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teoria e questões
Aula 13 - Prof. Ricardo Torques
AULA 13
PROCEDIMENTOS
ESPECIAIS
Sumário
1 - Considerações Iniciais ................................................................................................. 3
2 - Introdução ao Estudo dos Procedimentos Especiais ......................................................... 3
2.1 - Processo versus procedimento ............................................................................... 3
2.2 - Modelos de processo nos procedimentos específicos ................................................. 5
2.3 - Fungibilidade dos procedimentos ............................................................................ 6
2.4 - Tipicidade, déficit e flexibilização procedimental ....................................................... 8
3 - Ação de Consignação em Pagamento ............................................................................ 9
3.1 - Hipóteses de cabimento ........................................................................................ 9
3.2 - Obrigações consignáveis ..................................................................................... 10
3.3 - Consignação extrajudicial .................................................................................... 11
3.4 - Consignação judicial ........................................................................................... 14
4 - Ação de Exigir Contas ............................................................................................... 21
5 - Ações Possessórias ................................................................................................... 24
5.1 - Introdução ........................................................................................................ 24
5.2 - Disposições Gerais ............................................................................................. 27
5.3 - Manutenção e da Reintegração de Posse ............................................................... 33
5.4 - Ação possessória em conflitos coletivos por imóvel ................................................. 36
5.5 - Interdito Proibitório ............................................................................................ 39
6 - Inventário e partilha ................................................................................................. 41
6.1 - Disposições Gerais ............................................................................................. 42
6.2 - Legitimidade para Requerer o Inventário ............................................................... 44
6.3 - Inventariante e das Primeiras Declarações ............................................................ 45
6.4 - Citações e Impugnações ..................................................................................... 53
6.5 - Avaliação e Cálculo do Imposto ............................................................................ 55
6.6 - Colações ........................................................................................................... 56
6.7 - Pagamento das Dívidas ....................................................................................... 57
6.8 - Partilha ............................................................................................................. 60
6.9 - Arrolamento ...................................................................................................... 66
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
1 - Considerações Iniciais
Em nosso 14º encontro vamos estudar os Procedimentos Especiais previstos no
NCPC. Não traremos todos os procedimentos, pois não seria adequado para uma
preparação rápida para a OAB. Traremos os procedimentos mais incidentes,
aqueles que você não pode deixar de estudar.
Bons estudos!
O art. 139, VI, do NCPC, é uma cláusula geral que se aplica a qualquer processo
e a qualquer tipo de procedimento e permite ao juiz, dentro da ideia de
adaptação, ampliar prazos e inverter a ordem de produção de provas.
Essa flexibilização é mitigada porque o juiz não pode efetuar a adaptabilidade em
qualquer situação, mas apenas no caso de ampliação de prazos e inversão da
ordem de produção de provas.
O art. 190, do NCPC, por sua vez, estabeleceu a flexibilidade de procedimento e
de convenções processuais sobre situações jurídicas.
Assim, desde que as partes sejam plenamente capazes e desde que o direito em
debate seja auto componível (admita-se composição), é possível que as partes
promovam convenções processuais sobre situações jurídicas, ou flexibilização
voluntária do procedimento.
Temos, portanto, uma cláusula geral para as partes fixarem negócios jurídicos
processuais em quaisquer tipos de relação jurídica processual e procedimentais.
Questiona-se:
Existem limites às convenções processuais pelas partes?
São dois grupos de limites.
O primeiro deles envolve os chamados limites específicos, quais sejam: a) partes
capazes; e b) direito que permita a autocomposição. Esses limites estão
expressos do art. 190, do NCPC.
O segundo grupo de limites envolve limitações de direito material ao negócio
jurídico. São quatro requisitos exigidos para todo e qualquer negócio jurídico: a)
agente capaz; b) objeto lícito; c) forma prescrita ou não defesa em lei; e d)
autonomia da vontade.
Essas mitigações processuais e procedimentais – seja pelo juiz, pela no exercício
da autonomia das partes – poder ser aplicada aos procedimentos especiais.
Vamos começar o nosso estudo pelas situações nas quais será possível se valer
dessa ação específica.
1
MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo
Civil Comentado, 2ª edição, rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016,
p. 676.
cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10 (dez)
dias para a manifestação de recusa.
Nessas três situações, desde que dentro das hipóteses de cabimento estudadas
no início, a ação de consignação em pagamento será realizada judicialmente.
O art. 540, do NCPC, estabelece a regra de competência da ação de consignação
em pagamento. A parte deve propor a ação no lugar do pagamento, conforme
convencionado pelas partes.
Por exemplo, se a obrigação tem por objeto imóvel, natural que estabelecem que
o pagamento no local de situação do bem. Neste foro, portanto, deverá ser
ajuizada a ação.
Além disso, esse art. 540, do NCPC, traz outra regra importante.
A partir do momento em que é efetuado o depósito, consideram-se cessados
juros e riscos para o devedor. Isso ocorre porque o devedor destacou o bem o
valor devido para pagamento a dívida, alegando que não consegue efetuar o
pagamento, seja porque o credor não quer receber, seja porque há dúvidas em
relação a quem deve efetivamente pagar ou entregar a coisa.
