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PROCESSO CIVIL - XXII EXAME DA OAB

teoria e questões
Aula 13 - Prof. Ricardo Torques

AULA 13
PROCEDIMENTOS
ESPECIAIS

Sumário
1 - Considerações Iniciais ................................................................................................. 3
2 - Introdução ao Estudo dos Procedimentos Especiais ......................................................... 3
2.1 - Processo versus procedimento ............................................................................... 3
2.2 - Modelos de processo nos procedimentos específicos ................................................. 5
2.3 - Fungibilidade dos procedimentos ............................................................................ 6
2.4 - Tipicidade, déficit e flexibilização procedimental ....................................................... 8
3 - Ação de Consignação em Pagamento ............................................................................ 9
3.1 - Hipóteses de cabimento ........................................................................................ 9
3.2 - Obrigações consignáveis ..................................................................................... 10
3.3 - Consignação extrajudicial .................................................................................... 11
3.4 - Consignação judicial ........................................................................................... 14
4 - Ação de Exigir Contas ............................................................................................... 21
5 - Ações Possessórias ................................................................................................... 24
5.1 - Introdução ........................................................................................................ 24
5.2 - Disposições Gerais ............................................................................................. 27
5.3 - Manutenção e da Reintegração de Posse ............................................................... 33
5.4 - Ação possessória em conflitos coletivos por imóvel ................................................. 36
5.5 - Interdito Proibitório ............................................................................................ 39
6 - Inventário e partilha ................................................................................................. 41
6.1 - Disposições Gerais ............................................................................................. 42
6.2 - Legitimidade para Requerer o Inventário ............................................................... 44
6.3 - Inventariante e das Primeiras Declarações ............................................................ 45
6.4 - Citações e Impugnações ..................................................................................... 53
6.5 - Avaliação e Cálculo do Imposto ............................................................................ 55
6.6 - Colações ........................................................................................................... 56
6.7 - Pagamento das Dívidas ....................................................................................... 57
6.8 - Partilha ............................................................................................................. 60
6.9 - Arrolamento ...................................................................................................... 66

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6.10 - Disposições Comuns a Todas as Seções .............................................................. 68


7 - Embargos de Terceiro ............................................................................................... 69
8 - Ação Monitória ......................................................................................................... 73
9 – Questões OAB ......................................................................................................... 80
10 - Questões extras ..................................................................................................... 85
11 - Considerações Finais ............................................................................................... 98

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PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
1 - Considerações Iniciais
Em nosso 14º encontro vamos estudar os Procedimentos Especiais previstos no
NCPC. Não traremos todos os procedimentos, pois não seria adequado para uma
preparação rápida para a OAB. Traremos os procedimentos mais incidentes,
aqueles que você não pode deixar de estudar.
Bons estudos!

2 - Introdução ao Estudo dos Procedimentos


Especiais
Vamos analisar algumas regras que são aplicáveis a todos os procedimentos
especiais, que (como o nome já indica) são procedimentos que fogem à regra do
procedimento comum.

2.1 - Processo versus procedimento


Primeiramente, cumpre observar que processo e procedimento são conceitos
distintos. O processo constitui uma entidade complexa, composto por mais de
um elemento. São dois elementos: a) relação jurídica processual; b)
procedimento.
A relação jurídica processual constitui o conjunto de direitos, deveres, ônus,
obrigações e faculdades que relacionam os atores do processo (partes, juiz e
auxiliares) entre si. Por exemplo, regras de suspeição e impedimento, a disciplina
da coisa julgada, ônus da prova são exemplos do elemento relação jurídica
processual no bojo do processo.
Assim, a relação jurídica processual diz respeito ao conteúdo (elemento
intrínseco) do processo. Trata-se da “alma” do processo.
O procedimento (conhecido como rito), por sua vez, constitui a forma como os
atos processuais se combinam no tempo e no espaço. Assim, a definição de cada
ato do processo, de forma ordenada, é o procedimento. Por exemplo, a fixação
da audiência da conciliação após a citação, apresentação da contestação,
saneamento, audiência de instrução, representa o procedimento.
Assim, o procedimento é o “corpo”, o elemento extrínseco do processo.
Atenção!

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2.4 - Tipicidade, déficit e flexibilização procedimental


Os procedimentos são típicos, porque estabelecidos em lei. Não há, portanto,
uma liberdade de forma em relação à definição de ritos procedimentais. Contudo,
ainda que o legislador intentasse ser completo, sempre existirão situações de
déficit do procedimento. São situações em que não há procedimento capaz de
tutelar adequadamente o direito material.
Diante disso, é comum situações no processo em que não há uma regra
procedimental para situação prática específica. Nesse caso de déficit, o juiz
poderá flexibilizar o procedimento. Com fundamento no princípio da
adaptabilidade de ritos, o juiz tem a prerrogativa de adequar o rito a eventuais
particularidades.
Essa teoria é fundada nos seguintes dispositivos do NCPC:
 flexibilização legal genérica mitigada (art. 139, VI);
 flexibilização voluntária do procedimento (art. 190);
 convenções processuais sobre situação jurídica (art. 190).

O art. 139, VI, do NCPC, é uma cláusula geral que se aplica a qualquer processo
e a qualquer tipo de procedimento e permite ao juiz, dentro da ideia de
adaptação, ampliar prazos e inverter a ordem de produção de provas.
Essa flexibilização é mitigada porque o juiz não pode efetuar a adaptabilidade em
qualquer situação, mas apenas no caso de ampliação de prazos e inversão da
ordem de produção de provas.
O art. 190, do NCPC, por sua vez, estabeleceu a flexibilidade de procedimento e
de convenções processuais sobre situações jurídicas.
Assim, desde que as partes sejam plenamente capazes e desde que o direito em
debate seja auto componível (admita-se composição), é possível que as partes
promovam convenções processuais sobre situações jurídicas, ou flexibilização
voluntária do procedimento.
Temos, portanto, uma cláusula geral para as partes fixarem negócios jurídicos
processuais em quaisquer tipos de relação jurídica processual e procedimentais.
Questiona-se:
Existem limites às convenções processuais pelas partes?
São dois grupos de limites.
O primeiro deles envolve os chamados limites específicos, quais sejam: a) partes
capazes; e b) direito que permita a autocomposição. Esses limites estão
expressos do art. 190, do NCPC.
O segundo grupo de limites envolve limitações de direito material ao negócio
jurídico. São quatro requisitos exigidos para todo e qualquer negócio jurídico: a)
agente capaz; b) objeto lícito; c) forma prescrita ou não defesa em lei; e d)
autonomia da vontade.
Essas mitigações processuais e procedimentais – seja pelo juiz, pela no exercício
da autonomia das partes – poder ser aplicada aos procedimentos especiais.

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Com isso finalizamos a primeira parte do conteúdo teórico referente à aula de


hoje.

3 - Ação de Consignação em Pagamento


A consignação em pagamento está disciplinada entre os arts. 539 a 549, todos
do NCPC, e encontra algum regramento também na Lei nº 8.249/1991 (Lei de
Locações). Evidentemente, vamos analisar os dispositivos do Código, objeto do
nosso estudo.
A ação de consignação em pagamento é um procedimento específico por
intermédio do qual o devedor destaca uma parcela de dinheiro ou um bem para
quitar determinada obrigação. Em regra, o cumprimento da obrigação ocorre
junto ao credor. Contudo, em determinadas situações, o credor poderá não
receber o valor devido (denominada de mora accipiens) ou podemos ter dúvidas
sobre quem é o devedor (mora incognitio). Para esses casos, a forma do devedor
se “livrar” da obrigação é a consignação em pagamento.
De acordo com a doutrina, a consignação em pagamento1:
é a ação que visa à liberação do devedor de determinada obrigação. O objetivo do
demandante é a obtenção de declaração judicial no sentido de que não se encontra mais
obrigado – de que o depósito realizado satisfaz os requisitos legais do pagamento devido.

Vamos começar o nosso estudo pelas situações nas quais será possível se valer
dessa ação específica.

3.1 - Hipóteses de cabimento


O cabimento da ação de consignação está disciplinado no Código Civil. Isso
mesmo, conforme o art. 335, do CC, a ação em consignação de pagamento é
cabível:
 no caso de mora accipiens (mora na aceitação), disciplinado nos incs. I a III
do art. 335, do CC.
Art. 335. A consignação tem lugar:
I - se o credor NÃO puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou
dar quitação na devida forma;
II - se o credor NÃO for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição
devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou
residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;

As hipóteses acima são três, que envolvem a aceitação do pagamento.


Primeiro, a parte poderá consignar em pagamento caso o credor não puder ou se
recusar injustificadamente a receber ou dar quitação.

1
MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo
Civil Comentado, 2ª edição, rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016,
p. 676.

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1ª opção: levantamento do valor consignado;


O levantamento implica a quitação, não sendo admissível cobrar, posteriormente,
eventuais diferenças.
2ª opção: inércia
Após o decurso do prazo de 10 dias, a lei atribui ao silêncio o efeito de quitação da dívida.
3ª opção: responder à notificação não aceitando o valor consignado.
Esse “não aceite” independe de motivo.

No caso de recusa, o devedor poderá, no prazo de um mês, propor a ação de


consignação, sem que haja necessidade de atualizar o valor com correção
monetária e juros.
Assim, se ajuizado dentro do prazo de um mês, o valor considera-se atualizado
desde o ajuizamento da ação. Após esse prazo, a parte poderá consignar
judicialmente em pagamento, contudo, será necessário corrigir os valores e
efetuar a integração dos valores relativos a juros no período.
Confira os dispositivos relacionados:
§ 1o Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em
estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento,
cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o PRAZO DE 10
(DEZ) DIAS para a manifestação de recusa.
§ 2o Decorrido o prazo do § 1o, contado do retorno do aviso de recebimento, sem a
manifestação de recusa, considerar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à
disposição do credor a quantia depositada.
§ 3o Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, poderá ser
proposta, dentro de 1 (UM) MÊS, a ação de consignação, instruindo-se a inicial com a
prova do depósito e da recusa.
§ 4o NÃO proposta a ação no prazo do § 3o, ficará sem efeito o depósito, podendo
levantá-lo o depositante.

Na forma de uma linha do tempo, temos:

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cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10 (dez)
dias para a manifestação de recusa.

A alternativa B está incorreta. De acordo com os arts. 547 e 548, da Lei nº


13.105/15, se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o
pagamento, o autor requererá o depósito e a citação dos possíveis titulares do
crédito para provarem o seu direito. Nesse caso, não comparecendo pretendente
algum, converter-se-á o depósito em arrecadação de coisas vagas;
comparecendo apenas um, o juiz decidirá de plano; comparecendo mais de um,
o juiz declarará efetuado o depósito e extinta a obrigação, continuando o processo
a correr unicamente entre os presuntivos credores, observado o procedimento
comum.
A alternativa C está incorreta. Segundo o art. 545, §1º, da referida Lei, alegada
a insuficiência do depósito, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a
coisa depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o
processo quanto à parcela controvertida.
A alternativa D está incorreta. Com base no §2º, do art. 545, do NCPC, a
sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que
possível, o montante devido e valerá como título executivo, facultado ao credor
promover-lhe o cumprimento nos mesmos autos, após liquidação, se necessária.

3.4 - Consignação judicial


A consignação em pagamento na forma judicial será efetuada nas seguintes
hipóteses:
 Quando for frustrada a consignação em pagamento extrajudicial;
 Quando envolver obrigação de entrega; e
 Quando o devedor optar por tal modalidade diretamente.

Nessas três situações, desde que dentro das hipóteses de cabimento estudadas
no início, a ação de consignação em pagamento será realizada judicialmente.
O art. 540, do NCPC, estabelece a regra de competência da ação de consignação
em pagamento. A parte deve propor a ação no lugar do pagamento, conforme
convencionado pelas partes.
Por exemplo, se a obrigação tem por objeto imóvel, natural que estabelecem que
o pagamento no local de situação do bem. Neste foro, portanto, deverá ser
ajuizada a ação.
Além disso, esse art. 540, do NCPC, traz outra regra importante.
A partir do momento em que é efetuado o depósito, consideram-se cessados
juros e riscos para o devedor. Isso ocorre porque o devedor destacou o bem o
valor devido para pagamento a dívida, alegando que não consegue efetuar o
pagamento, seja porque o credor não quer receber, seja porque há dúvidas em
relação a quem deve efetivamente pagar ou entregar a coisa.
Apenas se a ação for julgada improcedente, esses juros e eventuais riscos não
cessarão. Dito de outra forma, se o consignante (devedor) obtiver uma sentença
que seja pela improcedência, responderá pela correção monetária, juros e

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A alternativa B está incorreta. Segundo o art. 545, combinado com o §1º, do


NCPC, alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá-lo, em 10
dias, salvo se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão
do contrato. No caso, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa
depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o
processo quanto à parcela controvertida.
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão, conforme prevê o art.
544, II, e IV, combinado com o parágrafo único, da referida Lei:
Art. 544. Na contestação, o réu poderá alegar que:
II - foi justa a recusa;
IV - o depósito não é integral.
Parágrafo único. No caso do inciso IV, a alegação somente será admissível se o réu indicar
o montante que entende devido.

A alternativa D está incorreta. Com base no caput do art. 546, do NCPC, julgado
procedente o pedido, o juiz declarará extinta a obrigação e condenará o réu ao
pagamento de custas e honorários advocatícios.
Sigamos!
O art. 545, do NCPC, trata da alegação pelo réu (credor e consignado) de
insuficiência do depósito.
Uma vez apresentada a contestação, contestando o valor depositado e indicando
o réu o valor que entende devido, o juiz irá determinar a intimação do autor para
completar o valor do depósito no prazo de 10 dias.
O autor poderá complementar o valor ou sustentar que o montante depositado é
o efetivamente devido. Nesse caso, o réu poderá efetuar o levantamento do valor
incontroverso.
Na sentença, o juiz irá avaliar se o valor depositado está ou não de acordo com
o valor devido.
Veja:
Art. 545. Alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá-lo, EM 10
(DEZ) DIAS, SALVO se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a
rescisão do contrato.
§ 1o No caso do caput, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa
depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo
quanto à parcela controvertida.
§ 2o A sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que
possível, o montante devido e valerá como título executivo, facultado ao credor promover-
lhe o cumprimento nos mesmos autos, após liquidação, se necessária.

