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1Doutorando em Filosofia pela PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná). E-mail: ray-
renan@hotmail.com
que possa haver sons da voz, o que são, pois, esses sons? Eles são “símbolos”
(σύμβολα). A escrita, por sua vez, é símbolo desses sons pronunciados. A escrita
está para os sons pronunciados assim como os sons pronunciados estão para
as afecções da alma. Afecção é, assim, o que está como pressuposto de todo
discurso (λόγος) e, portanto, como o próprio princípio da racionalidade. Tudo o
mais advém disso. É por isso que no De anima, ao se referir à capacidade de
pensar e aos desejos ora afirmados, ora negados, Aristóteles diz que “a alma
jamais pensa sem imagem.” (431a8). Isso porque o sentido de “imagem” é
precisamente aquilo que, a partir de afecções, vem à luz como a própria vida.
Já a partir da metade do século IV d.C., o Da interpretação terá uma
tradução latina feita pelo conhecido neoplatonista cristão Mário Vitorino. Disso
advirá toda uma tradição da Idade Média e da escolástica que se dedicou aos
estudos não somente do referido tratado, como também da obra de Aristóteles
como um todo.
A presente tradução de Περὶ Ἑρμηνείας, além de contar com edição
bilíngue, possui notas de rodapé esclarecedoras e comentários, feitos com
esmero, relativos ao livro em geral e aos seus respectivos capítulos.