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FONTES DE DIREITO

ELENCO DAS FONTES DE DIREITO INTERNACIONAL


São fontes do direito as origens do direito, ou seja, o lugar ou a matéria prima
pela qual nasce o direito. Estas fontes podem ser materiais ou formais.

Fontes materiais Fontes formais

Questões da vida real que vão Mais importantes do ponto de vista


determinar a necessidade da norma; técnico-jurídico; fontes independentes
fontes criadoras, reais ou profundas; da vida real, dão sempre origem a
verdadeira fonte de Direito; certas normas, como costume,
tratados, princípios gerais;

Por meio de órgãos estatais é criada/aprovada as Não criam, mas exteriorizam o direito; processos
leis – fontes que criam as leis e o direito. de formulação, exteriorização ou afirmação das
normas na vida social.

Para uns autores, a única fonte de DI: acordo de vontades (tácito = costume / expresso = tratados)

Para outros autores, Charles Rousseau: “designa somente as fontes formais, dado que as fontes
materiais variam de autor para autor, e são extrajurídicas, constituídas por conjunto complexo de
factos materiais e de conceções ideais”.

A. FONTES DE DIREITO INTERNACIONAL


Vários textos de DI positivo e ordem jurídica internacional, enumeram as diversas
fontes desse mesmo, servindo de base à elaboração do elenco de fontes. De entre
os textos  Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça.

Artigo 38 - ETIJ
1. O Tribunal (*), cuja função/missão é decidir em conformidade/resolver de acordo com o direito
internacional as controvérsias/os diferendos que lhe forem submetidas, aplicará:

a. As convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras


expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;

b. O costume internacional, como prova de uma prática geral aceite como direito;

c. Os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas;

Ested.artigo não estabelece


Com ressalva umadohierarquia,
das disposições apenas judiciais
artigo 59, as decisões enumera e aas fontesdos
doutrina formais:
publicistas mais
qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito.

2. A presente disposição não prejudicará a faculdade do Tribunal (*) de decidir uma questão ex aequo et
bono, se as partes assim convierem.
 Convenções e tratados; Também não são
+ importância
abrangidas todas as
 Costume;
fontes – não é um elenco
 Princípios gerais de Direito; exaustivo

 Jurisprudência e Doutrina; fontes subsidiárias HÁ MAIS FONTES

 Equidade.

As fontes não enumeradas no artigo 38º: atos


unilaterais – protesto, notificação, reconhecimento,
atos/resoluções das OI, “Jus cogens” (surge com
CVDT), soft law.
NOTA: Princípios Gerais de Direito  desatualizados, mentalidade
colonialista e euro centrista; devem ser reconhecidos como PDG
internacionalmente reconhecidos.

B. CONVENÇÕES OU TRATADOS
Até ao século XIX – já tinham sido celebradas diversas convenções multilaterais,
mas o costume era a fonte predominante.

A partir daí muitos fatores como por exemplo a multiplicação do nº de Estados


na cena internacional, o desenvolvimento e a intensificação das relações
internacionais.

Isto contribuiu para que o tratado viesse a assumir um papel importante na cena
internacional:

Direito escrito = direito claro e preciso, cujo


processo de criação é mais rápido do que o
FATORES TÉCNICOS do direito costumeiro. Facto que melhor se
coaduna com as necessidades de uma
rápida regulação das relações internacionais.
A entrada e participação na vida
internacional dos países socialistas e os
Estados nascidos da descolonização são
fatores importantes, pois todos defendem o
RAZÕES POLÍTICAS desenvolvimento do direito escrito.
O direito convencional para estes Estados
assume uma natureza nova por participarem
na elaboração deste direito.

NATUREZA JURÍDICO Fatores de natureza jurídica-institucional:


INSTITUCIONAL influência de certas instituições e
organizações internacionais na cena jurídico-
política internacional. Em especial a ONU,
tem exercido um papel importante na
codificação do DI e no desenvolvimento
progressivo do direito dos tratados.
O seu próprio objeto é o tratado. Esta
convenção assinada a 23 de Maio de 1969,
entrou em vigor em 1980 e é passível de
algumas objeções:

- Autolimita-se com a sua própria


vocação universalista de acordo com o
art.81º. Limita a participação de vários
Estados que não faziam parte daquelas
CONVENÇÃO DE instituições internacionais e que dificilmente
VIENA SOBRE O seriam convidados pela Assembleia Geral da
DIREITO DOS ONU a tornarem-se Partes desta Convenção.
TRATADOS ENTRE OS Atualmente, o art.81º estendeu-se à entrada
ESTADOS de outros Estados

- Só regula os tratados celebrados


entre os Estados sob a forma escrita; os
outros não escritos e os entre Estados e
Organizações.

- Atribui natureza supletiva às regras


gerais nela contidas. Tais regras só são
aplicáveis quando nos tratados celebrados
entre os Estados não for estabelecida regra
diversa.
1. Conceito, Designações e Classificação

1.1. Definição/Conceito de Tratado

Artigo 2º, nº1, alínea a), da Convenção de Viena

O tratado é um ato jurídico internacional bilateral ou plurilateral praticado


por sujeitos de direito internacional pelo qual estabelecem direitos e
obrigações recíprocas.

É uma manifestação de vontade dos sujeitos de DI, acordo entre estes


membros/sujeitos, com natureza internacional, que se destina a produzir entre
as partes efeitos de direito.

É um ato jurídico único, tem uma natureza jurídica unitária, mesmo quando
seja constituído por diversos documentos a ele anexados. Enquanto ato jurídico
internacional, o tratado tem de ser regido pelo DI, dada a sua natureza jurídico-
internacional.

1.2. Designações

Artigo 2º, nº1, alínea a), da Convenção de Viena “qualquer que seja a sua
denominação particular”

O tratado tem sido, designado de várias formas, nomeadamente por: Convenção,


Acordo, Concordata, Declaração, Protocolo, Ato Geral, Compromisso. Têm
na sua base o conteúdo ou o objeto de Tratado.

Nota: Acordos em forma Simplificada - são designações dadas a Tratados


“que se ocupam de assuntos de carácter cultural, financeiro ou
económico” ou, ainda, militar, técnico, etc.

Acordos que são concluídos, regra geral, por um membro do Governo (Ministro
Negócios Estrangeiros) ou por agentes diplomáticos (embaixadores). Neles o
Chefe de Estado e o Parlamento não intervêm. São de celebração rápida, pois
basta a negociação seguida de assinatura. São constituídos por Cartas, Notas e
Declarações que as partes produzem e trocam entre si. Segundo certos autores
estes acordos distinguem-se dos Tratados por não carecerem da ratificação. A
razão de ser da crescente utilização destes acordos radica-se na simplicidade e
rapidez do processo de conclusão.
1.3. Classificação

As classificações do Tratado são numerosas. No quadro dessa multiplicidade,


podem ser feitas de ponto de vista doutrinal e jurídico-formal.

Preocupação de ordem Objetivo de realçar os


metodológica ou didática, diferentes tipos de
com objetivo de produzir regime e/ou
tipologia tendente à consequências jurídicas
classificação das diversas dos tratados.
espécies intelectualmente
possíveis de Tratados.

PONTO DE VISTA DOUTRINAL

Do ponto de vista doutrinal, a classificação mais corrente é a que distingue os


Tratados com base em critérios de ordem material e formal:

ORDEM MATERIAL

Classificados em:

- Tratados normativos ou Tratados leis: estabelecem regra de direito


aplicável a generalidade de casos; tem por objeto a enunciação de regra de
direito objetivamente válida; Pacto da SDN de 28-6-1919; Carta da ONU de 26-
6-1945)

- Tratados Contratos: acordos por meio dos quais se realiza uma operação
jurídica concreta, esgotando-se imediatamente os seus efeitos; atos
jurídicos de natureza subjetiva geradores de prestações reciprocas entre as
Partes, de conteúdo ou de natureza diversa. Tratados de comércio.
Distinção criticada por Paul Reuter: distinção entre contrato e lei perdeu o caráter evidente; o
critério de generalidade para caracterizar a lei interna não serve o DI para fazer a distinção entre lei
e contrato, visto que os sujeitos do DI são poucas entidades coletivas, dificultando definição de
generalidade.

Distinguidos em:

• Tratados de Quadro - Contêm diretivas materiais, abstratas e gerais, que


terão de ser regulamentadas, desenvolvidas e concretizadas, por convenções
especiais ulteriores. Para a sua concretização, são criadas comissões mistas.

• Tratados Institucionais - Criam instituições ou organizações


estabelecendo as regras de governo e organização desses novos sujeitos.

•Tratados que criam situações objetivas - Impõem-se objetiva e


independentemente do consentimento dos sujeitos do DI as situações
jurídicas que criam. Ex: Tratados que criam zonas desmilitarizadas, neutrais
ORDEM FORMAL

Classificados em:

- Tratados bilaterais: participam apenas 2 sujeitos de DI;

- Tratados multilaterais ou coletivos: participam mais de 2 sujeitos de DI;


podem ser gerais (abertos à participação de qualquer Estado), ou restritos
(ou fechados, aqueles em que só os Estados partes podem neles participar).

Distinguidos atendendo aos requisitos necessários para a sua validade:

- Tratados solenes cujo processo de elaboração e de conclusão é complexo


e em que se exige intervenção dos órgãos investidos no treaty making
power, e necessitam de ser ratificados.

-Acordos em forma simplificada: convenções cujo processo de


elaboração é simples e que a partir da assinatura ficam perfeitos e aptos a
entrar em vigor, não sendo necessária a ratificação.

Tendo em atenção as partes e o processo de se vincularem ao tratado:

-Tratados abertos que permitem a participação de Estados que


originariamente não tenham participado.

-Tratados fechados que não permitem a participação de outros Estados, que


não sejam os que originariamente nele tenham participado e que dele façam
parte.

-Tratados semi-fechados que permitem a participação de Estados que


originariamente nele não tenham participado desde que não façam parte de
uma lista anexa de Estados que não podem participar, ou que estabelecem uma
forma especial de adesão.

