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IMPEENSA EVANGÉLICA a \

PUBLICA-SE TODOS OS SABBADOS.

jsr. 1 Sabbado 5 de Novembro 1864-

IMPRENSA EVANGÉLICA Tal é a única missão da Imprensa Evangélica.


Sahirá semanalmente um numero de 8 paginas
que, além dos artigos de fundo, conterá um no-
PROSPECTO ticiario universal de interesse puramente evan-
gelico.
Temos perluslrado todas asclasses da sociedade Com o progresso de nossa Igreja, iremos dando
com o desígnio de lhe prestarmos de um modo á nossafoihao desenvolvimento quo lhe convém.
proporcionado ás suas mais legitimas exigências por publicações variadas, que, sem se afastarem
na esphera religiosa. Em toda parte achamos de seu principal objecto, lhe procurarão o atirar-
disposição para conversações santas, desejo ar- tivo da novidade nas fôrmas.
dente de reformar o coração, esforços de uma Este trabalho, não lendo em vistas senão os in-
alma afflicta por se reconciliar com Deos.—Não teresses exclusivamente religiosos da sociedade
importa isto um protesto solemne, de que não ena geral, como em particular do indivíduo,
vivemos só para este mundo, senão tambem para estranheza toda e qualquer ingerência em politi-
um outro mundo, que infallivelmenle nos espera, ca, a todos é consagrado; porém com muita parti-
logo que a morte nos transforma ? cularidade o dedicamos aquelles para quem a
O homem, porém, parece ter no peito, á hora religião de Jesus Christo ainda não se tornou
da devoção, um coração inteiramente differente cousa indiííerente, e, no meio da perversão uni-
daquelle que revela sua vida eommum. — Aqui, versai de seus princípios divinos, não trahirão
seus actos não correspondem á religião que pro- ainda o dom mais precioso de Deos —a liber-
fessa; e, se alli se mostra escrupuloso em praticar dade de consciência perante o Evangelho.
acções que lhe acarrelarião a justiça tle Deos, não
se mostra menos naquellas que nrio revelão al-
gumamora Deos: nem sempre a santidade de Iini^lilei-at-õe-i aobre » a-oli_çião.
suas obras confirma seus bons propósitos, raras Todas as religiões têm em eommum o fim que pre-
vezes imitando a Jesus Chrislo aquelles que mais tendem oonse«uir. Todas ellas reconhecem como
publicamente o confessão. axiotna fundamental, que a raça humana padece tan-
No meio do chãos de idéas religiosas, que médio tas e tão grandes necessidades, que é mister um iv-
sobrenatural. Qualquer systema que não reco-
divide actualmente os homens, inútil fora desço- nheça a necessidade de buscarmos fora de nós as
brir-lhes as fontes d'onde borbulha o mal, se forcas "um indispensáveis á nossa felicidade, nao passa
de svstema philosopbico. O sobrenatural é a
para cura-lo lhes não applicassemos meios. A linha divisória enlre a philosophia c a religião. Todas
propagação do Evangelho, pela vivificação da as llieorias pliilosophieas se basêão na crença de que a
devoção domestica, pelo órgão de uma folha, par- reliabiülação do gênero humano no seu todo,e aper- lanlo
do indivíduo, está no desenvolvimento
ticularmente a isso consagrada, eis da nossa parte como
feicoamenlo dos dotes do corpo e do espirito . com
a applicação dos meios. que a natureza nos beneficia. Não lia religião alguma
Sede nossos esforços não conseguirmos vingar (pie negue esle principio, sustentando a fraqueza
senão o minimo do nosso desígnio, ainda assim radical do homem, e a necessidade de procurarmos
em outra parle as forças que a philosophia, com visla
nos lisonjearemosjubilosos, por havermos cum- curta, pretende achar em nós mesmos. Esta nece;-
prido com o nosso dever. sidade de adjutorio sobrenatural é o ponto de par
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tida de lodo o syslema, que merece ser tido por uma santidade e caridade. A demonstração desta harmo-
religião na própria accepção da palavra. nia pede outro artigo.
