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Sentenças declaratórias, sentenças

condenatórias e eficácia executiva


dos julgados

Teori Albino Zavascki*

1 INTRODUÇÃO forçada." 1 E depois de examinar as vá-


rias correntes doutrinárias a respeito do
Em conhecido estudo sobre a natu- tema e de referir que, ao fim e ao cabo,
reza da sentença condenatória civil, o "a sentença condenatória já não se dis-
Professor Barbosa Moreira inicia suas tinguiria da declaratória senão pela ex-
reflexões com a seguinte afirmação: "É tensão do declarado, que nesta seria
sabido que só a sentença condenatória apenas o crédito (lato sensu) de uma
atribui à parte vencedora o poder de contra a outra parte, naquela o crédito
promover ação executória contra o su- e mais a sanção aplicável à parte
cumbente. Nenhuma outra sentença é inadimplente," 2 encerra seu trabalho
apta a produzir tal efeito. Não o produz com uma pergunta não respondida: "Em
decerto, ainda quando reconheça ao que consiste, afinal, a declaração capaz
autor a ti tu Iaridade de um crédito em de proporcionar à parte vencedora títu-
face do réu, a sentença meramente de- lo hábil para a execução forçada? Ares-
claratória: tornando-se exigível o cré- posta de Liebman, vazada em fórmula
dito declarado, e não se dispondo a sa- mais aderente à realidade soaria: na
tisfazê-lo o devedor, cumpre ao credor declaração da aplicabilidade da sanção.
voltar a ajuízo com ação condenatória, Ora, justam~nte nisso é que não se pode
e apenas a nova sentença que lhe jul- convir sem fazer tábua rasa das hipóte-
gue procedente o pedido constituirá em ses em que o juiz condena e se executa,
seu favor título hábil para a execução sem que se trate em absoluto de san-

*Ministro do STJ, Professor de Processo Civil na UFRGS.


1 MOREIRA, José Carlos Barbosa. Reflexões Críticas sobre uma Teoria da Condenação Ci-
vil. ln: TEMAS de Direito Processual Civil: la Série. São Paulo: Saraiva, 1977. p. 72.
2 Ibidem, p. 77.
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ção; e também daquelas outras, não tão dade pública monopolizada pelo Esta-
raras, em que a sanção se efetiva na do-legislador. Já a definição da norma
própria sentença, sem necessidade - concreta, é dizer, a identificação da
nem, aliás, possibilidade - de repor-se norma individualizada que se formou,
em movimento, para atuá-la, o meca- concretamente, pela incidência da nor-
nismo judicial. " 3 ma abstrata (momento 2), bem como a
Bem se vê, do excerto referido, que sua execução, ou seja, a sua transfor-
o interesse científico e prático do estu- mação efetiva em fatos ou comporta-
do do tema relacionado com o conceito mentos (momento 3), são atividades
de sentença condenatória e o de sen- que não demandam, necessariamente,
tença puramente declaratória, e as res- o concurso ou a intervenção estatal.
pectivas distinções, reside, justamente, As atividades dos momentos 2 e 3
na delimitação da eficácia de cada uma, desenvolvem-se, em geral, de modo
notadamente no âmbito da sua eficácia espontâneo, voluntário e sem formali-
executiva. Condenação, mera declara- dades. Assim, nas mais simples condu-
ção e força executiva constituem, por- tas do dia-a-dia, como as de comprar
tanto, temas imbricados, e nesta pers- um jornal ou tomar um táxi, há inci-
pectiva é que aqui serão versados. dência de normas abstratas em supor-
tes fáticos, nascem normas jurídicas
2 NATUREZA E CONTEÚDO DOS concretas, os seus destinatários identi-
TÍTULOS EXECUTIVOS ficam o seu conteúdo e os elementos
das relações jurídicas que a partir de-
A eficácia executiva dos julgados las são estabelecidas (sujeitos ativos,
pressupõe compreensão a respeito da sujeitos passivos, prestações) e, final-
natureza e do conteúdo do título exe- mente, há cumprimento dos seus enun-
cutivo, que é a "base" de toda e qual- ciados, mediante condutas e comporta-
quer execução, segundo dispõe o arti- mentos com eles compatíveis.
go 583 do CPC. O princípio da nulla Em certos casos, o momento 2, em-
executio sine titulo integra a dinâmica bora ocorra voluntariamente (isto é,
da concretização do ordenamento jurí- sem intervenção estatal), se dá de modo
dico. Realmente, o fenômeno da atua- formal. É assim, por exemplo, quando
ção das normas no plano social com- se ajusta contrato em forma escrita, na
porta três momentos bem distintos: pri- presença de testemunhas ou perante um
meiro, o da formulação abstrata dos tabelião, ou quando se emite um título
preceitos normativos; segundo, o da de crédito. O que se faz, nessas situa-
definição da norma para o caso concre- ções, é formalizar documentalmente o
to; e terceiro, o da execução da norma conteúdo de determinada norma jurídi-
individualizada. A formulação abstrata ca concreta, identificando os elemen-
dos preceitos normativos, ou seja, a cri- tos da relação de direito exsurgente, o
ação das normas (momento 1) é ativi- sujeito ativo, o sujeito passivo e a pres-