Apenas se a ação for julgada improcedente, esses juros e eventuais riscos não
cessarão. Dito de outra forma, se o consignante (devedor) obtiver uma sentença
que seja pela improcedência, responderá pela correção monetária, juros e
A alternativa D está incorreta. Com base no caput do art. 546, do NCPC, julgado
procedente o pedido, o juiz declarará extinta a obrigação e condenará o réu ao
pagamento de custas e honorários advocatícios.
Sigamos!
O art. 545, do NCPC, trata da alegação pelo réu (credor e consignado) de
insuficiência do depósito.
Uma vez apresentada a contestação, contestando o valor depositado e indicando
o réu o valor que entende devido, o juiz irá determinar a intimação do autor para
completar o valor do depósito no prazo de 10 dias.
O autor poderá complementar o valor ou sustentar que o montante depositado é
o efetivamente devido. Nesse caso, o réu poderá efetuar o levantamento do valor
incontroverso.
Na sentença, o juiz irá avaliar se o valor depositado está ou não de acordo com
o valor devido.
Veja:
Art. 545. Alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá-lo, EM 10
(DEZ) DIAS, SALVO se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a
rescisão do contrato.
§ 1o No caso do caput, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa
depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo
quanto à parcela controvertida.
§ 2o A sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que
possível, o montante devido e valerá como título executivo, facultado ao credor promover-
lhe o cumprimento nos mesmos autos, após liquidação, se necessária.
Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão, pois é o que dispõe o
art. 545, §1º, do NCPC:
Art. 545. Alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá-lo, em 10 (dez)
dias, salvo se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do
contrato.
§ 1o No caso do caput, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada,
com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela
controvertida.
Sintetizando...
sentença essa ameaça pode ter progredido para uma turbação ou, inclusive, um
esbulho.
Logo, o art. 554, do NCPC, estabelece a fungibilidade das ações
possessórias.
Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra NÃO obstará a que o
juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos
pressupostos estejam provados.
Em relação aos §§ do art. 554, do NCPC, voltaremos a falar deles mais adiante!
Vejamos uma questão sobre esse assunto:
Comentários
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. O art. 554, do NCPC, faz
referência ao princípio da fungibilidade. Ou seja, uma ação proposta no lugar de
outra cabível poderá ser conhecida pelo Juízo. Vejamos:
Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz
conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos
estejam provados.
Cumulação de pedidos
Esse assunto está disciplinado no art. 555, do NCPC. O NCPC estabelece uma
regra própria de cumulação de pedidos que está no art. 327, do NCPC, ao falar
que a parte pode cumular, em um mesmo processo, mais de uma ação ou pedido.
Para que isso possa ocorrer é necessário observar três requisitos: a) a
compatibilidade de pedidos; b) a competência do juízo; e c) a compatibilidade
procedimental.
O dispositivo abaixo é uma exceção ao art. 327, pois se admite a cumulação de
pedidos diversos sem perder o rito especial. Isso é importante, pois a parte não
perde a possibilidade de requerer a tutela de evidência na forma do art. 558 e
561, ambos do NCPC.
Art. 555. É LÍCITO ao autor cumular ao pedido possessório o de:
I - condenação em perdas e danos;
Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado
em caso de esbulho.
Sigamos!
O art. 559, do NCPC, trata da caução, que poderá ser determinada pelo
magistrado caso o réu faça prova de que o autor, caso mantido na posse, não
tem condições financeiras de arcar com a sucumbência do processo. Assim, antes
de garantir a tutela de evidência, poderá determinar que, no prazo de 5 dias, o
autor preste caução suficiente.
Essa caução apenas não será devida se o autor for economicamente
hipossuficiente.
Art. 559. Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido
ou reintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de
sucumbência, responder por perdas e danos, o juiz designar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias
para requerer caução, real ou fidejussória, sob pena de ser depositada a coisa litigiosa,
ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente.
De todo modo, não será possível o registro dessa propriedade caso haja
reconhecimento da usucapião. Dito de outro modo, a transferência formal da
propriedade para o réu que foi acionado em ação possessória irá exigir que ele
ingresse com uma ação própria de usucapião.
A ação não deixa de ter o caráter possessório, contudo, observará o rito comum.
Em síntese...
➢ a turbação ou o esbulho;
➢ a data da turbação ou do esbulho; e
➢ o pedido de cessação da turbação ou reintegração no caso de esbulho.
Confira:
Art. 561. Incumbe ao autor provar:
I - a sua posse;
II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
III - a data da turbação ou do esbulho;
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da
posse, na ação de reintegração.
Comentários
A alternativa A está incorreta. De acordo com o art. 554, do NCPC, a propositura
de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do
pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos
estejam provados.
A alternativa B está incorreta. Segundo o art. 555, I, da referida Lei, é lícito ao
autor cumular ao pedido possessório o de condenação em perdas e danos.
Sigamos!
