sociedade:
insuficiências das teorias sociais e críticas a um
diagnóstico de tempo da contemporaneidade

André de Oliveira Gerônimo


Doutorando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Demarcando uma das principais sínteses dos intentos reconstrutivos da


compreensão materialista da história, a normatividade legada da modernidade
como um projeto inacabado de sociedade suscita, mais do que seus prognósticos
propedêuticos das teorias comunicativas e do reconhecimento, a necessária
retomada da crítica da economia política sobre o atual estado das formas de
vigência do valor. Deste modo, problematizando a modernidade como repositório
normativo dos horizontes emancipatórios do tempo presente, esta comunicação
tem por objetivo analisar algumas das insuficiências do esclarecimento na
sustentação de seus potenciais críticos fundados sobre os ideais da autonomia
intelectual, política e econômica dos indivíduos diante dos particularismos
classistas, geopolíticos, étnicos e mitopoéticos que, dentre tantos outros, têm se
perpetuado como mediações econômico-políticas socialmente fragmentadoras
da identidade humana.Elencando a crítica (1) da mistificação do intelecto pela
esoterização do saber científico, pela midiatização e pela espetacularização da
realidade, e da mercantilização da ficção como meio de alienação; (2) da redução
da fruição política às recrudescentes tendências autocráticas, ditatoriais e às
cada vez mais formais e menos substantivas democracias; e (3) da resignação da
autonomia econômica frente ao fetichismo e à reificação das relações necessárias
à produção e à reprodução social dos indivíduos, pretendemos assim contribuir
com a persistência epistemológica das teorias críticas e sociais pela continuidade
de sua imanente autorreflexividade, reconstruindo os espólios normativos do
esclarecimento pela reposição de suas bases epistemológicas, de suas sínteses
críticas e de suas disposições praxiológicas.

Palavras-chave: Modernidade; Teorias Sociais; Teoria Crítica.

268
O fenômeno populacional das grandes cidades:
O comportamento como busca de compreensão sociológica

Josias Alves da Costa


Mestre em Ciências da Religião - PUC/GO

Resumo: O texto busca de compreender os fenômenos sociais absorvidos pela


sociedade moderna, especialmente, na explosão demográfica das grandes
cidades e seus consequentes acontecimentos modificadores de valores e
costumes. Os novos modelos de tradições surgem a partir do engessamento
desses costumes e tradições e são elementos essenciais para compreensão
dessa nova sociedade que surge. Dentro desta perspectiva os retratos sociais
modernos construídos através de acontecimentos alheios ao interesse dos
novos modelos de existência, tais como: misérias, epidemias, suicídios, aumento
da prostituição e da criminalidade registram os caminhos percorridos pela nova
sociedade do século XXI.

Palavras-chave: Fenômenos; Comportamentos; Sociedades.

269
Aceleração social: para uma teoria
crítica dos tempos modernos

João Lucas Faco Tziminadis


Mestrando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Apesar da presença constante nas teorias sociais, clássicas e


contemporâneas, o problema da dimensão temporal moderna, e de sua
especificidade aceleratória, não é usualmente tratado como um problema que
mereça atenção específica. No entanto, na virada do último século e ao longo
desses primeiros anos do século presente, o problema da dimensão temporal
tem ganhado espaço entre autores como Barbara Adam, Helga Nowotny, Willam
Scheuermann, Robert Hassan, Hartmut Rosa, Judy Waycman, entre outros. O
denominador comum da preocupação desses autores são as mudanças que, ao
longo das últimas décadas do século passado, desestabilizaram e reordenaram
as estruturas sociais, as bases de acumulação capitalista e o horizonte cultural
moderno. Essas mudanças precipitam-se em uma condição temporal nova, que
se projeta sobre aspectos fundamentais do mundo social, como as instituições
políticas, as comunicações, a produção do conhecimento e, sobretudo, o
processo formativo das individualidades. Não apenas apresenta-se uma
alteração da experiência imediata com o tempo, ao nível das práticas cotidianas,
mas também uma alteração da percepção do sentido histórico. Desses autores,
aquele que exaustivamente tematizou os tempos modernos é Hartmut Rosa,
que propõe uma análise no registro da teoria crítica, e sugere uma nova teoria da
modernidade a partir do conceito de aceleração social. Aqui, modernização torna-
se sinônimo de aceleração, um processo prenhe de potenciais contraditórios e
paradoxais, que lança os indivíduos a uma experiência temporal que, em sua
radicalização contemporânea, engendra a um só tempo liberação e mal-estar,
velocidade e disfuncionalidade, autonomia e alienação.

Palavras-chave: Aceleração Social; Contradição; Alienação.

270
CRISE CONTEMPORÂNEA DO CAPITAL: limites para
a emancipação política ou possibilidade para
emancipação humana?

Darliane Maria Holanda Costa


Mestranda em Serviço Social - UECE

Resumo: Esse trabalho intenta, a partir das contribuições de Karl Marx “Em
a questão judaica 1843”, retomar a discussão sobre emancipação política e
emancipação humana a partir da crise contemporânea do capital.Ao analisar a
situação dos judeus na Alemanha, Marx faz a crítica ao Estado burguês e seus
direitos humanos: liberdade, igualdade, propriedade e segurança, provenientes
das revoluções francesa e americana que consolidam valores e interesses
burgueses, portanto não podem ser universalistas.A aliança estratégica entre
Estado e capital, vê como saída para a crise estrutural a supressão de direitos
e ampliação da superexploração de homens e mulheres protagonistas de uma
cena que expõe as fissuras do sistema capitalista e seu potencial destrutivo.
No Brasil, no contexto de crise, ampliam-se as desigualdades e aumenta a
distância entre o homem público e o homem privado. Ou seja, os direitos
humanos ancorados nos ideais das revoluções burgueses representam uma
emancipação incompleta que se opera apenas na ordem politica. A partir dos
elementos apresentados conclui-se que a argumentação de Marx estava correta
ao perceber os limites da universalização dos direitos burgueses. No século
XXI, a agudização da crise contemporânea, ao mesmo tempo que aprofunda
as desigualdades, cria as condições históricas para a revolução social, portanto,
para uma sociedade humanamente livre e emancipada.

Palavras-chave: Crise do Capital; Emancipação Política;


Emancipação Humana.

271
Reestruturação produtiva e crise social:
contribuições a partir da Teoria Crítica

João Mauro Gomes Vieira de Carvalho


Doutorando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: O trabalho ora proposto tem como escopo abordar as potenciais


contribuições da Teoria Crítica para a compreensão da sociedade contemporânea,
bem como de algumas das categorias utilizadas nas Ciências Sociais para
caracterizá-la, com especial atenção às consequências da reestruturação
produtiva e do desenvolvimento tecnológico sobre a organização objetiva
da sociedade e a decorrente produção da crise social. Seguindo a exposição
de Th. W. Adorno, em seu texto Capitalismo tardio ou sociedade industrial?,
argumenta-se que a estrutura social deve ser apreendida a partir de sua dinâmica
contraditória imanente, por meio da análise objetiva. Faz-se referência à obra de
alguns autores contemporâneos, como L. Gallino e M. Binswanger, que partem
de análises de conjuntura e de pesquisa empírica com o intuito de compreender
algumas consequências das transformações sociais decorrentes do processo de
reestruturação produtiva, que engendra a crise por meio da sobreposição do
capital financeiro em relação ao capital produtivo, a intensificação da pressão
concorrencial e a flexibilização e precarização do trabalho e da existência.
Com a referência a essas análises, pretende-se delinear as especificidades do
capitalismo contemporâneo como objeto da Teoria Crítica, atualizando-a ao
mesmo tempo em que fornece uma fecunda contraposição a algumas teorias de
cunho subjetivista que hoje adquirem prestígio no âmbito das Ciências Sociais
brasileiras.

Palavras-chave: Teoria Crítica; Reestruturação Produtiva; Crise.

272
Grupo de trabalho XII:
EDUCAÇÃO E SOCIEDADE - Sessão A
USO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO E DINÂMICAS DO TRABALHO DOCENTE

Denise M. Cardoso¹; Lorena T. Trindade da Costa²; Tássio de S. Damasceno³


¹ Doutora em Desenvolvimento Socioambiental - UFPA
² Mestranda em Antropologia - UFPA
³ Mestrando em Sociologia - UFPA

Resumo: As TIC’s (Tecnologias de Informação e Comunicação) invadiram as


salas de aula modificando o cotidiano escolar, estabelecendo uma nova relação
entre as tecnologias e a sociabilidade, configurando a cultura contemporânea.
A partir disso, buscamos analisar como discentes e docentes do curso de
Ciências Sociais da Universidade Federal do Pará tem utilizado essas novas
tecnologias, mais especificamente, dos dispositivos móveis (celulares e tablets)
como ferramentas no processo de ensino e aprendizagem. O objetivo é
identificar para que fins eles utilizam essas ferramentas e se existe a aplicação
delas como auxiliares no ensino. As técnicas abordadas consistem em pesquisa
bibliográfica e no trabalho de campo, utilizando instrumentos como roteiro de
entrevista semiestruturada, a observação participante e o registro em diário
de campo. Os resultados demonstram que mais da metade dos professores
utilizam ou pretendem utilizar esses aparelhos como uma ferramenta de
auxílio, enquanto que os alunos que utilizam dividem a utilização em verificar
as redes sociais, fazer pesquisas rápidas e ler os textos trabalhados em sala
através dos dispositivos. Concluímos com a pesquisa que ambos concordam
que é preciso haver disciplina em relação ao uso de TICs em sala de aula e que,
entre eles, existe cada vez mais o desejo de utilizar esses aparelhos para fins
relacionados às aulas.

Palavras-chave: Novas Tecnologias da Informação e Comunicação;


Cibercultura; Educação.

274
CINEMIMESIS: O Cinema como representação
da realidade em uma experiência educativa

Ellen Zouain¹; Marcelo Silva Cruz²; Thiago Senatore Morila³


¹ Graduanda em Pedagogia - UFES
² Graduando em Pedagogia - UFES
³ Graduando em Engenharia de Produção - UFES

Resumo: O presente artigo busca apresentar e problematizar – através da


exposição do projeto de ensino CineMimesis - a relação existente entre as
produções teórico-acadêmicas e cinematográficas, com base em intelectuais
tais como Giorgio Agamben, Zygmunt Bauman, e cineastas como Mikhail Romm,
Luis Buñuel e outros, que fazem abordagens sobre os diferentes fenômenos, em
diferentes tempos históricos, da realidade social, no intuito de contribuir para
uma reflexão crítica dos mesmos e para a expansão do universo acadêmico
e cultural dos alunos da UFES no campus CEUNES, situado na cidade de São
Mateus-ES, campus este cuja realidade atual encontra-se se voltada para o ensino
da área de exatas e composto majoritariamente por cursos de engenharia.
Partindo da concepção adorniana em que “a exigência que Auschwitz não se
repita é a primeira de todas para a educação”, o CineMimesis tornou-se um
projeto que, muito além do ensino, cria espaços de debate e aprendizado,
inquietando seus participantes no que toca à reflexão acerca das condições
atuais do processo social, cultural, político e educacional, desconstruindo valores
de uma determinada ordem e levando a repensar e questionar ideologias que
nos transformam num reflexo do espelho da modernidade, esta, “que descarta
sucessivas versões de harmonia” (BAUMAN, 1925).

Palavras-chave: Projetos de Ensino; Educação e Teoria Crítica; CineMimesis.