3 Ibidem, p. 80.
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tação, com o seu objeto, seu prazo e rar o dano". Ocorrido o fato, a incidên-
suas condições. Quando a formalização cia do preceito normativo abstrato é au-
documental tiver natureza constitutiva tomática, de modo que, independente-
da obrigação - que é o que geralmente mente da vontade dos envolvidos, surge
ocorre nos casos acima enfocados - ha- norma jurídica concreta, estabelecendo
verá contemporaneidade entre incidên- relação obrigacional de reparação dos
cia da norma abstrata e identificação prejuízos. A identificação de tal norma
da norma concreta que daí nasce. Ca- supõe imputação da culpa, com conse-
sos há em que a lei autoriza a identifi- qüente posicionamento dos envolvidos
cação da norma concreta mediante pro- nos pólos ativo e passivo da relação obri-
cedimento administrativo. É o que se gacional, e apuração dos danos e do seu
dá, por exemplo, nos procedimentos montante, que é a prestação devida. Nem
fiscais de lançamento de tributo e sua sempre ~averá entre os interessados con-
inscrição em dívida ativa. E há casos senso a respeito de todos esses pontos.
em que os interessados estão autoriza- Nem sempre haverá, portanto, esponta-
dos a delegar a terceiro, também parti- neidade de identificação da norma indi-
cular, o encargo de identificar os con- vidualizada. Estabelecendo-se contro-
tornos da norma individualizada. É o vérsia a respeito de qualquer dos aspec-
que ocorre quando determinada contro- tos assinalados, estará instalada crise de
vérsia é submetida a juízo arbitral. Tam- identificação da norma, a demandar, para
bém nessas hipóteses o momento 3 é, a sua solução, intervenção estatal. Me-
em regra, espontâneo: os destinatários diante atividade cognitiva, o Poder Ju-
da norma concretizada (formalizada no diciário definirá, por sentença, o conteú-
contrato ou no título de crédito, ou na do da norma concretizada, indicando os
certidão de dívida ativa ou na sentença elementos da relação jurídica dela de-
arbitral), dão-lhe o devido cumprimen- corrente, seus sujeitos e sua prestação.
to, adotando a conduta adequada à sa- Definida a norma concreta, a atividade
tisfação da prestação devida. jurisdicional poderá ser mais uma vez
No entanto, a identificação da norma convocada se o seu cumprimento sofrer
concreta ou a sua execução, ou ambas, percalço, seja pela inércia do obrigado,
quando não desenvolvidas voluntaria- seja por su~ resistência, seja pelo aten-
mente, demandam concurso estatal, o dimento insatisfatório da prestação. Nas-
que se dá pela atuação do Estado-juiz, ce, aí, a pretensão à execução forçada.
mediante exercício da sua função juris- O certo é que, para alcançar o mo-
dicional. Tomemos um exemplo. O cho- mento 3, o da execução, pressupõe-se
que entre dois automóveis, com danos superado o momento 2: executa-se a
recíprocos, é suporte fático para a inci- norma concreta já definida em seus
dência da norma estabelecida no artigo contornos. Isso vale tanto para a exe-
159 do Código Civil: "aquele que, por cução espontânea, quanto para a força-
ação ou omissão voluntária, negligência, da. Há, porém, um importante pressu-
ou imprudência, violar direito ou causar posto a distinguir uma da outra. Aque-
prejuízo a outrem, fica obrigado a repa- la, a execução espontânea, pode ocor-
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rer independentemente de qualquer for- eficácia executiva, pois isso constituiria


malidade no processo de identificação atentado ao direito constitucional de
da norma; mas esta, a execução força- ação, que compreende, como é sabido,
da, pressupõe que a norma concreta também o direito ao exercício da pre-
esteja formalmente identificada, de tensão de executar.
modo que o seu conteúdo possa ser de-
monstrado ao juiz da execução com ra- 3 SENTENÇAS CONDENATÓRIAS
zoável grau de certeza.
Surge, assim, o título executivo, que A tese segundo a qual apenas sen-
pode ser conceituado como a represen- tença condenatória é título executivo,
tação documental de uma norma jurídi- verdadeiro dogma para a maioria da
ca individualizada, contendo obrigação doutrina, é de difícil demonstração. A
líquida, certa e exigível, de entregar coi- dificuldqde reside, desde logo, na iden-
sa, ou de fazer, ou de não fazer, ou de tificação da natureza dessa espécie de
pagar quantia em dinheiro, entre sujei- sentença. Para Liebman, "a sentença
tos determinados, e que tem a eficácia condenatória tem duplo conteúdo e du-
específica de viabilizar a tutela jurisdi- pla função: em primeiro lugar, declara
cional executiva. É o legislador que es- o direito existente - e nisto ela não di-
tabelece as características formais dare- fere de todas as outras sentenças (fun-
presentação documental que deve assu- ção declaratória); e, em segundo lugar
mir a norma individualizada para ense- faz vigorar para o caso concreto as for-
jar a outorga da tutela jurisdicional exe- ças coativas latentes na ordem jurídi-
cutiva. Ela poderá ser produzida integral- ca, mediante aplicação da sanção ade-
mente mediante controle jurisdicional, quada ao caso examinado - e nisto re-
e constituirá título executivo judicial; side a sua função específica, que a di-
poderá ser originada sem nenhuma par- ferencia das outras sentenças."5 Fazer
ticipação do Estado-juiz e será título vigorar a força coativa da sanção não
extrajudicial; e, finalmente, a identifica- constitui, propriamente, função da sen-
ção da norma concreta poderá estar re- tença condenatória, mas sim da ação
presentada em parte por documentação executiva que a ela posteriormente se-
extrajudicial e em parte judicial, e o tí- gue. Pois bem, conforme observou Bar-
tulo executivo será misto. 4 Uma coisa, bosa Moreira, "se não é de efetivar a
porém, é certa: quando uma norma jurí- sanção que se trata na sentença conde-
dica concreta estiver integralmente iden- natória, então só uma coisa é concebí-
tificada mediante atividade jurisdicional, vel que se trate: de declarar a sançã.o a
o legislador já não poderá negar-lhe a que se sujeita o vencido." 6 É assim, ali-