Nas classificações de caráter formal atende-se ao nº de sujeitos participantes


na celebração do Tratado ou às formalidades exigidas para a sua conclusão,
sob o ponto de vista material o critério de distinção é o objeto ou conteúdo.

As duas perspetivas não são contraditórias. Entrecruzam-se, dado que os


Tratados normativos são, regra geral, multilaterais ou coletivos e os Tratados
contratos são, regra geral, bilaterais, mas nada impede que sejam multilaterais.
2. ÓRGÃOS COMPETENTES PARA A CONCLUSÃO DE
TRATADOS
O tratado não é uma figura que só diga respeito ao DI. É o direito interno dos
Estados que vai determinar quais são os órgãos competentes para a elaboração
do Tratado, e, essa tarefa cabe ao Direito Constitucional de cada Estado que a
delega no chefe de estado após a aprovação da AR.

3. PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS


Nem o direito costumeiro nem a Convenção de Viena estabelecem regras ou
impõem formalismos rígidos à elaboração de tratados. Limitam-se a indicar as
fases do processo, deixando às partes larga margem de manobra na definição
das regras processuais a observar.

As fases desse processo são: fase da negociação, a da redação, a da assinatura,


a da ratificação.

(art.7º-14ºCVDT)

3.1. FASE DE NEGOCIAÇÃO

Fase de discussão e fixação do conteúdo do Tratado, e pode assumir


distintas formas, conforme se trate de um tratado bilateral ou multilateral.

Nos tratados bilaterais as negociações são conduzidas pelo ministro


dos Negócios Estrangeiros de um Estado e o Agente Diplomático do
outro, ou pelos ministros dos Negócios Estrangeiros dos Estados Partes.

Nos tratados multilaterais as negociações decorrem em congressos ou


conferências onde cada parte se faz representar por negociadores, que
formas as delegações.

Os negociadores denominam-se por- plenipotenciários – habilitado de


poderes plenos para dirigir e concluir as negociações, dela constando, por
vezes, a promessa de ratificação do Tratado.

Esta promessa não pode ser entendida como um verdadeiro compromisso,


dado que a ratificação ulterior pelo Chefe de Estado é, regra geral, reservada.

Segundo o artigo 2º da CVDT, o Estado indica uma ou mais pessoas para


representar o Estado na negociação, para manifestar o consentimento do
Estado.
3.2. REDAÇÃO

Quando se chega a um acordo, parte-se para a redação de um texto escrito


torna-se necessário escolher a língua em que deve ser redigido o texto, facto
delicado por, na maior parte das vezes, o idioma oficial dos Estados Partes do
Tratado ser diferente.

Nos tratados bilaterais a redação é feita nas línguas das partes contratantes.

Nos tratados multilaterais, a redação é feita em 2 das seis línguas oficias da


ONU ou da Organização Internacional que interveio no tratado.

A estrutura de um texto/redação de um tratado deve conter:

1º Preâmbulo São indicadas as partes contratantes dos motivos que


levaram à conclusão do tratado e objetivos que se pretende alcançar.
Não se referem os Estados, mas sim os órgãos estatais das partes
contratantes com poderes para obrigar o Estado (treaty making power).

2º Corpo Normativo/Dispositivo Redigido sob forma articulada, pode


ter um ou vários anexos destinados a regular aspetos técnicos, e é nele
que estão consagrados os direitos e obrigações conferidos e impostas
às partes e que estes aceitam respeitar.

3º Cláusulas Finais São sob o ponto de vista material, textos normativos


e sob o ponto de vista formal, um ato. Referem-se a questões relativas
ao processo de emenda e de revisão, modalidades de entrada em vigor,
extensão do Tratado a outros Estados que não participaram na sua
elaboração, duração do Tratado, etc.

4º Anexos Contêm disposições técnicas ou que complementam certos


artigos do tratado. Os anexos fazem parte integrante do tratado,
constituindo com ele uma unidade e possuem, a mesma força
obrigatória. Alguns destes anexos são incorretamente chamados
Protocolos.
3.3. ASSINATURA

Redigido em texto, este é assinado por todos os plenipotencirários (art.10º


da CVDT).

A assinatura pode revestir a forma de:

Rubrica- É utilizada quando os negociadores interrompem as


negociações para submeterem o texto à apreciação dos respetivos
governos.  quando não dispõe de poderes para esse efeito ou
dúvidas sobre a aceitação do tratado pelo Estado que estão a
representar.

Assinatura ad referendum- é feita pelo representante do Estado que


não tem poderes. A autenticação do texto fica sujeita a confirmação
posterior quando lhe for concedido os necessários poderes.

Assinatura propriamente dita- forma normal de autenticação do texto


de um tratado, que é uma promessa solene e firme de vincular ao
Tratado o Estado firmante. Pode ser feita no encerramento das
negociações e da adoção do texto, numa data posterior pré estabelecida
por acordo ou em qualquer momento posterior à adoção do Tratado.

Embora da autenticação do texto com a assinatura dos plenipotenciários não


resulte para o Estado a obrigação de ratificar o Tratado, o certo é que com tal
assinatura o Estado fica obrigado a não adotar conduta que possa
impossibilitar ou tornar difícil a execução do Tratado.

Assinado o texto, este passa a valer como projeto de Tratado, completando


a fase da negociação  não podendo introduzir alterações

TEXTO SÓ SE TORNA OBRIGATÓRIO DEPOIS DA


ASSINATURA/APROVAÇÃO DO REPRESENTANTE DO ESTADO
3.4. RATIFICAÇÃO

A) Conceito
Após a assinatura, o texto é apenas um projeto de Tratado que deve ser aceite
ou recusado pelos Estados, sem que nele sejam introduzidas alterações. É assim
necessário ratificá-lo para que o projeto se transforme em Tratado, tarefa
que compete exclusivamente aos órgãos internos dos Estados.

Ratificação  aprovação solene do Tratado pelo órgão estatal (interno)


constitucionalmente competente para obrigar internacionalmente o Estado-
art. 2, nº1 b); 11 e 14 da Convenção de Viena.
Trata-se de uma declaração de vontade de pactuar emitida pelo órgão
competente para vincular o Estado.

Historicamente a ratificação começou por ser, nas monarquias absolutas, um ato


monarca confirmativo dos atos praticados pelo seu representante plenipotenciário.
Hoje a ratificação deixa de ter sentido obrigatório e natureza confirmativa.

B) Forma de Ratificação
Assume a forma de carta de ratificação, um documento destinado a troca
ou depósito e que é em parte reproduzido no jornal oficial do Estado
ratificante sob a forma de Decreto Presidencial, que reproduz o texto integral
do Tratado. O texto é publicado numa das versões oficiais e na língua oficial do
Estado. A carta de ratificação em essencialmente, mas não exclusivamente,
efeitos internos.

C) Troca e Depósitos de Ratificação


Cumprida esta formalidade os Estados ficam vinculados jurídico-
internacionalmente ao Tratado- art 16 e 78 da CVDT. Quer a troca, quer o
depósito são feitos com assinatura de um “processo-verbal”.

Troca: usada nos Tratados bilaterais a através dela os Ministros dos


Negócios Estrangeiros dão-se conhecimento reciproco de que a
ratificação teve lugar e a sua data.

Depósito: reservado para Tratados multilaterais, consiste na


participação das ratificações ao Ministério dos Negócios Estrangeiros ou
ao secretariado de uma organização internacional, que por sua vez se
encarregam de dar conhecimento a todos os signatários do tratado e
passam a ser depositários do texto original do Tratado, bem como dos
plenos poderes apresentados, ficando vinculados às obrigações
estabelecidas para o exercício dessa função- art 76 e ss da CVDT.
D) Efeitos da ratificação imperfeita
A ratificação imperfeita é aquela que não obedece aos trâmites definidos pelo
Direito interno dos Estados ratificantes.

A condição essencial para que o ato de ratificação seja válido e produza os seus
efeitos é a do órgão ratificante ser o constitucionalmente competente para o
efeito. Assim, o tratado irregularmente ratificado é inválido ou nulo
(art.46ºCVDT)

Pode acontecer que a competência para concluir tais Tratados e vincular


internacionalmente os Estados esteja repartida por 2 ou mais órgãos estaduais.
Pode acontecer assim que o Presidente ratifique um Tratado sem que este
tenha sido previamente aprovado pelo Parlamento, o que dá origem a uma
ratificação imperfeita ou irregular jurídico- constitucionalmente.

E) Órgãos competentes para a ratificação

1- Regra Geral
É normalmente o direito constitucional de cada estado que define a
competência dos órgãos internos que estabelece as regras processuais a seguir.
Órgãos: Executivo: PR ou Governo, Parlamento, Executivo e Parlamento

2- Em Portugal
A competência é atribuída pela CRP de 1976 ao PR, competência que ele só
pode e deve exercer depois de o tratado ter sido aprovado pela AR- artigo
135º b) e 161º i) da CRP.

Em caso de ratificação imperfeita:


É afetada a vigência do tratado na ordem interna portuguesa por
força do art.8º nº2 e do artigo 277º nº2 da CRP.
A disposição do art.277 nº2 . admite que a inconstitucionalidade
orgânica ou formal só não releva quando o tratado for regularmente
ratificado. Esta disposição só diz respeito aos tratados, pelo que os
acordos em forma simplificada ou as convenções aprovadas pelo
governo- art.200º d) e 197 c) da CRP- serão sempre afetados por
qualquer inconstitucionalidade orgânica ou formal por não carecerem
de ratificação.
4. OUTRAS FORMAS DE VINCULAÇÃO DOS ESTADOS PELOS
TRATADOS PARA ALÉM DA RATIFICAÇÃO
Os Estados podem, nos termos do art. 11 da CVDT, vincular-se a Tratados por
outras formas:
Aprovação
Adesão ou
Assinatura ou
acessão
aceitação

4.1. Adesão ou acessão

Ato jurídico normalmente unilateral pelo qual um Estado que não é


originariamente parte num Tratado declara a sua vontade de se submeter e
de ficar obrigado pelas suas disposições- art. 15 da CVDT.

Normalmente a adesão só é admitida nos Tratados abertos com um alcance


universal ou nos Tratados semiabertos com alcance regional. Não é possível em
Tratados fechados.