275
Educação como desbarbarização:
a crítica ao fascismo nas reflexões filosófico-
educacionais de Theodor W. Adorno

Amanda Forner
Graduanda em Ciências Sociais - UNESP/Marília

Resumo: Durante a fase norte-americana do Instituto de Pesquisas Sociais,


o filósofo alemão Theodor W. Adorno, no contexto da pesquisa de natureza
interdisciplinar sobre o fenômeno da personalidade autoritária, escreveu um
importante artigo empregando conceitos da psicanálise freudiana para refletir
sobre o fascismo em solo norte-americano. Nessa reflexão, Adorno propôs,
como implicação do envolvimento emocional das massas com o líder, certo tipo
de envolvimento farsesco, denominado como impostura, que teria um papel
fundamental para explicar a adesão a movimentos de massa. Alguns anos depois,
em seus escritos no campo educacional, o filósofo enfatizou a necessidade de
desbarbarização no campo educativo, entendida como dissolução dos elementos
de frieza subjetiva. Considerando esses dois campos de estudo, o presente
trabalho pretende articular o conceito de impostura, originado da crítica de
Adorno ao fascismo, ao imperativo de desbarbarização no campo educacional,
com o objetivo de explicitar a relevância de uma autoreflexão crítica de natureza
subjetiva na área da educação.

Palavras-chave: Semiformação; Teoria Crítica ; Fascismo.

276
Algumas perspectivas da Teoria Crítica da sociedade
acerca dos limites e possibilidades de uma educação
para emancipação na atual conjuntura

Bruno Perozzi da Silveira


Doutorando em Ciências Sociais - UNESP

Resumo: No presente trabalho propomos a tarefa de compreender algumas


ideais expostas por Adorno, Horkheimer e Marcuse acerca da educação.
Partiremos da compreensão das críticas à “semiformação”(Halbbildung) e
da perspectiva adorniana de educação para emancipação. Isto feito, nos
voltaremos para a obra de Herbert Marcuse. Tomando sua análise da ideologia
da sociedade industrial como ponto de partida da crítica à restrição da reflexão,
buscaremos a compreensão e a aproximação com a ideia de conhecimento para
a autonomia como utopias realizáveis - no sentido em que o autor propõe em
“O Fim da Utopia” - em nosso contexto histórico. O estudo crítico da sociedade
como ponto de partida para a desnaturalização das condições dominantes deixa
claro que as possibilidades da Educação são utopias no sentido proposto por
Marcuse: como possibilidades que se encontram impedidas pela organização
do mundo transformada em ideologia da classe dominante. Para realizar esta
aproximação, entre educação, autonomia e “fim da utopia”, utilizaremos outros
conceitos de Adorno, assim como seus questionamentos acerca da importância
da educação. Para início, abarcaremos o conceito de Bildung (formação cultural) e
da Halbbildung (semiformação), para buscarmos a compreensão da importância
da crítica à semiformação, como base e pressuposto para a perspectiva de que
é necessário pensarmos em uma educação para a emancipação. Textos como
“Educação após Auschwitz”; “Educação para que? ”, de Adorno e “O fim da
Utopia” de Marcuse, nos auxiliaram e foram disparadores e base das discussões
aqui apresentadas.

Palavras-chave: Teoria Crítica da Sociedade; Educação; Emancipação.

277
A escola e seus processos de subjetivação:
práticas e discursos pedagógicos a partir de
uma perspectiva foucaultiana

Danila Faria Berto


Doutoranda em Ciências Sociais - UNESP/Marília

Resumo: Sob a perspectiva teórico-metodológica de Michel Foucault, o presente


estudo teve por finalidade propor a discussão da instituição escolar e as
relações de poder inerente em suas práticas, não somente enquanto espaço de
transmissão de conhecimento, mas, sobretudo como meio de disciplinamento
e de subjetivação dos indivíduos. Tomando por base uma escola fundamental
e municipal da cidade de Marília – SP, realizou-se um trabalho de observação,
levantamento de dados, bem como uma pesquisa empírica com as crianças,
que possibilitou a inclusão no ambiente escolar em questão. Assim, conclui-se
que, apesar das infinitas técnicas de vigilância e disciplinarização encontrados na
instituição escolar a partir de um controle do tempo e espaço, tais coerções não
reprimiam a infância dos sujeitos em questão, ao contrário, eram internalizadas,
num processo onde cada criança poderia produzir suas próprias subjetividades.
O objetivo da pesquisa foi elucidar as práticas pedagógicas, procurando percebê-
las enquanto instrumentos para a produção de uma subjetividade dos sujeitos
escolares e uma tecnologia do eu, e discutiram-se as relações existentes neste
processo de subjetivação e o disciplinamento dos corpos dos educandos para se
pensar o problema do papel que a instituição escolar ocupa, os discursos que
produz e como ocorre a formação do sujeito em seu interior. Palavras-chave:
Foucault, relações de poder e saber, subjetividade, instituição escolar.

Palavras-chave: Foucaullt; Subjetividades; Relações de Poder e Saber.

278
DISCIPLINA ESCOLAR E DISCIPLINA FABRIL: Educação
e formação da classe operária nacional nos
anos 1930 e 1940

Derick Casagrande Santiago


Mestre em Educação - USP

Resumo: O presente trabalho aborda a educação escolar brasileira frente ao


processo de modernização de sua sociedade. Seu objeto de estudo consiste,
detidamente, na dimensão ocupada pela educação escolar quanto à formação
da classe operária nacional durante o governo Vargas (1930-1945). Tratando-
se de um período que condiz com mudanças observadas nas esferas política,
econômica e social do país, a abordagem do contexto histórico enfatizam
as propostas, ações e a organização desempenhadas na esfera educacional.
Nesse sentido, sua realização está baseada em literatura acerca da relação
entre Estado, sociedade e educação, após a proclamação da República e,
mais especificamente, nas décadas de 1930 e 1940. A investigação também
procede de análise de documentos oficiais da época concernentes à educação
e à criação e regulamentação de instituições escolares de diferentes níveis.
Ao mesmo tempo em que se exigia a formação de uma classe trabalhadora
apta à produção sob a lógica racional do trabalho, havia a preocupação com
a formação de uma classe dirigente capacitada para conduzir e coordenar as
ações econômicas, ocupando altos cargos hierárquicos na burocracia privada
e estatal.Ressalta-se que o processo de modernização promovido pelo Estado
esteve articulado ao nacionalismo, sendo sua tônica a valorização do homem
tipicamente brasileiro e a ampliação da racionalização de forma a imprimir
comportamentos considerados adequados e necessários para a vida urbano-
industrial emergente. Competiria à educação escolar, então, subsidiar uma
formação específica que, por meio da integralidade de seu ensino, privilegiasse
os hábitos de saúde e higiene, a capacitação para o trabalho, a conformação da
cidadania e a disseminação de valores nacionais.

Palavras-chave: Educação Escolar; Classe Operária; Era Vargas.

279
Dilemas e contradições sobre a
autonomia escolar em Gramsci

Anderson Bombarda
Mestre em Educação Escolar - UNESP/Araraquara

Resumo: Antônio Gramsci(1979) analisa a influência do Estado na concepção


da cultura, na qual a escola, é vista como uma estrutura de “adestramento”
da massa. A escola, por ser uma estrutura ligada ao âmbito do Estado, tem
sua autonomia posta em contradição, pois é criadora de consenso comum,
pautada nas ideologias do Estado Burguês. Esse Estado, mais plausivelmente
o brasileiro,é na interpretação de Florestan Fermandes(2002),uma extensão de
interesses patriarcais.Gramsci(1979) reitera a criação de uma escola única, de
sentido humanista, destinada a criar um espaço livre para aquisição de uma
cultura geral, bem como a concepção de educar para a vida. Na formação geral,
destacando-se filosofia, história e língua nacional, ocupa posição privilegiada,
visto que constitui instrumento imprescindível à análise, elaboração e expressão
da concepção de mundo propulsora de ação coletiva para a transformação
da sociedade. Realizando, através da conscientização reflexiva-filosófica, uma
crítica aos conteúdos do consenso comum e criando uma ruptura com seu papel
passivo, assumindo a compreensão do papel de ator social.A autonomia escolar,
e paralela a ela, a autonomia docente são de extrema importância para que haja
uma efetiva corporação dos alunos na aquisição do conhecimento. Os modelos
predestinados pelos sistemas governamentais, e as formas tradicionalistas de
avaliação, agregadas à suposta aquisição de conhecimento, fazem com que se
confirme uma presença anticientífica da educação. Contudo, se queremos lançar
à educação um olhar científico, devemos, segundo (PARO), ampliar o conceito de
educação que consiste na apropriação de cultura. Esta, de forma ampla também
envolve a relação do educando com a sociedade.

Palavras-chave: Educação; Filosofia Reflexiva; Práxis Social.

280
Grupo de trabalho XII:
EDUCAÇÃO E SOCIEDADE - Sessão B
A PRÁTICA CURRICULAR DO ENSINO DE
SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO NA PARAIBA

Geziane do Nascimento Oliveira¹; Geovânia da Silva Toscano²


¹ Mestranda em Sociologia - UFPB
² Professora Doutora - Departamento de Ciências Sociais - UFPB

Resumo: Busca-se compreender qual o currículo de sociologia praticado pelos


docentes de sociologia na Escola Estadual Maria Honorina Santiago na cidade de
Santa Rita/PB. Este campo de investigação emergiu a partir de nossa inserção
no Estágio Supervisionado no curso de licenciatura em Ciências Sociais no
primeiro semestre de 2016. Nossa intenção foi durante a nossa experiência
como discente de Ciências Sociais da UFPB sensibilizar os docentes para
práticas diferenciadas de abordagens dos conhecimentos da nossa área que
propiciassem o pensamento reflexivo entre os jovens de ensino médio frente
as suas demandas e expectativas escolares e não escolares. Assim sendo, o
estudo se debruça sobre uma literatura que tem a preocupação de perceber as
inquietações aqui caracterizadas sobre os conteúdos e metodologias utilizadas
nas aulas de sociologia do ensino médio. E é nesta perspectiva que autores como
Silva (2007), Gatti (2010), Young (2011), Takagi (2014), Tomazi (2008), Jinkings
(2007), Sarandy (2001) suscitam reflexões e análises sobre a inserção curricular
da sociologia no ensino médio nas escolas públicas do Brasil. Na metodologia
apreendida na pesquisa serão realizadas entrevistas semi-estruturadas com
alunos e professores sobre o currículo praticado na sociologia na referida escola.
Além de observações em reuniões coletivas da escola, nas aulas de sociologia
e possíveis atividades e eventos relacionados à disciplina de sociologia. Por
se tratar de um campo em construção, a proposta é fomentar experiências e
aprendizados para realização e estudo desta pesquisa.

Palavras-chave: Ensino de Sociologia; Currículo; Ensino Médio.

282
A IMPLEMENTAÇÃO DA SOCIOLOGIA NO CURRÍCULO
DO ENSINO MÉDIO EM FORTALEZA/CE

José Anchieta de Souza Filho¹; Geovânia da Silva Toscano²


¹ Mestre em Ciências Sociais - UERN
² Professora Doutora - Departamento de Ciências Sociais - UFPB

Resumo: Apresentamos a construção histórica do ensino de Sociologia,


identificando como ocorreu a sua implementação no ensino médio no Ceará.
Para isso, trazemos alguns dados sobre o Estado do Ceará como forma de
caracterizar a sociologia no ensino médio social e politicamente. Para atingir
nosso objetivo, recorremos a documentos oficiais - Decretos, Resoluções -
e produções bibliográficas específicas da Secretaria de Educação do Ceará.
Após a leitura e análise das documentações oriundas do Conselho Estadual
de Educação do Ceará e da Secretaria de Educação do Ceará, verificamos que
a institucionalização da disciplina Sociologia no currículo do ensino médio em
Fortaleza/Ce ocorreu de forma gradativa entre 2004 e 2008. Nesse momento
a disciplina não possuía caráter de obrigatoriedade no mapa curricular da
educação básica, ocorrida somente com a Lei nº 11.684/2008, onde sua inclusão
definitiva aconteceria a partir do ano letivo 2009 acompanhando as orientações
nacionais para os demais estados brasileiros. Como resultado do processo de
implantação destacamos o Material Escola Aprendente que serviu como suporte
para a construção do currículo do ensino da disciplina Sociologia em Fortaleza/
Ce. Essa proposta foi construída de maneira participativa pelos docentes que
já atuavam na disciplina durante os seminários realizados pela Secretaria de
Educação do Ceará com envolvimento da Universidade Estadual do Ceará.