O art. 562, retoma a regra que vimos acima acerca do rito especial da ação de
manutenção ou reintegração de posse. Se ajuizada dentro do prazo de um ano e
um dia, a contar da violação do direito possessório, temos a possibilidade de
concessão da tutela liminar.
Importante destacar que, de acordo com o parágrafo único do art. 562, do NCPC,
não será possível a concessão dessa tutela quando no polo passivo da demanda
estiver pessoa jurídica de direito público, tal como a União, um Estado membro
da federação ou Município.
Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, O JUIZ DEFERIRÁ, SEM
OUVIR O RÉU, A EXPEDIÇÃO DO MANDADO LIMINAR DE MANUTENÇÃO OU DE
REINTEGRAÇÃO, caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o
alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada.
Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público NÃO será deferida a
manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos
representantes judiciais.
Fique atento! O art. 562, do NCPC, exige que a petição inicial esteja
suficientemente instruída para que a liminar inauditera altera pars (sem oitiva da
parte contrária seja concedida) seja concedida. Assim, além de ser observado o
prazo de um ano de um dia, a parte deve apresentar documentos robustos do
direito que pretende tutela judicial.
Em face disso, e também devido às consequências que a concessão da tutela de
evidência representam, o magistrado poderá ao invés de conceder diretamente
a tutela, determinar a intimação da parte autora para esclarecimentos.
Prestadas as informações, se o juiz considerar suficiente a justificação,
determinará a expedição do mandado de manutenção da posse (para o caso de
turbação) ou de reintegração (para o caso de esbulho).
É o que estabelece o art. 563, do NCPC:
Art. 563. Considerada suficiente a justificação, o juiz fará logo expedir mandado de
manutenção ou de reintegração.
Confira:
§ 1o No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de
pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no
local e a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do
Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da
Defensoria Pública.
§ 2o Para fim da citação pessoal prevista no § 1o, o oficial de justiça procurará os
ocupantes no local POR UMA VEZ, citando-se por edital os que não forem encontrados.
§ 3o O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista
no § 1o e dos respectivos prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em
jornal ou rádio locais, da publicação de cartazes na região do conflito e de outros meios.
Ainda em relação ao §2º do art. 554, do NCPC, é importante deixar claro que a
tentativa de citação pessoal pelo oficial de justiça ocorrerá por uma única vez.
Caso não seja possível citar todos, os demais serão comunicados da forma ficta
por edital.
Uma vez integrados os réus à lide, temos que analisar a higidez das alegações
(se a petição inicial está suficientemente instruída) e se a turbação ou esbulho
ocorreram há mais de ano de dia.
Se for em período inferior a ano e dia, temos a possibilidade de concessão de
tutela de evidência. Por outro lado, se superior a esse período, aplicamos o art.
565, do NCPC, regra visando à autocomposição.
Esse dispositivo determina que, nas ações possessórias que ocorreram há mais
de um ano e dia, o juiz não poderá determinar a reintegração de posse antes de
efetuar a audiência de medição.
Art. 565. No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação
afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de
apreciar o pedido de concessão da medida liminar, deverá designar audiência de
mediação, a realizar-se em ATÉ 30 (TRINTA) DIAS, que observará o disposto nos §§ 2oe
4o.
Comentários
A alternativa A está incorreta. A inspeção judicial não é um requisito para
concessão de liminar em possessórias, mas sim uma discricionariedade do juiz.
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Cabe concessão sem
ouvir o réu se a petição já trouxer provas indiscutíveis para deferimento da
medida.
A alternativa C está incorreta. A audiência prévia ou de justificação não é
obrigatória.
A alternativa D está incorreta. Não é obrigatória a presença do MP em ações
possessórias.
3
MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo
Civil Comentado, 2ª edição, rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016,
p. 705.
Comentários
A alternativa A está incorreta. O ajuizamento equivocado de uma em lugar da
outra não gera indeferimento inicial.
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. O marco para a
contestação é a decisão que defere ou não a medida cautelar.
A alternativa C está incorreta. O pedido possessório pode ser cumulado com
outros pedidos.
6 - Inventário e partilha
O procedimento especial de inventário e partilha está disciplinado a partir do art.
610 até o art. 673, do NCPC. São 64 dispositivos, com diversas regras. Algumas
delas podemos “apenas” ler (sempre com a devida atenção), outras exigem um
esforço maior para a correta interpretação.
O direito sucessório no Brasil observa o princípio da saisine, segundo o qual com
o falecimento toda a herança é transmitida aos herdeiros de forma automática.
Essa transmissão se dá, em um primeiro momento, para o espólio, pois os bens
e direitos se encontram indistintos e precisam ser individualizados. Assim, forma-
se o espólio, entidade sem personalidade jurídica que será administrada pelo
inventariante ou pelos herdeiros.
Ainda em relação a essas noções introdutórias, pergunta-se:
Qual a diferença entre inventário e partilha?
O inventário constitui a relação de bens de determinada pessoa, descrevendo-os
e individualizando-os em relação ao conjunto. A partilha envolve a divisão desses
bens entre os sucessores.