Formas de adesão: Adesão por Tratado especial; Adesão por troca de


declarações; Adesão por ato unilateral.

Modalidades de Adesão

Quanto ao âmbito de aplicação:

•Ilimitada: aberta a todos os Estados

•Limitada: reservada a certos Estados, expressa ou implicitamente,


referenciados no Tratado

Quanto à modalidade:

•Livre ou pura e simples: adesão depende da vontade do Estado que


pretende aderir

•Condicionada: depende de certas condições.

Regularidade da Adesão

Pode haver adesão imperfeita ou irregular tal como acontece com a ratificação.
A questão da validade ou da nulidade da adesão imperfeita é tratada em termos
muito próximos daqueles no caso da ratificação imperfeita.
4.2. Assinatura

Nos termos do art. 12 da CVD, os Estados podem manifestar a sua vontade de


se submeter a um Tratado através da assinatura desde que:

•Conste do tratado que será esse o efeito da assinatura;

•Resulte inequivocamente que houve acordo entre Estados


negociadores no sentido de a assinatura ter esse efeito;

•A intenção do Estado em atribuir esse efeito à assinatura resulte dos


plenos poderes do seu representante ou tenha sido manifestada no
decurso das negociações.

Atualmente, passou a ser permitido que os Estados que não participaram nas
negociações do Tratado possam, posteriormente, assinar o texto sem quaisquer
restrições e num prazo ilimitado.

Na opinião de Charles Rousseau, a assinatura passou a assemelhar-se a uma


modalidade de adesão, da qual só se distingue pela necessidade que esta tem de
ratificação.

4.3. Aprovação ou Aceitação

Referidos como processos simplificados de ratificação no art. 14, mº 2 do


CVDT.

É uma manifestação de vontade do Estado de se vincular ao Tratado, que


pode ser expressa por qualquer órgão estatal competente.

Esta manifestação não pode ser confundida com a ratificação, dado que não
emana do PR mas, regra geral, do Governo. Além disso, a aprovação é reservada
a tratados multilaterais, enquanto a aceitação é reservada a tratados
bilaterais.
5. CONCLUSÃO DE TRATADOS NO SEIO DAS CONFERÊNCIAS
E DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS

5.1. Conferências

Os tratados concluídos neste âmbito são diretamente negociados pelos


Estados, não sendo necessária a unanimidade de consentimento para a
adoção do texto do Tratado.

Basta aprovação por maioria de dois terços dos Estados presentes e com
direito a voto- art. 9º, nº 2 da CVDT- em vista a evitar o bloqueamento da
aprovação do Tratado. Atualmente há uma tendência para a prática do consenso:
não havendo da parte dos participantes uma oposição frontal ao texto este fica
aprovado por uma espécie de unanimidade tácita.

A conferência inicia-se com a discussão das regras procedimentais,


composição e eleição da Mesa da Conferência, criação de Comissões,
nomeadamente a de Redação.

5.2. Organizações Internacionais

Os tratados são totalmente preparados pela Organização, o processo é


institucionalizado.

Ex. ONU

 A partir de uma resolução da Assembleia Geral definidora dos princípios


que devem reger o tratado
 Comité formado por representantes dos Estados membros ou comissão
técnica formada por especialistas preparam um texto: projeto do Tratado
 Texto enviado para estudo aos Estados
 Estados reenviam-no com as suas criticas e propostas ao comité
 Comité elabora um texto final
 Texto final levado à Assembleia Geral para ser votado
 É aprovado se houver maioria de 2/3.

Já na OIT: a Assembleia Geral constitui-se na Conferência Geral e adota um


projeto de convenção por maioria de 2/3 dos membros  projeto é autenticado
pela assinatura do Presidente da Conferência  projeto é enviado aos Estados
 Estados submetem-no à aprovação dos respetivos Parlamentos.
6. RESERVA

6.1. Conceito

Ato formal unilateral praticado por um Estado parte num Tratado no


momento em que exprime o seu consentimento, em que declara que exclui
ou modifica o efeito jurídico de certas disposições do Tratado (art, 19, nº 2 b)
da CVDT).

É uma forma unilateral de limitar os efeitos de um Tratado.

Facilitar a vinculação dos Estados aos Tratados especialmente quando envolvem


um grande número de partes na negociação, permitindo-lhe flexibilizar o regime
jurídico definido, de acordo com os próprios interesses.

6.2. Momento em que deve ser feita a Reserva

• No da assinatura: feita no momento em que o texto do Tratado é


assinado e fica a fazer parte do texto do Tratado. É imediatamente
conhecida pelos Estados contratantes no exato momento em que o
Tratado é concluído.

• No da ratificação: faz-se no momento do depósito dos instrumentos


de ratificação. Aparece num momento avançado, tendo como efeito o de
os outros Estados contratantes não poderem, de imediato, aceitá-la ou
rejeitá-la em bloco.

• No da adesão: aparece quando o Tratado já é definitivo para todos os


Estados contratantes, o que tem graves inconvenientes.

6.3. A Reserva nos Tratados bilaterais e multilaterais


 Nos Tratados bilaterais: não é possível a reserva  nestes Tratados a
reserva acaba por funcionar como uma recusa de ratificação, e como uma
proposta de reabertura de negociações. (Daí que se defenda que esta reserva, em
especial quando é feita no momento da ratificação, é desprovida do valor jurídico, e que a doutrina
tenha vindo a defender que nestes Tratados a reserva só possa ser aceite se a outra parte der o seu
consentimento).

 Nos Tratados multilaterais: nestes Tratados, abertos a todos os Estados,


a reserva parece ser lícita muito pela vontade de fazer aderir a esses
Tratados o maior nº possível de Estados. (No entanto, a prática da reserva pode
ter o inconveniente de nesses Tratados -leis, que têm em vista uniformizar o regime jurídico de
certas questões internacionais, vir provocar a diversidade desse regime).
6.4. Flexibilidade da Admissão da Reserva

Se a reserva não fosse admitida poderia acontecer que a submissão dos


Estados aos Tratados ficasse limitada, dado que poucos poderiam aceitar todas
as disposições do Tratado.

Por outro lado, a ampla admissão da reserva, embora tenha como efeito a
extensão do Tratado a um maior numero de Estados, acaba por ter a
desvantagem de quebrar a unidade e homogeneidade do regime jurídico,
pois cada Estado terá a tendência para apor reservas.

Resulta assim um dilema, que é o de se ter de optar entre aquela unidade e a


homogeneidade, por um lado, e o alargamento a um maior numero de Estados
possível, por outro. Assim a prática acabou por conduzir a uma flexibilização
cada vez maior da admissão da reserva, fazendo com que o sistema rígido que
existia na época da SDN, fosse substituído por um mais flexível.

6.5. Formulação de Reserva

Não havendo proibição formal da reserva no próprio texto do Tratado, isso é, nos
casos de silêncio do texto de Tratado, a reserva é admitida – artigo19º CVDT.
A esta regra geral, a Convenção de Viena vem opor algumas condições. Há uma
condição geral e alguns casos especiais de oponibilidade.

1) A condição Geral- é a que a reserva deve ser compatível com o


objeto e o fim do tratado a que ela se refere- alínea e) art.19º. É uma
condição difícil de ser realizada pois o Estado que apresenta a reserva
entende-a sempre como compatível, enquanto os Estados que a ela se
opõem entendem-na sempre incompatível.

2) As condições especiais- dizem respeito a Tratados que criam


organizações internacionais e Tratados plurilaterais com reduzido
número de Estados.

No 1º caso- organizações internacionais- a reserva terá de ser aceite pelo órgão


competente da organização- 3º do aert.20º da CVDT. Contudo, no caso do Tratado
constitutivo de uma organização, diz-nos Brotons, que ainda não entrou em vigor
e deve entender-se que a reserva fica suspensa até que se criem os órgãos e estes
se pronunciem.

No 2º caso- Tratados multilaterais- sempre que resulte do Tratado que o


consentimento dos Estados é motivado pela aplicação integral nas disposições dos
Tratados, então vigora o sistema rígido, ou seja, a reserva tem de ser aceite por
todos os Estados contratantes (art. 20º nº2 da CVDT).
6.6. Condições de validade da Reserva

REQUISITO FORMAL REQUISITO MATERIAL

A reserva deve ser sempre expressa, Aceitação da Reserva pelos Estados


formulada por escrito e consignada Contratantes.
num documento diplomático Nº1 do art.20º do CVDT os Estados
especial— protocolo da assinatura, contratantes deverão aceitar ou opor-
instrumento de ratificação e/ou de se à reserva, salvo nos casos em que o
adesão, troca de notas, etc. Não é, texto do Tratado a autorize
portanto, admissível reserva tácita. expressamente (art.20º, nº1, CVDT).

A aceitação é uma condição de fundo,


um requisito material da validade. A
aceitação pode ser expressa ou tácita.

1. Aceitação Pública, de acordo com a doutrina anterior à convenção de Viena


sobre o Direito dos Tratados desde que os outros contratantes assinassem ou
ratificassem sem objeções o ato de depósito das ratificações em que estivesse
consignada reserva, esta era tacitamente aceite.

Com a Convenção, esta forma de aceitação acaba por ser consagrada pelo
nº5 do art. 20º, quando nele se admite que ela pode ser notificado dela, não
formule qualquer objeção no prazo de 12 meses, ou, se tendo aderido ao
Tratado, não apresentar qualquer objecção no momento da Adesão.

2. Aceitação expressa está consagrada como regra no referido nº2 do art.20º,


quando se impõe a aceitação expressa da reserva pelos Estados contratantes
sempre que, pelo pequeno número ou pelo objeto ou fim do Tratado, a
aplicação integral deste entre todos os contraentes seja uma condição
essencial para o consentimento de cada um. A aceitação deve ainda ser
expressa sempre que o Tratado seja ato constitutivo de uma Organização
Internacional, salvo se no próprio Tratado se estabelecer em regra.