Mas as diversas religiões, que, de accordo comba- (Continua.)
tem os princípios dos que pretendem achar nos dotes
da natureza tudo quanto é necessário, para que o ge- Tentem u nli o de homens dlstlnetos sobre
nero humano se rehabilite, apenas passão deste axio- a excellenela da Bíblia.
ma, dividem-se em mil crenças irreconciliaveis. Cada
uma aprecia a seu modo a causa dos males que pado- Diz Muller, o grande historiador : « O Evangelho
cemos. Os remédios próprios para cura-los, são iníi- é o cumprimento de todas as esperanças, a perfeição
nitos. Onde existe accordo sobre o único remédio de ioda a philosophia, o interprete de todas as revo-
luções, a chave dc todas as apparentes conlradicções
próprio, ha muitas vezes grande discrepância «ie no mundo physico e moral. Elle é a vida; é a immor-
pareceres a respeito da preparação e applicação
desse remédio. Desla sorle succede que, não obstante talidade. Desde que conheceis o Salvador , tudo é
todas as religiões terem em commiun a salvação do claro; com elle nada ha que não tenha fácil solução.»
gênero humano, por meios sobrcnaturaes, são tão di- Diz Sir Francis Bacon -. « As tuas creaturas tem
versas, que a verdade não pôde achar-se senão só sido os meus livros; porém as tuas Escripturas muito
n'uma dellas. Cremos ser esla a religião christã , da mais : eu te procurava pelas ruas, nos campos e nos
qual o Evangelho é exposição cabal e perfeita. jardins, mas te achei nos teus templos.
Procuremos dar uma idéa exacta do fim que a reli- « Eu creio que a palavra de Deos, pela qual a sua
gião christa pretende conseguir. Km geral póde-se vontade é revelada, continuou em revelação e tradi-
aflirmar que o fim da religião de Chrislo , lal qual o ção com Moysés; e que as Escripturas existião desde
Evangelho a representa, é salvar a raça humana de o tempo de Moysés até o dos apóstolos e evangelistas;
um modo lal que o universo inteiro seja constrangido em cujo tempo, depois da vinda do Espirilo-Santo, o
a gloriíiiar o santo nome de Deos. Eis o problema do livro das Escripturas foi concluído e fechado, para
qual o Evangelho é a solução—a salvação do homem não receber qualquer nova addição ; e que a igreja
de um modo conforme aos principiosfundamenlaes não lem o poder, depois de completas as Escripturas,
da lei de Deos. de ensinar ou mandar cousa alguma contraria á pala-
A difficuIdade eslá na reconciliação dosallribulós vra escripta. »
de um ser supremo e perfeito com a salvação de crea-
turas, taes como somos nós. A mesma difficuldade litBtrueção e culto doméstico.
não tem lugar senão na religião verdadeira, só
ella conhece a existência de um Deos perfeitopois e im- O PAI NOSSO.
mutável, cujas leis não podem ser postergadas, Meu filho, o que é orar'.'
qual-
quer que seja o lim que se propõe altingir. De Iodas E dizer a Deos tudo o que sentimos e pedir a
as religiões, só a de Chrislo consegue oilerecer aos Elle em nome de Jesus tudo o que precisamos. Os
homens uma salvação plena, adquirida em meninos podem dirigir-se a Deos com a mesma con-
harmonia rom us principius da justiça absuluh. perfVila
As Manca eom que se dirigem a seus pais.
mais religiões, lomtanlo que possão satisfazer ás i Quaes são as culpas que a gente muitas vezes
exigências de seus devotos e á ambição do seu ilero, I commette em suas orações?
não duvidão usar de todi s os meios. Tudn n seu Muita gente, em vez de fechar-se em seu quarto
empenho è por conseguir r. !
que possa eonlentar ! onde a alma sem distracção pôde elevar-se a Deos
aquelles que as abração. J
A religião chrislã tem como o seu alvo re-merar que está presente em toda a parle, busca os lugares
mais públicos para serem vistos dos homens (MaU.
e salvar aquelles que a abração, sem a menorquehra |! (i, G). Alguns, á imitação dos pagãos, repetem sempre
da dignidade do ser supremo.e sem a menor infrac- as mesmas palavras, como se o Deos dos chrislãos
çao de suas leis. A condição, sem a qual não nóde não pudesse logo comprehender o que desejamos.
haver a menor possibilidade da salvação, é,
e o seu divino autor não sejão em cousa alguma quc a lei (Matt. G, 7.)
me- Como é que Deos quer que o chamemos?
noscanados pelo Evangelho da e caridade, que
elle oílerece aos homens. paz Não é admirável, que Deos, sendo tão grande e
Deos fazendo-se juslificador dos homens, não glorioso, consentisse e desejasse que homens pecca-
deixar de ser elle mesmo pôde dores, e alé os pequeninos, lhe dessem o nome de
justo. pai?