4 Sobre título executivo misto, ZAVASCKI, Teori Albino. Título Executivo e Liquidação.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999. p. 64, onde também discorremos sobre o ternário
abordado no presente estudo.
5 LIEBMAN, Enrico Tullio. Processo de Execução. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 1968. p. 16.
6 MOREIRA. Reflexões ... p. 76.
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ás, que Camelutti via a sentença conde- cumprir sponte sua, título executivo para
natória: uma sentença de dupla declara- o autor vitorioso." 11 Poder-se-ia referir
ção, a declaração de certeza do que foi e outros exemplos, como o das sentenças
do que devia ser.? Calamandrei, a sua homologatórias de conciliação ou de
vez, descreveu a sentença condenatória transação, que, em nosso sistema, cons-
como a decisão "mediante la cualla au- tituem título executivo, inclusive, se for
toridad judicial individualizará el con- o caso, em favor do réu, e que têm por
creto precepto jurídico nacido de la nor- conteúdo, às vezes, direitos que sequer
ma, establecerá la certeza acerca de cuál foram objeto da demanda. Em tais situ-
ha sido y cuál habría debido ser el com- ações certamente não há juízo sobre ilí-
portamento dei obligado y determinará, cito ou sua sanção. Não é a aplicação da
como consecuencia, los médios prácti- sanção a um ilícito, portanto, a nota ca-
cos aptos para restablecer en concreto racterística da executividade dessa es-
la observância dei derecho violado."x pécie de sentença.
Todavia, conforme anotou o próprio Calamandrei busca superar tais ob-
Calamandrei, "nem todas as sentenças jeções sustentando que a característica
condenatórias pressupõem ato ilícito", da sentença condenatória não está na
assim como "nem todas as sentenças que aplicação ou na declaração da sanção.
certificam o ilícito são sentenças conde- "Somente há condenação", diz ele,
natórias."9 Ratificando tal objeção, Bar- "quando, por força da sentença, o vín-
bosa Moreira cita como exemplo de sen- culo obrigacional é substituído por um
tença condenatória, mas "sem correspon- vínculo de sujeição. A transformação da
dência com atos ou comportamentos an- obrigação em sujeição, esta me parece
tijurídicos", a da "condenação do litigan- ser verdadeiramente a função específi-
te vencido ao pagamento das custas pro- ca da condenação". E acrescenta:
cessuais e dos honorários de advogado "pode-se dizer que a função da senten-
do vencedor, nos sistemas que prevêem ça de condenação é a de constituir aque-
como corolário do mero fato do sucum- le estado de sujeição, por força do qual
bimento."10 Cita, outrossim, as "hipóte- o condenado é posto à mercê dos ór-
ses em que se permite ao juiz proferir, gãos executivos e submetido a supor-
antes de vencida a obrigação, sentença tar passiv~mente a execução forçada
idónea para constituir, se o réu não a como um mal inevitável." 12

7 CARNELUTTI, Francesco. Derecho y proceso. Tradução Santiago Sentis Melendo. Bue-


nos Aires: Europa-America, 1971. v. 1. p. 66.
8 CALAMANDREI, Piero. lnstituciones de derecho procesal civil. Tradução Santiago Sentis
Melendo. Buenos Aires: Europa-America, 1986. v. 1. p. 142.
9 CALAMANDREI, Piero. La Condana. ln: . Opere Giurideche. Nápoli: Morano
1972. v.5. p. 486.
10 MOREIRA. Reflexões ... p. 74.
11 Ibidem, p. 75.
12 CALAMANDREI, op. cit. p. 492.
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Ocorre que o estado de sujeição a que onal é, portanto, qualidade inerente à