O §2º trata da natureza dúplice da consignação em pagamento. Prevê a


ação que a parte credora ao alegar que o valor é insuficiente e a sentença concluir
que, de fato, o valor consignado foi insuficiente, o réu terá a seu favor um título
executivo judicial para cobrar a diferença do crédito não consignado.
Vejamos uma questão sobre esse assunto:

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Questão – CESPE/OAB – Exame de Ordem – 2009 – Adaptada


ao NCPC
Acerca dos procedimentos especiais de jurisdição contenciosa, assinale a
opção correta.
a) Na ação de consignação em pagamento, uma vez alegada a insuficiência
do depósito, o réu pode levantar desde logo a quantia ou a coisa depositada,
prosseguindo o processo no que se refere à parcela controvertida.
b) Na ação de depósito, uma vez efetuado o depósito do equivalente em
dinheiro, é vedado ao autor promover a busca e apreensão da coisa.
c) Na ação de exigir contas, as contas do inventariante, do tutor, do curador,
do depositário e de qualquer outro administrador serão prestadas nos
mesmos autos do processo em que tiver sido nomeado.
d) Na pendência de processo possessório, é permitido ao autor e ao réu
intentar ação de reconhecimento de domínio.

Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão, pois é o que dispõe o
art. 545, §1º, do NCPC:
Art. 545. Alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá-lo, em 10 (dez)
dias, salvo se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do
contrato.
§ 1o No caso do caput, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada,
com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela
controvertida.

A alternativa B está incorreta. A ação de depósito não é mais um procedimento


especial previsto no NCPC.
A alternativa C está incorreta, pois nesses casos a prestação de contas deve ser
feita em apenso aos autos, de acordo com o art. 553, do NCPC.
A alternativa D está incorreta. De acordo com o art. 557, do NCPC, na pendência
de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de
reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de
terceira pessoa.
Sigamos!
Por outro lado, se julgada procedente a ação, o juiz irá declarar o processo extinto
Art. 546. Julgado procedente o pedido, o juiz declarará extinta a obrigação e
condenará o réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios.
Parágrafo único. Proceder-se-á do mesmo modo se o credor receber e der quitação.

Sintetizando...

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No segundo caso (contestação), o procedimento assume o procedimento comum


para discussão das contas. Ao final, o magistrado irá condenar a parte ré na
prestação ou não prestação das contas a depender das provas produzidas nos
autos. Caso condene a parte a apresentar contas, ela terá prazo de 15 dias para
fazê-lo, sob pena do próprio autor prestar as contas indicando os débitos da parte
ré.
Há uma terceira possibilidade: revelia. Se, citado, o réu não prestar contas nem
mesmo contestar, o procedimento seguirá o seu curso com presunção de validade
das informações trazidas pelo autor.
Veja:
Art. 550. Aquele que afirmar ser titular do direito de exigir contas requererá a citação
do réu para que as preste ou ofereça contestação no PRAZO DE 15 (QUINZE) DIAS.
§ 1o Na petição inicial, o autor especificará, detalhadamente, as razões pelas quais exige
as contas, instruindo-a com documentos comprobatórios dessa necessidade, se existirem.
§ 2o Prestadas as contas, o autor terá 15 (QUINZE) DIAS para se manifestar,
prosseguindo-se o processo na forma do Capítulo X do Título I deste Livro [procedimento
comum].
§ 3o A impugnação das contas apresentadas pelo réu deverá ser fundamentada e
específica, com referência expressa ao lançamento questionado.
§ 4o Se o réu NÃO contestar o pedido, observar-se-á o disposto no art. 355 [designação
da audiência de conciliação e de mediação].
§ 5o A decisão que julgar procedente o pedido condenará o réu a prestar as contas no
prazo de 15 (QUINZE) DIAS, sob pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor
apresentar.
§ 6o Se o réu apresentar as contas no prazo previsto no § 5o, seguir-se-á o
procedimento do § 2o, caso contrário, o autor apresentá-las-á no prazo de 15
(quinze) dias, podendo o juiz determinar a realização de exame pericial, se necessário.

Vimos que, se contestado o pedido, haverá instauração do rito procedimental


comum. Ao final, a decisão, se for de procedência, implicará na determinação
para que o réu, no prazo de 15 dias, preste as contas. Caso não o faça, temos a
apresentação das contas pelo autor.
Com isso, finaliza-se a PRIMEIRA FASE da ação de exigir contas, que
culmina com uma decisão interlocutória declarando se o réu deve ou não
prestar as contas.
O que o art. 551, do NCPC, estabelece que essas contas devem ser apresentadas
de forma detalhada, com especificações. Caso contestada de forma
fundamentada pelo autor, o juiz poderá pedir esclarecimentos da parte ré.
Art. 551. As contas do réu serão apresentadas na forma adequada, especificando-se as
receitas, a aplicação das despesas e os investimentos, se houver.
§ 1o Havendo impugnação específica e fundamentada pelo autor, o juiz estabelecerá
prazo razoável para que o réu apresente os documentos justificativos dos lançamentos
individualmente impugnados.
§ 2o As contas do autor, para os fins do art. 550, § 5o, serão apresentadas na forma
adequada, já instruídas com os documentos justificativos, especificando-se as receitas, a
aplicação das despesas e os investimentos, se houver, bem como o respectivo saldo.

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menor. Em face disso, o adquirente poderá rescindir o contrato, pedir a redução


do preço proporcionalmente ou ingressar com a ação para obter a área faltante.
O pedido, portanto, é fundado na propriedade que foi adquiria anteriormente e
não entregue pela outra parte.
 quando se tratar de defesa da posse devemos ingressar com uma AÇÃO
POSSESSÓRIA.
A posse é protegida no direito brasileiro para proteger a propriedade. Dito de
outro modo, a proteção jurídica da posse foi criada para proteger o proprietário.
Isso porque, em regra, a propriedade e posse estão na mesma pessoa. Na
realidade, a prova da posse é mais fácil do que a prova da propriedade, que exige
documentação específica (o título).
O proprietário, desde que tenha a posse direta ou indireta, poderá se valer das
ações petitórias como também poderá se valer das ações possessórias, que serão
estudadas no decorrer desse capítulo. O proprietário tem, portanto, a
possibilidade de utilizar as duas vias: ações petitórias ou ações possessórias.
Assim, para a proteção da posse temos duas formas de proteção:
A primeira delas é ação de direito material, com previsão no art. 1.210, §1º, do
CC:
§ 1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria
força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do
indispensável à manutenção, ou restituição da posse.

É o desforço imediato da posse que consiste na possibilidade de o possuidor,


uma vez sendo esbulhado ou turbado, independentemente de recorrer ao Poder
Judiciário, reagir à injusta agressão. Naturalmente, o exercício da autotutela
depende de algumas condições, estudadas no Direito Civil.
Esse desforço imediato não é uma ação processual, mas uma ação material. Fala-
se em ação material porque a parte irá reagir com fundamento na legislação civil,
não com vistas às regras do NCPC ou com movimentação do Poder Judiciário para
prestação da tutela jurisdicional.
É importante registrar que a ação de direito material poderá ser utilizada tanto
tão somente pelo possuidor como pelo proprietário e possuidor.
Além disso, evidentemente, existem violações à posse que não podem ser
repelidas pela ação de direito material. Se mesmo se valendo do desforço
imediato, o possuidor não conseguir mantê-la em seu poder, deverá recorrer ao
Poder Judiciário. Apenas nesse caso, temos a aplicação das ações possessórias,
que serão estudadas por nós. São ações que possuem como causa de pedir e
como pedido a posse.
No direito brasileiro temos três espécies de ações possessórias:
➢ Ação de reintegração de posse;
➢ Ação de manutenção de posse;
➢ Interdito proibitório.
Para a prova...

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sentença essa ameaça pode ter progredido para uma turbação ou, inclusive, um
esbulho.
Logo, o art. 554, do NCPC, estabelece a fungibilidade das ações
possessórias.
Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra NÃO obstará a que o
juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos
pressupostos estejam provados.

Em relação aos §§ do art. 554, do NCPC, voltaremos a falar deles mais adiante!
Vejamos uma questão sobre esse assunto:

Questão – VUNESP/OAB-SP – Exame de Ordem – 2007


Não é própria das ações possessórias a característica de
a) caráter dúplice.
b) infungibilidade.
c) fungibilidade.
d) jurisdição contenciosa.

Comentários
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. O art. 554, do NCPC, faz
referência ao princípio da fungibilidade. Ou seja, uma ação proposta no lugar de
outra cabível poderá ser conhecida pelo Juízo. Vejamos:
Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz
conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos
estejam provados.

Cumulação de pedidos
Esse assunto está disciplinado no art. 555, do NCPC. O NCPC estabelece uma
regra própria de cumulação de pedidos que está no art. 327, do NCPC, ao falar
que a parte pode cumular, em um mesmo processo, mais de uma ação ou pedido.
Para que isso possa ocorrer é necessário observar três requisitos: a) a
compatibilidade de pedidos; b) a competência do juízo; e c) a compatibilidade
procedimental.
O dispositivo abaixo é uma exceção ao art. 327, pois se admite a cumulação de
pedidos diversos sem perder o rito especial. Isso é importante, pois a parte não
perde a possibilidade de requerer a tutela de evidência na forma do art. 558 e
561, ambos do NCPC.
Art. 555. É LÍCITO ao autor cumular ao pedido possessório o de:
I - condenação em perdas e danos;

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Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado
em caso de esbulho.

A alternativa D está incorreta. Segundo o art. 1.009, do NCPC, da sentença


caberá a apelação.
Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.

Sigamos!
O art. 559, do NCPC, trata da caução, que poderá ser determinada pelo
magistrado caso o réu faça prova de que o autor, caso mantido na posse, não
tem condições financeiras de arcar com a sucumbência do processo. Assim, antes
de garantir a tutela de evidência, poderá determinar que, no prazo de 5 dias, o
autor preste caução suficiente.
Essa caução apenas não será devida se o autor for economicamente
hipossuficiente.
Art. 559. Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido
ou reintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de
sucumbência, responder por perdas e danos, o juiz designar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias
para requerer caução, real ou fidejussória, sob pena de ser depositada a coisa litigiosa,
ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente.

Ação de reconhecimento de domínio


O dispositivo abaixo trata da impossibilidade de discussão do domínio nas ações
possessórias. Assim, as partes não poderão discutir o domínio sobre determinada
propriedade enquanto estiver tramitando uma das ações possessórias previstas
no NCPC.
Art. 557. Na pendência de ação possessória é VEDADO, tanto ao autor quanto ao réu,
propor ação de reconhecimento do domínio, EXCETO se a pretensão for deduzida
em face de terceira pessoa.
Parágrafo único. Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de
propriedade ou de outro direito sobre a coisa.

O domínio é conteúdo da propriedade ou o exercício de um direito real de usar,


gozar, dispor e reaver a propriedade. Por exemplo, a pessoa que obter declaração
judicial de domínio sobre determinada propriedade, sobre a qual exerce a posse
mansa e pacífica, poderá usucapir o imóvel. Com tal declaração a parte poderá
proceder ao registro, tornando-se proprietário.
Há, entretanto, uma exceção: admite-se discutir o domínio quando a pretensão
for exercida em face de terceiro. Portanto...
De acordo com o STF admite-se a utilização da usucapião como matéria de defesa
em ações possessórias:
Súmula STF 237
O usucapião pode ser arguido em defesa.

De todo modo, não será possível o registro dessa propriedade caso haja
reconhecimento da usucapião. Dito de outro modo, a transferência formal da
propriedade para o réu que foi acionado em ação possessória irá exigir que ele
ingresse com uma ação própria de usucapião.

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Rito especial e liminar


O art. 558, do NCPC, disciplina que para as ações possessórias observem o rito
especial é indispensável que o esbulho ou a turbação ocorram no período inferior
a ano e dia.
Por exemplo, se o esbulho ou a turbação ocorrerem até em um ano e um dia, a
ação possessória segue o rito especial do NCPC.
Nesse rito temos a possibilidade de concessão de tutela da evidência fora da
previsão do art. 311, do NCPC. Se o autor da ação provar a posse e a
turbação ou o esbulho dentro de um ano e um dia ele terá direito a uma
liminar de tutela da evidência. Nesses casos, não há necessidade de provar a
urgência ou perigo da demora.
Por outro lado, se o esbulho ou a turbação acontecer há mais de ano e dia admite-
se a utilização da ação possessória, que irá seguir o rito comum. Nesses casos,
será admissível a concessão de medida liminar as ações possessórias que
tramitem pelo rito comum, desde que efetue a prova dos requisitos do art. 300
(tutela de urgência) e do art. 311, do NCPC (tutela de evidência). Há, contudo,
maior dificuldade para se fazer a prova.
Veja:
Art. 558. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as
normas da Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia
da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial.
Parágrafo único. PASSADO O PRAZO REFERIDO no caput, será comum o
procedimento, não perdendo, contudo, o caráter possessório.

A ação não deixa de ter o caráter possessório, contudo, observará o rito comum.
Em síntese...

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➢ a turbação ou o esbulho;
➢ a data da turbação ou do esbulho; e
➢ o pedido de cessação da turbação ou reintegração no caso de esbulho.
Confira:
Art. 561. Incumbe ao autor provar:
I - a sua posse;
II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
III - a data da turbação ou do esbulho;
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da
posse, na ação de reintegração.

Vejamos uma questão sobre esse assunto:

Questão – FGV/OAB – Exame de Ordem – X – Primeira Fase –


2013
A proteção possessória pode se desenvolver por meio de diversos tipos de
ações. No que se refere às espécies de ações possessórias e suas
características, assinale a afirmativa correta.
a) Em virtude do princípio da adstrição, a propositura de uma ação
possessória em vez de outra impede que o juiz conheça do pedido e outorgue
a proteção correspondente àquela cujos requisitos estejam provados.
b) É defeso ao autor cumular o pedido possessório com condenação em
perdas e danos, devendo optar por um ou outro provimento, sob pena de
enriquecimento sem causa.
c) As ações possessórias não possuem natureza dúplice. Sendo assim, caso
o réu queira fazer pedido contra o autor, não poderá se valer da contestação,
devendo apresentar reconvenção.
d) Apenas o possuidor figura-se como parte legitima para a propositura das
ações possessórias, tanto na hipótese de posse direta quanto na hipótese de
posse indireta.

Comentários
A alternativa A está incorreta. De acordo com o art. 554, do NCPC, a propositura
de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do
pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos
estejam provados.
A alternativa B está incorreta. Segundo o art. 555, I, da referida Lei, é lícito ao
autor cumular ao pedido possessório o de condenação em perdas e danos.