Palavras-chave: Ensino de Sociologia; Currículo; Fortaleza/CE.

283
Educação e luta política na trajetória do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

Luana de Paula Perez


Mestranda em Ciências Sociais - UNIFESP

Resumo: Esse trabalho teve por objetivo analisar a relação entre educação e
luta política na trajetória do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST). Nessa perspectiva, tanto a pesquisa e quanto a análise lançam um olhar
para as questões internas do movimento sob à luz de conceitos centrais da
teoria social e educacional em Gramsci, como: intelectual orgânico, guerra de
posição e hegemonia. Somado a um levantamento de dados e documentos,
que norteiam a preocupação em compreender como se deu esse processo
de expansão do projeto educacional e de uma pedagogia própria, da possível
relação deste com as estratégias de mobilização do MST e o comportamento
que o movimento assume frente aos governos, de acordo com a periodização
delimitada que abrange o momento político, a formação do movimento e o
momento histórico ao qual estavam inseridos. Momentos estes que implicam
numa relação direta entre educação e luta política, denotando a composição
de um projeto educacional dadas às necessidades internas da formação para
a militância. Esse projeto implica em estratégias de ação que culminam na
possível interiorização do processo de formação de intelectuais orgânicos no
processo educacional (escolas e educação do campo) e de formação de quadros
do MST (formação para a militância com destaque para a construção da Escola
Nacional Florestan Fernandes), denotando assim a relação implícita que norteou
o problema central da pesquisa.

Palavras-chave: Educação; Luta Política; MST.

284
Apontamentos sobre a história do ensino de Sociologia
na educação básica e suas contribuições para a
formação dos jovens num contexto de crise

Carolina Modena da Silva


Mestranda em Educação - UFSCar

Resumo: A história do ensino de sociologia na educação básica no Brasil foi


marcada por momentos de presença, ausência ou facultatividade, desde sua
implantação pela Reforma Benjamin Constant em 1890, que assegurava seu
ensino no então secundário e nos cursos superiores de Direito. Na área das
Ciências Sociais, o debate sobre seu ensino também sofreu inconstâncias, entre
momentos de grande discussão, como no I Congresso Brasileiro de Sociologia
realizado em 1954, no qual Florestan Fernandes e Antônio Cândido defenderam
a necessidade da compreensão científica para a construção da nação e do ensino
de sociologia como essencial para realizar esse processo, e uma grande lacuna
de pesquisas e debates entre as décadas de 1960 e 1970. Foi nos anos 1980
que a discussão em torno da retomada do ensino de sociologia na educação
básica ganhou força, principalmente a partir da luta de grupos organizados de
sociólogos e cientistas sociais, que discutiram a necessidade dessa ciência para
melhor formação dos estudantes num contexto de redemocratização do país,
momento no qual alguns estados concretizaram a disciplina de sociologia no
currículo escolar. Depois da nova LDB - Lei no 9.394 de 1996, que propunha que
ao final do ensino médio o estudante deveria possuir conhecimentos de filosofia
e sociologia para o exercício da cidadania, o ensino de sociologia na educação
básica nas três séries do ensino médio, foi assegurado em todo o país com a Lei
no 11.684 em 2008. Pretendemos discutir a história do ensino de sociologia na
educação básica e suas contribuições para a formação dos jovens brasileiros
num contexto de crise econômica e social.

Palavras-chave: Ensino de Sociologia; Educação; História da Sociologia.

285
O ensino de sociologia no itinerário das
metodologias ativas de ensino aprendizagem

Kattia de J. A. A. Figueiredo¹; Nilza M. S. dos Anjos²; Suzana G. Rodrigues³


¹ Doutoranda em Educação - UNB
² Especialista em Metodologia do Ensino Superior - UNEB
³ Mestranda em Administração em Saúde - UERJ

Resumo: Este trabalho tem por objetivo discutir, à luz das Ciências Sociais,
a relação entre educação e sociedade consubstanciada nas metodologias
inovadoras de ensino-aprendizagem. Toma-se como objeto de análise
a problematização do ensino de sociologia aplicado aos procedimentos
metodológicos da Aprendizagem Baseada em Problema (ABP). Trata-se de uma
estratégia metodológica emergida de um contexto social de transformações
econômicas, políticas e culturais propelidas pelo desenvolvimento das chamadas
novas tecnologias educacionais introduzidas nos cenários das escolas como
um dos dispositivos pedagógicos capazes de melhorar e ampliar os percursos
de aprendizagem na perspectiva de integrar, de forma articulada, as práticas
educativas institucionalizadas com a realidade social dos estudantes. Ressalta-
se os aspectos teóricos conceituais que dão corpo a estas metodologias
incentivadoras de processos formativos autônomos, críticos e reflexivos. Neste
contexto a ideia de dispositivos está associada ao conjunto de leis e orientações
que formalizam e disciplinam os conteúdos escolares, como também aos
processos de construção e reflexões em torno das práticas educacionais que
impactam e legitimam as mudanças. O principal objetivo é demonstrar os
usos da ABP na elaboração do conhecimento sociológico em sua interface
com os conteúdos escolares experimentado no âmbito do ensino, pesquisa e
aprendizagem. A metodologia adotada parte de uma situação problema para
ser discutida em sala de aula com estudantes do 3º ano do ensino médio, cujo
enfoque destaca a mobilização dos conceitos sociológicos que, vinculados à
educação, possibilitem a compreensão e desnaturalização dos fenômenos
sociais.

Palavras-chave: Ensino de Sociologia; Educação;


Aprendizagem Baseada em Problemas.

286
O lugar do ensino de sociologia:
crescimento, invisibilidade e subordinação

Lívia Bocalon Pires de Moraes


Mestra em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Este trabalho se refere à análise de um capítulo de minha dissertação,


no qual sistematizei informações acerca da produção científica sobre ensino de
sociologia no ensino médio, nas áreas de sociologia e ciências sociais, englobando
os programas de pós-graduação que possuem linhas de pesquisa sobre o tema,
as produções bibliográficas referentes a ele, os eventos, os grupos de pesquisa,
e os laboratórios de ensino. As informações foram obtidas na tese de Roberta
Neuhold (2014) e na análise feita por Anita Handfas e Juliana Maçaira (2014),
além das informações disponíveis nos sites dos programas de pós-graduação,
publicações e eventos estudados, e do acesso ao Diretório dos Grupos de
Pesquisa no Brasil, com vistas a atualizar os dados apresentados pelas autoras.
Evidenciou-se que a produção científica sobre ensino de sociologia tem crescido
numericamente nos últimos anos, envolvendo cada vez mais instituições de
ensino, e que tal crescimento vem interferindo na graduação em ciências sociais,
por aliar a obrigatoriedade do ensino de sociologia nas escolas às exigências
da legislação educacional sobre a formação de professores, mas que por estar
vinculado à atuação de determinados agentes, geralmente professores de
licenciatura, este movimento não desfruta da mesma legitimidade em espaços
institucionais tradicionalmente identificados com a pesquisa, não obtendo o
reconhecimento pleno do ensino de sociologia como objeto legítimo de estudo
pelas ciências sociais em espaços institucionais basilares (e dominantes) a este
espaço social, ficando limitado aos espaços em que estes possuem autoridade
científica e legitimidade acadêmica.

Palavras-chave: Ensino de Sociologia; Produção Científica; Ciências Sociais.

287
Os efeitos de financiamento do Banco Mundial para a
educação básica atravessada pelo paradoxo de impor o
português como língua de ensino na Guiné-Bissau

Dabana Namone
Doutorando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: O objetivo de financiamento do Banco Mundial na educação básica


dos países em desenvolvimento e do terceiro mundo como a Guiné-Bissau visa,
reduzir o índice de analfabetismo, com vista a aliviar a pobreza e promover
o desenvolvimento econômico e humano. Por isso, a educação básica é a
prioridade do financiamento do BM nesses países, visando atingir o objetivo
de milênio previsto até 2015. Partindo-se de estudos bibliográficos, com ênfase
em pressupostos teóricos das Ciências Sociais, especialmente, da Antropologia
contemporânea o presente trabalho tem como objetivo analisar e discutir
os efeitos do financiamento do BM para a educação básica atravessada pelo
paradoxo de impor o Português como a única língua de ensino na Guiné-
Bissau, que conta com uma minoria de falantes dessa língua, cujo o Crioulo,
segundo as estatísticas nacional é a língua mais falada e de intercomunicação
entre diversos grupos étnicos e linguísticos que compõem o país. Pretende-se
finalmente, ressaltar a necessidade do país adotar ensino bilíngue (Crioulo/
Português e incentivar ensino das principais línguas maternas), considerando
o crioulo como prioridade na educação básica. Segundo a nossa hipótese, só
assim, o país consegue reduzir seu índice de analfabetismo e caminhar rumo ao
desenvolvimento do milênio.

Palavras-chave: Guiné-Bissau; Banco Mundial; Educação.

288
O MANIFESTO DOS PIONEIROS DA EDUCAÇÃO
NOVA E A REVOLUÇÃO BURGUESA NO BRASIL

Adair Umberto Simonato Junior


Graduado em Ciências Sociais - UNESP/Marília

Resumo: Fruto das intensas transformações econômicas e culturais do primeiro


período republicano O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932) sinalizou
no campo educacional a relativa maturação das relações burguesas no Brasil.
Nesse sentido, presente texto possui como finalidade central reler determinado
documento identificando em seus elementos centrais a peculiaridade da
Revolução Burguesa no Brasil. Transformação que exibia duplamente e
funcionalmente tanto a etapa do pensamento burguês dos países considerados
centrais (decadência ideológica) como a “adaptação” de determinadas ideias
pelas referidas forças burguesas em processo de sedimentação tanto objetiva
como subjetivamente. Para isso, em um primeiro momento, iremos evidenciar a
potencialidade metodológica da categoria da particularidade que nos conduzirá
a tornar explicito o caráter, o sentido, o modo como as forças burguesas
brasileiras se produziram e se reproduzem, para que em um segundo momento
façamos a análise de determinada objetivação capitalista e seus reflexos no
documento

Palavras-chave: Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova;


Particularidade; Revolução burguesa no Brasil.

289
Grupo de trabalho XII:
EDUCAÇÃO E SOCIEDADE - Sessão C
Novos dispositivos de controle: Ambiente Virtual de
Aprendizagem um relato de experiência

Juliana Rossi Duci


Doutoranda em Educação Escolar - UNESP/Araraquara

Resumo: O trabalho que se apresenta busca contribuir para a discussão


sobre as “Ciências Sociais em tempos de crise: novos dispositivos de controle
e retração de direitos” ao relatar experiências ocorridas desde 2008 enquanto
estudante, tutora e mediadora na modalidade de ensino a distância (EaD) em
diversas instituições, públicas e privadas no Brasil. Em tempos de uma cultura
high tech que evidencia aspectos ambivalentes relacionados à tecnologia e que
expressa simultaneamente potencial de emancipação e de aprisionamento das
condições de liberdade, de expressão e de regressão dos sentidos o processo
formativo escolar também é impactado pelas determinações que o avanço
tecnológico audiovisual expressa no contemporâneo. Ao tratar a modalidade de
ensino a distância enquanto elemento que participa do processo de expansão de
práticas formativas e políticas educacionais e que lança mão das Tecnologias de
Informação e Comunicação (TICs) acredita-se que o relato de experiência nesta
modalidade permite a compreensão, de campo, de como a indústria cultural
em sua expressão mais radical – os mídias digitais e seus aparatos tecnológicos
de controle – se desenvolve e gera impactos nas subjetividades. Propõe-se,
então, refletir sobre os aspectos formativos realizados a partir da mediação
produzida pelos ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs), repositórios de
conteúdos e ferramentas eminentemente imagéticas e condutoras da formação
contemporânea.

