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Impossível
Eu vou correndo...
Eu vou correndo
Para as estrelas
Correndo pela Lua
Correndo sobre o mar
Da meia noite
Sob o sol
Do meio dia.
Mas não vi
Pelo caminho
A Lua dos astronautas
Apaixonados
Nem as conchas
As estrelas do mar brilhando
Nem o joão-de-barro
Que mora em frente
Da minha janela
Cantando o sol.
( Indaial, 13/11/97)
Recolher as palavras
Esparsas pelas folhas
E formar um sonho.
Um filme.
Um quadro novo,
De cores novas.
Palavras novas.
Sentir novas vidas
Novos olhos
Para ver novas palavras
E outras palavras
Escritas.
Caçar sentimentos
Diversos
Escrever um verso
No reverso do papel
Azul da tela
Dos teus olhos
E ler estrelas
E recolhe-las
Em novas palavras
Numa outra folha de papel.
(Indaial, 13/11/97)
Agora
( Indaial,13/11/97)
Girassol suspenso no ar
E quantas assas partidas.
Desligo meus olhos.
O girassol flutua
Embrulhado num jornal
De Domingo.
Foi-se o equilíbrio
Impossível
E o diamante indócil.
E os cavalos alados
Que cegos vemos agora
Sobre o sol
Que já não existe.
E o trem na estação
Vendo o céu fugir
Escorrendo do pincel
Correndo pelo pelo chão.
O horizonte esta contido
Neste ar sem matéria.
Esta decidido:
Fecharei as janelas e frases
Que não me servem mais
Mas guardarei a esperança
Do traço...
(Indaial,13/11/97)
Estranha Desordem
( Indaial,14/11/97)
Valsa da Esquina
Só um pássaro
Pousado num fio de luz
Ilumina a cidade
E canta
A partitura
Que se repete sempre
E não termina nunca
E subitamente,
Atento a essa beleza
O sol desperta.
(Indaial, 15/11/97)
Andorinhas...
Andorinhas
Nos aguaceiros de verão
Traçam elipses oblíquas
E desaparecem
No céu que escurece
Abraçado à minha alma.
Longe do longe
Estás sempre em despedida
E eu,
Sempre atrás do teu aceno,
Nos suspiros do vento
Despejo minhas lágrimas
(Indaial, 15/11/97)
(Indaial, 15/11/97)
(Indaial, 15/11/1997)
(Indaial, 30/12/1997)
Despedida (amar)
Um pedaço de ti
Guardei aqui
Eterno direito
De amor e de nós.
(Indaial, 15/11/1997)
Indaial 03/01/98
Indaial 03/01/98
Solto a voz...
Indaial, 03/01/98
Indaial,03/01/98
Alguma poesia
Indaial 10/01/98
Indaial. 10/01/98
Notícia
Indaial, 10/01/98
Sonho
Indaial 12/01/98
Notícia II
Indaial, 13/01/98
Tempestade
Vento sul
Que corre sobre minha pele
Trazendo outra esperança
Nova,
Trazendo outro silêncio
Agudo,
Trazendo outra lua
Clara.
Vento sul
Que passa sobre minha pele
Trazendo o perfume das
Tangerinas, e
O dourado sol de primavera e
O brilho das auroras.
Vento sul
Que corre sobre minha pele
Deixa-me minha recordação,
Esta cativa ave
Que desenha minha vida
Como o sábia
Desenha o sol da manhã.
Indaial 19/01/98
Paisagem
Sob as árvores
A barraca insuflada como
Um veleiro pronto a zarpar
Contempla a paisagem.
Um silêncio ondulado.
Um grupo de formigas
Agitadas conspiram
Ataques e revoluções.
Uma abelha caminha
Tranqüila de flor e flor.
Um caracol suspira e se
Afasta aturdido e inquieto
Desta confusão
De latas de cerveja e
Restos de carvão,
Enquanto alguém reclama
Da dureza do colchão,
Dos sapos e mosquitos,
Esses pobres cantores noturnos, e
Do ronco dos vizinhos, e
Da bebida bebida demais, e
Ria o riso gostoso dos amigos
Despertados pelo calor do sol
Em uma manhã sem chuva, e
O cheiro doce da relva
Inda molhada de orvalho.
O caracol suspira e
Afasta-se lentamente
Olhando a paisagem,
Inquieto e aturdido,
Vai acampar noutro lugar.
Indaial 20/01/98.
Dúvidas
Se o azul é um sonho,
Que será da esperança
Dos poetas? Quem há
De defende-los das flechas
Do coração? Quem irá
Lembrar-se das coisas das
Quais ninguém mais se recorda?
Se a morte é a morte
Que será dos poetas? E
Das coisas esquecidas?
Quem se lembrará da primeira aurora
E do calor da palma de minha mão?
Indaial, 20/01/98
Canção da tarde.