Nos termos do art.23º da CVDT esta aceitação deve ser dada por escrito e
comunicada aos outros Estados contratantes e aos que tenham direito de
se tornarem partes no Tratado. A aceitação é imediata se, posteriormente à
emissão da reserva, um Estado terceiro vier a submeter-se ao Tratado sem
fazer qualquer objeção à reserva.
6.7. Objeções à Reserva pelos Estados Contratantes

Ela deve ser formulada por escrito e notificada aos Estados contratantes e
aos outros Estados que tenham o direito de se tornarem parte no Tratado
(art.23º nº1 da CVDT) no prazo de 12 meses seguintes ao da data da receção
da notificação da reserva (art.20º da CVDT).

Objeção à reserva não impede o Estado que a emitiu de fazer parte do Tratado.

6.8. Efeitos da Reserva, da Aceitação e da Objeção à Reserva

Devemos distinguir aqueles que se produzem nos Tratados bilaterais daqueles


que produzem nos Tratados multilaterais.

Rousseau classifica a aceitação sob o ponto de vista do momento em que é dada


em:

-Aceitação Prévia quando é dada antes de ser apresentada pelo Estado


que a pretende formular. Para o efeito o Estado que pretende formular a
reserva consulta previamente os demais Estados contratantes e deles
obtem a aprovação prévia da reserva que pretemde apresentar;

-Aceitação concomitante, quando a reserva é formulado no momento da


ratificação sem qualquer objeção dos demais Estados Contratantes;

-Aceitação a posteriori, quando é tacitamente aceite pelos Estados que


aderem à convenção em que ela foi formulada já assinada ou ratificada (ou
até mesmo já em vigor) e a ela não se opõem.

Aceite pelo outro Estado, então ela é


RESERVA ACEITE integrada no Tratado como cláusula
TRATADOS convencional
BILATERAIS
O Tratado, por falta de acordo das
RESERVA NÃO ACEITE
partes, não pode ser concluído

ACEITAÇÃO DA RESERVA PELOS Aceite por todos os Estados


DEMAIS ESTADOS CONTRATANTES Aceite só por alguns Estados

Manifestarem que a reserva impede a entrada em


TRATADOS OBJEÇÃO À RESERVA POR ALGUNS vigor do Tratado
MULTILATERAIS ESTADOS CONTRATANTES Não se opuserem à entrada em vigor do Tratado

Dispõe o nº2 do art.21º que a reserva não


EFEITO DA RESERVA ENTRE OS
produz qualquer efeito jurídico entre esses
ESTADOS CONTRATANTES QUE
Estados, “a reserva não modifica as
NÃO A FORMULARAM disposições do Tratado quanto às outras partes
do tratado nas suas relações inter se”.
6.9. Revogação da Reserva e das Objeções à Reserva

Nos termos do art.22º da CVDT, uma reserva ou uma objeção à reserva pode
ser revogada em qualquer momento, independentemente do consentimento
do Estado que a aceitou.

A revogação da reserva e da oposição devem obedecer aos mesmos requisitos


formais para a sua formulação, mas não necessitam, para produzir efeitos, do
consentimento dos Estados que a aceitaram. Contudo, têm de ser notificadas aos
outros Estados para produzir efeitos.

IN A NUTSHELL:

 As reservas facilitam a vinculação dos Estados aos Tratados, especialmente


quando envolvem um grande nº de partes na negociação, permitindo-lhe
flexibilizar o regime jurídico definido, de acordo com os seus próprios
interesses.

 Tem de ser feita até à vinculação do Estado, depois já não se pode.

 Haver uma objeção não tem efeitos práticos, a não ser que haja uma
manifestação pelos Estados contra a vinculação.

 Existem reservas limitativas/excluentes e reservas interpretativas. As


reservas limitativas têm por efeito afastar alguma/algumas disposições do
Tratado. As reservas interpretativas admitem a vinculação do Estado a
certas disposições, ás quais é atribuído um sentido especifico ( o Estado
vincula-se, mas só se vincula entendendo o artigo daquela forma
especifica).

 A admissibilidade do sistema de reservas relativamente a Tratados


Bilaterais é contestada: os tratados são convenções de relações de
obrigação contraída entre duas partes de comum acordo de vontades.
Teriam de se interpretar como recusa de aceitação das obrigações do
Tratado, acompanhada de nova oferta de negociações.
7. DEPÓSITO, REGISTO E PUBLICAÇÃO

7.1. Depósito

O depósito dos instrumentos que exprimem o consentimento dos Estados é


importante para se determinar a data da entrada em vigor dos tratados
multilaterais, data que pode não ser uma única.

7.2. O Registo

O Pacto da SDN estabelecia no seu art.18º a obrigatoriedade do registo dos


Tratados. Com a CNU o registo deixou de ser obrigatório, embora no nº1 do
art.102º, se consagre o dever jurídico de registar todos os tratados
celebrados pelos membros da ONU e se estabeleça como sanção para o
incumprimento a inoponibilidade do Tratado não registado a terceiros
Estados, mesmo que não sejam membros da ONU e aos órgãos desta
Organização Internacional, incluindo obviamente o Tribunal Internacional de
Justiça.

Por seu lado, a convenção de Viena sobre o direito dos tratados entre Estados
veio no seu artigo 80º alargar a obrigação de registar os tratados aos Estados
não membros da ONU, embora sem estabelecer qualquer sanção especifica
para o não cumprimento dessa obrigação.

A convenção atribui ao depositário eleito pelas partes um papel determinante


nesta matéria posto que a sua escolha e nomeação confere-lhe ipso-facto o
poder-dever de proceder ao registo e à publicação do tratado (nº1 art77º CVDT).

O registo é uma formalidade essencial para que o tratado possa ser eficaz
perante os órgãos da ONU e tem como objetivo dar publicidade ao Tratado e
de facilitar a “fiscalização das negociações diplomáticas pela opinião pública,
evitando assim a prática de tratados secretos, considerados perigosos para a Paz”.

Se não for registado e publicado, o Tratado apesar de válido, não pode ser
invocado por nenhuma das partes perante qualquer órgão da ONU e perante
o Tribunal Internacional de Justiça (art.102º da Carta da ONU).
7.3. Publicação

Com a SDN (art.18º do Pacto) e com a ONU (art102º da Carta) a publicação dos
tratados surge como um complemento indispensável do registo e tem o
mesmo objetivo evitar os tratados secretos.

Hoje, nos termos do art.12º do regulamento de 1946, a publicação dos Tratados


registados deve ser feita nos idiomas em que foram autenticados, nas suas
traduções oficiais ou em inglês e francês.

8. CONDIÇÕES DE VALIDADE DOS TRATADOS


8.1. Capacidade das partes

→ Só os sujeitos de direito internacional têm capacidade para formular


tratados.

→ O tratado formulado por quem não tenha capacidade jurídica


internacional é um ato inexistente.

8.2. Licitude do objeto

→ Um tratado só é válido se o seu objeto for lícito.

→ O objeto do tratado é lícito, quando é conforme às regras imperativas


de direito internacional, ou seja, às regras ius cogens (art.53ºCVDT)

→ São normas imperativas (ius cogens) aquelas, que por refletirem e


tutelarem interesses fundamentais da sociedade, são reconhecidas e
aceites pela comunidade internacional no seu conjunto (universalidade)
como normas que impõem (imperatividade), direta e indiretamente, a
observância de um dado comportamento ou de certa conduta, aos seus
destinatários (sujeitos de direito internacional), cuja aplicação estes não
podem afastar (inderrogabilidade).
8.3. Regularidade do consentimento

O consentimento de um sujeito de direito internacional, parte num tratado,


em submeter-se a este tem de ser dado livremente e sem qualquer vício formal
ou substancial.

a) Vícios formais: o consentimento deve ser expresso com respeito pelas


formas e formalidades legalmente estabelecidas. A violação das
formalidades pode afetar a validade dos tratados ou quando menos, a
validade da declaração de vontade do estado em se submeter ao tratado.

i. Ratificações Imperfeitas: Reconduzem ao não cumprimento das


formalidades constitucionalmente estabelecidas para a ratificação,
ou seja, o estado viola o seu direito interno, sendo esse tratado nulo
(art.46ºCVDT)

ii. Excesso do poder do representante do Estado: É o direito


interno que regula o modo como o representante de cada estado
deve exprimir o seu consentimento. Estado cujo representante
excedeu os seus poderes não pode invocar o vício de
consentimento se não tiver previamente notificado os outros
estados da restrição especial aos poderes conferidos ao seu
representante (art.47ºCVDT)

b) Vícios substanciais:

i. Erro: o erro só constitui vício de consentimento se for essencial,


o erro tem de recair sobre um elemento essencial que constitua a
base ou o fundamento do próprio consentimento (art.48ºCVDT)

ii. Dolo: é uma conduta fraudulenta imputada a um Estado parte


no tratado com o objetivo de levar outro a concluir o tratado
(art.49ºCVDT), assim sendo, o estado tem vontade consciente de
induzir o outro em erro.

iii. Corrupção: ocorre quando um estado ou organização


internacional que participou nas negociações tenha praticado atos
que pesaram decisivamente sobre a vontade do representante de
outro estado, corrompendo-o (art.50ºCVDT). A corrupção só pode
ser invocada quando tiver sido essencial para que o representante
dê-se o seu consentimento e quem a invocar tem de provar que o
seu representante foi corrompido e que o corruptor participou nas
negociações do tratado
iv. Coação: o consentimento dos estados ou dos seus
representantes não pode ser expresso sobre qualquer forma de
coação, logo a ameaça ou uso da força, quer outros meios de
coação, feita com o objetivo de obter o consentimento de um
estado ou do seu representante em se submeter a um tratado, é
ilícito (art.51º e art.52ºCVDT)

TODOS OS TRATADOS QUE NÃO CUMPRAM TODAS AS


CONDIÇÕES DE VALIDADE SÃO NULOS

9. NULIDADES DOS TRATADOS

A CVDT estabelece que os Tratados são nulos quando não apresentam os


requisitos necessários à sua validade:

 As partes não tenham capacidade;


 O seu objeto seja ilícito;
 Sofra de qualquer vício (excesso de poder, ratificação imperfeita, erro,
dolo, corrupção, coação);
 Não tenha obedecido às formalidades legalmente exigidas no processo
da sua formação.