Palavras-chave: Formação; Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA); TICs.

291
A Universidade em Moçambique: Caminho e Trilhas

Pedro João Uetela


Doutorando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: O ensino superior moçambicano resulta da fusão de duas forças


aparentemente antagónicas. A primeira está ancorada às exigências da elite
portuguesa que encontrava-se no país e que via na década de 1960 a necessidade
do conhecimento instituído pela universidade como estratégia de legitimação
e perpetuação da dominação. A segunda força, está vinculada à conquista da
independência política em 1975 resultando na nacionalização das instituições
do estado, incluindo a universidade. A nacionalização propiciou várias outras
mudanças sobretudo a definição do conhecimento produzido pela universidade
bem como sua relevância social. O presente trabalho tem como objectivo, analisar
as dinâmicas da universidade nacional (moçambicana) com especial enfâse para
os modelos de geração de conhecimento em três (3) momentos históricos do
ensino superior do país. O mesmo investiga o nexo entre transformação num
determinado período histórico com a relevância da mudança, considerando
a inserção dos graduados como instrumento para medir tal importância. Dos
resultados esperados, destaque vai para o fato de que, as transformações que
caracterizaram a universidade em Moçambique, foram influenciadas pelas
mudanças políticas e eram tentativas de potencializar o ensino superior para
bem social.

Palavras-chave: Universidade; Relevância; Moçambique.

292
A família homoparental no contexto escolar:
discutindo possíveis relações de violência

João G. de C. Gattás Tannuri¹; Marilda da Silva²


¹ Mestrando em Educação - UNESP/Rio Claro
² Departamento de Didática - UNESP/Araraquara

Resumo: Trata-se de uma pesquisa em nível de Mestrado, em andamento,


intitulada: O que dizem famílias homoparentais sobre as relações estabelecidas
com a escola de seus filhos: aceitação ou discriminação? O casamento civil entre
pares homoafetivos no Brasil é possível desde 2013. Essas famílias agora estão
mais bem amparadas tanto legal quando culturalmente, podendo com maior
liberdade assumir sua condição homoparental (VECCHIATTI, 2013). Assim, ao
chegarem os filhos dessas famílias à fase escolarização, busca-se apreender
se há, de alguma maneira quando no contato da família homoparental com a
escola, situações preconceituosas. Esta pesquisa se faz em caráter exploratório
quanti-qualitativo. A coleta de dados é fundamentada pelos autores Bourdieu
(1999), Thompson (1992) e Woods (1999) e se efetivará por meio de entrevistas
semiestruturadas segmentadas em forma de núcleos: a) Informações sobre
a família; b) Comunicação com a escola como um todo; c) Comunicação com
os professores; d) A relação dos filhos com os colegas da escola; e) Avaliações
e percepções da família sobre a escola. A análise dos dados contará com a
fertilidade técnica da Análise de Conteúdo (BARDIN, 1977). A partir dos textos
das entrevistas serão constituídas categorias de sentido para apreciação
do material. Os sujeitos participantes são 6 casais, 2 pais e 2 mães solteiros
homoafetivos. A pesquisa trata de problemas contemporâneos à educação, à
escola e à sociedade como um todo, visando reconhecer o tratamento oferecido
pela instituição escolar à família homoparental.

Palavras-chave: Violência; Escola; Família Homoparental.

293
Religião e Representações do Índio em
Escolas Públicas de Penápolis (1990 - 2010)

Carlos Eduardo Marotta Peters


Doutor em História - UNITOLEDO

Resumo: A presente comunicação analisa a inserção de discursos religiosos em


escolas estaduais da cidade de Penápolis, interior de São Paulo, entre 1990 e 2010.
Discute principalmente as representações produzidas acerca do índio a partir de
certa perspectiva religiosa. O trabalho se insere no âmbito da História Cultural,
de onde extrai seus conceitos fundamentais, como representação e poder
simbólico. O núcleo documental do trabalho é composto por textos “apócrifos”
(não pertencentes ao material didático das instituições) inserido no processo
de ensino-aprendizagem por professores que entendem a prática pedagógica
como uma extensão de sua vivência religiosa. As representações produzidas
acerca dos índios (suas práticas políticas, crenças e relações familiares) não
raro reproduzem estereótipos que impedem ou negam as leituras históricas e
antropológicas acerca da cultura indígena.

Palavras-chave: Escola Pública; Imaginário Religioso; Cultura Indígena.

294
O Ensino de Culturas Indígenas na Primeira Infância

Veronica Monachini de Carvalho


Graduada em Ciências Sociais - UNICAMP

Resumo: Este trabalho se baseia numa experiência etnográfica de


acompanhamento de uma turma da educação infantil, com crianças de cinco
anos de idade que teve em seu currículo a inserção da temática indígena num
projeto de duração anual, e que conheceu o povo Kuikuro do Alto Xingu (MT -
Brasil). Esta pesquisa propõe pautar a importância da inserção de temáticas das
Ciências Sociais, como diversidade e o ensino de culturas indígenas, na primeira
infância. A lei 11.645/08 prevê que esta temática seja trabalhada no ensino
básico, mas exclui a educação infantil. Esta importância se dá principalmente
pelo fato de a infância ser uma fase da vida chave para a pessoa desenvolver
alteridade e aprender a respeitar a diversidade cultural do país.

Palavras-chave: Antropologia da Criança ; Educação e Sociedade;


Ensino de História Indigena.

295
Indefinições da pátria educadora: o PRONATEC

Rodrigo dos Santos


Doutor em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: A presença do Governo Federal junto com Estados e Municípios


na educação superior produz informações assimétricas e incompletas,
potencializando conflito de interesses e risco moral. Tem-se assim, um aumento
exponencial dos custos de transação nas políticas educacionais adotadas pelo
Governo Federal, que deve enfrentar custos crescentes de monitoramento,
estruturais organizacionais e de oportunidade. Através dos dados sobre
educação, disponibilizados pelo Governo Federal, analisa-se os custos das
políticas de educação pós-constituição de 1988. A hipótese central deste trabalho
é que as recomendações do BIRD influenciaram, parcialmente, a política pública
do ensino superior no Brasil entre 1995 e 2014. O BIRD é uma instituição
com amplos poderes, porém, que não consegue impor completamente suas
recomendações educacionais à agenda governamental e ao processo decisório
brasileiro, que produz acomodação de interesses entre o ensino público e privado
dentro da agenda educacional. O modelo misto foi amplamente promovido por
FHC e expandido por LULA, com maior inclusão e benefícios. No Governo Dilma,
observa-se que o modelo apresenta indefinições e até interrupções quanto à
implantação Pronatec. Desta forma, o modelo educacional misto de acomodação
de interesses produz resultados institucionais assimétricos, colocando em
questão o discurso da inclusão e da qualidade do ensino superior no Brasil.

Palavras-chave: Educação; PRONATEC; Inclusão.

296
O cientista social como educador na prática médica

Arieli J. Buttarello¹; Juan Carlos A. Fernandez²; Herling Gregorio A. Alonzo³


¹ Mestra em Ciências Sociais - UFSCar
² Docente da Faculdade de Ciências Médicas - UNICAMP
³ Docente da Faculdade de Ciências Médicas - UNICAMP

Resumo: As Ciências Sociais constitui-se como área de intenso histórico dentro


da saúde pública brasileira, contribuindo para reflexividade crítica e ética para
a formação, a prática profissional e a assistência à população. Assim, este
trabalho produz uma análise visando divulgar as contribuições do cientista
social como educador na área da saúde, através de questões suscitadas pela
experiência da autora em acompanhamento à disciplinas dessa área do saber
no 2º ano de graduação de um curso médico em uma universidade pública no
Brasil.A aplicação teórico-pedagógica das Ciências Sociais nos primeiros anos
objetiva potenciais transformativos que efetivem práticas médicas conscientes
do resultado de atividades ligadas à diversidade contida nas subjetividades. O
espaço de sala de aula que situa o cientista social como professor e os alunos
como médicos em formação pode ser compreendido através de uma busca do
que Boaventura Souza Santos define como ecologia dos saberes. Tal espaço é
também lócus de lamentações dos alunos quanto ao modelo de ensino, que expõe
tanto os problemas estruturais de uma profissão hierárquica quanto questões
existenciais pela responsabilidade diante outrem. Tais pontos perpassam este
trabalho, pois não podem ser silenciados ao se abordar o ensino médico. As
Ciências Sociais contribui para o desenvolvimento de habilidades intra e extra
compreensivas, pois se atenta à necessidade do indivíduo entender a si para
entender o outro e vice-versa. Assim, este trabalho percorrerá a inserção dos
cientistas sociais enquanto educadores no campo de formação médica e suas
fragilidades e potencialidades na atuação de fazer entender o processo social de
saúde-doença diante um currículo biocêntrico.

Palavras-chave: Cientista Social; Educação; Prática Médica.

297
Raymond Aron e as Relações Internacionais
na Universidade de Brasília (UnB)

Denizar Amorim Azevedo


Mestrando em Educação - UNICAMP

Resumo: O presente trabalho visa apresentar a atuação dos diplomatas


brasileiros no campo das relações internacionais da UnB, com ênfase na presença
de Raymond Aron (1905-1983), em 1980. O filósofo e jornalista Raymond Aron
foi um dos intelectuais mais importantes do século XX: sua produção teórica
abrange diversas áreas do conhecimento, como filosofia, sociologia, ciência
política e relações internacionais. No Brasil, o pensamento do autor atrela-se à
sua consagrada obra “As Etapas do Pensamento Sociológico”. Com a criação do
primeiro curso de bacharelado em relações internacionais no país, em 1974, os
diplomatas atuaram como docentes e, paralelamente, investiram na tradução
e publicação de autores liberais na Coleção Pensamento Político. Nos anos
80, a UnB realizou os Simpósios Internacionais que contavam com a presença
desses autores liberais. A visita de Raymond Aron se insere no processo de
construção do curso de relações internacionais da UnB e, também, no contexto
da repercussão da morte de seu amigo de juventude e interlocutor nos debates
ideológicos, durante a Guerra Fria, Jean-Paul Sartre (1905-1980). A proximidade
de Aron com os diplomatas brasileiros ligados à UnB, como José Guilherme
Merquior, que foi seu aluno na London School of Economics and Political Science
(UK) em 1970, ilustram as afinidades eletivas entre a universidade e o intelectual
francês. Uma dos desdobramentos dessa experiência na UnB foi à inclusão, pelo
MEC, da obra “Paz e Guerra entre as Nações” de Aron na literatura básica dos
cursos de relações internacionais no Brasil. Espera-se, assim, contribuir para a
compreensão das intrínsecas relações entre os intelectuais e o ensino superior
no país, com ênfase nos estudos das relações internacionais.

Palavras-chave: Raymond Aron; Universidade de Brasília (UnB);


Relações Internacionais.