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A alternativa C está incorreta. Com base no art. 556, da Lei nº 13.105/15, é


lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse,
demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da
turbação ou do esbulho cometido pelo autor.
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Apenas o possuidor, seja
ele possuidor direto ou indireto, é parte legítima para propor ação possessória.
Vejamos o art. 561, I, do NCPC:
Art. 561. Incumbe ao autor provar:
I - a sua posse;

Sigamos!
O art. 562, retoma a regra que vimos acima acerca do rito especial da ação de
manutenção ou reintegração de posse. Se ajuizada dentro do prazo de um ano e
um dia, a contar da violação do direito possessório, temos a possibilidade de
concessão da tutela liminar.
Importante destacar que, de acordo com o parágrafo único do art. 562, do NCPC,
não será possível a concessão dessa tutela quando no polo passivo da demanda
estiver pessoa jurídica de direito público, tal como a União, um Estado membro
da federação ou Município.
Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, O JUIZ DEFERIRÁ, SEM
OUVIR O RÉU, A EXPEDIÇÃO DO MANDADO LIMINAR DE MANUTENÇÃO OU DE
REINTEGRAÇÃO, caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o
alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada.
Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público NÃO será deferida a
manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos
representantes judiciais.

Fique atento! O art. 562, do NCPC, exige que a petição inicial esteja
suficientemente instruída para que a liminar inauditera altera pars (sem oitiva da
parte contrária seja concedida) seja concedida. Assim, além de ser observado o
prazo de um ano de um dia, a parte deve apresentar documentos robustos do
direito que pretende tutela judicial.
Em face disso, e também devido às consequências que a concessão da tutela de
evidência representam, o magistrado poderá ao invés de conceder diretamente
a tutela, determinar a intimação da parte autora para esclarecimentos.
Prestadas as informações, se o juiz considerar suficiente a justificação,
determinará a expedição do mandado de manutenção da posse (para o caso de
turbação) ou de reintegração (para o caso de esbulho).
É o que estabelece o art. 563, do NCPC:
Art. 563. Considerada suficiente a justificação, o juiz fará logo expedir mandado de
manutenção ou de reintegração.

Independentemente da concessão ou não da medida, compete à parte autora


promover a citação do réu no prazo de 5 dias, para que apresente contestação
no prazo de 15 dias.
Cuidado!

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atualmente. Em face disso, fez necessário o enfrentamento do assunto pelo


NCPC.
Nessas ações evidencia-se o interesse público e social dos envolvidos no conflito
possessório. Diante disso, faz-se necessária propiciar a participação do Ministério
Público e da Defensoria. Além disso, em razão da coletividade – parte na
demanda – temos regras específica para a citação e para a comunicação dos atos
processuais.
O art. 554, do NCPC, determina que serão citados para a ação possessória
coletiva:
 réus presentes no local;
 réus ausentes serão citados por edital;
 citação do Ministério Público, porque nos termos do art. 178, III, do órgão deve atuar
nos litígios coletivos por posse de terra rural ou urbana; e
 Defensoria Pública nos casos de hipossuficiência econômica.

Confira:
§ 1o No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de
pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no
local e a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do
Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da
Defensoria Pública.
§ 2o Para fim da citação pessoal prevista no § 1o, o oficial de justiça procurará os
ocupantes no local POR UMA VEZ, citando-se por edital os que não forem encontrados.
§ 3o O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista
no § 1o e dos respectivos prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em
jornal ou rádio locais, da publicação de cartazes na região do conflito e de outros meios.

Ainda em relação ao §2º do art. 554, do NCPC, é importante deixar claro que a
tentativa de citação pessoal pelo oficial de justiça ocorrerá por uma única vez.
Caso não seja possível citar todos, os demais serão comunicados da forma ficta
por edital.
Uma vez integrados os réus à lide, temos que analisar a higidez das alegações
(se a petição inicial está suficientemente instruída) e se a turbação ou esbulho
ocorreram há mais de ano de dia.
Se for em período inferior a ano e dia, temos a possibilidade de concessão de
tutela de evidência. Por outro lado, se superior a esse período, aplicamos o art.
565, do NCPC, regra visando à autocomposição.
Esse dispositivo determina que, nas ações possessórias que ocorreram há mais
de um ano e dia, o juiz não poderá determinar a reintegração de posse antes de
efetuar a audiência de medição.
Art. 565. No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação
afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de
apreciar o pedido de concessão da medida liminar, deverá designar audiência de
mediação, a realizar-se em ATÉ 30 (TRINTA) DIAS, que observará o disposto nos §§ 2oe
4o.

Essa audiência deve ocorrer no prazo de 30 dias.

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Vejamos uma questão:

Questão – FGV/OAB – Exame de Ordem – V – Primeira Fase –


2011
Numa ação de reintegração de posse em que o esbulho ocorreu há menos
de 1 ano e 1 dia, ao examinar o pedido de liminar constante da petição
inicial, o juiz
a) deve sempre realizar a inspeção judicial no local, sendo tal diligência
requisito para a concessão da liminar.
b) deve deferir de plano, sem ouvir o réu, se a petição inicial estiver
devidamente instruída e sendo a ação entre particulares.
c) deve sempre designar audiência prévia ou de justificação, citando o réu,
para, então, avaliar o pedido liminar.
d) pode deferir a liminar de plano, sem ouvir o réu, desde que haja parecer
favorável do Ministério Público.

Comentários
A alternativa A está incorreta. A inspeção judicial não é um requisito para
concessão de liminar em possessórias, mas sim uma discricionariedade do juiz.
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Cabe concessão sem
ouvir o réu se a petição já trouxer provas indiscutíveis para deferimento da
medida.
A alternativa C está incorreta. A audiência prévia ou de justificação não é
obrigatória.
A alternativa D está incorreta. Não é obrigatória a presença do MP em ações
possessórias.

5.5 - Interdito Proibitório


Para estudarmos o interdito proibitório e, portanto, a última ação possessória,
basta conhecer o art. 567, do NCPC.
Antes, entretanto, veja um conceito3:
O interdito proibitório é uma tutela possessória de caráter inibitório, destinada a inibir os
atos de agressão à posse, concretizáveis em turbação ou em esbulho.

3
MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo
Civil Comentado, 2ª edição, rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016,
p. 705.

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Logo, o conceito de interdito proibitório é simples: evitar que o proprietário


possa ser turbado ou esbulhado.
Para tanto, faz-se necessário provar a existência de um justo receio da violação
a sua esfera jurídica patrimonial.
Na sequência, leia o dispositivo e responda ao questionamento efetuado.
Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na
posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente,
mediante mandado proibitório em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso
transgrida o preceito.

Que tutela a parte receberá?


O juiz irá conceder uma medida inibitória (ou seja, que evite que o direito de
posse seja violado), que se não for suficiente implicará em multa pecuniária pela
turbação ou pelo esbulho.
Fora isso, observamos o procedimento acima estudado, conforme remete o art.
568, do NCPC:
Art. 568. Aplica-se ao interdito proibitório o disposto na Seção II deste Capítulo.

Vejamos uma questão sobre as ações possessórias:

Questão – FGV/OAB – Exame de Ordem – IV – Primeira Fase -


2011
A respeito das ações possessórias, assinale a alternativa correta.
a) A propositura da ação de reintegração de posse, quando cabível
manutenção de posse, torna impossível o acolhimento do pedido, impondo
a extinção sem resolução do mérito.
b) Quando for ordenada a justificação prévia, o prazo para contestar contar-
se-á da intimação do despacho que deferir ou não a medida liminar.
c) É vedada a cumulação de pedidos com o pedido possessório.
d) O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de esbulho e
reintegrado no de turbação.

Comentários
A alternativa A está incorreta. O ajuizamento equivocado de uma em lugar da
outra não gera indeferimento inicial.
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. O marco para a
contestação é a decisão que defere ou não a medida cautelar.
A alternativa C está incorreta. O pedido possessório pode ser cumulado com
outros pedidos.

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A alternativa D está incorreta. No caso de turbação falamos em manutenção de


posse. E, no caso de esbulho, o termo adequado é reintegração.

6 - Inventário e partilha
O procedimento especial de inventário e partilha está disciplinado a partir do art.
610 até o art. 673, do NCPC. São 64 dispositivos, com diversas regras. Algumas
delas podemos “apenas” ler (sempre com a devida atenção), outras exigem um
esforço maior para a correta interpretação.
O direito sucessório no Brasil observa o princípio da saisine, segundo o qual com
o falecimento toda a herança é transmitida aos herdeiros de forma automática.
Essa transmissão se dá, em um primeiro momento, para o espólio, pois os bens
e direitos se encontram indistintos e precisam ser individualizados. Assim, forma-
se o espólio, entidade sem personalidade jurídica que será administrada pelo
inventariante ou pelos herdeiros.
Ainda em relação a essas noções introdutórias, pergunta-se:
Qual a diferença entre inventário e partilha?
O inventário constitui a relação de bens de determinada pessoa, descrevendo-os
e individualizando-os em relação ao conjunto. A partilha envolve a divisão desses
bens entre os sucessores.
Nesse contexto, conforme explicita a doutrina4 ao procedimento de inventário e
partilha interessa apenas a sucessão ‘causa mortis’, seja legítima ou
testamentária, seja a título singular ou universal.
Vamos compreender bem essa informação!?
A sucessão de bens pode ocorrer por ato inter vivos, por intermédio de um
contrato de doação, ou causa mortis, quando há sucessão na titularidade dos
direitos e obrigações que compunham o seu patrimônio.
Essa sucessão causa mortis pode ser legítima, quando são chamados a suceder
aqueles indicados no Código Civil, ou testamentária, quando o sucedido indica
em testamento os sucessores.
Além disso, a sucessão causa mortis pode ocorrer a título singular quando
envolver determinados bens (legado) ou a universalidade de bens do patrimônio
do falecido (herança).
Serão essas as espécies e as formas de sucessão que estudaremos ao longo deste
capítulo.

4
DONIZETTI, Elpídio. Curso Didático de Direito Processual Civil. 19ª edição, rev. e atual.,
São Paulo: Editora Atlas S/A, 2016, p. 890.

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V - o testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administração do espólio ou se toda a


herança estiver distribuída em legados;
VI - o cessionário do herdeiro ou do legatário;
VII - o inventariante judicial, se houver;
VIII - pessoa estranha idônea, quando NÃO houver inventariante judicial.
Parágrafo único. O inventariante, intimado da nomeação, prestará, dentro de 5 (CINCO)
DIAS, o compromisso de bem e fielmente desempenhar a função.

Essa ordem deve ser rigorosamente observada. Há jurisprudência do STJ5


prevendo a possibilidade de que tal ordem seja flexibilizada. Contudo, para a
prova, a não ser que haja referência expressa à jurisprudência, você assinalará
que a ordem deve ser respeitada.
Em linhas gerais, aquele que tiver maior suscetibilidade de direitos sucessórios
deve ser nomeado inventariante. Assim, se houver cônjuge ou companheiro
convivente, ele será o inventariante (inc. I), não havendo cônjuge ou
companheiro, nomeia-se inventariante o herdeiro que estiver na posse ou
administração dos bens (inc. II).
Contudo, se nenhum desses herdeiros estiver na posse, nomeia-se qualquer dos
herdeiros para administração dos bens (inc. III).
Se o herdeiro a ser nomeado for menor de idade, o inventariante será o
representante legal desse incapaz (inc. IV)
Na hipótese de haver testamento especificando a quem compete cada parcela
dos bens do falecido, haverá legado, ou seja, cada herdeiro terá direito a um bem
específico, de forma que cada um dos testamenteiros (inc. V) será investido na
qualidade de inventariante dos bens indicados no testamento de acordo com a
atribuição pretendida pelo falecido.
Podem ser nomeados como inventariantes, ainda, o cessionário do herdeiro ou
do legatário (inc. VI).
Por fim, nomeia-se o inventariante judicial (inv. VII) se não houver possibilidade
de preenchimento pelas hipóteses acima ou, por fim, pessoa estranha idônea
(inc. VIII) à discussão sucessória na inexistência de inventariante judicial.
Para a prova...

5
Por exemplo, REsp. 1.055.633/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ 21/10/2008.

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b) os móveis, com os sinais característicos;


c) os semoventes, seu número, suas espécies, suas marcas e seus sinais distintivos;
d) o dinheiro, as joias, os objetos de ouro e prata e as pedras preciosas, declarando-se-lhes
especificadamente a qualidade, o peso e a importância;
e) os títulos da dívida pública, bem como as ações, as quotas e os títulos de sociedade,
mencionando-se-lhes o número, o valor e a data;
f) as dívidas ativas e passivas, indicando-se-lhes as datas, os títulos, a origem da obrigação
e os nomes dos credores e dos devedores;
g) direitos e ações;
h) o valor corrente de cada um dos bens do espólio.
§ 1o O juiz determinará que se proceda:
I - ao balanço do estabelecimento, se o autor da herança era empresário individual;
II - à apuração de haveres, se o autor da herança era sócio de sociedade que não anônima.
§ 2o As declarações podem ser prestadas mediante petição, firmada por procurador com
poderes especiais, à qual o termo se reportará.

Os herdeiros e interessados somente poderão argumentar que foram omitidos


bens ou direitos do falecido, após a conclusão da descrição dos bens, conforme
estabelece o dispositivo abaixo:
Art. 621. Só se pode arguir sonegação ao inventariante depois de encerrada a
descrição dos bens, com a declaração, por ele feita, de não existirem outros por
inventariar.

Evidentemente que, uma vez escolhido, o inventariante poderá ser destituído do


seu encargo. Assim, se o inventariante não cumprir com a sua função ou agir de
qualquer modo de forma irregular, o juiz poderá de ofício ou por intermédio de
requerimento dos interessados removê-lo da função.
O art. 622, do NCPC, descreve em que situações o inventariante será removido:
Art. 622. O inventariante será REMOVIDO de ofício ou a requerimento:
I - se não prestar, no prazo legal, as primeiras ou as últimas declarações;
II - se não der ao inventário andamento regular, se suscitar dúvidas infundadas ou se
praticar atos meramente protelatórios;
III - se, por culpa sua, bens do espólio se deteriorarem, forem dilapidados ou
sofrerem dano;
IV - se não defender o espólio nas ações em que for citado, se deixar de cobrar
dívidas ativas ou se não promover as medidas necessárias para evitar o
perecimento de direitos;
V - se não prestar contas ou se as que prestar não forem julgadas boas;
VI - se sonegar, ocultar ou desviar bens do espólio.

Para a prova...

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A alternativa A está incorreta. De acordo com o parágrafo único, do art. 623,


do NCPC, o incidente de remoção de inventariante correrá em apenso aos autos
principais e não nos próprios autos.
Parágrafo único. O incidente da remoção correrá em apenso aos autos do inventário.