se refere Calamandrei é próprio de qual- própria norma jurídica. É justamente
quer título executivo, inclusive dos ex- essa atributividade ou, como preferem
trajudiciais, e não apenas da sentença alguns, esse autorizamento, 14 a mais
condenatória. Ele não é, portanto, marcante diferença entre a norma jurí-
"constituído" pelo ato sentenciai. É, dica e as outras normas de conduta: "a
antes, conseqüência natural da norma essência específica da norma jurídica é
jurídica consubstanciada no título exe- o autorizamento, porque o que compe-
cutivo, mais especificamente do enun- te a ela é autorizar ou não o uso dessa
ciado da perinorma, que e~tabelece a faculdade de reação do lesado. A nor-
sanção jurídica para a hipótese de des- ma jurídica autoriza que o lesado pela
cumprimento. Aliás, esta mesma obje- violação exija o seu cumprimento ou a
ção pode ser colocada à doutrina de reparaçã_o pelo mal causado." 15 "A nor-
Liebman, quando sustenta que a san- ma jurídica permite que o lesado pela
ção à violação do direito é constituída violação dela exija o cumprimento
pela sentença condenatória, e daí a ra- dela", escreveu Goffredo Telles Júni-
zão de ser ela, no seu entender, pré-:-re- or, acrescentando: "em virtude do au-
quisito indispensável à execução força- torizamento, o lesado pode, com fun-
da. Também a sanção jurídica decorre damento jurídico, completar sua inte-
da norma, e não da sentença. Esta, no ração com quem o prejudicou. Após a
máximo, a identifica e declara. ação violadora da norma jurídica, a
Com efeito, a sanção jurídica, assim própria norma violada autoriza e per-
considerada como a reação do direito à mite a reação competente." 16 Esse é,
inobservância ou à violação das suas aliás, o elemento distintivo por exce-
normas, não só está prevista no precei- lência entre a norma jurídica e as de-
to normativo, como também constitui mais normas de conduta: a aptidão para
um dos seus elementos essenciais, o da atribuir ao lesado a faculdade de exigir
perinorma (ou norma secundária), cujo o seu cumprimento forçado. Segundo a
destinatário é o órgão estatal encarre- lição clássica de Luis Recasens Siches,
gado de prestar jurisdição. "O que se
chama de sanção", diz Bobbio, "outra en el Der~cho, cabalmente la posibili-
coisa não é senão o comportamento que dad predeterminada de esa ejecución
forzada, de la imposición inexorable de
o juiz deve ter em uma determinada cir-
lo determinado en el precepto jurídico,
cunstância." 13 Atribuir ao lesado a fa- incluso por medi o de poder físico, cons-
culdade de exigir a prestação jurisdici- tituye un ingrediente esencial de és te. La

13 BOBBIO, Norberto. Teoria general de derecho. Tradução Jorge Guerrero R .. 2·ed. Santa
Fe de Bogota, Colombia: Temis, 1992. p. 125.
14 TELLES JÚNIOR, Goffredo. Direito Quântico. São Paulo: Max Limound. p. 263.
15 DINIZ, Maria Helena Diniz. Compêndio de Introdução à Ciência do Direito. 8. ed. São
Paulo: Saraiva, 1995. p. 341.
16 TELLES JÚNIOR. Direito Quântico. p. 263.
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sanción jurídica, como ejecución forza- proferida, tem por objeto, segundo o
da de la conducta mandada en el pre- artigo 4° do CPC, a declaração "da exis-
cepto [ ... ],o como ejecución forzada de
tência ou inexistência de relação jurí-
una conduta sucedánea de reparación o
compensación, o como retribución de dica" ou "da autenticidade ou falsida-
una infracción consumada ya irremedi- de de documento". Segundo os padrões
able - pena - constituye un elemento tradicionais, não compõe seu objeto o
esencial de la norma jurídica. 17 juízo a respeito da violação da norma
individualizada ou da sanção corres-
É equívoco, portanto, afirmar que a pondente. A declaração de certeza, nes-
sentença condenatória, ou outra senten- tas ações, refere-se, como ensinava
ça qualquer, é constitutiva da sanção ou Calamandrei, ao preceito primário ("no
do estado de sujeição aos atos de execu- transgredido todavia, pero incierto") e
ção forçada. Não é esta, conseqüente- não ao mandado sancionatório. 18
mente, a justificação para a força exe- Nesse pressuposto, identificada a
cutiva dessa espécie de sentença. Sua relação entre o objeto da ação puramen-
executividade decorre, isto sim, da cir- te declaratória e a norma primária
cunstância de se tratar de sentença, que (enunciado endonormativo ), conclui-se
traz identificação completa de uma nor- que nela não se faz juízo sobre a san-
majurídica individualizada, que, por sua ção (enunciado da perinorma), do que
vez, tem em si, conforme se viu, a força somente se poderia cogitar caso já ti-
de autorizar a pretensão à tutela jurisdi- vesse havido violação. Por isso tnesmo,
cional. Se há "identificação completa" aliás, a doutrina clássica a respeito das
da norma individualizada é porque a fase lides que fazem surgir interesse de mera
cognitiva está integralmente atendida, de declaração assinala o caráter preventi-
modo que a tutela jurisdicional autori- vo da correspondente tutela jurisdicio-
zada para a situação é a executiva. nal. Não são lides de dano, mas de pro-
Ocorre que tais virtudes e caracte- babilidade de dano, dizia Carnelutti, 19
rísticas não são exclusivas da sentença e têm origem, não no descumprimento
condenatória, podendo ser encontradas da obrigação, mas sim na dúvida ares-
em outros provimentos jurisdicionais, peito da existência da relação jurídica,
inclusive em certas sentenças declara- ou do seu modo de ser ou, quem sabe,
tórias. Veja-se. do conteúdo da prestação ou da sanção
que, no futuro, poderá ser exigida. Evi-
4SENTENÇASDECLARATÓRIAS dencia-se, assim, que, em regra, na sen-
tença puramente declaratória há enun-
A ação puramente declaratória, e, ciados de certeza sobre um ou mais de
portanto, a sentença que nela vier a ser um dos elementos da norma jurídica