298
Filosofia das Ciências Sociais:
ambiência jurídica e compreensão do direito

Alexandre de Siqueira Campos Coelho¹; Marcilene Reis de Almeida²


¹ Mestre em Ciências da Religião - PUC/GO
² Bolsista de Pesquisa e I. C. do Centro Universitário Euro-Americano

Resumo: A comunicação proposta é resultado parcial da pesquisa desenvolvida


pelo Grupo de Pesquisa “Ambiência jurídica e compreensão do Direito” do
Programa de Pesquisa e Iniciação Científica do Centro Universitário Euro-
Americano. O referido Grupo foi criado com o intuito de responder à seguinte
indagação: “como promover a capacidade reflexiva e crítica dos alunos do curso
de Direito com relação aos temas próprios das disciplinas jurídicas?” Trabalha-se
com a hipótese de que a interação entre o conteúdo lecionado em sala de aula e
a observação supervisionada pelo aluno do/no ambiente habitual de ocorrência
da prática jurídica contribui fundamentalmente para a melhor compreensão do
Direito. O objetivo geral é investigar os fenômenos em toda a sua complexidade
e em contexto natural do conteúdo das disciplinas do ciclo básico nas visitas
orientadas, compreendendo como os estudantes pensam e como desenvolvem
os seus quadros de referência a partir da interação ensino-pesquisa. No primeiro
semestre do corrente ano os alunos participaram de audiências públicas (STF,
Câmara do Deputados e Tribunal Superior do Trabalho), de visitas monitoradas
(CGU e Câmara Legislativa do Distrito Federal), de palestras de prática jurídica
(OAB- DF e CNMPF) e da reunião do Conselho Nacional do Ministério Público
Federal. Além das visitas, os pesquisadores promoveram o primeiro encontro
de iniciação científica do curso de Direito com a participação do corpo discente e
docente da instituição. O resultado parcial da pesquisa revela a afirmação de que
“os problemas filosóficos surgem de nossas tentativas de obter compreensão
sobre nós mesmos e nossas instituições sociais, de entender outras sociedades
e de perceber o sentido da mudança social”.

Palavras-chave: Ensino Jurídico; Etnometodologia; Pesquisa Qualitativa.

299
Grupo de trabalho XIII:
Migrações, Políticas e Fronteiras -
Sessão A
A política do medo na contemporaneidade:
o retorno do racismo e a figura do inimigo interno

Laís Barreto da Silva


Graduanda em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: É possível observar que a Europa está encoberta por dinâmicas


sociais que promovem discursos e ações racistas e discriminatórias. São
conjuntos de valores, formas de avaliação e sentido que não reconhecem a
figura do outro, do estrangeiro e do imigrante como iguais e reagem contra as
profundas transformações da globalização econômica e política. Os partidos de
extrema direita, por meio da política do medo, buscam estabelecer consenso
ao promover o discurso racista, populista e xenofóbico através da manipulação
das emoções e percepção da realidade dos cidadãos. Tal ação política, capaz
de formar subjetividades, influencia diretamente, o cenário político europeu
caracterizado pela formação de identidades exclusivas paralelo ao esvaziamento
da esfera pública, declínio da soberania do Estado, bem como, a necessidade
de compreensão social dos cidadãos mediante as incertezas, inseguranças e
imprevisibilidade em relação futuro. Tal contingência histórica associa a figura
do imigrante a violência e ao terror e desenvolve a subjetividade do inimigo
interno como protagonista das novas dinâmicas sociais e políticas, do mesmo
modo que, promove a necessidade de defesa do território nacional em relação
ao perigo iminente dos “invasores” responsavéis por degradar a economia,
política e a cultura. Tal interpretação discriminatória com ênfase na identidade
étnica com valores de terra e origem é reducionista e ignora as complexidades
da vida social contemporânea ao demonstrar os sinais de regressão histórica
com o retorno do racismo, da intolerância, do ódio e aversão ao outro como
resposta ao contexto de crises.

Palavras-chave: Medo; Racismo; Inimigo Interno.

301
Fronteiras e migrações internacionais: pensando
criticamente as contradições da situação
europeia contemporânea (um estudo de caso)

Alexandre Honig Gonçalves¹; Guillermo Alfredo Johnson²


¹ Doutorando em Geografia - UFGD
² Programa de Pós-graduação em Geografia - UFGD

Resumo: As fronteiras têm sido associadas à agendas governamentais


negativas, estas jazem atreladas às estruturas burocráticas de poder e seguem
conectados às ideologias, à ética e, às normas sócio-política e econômica do
Estado em questão. Com relação à permeabilidade destas fronteiras, os Estados
administram esta situação legitimando jurídica e politicamente as práticas que
lhes são convenientes. Sobre a migração no cenário internacional, este é notável
pelo volume do presente fluxo migratório e pelo impacto socioeconômico
e cultural que este episódio tem causado as sociedades arroladas. Este
fenômeno possui a capacidade de questionar quais são as posturas políticas/
diplomáticas e, as ações objetivamente verificáveis de um determinado
Estado com relação ao controle de suas fronteiras/limites. Sobre as migrações
internacionais contemporâneas com destino à Europa, é possível indicar que
há o fechamento das fronteiras/limites e o isolamento deste continente aos
refugiados de guerra do Oriente médio, entretanto, há o livre trânsito àqueles
que possuem recursos suficientes para garantir a obtenção de um Golden Visa,
acessando todo o território europeu. Todavia, este cenário denota que há uma
sobreposição da questão econômica/financeira sobre a humanitária. Assim, o
objetivo deste trabalho estabelecer parte de um panorama crítico acerca do
conceito - e, aplicação da fronteira. Especificamente, descrever e analisar: a)
permeabilidade; b) barreiras relativas às fronteiras/limites, a partir do caso das
migrações internacionais contemporâneas na Europa. O método de pesquisa
é o exploratório bibliográfico; as discussões seguem abordagens críticas e
construtivistas, de maneira indutiva a partir de um estudo de caso.

Palavras-chave: Geopolítica; Relações Internacionais; Estado.

302
Fluxos migratórios e participação política: a necessidade
dos direitos políticos na discussão dos migrantes

Marcus Vinícius Cardeal de Miranda Ribeiro de Almeida


Doutorando em Ciência Política - UFF

Resumo: Apesar de esta ainda não ser uma pesquisa terminada, mas uma
das etapas da construção de uma tese de doutorado, busca apontar a clara
necessidade da melhoria do acesso aos direitos políticos por parte dos
migrantes, sobretudo no Brasil. Tendo a temática dos fluxos migratórios
extrema importância para a política, e sempre tendo, os mesmos, exigido
formas diferentes e criativas de políticas públicas, produção de legislações, além
de afetado as políticas internas e externas dos Estados-nações, faz-se necessário
o seu estudo. Sobretudo em um país historicamente constituído por imigrantes
como o Brasil. É de nosso interesse ressaltar a importância dos câmbios derivados
da nova dinâmica globalizante do capital, assim como as novas possibilidades de
transmissão de recursos que se intensificaram. Principalmente no que concerne
à clara distinção entre quais destes recursos têm livre trânsito e quais não o
têm. Urge então uma discussão que possa ampliar o debate migratório desde
as suas concepções filosóficas relativas à liberdade de fluxo, que passe pela
desconstrução da idéia de exclusividade da cidadania pela nacionalidade, até a
necessidade de participação política dos migrantes como eixo fundamental no
processo de avanço e alargamento do Estado democrático de direito; a migração
é tomada aqui como a fronteira da democracia.

Palavras-chave: Fluxos Migratórios; Participação Política; Direitos Fundamentais.

303
Refugiados e deslocados forçados: da exclusão
para uma política de reconhecimento

Gabrielle da Cunha
Graduada em Relações Internacionais - FAD

Resumo: A figura do refugiado quebra muitos paradigmas e questiona como


a democracia e o sistema de Estados estão configurados. O artigo procura
compreender as construções sociais e categorizações que ao longo do
tempo colocaram os deslocados forçados como uma ameaça, que os expõe
numa subclasse de cidadania no país solicitado para refúgio e que tem por
consequência, a luta por direitos e reconhecimento que esses reivindicam no
sistema internacional. A partir da pesquisa bibliográfica e da consulta de relatórios
e documentos da ONU, foi possível verificar que o governo humanitário está
mais para controlar do que auxiliar e atender as necessidades dos refugiados, a
criação dos campos de refugiados é um exemplo claro de controle espacial que
impede milhares, em suma, de africanos e asiáticos, de atravessarem a fronteira
dos países centrais que tem indiretamente responsabilidade nos conflitos que
os forçaram a fugir de seus Estados.

Palavras-chave: Refugiados; Direitos Humanos; Governo Humanitário.

304
Impactos dos fluxos migratórios sobre a ideia de
cidadania, em duas perspectivas de transformações

Valdirene Ferreira Santos


Doutoranda em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Este trabalho busca analisar os impactos que as migrações internacionais


exercem sobre a ideia de cidadania enquanto conceito e enquanto dispositivo
de vinculação política e de operacionalização de direitos, a partir da leitura
perspectivada por dois paradigmas: o cosmopolitismo e o transnacionalismo. No
que toca às divergências entre as perspectivas de abordagem do problema aqui
exposto, a principal é que os autores cosmopolitas explicam as transformações
pelas quais a cidadania tende a passar para abranger os novos membros que
adentram as sociedades nacionais a partir do campo normativo, enquanto os
autores que realizam estudos numa perspectiva transnacional explicam as
novas delineações da cidadania a partir das relações constituídas no cotidiano
entre os diferentes atores que envolvem os processos migratórios. Mas, apesar
de olharem para a questão da cidadania nas migrações a partir de ângulos
diferentes, essas duas formas de abordagem sintetizam um importante desafio
para o desenvolvimento da ideia de cidadania no mundo globalizado, qual seja,
a tendência de alargamento desse conceito, de modo a evidenciar a necessidade
de reconhecimento e inclusão de novos cidadãos nas complexas e heterogêneas
sociedades de destino. Para analisar essa possibilidade de transformação
da cidadania a partir dos impactos que os fluxos migratórios exercem sobre
o sistema da cidadania nacional, anunciando de certa forma uma crise dessa
cidadania exclusiva, tomamos como referência, na perspectiva cosmopolita, a
interpretação da filósofa política Seyla Benhabib, e, na perspectiva transnacional,
as contribuições dos trabalhos da socióloga Saskia Sassen.

Palavras-chave: Cidadania; Migrações; Transformações.

305
Grupo de trabalho XIII:
Migrações, Políticas e Fronteiras -
Sessão B
Fluxos migratórios e a política de circulação de pessoas

Cinthia Xavier da Silva


Doutoranda em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: O tema migração tem se inserido no contexto atual como um ponto de


inflexão do desenvolvimento capitalista e de uma sociedade globalizada. Pensar
qualquer política sem considerar seu impacto ou consequência quanto aos
diversos fluxos seja de mercadoria, capital, tecnologia, seja de trabalhadores não
é nem viável nem possível atualmente. No Brasil, ao contrário do que ocorreu
no passado, quando a ocupação e colonização do território e de suas gentes
dependiam essencialmente de um fluxo externo de pessoas ou quando o projeto
de modernização efetivamente começa a acontecer a partir de 1870 com a vinda
de milhares de trabalhadores estrangeiros através de uma política migratória,
nas últimas décadas o Brasil se posicionou de forma mais passiva aos fluxos de
trabalhadores ou refugiados migrantes. Esta apresentação é fruto das reflexões
da pesquisa de doutorado sobre a migração haitiana para o Brasil e pretende
discutir qual o contexto e em que situações Brasil e Haiti se tornaram lugar
de destino e de origem de um fluxo migratório e de que forma esta pequena
migração se insere dentro de uma perspectiva global de direcionamentos e
“acasos” quanto ao fluxo de pessoas em uma sociedade global. Uma sociedade
que sofreu transformações que tornou cada vez mais interconectado uma ampla
rede de costumes, histórias, recursos, falta de recursos, imaginário.

Palavras-chave: Globalização; Migração; Haiti.

