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Resenha

Aristóteles. Da interpretação. Tradução e comentários de José Veríssimo


Teixeira da Mata. São Paulo: UNESP, 2013.

Ray Renan Silva Santos1

O Da interpretação é concebido tradicionalmente como o segundo livro do


Órganon. Neste sentido, ele está entre as Categorias e os Primeiros Analíticos.
Dentro dessa recepção, que concerne tanto aos historiadores da filosofia quanto
aos próprios filósofos, está Tomás de Aquino. Em sua concepção, a qual remete
ao De anima de Aristóteles, o intelecto é constituído por meio de duas operações:
uma que se refere à apreensão das coisas (remeteria às Categorias) e outra que
diz respeito à composição e à divisão dessas coisas apreendidas – o que resulta,
por conseguinte, no estudo das afirmações e negações (remeteria ao Da
interpreção). Acrescenta-se a essas duas operações uma terceira: a operação
da razão, que, diante das coisas apreendidas, compostas e divididas, investiga
acerca do que ainda é desconhecido para se chegar a determinados silogismos
e demonstrações lógicas (Primeiros e Segundos analíticos).
Mais do que um tratado sobre as apreensões, afirmações e negações, o
Da interpretação, se analisado em sua totalidade, traz consigo também reflexões
que, muitas vezes, são vistas apenas de um modo sistemático e separado em
outros livros, tais como Categorias, Analíticos, De anima, Retórica, etc.
Se, por um lado, o Da interpretação pode ser visto sob a ótica de uma
teoria semântica ou filosofia da linguagem, por outro, como defende C.W.A
Whitaker, quando analisado em sua totalidade, ele pode ser visto a partir de uma
unidade coerente que culminará em um tratado de dialética.
Diante das várias perspectivas acerca desse tratado, podemos, nós
mesmos, remeter ao primeiro parágrafo do livro I e refletir brevemente sobre o
que é posto como fundamento de todo e qualquer som pronunciado: “afecções
da alma” (ψνχή παθημάτων). Sendo as afecções da alma a possibilidade para

1Doutorando em Filosofia pela PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná). E-mail: ray-
renan@hotmail.com
que possa haver sons da voz, o que são, pois, esses sons? Eles são “símbolos”
(σύμβολα). A escrita, por sua vez, é símbolo desses sons pronunciados. A escrita
está para os sons pronunciados assim como os sons pronunciados estão para
as afecções da alma. Afecção é, assim, o que está como pressuposto de todo
discurso (λόγος) e, portanto, como o próprio princípio da racionalidade. Tudo o
mais advém disso. É por isso que no De anima, ao se referir à capacidade de
pensar e aos desejos ora afirmados, ora negados, Aristóteles diz que “a alma
jamais pensa sem imagem.” (431a8). Isso porque o sentido de “imagem” é
precisamente aquilo que, a partir de afecções, vem à luz como a própria vida.
Já a partir da metade do século IV d.C., o Da interpretação terá uma
tradução latina feita pelo conhecido neoplatonista cristão Mário Vitorino. Disso
advirá toda uma tradição da Idade Média e da escolástica que se dedicou aos
estudos não somente do referido tratado, como também da obra de Aristóteles
como um todo.
A presente tradução de Περὶ Ἑρμηνείας, além de contar com edição
bilíngue, possui notas de rodapé esclarecedoras e comentários, feitos com
esmero, relativos ao livro em geral e aos seus respectivos capítulos.

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