17 RECASENS SICHES, Luis. Estudios de filosofia del derecho. Barcelona: Bosch 1936. p.
128. No mesmo sentido: DINIZ. Compêndio ... p. 341.
18 CALAMANDREI. lnstituciones ... p. 152 e 168.
19 CARNELUTII. Derecho y Proceso. p. 67.
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concreta, mas não sobre o seu todo (en- tência da relação jurídica, mas também
donorma e perinorma), nem, especial- da exigibilidade da prestação devida,
mente, sobre a existência de uma pres- não há como negar-lhe, categoricamen-
tação exigível. te, eficácia executiva. Conforme assi-
Assim entendida tal espécie de sen- nalado anteriormente, ao legislador or-
tença, faz sentido afirmar, na linha do dinário não é dado negar executivida-
pensamento clássico, que elas não cons- de a norma jurídica concreta, certifica-
tituem títulos executivos, e se acrescen- da por sentença, se nela estiverem pre-
ta- também sob influência desses mes- sentes todos os elementos identificado-
mos padrões -, que apenas as senten- res da obrigação (sujeitos, prestação,
ças condenatórias, que trazem identifi- liquidez, exigibilidade), pois isso repre-
cação completa da norma individuali- sentaria atentado ao direito constituci-
zada, podem servir de base à execução. onal à tutela executiva, que é inerente
O Código de Processo Civil de 1939 e complemento necessário do direito de
refletia justamente essa doutrina, quan- ação. Tutela jurisdicional que se limi-
do dispunha, no seu artigo 290, que "na tasse à cognição, sem as medidas com-
ação declaratória, a sentença que ,pas- plementares necessárias para ajustar os
sar em julgado valerá como preceito, fatos ao direito declarado na sentença,
mas a execução do que houver sido de- seria tutela incompleta. E, se a norma
clarado somente poderá promover-se jurídica individualizada está definida,
em virtude de sentença condenatória". de modo completo, por sentença, não
Ocorre que o Código de 1973, no há razão alguma, lógica ou jurídica,
parágrafo único do artigo 4°, trouxe dis- para submetê-la, antes da execução, a
positivo inovador: "é admissível a ação um segundo juízo de certificação, até
declaratória ainda que tenha ocorrido a porque a nova sentença não poderia
violação do direito". Ao assim estabe- chegar a resultado diferente do da an-
lecer, dá ensejo a que a sentença, ago- terior, sob pena de comprometimento
ra, possa fazer juízo, não apenas sobre da garantia da coisa julgada, assegura-
o preceito da endonorma (mandato pri- da constitucionalmente. Instaurar a cog-
mário não transgredido), mas também nição sem oferecer às partes e princi-
sobre o da perinorma (mandato sancio- palmente ao juiz outra alternativa de
natório), permitindo, nesse último caso, resultado que não um já prefixado, re-
juízo de definição inclusive a respeito presentaria atividade meramente buro-
da exigibilidade da prestação devida. crática e desnecessária, que poderia re-
Sentença de tal conteúdo representa, ceber qualquer outro qualificativo, me-
sem dúvida, um comprometimento do nos o de jurisdicional. Portanto, repeti-
padrão clássico de tutela puramente de- mos: não há como negar executividade
claratória (como tutela tipicamente pre- à sentença que contenha definição com-
ventiva), circunstância que não pode ser pleta de norma jurídica individualiza-
desconsiderada pelo intérprete. da, com as características acima assi-
Ora, se tal sentença traz definição de naladas. Talvez tenha sido esta a razão
certeza a respeito, não apenas da exis- pela qual o legislador de 1973, que in-
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cluiu o parágrafo único do artigo 4o do do-juiz, dando ao ato certeza oficial.