A alternativa B está incorreta. Não há que se falar em afastamento imediato do


inventariante. Ao receber o requerimento de remoção do inventariante, o juiz
deverá intimá-lo para, no prazo de 15 dias, apresentar defesa e produzir provas.
Vejamos o caput, do art. 623, da referida Lei:
Art. 623. Requerida a remoção com fundamento em qualquer dos incisos do art. 622, será
intimado o inventariante para, no prazo de 15 (quinze) dias, defender-se e produzir provas.

A alternativa C está incorreta. O juiz deve observar a ordem de preferência


estabelecida no art. 617, da Lei nº 13.105/15.
Art. 617. O juiz nomeará inventariante na seguinte ordem:
I - o cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse convivendo com o outro
ao tempo da morte deste;
II - o herdeiro que se achar na posse e na administração do espólio, se não houver cônjuge
ou companheiro sobrevivente ou se estes não puderem ser nomeados;
III - qualquer herdeiro, quando nenhum deles estiver na posse e na administração do
espólio;
IV - o herdeiro menor, por seu representante legal;
V - o testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administração do espólio ou se toda a
herança estiver distribuída em legados;
VI - o cessionário do herdeiro ou do legatário;
VII - o inventariante judicial, se houver;
VIII - pessoa estranha idônea, quando não houver inventariante judicial.

O fato de Edgar ter formulado o requerimento de remoção não lhe garante


prioridade para o exercício das funções de inventariante.
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão, conforme estabelece o
art. 625, do NCPC:
Art. 625. O inventariante removido entregará imediatamente ao substituto os bens do
espólio e, caso deixe de fazê-lo, será compelido mediante mandado de busca e apreensão
ou de imissão na posse, conforme se tratar de bem móvel ou imóvel, sem prejuízo da multa
a ser fixada pelo juiz em montante não superior a três por cento do valor dos bens
inventariados.

Sigamos!
Com isso encerramos o estudo da primeira parte do procedimento de inventário
e partilha.
Em síntese, vimos que com o falecimento deve ser instaurado o procedimento no
prazo de 20 dias por aquele que detiver a posse ou administração dos bens ou
pelos demais legitimados previstos no art. 616, do NCPC.
Quem estiver na posse será o administrador provisório até que o juiz efetive a
nomeação do inventariante que observa uma ordem legal para investidura na
função, descrita no art. 617, do NCPC.

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§ 2o Julgando procedente a impugnação, o juiz determinará que o perito retifique a


avaliação, observando os fundamentos da decisão.
Art. 636. Aceito o laudo ou resolvidas as impugnações suscitadas a seu respeito, lavrar-se-
á em seguida o termo de últimas declarações, no qual o inventariante poderá emendar,
aditar ou completar as primeiras.
Art. 637. Ouvidas as partes sobre as últimas declarações no PRAZO COMUM DE 15
(QUINZE) DIAS, proceder-se-á ao cálculo do tributo.
Art. 638. Feito o cálculo, sobre ele serão ouvidas todas as partes no prazo comum
de 5 (CINCO) DIAS, que correrá em cartório, e, em seguida, a Fazenda Pública.
§ 1o Se acolher eventual impugnação, o juiz ordenará nova remessa dos autos ao
contabilista, determinando as alterações que devam ser feitas no cálculo.
§ 2o Cumprido o despacho, o juiz julgará o cálculo do tributo.

Vamos à sucessão dos fatos?!


AVALIAÇÃO E CÁLCULO DO IMPOSTO
1) Remessa ao avaliador judicial ou nomeação de perito.
* não será nomeado perito se capazes as partes, a Fazenda Pública concordar com
o valor indicado nas “primeiras declarações”.
** não se expede carta precatória para avaliação de bem fora da comarca se for
bem de pequeno valor ou conhecido do perito nomeado
2) Laudo
3) Intimação das partes para se manifestarem no prazo comum de 15 dias
4) Decisão do juiz
5) Termo de “últimas declarações” pelo inventariante
6) Intimação das partes das “últimas declarações” no prazo comum de 15 dias
7) Cálculo do tributo
8) Intimação das partes e da Fazenda Pública no prazo de 5 dias para ciência do valor do
tributo.
9) Homologação do juiz do valor devido

6.6 - Colações
Do art. 639 ao 641, todos do NCPC, temos a disciplina das colações. Esse
procedimento é disciplinado no Direito Civil, a partir do art. 2.002 a 2.012, do
Código Civil.
Para fins do estudo de Direito Processual Civil cumpre conhecer o conceito do
instituto e suas linhas gerais.
A colação é o instrumento por intermédio do qual os herdeiros necessários
indicam os bens que receberam por doação inter vivos do falecido. Assim, se o
cônjuge ou filho recebeu ao longo da vida bens deverá indicá-los para que sejam
computados no cálculo do inventário e da partilha.
Esse deve se estender apenas aos herdeiros necessários, ou seja, aplica-se
apenas aos descendentes e ao cônjuge a fim de que não haja violação da regra
mínima a que tem direito esses herdeiros, a denominada legítima.

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PROCESSO CIVIL - XXII EXAME DA OAB
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Em face disso, serão convocados para indicar os bens ou, ao menos, o valor que
fora doado em vida, conforme estabelece o art. 639, do CC:
Art. 639. No prazo estabelecido no art. 627, o herdeiro obrigado à colação conferirá
por termo nos autos ou por petição à qual o termo se reportará os bens que
recebeu ou, se já não os possuir, trar-lhes-á o valor.
Parágrafo único. Os bens a serem conferidos na partilha, assim como as acessões e as
benfeitorias que o donatário fez, calcular-se-ão pelo valor que tiverem ao tempo da abertura
da sucessão.

Quanto ao arts. 640 e 641, do NCPC, a leitura é o suficiente:


Art. 640. O herdeiro que renunciou à herança ou o que dela foi excluído não se
exime, pelo fato da renúncia ou da exclusão, de conferir, para o efeito de repor a parte
inoficiosa, as liberalidades que obteve do doador.
§ 1o É lícito ao donatário escolher, dentre os bens doados, tantos quantos bastem para
perfazer a legítima e a metade disponível, entrando na partilha o excedente para ser dividido
entre os demais herdeiros.
§ 2o Se a parte inoficiosa da doação recair sobre bem imóvel que não comporte divisão
cômoda, o juiz determinará que sobre ela se proceda a licitação entre os herdeiros.
§ 3o O donatário poderá concorrer na licitação referida no § 2o e, em igualdade de condições,
terá preferência sobre os herdeiros.
Art. 641. Se o herdeiro negar o recebimento dos bens ou a obrigação de os conferir,
o juiz, ouvidas as partes no prazo comum de 15 (quinze) dias, decidirá à vista das
alegações e das provas produzidas.
§ 1o Declarada improcedente a oposição, se o herdeiro, no prazo improrrogável de 15
(quinze) dias, não proceder à conferência, o juiz mandará sequestrar-lhe, para serem
inventariados e partilhados, os bens sujeitos à colação ou imputar ao seu quinhão
hereditário o valor deles, se já não os possuir.
§ 2o Se a matéria exigir dilação probatória diversa da documental, o juiz remeterá as partes
às vias ordinárias, não podendo o herdeiro receber o seu quinhão hereditário, enquanto
pender a demanda, sem prestar caução correspondente ao valor dos bens sobre os quais
versar a conferência.

Caso haja impugnação pela sonegação da colação, ou seja, pela não indicação de
bens doados em vida que não foram indicados, haverá instauração de incidente
que será decidido pelo juiz, após oitiva das partes no prazo de 15 dias.
Contudo, caso seja necessária produção de provas – para além das informações
documentais trazidas nos autos – tal matéria será discutida em processo pelo rito
comum.

6.7 - Pagamento das Dívidas


Note que o procedimento está evoluindo. Tivemos a nomeação do inventariante,
a produção das “primeiras declarações”, a citação dos herdeiros, a avaliação e o
cálculo do imposto, a produção das “últimas declarações” e a regularização das
doações recebidas em vista para o cálculo da legítima (colação).
Após tudo isso, ter-se-á claramente definido o valor dos bens do falecido.
É possível, contudo, que haja dívidas. Se isso ocorrer devemos observas as regras
abaixo:

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Art. 642. ANTES DA PARTILHA, poderão os credores do espólio requerer ao juízo do


inventário o pagamento das dívidas vencidas e exigíveis.
§ 1o A petição, acompanhada de prova literal da dívida, será distribuída por dependência e
autuada em apenso aos autos do processo de inventário.
§ 2o Concordando as partes com o pedido, o juiz, ao declarar habilitado o credor, mandará
que se faça a separação de dinheiro ou, em sua falta, de bens suficientes para o pagamento.
§ 3o Separados os bens, tantos quantos forem necessários para o pagamento dos credores
habilitados, o juiz mandará aliená-los, observando-se as disposições deste Código
relativas à expropriação.
§ 4o Se o credor requerer que, em vez de dinheiro, lhe sejam adjudicados, para o seu
pagamento, os bens já reservados, o juiz deferir-lhe-á o pedido, concordando todas as
partes.
§ 5o Os donatários serão chamados a pronunciar-se sobre a aprovação das dívidas, sempre
que haja possibilidade de resultar delas a redução das liberalidades.

De acordo com o dispositivo acima haverá formação de um incidente processual


com vistas à habilitação de eventual credor. Apresentada a petição, formam-se
autos apensos/vinculados.
Os herdeiros serão intimados para se manifestar e caso concordem com a
existência da dívida, líquida e exigível, haverá o abatimento do valor total da
herança.
Se não houver concordância entre os herdeiros, o processo tramitará pelo rito
comum.
Art. 643. NÃO havendo concordância de todas as partes sobre o pedido de pagamento
feito pelo credor, será o pedido remetido às vias ordinárias.
Parágrafo único. O juiz mandará, porém, reservar, em poder do inventariante, bens
suficientes para pagar o credor quando a dívida constar de documento que comprove
suficientemente a obrigação e a impugnação não se fundar em quitação.

O art. 644, do NCPC, traz a possibilidade de os herdeiros autorizarem a


habilitação de credor de dívida líquida e certa ainda não vencida. Esse dispositivo
é relevante, pois os bens do falecido responderão por eventuais dívidas e
responsabilidades pendentes. Desse modo, ainda que não seja autorizado o
ingresso pelos herdeiros no procedimento de inventário e partilha, futuramente,
quando vencida a dívida, os herdeiros serão chamados a responder com os bens
do falecido proporcionalmente à quota-parte de cada um. Portanto, podem desde
já determinar a separação de parte dos bens para pagamento de dívidas líquidas,
certas e a vencer.
Art. 644. O credor de dívida líquida e certa, AINDA NÃO VENCIDA, pode requerer
habilitação no inventário.
Parágrafo único. Concordando as partes com o pedido referido no caput, o juiz, ao julgar
habilitado o crédito, mandará que se faça separação de bens para o futuro pagamento.

A diferença do art. 644 para as dívidas vencidas é que nas dívidas vencidas, se
os herdeiros não concordarem, haverá a instauração de processo pelo rito comum
com reserva dos bens. No caso de dívida ainda não vencida, se não concordarem
os herdeiros, o credor deverá aguardar o vencimento.
Para a prova...

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A alternativa A está incorreta. Como o crédito de Carlos está vencido e sendo


ele exigível, o requerimento de habilitação deve ser feito até o momento da
partilha, e não a qualquer tempo. Vejamos o art. 642, do NCPC:
Art. 642. Antes da partilha, poderão os credores do espólio requerer ao juízo do inventário
o pagamento das dívidas vencidas e exigíveis.

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão, pois se refere ao art.


644, da referida Lei:
Art. 644. O credor de dívida líquida e certa, ainda não vencida, pode requerer habilitação
no inventário.
Parágrafo único. Concordando as partes com o pedido referido no caput, o juiz, ao julgar
habilitado o crédito, mandará que se faça separação de bens para o futuro pagamento.

A alternativa C está incorreta. De acordo com o art. 616, VII e VIII, da Lei nº
13.105/15, o Ministério Público e a Fazenda Pública possuem legitimidade
concorrente para requerer a abertura do inventário judicial por ocasião do
falecimento de Márcio.
Art. 616. Têm, contudo, legitimidade concorrente:
VII - o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes;
VIII - a Fazenda Pública, quando tiver interesse;

A alternativa D está incorreta. Segundo o art. 616, VI, da referida Lei, o credor
de Antonieta tem legitimidade concorrente para requerer a abertura do inventário
judicial.
Art. 616. Têm, contudo, legitimidade concorrente:
VI - o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança;

Sigamos!
Confira, ainda, os arts. 645 e 646, do NCPC:
Art. 645. O legatário é parte legítima para manifestar-se sobre as dívidas do espólio:
I - quando TODA a herança for dividida em legados;
II - quando o reconhecimento das dívidas importar redução dos legados.
Art. 646. Sem prejuízo do disposto no art. 860, é lícito aos herdeiros, ao separarem bens
para o pagamento de dívidas, autorizar que o inventariante os indique à penhora no
processo em que o espólio for executado.

6.8 - Partilha
A partir do momento que temos o inventário dos bens, com a descrição
minudenciada de todos os bens e a definição do cálculo do imposto devido é
possível passar à partilha.
Antes disso, temos que considerar as colações e o pagamento de dívidas, na
forma como estudamos acima. Após, os herdeiros poderão requerer o valor que
lhe é devido (pedido de quinhão) no prazo de 15 dias.
De acordo com o art. 647, do NCPC, o juiz poderá deferir antecipadamente aos
herdeiros o exercício do direito de usar e fruir do bem até a efetiva transferência.
Veja:

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I - dívidas atendidas;
II - meação do cônjuge;
III - meação disponível;
IV - quinhões hereditários, a começar pelo coerdeiro mais velho.

Para que você compreenda o art. 651, do NCPC, é necessário que façamos
algumas considerações acerca do casamento. Não vamos aprofundar o conteúdo,
pois é assunto de Direito Civil, contudo, alguns conceitos são pressuposto para o
estudo do direito processual.
Inventariado o conjunto de bens do espólio, resolvidas as impugnações,
habilitados os credores, pagos os impostos, chegamos à partilha.
Para a partilha, devemos investigar se o falecido era casado e, se casado, em
que regime de bens. O regime de bens é fundamental para determinação da
meação.
A meação nada mais é do que parte dos bens do casal que cabe ao cônjuge e
que, portanto, não integra a herança. O patrimônio do casal é considerado
comum ao casal. Com o falecimento de um deles, naturalmente, o cônjuge
sobrevivente tem direito a metade de todos os bens.
A delimitação desses bens depende do regime do casamento. Assim, atenção!
 Se o casamento se der em regime de separação absoluta, não há patrimônio em comum
e, portanto, não há meação.
 Se o casamento se der em regime de comunhão parcial, os bens adquiridos na
constância do casamento serão considerados bens do casal e, portanto, com o falecimento
de um deles, o cônjuge sobrevivente terá direito à metade desses bens comuns. Quanto
aos bens anteriores ao casamento de propriedade do cônjuge sobrevivente, eles não
integram a meação.
 Se o casamento se der em regime de comunhão total, todos os bens anteriores ou
adquiridos ao longo da união serão considerados para fins da meação.