Nesse contexto, conforme explicita a doutrina4 ao procedimento de inventário e
partilha interessa apenas a sucessão ‘causa mortis’, seja legítima ou
testamentária, seja a título singular ou universal.
Vamos compreender bem essa informação!?
A sucessão de bens pode ocorrer por ato inter vivos, por intermédio de um
contrato de doação, ou causa mortis, quando há sucessão na titularidade dos
direitos e obrigações que compunham o seu patrimônio.
Essa sucessão causa mortis pode ser legítima, quando são chamados a suceder
aqueles indicados no Código Civil, ou testamentária, quando o sucedido indica
em testamento os sucessores.
Além disso, a sucessão causa mortis pode ocorrer a título singular quando
envolver determinados bens (legado) ou a universalidade de bens do patrimônio
do falecido (herança).
Serão essas as espécies e as formas de sucessão que estudaremos ao longo deste
capítulo.
4
DONIZETTI, Elpídio. Curso Didático de Direito Processual Civil. 19ª edição, rev. e atual.,
São Paulo: Editora Atlas S/A, 2016, p. 890.
5
Por exemplo, REsp. 1.055.633/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ 21/10/2008.
Para a prova...
Sigamos!
Com isso encerramos o estudo da primeira parte do procedimento de inventário
e partilha.
Em síntese, vimos que com o falecimento deve ser instaurado o procedimento no
prazo de 20 dias por aquele que detiver a posse ou administração dos bens ou
pelos demais legitimados previstos no art. 616, do NCPC.
Quem estiver na posse será o administrador provisório até que o juiz efetive a
nomeação do inventariante que observa uma ordem legal para investidura na
função, descrita no art. 617, do NCPC.
6.6 - Colações
Do art. 639 ao 641, todos do NCPC, temos a disciplina das colações. Esse
procedimento é disciplinado no Direito Civil, a partir do art. 2.002 a 2.012, do
Código Civil.
Para fins do estudo de Direito Processual Civil cumpre conhecer o conceito do
instituto e suas linhas gerais.
A colação é o instrumento por intermédio do qual os herdeiros necessários
indicam os bens que receberam por doação inter vivos do falecido. Assim, se o
cônjuge ou filho recebeu ao longo da vida bens deverá indicá-los para que sejam
computados no cálculo do inventário e da partilha.
Esse deve se estender apenas aos herdeiros necessários, ou seja, aplica-se
apenas aos descendentes e ao cônjuge a fim de que não haja violação da regra
mínima a que tem direito esses herdeiros, a denominada legítima.
Em face disso, serão convocados para indicar os bens ou, ao menos, o valor que
fora doado em vida, conforme estabelece o art. 639, do CC:
Art. 639. No prazo estabelecido no art. 627, o herdeiro obrigado à colação conferirá
por termo nos autos ou por petição à qual o termo se reportará os bens que
recebeu ou, se já não os possuir, trar-lhes-á o valor.
Parágrafo único. Os bens a serem conferidos na partilha, assim como as acessões e as
benfeitorias que o donatário fez, calcular-se-ão pelo valor que tiverem ao tempo da abertura
da sucessão.
Caso haja impugnação pela sonegação da colação, ou seja, pela não indicação de
bens doados em vida que não foram indicados, haverá instauração de incidente
que será decidido pelo juiz, após oitiva das partes no prazo de 15 dias.
Contudo, caso seja necessária produção de provas – para além das informações
documentais trazidas nos autos – tal matéria será discutida em processo pelo rito
comum.
A diferença do art. 644 para as dívidas vencidas é que nas dívidas vencidas, se
os herdeiros não concordarem, haverá a instauração de processo pelo rito comum
com reserva dos bens. No caso de dívida ainda não vencida, se não concordarem
os herdeiros, o credor deverá aguardar o vencimento.
Para a prova...
A alternativa C está incorreta. De acordo com o art. 616, VII e VIII, da Lei nº
13.105/15, o Ministério Público e a Fazenda Pública possuem legitimidade
concorrente para requerer a abertura do inventário judicial por ocasião do
falecimento de Márcio.
Art. 616. Têm, contudo, legitimidade concorrente:
VII - o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes;
VIII - a Fazenda Pública, quando tiver interesse;
A alternativa D está incorreta. Segundo o art. 616, VI, da referida Lei, o credor
de Antonieta tem legitimidade concorrente para requerer a abertura do inventário
judicial.
Art. 616. Têm, contudo, legitimidade concorrente:
VI - o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança;
Sigamos!
Confira, ainda, os arts. 645 e 646, do NCPC:
Art. 645. O legatário é parte legítima para manifestar-se sobre as dívidas do espólio:
I - quando TODA a herança for dividida em legados;
II - quando o reconhecimento das dívidas importar redução dos legados.
Art. 646. Sem prejuízo do disposto no art. 860, é lícito aos herdeiros, ao separarem bens
para o pagamento de dívidas, autorizar que o inventariante os indique à penhora no
processo em que o espólio for executado.