Estes são os vícios formais e substanciais que afetam o processo produtivo do


Tratado e são causa da nulidade deste.

Contudo, o processo de apreciação e declaração da nulidade varia de acordo


com a natureza do vício alegado como causa da nulidade. Dentro deste
processo podemos distinguir dois grandes tipos de apreciação e de declaração
da nulidade e de efeitos desta, a saber:

ERRO, DOLO E CORRUPÇÃO ILICITUDE DO OBJETO E COAÇÃO

Os vícios produtores de nulidade podem Os vícios afetam todo o Tratado. Não


afetar apenas uma parte do Tratado, permitem a divisibilidade dos seus
deixando a outra intocável. Os vícios efeitos. Não são sanáveis nem por acordo
permitem a divisibilidade dos efeitos. Os das partes, nem pelo decurso do tempo,
vícios são sanáveis por acordo das partes nem por qualquer outro meio. O processo
ou pelo decurso do tempo. O processo é de apreciação e de declaração é feito por
feito por órgãos de conciliação. órgãos jurisdicionais.
- Excesso de poder
- Ratificação imperfeita
SANABILIDADE - Erro
- Dolo
- Corrupção
INSANABILIDADE - Violação do ius cogens
- Coação
- Excesso de poder
DIVISIBILIDADE - Ratificação imperfeita
DOS EFEITOS - Erro
- Dolo
INDIVISIBILIDADE - Coação
DOS EFEITOS - Violação do ius Cogens
Excesso de Poder
Ratificação imperfeita
PROCESSO DE 1º - processo Gracioso ou Não Judicial Erro
DECLARAÇÃO DA Dolo
NULIDADE Corrupção
RELATIVA
Tribunal Arbitral
2º - Contencioso ou Jurisdicional
Tribunal Judicial
PROCESSO DE Contencioso Tribunal Arbitral Coação
DECLARAÇÃO DA ou Tribunal Judicial Ius Cogens
NULIDADE Jurisdicional Coação
ABSOLUTA

Contudo, a Convenção, com o corpo de normas relativos à nulidade, procura


garantir a maior estabilidade possível aos Tratados, consagrando para este efeito
que nenhum Estado pode, por decisão unilateral, declarar a nulidade de um
Tratado em que seja parte por forma a desobrigar-se do seu cumprimento.

Mas aqui já estamos a falar do processo de declaração da nulidade – artigo 65 e


seguintes. Antes, porém, de entrarmos nesta questão processual, importa analisar
os tipos de nulidades estabelecidos pela Convenção.
9.1. Tipos e regime das Nulidades

TIPOS DE NULIDADES

ABSOLUTA RELATIVA

sanciona ilegalidades graves que põem em sanciona violações menos graves da legalidade
causa o interesse geral da comunidade
internacional

9.1.1. Nulidade Absoluta

a) Vícios causadores ( 51º a 53º da CVDT). Vício da coação exercida


sobre o Estado, quer sobre o representante deste e, ainda, aos
tratados que não sejam conformes ao ius cogens.

b) Legitimidade (artigo 65º nº1 da CVDT) : Tem legitimidade para


arguir esta nulidade qualquer estado parte no tratado. Entendemos
que pode a nulidade ser apreciada ex officio por qualquer órgão
internacional. Tendo em atenção a gravidade dos vícios que gera a
nulidade, deveria ser possível que esta pudesse ser arguida por
qualquer Estado ou sujeito de Direito Internacional, mesmo que não
façam parte do Tratado afetado por qualquer um desses vícios.

c) Sanação (artigo 45º da CVDT). Não é sanável o vício do Tratado


causado pela coação ou pela violação de normas de ius cogens.
Insanabilidade que afeta todo o tratado, por não ser permitida a sua
divisibilidade. Assim nem a vontade expressa da vítima, nem o seu
comportamento podem sanar o vício ou impedir a sua arguição quer
pela vítima quer por qualquer outra parte no Tratado. Aplicada essa
sanção, isto é, a partir do momento em que esta nulidade é declarada,
o tratado fica privado da sua força obrigatória, cessando a sua vigência.
9.1.2. Nulidade Relativa

a) Vícios causadores, dolo, erro, corrupção, excesso de poder e


ratificação imperfeita: (art.46º, 47º, 48º, 49º, 50ºCVDT) “ A aplicação da
simples nulidade a estes casos é inteiramente fundado. Nenhum interesse
geral está em causa aqui. A proteção limita-se aos interesses da vítima das
irregularidades”

b) Legitimidade Tem legitimidade para arguir esta nulidade somente


sujeitos do Direito Internacional por ela diretamente afetado.

c) Sanação (artigo 45º da CVDT) É suscetível de sanação. Assim, a vontade


expressa da vítima e o seu comportamento podem sanar o vício ou impedir
a sua arguição, quer pela vítima por qualquer outro sujeito de Direito
Internacional. São sancionados com este tipo de nulidade todos os outros
vícios de consentimento.

9.2. Processo de declaração da nulidade (art.65º a 68CVDT)

1º Notificação feita por escrito (art.65ºCVDT): A parte que invoca o vício


de consentimento ou qualquer outro motivo que possa pôr em crise a
validade do tratado deve notificar por escrito (art.67ºnº1CVDT) as
outras partes da sua pretensão de considerar nulo o tratado e dos
motivos que invoca.

2º Oposição à alegada nulidade e prazo para a formular: Feita a


notificação as partes notificadas podem apresentar as suas objeções à
pretendida declaração de nulidade (art.65ºnº2CVDT), tendo para isso
um prazo de três meses. Este prazo em caso de especial urgência pode
ser encurtado. Findo esse prazo pode acontecer que:
a) Nenhuma objeção tenha sido deduzida à pretensão da parte
que fez a notificação. O Estado que invocou a nulidade pode
declará-la. (art.65ºnº2CVDT)
b) Tenha sido deduzida a objeção contra a pretensão de se
considerar nulo o tratado. O Diferendo entre as partes deverá
ficar resolvido por um dos seguintes meios (art.65ºnº3CVDT):
I. Graciosos ou não judiciais (art.33ºCNU): os meios de
resolução pacífica das controvérsias internacionais como
a negociação, a mediação, o inquérito, a conciliação, a
arbitragem, o recurso a organismos ou acordos regionais
ou outros meios pacíficos. O diferendo pode ser resolvido
por esses meios num prazo de 12meses. Findo esse prazo
sem que tenham encontrado uma solução, a convenção
distingue os casos em que a alegada nulidade resulta do
erro, dolo, corrupção, excesso de poder ou ratificação
imperfeita (casos de nulidade relativa), daqueles em que
a nulidade resulta da violação de ius cogens ou de coação
(casos de nulidade absoluta), para estabelecer que no
primeiro caso a controvérsia deverá ainda ser resolvida
pela via extrajudicial através da reconciliação
(art.66ºb)CVDT). Para o efeito, a parte interessada dirige
um pedido de conciliação ao Secretário-geral da ONU
(anexo da CVDT), que após a receção do mesmo, deverá
providenciar no sentido de criar uma comissão de
conciliação. Esta comissão é composta de dois membros
designados por cada um dos Estados, sendo um
livremente escolhido por cada Estado de entre os seus
nacionais e outros escolhidos de entre os membros uma
lista de juristas organizada pelo Secretário-geral da ONU,
e o quinto escolhido pelos membros designados pelos
Estados e escolhidos de entre os juristas constantes da
referida lista. Constituída a Comissão, esta reúne-se para
ouvir as partes e fazer propostas de solução amigável do
conflito, nos 12meses seguintes ao da sua constituição a
comissão deverá apresentar ao secretário-geral da ONU
um relatório com recomendações para a solução do
litígio, relatório que é levado ao conhecimento das partes.

II. Contencioso ou Judicial: Se o conflito não puder ser


resolvido pelos meios indicados ou se se tratar de
nulidade resultante da violação de normas imperativas
(ius cogens) ou da coação exercida sobre o Estado
(nulidade absoluta), a solução terá de ser judicial, isto é,
através do recurso ao Tribunal Internacional de Justiça, ou
à arbitragem, se as partes, de comum acordo, assim
decidirem, sendo a sentença obrigatória para as partes
(art.66ºa)CVDT)
9.3. Efeitos da nulidade
O Tratado declarado nulo deixa de ter força obrigatória e cessa a sua vigência
a partir do momento de declaração de nulidade (art.69ºCVDT).

9.3.1. Efeitos da nulidade absoluta

a) Quanto à sua extensão: Uma vez declarado atinge a totalidade do Tratado.


A nulidade é sempre Total.

b) Quanto à retroatividade : Tem efeitos retroativos


i. Em regra (art.69ºCVDT) a nulidade tem efeitos retroativos (ex tunc),
uma vez declarada, a produção dos efeitos retroagem à data da
conclusão do Tratado. Visa punir vícios desde a origem ou que
desde o início inquinaram o processo produtivo do tratado.
ii. Exceção (art.71ºb)CVDT) A nulidade não tem efeitos retroativos
quando o tratado passa a ser nulo por força de superveniência de
uma nova norma imperativa. Nesse caso, a nulidade não é
retroativa. A nulidade só produz efeitos a partir da sua declaração
– efeito ex nunc
iii. Casos em que a declaração de nulidade ocorre, já depois do Tratado
ter produzido alguns efeitos: Neste caso os efeitos retroativos da
nulidade, que se traduzem na reposição da situação anterior,
deixam de ser compatíveis. A eliminação dos efeitos e restauração
da situação anterior deverá ser feita na medida do possível
(art.69ºnº2a)CVDT)
9.3.2. Efeitos da Anulabilidade ou nulidade relativa

a) Quanto á sua extensão: Este tipo de nulidade, pode atingir a totalidade


do Tratado, quando não seja possível reunir os 3 requisitos impostos pelo
art.44ºnº3CVDT como parte deste, quando esses requisitos são reunidos:
1º Se o vício afetar apenas certas cláusulas do Tratado e estas forem
separáveis do resto do Tratado no que respeita á sua execução
2º Se a aceitação da cláusula viciada não tenha constituído para as
outras partes no Tratado a base essencial do seu consentimento em
vincular-se pelo Tratado no seu conjunto
3º Se não for injusto continuar a executar o que subsiste do Tratado

b) Quanto à retroatividade: não tem efeitos retroativos, ou seja, a produção


dos efeitos é ex nunc.
i. Casos em que a declaração da anulabilidade ocorre já depois de o
Tratado ter produzido alguns efeitos: Nesses casos os efeitos não
são afetados pela anulação do Tratado.