307
Processos de identificação entre trabalhadores
migrantes: mobilidades e os “entre-lugares identitários”

Rosemeire Salata
Doutoranda em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Este trabalho tem como objetivo principal discutir as identidades sociais
de trabalhadores que se encontram em situação de permanente deslocamento
laboral. As dinâmicas migratórias são processos sociais historicamente
consolidados em nosso país, reconfigurando seus espaços sociais há pelo menos
um século. Estratégias de longa data utilizadas por grupos sociais de diversas
regiões, as práticas migratórias são comumente percebidas como opção de
acesso ao mercado de trabalho e possibilidade de concretização de projetos
individuais ou familiares. Trataremos neste trabalho especificamente das
chamadas migrações internas, especialmente aquelas que têm sua origem em
áreas rurais do Nordeste brasileiro e que se destinam aos municípios paulistas
inseridos na economia canavieira. A condição de permanente mobilidade
ocasiona um processo de constante ressignificação e reconstrução de
identidades, que passam a ser erigidas em relação aos múltiplos espaços sociais
vividos. Partindo da premissa de que as identidades são abertas, contextuais
e descentradas, abordamos como a condição de mobilidade tem implicações
para a construção de múltiplas identidades e para a ação individual e coletiva
destes grupos sociais. Para tanto, julgamos profícua a discussão que trata sobre
processos de identificação, uma vez que a conformação do que chamamos de
“entre-lugares identitários” relaciona-se a processos que não implicam numa
desestruturação de identidades, mas antes desvelam seu caráter contingencial
e de permanente negociação.

Palavras-chave: Deslocamentos Laborais; Mobilidades; Identidades.

308
Circularidade migratória no início do século
XXI: uma análise do fluxo de brasileiros e suas
experiências como migrantes

Gláucia de O. Assis¹; Leonardo M. da Silva²; Manoela S. Frederico³


¹ Doutora em Ciências Sociais - UNICAMP
² Graduando em História - UESC
³ Graduanda em História - UESC

Resumo: O presente artigo visa discutir as questões relacionadas a circularidade


migratória avaliando as diferentes perspectivas dos migrantes brasileiros ao
chegarem no país de imigração. A partir da percepção da vida do imigrante
busca-se compreender como são recebidos, como é a inserção no mercado de
trabalho, ou seja, a forma como vivem e se relacionam nos seus espaços de
sociabilidade. Para compreender essas trajetórias de imigração foram realizadas
entrevistas com mulheres e homens imigrantes que se dirigiram a Europa na
primeira década do século XXI. A partir de observação participante e dos relatos
orais de homens e mulheres que se direcionaram a Lisboa e Londres procurou-se
analisar as transformações na vida cotidiana desses migrantes, seu ir e vir entre o
Brasil e a Europa. Tendo como base os artigos de Beatriz Padilla (2014), Maria das
Graças Brightwell (2011), Simone Frangella (2014), Sueli Siqueira (2015) e Gláucia
Oliveira de Assis (2015, 2016) dentre outros, buscamos desvelar as diferenças
sociais enfrentadas no processo migratório marcadas por gênero, raça, classe
no país de origem e de destino, que acabam por ultrapassar fronteiras sendo
negociadas no contexto de migração. Além disso, pretende-se demonstrar os
caminhos percorridos pelos imigrantes demonstrando e analisando essas
trajetórias que revelam as características dos fluxos migratórios de brasileiros
no início do século XXI.

Palavras-chave: Migração; Gênero; Circularidade Migratória.

309
A migração transnacional de
trabalhadores (as) haitianos para Manaus

Ana Paula C. A. Pedrosa¹; Ricardo Lima da Silva²


¹ Doutoranda em Ciências Sociais - UNICAMP
² Doutorando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: O presente texto visa estudar a mobilidade internacional da força


de trabalho haitiana com destino à Manaus, capital do estado do Amazonas,
imersa em uma dinâmica onde o local, o nacional e o global se entrecruzam
mutuamente. Nossa atenção se concentra em particular sobre a inserção dos
trabalhadores (as) haitianos (as) no mercado de trabalho na capital Manauara.
Em meio a essa dinâmica, embora a maioria, de trabalhadores (as) imigrantes,
se insira no mercado de trabalho em posição inferior em relação a sua formação
e escolaridade, há uma maior dificuldade das trabalhadoras haitianas em se
inserir na dinâmica econômica e social da cidade.

Palavras-chave: Imigração; Trabalhadores (as) Haitianos; Amazônia.

310
Trajetória e desafios na inserção do migrante haitiano
no Brasil: experiências na cidade de São Paulo

Andréia Brito de Souza


Mestranda em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: A partir de 2004, uma reestruturação no mercado de trabalho formal


nacional despertou a atenção de muitos estrangeiros para trabalhar no Brasil,
dentre esses, os haitianos são o que mais se destacaram em relação ao volume
de entrada desde 2010, quando ocorreu no Haiti um terremoto que destruiu seu
centro econômico, deixando sua situação econômica e social ainda mais instável.
Em 2012, devido a presença de mais de 30 mil haitianos indocumentados no Brasil
e à sujeitabilidade desses à exploração do trabalho, foi promulgada a Resolução
Normativa nº 97, que lhes concedeu um visto humanitário para que pudessem
trabalhar formalmente, com seus direitos trabalhistas garantidos. Grande parte
dos haitianos que chegam ao Brasil vão para o Estado de São Paulo, lugar mais
possui recursos políticos para a emissão de documentos e também é onde
mais tem estrangeiros com vínculo formal de trabalho. No presente trabalho
pretende-se discorrer sobre as trajetórias e os desafios enfrentados pelos
haitianos para se inserirem no mercado de trabalho brasileiro e os desafios que
essa migração escancarou para o Brasil no que diz respeito às nossas políticas
de acolhimento ao migrante internacional. O campo de pesquisa é a Paróquia
Nossa Senhora da Paz de São Paulo, também conhecida como Missão Paz, uma
instituição religiosa de caridade que, com a migração haitiana, chamou a atenção
pelo papel acolhedor desempenhado na cidade de São Paulo.

Palavras-chave: Migrante Haitiano; Inserção no Trabalho; Visto Humanitário.

311
Receber e integrar: dilemas, desafios e limites
para os refugiados na cidade de São Paulo

Marina Figueiredo
Mestra em Ciências Sociais - UNIFESP

Resumo: Desde a Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto dos Refugiados,
adotada em 1951, o Brasil vem se consolidando como paradigma mundial sobre
a proteção e promoção no que se refere ao Direito dos Refugiados em termos
normativos. A instauração da Lei 9.474/97 é prova normativa de tal avanço:
implementada em 1997, esta lei traduz os princípios da Convenção de 1951 para
a jurisprudência nacional, que por sua vez estabelece a legalidade de pedidos de
refúgio e instaura critérios de proteção e integração aos solicitantes. Entretanto,
isto não quer dizer que em termos práticos, os refugiados são recebidos e
integrados de forma que atenda às exigências jurídicas nacionais. Quais limites,
dilemas e dificuldades ainda enfrentados por estas pessoas no Brasil? Por isso, o
presente trabalho discutirá como os refugiados são atendidos na cidade de São
Paulo, cidade esta conhecida por ser destino de milhares de migrantes de todo
mundo. Desta maneira, a intenção é debater sobre alguns pontos que dialogam
a respeito dos dilemas, dificuldades, limites, papel das organizações não
governamentais, órgãos estatais e políticas públicas na orientação e integração
dos refugiados na cidade de São Paulo.

Palavras-chave: Direito dos Refugiados; Políticas Públicas;


Organizações Não Governamentais.

312
Grupo de trabalho XIV:
Religiões e Religiosidades:
vivências religiosas na
contemporaneidade - Sessão A
A ética neopentecostal e o espírito neoliberal

Manuela Lowenthal Ferreira


Mestra em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Este estudo busca compreender como é realizado o trabalho religioso


no interior da igreja neopentecostal “Bola de Neve”, gerando um discurso que
se desenvolve com base em uma determinada reprodução ideológica, a qual se
materializa e se insere na cadeia produtiva. Dessa forma, a pesquisa caracteriza
este trabalho religioso, identificando como esta atividade e doutrina se articulam
com a vida e os valores do modo de produção capitalistas, a partir da análise do
discurso da Teologia da Prosperidade.

Palavras-chave: Neopentecostalismo; Teologia da Prosperidade; Discurso.

314
O Pluralismo da Secularização e o
Absolutismo do Fundamentalismo Religioso

Hamilton Castro da Silva


Mestrando em Ciências da Religião - PUC/GO

Resumo: Este estudo apresenta algumas perspectivas acerca da relação entre


secularização e fundamentalismo religioso, tendo como pressuposto que a
secularização tem suas raízes históricas na própria religião, especificamente no
judaísmo e posteriormente no protestantismo de tradição calvinista. Todavia,
este trabalho procura apresentar que a secularização não arrefeceu a religião,
antes, causou um pluralismo de expressões religiosas no campo religioso.
Por outro lado também pretendemos demonstrar que este relativismo nas
expressões religiosas, teve outra consequência, o fundamentalismo religioso
que objetiva buscar certezas dentro de um mundo marcado pelas incertezas.

Palavras-chave: Secularização; Religião; Fundamentalismo.

315
O milagre pentecostal na política : Da
socialização política à expressão democrática
dos fiéis da Assembleia de Deus (AD)

Morgane Laure Reina


Doutoranda em Sociologia - UNB

Resumo: Frente à relevância do pentecostalismo para a população e a sua


visibilidade política, a politização dos fiéis da AD torna-se uma questão de
primeira importância. Nos inscrevemos em uma literatura que parte de um
pressuposto de parentesco, de interdependência entre a política e a religião, ao
invés de completa exclusão (WEBER, 1994; MARSHALL, 2009; ZAMBIRAS, 2015;
ORO, 2007). A partir deste ponto de vista, estudamos a socialização na igreja
(DELOYE, 2002; PALARD, 2006) e a cultura dos fiéis (SWIDLER, 1986). O objetivo
é então estudar a capacidade estruturadora do imaginário pentecostal na vida
social e política dos crentes. Esta pesquisa propõe uma abordagem da base
para o topo, cujo objeto é a relação entre as crenças religiosas e as expressões
democráticas dos fiéis, que permite repensar as relações entre religião e política
no Brasil. Baseia-se em uma observação participante em 4 igrejas do estado
de São Paulo (2014-2015). Apesar do fundo teológico comum, verificamos a
diversidade de valores entre membros, de posições geográficas, econômicas
e sociais diferenciadas. Também foram realizadas entrevistas com fiéis (17) e
pastores (3). O primeiro resultado mostra que existe uma emancipação dos fiéis,
que autonomamente escolhem a igreja por corresponder a seus valores e não
são passivos,. No entanto, uma socialização política ocorre na igreja. Analisamos
a cultura política dos fiéis: suas justificativas e suas formas de racionalização
às quais recorrem, para votar ou tratar de debates políticos como o aborto, o
casamento igualitário. Apesar dos valores não se originarem, necessariamente,
na socialização realizada na igreja, o segundo principal resultado mostra que ela
os fortalece, revestindo-os com um conteúdo religioso.

Palavras-chave: Assembleia de Deus; Socialização Política;


Abordagem da Base para o Topo.

316
Possibilidades de ser e criar em religião

José Lucas da Silva


Mestrando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: A produção sobre os Censos Demográficos do IBGE informam


desde o final do século passado mudanças na hegemonia do campo religioso
brasileiro. O aumento das denominações neo pentecostais somado ao aumento
da categoria dos Sem religião e a diminuição dos católicos como categoria
hegemonica colocam, a necessidade de se refletir sobre a pertença religiosa em
específico na oposição entre Religião e religiosidade. Os Sem religião tem sido
captados por trabalhos empíricos como tendo uma intensa vida religiosa sem
que isto passe pela pertença institucional, a confissão de um credo e até, em
determinados casos, a negação mesma de se ter uma religião ficando ressaltado
a questão da religiosidade assim oposta a Religião. Buscamos numa imersão
etnográfica no Instituto Xamânico Om Pad Me Hum, localizado em Araraquara-
SP, onde são conduzidos trabalhos com ayahuasca identificar como num
ritual são agenciados vários elementos de várias religiões e práticas formando
um todo coerente. Seguido a isto olhamos para as criações em religião feitas
pelos sujeitos que participam dos rituais através dos multiplos usos e vivências
oriundas do mesmo trabalho com o mesmo ritual e suas biografias buscando as
continuidades e descontinuidades religiosas.