6.8 - Partilha
A partir do momento que temos o inventário dos bens, com a descrição
minudenciada de todos os bens e a definição do cálculo do imposto devido é
possível passar à partilha.
Antes disso, temos que considerar as colações e o pagamento de dívidas, na
forma como estudamos acima. Após, os herdeiros poderão requerer o valor que
lhe é devido (pedido de quinhão) no prazo de 15 dias.
De acordo com o art. 647, do NCPC, o juiz poderá deferir antecipadamente aos
herdeiros o exercício do direito de usar e fruir do bem até a efetiva transferência.
Veja:
I - dívidas atendidas;
II - meação do cônjuge;
III - meação disponível;
IV - quinhões hereditários, a começar pelo coerdeiro mais velho.
Para que você compreenda o art. 651, do NCPC, é necessário que façamos
algumas considerações acerca do casamento. Não vamos aprofundar o conteúdo,
pois é assunto de Direito Civil, contudo, alguns conceitos são pressuposto para o
estudo do direito processual.
Inventariado o conjunto de bens do espólio, resolvidas as impugnações,
habilitados os credores, pagos os impostos, chegamos à partilha.
Para a partilha, devemos investigar se o falecido era casado e, se casado, em
que regime de bens. O regime de bens é fundamental para determinação da
meação.
A meação nada mais é do que parte dos bens do casal que cabe ao cônjuge e
que, portanto, não integra a herança. O patrimônio do casal é considerado
comum ao casal. Com o falecimento de um deles, naturalmente, o cônjuge
sobrevivente tem direito a metade de todos os bens.
A delimitação desses bens depende do regime do casamento. Assim, atenção!
Se o casamento se der em regime de separação absoluta, não há patrimônio em comum
e, portanto, não há meação.
Se o casamento se der em regime de comunhão parcial, os bens adquiridos na
constância do casamento serão considerados bens do casal e, portanto, com o falecimento
de um deles, o cônjuge sobrevivente terá direito à metade desses bens comuns. Quanto
aos bens anteriores ao casamento de propriedade do cônjuge sobrevivente, eles não
integram a meação.
Se o casamento se der em regime de comunhão total, todos os bens anteriores ou
adquiridos ao longo da união serão considerados para fins da meação.
Com base nessas normas, o art. 651, do NCPC, estabelece a ordem que deve ser
observada para a distribuição dos bens.
Primeiramente serão desconsideradas as dívidas do falecido, que serão
descontadas do conjunto patrimonial de bens.
Após, vamos analisar se há cônjuge e se, em razão do regime de casamento, há
meação. Descontada a metade a que tem direito o cônjuge sobrevivente
chegaremos ao montante da meação disponível para ser distribuída entre os
herdeiros.
Esse valor restante será distribuído entre os herdeiros,
inclusive o cônjuge, ainda que tenha recebido a meação.
Portanto, não confunda a meação com a herança. A
meação não faz parte da herança. Além disso, o
cônjuge, ainda que receba a meação, terá direito à herança em
concorrência com os demais herdeiros.
Após a confecção do esboço da partilha, os interessados serão intimados para se
manifestar no prazo comum de 15 DIAS.
Art. 652. Feito o esboço, as partes manifestar-se-ão sobre esse no prazo comum de
15 (quinze) dias, e, resolvidas as reclamações, a partilha será lançada nos autos.
Parágrafo único. Os bens mencionados nos incisos III e IV serão reservados à sobrepartilha
sob a guarda e a administração do mesmo ou de diverso inventariante, a consentimento da
maioria dos herdeiros.
Art. 670. Na sobrepartilha dos bens, observar-se-á o processo de inventário e de partilha.
Parágrafo único. A sobrepartilha correrá nos autos do inventário do autor da herança.
cumulação de inventários:
Art. 672. É LÍCITA a cumulação de inventários para a partilha de heranças de pessoas
diversas quando houver:
I - identidade de pessoas entre as quais devam ser repartidos os bens;
II - heranças deixadas pelos dois cônjuges ou companheiros;
III - dependência de uma das partilhas em relação à outra.
Parágrafo único. No caso previsto no inciso III, se a dependência for parcial, por haver
outros bens, o juiz pode ordenar a tramitação separada, se melhor convier ao interesse das
partes ou à celeridade processual.
Art. 673. No caso previsto no art. 672, inciso II, prevalecerão as primeiras declarações,
assim como o laudo de avaliação, salvo se alterado o valor dos bens.
7 - Embargos de Terceiro
Os embargos de terceiro constituem espécie de ação que tem por finalidade
impedir ou livrar a constrição de bem que esteja na posse ou propriedade de
terceiro.
Por exemplo, alguém alheio ao processo judicial sobre a penhora de algum bem
em razão de uma ação de execução envolvendo outras pessoas. Nesse caso, a
fim de proteger a sua esfera jurídico-patrimonial, admite-se o ajuizamento da
ação de embargos de terceiro.
Assim, para ajuizamento dos embargos:
não pode ser parte no processo (terceiro); e
sofreu constrição ou ameaça de constrição em bens sobre os quais tem direito.
Veja:
Art. 674. Quem, NÃO sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de
constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com
o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos
de terceiro.