9.4. Extinção dos Tratados

Podemos dizer que, para além da nulidade que já tivemos ocasião de estudar,
as causas essenciais de extinção dos Tratados consagradas na CV – 54 64 – são
em numero de 7.

Estas causas que estão taxativamente enumeradas na Convenção – nº2 dos artigo
42º- e que na opinião de PASTOR RIDRUEJO, tem natureza de numerus clausus,
são as seguintes:

1) Extinção por acordo das partes


2) Extinção por decisão unilateral
3) Extinção por superveniência de certas circunstâncias
4) Caducidade
5) Impossibilidade de execução
6) Rutura das relações diplomáticas
7) Violação do Tratado por uma das partes
1) Extinção por Acordo das Partes

 Pode dizer-se que é a forma mais simples e normal de fazer extinguir a


força obrigatória de um Tratado. Aqui o Tratado extingue-se, por acordo das
partes nos termos do qual estas expressamente declaram a sua vontade em que
desobrigar do Tratado.

 A este processo de extinção dos Tratados, chama-se Revogação. Se por esse


acordo o Tratado for totalmente revogado diz-se que houve uma abrogação; se
a revogação for parcial diz-se derrogação. A revogação pode ser – e normalmente
é - mais simples nos Tratados bilaterais e mais complexa nos multilaterais, pois
estes levantam alguns problemas mais delicados

2) Extinção por Decisão Unilateral

 A manifestação de vontade de uma das partes num Tratado pode pôr fim
á sua vigência. Esta decisão unilateral pode assumir as seguintes formas:

1. Denúncia- artigo 56º da CVDT – que é a declaração unilateral feita por


uma das partes de que se considera desobrigado ou desvinculado de
um Tratado. Normalmente, por força do principio da publicidade dos
atos unilaterais, é obrigatória a notificação expressa da denúncia - ou
melhor da intenção de proceder á denúncia - que nos termos do nº2
do citado artigo 56º, deve ser feita com doze meses de antecedência.

Nos Tratados bilaterais a denúncia põe fim ao Tratado; nos Tratados dos multilaterais a
denuncia poe fim ás obrigações assumida pela Estado denunciante relativamente aos
outros Estados e ás que estes assumiram relativamente àquele.
Em certos tratados a denuncia é regulamentada, ou seja está prevista no Tratado que
estabelece, assim, a data a partir da qual ela pode ser feita. Regra geral, a denuncia é
precedida de um pré-aviso que deverá ser feito obrigatoriamente com uma antecedência
de um ano – art 56, n2. Noutros casos o tratado é omisso nesta matéria.

Segundo Silva Cunha, no primeiro caso estamos perante uma denúncia regulamentada
e no segundo perante uma denúncia não regulamentada. Os efeitos da denúncia num
tratado multilateral são os estabelecidos no nº2 do artigo 70.
2. Renúncia – é também um ato unilateral que visa a extinção dos
Tratados, segundo o qual uma das partes declara que não deseja
continuar a beneficiar das vantagens que do Tratado resultam para ela.
A renúncia pode ser Expressa quando o Estado faz um declaração
formal, ou Tácita quando o Estado deixa de exercer os direitos que lhe
são conferidos pelo Tratado.

3) Extinção por Superveniência de Certos Acontecimentos

A superveniência de certos acontecimentos por vezes pode produzir a extinção


dos Tratados – 62. Assim acontece com:

a) A situação de Guerra não produz efeitos sobre os Tratados que criam


situações jurídicas objetivas.
b) Também a guerra não suspende, nem faz cessar a vigência dos
Tratados que foram concluídos para a hipótese de guerra, ou seja, com
vista a serem aplicados no caso de vir a haver uma guerra, como
acontece, por exemplo, com os Tratados sobre o uso de certo tipo de
armas, a assistência e o tratamento a prisioneiros de guerra, a
assistência a ferido em combate, a ação da Cruz Vermelha internacional
etc. Compreende-se que assim seja porque a guerra, aqui em relação
a estas convenções, funciona como um “facto-condição” que
determina a aplicação dessas convenções, como diz ROUSSEAU.
c) Finalmente, continuam a vigorar aqueles Tratados que preveem a
continuação da sua vigência, na hipótese de sobrevir uma guerra.

Modificação radical e imprevisível das circunstâncias – cláusula Rebus sic


stantibus
 o artigo 62 admite que a modificação radical e imprevisível das circunstâncias
gera a extinção dos Tratados, pois, como diz SILVA CUNHA, “ a extinção dos
Tratados por esta causa originou a elaboração de uma teoria denominada
doutrina cláusula rebus sic stantibus, segundo a qual uma modificação essencial
nas circunstâncias de facto em vista dos quais o Tratado foi celebrado pode
determinar a cessação da sua vigência ou pelo menos afetar a sua força
obrigatória”.
 Atualmente esta doutrina é aceite pela grande maioria dos Estados, embora
deles tenham surgido duas versões:
a) Uma, que é a versão clássica, segundo a qual a regra rebus sic stantibus
é equiparada a uma cláusula tácita que deve ser considerada como
implícita em todos os Tratados e sem limitação. Dessa cláusula resulta
a caducidade do Tratado - quase automaticamente – sempre que haja
alteração das circunstâncias.
b) Outra advoga que a alteração teria de ser imprevista, mas ela por si só não
faria cessar a vigência do Tratado. Verificando-se tal alteração imprevista
ás partes é concedida a faculdade de “readaptar” a convenção, através da
alteração desta quer por via convencional. É esta ultima posição que
internacionalmente tem mais apoio e é mais seguida, dado que ela se
aproxima mais da chamada teoria da imprevisão e confere à cláusula um
fundamento extracontratual.

4) Caducidade
 Nos termos dos artigos 54 e 57 da CVDT, o Tratado cessa por caducidade
quando nele se encontra fixado diretamente, isto é, indicando a data, ou por
referencia a um dado acontecimento.

5) Impossibilidade de Execução
 Nos termos do artigo 61º da CVDT, o Tratado cessa a sua vigência quando a
sua execução for impossível física ou juridicamente.
 A impossibilidade física, verifica-se quando desaparece como sujeito do DI
uma das partes no Tratado ou quando se extingue o sei objeto, ou, ainda, quando
surge um obstáculo intransponível á realização do fim do Tratado. A
impossibilidade jurídica, na opinião de SILVA CUNHA verifica-se quando “o
Tratado se torna incompatível com outro que deve ter primazia sobre ele, quando
a sua execução não é compatível com a execução relativa a um outro contratante,
etc”

6) Rutura das Relações Diplomáticas


 Nos termos do artigo 63 da CVDT, a completa rutura das relações diplomáticas
ou consulares faz cessar a vigência das convenções se a existência dessas
relações for indispensável para a aplicação do Tratado. Contudo, não basta a
rutura, pois é essencial que a existência dessas relações sejam indispensáveis para
a aplicação do Tratado.
7) Violação do tratado por uma das Partes
1 – De acordo com o nº1 do art 60, se uma ou duas partes no Tratado o violar(em)
ou não o executar(em) e se tal violação ou inexecução for publica, notória e
reconhecida pela parte infratora, o tratado extingue-se. Exige-se, portanto, que a
violação seja substancial. Aqui há que distinguir os feitos dessa violação nos:

a) Tratados bilaterais
Neste Tratados estabelece-se o nº1 do artigo 60 , a violação por uma parte faz
com que a outra parte fica autorizada a invocar tal violação como fundamento
para pôr fim á convenção ou para suspender, total ou parcialmente, a sua
aplicação. Da violação não resulta automaticamente a extinção ou a suspensão
do Tratado, mas sim o direito da parte ofendida abrir o processo de declaração
da cessação ou da suspensão da vigência de um Tratado estabelecido no artigo
65 da Convenção.

b) Tratados Coletivos
Nestes Tratados, de acordo com o nº2 do artigo 60, as outras partes têm o direito
de se considerarem desobrigadas, o que terá de ser feito por declaração expressa.
Mas, para que as partes de desobriguem é necessário que a parte infratora
reconheça que violou ou inexecutou o Tratado, ou que tal reconhecimento seja
declarado por uma autoridade jurisdicional. Se as outras partes continuarem a
executar o Tratado, apesar da violação inexecução , presume-se que se
conformaram com tal violação ou inexecução

1) Individualmente: a reação individual contra a violação, nos termos


do nº1 e da alínea b) do nº2 do referido artigo 60º, é permitida á
parte no Tratado que foi especialmente afetado por ela e que, por
isso mesmo, pode invocar tal violação para requerer a suspensão
do Tratado nas suas relações com o estado violador.
2) Coletivamente: Todas as demais partes no Tratado, nos termos do
nº2, alínea a), i) e ii), do citado artigo 60º, ficam autorizadas a agir
concertadamente para, por acordo, suspender total ou
parcialmente a aplicação do Tratado ou requerer a sua extinção
quer nas suas relações com a parte violadora quer nas relações
entre todas as partes.
1- Finalmente a alínea c) do nº2 do referido artigo 60 estabelece que
aparte infratora não fica desobrigada pela violação ou pela inexecução,
não se libertando das suas obrigações enquanto o Tratado não for
declarado extinto
2- Exceção: O citado artigo 60º consagra duas exceções á regra da
suspensão ou extinção do Tratado por violação substancial por uma
das partes.
a) A primeira estabelecida pelo nº4 refere-se ás disposições do
Tratado que foram concebidas e consagradas para serem aplicadas
em caso de violação. Estas disposições não são, nem podem ser,
afectadas pela suspensão ou extinção do tratado.
b) A segunda consagrada pelo nº5 do referido artigo e refere-se “ ás
disposições relativas á proteção da pessoa humana contidas nos
tratados de natureza humanitária, nomeadamente ás disposições
que proíbem toda a forma de represálias sobre as pessoas
protegidas pelos referidos tratados”, que não são afetadas pela
extinção ou suspensão do Tratado.