CPC, não tenha reproduzido no novo Nessas circunstâncias, negar força de
Código a norma do art. 290 do CPC de título executivo a esta espécie de sen-
1939. tença seria atentar contra o sistema pro-
Interpretação sistemática do Código, cessual, sua lógica e os valores nele
especialmente depois das reformas que consagrados.
lhe foram impostas a partir de 1994, Não parece procedente, portanto, a
permite que se vá mais longe. Imagine- afirmação de que as sentenças declara-
se sentença que, em ação declaratória, tórias jamais podem servir de base à
defina, com força de coisa julgada, que execução forçada. Isso fica também
a entrega de certa quantia de Pedro para evidenciado do exame, que a seguir se
Paulo foi a título de mútuo, e não de fará, da denominada "condenação para
doação, e que o prazo para devolvê-la o futuro','.
deve ocorrer (ou já ocorreu) em deter-
minada data; ou que a ocupação do imó- 5 OBRIGAÇÕES CONDICIONAIS E
vel de Joana por Maria não é a título de "CONDENAÇÃO PARA O FUTURO"
comodato, mas de locação, e que o .va-
lor mensal do aluguel é de R$ 300,00, Segundo dispõe o artigo 572 do CPC,
pagáveis no dia 30 de cada mês. Há, "quando o juiz decidir relação jurídica
em tal sentença, como se percebe, defi- sujeita a condição ou termo, o credor
nição de norma jurídica individualiza- não poderá executar a sentença sem
da, contendo obrigação da pagar quan- provar que realizou a condição ou que
tia certa. Se a definição dessa mesma ocorreu o termo". Decorre desse pre-
norma estivesse representada em docu- ceito que: (a) é possível "decidir rela-
mento particular assinado pelas partes ção jurídica sujeita a termo ou condi-
e por duas testemunhas, ela constitui- ção" mesmo antes da ocorrência de-
ria título executivo, nos termos do in- les; e que (b) a decisão assim tomada é
ciso II, do art. 585 do CPC. Igualmen- título executivo, quando acompanhada
te, se a definição decorresse de docu- da prova de "que se realizou a condi-
mento firmado perante tabelião. Tam- ção ou que ocorreu o termo". Os que
bém teria força executiva se tivesse sido sustentam que apenas a sentença con-
definida por autocomposição (transa- denatória é apta a desencadear o pro-
ção) referendada pelo Ministério Públi- cesso de execução encontram dificul-
co, ou pela Defensaria Pública ou, ain- dades em justificar a executividade do
da, pelos advogados dos transatores. provimento a que se refere o citado ar-
Ora, nos exemplos dados, a norma in- tigo, especialmente quando se refere a
dividualizada e a relação jurídica cor- relação jurídica subordinada a condi-
respondente têm grau de certeza muito ção suspensiva.
mais elevado: elas foram definidas em Realmente, em se tratando de ato ou
processo de que participaram não ape- negócio jurídico subordinado a condi-
nas as partes, mas também os seus ad- ção suspensiva, enquanto não se reali-
vogados, e, sobretudo, o próprio Esta- zar a condição não há direito subjeti-
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vo, já que não ocorreu eficácia alguma ção do negócio jurídico. Não é menos
("não se terá adquirido o direito, a que certo, todavia, que, enquanto pendente
ela visa", diz o Código Civil, art. 118). 20 o termo, não há inadimplemento da
Não há direito subjetivo e nem é certo obrigação e a prestação é, portanto, ine-
que ele vá nascer. Inimaginável supor xigível. Em suma: não ocorreu viola-
que a sentença que decide relação jurí- ção do direito, nem há como saber, nes-
dica sujeita a condição suspensiva pos- se momento, se ela efetivamente ocor-
sa conter imposição de sanção: não hou- rerá, já que não se pode descartar a hi-
ve violação nem é certo que irá haver, pótese de que, na ocorrência do termo,
até porque a obrigação nem mesmo haja execução espontânea da obrigação
existe e sequer é possível saber se ela pelo devedor. Não será cabível, portan-
algum dia existirá. A sentença que as- to, nas circunstâncias, pleitear judici-
sim dispusesse seria condicional e, por- almente a imposição de sanção. Sendo
tanto, nula. Ora, desconsiderada a pre- assim, e -utilizando linguagem Carne-
tensão do autor em haver a aplicação luttiana, é de se supor que as lides even-
da sanção, o interesse de agir - e, por- tualmente exsurgentes antes da oconên-
tanto, a conespondente sentença·-:. só cia do termo não serão lides de dano,
pode dizer respeito, nessas ações, à ne- mas lides de perigo, ou seja, de "pro-
cessidade de eliminar eventuais incer- babilidade de dano". 21 Só podem ser
tezas sobre a relação jurídica, ou seja, lides que surgem pela contestação da
a sentença de procedência só pode ter existência da relação jurídica, ou do seu
natureza declaratória. modo de ser, ou, quem sabe, do con-
No que respeita à relação jurídica teúdo da sanção que poderá vir a ser
sujeita a termo (inicial), o problema não exigida em caso de futuro - mas ainda
é muito diferente. É sabido que, nessa incerto- inadimplemento da prestação.
espécie de relação, o direito subjetivo Conseqüentemente, o interesse de agir
existe mesmo antes do advento do ter- estará limitado a obter, por sentença, um
mo, pois, ao contrário do que se passa acertamento preventivo sobre a existên-
com a condição suspensiva, ele nasce cia ou o conteúdo da relação jurídica, 22
com a prática do ato ou com a celebra- ou, como diria Calamandrei, "a elimi-