§ 1o Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou
possuidor.
O §2º esclarece quem poderá ser considerado terceiro e, portanto, quem são os
possíveis legitimados ativos para a ação:
a insolvência do réu;
que o título que concede o direito real é nulo ou não vincula terceiros;
que a coisa dada em garantia é outra e não a coisa litigiosa.
Confira:
Art. 680. CONTRA OS EMBARGOS DO CREDOR COM GARANTIA REAL, o embargado
somente poderá alegar que:
I - o devedor comum é insolvente;
II - o título é nulo ou não obriga a terceiro;
III - outra é a coisa dada em garantia.
Para encerrar a análise dessa ação especial, veja o art. 681, do NCPC:
Art. 681. Acolhido o pedido inicial, o ato de constrição judicial indevida será
cancelado, com o reconhecimento do domínio, da manutenção da posse ou da reintegração
definitiva do bem ou do direito ao embargante.
8 - Ação Monitória
Em relação à ação monitória temos quatro dispositivos. Essa modalidade de
procedimento especial é utilizada para pretender a cobrança ou a exigência de
alguma obrigação em face de um título executivo extrajudicial sem eficácia
executiva.
Sobre a finalidade da ação monitória é importante conhecer o entendimento
doutrinário6:
O legislador infraconstitucional concebe o procedimento monitório como técnica destinada
a propiciar a aceleração da realização dos direitos e assim como instrumento capaz de evitar
o custo inerente à demora do procedimento comum. Partindo da premissa de que um direito
evidenciado mediante prova escrita em regra deve sofrer contestação, o procedimento
monitório objetiva, através da inversão do ônus de instaurar a discussão a respeito da
existência ou inexistência do direito, desestimular as defesas infundadas e permitir a tutela
do direito sem as delongas do procedimento comum.
6
MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo
Civil Comentado, 2ª edição, rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016,
p. 781.
Comentários
Constitui requisito exigido para a propositura da ação monitória prova escrita pré-
constituída sem eficácia de título executivo. Vejamos o art. 700, do NCPC:
Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova
escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz:
§ 11. O juiz condenará o réu que de má-fé opuser embargos à ação monitória ao
pagamento de multa de ATÉ DEZ POR CENTO SOBRE O VALOR ATRIBUÍDO À CAUSA,
em favor do autor.
Comentários
A alternativa A está incorreta. De acordo com o art. 700, III, do NCPC, o
cumprimento de obrigação de fazer pode, sim, constituir o objeto da ação
monitória.
Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova
escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz:
III - o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer.
9 – Questões OAB
Questão – FGV/OAB – Exame de Ordem-XXI – Primeira Fase –
2016
Pedro, munido de documento comprobatório de vínculo jurídico de prestação
de serviço com Carlos e, esgotadas todas as possibilidades consensuais para
tentar exigir o cumprimento da obrigação, promove ação observando o rito
especial monitório.
Citado, Carlos oferece embargos, apontando em preliminar, que o rito da
ação monitória não é adequado para pleitear cumprimento de obrigação de
fazer e, no mérito, alega exceção de contrato não cumprido. Oferta, ainda,
reconvenção, cobrando os valores supostamente devidos.
Diante da situação hipotética, sobre os posicionamentos adotados por
Carlos, assinale a afirmativa correta.
a) A preliminar apontada por Carlos nos embargos deve ser acolhida, pois é
vedado pleitear cumprimento de obrigação de fazer por intermédio de ação
monitória.
b) A reconvenção deve ser rejeitada, em virtude do descabimento dessa
forma de resposta em ação monitória.
c) A preliminar indicada por Carlos não deve prosperar, tendo em vista que
é possível veicular em ação monitória cumprimento de obrigação de fazer.
d) A forma correta de oferecer defesa em ação monitória é via contestação,
sendo assim, os embargos ofertados por Carlos devem ser rejeitados.
Gabarito: C
Gabarito: D
Gabarito: B
a) Por ser o réu o credor, ainda que não ofereça contestação, não estará
sujeito aos efeitos da revelia, caso em que haverá procedência do pedido e
extinção da obrigação, devendo arcar com as custas e os honorários de
sucumbência.
b) Alegado em contestação que o depósito não é integral, o autor poderá
completá-lo, salvo se o inadimplemento acarretou a rescisão contratual, mas
o réu ficará impedido de levantar o valor ou coisa depositada até que a
sentença conclua acerca da parcela controvertida.
c) Na contestação o réu poderá alegar que foi justa a recusa e que o depósito
não é integral, e, na segunda hipótese, tal argumento somente será
admissível se o réu indicar o montante que entende devido.
d) Caso o objeto da prestação seja coisa indeterminada e a escolha couber
ao credor, será citado para exercer o direito no prazo legal e, em vez de
contestar, receber e dar quitação, a obrigação será extinta, sem condenação
em custas e honorários.