Com base nessas normas, o art. 651, do NCPC, estabelece a ordem que deve ser
observada para a distribuição dos bens.
Primeiramente serão desconsideradas as dívidas do falecido, que serão
descontadas do conjunto patrimonial de bens.
Após, vamos analisar se há cônjuge e se, em razão do regime de casamento, há
meação. Descontada a metade a que tem direito o cônjuge sobrevivente
chegaremos ao montante da meação disponível para ser distribuída entre os
herdeiros.
Esse valor restante será distribuído entre os herdeiros,
inclusive o cônjuge, ainda que tenha recebido a meação.
Portanto, não confunda a meação com a herança. A
meação não faz parte da herança. Além disso, o
cônjuge, ainda que receba a meação, terá direito à herança em
concorrência com os demais herdeiros.
Após a confecção do esboço da partilha, os interessados serão intimados para se
manifestar no prazo comum de 15 DIAS.

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Art. 652. Feito o esboço, as partes manifestar-se-ão sobre esse no prazo comum de
15 (quinze) dias, e, resolvidas as reclamações, a partilha será lançada nos autos.

Nesse prazo as partes podem apresentar reclamações em face desse esboço de


partilha. Resolvidas as pendências, o juiz decidirá lançando nos autos a partilha.
Essa decisão deverá observar as regras do art. 653, do NCPC, cuja leitura atenta
é o suficiente:
Art. 653. A partilha constará:
I - de auto de orçamento, que mencionará:
a) os nomes do autor da herança, do inventariante, do cônjuge ou companheiro supérstite,
dos herdeiros, dos legatários e dos credores admitidos;
b) o ativo, o passivo e o líquido partível, com as necessárias especificações;
c) o valor de cada quinhão;
II - de folha de pagamento para cada parte, declarando a quota a pagar-lhe, a razão do
pagamento e a relação dos bens que lhe compõem o quinhão, as características que os
individualizam e os ônus que os gravam.
Parágrafo único. O auto e cada uma das folhas serão assinados pelo juiz e pelo escrivão.

O art. 654, do NCPC, esclarece que após o lançamento da partilha incidirá o


imposto de transmissão (ITCMD causa mortis).
Art. 654. Pago o imposto de transmissão a título de morte e juntada aos autos certidão ou
informação negativa de dívida para com a Fazenda Pública, o juiz julgará por sentença a
partilha.
Parágrafo único. A existência de dívida para com a Fazenda Pública não impedirá o
julgamento da partilha, DESDE QUE o seu pagamento esteja devidamente garantido.

Com o trânsito em julgado da sentença de partilha, haverá expedição do


documento denominado de “formal de partilha”, que especificará o herdeiro, a
avaliação dos bens, o valor que é devido. Confira:
Art. 655. Transitada em julgado a sentença mencionada no art. 654, receberá o herdeiro
os bens que lhe tocarem e um formal de partilha, do qual constarão as seguintes peças:
I - termo de inventariante e título de herdeiros;
II - avaliação dos bens que constituíram o quinhão do herdeiro;
III - pagamento do quinhão hereditário;
IV - quitação dos impostos;
V - sentença.
Parágrafo único. O formal de partilha poderá ser substituído por certidão de pagamento do
quinhão hereditário quando esse NÃO exceder a 5 (cinco) vezes o salário-mínimo, caso
em que se transcreverá nela a sentença de partilha transitada em julgado.

Do dispositivo acima, para a prova...

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Parágrafo único. Os bens mencionados nos incisos III e IV serão reservados à sobrepartilha
sob a guarda e a administração do mesmo ou de diverso inventariante, a consentimento da
maioria dos herdeiros.
Art. 670. Na sobrepartilha dos bens, observar-se-á o processo de inventário e de partilha.
Parágrafo único. A sobrepartilha correrá nos autos do inventário do autor da herança.

 nomeação de curador especial:


Art. 671. O juiz nomeará curador especial:
I - ao ausente, se não o tiver;
II - ao incapaz, se concorrer na partilha com o seu representante, desde que exista colisão
de interesses.

 cumulação de inventários:
Art. 672. É LÍCITA a cumulação de inventários para a partilha de heranças de pessoas
diversas quando houver:
I - identidade de pessoas entre as quais devam ser repartidos os bens;
II - heranças deixadas pelos dois cônjuges ou companheiros;
III - dependência de uma das partilhas em relação à outra.
Parágrafo único. No caso previsto no inciso III, se a dependência for parcial, por haver
outros bens, o juiz pode ordenar a tramitação separada, se melhor convier ao interesse das
partes ou à celeridade processual.
Art. 673. No caso previsto no art. 672, inciso II, prevalecerão as primeiras declarações,
assim como o laudo de avaliação, salvo se alterado o valor dos bens.

7 - Embargos de Terceiro
Os embargos de terceiro constituem espécie de ação que tem por finalidade
impedir ou livrar a constrição de bem que esteja na posse ou propriedade de
terceiro.
Por exemplo, alguém alheio ao processo judicial sobre a penhora de algum bem
em razão de uma ação de execução envolvendo outras pessoas. Nesse caso, a
fim de proteger a sua esfera jurídico-patrimonial, admite-se o ajuizamento da
ação de embargos de terceiro.
Assim, para ajuizamento dos embargos:
 não pode ser parte no processo (terceiro); e
 sofreu constrição ou ameaça de constrição em bens sobre os quais tem direito.

Veja:
Art. 674. Quem, NÃO sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de
constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com
o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos
de terceiro.
§ 1o Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou
possuidor.

O §2º esclarece quem poderá ser considerado terceiro e, portanto, quem são os
possíveis legitimados ativos para a ação:

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 a insolvência do réu;
 que o título que concede o direito real é nulo ou não vincula terceiros;
 que a coisa dada em garantia é outra e não a coisa litigiosa.

Confira:
Art. 680. CONTRA OS EMBARGOS DO CREDOR COM GARANTIA REAL, o embargado
somente poderá alegar que:
I - o devedor comum é insolvente;
II - o título é nulo ou não obriga a terceiro;
III - outra é a coisa dada em garantia.

Para encerrar a análise dessa ação especial, veja o art. 681, do NCPC:
Art. 681. Acolhido o pedido inicial, o ato de constrição judicial indevida será
cancelado, com o reconhecimento do domínio, da manutenção da posse ou da reintegração
definitiva do bem ou do direito ao embargante.

8 - Ação Monitória
Em relação à ação monitória temos quatro dispositivos. Essa modalidade de
procedimento especial é utilizada para pretender a cobrança ou a exigência de
alguma obrigação em face de um título executivo extrajudicial sem eficácia
executiva.
Sobre a finalidade da ação monitória é importante conhecer o entendimento
doutrinário6:
O legislador infraconstitucional concebe o procedimento monitório como técnica destinada
a propiciar a aceleração da realização dos direitos e assim como instrumento capaz de evitar
o custo inerente à demora do procedimento comum. Partindo da premissa de que um direito
evidenciado mediante prova escrita em regra deve sofrer contestação, o procedimento
monitório objetiva, através da inversão do ônus de instaurar a discussão a respeito da
existência ou inexistência do direito, desestimular as defesas infundadas e permitir a tutela
do direito sem as delongas do procedimento comum.

Conforme estudamos na parte relativa à execução, um título executivo


extrajudicial, para que seja executável, deve ser certo, líquido e exigível.
Em relação a última característica, temos que o título é exigível se estiver
vencido. É o que confere interesse processual à parte para ingressar com a ação
executiva.
Contudo, esses títulos podem conter prazos de validade, expressos em lei ou no
próprio título. Decorrido esse prazo, o título perde a executividade, mas nada
impede que, se não estiver prescrita a pretensão da parte, ela possa exigir o
cumprimento judicialmente.
Entre as formas de se buscar o cumprimento, temos a ação monitória, cuja
disciplina legal começa no art. 700:

6
MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo
Civil Comentado, 2ª edição, rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016,
p. 781.

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Comentários
Constitui requisito exigido para a propositura da ação monitória prova escrita pré-
constituída sem eficácia de título executivo. Vejamos o art. 700, do NCPC:
Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova
escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz:

Dessa forma, a alternativa C está correta e é o gabarito da questão.


Sigamos!
O art. 701, do NCPC, é muito importante!
Entre as possibilidades de tutela provisória, temos a concessão de tutelas de
evidência quando há alta probabilidade de que a parte efetivamente tenha razão
em relação ao que postula perante o Poder Judiciário.
É justamente isso que retrata o art. 701. Se a parte que, embora não tenha um
título executivo extrajudicial exigível, demonstrar a evidência do seu direito com
o ajuizamento da ação monitória, o magistrado poderá conceder a tutela de
urgência, inclusive inauditera altera pars ou in limine. Dito de outro modo, ao
invés de citar o réu para apresentar a contestação à ação, o réu será citado
diretamente para efetuar o cumprimento da obrigação e dos honorários
advocatícios.
O réu, diante dessa citação, poderá:
1ª possibilidade: pagar no prazo de 15 dias.
Se ele decidir pelo pagamento terá dois benefícios:
a) pagará apenas 5% do devido a título de honorários advocatícios; e
b) será isento de custas processuais.

São benefícios, pois os honorários advocatícios são de 10%, no caso, reduz-


se para 5%. Além disso, a parte ré recebe a isenção do pagamento de
custas. Trata-se de estímulo ao cumprimento do mandado.
2ª possibilidade: embargar.
Com a apresentação dos embargos, teremos o efetivo contraditório diferido
da parte ré, na forma do art. 9º, do NCPC. Será diferido, pois foi concedida
a tutela de evidência liminarmente e, somente com os embargos o réu
poderá expor a sua argumentação contrária à pretensão da parte autora.
3ª possibilidade: nada fazer.
Nesse caso, o título extrajudicial sem eficácia executiva, torna-se um título
executivo judicial, que será executado por intermédio do cumprimento de
sentença.
É isso que temos fixado no art. 701, do NCPC:
Art. 701. Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de mandado
de pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou de
não fazer, concedendo ao réu PRAZO DE 15 (QUINZE) DIAS para o cumprimento e o
pagamento de honorários advocatícios de CINCO POR CENTO DO VALOR ATRIBUÍDO À
CAUSA.

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PROCESSO CIVIL - XXII EXAME DA OAB
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§ 1o O réu será ISENTO do pagamento de custas processuais se cumprir o mandado


no prazo.
§ 2o Constituir-se-á de pleno direito o título executivo judicial, independentemente de
qualquer formalidade, se não realizado o pagamento e não apresentados os
embargos previstos no art. 702, observando-se, no que couber, o Título II do Livro I da
Parte Especial.
§ 3o É cabível ação rescisória da decisão prevista no caput quando ocorrer a hipótese do §
2o.
§ 4o Sendo a ré Fazenda Pública, não apresentados os embargos previstos no art. 702,
aplicar-se-á o disposto no art. 496, observando-se, a seguir, no que couber, o Título II do
Livro I da Parte Especial [cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública].
§ 5o Aplica-se à ação monitória, no que couber, o art. 916 [parcelamento do débito].

Três informações importantes em relação aos §§:


 caso haja constituição do título executivo extrajudicial (inércia do citado), a parte poderá
ajuizar posteriormente ação rescisória para anular essa decisão.
 em relação a créditos contra a Fazenda Pública, haverá cumprimento de sentença na
forma que o NCPC estabelece para Fazenda Pública; e
 admite-se, na execução em sentença monitória, o parcelamento do débito.

Em relação a esse parcelamento, prevê o NCPC que, no prazo dos embargos, a


parte ré deverá depositar o montante equivalente a 30% do valor devido e
requerer o parcelamento do saldo remanente em até 6 parcelas mensais
acrescidas de juros equivalente a 1% ao mês.
No art. 702 temos diversas regras importantes!
Vamos analisar essas regras e, após, ler o dispositivo com atenção.
O art. 701 trata da apresentação dos embargos na ação monitória. Vamos tratar
a partir de pontos!
 Pode ser alegada qualquer matéria de defesa nos embargos à ação
monitória.
 Os embargos podem ser ajuizados INDEPENDENTEMENTE de prévia
garantia do juízo.
 Os embargos suspendem a eficácia a tutela de evidência concedida,
até a decisão de primeiro grau.
CUIDADO! Não há suspensão até o julgamento final do processo com a
passagem por todos os recursos ou trânsito em julgado. A suspensão da
tutela de evidência opera-se apenas até a sentença de 1º grau.
Assim, se a sentença for de improcedência dos embargos, os efeitos da
tutela provisória concedida na ação monitória serão restabelecidos.
 Admite-se reconvenção na ação monitória.
Contudo, essa reconvenção é limitada. Se o autor da ação monitória (que
é o embargado) reconvir, formulando outros pedidos em face do autor da
ação de embargos, este não poderá reconvir com novos pedidos contra o
embargado.

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PROCESSO CIVIL - XXII EXAME DA OAB
teoria e questões
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 Se nos embargos o réu da ação monitória arguir que há excesso de


execução, temos duas situações:
1ª situação – se esse for o único argumento, a parte deverá indicar o valor que
entende devido, sob pena de rejeição liminar dos embargos à ação monitória;
2ª situação – se além desse argumento, houver outros, mas a parte não indicar
o valor devido, o juiz prosseguirá o julgamento do feito, mas desconsiderará a
discussão quanto ao valor devido.

A ideia dessa regra é permitir que seja executado o montante


incontroverso.
 Da sentença em ação monitória é cabível recurso de apelação para o
tribunal.
 Considera-se litigância de má-fé com condenação de até 10% sobre o
valor da causa:
a) propor a ação monitória indevidamente e caso haja pagamento (condena-se o
autor)
b) oposição de embargos à ação monitória de má-fé.