20 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições Direito Civil. Rio de janeiro: Forense. v.2. p.
82; DINIZ, Maria Helena Curso de Direito Civil Brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 1996.
v.2. p. 132.
21 CARNELUTII. Derecho y Proceso. v. 1. p. 67.
22 São raros os precedentes jurisprudenciais sobre sentença que julga relação jurídica sujeita a
condição ou a termo. Especificamente sobre relação jurídica a termo, registram-se os casos de
demandas promovidas contra administradoras de consórcio, que, com base em cláusula contra-
tual, entendiam indevida a incidência de correção monetária sobre o valor das prestações a serem
restituídas aos consorciados desistentes. A jurisprudência que se firmou no STJ foi no sentido de
que, embora a restituição fosse devida tão somente depois de trinta dias do encerramento do plano
(obrigação a termo, portanto), já detinha o consorciado, antes desse prazo, interesse de agir, con-
siderada a manifesta e antecipada resistência da administradora em reconhecer o direito à referida
Revista da Faculdade de Direito da UFRGS- n2 23, 2003 229

nação preventiva da falta jurídica de para explicar por qué en un caso, y no en


certeza." 23 Essa "função exclusivamente el otro, la decisión deba ser susceptible
preventiva" é típica da sentença decla- de ejecución forzada. 24
ratória. Também aqui a sentença que,
desde logo, impusesse sanção (condena- O título executivo, no caso do artigo
tória) seria condicional e, portanto, nula 572 do CPC, não é, portanto, uma sen-
(CPC, art. 460, § único), porque depen- tença condenatória. Ele, na verdade, têm
deria de prova futura da ocorrência do uma composição mista, sendo formado
ilícito, ainda não acontecido. (a) da sentença que "decidir a relação
É artificiosa, sob esse aspecto, a sujeita a condição", que tem natureza
construção doutrinária em torno da de- declaratória, só podendo dizer respeito
nominada condenação para o futuro, à existência ou ao conteúdo do ato ou
formulada para manter o dogma de que do negócio jurídico, e não da existência
somente a sentença condenatória é tí- do direito ou da obrigação em si mes-
tulo executivo. "La denominada con- mos; (b) de documento comprobatório
dena en futuro", escreveu Carnelutti, da realização da condição e, portanto,
da certeza quanto à existência da obri-
gação; e (c) de documento comprobató-
no es otra cosa, en verdad, que disfrazar
una decisión de declaración de mera cer-
rio da ciência do fato pelo devedor, re-
teza; ciertamente, si el incumplimiento no quisito configurador da exigibilidade.
se ha verifi:cado todavia, no puede haver
declaración de responsabilidad y, con ella, 6 OUTROS PROVIMENTOS
sustancia de condena; la condena, en cu- JURISDICIONAIS NÃO
anta el obligado no cumpla en el futuro CONDENATÓRIOS QUE CONSTITUEM
una obligación todavia no exigible en el TÍTULO EXECUTIVO
ato de la declaración de certeza, no ofre-
ce ai juez certeza alguna sobre el incum-
plimiento y, por tanto, se reduce a una Há outros provimentos jurisdicionais
mera declaración de certeza de la obliga- que, embora com força executiva, não
ción, y n0 hay entre la declaración y la possuem as características de sentença de
condena in futuro ninguna diferencia apta condenação, tal como definida na doutri-

correção. Sobre a natureza da pretensão que, nessas circunstâncias poderia ser judicialmente de-
duzida, não houve, contudo, harmonia de entendimento. Há precedentes no sentido de que se trata
de "sentença condenatória a termo" (Resp 53.193-4, 3a Turma, Min. Eduardo Ribeiro. DJ de
31.10.94), mas, em nosso entender, mais precisos são os julgados segundo os quais o consorciado
pode é promover "ação para ver declarado seu direito à atualização de seu crédito" (Resp 56.316,
Min. Ruy Rosado de Aguiar, DJ de 07.08.95). Aliás, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul,
onde essas questões tiveram origem, admitindo a existência de interesse de agir do consorciado,
deixou evidenciado, em acórdão de lavra do Des. Araken de Assis, a natureza preventiva (e, por-
tanto, não condenatória) da tutela que, nestes casos, é conferida ao demandante (Apelação Cível
593.016.413, 5a Câmara Cível. Revista Jurídica 191:57).
23 CALAMANDREI. Instituciones ... p. 152.
24 CARNELUTTI. Derecho y Proceso. v. I. p. 355.
230 Revista da Faculdade de Direito da UFRGS- nº 23, 2003