Palavras-chave: Censo Demográfico; Sem Religião; Teoria Antropológica.

317
Globalização, Modernidade e Religião no Brasil
contemporâneo: os impactos da modernização
reflexiva no neopentecostalismo brasileiro

Antonio Carlos de Oliveira Boarretto


Doutorando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Norteado pelo método analítico e interpretativo da Sociologia do


Conhecimento de Karl Mannheim, este trabalho sustenta a hipótese de que, no
caso brasileiro, as igrejas neopentecostais, possuem um forte poder competitivo,
agindo no “EU” (ego) ao dar-lhes o que lhes faltam como agentes competitivos:
a força da fé para o agir social enquanto potencial empreendedor “homem
de negócios” bem sucedido, bem como da força do ânimo para ser virtuoso e
vitorioso no mercado concorrencial cada vez mais acirrado; devido, sobretudo,
ao radical sentido da ideia de “conversão” presente no neopentecostalismo.
Os problemas psicológicos (impactos nas subjetividades humanas) oriundos
do senso da “autonomia” enquanto condição social produziram um crônico
processo da radicalização das patologias sociais da modernidade. Logo, trata-se
de uma religiosidade interessada em contribuir para a felicidade do indivíduo
no mundo profano e não mais no além mundo, ressaltando questões de
ordem civil e política. Tratando-se, assim, de uma religiosidade dessacralizada.
Paradoxalmente, no entanto, se as igrejas evangélicas neopentecostais apontam
a presença do mal (através da figura do diabo) nas próprias relações sociais que
foram degeneradas pelo individualismo excessivo nas sociedades modernas
radicalizadas e complexas do “ego”, elas não apenas efetuam um diagnóstico
da realidade social centrado na perversidade das figuras do ateu, do agnóstico,
do homossexual, dos divorciados etc.,assim como, também, efetuam um efeito
terapêutico:o da negação, renúncia e crítica à própria modernidade, construindo
uma identidade religiosa altamente imunizadora e conservadora e promovendo
a reconversão dos fiéis por meio da subordinação à figura do pastor.

Palavras-chave: Globalização; Modernidade Reflexiva; Neopentecostalismo.

318
Chamados ao entretenimento: a estratégia do
evangelicalismo pentecostal na busca por espaço
no e por mercado religioso brasileiro

Douglas Alessandro Souza Santos


Mestrando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Sabe-se, de acordo com os dados dos últimos censos demográficos


brasileiros (sobretudo de 1980 a 2010), que as vertentes evangélicas pentecostais
estão entre as experiências religiosas que mais crescem no campo religioso do
país. Caracterizadas pelo forte apelo ao emocionalismo, as igrejas pentecostais
se inscrevem numa gama de religiões conversionistas que, desde há algum
tempo recente, tem usado o entretenimento como uma de suas principais
ferramentas proselitistas. Olhando para casos específicos de denominações
pentecostais, especialmente para a em processo de implementação no Brasil, a
transnacional Igreja Hillsong, o presente trabalho busca relacionar tal estratégia
à busca de espaço no e por mercado religioso diante das demandas religiosas de
uma sociedade plural e em constante mudança.

Palavras-chave: Pentecostalismo; Entretenimento; Mercado Religioso.

319
Magia revisitada: uma revisão bibliográfica
desse conceito e suas características

Herson Herbster Chaves de Oliveira Bastos


Mestrando em Antropologia - UFF

Resumo: É sabido que dentro dos sistemas religiosos, sejam antigos, sejam
modernos, a categoria magia se encontra como uma das plataformas possíveis/
necessárias para que a relação sagrado/profano (Durkheim 2003) produza
sentido na vida dos indivíduos que são adeptos de determinada religião. Nesse
sentido, em nosso artigo, pretendemos mostrar as bases da categoria magia,
elucidando como ela se comporta por meio do pensamento de alguns autores,
bem como pretendemos paralelamente a esse processo demonstrar quais
características acompanham tal categoria.

Palavras-chave: Religião; Magia; Sagrado.

320
O Peso da Posse: notas sobre a estética
da circulação no espiritismo

Allan Wine Santos Barbosa


Mestrando em Antropologia Social - UFSCar

Resumo: A proposta deste trabalho é realizar um experimento comparativo


entre os fluxos de circulação de palavras, energias e doações no espiritismo
kardecista e a clássica discussão de Nancy Munn sobre a fama de Gawa através
do desenvolvimento de relações espaço-temporais de troca na Papua Nova
Guiné. Viso discutir uma dimensão estética do argumento de Munn, apontando
como as relações de troca no circuito entre ilhas, que operam uma expansão
do self/pessoa através do tempo e espaço em direção a outros sujeitos, podem
auxiliar analogicamente a apreensão das relações de doação e reciprocidade
no espiritismo. Guardadas as radicais diferenças entre esses dois contextos
etnográficos, desejo trabalhar a hipótese da existência de uma estética da não-
retenção, articulada seja com a produção da fama individual e coletiva ou com
um princípio de evolução espiritual. A teologia espírita enfatiza a importância
da caridade e os riscos da acumulação material frente ao percurso da alma em
direção a sua transformação em espírito puro. O ato de doar, em suas várias
formas, pode ser entendido como analogicamente próximo da “expansão
do self”, não em termos espaço-temporais, mas sim de pureza e aprendizado
espiritual. Nesse sentido, meu objetivo é explorar as possibilidades e limites
dessa analogia.

Palavras-chave: Circulação; Espiritismo; Pessoa.

321
“VINDE E SEDE SANTOS” - REFLEXÃO SOBRE A FORMAÇÃO DAS
COSMOLOGIAS TRADICIONAIS NA CONTEMPORANEIDADE E SUA
RELAÇÃO COM A JUVENTUDE: A “OBRA DE DEUS” NO MUNDO

Nayara Cristina Lizarelli


Mestranda em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Este trabalho pretende refletir acerca da legitimação e disseminação


do pensamento religioso tradicional na contemporaneidade. Com o fenômeno
de “desencantamento do mundo”, a sociedade europeia medieval passou por
significativas mudanças e a Igreja Católica teve suas doutrinas questionadas.
Acredita-se que tal processo de racionalização não a atingiu de maneira a quebrar
seu núcleo de poder coercitivo, mas que este poder tomou novas formas no
decorrer dos acontecimentos históricos e das mudanças sociais, configurando-
se como cosmologias tradicionais. Tal hipótese nos permite olhar para a
instituição tradicional da contemporaneidade como a corporização teológica,
estrutural e institucional destes antigos núcleos, definindo, através do discurso,
da tradição e dos rituais, diversas formas de subjetividades.Neste sentido,
partindo das práticas institucionais e teológicas do Opus Dei, a pesquisa objetiva
compreender, de forma geral, como a Igreja Católica Apostólica Romana e o
Opus Dei, enquanto instituições tradicionais, lidam com os diversos desafios da
contemporaneidade sem perderem seu núcleo, atraindo fiéis – principalmente
jovens –, reconstruindo entre os mesmos, concepções relacionadas à liberdade,
moralidade e subjetividade. Objetiva também, de modo específico, compreender,
o porquê do significativo número de jovens que recorrem à tradição e ao Opus
Dei, permanecendo em tal instituição, deixando-se conduzir por seus valores,
doutrinas e regras, em um contexto em que as liberdades são afloradas e
exacerbadas.

Palavras-chave: Opus Dei; Tradição; Juventude.

322
Grupo de trabalho XIV:
Religiões e Religiosidades:
vivências religiosas na
contemporaneidade - Sessão B
“Existe uma comunidade chinesa no sentido de
amizade”: comunidade na diáspora e “ser chinês”
no contexto de algumas igrejas etnificadas

Marcelo da Silva Araujo


Doutor em Antropologia - UFF

Resumo: Partindo da afirmação de um dos sujeitos entrevistados, esta


proposta discutirá a intercessão entre proveniência geográfica e administração
da alteridade entre chineses evangélicos no Rio de Janeiro. Protagonistas
de um processo migratório de várias décadas, estes e seus descendentes
têm conquistado indiscutível presença nos debates de variados espaços – da
academia à mídia -, espalhando-se profissional e socialmente por distintos
ambientes. Dentre eles, há um pequeno grupo residente no Rio de Janeiro que
se reúne em 4 igrejas evangélicas. Com graus variáveis de permeabilidade no
tocante ao ingresso de não chineses (brasileiros) e na condução da liturgia (a
língua portuguesa como majoritária, complementar ou inexistente nos cultos),
estas igrejas servem, ao mesmo tempo, como espaços de sociabilidade e de
trocas (matrimoniais, econômicas etc.) e de exercício da etnicidade. No tocante
a este último elemento, tanto a proveniência (continente ou “ilha”, no caso de
Taiwan) quanto o pertencimento nacional (“ser” ou “não ser” chinês) acabam por
formatar simbolicamente a questão da alteridade: esta surge não mais como
oposição ao brasileiro mas sim ao “outro” que, apesar de compartilhar em
alguma medida o que se define por cultura, diferencia-se quanto à perspectiva
política (socialistas versus capitalistas), linguística (mandarim simplificado versus
tradicional), possibilidades religiosas (igrejas tuteladas pelo Estado versus
liberdade de culto), entre outros. Por fim, a comunicação pretende mostrar como
estes marcadores norteiam, pela ativação dos instrumentos de diferenciação
acima citados, as noções de comunidade e do “ser chinês”, o que descamba para
a tensão entre identidade étnica e identificação espiritual.

Palavras-chave: Chineses e Diáspora; Religião; Alteridade e Identidade.

324
Os homens de Deus no Congresso: um estudo sobre a
relação dos modelos eclesiásticos e o comportamento
político na Frente Parlamentar Evangélica

Rafael Rodrigues da Costa; Luciana Silveira


Graduando em Sociologia e Política - FESPSP

Resumo: Este estudo busca compreender quais fatores de influência recíproca


existem entre os parlamentares da Frente Parlamentar Evangélica (FPE),
conhecida como Bancada Evangélica, e respectivos modelos eclesiásticos
das denominações que eles participam. A hipótese é de que os modelos de
organização de cada denominação representada no Congresso Nacional
colaboram na configuração do comportamento político desses parlamentares.
Uma Frente Parlamentar é uma associação civil de caráter pluripartidário,
instituída com o propósito de influenciar diretamente nas políticas públicas,
diferenciando-se dos tradicionais “grupos de interesse” estudados no âmbito
da Ciência Política porque seus membros detém mandato legislativo. O modelo
eclesiástico de uma denominação é o ordenamento institucional convencionado
nas congregações por meio de suas lideranças. Para Alencar (2005), estes
modelos conformam um determinado comportamento político dos fiéis, uma
vez que a igreja é, para eles, a representação terrena do Reino de Deus e, por
esta razão, o modelo ideal de organização política. Como os fiéis são também
eleitores e políticos, tal comportamento político extravasa para o reino dos
homens, o Estado, contagiando tanto o voto como a atuação dos políticos eleitos
na esfera pública. Esse artigo se baseia em entrevistas com parlamentares
e respectivas trajetórias. Observar o horizonte cultural apreendido pelos
evangélicos-legisladores é em um só tempo detectar quais valores e práticas
endossam a atuação destes políticos no Estado e avaliar se é possível haver no
campo religioso em disputa algum tipo de agenda política evangélica em comum
capaz de balizar a atuação da bancada.

Palavras-chave: Bancada Evangélica; Modelos Eclesiásticos;


Comportamento Político.