Gabarito: C
Gabarito: D
Gabarito: B
Gabarito: B
Gabarito: A
Gabarito: A
Gabarito: C
Gabarito: B
Gabarito: A
10 - Questões extras
Questão 01 – FUNDATEC/Prefeitura de Porto Alegre – RS –
Procurador – 2016
Um grupo de pessoas sem-teto invadiu um terreno pertencente ao Município
que, para recuperar a posse integralmente excluída do imóvel, ajuizou, após
seis meses, ação de manutenção de posse, devidamente acompanhada de
prova da posse, do esbulho e da data de sua ocorrência. Foi requerida a
concessão de medida liminar. Considerando as disposições do Código de
Processo Civil (Lei nº 13.105/15), no que concerne às ações possessórias,
ao receber a inicial, o Juiz deverá:
a) Conhecer o pedido e deferir, após audiência de conciliação, a tutela
antecipatória, se presentes os seus requisitos.
b) Indeferir a petição inicial, por inadequação da via eleita, diante do longo
lapso temporal decorrido.
c) Conhecer o pedido como de reintegração de posse e deferir, sem a oitiva
dos réus, a expedição de mandado liminar de reintegração de posse.
d) Indeferir a petição inicial, por inadequação da via eleita, diante do não
cabimento de ação de manutenção de posse no caso.
e) Conhecer o pedido como de reintegração e designar audiência de
conciliação, tendo em vista o não cabimento de liminar, sem oitiva dos réus,
quando for parte a Fazenda Pública.
Comentários
O conflito coletivo de posse tem disciplina específica nos §§ do art. 554 e no art.
565, ambos do NCPC.
Da leitura desses dispositivos, você deve extrair que a ação poderá ser ajuizada,
com a citação de todos os que estiverem no local. Além disso, participarão do
processo o MP e a Defensoria Pública.
Comentários
A questão exige o conhecimento do art. 565, do NCPC. Vamos analisar cada uma
das alternativas.
A alternativa A está incorreta. De acordo com o art. 565, caput, a data do
esbulho ou turbação é relevante para a concessão do pedido de medida liminar.
Lembre: se inferior ou igual a um ano e um dia, concede-se a limitar; se superior
a um ano e um dia, designa-se audiência de mediação.
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão, com base no §5º, do
dispositivo abaixo citado:
§ 5o Aplica-se o disposto neste artigo ao litígio sobre propriedade de imóvel.
A alternativa D está incorreta. Conforme o §4º, do art. 565, nos litígios coletivos
pela posse de imóvel, a intervenção destes órgãos não é obrigatória, mas sim
facultativa.
§ 4o Os órgãos responsáveis pela política agrária e pela política urbana da União, de Estado
ou do Distrito Federal e de Município onde se situe a área objeto do litígio poderão ser
intimados para a audiência, a fim de se manifestarem sobre seu interesse no processo e
sobre a existência de possibilidade de solução para o conflito possessório.
Comentários
A alternativa A está incorreta. Segundo o art. 565, caput, do NCPC, no litígio
coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação afirmado na
petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de apreciar o
pedido de concessão da medida liminar, deverá designar audiência de mediação,
a realizar-se em até trinta dias. Note que o único erro é falar em “há menos de
ano e dia”.
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão, pois reproduz o §1º, do
art. 554, da referida Lei.
§ 1o No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas,
serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por
edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver
pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública.
Comentários
A alternativa A está incorreta. De acordo com o art. 556, da Lei 13.105/15, é
lícita ao réu a atitude citada na alternativa.
Art. 556. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse,
demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação
ou do esbulho cometido pelo autor.
Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor
ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira
pessoa.
Comentários
De acordo com o art. 674, caput, combinado com o § 2º, I, do NCPC, quem sofrer
constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais
tenha direito, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de
embargos de terceiro. O cônjuge ou companheiro será considerado terceiro
quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação.
Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição
sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo,
poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro.
§ 2o Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:
I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação,
ressalvado o disposto no art. 843;
Ademais, o art. 676, prevê que os embargos serão analisados pelo juízo que
determinou a penhora.
Art. 676. Os embargos serão distribuídos por dependência ao juízo que ordenou a
constrição e autuados em apartado.
Comentários
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. De acordo com o NCPC,
o pedido de manutenção de posse não obsta que o juiz conheça o pedido e
outorgue a proteção legal. Exige-se, contudo, que sejam provados os requisitos,
podendo o juiz deferir liminar depois de ouvido o poder público.
Além disso, conforme exposto no enunciado da questão. A cumulação de pedido
possessório com a condenação de perdas e danos é lícita.
Por fim, como a turbação ou esbulho ocorreu dentre de um ano e um dia, é
possível o procedimento de manutenção e de reintegração de posse.
Comentários
A questão trata sobre a fungibilidade das tutelas possessórias, prevista no art.
554, do NCPC.
Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz
conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos
estejam provados.
Angelo Augusto, ao ter sua posse ameaçada, ingressou com a ação possessória
pertinente. Vejamos o art. 567, da referida Lei.
Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse
poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado
proibitório em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o
preceito.