na corrente. Assim, dão ensejo à execu- causados ao requerido. Outro exemplo


ção forçada, por disposição do CPC, as significativo de sentença que dispensa
seguintes sentenças: a) a de que trata o condenação para ter força executiva é
seu artigo 76 quando, ao julgar denunci- a que julga procedente a ação de resili-
ação da lide, o juiz "declara, conforme o ção de contrato de promessa de com-
caso, o direito do evicto, ou a responsa- pra e venda. Segundo a jurisprudência
bilidade por perdas e danos"; b) a de que do STF, reafirmada pelo STJ, em casos
trata o § 2° do artigo 899, que julga ação tais, a sentença é título para a ação de
consignatória em que o depósito ofereci- execução visando a entrega da coisa,
do pelo autor foi insuficiente, propician- independentemente de ter havido pedi-
do que o juiz determine o montante da do explícito ou condenação específica
insuficiência, ainda devido pelo autor a respeito, pois a obrigação de restituir
(sentença que constituirá título executi- o bem é_ efeito necessário e natural da
vo em favor do réu); c) a de que trata o resolução do compromisso. 26 Asseme-
artigo 918, quando, ao decidir ação de lham-se, tais hipóteses, à da sentença
prestação de contas, o juiz declara, na penal condenatória, da qual decorre,
sentença, o montante de saldo credor{que como efeito natural e necessário a obri-
pode favorecer o autor ou o réu). gação de reparar os danos. Aliás, no
São também títulos que ensejam exe- âmbito do processo penal têm, igual-
cução forçada as sentenças que têm mente, força executiva no juízo cível o
como "efeito anexo" 25 o de tornar certa acórdão do tribunal que, julgando pro-
a obrigação de ressarcir danos. É o caso cedente a ação de revisão criminal, re-
das sentenças que extinguem a execu- conhece ao interessado "o direito a uma
ção provisória, das quais decorre, au- justa indenização pelos prejuízos sofri-
tomaticamente, independentemente de dos" em decorrência da indevida con-
condenação, a responsabilidade do exe- denação (CPP, art. 630). Responderá
qüente pelos prejuízos sofridos pelo pela indenização, independentemente
executado, nos termos do artigo 588, I, de condenação específica, a União ou
do CPC. Da mesma forma, nas situa- o Estado membro cuja Justiça tiver pro-
ções previstas no artigo 811 do CPC, ferido a sentença revisada, cabendo ao
nasce a executividade, independente- juízo cível promover a liquidação(§ 1°)
mente de condenação, de provimentos e a execução.
jurisdicionais que produzem a ineficá-
cia das medidas cautelares e das quais 7 CONCLUSÕES
decorre, como conseqüência natural da
ordem jurídica, a responsabilidade ob- Pode-se afirmar, em conclusão, que:
jetiva do requerente pelos prejuízos a) o título executivo é a representação

25 SILVA, Ovídio A. Baptista da. Sentença e Coisa Julgada. 2. ed. Porto Alegre: Fabris,
1988.p.l13.
26 STF, RE 99.339, 1a Turma, Min. Sydney Sanches, RTJ 114:693; STJ, Resp 18.000, 4a
Turma, Min. Sálvio de Figueiredo, DJ de 07.06.93.
Revista da Faculdade de Direito da UFRGS- nº 23, 2003 231

documental de uma norma jurídica in- _ _ _ . La Condana. ln: . Opere


dividualizada, contendo obrigação lí- Giurideche. Nápoli: Morano 1972. v.5.
quida, certa e exigível, de entregar coi- CARNELUTTI, Francesco. Derecho y
sa, ou de fazer, ou de não fazer, ou de proceso. Tradução Santiago Sentis
pagar quantia em dinheiro, entre sujei- Melendo. Buenos Aires: Europa-Ame-
tos determinados; b) a sentença civil rica, 1971. v. 1.
condenatória é título executivo porque DINIZ, Maria Helena Diniz. Compêndio
contém definição completa de norma de Introdução à Ciência do Direito. 8.
jurídica individualizada com aquele ed. São Paulo: Saraiva, 1995.
conteúdo; c) não se pode afirmar, con- ____. Curso de Direito Civil Brasilei-
tudo, que apenas essa sentença tem efi- ro. 1O. ed. São Paulo: Saraiva, 1996. v.2
cácia executiva, já que o sistema pro- LIEBMAN, Enrico Tullio. Processo de
cessual confere executividade a outros Execu_ção. 3· ed. São Paulo: Saraiva,
provimentos jurisdicionais sem nature- 1968.
za condenatória; d) não procede a afir- MOREIRA, José Carlos Barbosa. Refle-
mação de que a sentença meramente de- xões Críticas sobre uma Teoria da Con-
claratória jamais é título executivo;, ela denação Civil. ln: TEMAS de Direito
terá força executiva quando contiver Processual Civil: 1a Série. São Paulo:
certificação de todos os elementos de Saraiva, 1977.
uma norma jurídica concreta, relativa PEREIRA, Caio Mário da Silva. Institui-
a obrigação com as características aci- ções Direito Civil. Rio de janeiro: Fo-
ma referidas. rense. v.2.
RECASENS SICHES, Luis. Estudios de
REFERÊNCIAS filosofia del derecho. Barcelona: Bosch,
1936.
BOBBIO, Norberto. Teoria general de SILVA, Ovídio A. Baptista da. Sentença
derecho. Tradução Jorge Guerrero R .. e Coisa Julgada. 2· ed. Porto Alegre:
2 ed. Santa Fe de Bogota, Colombia: Fabris, 1988.
Temis, l992. TELLES JÚNIOR, Goffredo. Direito
CALAMANDREI, Piero. Instituciones de Quântico. São Paulo: Max Limound.
derecho procesal civil. Tradução San- ZAVASCKI 1 Teori Albino. Título Execu-
tiago Sentis Melendo. Buenos Aires: tivo e Liquidação. São Paulo: Revista
Europa-America, 1986. v. 1. dos Tribunais, 1999.
JAETaói'OL~
Indústria Gréflca Ltda.
Fone/Fax: (51) 3318-6355
e-mail: mig@mig.com.br
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ISSN O104-6594

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