Para encerrar, confira o dispositivo:


Art. 702. INDEPENDENTEMENTE de prévia segurança do juízo, o réu poderá opor, nos
próprios autos, no prazo previsto no art. 701, embargos à ação monitória.
§ 1o Os embargos podem se fundar em matéria passível de alegação como defesa no
procedimento comum.
§ 2o Quando o réu alegar que o autor pleiteia quantia superior à devida, cumprir-lhe-á
declarar de imediato o valor que entende correto, apresentando demonstrativo discriminado
e atualizado da dívida.
§ 3o NÃO apontado o valor correto ou NÃO apresentado o demonstrativo, os
embargos serão liminarmente rejeitados, se esse for o seu único fundamento, e, se
houver outro fundamento, os embargos serão processados, mas o juiz deixará de
examinar a alegação de excesso.
§ 4o A oposição dos embargos suspende a eficácia da decisão referida no caput do art.
701 ATÉ O JULGAMENTO EM PRIMEIRO GRAU.
§ 5o O autor será intimado para responder aos embargos no prazo de 15 (QUINZE)
DIAS.
§ 6o Na ação monitória admite-se a reconvenção, sendo VEDADO o oferecimento de
reconvenção à reconvenção.
§ 7o A critério do juiz, os embargos serão autuados em apartado, se parciais, constituindo-
se de pleno direito o título executivo judicial em relação à parcela incontroversa.
§ 8o Rejeitados os embargos, constituir-se-á de pleno direito o título executivo judicial,
prosseguindo-se o processo em observância ao disposto no Título II do Livro I da Parte
Especial, no que for cabível.
§ 9o Cabe apelação contra a sentença que acolhe ou rejeita os embargos.
§ 10. O juiz condenará o autor de ação monitória proposta indevidamente e de má-fé
ao pagamento, em favor do réu, de multa de ATÉ DEZ POR CENTO SOBRE O VALOR DA
CAUSA.

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PROCESSO CIVIL - XXII EXAME DA OAB
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§ 11. O juiz condenará o réu que de má-fé opuser embargos à ação monitória ao
pagamento de multa de ATÉ DEZ POR CENTO SOBRE O VALOR ATRIBUÍDO À CAUSA,
em favor do autor.

Vejamos uma questão sobre esse assunto:

Questão – FGV/OAB – Exame de Ordem-XXI – Primeira Fase –


2016
Pedro, munido de documento comprobatório de vínculo jurídico de prestação
de serviço com Carlos e, esgotadas todas as possibilidades consensuais para
tentar exigir o cumprimento da obrigação, promove ação observando o rito
especial monitório.
Citado, Carlos oferece embargos, apontando em preliminar, que o rito da
ação monitória não é adequado para pleitear cumprimento de obrigação de
fazer e, no mérito, alega exceção de contrato não cumprido. Oferta, ainda,
reconvenção, cobrando os valores supostamente devidos.
Diante da situação hipotética, sobre os posicionamentos adotados por
Carlos, assinale a afirmativa correta.
a) A preliminar apontada por Carlos nos embargos deve ser acolhida, pois é
vedado pleitear cumprimento de obrigação de fazer por intermédio de ação
monitória.
b) A reconvenção deve ser rejeitada, em virtude do descabimento dessa
forma de resposta em ação monitória.
c) A preliminar indicada por Carlos não deve prosperar, tendo em vista que
é possível veicular em ação monitória cumprimento de obrigação de fazer.
d) A forma correta de oferecer defesa em ação monitória é via contestação,
sendo assim, os embargos ofertados por Carlos devem ser rejeitados.

Comentários
A alternativa A está incorreta. De acordo com o art. 700, III, do NCPC, o
cumprimento de obrigação de fazer pode, sim, constituir o objeto da ação
monitória.
Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova
escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz:
III - o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer.

A alternativa B está incorreta. Segundo o art. 702, §6º, da Lei nº 13.105/15,


na ação monitória admite-se a reconvenção.
§ 6o Na ação monitória admite-se a reconvenção, sendo vedado o oferecimento de
reconvenção à reconvenção.

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A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Conforme já mencionado,


o cumprimento de obrigação de fazer pode constituir o objeto da ação monitória.
A alternativa D está incorreta. Com base no caput, do art. 702, na ação
monitória, a defesa deve ser apresentada por meio de embargos e não de
contestação.
Art. 702. Independentemente de prévia segurança do juízo, o réu poderá opor, nos próprios
autos, no prazo previsto no art. 701, embargos à ação monitória.

9 – Questões OAB
Questão – FGV/OAB – Exame de Ordem-XXI – Primeira Fase –
2016
Pedro, munido de documento comprobatório de vínculo jurídico de prestação
de serviço com Carlos e, esgotadas todas as possibilidades consensuais para
tentar exigir o cumprimento da obrigação, promove ação observando o rito
especial monitório.
Citado, Carlos oferece embargos, apontando em preliminar, que o rito da
ação monitória não é adequado para pleitear cumprimento de obrigação de
fazer e, no mérito, alega exceção de contrato não cumprido. Oferta, ainda,
reconvenção, cobrando os valores supostamente devidos.
Diante da situação hipotética, sobre os posicionamentos adotados por
Carlos, assinale a afirmativa correta.
a) A preliminar apontada por Carlos nos embargos deve ser acolhida, pois é
vedado pleitear cumprimento de obrigação de fazer por intermédio de ação
monitória.
b) A reconvenção deve ser rejeitada, em virtude do descabimento dessa
forma de resposta em ação monitória.
c) A preliminar indicada por Carlos não deve prosperar, tendo em vista que
é possível veicular em ação monitória cumprimento de obrigação de fazer.
d) A forma correta de oferecer defesa em ação monitória é via contestação,
sendo assim, os embargos ofertados por Carlos devem ser rejeitados.

Gabarito: C

Questão – FGV/OAB – Exame de Ordem – XVIII – Primeira


Fase – 2015
Edgar pleiteou a remoção da inventariante Joana, nomeada nos autos do
processo de inventário dos bens deixados por morte de sua genitora Maria,
argumentando que a inventariante não prestou as primeiras declarações no
prazo legal e não está defendendo os interesses do espólio.
Acerca do incidente de remoção de inventariante e as regras previstas no
Código de Processo Civil, assinale a afirmativa correta.

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a) O incidente de remoção de inventariante, proposto por Edgar, deverá


tramitar nos próprios autos da ação de inventário.
b) O juiz, ao receber o requerimento de remoção de inventariante, deverá,
conforme previsão expressa do CPC, afastar Joana de suas funções
imediatamente e, em seguida, determinar a sua intimação para defender-se
e produzir provas.
c) Acolhido o pedido de remoção da inventariante Joana, o magistrado
deverá nomear, prioritariamente, Edgar, em razão de ser o autor do
requerimento.
d) Removida a inventariante Joana, esta deverá entregar imediatamente ao
substituto os bens do espólio de Maria e, se deixar de fazê-lo, será compelida
mediante mandado de busca e apreensão ou imissão de posse, conforme se
tratar de bem móvel ou imóvel.

Gabarito: D

Questão – FGV/OAB – Exame de Ordem – XVI – Primeira Fase


– 2015
Márcio faleceu, deixando bens imóveis e móveis a inventariar, assim como
filho capaz e Antonieta, viúva, então casada pelo regime de comunhão
parcial de bens. Além dos bens, Márcio deixou dívidas tributárias e débito
vencido e exigível em favor de Carlos.
Analisando os aspectos processuais do inventário, assinale a afirmativa
correta.
a) Carlos possui legitimidade para requerer a habilitação de seu crédito junto
ao juízo do inventário a qualquer tempo no processo de inventário.
b) É dado a Carlos requerer o recebimento de seu crédito por meio da
adjudicação dos bens já reservados, mediante concordância dos herdeiros.
c) O Ministério Público e a Fazenda Pública não possuem legitimidade
concorrente para requerer a abertura do inventário judicial por ocasião do
falecimento de Márcio.
d) O credor de Antonieta não goza de legitimidade concorrente para requerer
a abertura do inventário judicial.

Gabarito: B

Questão – FGV/OAB – Exame de Ordem – XII – Primeira Fase


– 2013
A ação de consignação em pagamento, procedimento especial de jurisdição
contenciosa, é o meio pelo qual o devedor ou terceiro poderá requerer a
consignação da quantia ou da coisa devida com efeito de pagamento.
A respeito da resposta do réu na referida ação, assinale a afirmativa correta.

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a) Por ser o réu o credor, ainda que não ofereça contestação, não estará
sujeito aos efeitos da revelia, caso em que haverá procedência do pedido e
extinção da obrigação, devendo arcar com as custas e os honorários de
sucumbência.
b) Alegado em contestação que o depósito não é integral, o autor poderá
completá-lo, salvo se o inadimplemento acarretou a rescisão contratual, mas
o réu ficará impedido de levantar o valor ou coisa depositada até que a
sentença conclua acerca da parcela controvertida.
c) Na contestação o réu poderá alegar que foi justa a recusa e que o depósito
não é integral, e, na segunda hipótese, tal argumento somente será
admissível se o réu indicar o montante que entende devido.
d) Caso o objeto da prestação seja coisa indeterminada e a escolha couber
ao credor, será citado para exercer o direito no prazo legal e, em vez de
contestar, receber e dar quitação, a obrigação será extinta, sem condenação
em custas e honorários.

Gabarito: C

Questão – FGV/OAB – Exame de Ordem – X – Primeira Fase –


2013
A proteção possessória pode se desenvolver por meio de diversos tipos de
ações. No que se refere às espécies de ações possessórias e suas
características, assinale a afirmativa correta.
a) Em virtude do princípio da adstrição, a propositura de uma ação
possessória em vez de outra impede que o juiz conheça do pedido e outorgue
a proteção correspondente àquela cujos requisitos estejam provados.
b) É defeso ao autor cumular o pedido possessório com condenação em
perdas e danos, devendo optar por um ou outro provimento, sob pena de
enriquecimento sem causa.
c) As ações possessórias não possuem natureza dúplice. Sendo assim, caso
o réu queira fazer pedido contra o autor, não poderá se valer da contestação,
devendo apresentar reconvenção.
d) Apenas o possuidor figura-se como parte legitima para a propositura das
ações possessórias, tanto na hipótese de posse direta quanto na hipótese de
posse indireta.

Gabarito: D

Questão – FGV/OAB – Exame de Ordem – V – Primeira Fase –


2011
Numa ação de reintegração de posse em que o esbulho ocorreu há menos
de 1 ano e 1 dia, ao examinar o pedido de liminar constante da petição
inicial, o juiz

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a) deve sempre realizar a inspeção judicial no local, sendo tal diligência


requisito para a concessão da liminar.
b) deve deferir de plano, sem ouvir o réu, se a petição inicial estiver
devidamente instruída e sendo a ação entre particulares.
c) deve sempre designar audiência prévia ou de justificação, citando o réu,
para, então, avaliar o pedido liminar.
d) pode deferir a liminar de plano, sem ouvir o réu, desde que haja parecer
favorável do Ministério Público.

Gabarito: B

Questão – FGV/OAB – Exame de Ordem – IV – Primeira Fase -


2011
A respeito das ações possessórias, assinale a alternativa correta.
a) A propositura da ação de reintegração de posse, quando cabível
manutenção de posse, torna impossível o acolhimento do pedido, impondo
a extinção sem resolução do mérito.
b) Quando for ordenada a justificação prévia, o prazo para contestar contar-
se-á da intimação do despacho que deferir ou não a medida liminar.
c) É vedada a cumulação de pedidos com o pedido possessório.
d) O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de esbulho e
reintegrado no de turbação.

Gabarito: B

Questão – CESPE/OAB – Exame de Ordem – 2010


Assinale a opção correta acerca das ações possessórias.
a) Na ação possessória, o réu pode, em sede de contestação, pedir a
proteção possessória e a indenização por perdas e danos resultantes da
turbação ou esbulho cometido pelo autor.
b) Quando intentada dentro de ano e dia da turbação, a ação de manutenção
de posse seguirá o procedimento ordinário.
c) A ação de reintegração de posse é cabível, por lei, quando o possuidor
simplesmente sofrer turbação em sua posse.
d) A decisão concessiva da liminar na ação possessória é recorrível mediante
apelação.

Gabarito: A

Questão – CESPE/OAB – Exame de Ordem – 2009 – Adaptada


ao NCPC

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Acerca dos procedimentos especiais de jurisdição contenciosa, assinale a


opção correta.
a) Na ação de consignação em pagamento, uma vez alegada a insuficiência
do depósito, o réu pode levantar desde logo a quantia ou a coisa depositada,
prosseguindo o processo no que se refere à parcela controvertida.
b) Na ação de depósito, uma vez efetuado o depósito do equivalente em
dinheiro, é vedado ao autor promover a busca e apreensão da coisa.
c) Na ação de exigir contas, as contas do inventariante, do tutor, do curador,
do depositário e de qualquer outro administrador serão prestadas nos
mesmos autos do processo em que tiver sido nomeado.
d) Na pendência de processo possessório, é permitido ao autor e ao réu
intentar ação de reconhecimento de domínio.

Gabarito: A

Questão – CESPE/OAB-SP – Exame de Ordem – 2008


Constitui requisito exigido para a propositura da ação monitória
a) prova documental que seja título executivo extrajudicial.
b) prova testemunhal que ateste a veracidade do fato.
c) prova escrita pré-constituída sem eficácia de título executivo.
d) prova documental que demonstre a existência de crédito de natureza
infungível.

Gabarito: C

Questão – VUNESP/OAB-SP – Exame de Ordem – 2007


Não é própria das ações possessórias a característica de
a) caráter dúplice.
b) infungibilidade.
c) fungibilidade.
d) jurisdição contenciosa.

Gabarito: B

Questão – FGV/OAB – Exame de Ordem – VI – Primeira Fase –


2012
A respeito do procedimento especial de consignação em pagamento, é
correto afirmar que
a) poderá o devedor ou terceiro optar pelo depósito da quantia devida, em
estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do
pagamento, em conta com correção monetária, cientificando-se o credor por

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carta com aviso de recepção, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a


manifestação de recusa.
b) quando a consignação se fundar em dúvida sobre quem deva
legitimamente receber, não comparecendo nenhum pretendente, o juiz
julgará procedente o pedido, declarará extinta a obrigação e condenará o
réu nas custas e honorários advocatícios.
c) alegada insuficiência do depósito, o réu não poderá levantar a quantia ou
a coisa depositada, até que seja proferida sentença.
d) na hipótese de sentença que concluir pela insuficiência do depósito, ainda
que seja determinado o montante devido, não poderá o credor promover a
execução nos mesmos autos, devendo ajuizar nova demanda.