325
A controvérsia em torno da aprovação da união estável
homoafetiva no Brasil: Uma análise da oposição de
parlamentares evangélicos a ADI n.º 4277

Paula Andréa Gomes Bortolin


Mestranda em Ciências Sociais - UNIFESP

Resumo: Este artigo é dedicado a análise da controvérsia em torno da união


estável homoafetiva no Brasil. O trabalho proposto tem como escopo analisar a
controvérsia gerada por agentes religiosos e defensores dos direitos homossexuais
em torno do julgamento para o reconhecimento de uniões entre pessoas do
mesmo sexo no Brasil como entidade familiar, por analogia à união estável.
Primeiramente problematizamos a presenças de atores religiosos atuando na
esfera política, apontando que, apesar de atualmente o Estado e Religião serem
instituições independentes e distintas observa-se uma certa hibridez ocasionada
por um fluxo de atores religiosos que circulam entre as agências religiosas e a
esfera política, a fim de interferir na gestão da vida civil e privada. (GIUMBELLI,
2008).Posteriormente mapeamos os atores que lideraram este embate na mídia
impressa e on-line sob o intuito de compreender os argumentos, pressupostos
e justificativas que compõem o discurso dos agentes envolvidos. Observamos
também as estratégias destes atores a fim de manipular os direitos referentes
aos casais homossexuais.Quem são os atores que recorrentemente apareceram
na mídia analisada? Quais são os argumentos identificados nos discursos destes
agentes? Quais são as categorias acionadas na elaboração de tais argumentos
a fim de alcançar força as suas respectivas posições? Quais são as estratégias
movimentadas com intenção de manipular os direitos referentes aos casais
homossexuais? Essas são perguntadas que orientaram o mapeamento desta
controvérsia. Portanto esse artigo está concentrada no mapeamento dos atores
que foram porta vozes dos discursos que ganharam destaque na mídia e na
interpretação de seus argumentos e de suas estratégias.

Palavras-chave: Controvérsias; Religiosidades; União Homoafetiva.

326
Entre o rural e o urbano: a formação da
identidade dos fiéis Assembleianos brasileiros

Otávio Barduzzi Rodrigues da Costa


Doutorando em Ciências Sociais - UNESP/Araraquara

Resumo: Há inúmeras características comuns entre o fiel da assembleia de Deus


e a herança rural no Brasil, este artigo pretende tecer certas considerações sobre
a influencia dos valores rurais brasileiros na constituição da matriz cultural dos
fiéis da Assembleia de Deus. Ao passar do rural para o urbano a mensagem tinha
de ser única e o visual também, era um modo de se adaptar a modernidade. Nesse
redemoinho de transformações intensas e permanentes, a religião pentecostal
entra em cena como estratégia de solução e significação da passagem,
determinando os limites dentro do grande espaço sem limites, restabelecendo
os laços de proximidade, compondo sentidos gerais e resistindo ou negociando
com o novo. As massas rurais migradas às periferias urbanas passaram por
crises em suas compreensões de mundo, formas de sobrevivência, quebra dos
sonhos e os abalos emocionais deixaram (deixam) os indivíduos anônimos em
busca de estabilidade referencial. As balizas simbólicas das origens interioranas
não mais respondem à nova situação emergente da metrópole caótica. As
crenças e significados trazidos em seu imaginário não transmitem referenciais
condizentes aos riscos de identidade e sobrevivência do indivíduo e coletividade.
É dentro desta erosão humana, em território estranho que o indivíduo que trouxe
em si uma bagagem de crença vai recorrer ao socorro das forças sobrenaturais
na esperança de alternativas ao túnel do caos amedrontante. Na instabilidade
humana e social, o perfil cristão diferenciado da igreja pentecostal com sua
agregação solidária será a âncora, perante a avalanche de quebra de referenciais
à existência do indivíduo São essas mudanças que pretende-se apontar.

Palavras-chave: Pentecostalismo; Sociologia; Antropologia da Religião.

327
SILÊNCIOS E SUSSURROS DO CLAUSTRO: PASSADO E
PRESENTE NA ORDEM DE SANTA CLARA DE ASSIS

Vanessa de Faria Berto


Doutora em Ciências Sociais - UNESP/Marília

Resumo: A presente proposta de comunicação, parte de minha Tese de


Doutoramento, refere-se à pesquisa sócio-antropológica realizada com as
monjas da Ordem de Santa Clara de Assis, residentes de um Mosteiro no
interior do estado de São Paulo. A investigação buscou observar e conhecer
as formas de vivências que estas Irmãs Clarissas estabeleceram para si, bem
como compreender as mudanças e as permanências presentes nessa realidade
específica, a partir da análise das constantes (re)significações que as freiras
realizaram sobre sua própria situação. Para tanto, foi preciso contextualizar as
origens do monasticismo e da clausura religiosa, principalmente a partir dos
preceitos do Franciscanismo e das Regras criadas tanto por Francisco quanto
por Clara de Assis, no século XIII. Foi necessário, ainda, traçar a trajetória das
mulheres que comungam destes ideais monásticos, desvelando a condição
feminina no interior dos muros do claustro, bem como as relações constituídas
não apenas com a hierarquia clerical católica, mas com a sociedade do Seculum,
em geral. Na abordagem da vivência Clariana contemporânea do mosteiro
paulista foi possível constatar que as monjas, ao mesmo tempo em que se
adaptaram a uma realidade capitalista e globalizada para sobreviver sócia e
economicamente, mantiveram-se atentas aos preceitos originais de sua Ordem,
quais sejam, os da pobreza, da obediência e da contemplação religiosa.

Palavras-chave: Ordem de Santa Clara de Assis; Monasticismo Feminino;


Clausura Religiosa.

328
Estado laico brasileiro em debate: a indicação religiosa
de Michel Temer ao Ministério da Ciência e Tecnologia

Fernando A. de Souza Guimarães¹; Giulliano Placeres²; Raiza Campregher³


¹ Mestrando em Sociologia - UFSCar
² Doutorando em Sociologia - UFSCar
³ Doutoranda em Sociologia - UFSCar

Resumo: O influente poder histórico das instituições religiosas constituiu-se


permanentemente como entrave às tomadas de decisões dos estados laicos
modernos. A discussão acerca dos limítrofes de ação envolvendo igrejas e o
Estado brasileiro, sobretudo em temáticas polêmicas como a legalização do
aborto e ensino religioso nas escolas públicas dentre outras, pautam atualmente
constantes embates. Frequentes indicações e nomeações de parlamentares
com significativa militância religiosa a cargos do poder executivo brasileiro têm
acirrado ainda mais a disputa destes agentes na busca por reconhecimento e
legitimidade perante a esfera pública. Salientando suas imbricações no campo
científico, religioso e político, com enfoque sociológico, este artigo propõe
debater a controversa indicação proposta pelo presidente interino da República
Michel Temer a um parlamentar evangélico como aspirante ao Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovação.

Palavras-chave: Religião e Política; Parlamentares Cristãos; Governo Interino.

329
Entre o projeto político e o poder: as performances
da bancada evangélica no legislativo federal

Gabriel Silva Rezende


Mestrando em Sociologia Política - IUPERJ

Resumo: As transformações sociopolíticas nas últimas décadas no Brasil


demonstraram, o fortalecimento do ramo pentecostal e a maior inserção dos
evangélicos na política partidária. Mobilizando, assim, pastores, bispos e apóstolos
pentecostais a se lançaram na política de vez, ampliando consequentemente,
espaços e oportunidades para que candidatos e partidos políticos investissem
na instrumentalização de suas igrejas e fiéis para fins partidáriosEm que a
disputa entre laicidade e afirmação dos valores religiosos pelos atores políticos
evangélicos, ganham cada vez mais tônica no espaço público. Revelando para
muitos estudiosos uma nova face do conservadorismo religioso, que emerge
como reação a transformações socioculturais que o Brasil tem experimentado,
em especial no início dos anos 2000, com a abertura e a intensificação de políticas
públicas voltadas para direitos humanos e gênero. Ou seja, em contraposição
a multiplicidades de agendas no espaço público contemporâneo, como o
movimento LGBTT, legalização do aborto, Escola sem homofobia e as bases do
Estatuto da Família, que colocaram em xeque a “cultura cristã moralizadora”.
Assim acontece com toda e qualquer questão que afete ao tema de interesse da
bancada nas comissões do Congresso Nacional, conseguindo, ao mesmo tempo,
captar os anseios e as temáticas em debate e retransmiti-los para a linguagem
midiática e revestida de caráter religioso. Nesse sentido este trabalho se propõe
analisar e debater as experiências institucionais da participação evangélica e
seus mecanismos e performáticas de efetivação no Legislativo Federal, derivadas
da (re) emergência de novos repertórios de ação através de um conjunto de
manifestações e práticas institucionalizadas de atuação.

Palavras-chave: Participação Política; Atores Evangélicos; Legislativo Federal.

330
Celibato clerical em Andradina-SP e o
movimento de padres casados no Brasil

Marcelo Fernandes Brentan


Mestrando em Sociologia - UFSCar

Resumo: Esta trabalho, aborda, por um lado, as ações políticas dos padres
casados e suas esposas do Instituto Administrativo Jesus Bom Pastor (IAJES), no
contexto da ditadura militar entre 1970 a 1985, sob influência da Teologia da
Libertação e o funcionamento das comunidades eclesiais de base (CEBs), tendo
o período de formação e término do Instituto (1969 a 1996) na região do Alto
Paraná, nos municípios de Andradina-SP e Três Lagoas-MS. Por outro lado, o
trabalho se volta para a condição de tais indivíduos atualmente, verificando os
desdobramentos da militância religiosa e política na região e o desenvolvimento
do Movimento de Padres Casados do Brasil (MPC). Para isso analisou-se a
estrutura organizacional do IAJES e do MPC, seu funcionamento e como se
posiciona diante da simbologia da igreja em relação aos padres casados e suas
esposas. O trabalho decorre da análise do rompimento de indivíduos com o
celibato clerical e suas formas contemporâneas de legitimação.

Palavras-chave: celibato clerical; política; religião.

331
Movimento Atletas de Cristo: surgimento,
desenvolvimento e perda de prestígio

Breno Minelli Batista


Mestrando em Sociologia - UFSCar

Resumo: Este artigo consiste em um texto elaborado de acordo com um dos


capítulos de minha dissertação de mestrado em andamento. Especificamente
trata, por meio de revisão bibliográfica e entrevistas coletadas no jornal dos Atletas
de Cristo, sobre a surgimento, desenvolvimento e atual situação do Movimento
Atletas de Cristo (MAC) no Brasil. A organização sem fins lucrativos Atletas
de Cristo teve início em 1978 por iniciativa do então goleiro do Clube Atlético
Mineiro, João Leite. Leite buscou propagar sua religiosidade a companheiros de
profissão, mediante a criação de uma entidade que lhes identificasse e reunisse.
Institucionalmente, o grupo dos Atletas de Cristo se auto definem como um
ministério evangélico que aceita todas as igrejas como legítimas, assumindo
uma postura interdenominacional. O testemunho de vida de um atleta, por
sua vez, representa um dos elementos centrais para o desenvolvimento da
evangelização e do próprio marketing do Movimento. Nos primeiros anos do
movimento, os atletas de cristo ganharam visibilidade no cenário esportivo
através de um gesto: após o apito final os atletas integrantes do MAC escolhiam
alguém do time adversário e o presenteavam com uma edição da Bíblia. Tal ação
era divulgada constantemente pela mídia. O MAC apresentava outro recurso
que era a atuação junto a grandes eventos esportivos, como Olimpíadas, Jogos
Panamericanos e até mesmo a Copa do Mundo. Porém, o grupo considerado um
fenômeno no passado e que teve obteve certa notoriedade devido à badalada
geração que “ganhou o tetra” gradativamente foi perdendo popularidade e
prestígio, tendo sua participação nos moldes da evangelização cada vez mais
limitada ao “anonimato”. Por que ouvimos tão pouco sobre o MAC hoje?

Palavras-chave: Atletas de Cristo; Protestantismo; Terceiro Setor.

332

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