9.5. Consequências Jurídicas da Extinção do Tratado


 A extinção do Tratado tem consequências menos gravosas do que aquelas que
resultam da declaração da nulidade. Com efeito, o artigo 70º da CVDT estabelece
as seguintes consequências:
1) AS que estiverem consagradas no próprio Tratado. São essas que, em
primeira linha, se verificam no caso de extinção. Assim ,antes de lançarmos
mão do artigo 70º deveremos procurar no próprio Tratado as
consequências nele consagradas para o caso de se extinguir.
2) No caso de o Tratado ser omisso a esse respeito, a sua extinção:
a) Liberta as partes da obrigação de o continuar a executar – alínea a)
do nº1 do citado artigo
b) Não afeta nenhum direito, obrigação ou situação jurídica de
qualquer das partes resultante da própria execução do Tratado-
alínea b) do nº1 do mesmo artigo

 São também estas consequências que, nos termos do nº2 do referido artigo
70º, se verificam em caso de denuncia de um Tratado.
C. O COSTUME INTERNACIONAL

1. CONCEITO E ELEMENTOS
Prática reiterada aceite como conforme ao direito. O costume internacional é
definido como a prática uniforme e reiterada adotada e aceite pelos membros
da CI nas suas relações, determinada e acompanhada da convicção e sentido de
obrigatoriedade. Tem dois elementos:

a) Elemento material/objetivo – usus/corpus – prática geral


uniforme e reiterada

b) Elemento psicológico – convicção que a prática é necessária e


obrigatória – opinio juris vel necessitatis – animus.

Para haver costume, precisam de estar combinados, só assim é


internacionalmente válido.

1.1. Natureza do Costume

DOUTRINA JUSNATURALISTA CORRENTE VOLUNTARISTA E


POSITIVISTA

O costume internacional forma-se O costume é baseado num acordo


independentemente do tácito entre os sujeitos do DI, e em
consentimento dos sujeitos do DI; nada difere dos tratados a não ser
quantitativamente é importante do ponto de vista formal por não ser
porque constitui o fundo sedimentar a escrito.
partir do qual o direito convencional
desenvolve regras particulares;
qualitativamente é preponderante
pois foram as regras costumeiras que
geraram a ordem internacional, foram
as regras iniciais e fundamentais.
1.2. Processo de Determinação da Existência Do Costume

Como averiguar a existência do costume? Primeiro, através do uso.


Recorrendo a analise da prática internacional dos Estados centrada na
observação dos atos jurídicos dos Estados relativos à sua vida internacional
praticados pelos diversos órgãos executivos, legislativos e judicial.

1º observar a conduta internacional desenvolvida através da prática de


atos do governo e da diplomacia; em especial aos atos diplomáticos;

2º atender aos atos dos órgãos legislativos – leis internas – por indicarem
orientação e conduta que o Estado adota em relação a outros Estados;

3º atos dos órgãos jurisdicionais – os Tribunais pronunciam-se sobre


questões que obrigam a aplicação do DI – decidem e aplicam esse direito
– podem produzir atos que exprimem o reconhecimento pelo Estado de
um costume internacional.

Todos são atos unilaterais relativos à vida internacional, importantes para


averiguar a conduta efetiva dos Estados no quadro internacional e
consequentemente a existência de um costume internacional.

Os atos interestaduais, ou constituídos pelos Tratados ou Convenções e as


decisões dos Tribunais Internacionais → meios importantes para determinar
existência de costume internacional.

1.3. Classificação do Costume

Costumes Costumes
Gerais e Particulares
Universais São reconhecidos pela e Regionais
generalidade dos
São reconhecidos por
Estados e demais
dois ou um grupo de
sujeitos e que por isso
Estados que os
vigoram na sociedade
sanciona através de
internacional
uma prática corrente
universal.
constante.
Principio da liberdade
dos mares

A vinculação do Estado a um costume geral não implica Estes costumes só vinculam os Estados
que tenha participado na elaboração nem que o aceite que os reconhecem como tais. Regras
expressamente; só não pode é ter rejeitado que vigoram entre Estados Americanos –
expressamente; Os novos Estados na cena internacional direito de asilo diplomático e
contestam costumes já existentes por não terem perseguidos políticos. O Estado que
participado na sua elaboração – ficam vinculados aos invoca um costume particular fica com o
costumes já existentes à data em que começam a ónus de provar a sua existência.
participar como sujeitos do DI na vida internacional,
desde que não manifestem expressamente vontade
contrária.
ESFERA DE APLICAÇÃO E DE VALIDADE DO COSTUME

A questão relaciona-se com a natureza do costume: se é um acordo tácito


(Grócio) tem a esfera da sua aplicação e validade limitada, pois só é aplicável e
válido para os Estados que colaboraram na sua formação ou que o aceitaram;
outros defendem que a obrigatoriedade do costume assenta na opinio juris.

ESFERA DE APLICAÇÃO E VALIDADE NO ESPAÇO

Os costumes gerais ou universais vigoram e são aplicáveis em toda a sociedade


internacional;

Os costumes particulares só são aplicáveis e só vigoram entre os Estados que os


sancionaram com as suas práticas, participando na opinio juris sobre tais
práticas;

ESFERA DE APLICAÇÃO E VALIDADE NO TEMPO

Quer seja geral ou particular, só é aplicável a partir do momento em que se


forma a opinio juris e deixa de vigorar quando deixa de existir convencimento
da sua obrigatoriedade → não é possível fixar o período da sua vigência.

1.4. As organizações internacionais e o costume

As OI participam através dos seus atos e das suas práticas normativas na


formação do costume.

Os atos produzidos representam a expressão da vontade dos seus Estados-


membros e constituem importantes elementos de formação de costume. Ao
participar na produção dos atos, dão o seu consentimento e assumem uma
prática conforme àqueles, reiterada, uniforme e continua. Esta prática =
consentimento coletivo + convencimento coletivo de obrigatoriedade. Através
desta prática → forma-se opinio juris que é produzida quase de imediato. Não
precede a prática, mas antecede.
D. OUTRAS FONTES

1. Equidade

1.1. Consagração da Equidade

A equidade é uma fonte de DIP que está consagrada nos artigos 59.º e 74.º da
Convenção da ONU sobre o Direito do Mar.

 Determina que os conflitos de interesses entre os Estados costeiros e


outros Estados sobre a Zona Económica Exclusiva (59.º)

 A delimitação dessa zona entre Estados com costas adjacentes (74.º)


deve ser resolvido numa base de equidade, através da aplicação do
princípio da equidade.

Não está consagrada em todos os Tratados  A equidade não se encontra


consagrada no artigo 38.º do Estatuto do Tribunal Internacional da Justiça,
que expressa o elenco das fontes de Direito Internacional. Assim, trata-se de um
instrumento de decisão de aplicação alternativa, por acordo das partes.

1.2. Definição de Equidade

É um processo de criação do Direito (fonte) que consiste em atribuir aos


órgãos jurisdicionais a competência para formular uma regra adequada às
particularidades do caso submetido ao seu juízo, com base nos princípios
gerais da justiça e na sua consciência.

Regulamentação criada pelo Juiz para o caso singular, atendendo a exigência de


justiça, de moral e conscienciosa conduta.

1.3. Tripla Função da Equidade no DI

Nos termos do nº2 do artigo 38.º do Estatuto do TIJ, a equidade só funciona


como fonte de Direito quando as partes num litígio o consintam.
Charles Rosseau defende que tem um triplo papel no DI:

ATENUA CONSEQUÊNCIAS COMPLETA A APLICAÇÃO DO AFASTA APLICAÇÃO DO


NEGATIVAS DA APLICAÇÃO DIREITO DIREITO
DO DIREITO

Efeito com impacto positivo, Função supletiva, para a Afasta a aplicação do direito
ao corrigir direito positivo integração de lacunas que positivo a um caso concreto,
quando a sua aplicação rígida derivam do direito positivo. substituindo este direito pelo
pode conduzir a grave juízo ex aequo et bono, onde
injustiça (summa injuria que o juiz estatui não com o
resulta da aplicação estrita fundamento nas normas de
sem ter em conta as direito positivo, mas sim num
particularidades do caso). juízo de equidade.

Para ele, a função da equidade é realizada pela inserção nos compromissos de


arbitragem ou nas convenções de reclamações (cláusulas de reparação de perdas
e danos) da cláusula ex aequo et bono ou de julgamento por equidade.

2. Princípios Gerais de Direito

2.1. Conceito

Conjunto de regras de Direito, princípios jurídicos e políticos que regulam as


relações internacionais.

São princípios do Direito Natural, comuns à ordem interna e internacional.


São aceites como tal desde que comuns às duas ordens, quer tenham a sua
origem no direito privado (Pacta Sunt Servanta) ou no direito público (princípio
da presunção da inocência).

Também os princípios inerentes à estrutura da sociedade internacional fazem


parte do grupo (princípio da igualdade jurídica dos Estados; princípio da não
ingerência).
2.2. Qual o Sentido a atribuir aos PDG?

A interpretação desta expressão tem suscitado muitas dúvidas e divergências.

Enquanto princípios do Direito Natural

Uma parte da doutrina sustenta que os PGD são princípios de Direito


Natural, que os Tratados e os costumes positivam ou atualizam,
adaptando-os às várias situações concretas.

Enquanto princípios de Direito Positivo

Atualmente, é opinião generalizado que os PGD são princípios de Direito


Positivo, que fazem parte da ordem jurídica positiva, incluindo todos
os princípios comuns à ordem jurídica interna e internacional
(consagrados no direito positivo interno e no direito positivo
internacional).