Gabarito: A

10 - Questões extras
Questão 01 – FUNDATEC/Prefeitura de Porto Alegre – RS –
Procurador – 2016
Um grupo de pessoas sem-teto invadiu um terreno pertencente ao Município
que, para recuperar a posse integralmente excluída do imóvel, ajuizou, após
seis meses, ação de manutenção de posse, devidamente acompanhada de
prova da posse, do esbulho e da data de sua ocorrência. Foi requerida a
concessão de medida liminar. Considerando as disposições do Código de
Processo Civil (Lei nº 13.105/15), no que concerne às ações possessórias,
ao receber a inicial, o Juiz deverá:
a) Conhecer o pedido e deferir, após audiência de conciliação, a tutela
antecipatória, se presentes os seus requisitos.
b) Indeferir a petição inicial, por inadequação da via eleita, diante do longo
lapso temporal decorrido.
c) Conhecer o pedido como de reintegração de posse e deferir, sem a oitiva
dos réus, a expedição de mandado liminar de reintegração de posse.
d) Indeferir a petição inicial, por inadequação da via eleita, diante do não
cabimento de ação de manutenção de posse no caso.
e) Conhecer o pedido como de reintegração e designar audiência de
conciliação, tendo em vista o não cabimento de liminar, sem oitiva dos réus,
quando for parte a Fazenda Pública.

Comentários
O conflito coletivo de posse tem disciplina específica nos §§ do art. 554 e no art.
565, ambos do NCPC.
Da leitura desses dispositivos, você deve extrair que a ação poderá ser ajuizada,
com a citação de todos os que estiverem no local. Além disso, participarão do
processo o MP e a Defensoria Pública.

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Se o pedido for efetuado dentro de um ano e um dia a contar da violação do


direito, o juiz poderá conceder a tutela de urgência, com a expedição da
reintegração da posse.
A audiência de mediação, nesse caso, será ajuizada apenas se não for cumprida
a reintegração concedida no prazo de um ano a contar da distribuição da ação.
Dessa forma, a alternativa C está correta e é o gabarito da questão.

Questão 02 – VUNESP/Prefeitura de Alumínio – SP –


Procurador – 2016
Sobre os litígios coletivos pela posse de imóvel, é correto afirmar que
a) nessas ações o juiz poderá conceder a liminar inaudita altera pars,
independentemente da data do esbulho ou da turbação.
b) as disposições legais aplicáveis a litígios coletivos pela posse de imóvel
também se aplicam aos litígios que versem sobre a propriedade de bens
imóveis.
c) concedida a liminar nessas ações, se não for executada em um ano da
data de sua concessão, caberá ao juiz designar audiência de conciliação ou
mediação.
d) nesses litígios os órgãos responsáveis pela política agrária devem intervir
obrigatoriamente por se tratar de questões de ordem pública.
e) a participação do Ministério Público é facultativa nos autos dessas
demandas.

Comentários
A questão exige o conhecimento do art. 565, do NCPC. Vamos analisar cada uma
das alternativas.
A alternativa A está incorreta. De acordo com o art. 565, caput, a data do
esbulho ou turbação é relevante para a concessão do pedido de medida liminar.
Lembre: se inferior ou igual a um ano e um dia, concede-se a limitar; se superior
a um ano e um dia, designa-se audiência de mediação.
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão, com base no §5º, do
dispositivo abaixo citado:
§ 5o Aplica-se o disposto neste artigo ao litígio sobre propriedade de imóvel.

A alternativa C está incorreta. Segundo o §1º, o prazo será contado a partir da


data da distribuição e não da concessão da medida.
§ 1o Concedida a liminar, se essa não for executada no prazo de 1 (um) ano, a contar da
data de distribuição, caberá ao juiz designar audiência de mediação, nos termos dos §§ 2o a
4o deste artigo.

A alternativa D está incorreta. Conforme o §4º, do art. 565, nos litígios coletivos
pela posse de imóvel, a intervenção destes órgãos não é obrigatória, mas sim
facultativa.

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§ 4o Os órgãos responsáveis pela política agrária e pela política urbana da União, de Estado
ou do Distrito Federal e de Município onde se situe a área objeto do litígio poderão ser
intimados para a audiência, a fim de se manifestarem sobre seu interesse no processo e
sobre a existência de possibilidade de solução para o conflito possessório.

A alternativa E está incorreta. O §2º, do art. 565, estabelece que o


comparecimento do Ministério Público em audiência é obrigatório, e não
facultativo.
§ 2o O Ministério Público será intimado para comparecer à audiência, e a Defensoria Pública
será intimada sempre que houver parte beneficiária de gratuidade da justiça.

Questão 03 – FCC/Prefeitura de Campinas – SP – Procurador


– 2016
No caso de ação possessória,
a) no litígio coletivo pela posse do imóvel, quando o esbulho ou a turbação
afirmado na petição inicial houver ocorrido há menos de ano e dia, será
obrigatória a designação de audiência de mediação para exame da medida
liminar, a ser realizada em até trinta dias.
b) em que figure no polo passivo grande número de pessoas, serão feitas a
citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação
por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério
Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica,
da Defensoria Pública.
c) obsta a manutenção ou a reintegração de posse a alegação de propriedade
ou de outro direito sobre a coisa.
d) é possível, na pendência de ação possessória, apenas ao réu, propor ação
de reconhecimento de domínio, se incontroverso nos dados registrários.
e) pode-se pedir a imposição de medidas para evitar nova turbação ou
esbulho, bem como para cumprir-se a tutela provisória ou final, mas
eventual pedido de condenação em perdas e danos deve ser formulado por
meio de ação autônoma.

Comentários
A alternativa A está incorreta. Segundo o art. 565, caput, do NCPC, no litígio
coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação afirmado na
petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de apreciar o
pedido de concessão da medida liminar, deverá designar audiência de mediação,
a realizar-se em até trinta dias. Note que o único erro é falar em “há menos de
ano e dia”.
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão, pois reproduz o §1º, do
art. 554, da referida Lei.
§ 1o No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas,
serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por
edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver
pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública.

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A alternativa C está incorreta. De acordo com o parágrafo único, do art. 557,


da Lei nº 13.105/15, no caso de ação possessória, não obsta à manutenção ou à
reintegração de posse a alegação de propriedade ou de outro direito sobre a
coisa.
A alternativa D está incorreta. O caput do art. 557, do NCPC, prevê que na
pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor
ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face
de terceira pessoa.
A alternativa E está incorreta. O art. 555, da referida Lei, estabelece que o autor
pode requerer a imposição de medida necessária e adequada para evitar nova
turbação ou esbulho, e para cumprir-se a tutela provisória ou final. Porém, o
pedido de condenação em perdas e danos poderá ser formulado nos próprios
autos, não sendo necessário o ajuizamento de ação autônoma.

Questão 04 – VUNESP/Câmara de Marília/SP – Procurador –


2016
No tocante às ações possessórias, assinale a alternativa correta.
a) É defeso ao réu, na contestação, alegando que foi ofendido na sua posse,
demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes
da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.
b) Na pendência de ação possessória, é possível, tanto ao autor quanto ao
réu, propor ação de reconhecimento do domínio em face da parte contrária.
c) Não é possível ao autor cumular ao pedido possessório o de condenação
em perdas e danos.
d) Se o réu provar que o autor provisoriamente mantido ou reintegrado na
posse carece de idoneidade financeira para, no caso de decair da ação,
responder por perdas e danos, o juiz determinará que a coisa litigiosa seja
depositada em juízo.
e) A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a
que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente
àquela, cujos requisitos estejam provados.

Comentários
A alternativa A está incorreta. De acordo com o art. 556, da Lei 13.105/15, é
lícita ao réu a atitude citada na alternativa.
Art. 556. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse,
demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação
ou do esbulho cometido pelo autor.

A alternativa B está incorreta. Segundo o art. 557, da referida Lei, na pendência


de ação possessória, é vedada a propositura de ação de reconhecimento do
domínio.

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Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor
ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira
pessoa.

A alternativa C está incorreta. Com base no art. 555, I, do NCPC, é possível ao


autor cumular ao pedido possessório com o de condenação em perdas e danos.
Art. 555. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:
I - condenação em perdas e danos;

A alternativa D está incorreta. O art. 559, do NCPC, estabelece que se o réu


provar que o autor provisoriamente mantido ou reintegrado na posse carece de
idoneidade financeira para, no caso de sucumbência, responder por perdas e
danos, o juiz determinará que a coisa litigiosa seja depositada em juízo.
Art. 559. Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou
reintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de sucumbência,
responder por perdas e danos, o juiz designar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para requerer
caução, real ou fidejussória, sob pena de ser depositada a coisa litigiosa, ressalvada a
impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente.

Por fim, a alternativa E está correta e é o gabarito da questão, pois é o que


dispõe o art. 554, da referida Lei.
Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz
conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos
estejam provados.

Questão 05 – CESPE/TRT8ªR – AJOAF – 2016


Antônio ajuizou contra Pedro execução civil de título extrajudicial no valor
de R$ 300.000. Para garantia do juízo, foi penhorado bem imóvel
pertencente a Pedro e sua esposa, Maria. Apesar de não ser parte da
execução, Maria foi intimada da penhora, conforme determinado pela
legislação processual.
Nessa situação hipotética, caso deseje tomar medida judicial com a única
finalidade de proteger sua meação referente ao bem penhorado, Maria deve
a) impetrar mandado de segurança, porque o CPC não prevê qualquer outro
mecanismo para sua defesa.
b) ingressar no processo como assistente simples de Pedro, demonstrando
seu interesse no feito.
c) se valer da modalidade de intervenção de terceiros denominada oposição.
d) oferecer embargos de terceiro, que serão analisados pelo mesmo juízo
que determinou a penhora.
e) aguardar o término da execução e, oportunamente, ingressar com ação
de nulidade da sentença.

Comentários
De acordo com o art. 674, caput, combinado com o § 2º, I, do NCPC, quem sofrer
constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais

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PROCESSO CIVIL - XXII EXAME DA OAB
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tenha direito, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de
embargos de terceiro. O cônjuge ou companheiro será considerado terceiro
quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação.
Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição
sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo,
poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro.
§ 2o Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:
I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação,
ressalvado o disposto no art. 843;

Ademais, o art. 676, prevê que os embargos serão analisados pelo juízo que
determinou a penhora.
Art. 676. Os embargos serão distribuídos por dependência ao juízo que ordenou a
constrição e autuados em apartado.

Assim, a alternativa D está correta e é o gabarito da questão.

Questão 06 – FCC/Prefeitura de São Luiz – MA – Procurador –


2016
Carolina ajuizou ação de manutenção de posse contra o Município alegando
ter sofrido esbulho há menos de ano e dia. Formulou, além da pretensão
possessória, pedido de condenação em perdas e danos. De acordo com o
Código de Processo Civil,
a) intentada manutenção de posse, ao invés de reintegração, deve o juiz
determinar a emenda da petição inicial, sob pena de indeferimento.
b) intentada manutenção de posse, ao invés de reintegração, deve o juiz
indeferir de plano a petição inicial.
c) a propositura de manutenção de posse, ao invés de reintegração, não
obsta que o juiz conheça desta e outorgue a respectiva proteção legal, se
provados os seus requisitos, podendo deferir liminar depois de ouvido o
poder público.
d) o pedido de condenação em perdas e danos é incompatível com o pedido
possessório.
e) não cabe ação de reintegração de posse contra o poder público.

Comentários
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. De acordo com o NCPC,
o pedido de manutenção de posse não obsta que o juiz conheça o pedido e
outorgue a proteção legal. Exige-se, contudo, que sejam provados os requisitos,
podendo o juiz deferir liminar depois de ouvido o poder público.
Além disso, conforme exposto no enunciado da questão. A cumulação de pedido
possessório com a condenação de perdas e danos é lícita.
Por fim, como a turbação ou esbulho ocorreu dentre de um ano e um dia, é
possível o procedimento de manutenção e de reintegração de posse.

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PROCESSO CIVIL - XXII EXAME DA OAB
teoria e questões
Aula 13 - Prof. Ricardo Torques

Vejamos os arts. 554, 555, inciso I e 558, todos do NCPC:


Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz
conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos
estejam provados.
Art. 555. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:
I - condenação em perdas e danos;
Art. 558. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da
Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do
esbulho afirmado na petição inicial.

Questão 07 – VUNESP – Prefeitura de Sertãozinho – SP –


Procurador Municipal – 2016
Angelo Augusto possui usufruto vitalício de uma casa e no retorno de uma
viagem de férias, que durou sete meses, soube por meio de vizinhos que
Argos Silva, sobrinho do proprietário, havia informado que passaria a morar
na residência, pois assim teria lhe prometido o proprietário do imóvel. Em
razão disso, Angelo Augusto propôs ação possessória pertinente. Porém,
antes do juiz apreciar a petição, enquanto estava novamente viajando por
uma semana a trabalho, Argos Silva entrou na residência, retirou os
pertences do morador e nela passou a residir. Diante disso, Angelo Augusto
deverá
a) desistir da ação de interdito proibitório anteriormente proposta,
ingressando com ação de manutenção de posse.
b) propor nova ação, visando ser reintegrado na posse do imóvel, que deve
ser distribuído por dependência à ação de manutenção de posse já proposta.
c) peticionar na ação de manutenção de posse já proposta, informando o
esbulho possessório e nos mesmos autos pleitear liminar de manutenção na
posse, podendo cumular pedido de condenação de Argos Silva em perdas e
danos.
d) desistir da ação de manutenção de posse anteriormente proposta,
ingressando com ação de reintegração de posse.
e) noticiar os novos fatos ao juiz na ação de interdito proibitório
anteriormente proposta e nos mesmos autos formular o pedido de
reintegração de posse.

Comentários
A questão trata sobre a fungibilidade das tutelas possessórias, prevista no art.
554, do NCPC.
Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz
conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos
estejam provados.

Angelo Augusto, ao ter sua posse ameaçada, ingressou com a ação possessória
pertinente. Vejamos o art. 567, da referida Lei.

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PROCESSO CIVIL - XXII EXAME DA OAB
teoria e questões
Aula 13 - Prof. Ricardo Torques

Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse
poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado
proibitório em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o
preceito.

Como Argos Silva entrou na residência, retirou os pertences de Angelo Augusto


e nela passou a residir, Angelo Augusto deverá noticiar os novos fatos ao juiz na
ação de interdito proibitório anteriormente proposta e nos mesmos autos
formular o pedido de reintegração de posse.
Portanto, a alternativa E está correta e é o gabarito da questão.