Comentários
A alternativa A está incorreta. Conforme entendimento do STJ, o proprietário
sem posse a qualquer título não tem legitimidade para ajuizar, com fundamento
no direito de propriedade, embargos de terceiro.
Confira o julgado do STJ7:
RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO.
PROPRIETÁRIO SEM POSSE. CARÊNCIA DE AÇÃO. INADEQUAÇÃO DA DEFESA DO SEU
DIREITO. AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE E INTERESSE. PARALELA PROPOSITURA DE AÇÃO
REIVINDICATÓRIA. EXTINÇÃO DOS EMBARGOS.
1. Polêmica em torno da legitimidade ativa do proprietário sem posse a qualquer título para
o ajuizamento de embargos de terceiro.
2. Os embargos de terceiro constituem instrumento para a defesa pelo proprietário-
possuidor ou apenas possuidor de bem objeto de indevida constrição por ordem judicial.
3. Inexistência, no caso, de posse, a qualquer título, pelo proprietário embargante,
consoante prevê o art. 1.046 do CPC, apta a viabilizar o ajuizamento dos embargos de
terceiro.
7
REsp 1417620/DF, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, 3ª Turma, DJe 11/12/2014.
Comentários
A alternativa A está correta. São dois grandes conjuntos de situações que
ensejam o cabimento da ação de consignação em pagamento. No caso da
alternativa temos a mora accipens – ou mora na aceitação – que ocorre nas
situações em que o credor não puder receber ou se recursar injustificadamente
a receber.
A alternativa B está correta, com base no art. 540, da referida Lei.
Art. 540. Requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento, cessando para o devedor,
à data do depósito, os juros e os riscos, salvo se a demanda for julgada improcedente.
Comentários
A alternativa A está incorreta. A ação reivindicatória segue o rito do
procedimento ordinário e não procedimento especial, sem disciplina específica no
NCPC. A ação reivindicatória envolve a discussão do domínio e tem fundamento
no art. 1.228 do CC.
A alternativa B está incorreta. De acordo com o art. 555, da Lei nº 13.105/15,
é possível ao autor cumular pedidos possessórios.
Art. 555. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:
I - condenação em perdas e danos;
II - indenização dos frutos.
Comentários
Questão aprofundada, que coteja o CPC73 com o NCPC. Contudo, podemos
extrair conteúdos importantes ao analisar a questão. Além disso, é perfeitamente
possível identificar a alternativa incorreta apenas com o conhecimento da nova
codificação.
A alternativa A está correta, pois no CPC73 havia entendimento jurisprudencial
á luz daquela codificação que permitia o ajuizamento de ação monitória contra a
Fazenda Pública (Súmula STJ 339). No NCPC há regra expressa, o art. 700, §6º.
A alternativa B está correta, embora não admitido no CPC73 a possibilidade de
ajuizar ação monitória para obrigações de fazer e não fazer, o art. 700, III, do
NCPC, é expresso nesse sentido. Assim, tanto obrigações de pagar quantia, como
obrigações de entregar e de fazer ou não fazer são tuteladas por meio da ação
monitória se presentes os demais requisitos.
A alternativa C está incorreta, pois no NCPC há previsão expressa de que o
resultado de produção de prova antecipada, ainda que oral, poderá ser utilizado
como documento para fins de ajuizamento da ação monitória, conforme regra
expressa do art. 701, §1º.
Em ambos os códigos se admitia a antecipação da tutela. No caso do CPC73
falava-se em tutela provisória antecipada. No NCPC, o art. 701 prevê a
possibilidade de concessão de tutela provisória de urgência. Logo, correta a
alternativa D.
Correta a alternativa E. No NCPC temos apenas a redação dos honorários de
10% para 5% e a isenção de custas, ao passo que no CPC73 temos a isenção de
ambos.
Comentários
A inovação que temos é a possibilidade de manejo da ação monitória para as
obrigações de fazer e de não fazer previstas no art. 700, III, do NCPC. Portanto,
a alternativa B é a correta e gabarito da questão.
Comentários
Vejamos cada uma das alternativas.
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão, pois trata justamente do
que disciplina a Súmula STJ 299.
As alternativas B e E estão incorretas, pois de acordo com o Código a ação
monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova escrita
sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz. Não há
portanto a exigência de que seja emitida pelo devedor ou que conste a assinatura
do devedor.
A alternativa C está incorreta. Há entendimento no STJ no sentido de qu a nota
fiscal, acompanhada da prova do recebimento da mercadoria ou da prestação dos
serviços permite o ingresso com a ação monitória8. É justamente o contrário,
portanto, do afirmado na alternativa.
8
Precedentes: AgRg no AREsp 432078/RS, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA
TURMA, julgado em 20/02/2014, DJe 06/03/2014; REsp 882330/AL, Rel. Ministro SIDNEI
11 - Considerações Finais
Chegamos ao final de mais uma aula. Passamos a enxergar o final do curso!
Resta, entretanto, mais uma aula. Até lá!
Qualquer dúvida, estou à disposição no fórum do curso.
Ricardo Torques
rst.estrategia@gmail.com
https://www.facebook.com/dpcparaconcursos