Enquanto princípios de Direito Privado ou Público

Alguns autores defendem os PGD tanto podem ser princípios gerais do


Direito Privado ou princípios gerais do Direito Público. Como exemplo
destes, Rosseau indica: o Pacta Sunt Servanda, princípio do abuso do
direito, princípio do respeito pelos bens adquiridos, o da prescrição
liberatória e dos juros moratórios, a regra nemo plus juris transfere potest
quam ipse habet e, para além destes indica outros de natureza processual.
Verdross indica os princípios da boa fé, o da les specialis derrogat
generalis, abuso do direito, caso julgado, e Silva Cunha e Maria da
Assunção Vale Pereira defendem que devem considerar-se ainda
princípios gerais de Direito certos princípios inerentes à própria
estrutura da sociedade internacional e que formam como que uma
constituição da mesma sociedade. É o caso dos princípios da igualdade
jurídica dos Estados, da sua independência, da não intervenção, da
continuidade dos Estados, etc.
2.3. Conceção Comum

1. Conjunto de princípios comuns aos grandes sistemas de direito


contemporâneo:

* Proposição primeira descortinada por indução de regras


particulares.

* Reconhecimento prévio, transponível e obrigatoriedade. É


necessário que se verifique em maior parte dos sistemas jurídicos,
não em todos.

2. Aplicáveis à ordem internacional:

* Abuso do direito, boa-fé, pacta sunt servanda, principio da


igualdade das partes em juízo.

2.4. Funções PDG

Sob o ponto de vista prático, estes princípios são aplicáveis na interpretação


das normas, no domínio da responsabilidade internacional e no da
administração da justiça.

Para além disso, no quadro das Organizações Internacionais esses princípios


encontram terreno de aplicação nas relações entre essas Organizações, nas
relações entre a Organização e o seu pessoal.

Enquanto princípios de Direito natural, a sua função, como fonte de DI, é a de


determinar o conteúdo das normas internacionais positivas. Funcionam como
fonte material de Direito.

Enquanto princípios de direito positivo, a sua função é dupla: completar os


tratados e os costumes suprindo as lacunas que existam no direito internacional
positivo e orientar a interpretação das normas convencionais e consuetudinárias.
3. Doutrina

3.1. Conceito

Entende-se por doutrina a posição dos autores sobre questões jurídicas. A


doutrina perdeu a importância histórica que tinha e o seu forte impacto na
produção e na revelação das normas de direito internacional. No entanto, não
deixou de exercer influência na evolução e aperfeiçoamento do direito
internacional.

4. Jurisprudência
4.1. Conceito
Conjunto de decisões jurisdicionais ou arbitrais, emanadas pelos tribunais,
quer nacionais quer internacionais, com impacto internacional. Contudo,

Dominique Carreau defende que as decisões nacionais têm um papel marginal


no DI, pois são usadas dominantemente para a prova da existência de costume
ou princípios gerais.

No âmbito do DI, releva a jurisprudência dos Tribunais Internacionais, incluindo


a dos Tribunais arbitrais.

4.2. Função
Auxiliam na averiguação do DI ao contribuir para o seu conhecimento mais
exato.

4.3. Tipos de Jurisprudência

TRIBUNAIS ARBITRAGEM TRIBUNAIS NACIONAIS


INTERNACIONAIS INTERNACIONAL
Sentenças / acordos
Pareceres

A jurisprudência dos Tribunais Internacionais não é fonte direta de DI. Eles não
criam Direito, aplicam-no. Podem, no entanto, favorecer a criação de normas
internacionais consuetudinárias, auxiliar a averiguação dos costumes existentes
e facilitar a interpretação do direito convencional.
5. Atos Unilaterais
Na ordem internacional, apesar de os principais efeitos de Direito serem
produzidos por atos jurídicos bilaterais ou plurais, deve ter-se em conta os atos
jurídicos unilaterais.

5.1. O que são

Atos praticados e imputáveis a um único sujeito de DI, ou a vários, desde que


o conteúdo do ato lhes seja comum.

5.2. Evolução Histórica

Inicialmente, eram uma prerrogativa dos Estados, únicos sujeitos do DI, que os
produziam. Atualmente, as OI passaram a produzir atos unilaterais, graças à sua
emergência na vida internacional, o que deu origem a um enorme aumento do
número e dos tipos de atos unilaterais.

5.3. Características

São fonte porque:

 Se admite a existência de norma geral consuetudinária ou PGD que os


consagra;

 Tipicidade (previstos na lei);

 Imputabilidade (um ato unilateral tem de resultar de um sujeito, ser


atribuível);

 Publicidade.

4.4. Classificação

Aqui temos que, por um lado, classificar os atos unilaterais emanados pelo Estado
e, por outro, pelas organizações internacionais, efetuando a sua distinção. Dentro
do primeiro temos que distinguir os atos praticados no exercício de competências
conferidas pelo DIP que serão atos.

Os efeitos produzidos por atos unilaterais dos Estados na cena internacional


são diferentes dos efeitos por atos das OI.
CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS UNILATERAIS DOS ESTADOS

 Atos autónomos – produzem efeitos jurídicos independentemente de


outras fontes;

 Há duas situações onde se produzem atos unilaterais pelos Estados:

- Atos praticados no uso de competências conferidas por


normas de DI convencionais ou costumeiras → atos estaduais
formal e materialmente internacionais (1);

- Atos praticados no uso de competências conferidas por


normas de direito interno → atos formalmente internos, mas com
relevância internacional (2).
Os dois casos podem ser auto-normativos ou hétero-normativos.

Classificação dos atos estaduais formal e materialmente internacionais

Atos praticados por órgãos estaduais com competência para agir nas relações
internacionais e obrigar internacionalmente o Estado, com fundamento em
normas convencionais ou costumeiras. Nestes agrupam-se:
NOTIFICAÇÃO RECONHECIMENTO PROTESTO RENÚNCIA DENÚNCIA PROMESSA
/DECLARAÇÃO
Ato genérico pelo qual um Ato unilateral Ato discricionário pelo Ato jurídico Ato pelo Ato pelo qual
Estado ou um grupo de discricionário, pelo qual um governo declara unilateral, qual o um Estado
Estados dá conhecimento qual um Estado, expressamente o seu discricionário, Estado se declara a outro
oficial a outro ou outros de verificando a desacordo ou não irrevogável, pelo declara ou outros que
um facto de uma situação, existência de aceitação, relativamente qual um Estado desvincula se obriga, no
de uma ação ou de um determinados factos a situações criadas por manifesta, expressa do de um futuro, a
documento de cuja ou atos jurídicos um ou vários Estados, a ou tacitamente, Tratado. adotar certo
existência decorrem certas declara, atos por eles praticados que não deseja comportament
consequências jurídicas, expressamente ou ou pretensões que continuar a Caso pelo o ou atitude.
com o fim de obter que o implicitamente, que manifestem. beneficiar de qual um A
objeto da notificação seja os considera como Os efeitos: vantagens que lhe Estado obrigatoriedad
considerado como elementos a ter em  não foram concedidas. vinculado e jurídica
reconhecido pelo conta nas suas reconhecimento; Efeitos: por internacional
destinatário. Como relações jurídicas,  a confirmação de  extinção de obrigações deste ato é
exemplo de normas admitindo que tais direitos próprios; quaisquer assumidas discutível.
internacionais que se factos ou situações  reserva de ordem direitos por via Verdross
referem expressamente a lhe são oponíveis politica ou moral. subjetivos dos convencio admite-a com
esta categoria de atos: art. (aparecimento de um Estados, sejam nal se o fundamento
34.º do Ato Geral da novo Estado, de um Versão negativa do ou não declara de que
Conferência de Berlim, de Governo, uma reconhecimento – ato emergentes de livre de se também são
26 fevereiro 1885, a situação, um pelo qual um Estado tratados. acatar. obrigatórios os
segunda Convenção tratado). reserva os seus direitos Só é fonte de tratados que
aprovada na II Conferência É o inverso do face à reivindicação direito quando a impõem
de Paz de Haia, em 18 de protesto – ato pelo alheia ou em relação a validade da deveres
Outubro de 1907, e nº1 do qual um Estado um costume em renúncia não apenas a uma
art 65 da CVDT. constata uma formação, isto é, ato depende da das partes.
 Ato-condição: situação existente e pelo qual um Estado dá a vontade de outro
condiciona a validade afirma que a entender que não Estado.
de outros atos; considera conforme considera determinada
 Obrigatório: imposto ao Direito. situação como conforme
pelo costume e pelo ao Direito.
Tratado.
Atos estaduais formalmente internos, mas com relevância internacional

São praticados pelos órgãos dos Estados, no âmbito da ordem estadual interna,
mas os seus efeitos repercutem-se na ordem jurídica internacional.
TEORIA DUALISTA MONISMO COM PRIMADO DO MONISMO DO DIREITO INTERNACIONAL
DIREITO INTERNO
Os atos jurídicos internos As obrigações O monismo radical defende que os O monismo moderado defende que
internacionalmente relevantes internacionais dos Estados atos internos são sempre atos de o DI define as esferas de ação
são os que se relacionam com fundamentam-se no seu execução estrita do DI sendo de próprias dos Estados, considerando
o DI por serem com ele Direito Constitucional e a excluir que atos jurídicos internos que podem ocorrer contradições
conformes ou por violarem ou validade dos atos jurídicos possam produzir efeitos na ordem entre umas e outras sem que daí
transgredirem. internacionais depende internacional. resulta a nulidade das normas
Dada a independência das sempre de normas ou atos internas infratoras.
duas ordens jurídicas, os seus jurídicos internos.
efeitos apenas de produzem
na ordem interna.

CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS

RESOLUÇÕES RECOMENDAÇÕES DECISÕES PARECERES SENTENÇAS


Atos emanados de Ato através do qual a OI Ato unilateral obrigatório Equivalente às Equivalente às
órgãos coletivos da OI e dirige, de forma solene, um através dos quais a OI recomendações – ato decisões – atos
que visam impor uma convite para a adoção de um impõe um dado judicial não judiciais
obrigação ou solicitar a certo comportamento comportamento de caráter vinculativo. obrigatórios.
adoção de um dado positivo – ação – ou negativo forçoso. Cria obrigações
comportamento aos – abstenção. Este ato não para o seu ou seus
Estados. tem força obrigatória. destinatários.
Propõe um comportamento.

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