Indaial, 21/01/98
Cigarra
Queria como tu
Poder morrer de cantar
Rimas alegres,
A esperança imensa,
O mar que amo tanto,
O vento que desejo,
O sonho e o tempo,
A persistência em meu coração
E o prenuncio
De uma chuva de verão.
Indaial, 21/01/98
(38 °C à sombra)
Amanhã
Indaial, 22/01/98
Manhã
Indaial, 23/01/98
Soneto
Indaial, 23/01/98
O Beijo
Indaial, 24/01/98
Noturno
Indaial, 25/01/98.
Sonho
Indaial, 26/01/97
Os mosquitos...
Os mosquitos,
Líricos navios fantasmas,
Voam na calma do ar.
A lua, flor dos ventos,
Dispersa suas pétalas
Sobre os velhos telhados.
Os ritmos se curvam
Ante a chuva. As árvores
Meditam como estátuas
A tristeza das horas paradas
E o ruído dos pássaros.
Dormirei tranqüilo
Ao doce sabor do vento.
Indaial 26/01/98
Azul...
Indaial, 26/01/98
Aqui te deixo
Meu coração antigo
Vou pedir outro novo
A algum amigo.
Indaial,26/01/98
Já se dissolveu o sol
Na copa do monte.
É hora de partir
Esses olhos murchos
De artista fracassado
Que fitam a tarde
Desmaiada
Com um fulgor humano.
O fantasma indeciso
Da tarde partiu o horizonte,
Ecos de uma voz
Que vem de longe
Como uma corrente
De sombras após
Fitar as estrelas.
As ruas já estão vazias,
Os montes apagados
E os caminhos desertos.
Indaial,26/01/98
Indaial,27/01/98
Gaivota
Indaial,28/01/98
Indaial, 28/01/98
Tempo
Querer do tempo
O que ele não leva.
Saber do tempo
As marcas que deixa.
Perenidade fugaz.
A eternidade
É feita de pássaros
Pedras imóveis e
Não precisar de relógios
Para contemplar
O passado invisível
Que me escapa
Das mãos.
Indaial, 28/01/98
Teu corpo
Indaial,28/01/98
Durante a noite...
Durante a noite
Vejo o tempo passar
Contando estrelas.
E agora
Se eu te dissesse
Que encontrei
A solidão do equilíbrio
Perfeito,
Que sou espaço
Onde mundos acontecem
E que amo assim
Sem fazer alarde?
Também eu já não acredito.
Indaial,28/01/98
Chuva
Indaial, 28/01/98
As aves lá fora
As aves lá fora
E eu enclausurado
Na minha sala
Fico assim com a quietude
Dos atos empurrados
Escrevendo nas agendas
Para desinfetar
O coração da estupidez
Que trago em mim.
La fora as aves
E aqui esse vazio não sei de que.
Indaial,29/01/98.
Indaial,02/02/98
Paisagem
Há um céu fundido
E uma chuva escura
De luzes apagadas.
A beira do rio
Está carregada
De gritos
De pássaros cativos
Chorando por coisas
Distantes,
Longas cordas
De viola
Vibrando ao vento.
Ouve o silêncio
Resvalando por
Vales e ecos
E os passos
De uma moça morena
Cruzando uma branca
Ponte de névoa
Que interroga a lua:
"Quem recolherá
tua dor de cal
e as espirais de pranto
que pelo ar ascendem?"
As montanhas olham
Um ponto distante.
A ilusão da aurora
Na terra quieta
De noites imensas.
Pelas ruas,
Homens embuçados
Tem um tremor
De cordas em tensão
Que se partiram
Deixando nada mais
Que o silêncio
Aberto ao duro ar
Da corrente do rio
Que não olha nunca
Para trás.
A cidade espreita
Longos ritmos
E se enrosca
Sob o arco de céu
E estrelas de cristal,
Em um marulho
De tons quebrados
Pelos últimos ecos.
Indaial, 02/02/98
Primavera
Indaial,03/02/98.
Passeio Matinal
Indaial, 09/02/98
Eu bebi o suficiente
Para não dirigir,
Mas não o suficiente
Para não poder voar,
Ouvir o coaxar de sapos,
Ver a silhueta da ponte,
Velha dama imponente,
Desenhada em micro lâmpadas
No horizonte.
Bebi o suficiente
Para ver bruxas de
Pernas deslumbrantes, e
Amigos, e Caravelas
Com Reis dos Mares, e
Navios indo formar a
Raça Brasil.
Bebi o suficiente
Para não dirigir,
Mas o suficiente para sonhar
Na madrugada.
Cenário
O dia ia amanhecendo.
Nenhum galo cantava ainda
E o silêncio ia levando
Seus bêbados e bruxas
Pela rua.
Na areia grossa
Escombros de árvores
Abrigam o canto dos pássaros.
Os brejos estão coalhados de sapos e
Rãs, cantores noturnos,
Afinados seresteiros.