Questão 08 VUNESP/Câmara Municipal de Poá SP


Procurador Jurídico – 2016
Sobre os embargos de terceiro, assinale a alternativa correta.
a) O proprietário, sem posse, tem legitimidade para ajuizar, com
fundamento no direito de propriedade, embargos de terceiro.
b) Não são cabíveis para o credor com garantia real obstar alienação judicial
do objeto da hipoteca, penhor ou anticrese.
c) Podem ser opostos a qualquer tempo, desde que antes do trânsito em
julgado da ação que retira a posse do bem pertencente ao embargante.
d) O cônjuge não tem legitimidade para defender sua meação por meio de
embargos do devedor na constância do casamento.
e) O condômino que não for parte na ação possessória tem legitimidade ativa
para ingressar com embargos de terceiro.

Comentários
A alternativa A está incorreta. Conforme entendimento do STJ, o proprietário
sem posse a qualquer título não tem legitimidade para ajuizar, com fundamento
no direito de propriedade, embargos de terceiro.
Confira o julgado do STJ7:
RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO.
PROPRIETÁRIO SEM POSSE. CARÊNCIA DE AÇÃO. INADEQUAÇÃO DA DEFESA DO SEU
DIREITO. AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE E INTERESSE. PARALELA PROPOSITURA DE AÇÃO
REIVINDICATÓRIA. EXTINÇÃO DOS EMBARGOS.
1. Polêmica em torno da legitimidade ativa do proprietário sem posse a qualquer título para
o ajuizamento de embargos de terceiro.
2. Os embargos de terceiro constituem instrumento para a defesa pelo proprietário-
possuidor ou apenas possuidor de bem objeto de indevida constrição por ordem judicial.
3. Inexistência, no caso, de posse, a qualquer título, pelo proprietário embargante,
consoante prevê o art. 1.046 do CPC, apta a viabilizar o ajuizamento dos embargos de
terceiro.

7
REsp 1417620/DF, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, 3ª Turma, DJe 11/12/2014.

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PROCESSO CIVIL - XXII EXAME DA OAB
teoria e questões
Aula 13 - Prof. Ricardo Torques

4. Ato judicial atacado consistente em sentença prolatada em sede de ação de resolução de


contrato, cumulada com reintegração de posse, transitada em julgado.
5. Discussão, na ação originária, que se limitou à melhor posse entre os litigantes, não se
tendo, em momento algum, analisado o direito através do prisma do direito de propriedade.
6. Reconhecimento, de qualquer sorte, de que o embargante já teria ajuizado ação
reivindicatória para o mesmo fim.
7. Carência de ação mantida.
8. Ausência de similitude em relação aos acórdãos indicados como paradigmas para fins de
demonstração da divergência jurisprudencial.
9. Doutrina e jurisprudência acerca do tema.
10. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.

A alternativa B está incorreta. É considerado terceiro para fins de ajuizamento


dos embargos o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do
objeto de direito real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais
dos atos expropriatórios respectivos. Vejamos o §2º, IV, do art. 674, do NCPC.
§ 2o Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:
IV - o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real
de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios
respectivos.

A alternativa C está incorreta. De acordo com o art. 675, do NCPC, os embargos


podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não
transitada em julgado a sentença.
Art. 675. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento
enquanto não transitada em julgado a sentença e, no cumprimento de sentença ou no
processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação, da alienação por iniciativa
particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta.

A alternativa D está incorreta. Segundo o §2º, I, do art. 674, da Lei nº


13.105/15, é considerado terceiro para ajuizamento de embargos, o cônjuge ou
companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação.
§ 2o Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:
I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação,
ressalvado o disposto no art. 843;

A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. O STJ entende que


o condômino que não for parte na ação possessória tem legitimidade ativa para
ingressar com embargos de terceiro.

Questão 09 – FAU/Prefeitura de Chopinzinho – PR –


Procurador Municipal – 2016
Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com
efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida. Sobre a
consignação em pagamento, é correto afirmar EXCETO:
a) A consignação tem lugar se o credor não puder, ou, sem justa causa,
recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma.

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PROCESSO CIVIL - XXII EXAME DA OAB
teoria e questões
Aula 13 - Prof. Ricardo Torques

b) Requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento, cessando para o


devedor, tanto que se efetue o depósito, os juros e os riscos, salvo se for
julgada improcedente.
c) Tratando-se de prestações periódicas, uma vez consignada a primeira,
pode o devedor continuar a consignar, no mesmo processo e sem mais
formalidades, as que se forem vencendo, desde que os depósitos sejam
efetuados até 10 (dez) dias, contados da data do vencimento.
d) A ação de consignação em pagamento deverá ser proposta no local do
cumprimento da obrigação, salvo se houver eleição de foro.
e) A consignação em pagamento pode ser efetuada de modo extrajudicial,
tratando-se de obrigação em dinheiro. Poderá o devedor ou terceiro proceder
o depósito em casa bancária oficial, cientificando o credor por carta para
que, no prazo de 10 (dez) dias levante a referida quantia ou expressamente
manifeste o motivo da recusa.

Comentários
A alternativa A está correta. São dois grandes conjuntos de situações que
ensejam o cabimento da ação de consignação em pagamento. No caso da
alternativa temos a mora accipens – ou mora na aceitação – que ocorre nas
situações em que o credor não puder receber ou se recursar injustificadamente
a receber.
A alternativa B está correta, com base no art. 540, da referida Lei.
Art. 540. Requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento, cessando para o devedor,
à data do depósito, os juros e os riscos, salvo se a demanda for julgada improcedente.

A alternativa C está incorreta e é o gabarito da questão. De acordo com o art.


541, do NCPC, tratando-se de prestações sucessivas, consignada uma delas,
pode o devedor continuar a depositar, no mesmo processo e sem mais
formalidades, as que se forem vencendo, desde que o faça em até 5 (cinco) dias
contados da data do respectivo vencimento.
A alternativa D está correta. de acordo com o art. 540 do NCPC, a ação deve
ser ajuizada lugar do pagamento. Contudo, em prestígio à autonomia da vontade,
nada impede a eleição de foro entre as partes, muito embora haja prevalência do
foro do lugar do pagamento.
A alternativa E está correta, pois se refere ao §1º, do art. 539, da referida Lei.
§ 1o Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em
estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento,
cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10 (dez)
dias para a manifestação de recusa.

Questão 10 – VUNESP/Prefeitura de Suzano – SP – Procurador


Jurídico – 2015
Assinale a alternativa correta no que tange às ações possessória e
reivindicatória.

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PROCESSO CIVIL - XXII EXAME DA OAB
teoria e questões
Aula 13 - Prof. Ricardo Torques

a) A ação reivindicatória segue procedimento especial, regulado pelo vigente


Código de Processo Civil.
b) No procedimento especial de reintegração de posse, não se admite a
cumulação do pedido possessório com perdas e danos.
c) Na ação reivindicatória, não pode o réu alegar, em contestação, exceção
de domínio com fundamento na prescrição aquisitiva.
d) É vedado o liminar deferimento de reintegração de posse, inaudita altera
parte, contra as pessoas jurídicas de direito público.
e) Na ação reivindicatória, deve o autor comprovar sua posse anterior, sob
pena de indeferimento da petição inicial.

Comentários
A alternativa A está incorreta. A ação reivindicatória segue o rito do
procedimento ordinário e não procedimento especial, sem disciplina específica no
NCPC. A ação reivindicatória envolve a discussão do domínio e tem fundamento
no art. 1.228 do CC.
A alternativa B está incorreta. De acordo com o art. 555, da Lei nº 13.105/15,
é possível ao autor cumular pedidos possessórios.
Art. 555. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:
I - condenação em perdas e danos;
II - indenização dos frutos.

A alternativa C está incorreta. Não cabe oposição de conteúdo dominial em ação


possessória, porque nela o objeto do litígio é fundado na posse, e não no
domínio.
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão, conforme prevê o
parágrafo único, do art. 562, do NCPC.
Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a
manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes
judiciais.

A alternativa E está incorreta. Se o autor comprovar a posse anterior, ele tem


que optar por uma ação possessória e não por uma ação reivindicatória, que tem
natureza petitória.

Questão 11 – FAURG/TJ-RS - Juiz - 2016


Quincas, com base em simples prova oral documentada, propôs, em face da
Fazenda Pública, ação monitória destinada à tutela específica de obrigação
de não fazer, prevista em contrato administrativo. Isso posto, confrontando
o sistema do Código de Processo Civil de 1973 com o do Novo Código de
Processo Civil, instituído pela Lei nº 13.105/2015, assinale a alternativa
INCORRETA.
a) Em ambos os Códigos de Processo Civil, é possível o ajuizamento de ação
monitória contra a Fazenda Pública.

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PROCESSO CIVIL - XXII EXAME DA OAB
teoria e questões
Aula 13 - Prof. Ricardo Torques

b) O Código de 1973 não admite o ajuizamento de ação monitória para tutela


de obrigação de fazer ou não fazer, ao passo que o Novo Código o admite
expressamente.
c) Nenhum dos dois Códigos admite o ajuizamento de ação monitória com
base em prova oral documentada, exigindo-se a presença de prova escrita
da obrigação.
d) No Código de 1973 e no Novo Código, o mandado liminar expedido pelo
juiz tem natureza de tutela provisória antecipada, fundada na evidência do
direito subjetivo.
e) No Código de 1973, cumprindo o réu o mandado no prazo legal, ficará
isento de custas e honorários advocatícios, ao passo que, no Novo Código, o
cumprimento no prazo legal acarreta apenas a isenção de custas.

Comentários
Questão aprofundada, que coteja o CPC73 com o NCPC. Contudo, podemos
extrair conteúdos importantes ao analisar a questão. Além disso, é perfeitamente
possível identificar a alternativa incorreta apenas com o conhecimento da nova
codificação.
A alternativa A está correta, pois no CPC73 havia entendimento jurisprudencial
á luz daquela codificação que permitia o ajuizamento de ação monitória contra a
Fazenda Pública (Súmula STJ 339). No NCPC há regra expressa, o art. 700, §6º.
A alternativa B está correta, embora não admitido no CPC73 a possibilidade de
ajuizar ação monitória para obrigações de fazer e não fazer, o art. 700, III, do
NCPC, é expresso nesse sentido. Assim, tanto obrigações de pagar quantia, como
obrigações de entregar e de fazer ou não fazer são tuteladas por meio da ação
monitória se presentes os demais requisitos.
A alternativa C está incorreta, pois no NCPC há previsão expressa de que o
resultado de produção de prova antecipada, ainda que oral, poderá ser utilizado
como documento para fins de ajuizamento da ação monitória, conforme regra
expressa do art. 701, §1º.
Em ambos os códigos se admitia a antecipação da tutela. No caso do CPC73
falava-se em tutela provisória antecipada. No NCPC, o art. 701 prevê a
possibilidade de concessão de tutela provisória de urgência. Logo, correta a
alternativa D.
Correta a alternativa E. No NCPC temos apenas a redação dos honorários de
10% para 5% e a isenção de custas, ao passo que no CPC73 temos a isenção de
ambos.

Questão 12 – FUNRIO/Pref. Itupeva-SP - Procurador - 2016


Dentre os procedimentos especiais mantidos pelo Código de Processo Civil
de 2015 consta o monitório, tendo ocorrido inovação permitindo:
a) prova testemunhal no curso da ação monitoria para provar o alegado

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PROCESSO CIVIL - XXII EXAME DA OAB
teoria e questões
Aula 13 - Prof. Ricardo Torques

b) possibilidade de utilização para cumprimento de obrigação de fazer


c) aceitação de documento sem força de titulo executivo
d) possibilidade de cobrar entrega de coisas fungíveis
e) aceitar o cumprimento de obrigação de pagar

Comentários
A inovação que temos é a possibilidade de manejo da ação monitória para as
obrigações de fazer e de não fazer previstas no art. 700, III, do NCPC. Portanto,
a alternativa B é a correta e gabarito da questão.

Questão 13 – FUNRIO/Pref. Trindade-GO - Procurador - 2016


Em relação à ação monitória, assinale a alternativa que apresenta uma
proposição correta:
a) É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito.
b) A prova escrita hábil a instruir a ação monitória exige obrigatoriamente
ter sido emitida pelo devedor ou nela constar sua assinatura.
c) A nota fiscal, desacompanhada da prova do recebimento da mercadoria
ou da prestação do serviço, pode instruir a ação monitória.
d) É vedado ao credor, possuidor de título executivo extrajudicial, utilizar o
processo de conhecimento ou a ação monitória para a cobrança.
e) Não é considerada como prova escrita apta à instrução da ação monitória
todo e qualquer documento que sinalize o direito à cobrança e que seja hábil
a convencer o juiz da pertinência da dívida, independentemente de modelo
predefinido.

Comentários
Vejamos cada uma das alternativas.
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão, pois trata justamente do
que disciplina a Súmula STJ 299.
As alternativas B e E estão incorretas, pois de acordo com o Código a ação
monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova escrita
sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz. Não há
portanto a exigência de que seja emitida pelo devedor ou que conste a assinatura
do devedor.
A alternativa C está incorreta. Há entendimento no STJ no sentido de qu a nota
fiscal, acompanhada da prova do recebimento da mercadoria ou da prestação dos
serviços permite o ingresso com a ação monitória8. É justamente o contrário,
portanto, do afirmado na alternativa.

8
Precedentes: AgRg no AREsp 432078/RS, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA
TURMA, julgado em 20/02/2014, DJe 06/03/2014; REsp 882330/AL, Rel. Ministro SIDNEI

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PROCESSO CIVIL - XXII EXAME DA OAB
teoria e questões
Aula 13 - Prof. Ricardo Torques

A alternativa D está incorreta pois, de acordo com o art. 785, a existência de


título executivo extrajudicial não impede a parte de optar pelo processo de
conhecimento, a fim de obter título executivo judicial.

11 - Considerações Finais
Chegamos ao final de mais uma aula. Passamos a enxergar o final do curso!
Resta, entretanto, mais uma aula. Até lá!
Qualquer dúvida, estou à disposição no fórum do curso.
Ricardo Torques
rst.estrategia@gmail.com
https://www.facebook.com/dpcparaconcursos

BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 11/05/2010, DJe 26/05/2010; AgRg no Ag 1222057/SP,


Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 27/04/2010, DJe 11/05/2010;
REsp 778852/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 15/08/2006,
DJe 04/09/2006; REsp 1343571/BA (decisão monocrática), Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS
CUEVA, julgado em 05/12/2013, DJe 06/02/2014; REsp 1255468/RS (decisão monocrática), Rel.
Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, julgado em 15/02/2013, DJe 20/02/2013.

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