E forçoso confessar, que a razão humana não Se elle não nos tivesse fallado pela boca de
conciliar a justiça absoluta sabe
de um Deos immulavel seu Filho Jesus Chrislo, teríamos animo para assim
com a salvação de creaturas lão indignas
sas, como som-eg-násT e crimino- orar?
Não; mas agora que elle assim quer, como nao
é a S0lu^° l)erftíila desle Pro- devemos estar satisfeitos e alegres I
IiIpiÍÍ Vn e .fge,h0
Dfios se nos revela' reconciliando com-
!.t i Como ó que um bom pai trata a seus filhos?
^ qU? a SUa ÍusliCa °" sa,llidade Elle os ama, os sustenta, os ensina e os cor-
ou verrlír?5'
^V"^ ilustrada. Perdoando
contri n^eacCrente;s' Deos ,l,ai*
tV2l aos rige quando fazem cousas mal feitas.
quo nunca merece Dizendo-se : Nosso Pai, será verdade que Deos
que todas as creaturas II,, !0umn a sua
justiça, promelte Iratar-nos assim ?
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Deos assim trata a todos os seus filhos. levados para onde não haverá mais peccado , nem
Como podemos ser filhos de Deos ? {Gaiatas [\, dôr, nem pranto, e onde o Senhor enxugará as
26.) lagrimas de todos os olhos! Amen.
Que significa a palavra nosso ?
Que Deos tem muitos filhos, e todos os homens
são irmãos, e devem amar uns aos oulros e orar uns
LÜC1A OU A LEITIIU \)\ BÍBLIA
pelos outros.
Porque se diz estar Deos nos céos ? ron .Mioi.nm mumiu.
Tara nos fazer entender a
grandeza c a gloria
de Deos, e a menlira daquelles que ensinão que Deos
1'KOJ.
habita na terra ou tem semelhança alguma. Decs
é celeste e invisível. CAIITA
Qual é a primeira petição do Pai Nosso ? Qual
è a razão de principiar esla oração assim? Lm.ni < uri Fubi
Para dar a saber que a gloria do nome de Deos
Causar-lhc-lia admiração recebei' uma carta mi-
é o lim principal do homem e de todas as cousas. nha, eesta .admiração crescerá depois de sna leitura.
{Rom. ll,36e 14,7 — 9.) Porém, não tenho no mundo a quem descobrir-me
Como é que se santifica o nome de Deos?
Santificamos o nome de Deos quando temos sobre um assumpto que meoecupa lia duas semanas.
Pela |#imcira vez em minha vida começo a conhe-
no coração taes pensamentos e sentimentos, que, ao cer que não tenho religião e a saber que desejo ler
ouvirmos ou pronunciarmos o seu nome, o laçamos uma. Como todo o mundo, ou anles, como todas
com reverencia, humildade e amor. as mulheres, tambem tive um momento religioso na
Como fazem os Anjos a este respeito? {Isaias
idade em que o coração principia a sentir a necessi-
6, 3.) dade de amar, e que se entrega a Deos, na falta de
Será possível que as pessoas, que a cada mo-
oulro objecto que o attràia. Entretanto, islo não foi
menlo fallão em Deos, o fazem com esla reverencia? senão como um relâmpago, porque iminediatamente
Não ; pois as mais das vezes é só por costume.
Que mandamento da lei é violado por este máo os prazeres, os obséquios que mereci á sociedade, o
affecto que soube inspirar-me o Sr. de Lassalle, epor
costume? {Êxodo 20, 7.) ultimo os deveres da vida, um marido, uma casa e
Qual 6 a segunda petição"? [V. 10.) os filhos, absorverão toda a minha aüenção; e se
O que éo reino de Deos? {Hom. 14, 17.)
Pedindo que o reino de Deos venha, o que é o costume de assistir á missa com minha familia me
recordava de vez em quando que existia um Deos,
que desejamos ? devo confessar que fora da igreja pensava bem pouco
Que Deos nos faça a nos e a todos os homens nelle. Meu marido, com > V. sabe, Sr. Cura, pouco
justos, cheios da paz e felizes. se importa do que faço em matéria dc religião, e tanto
Qual é a terceira petição? [V. lü. eu tenho sido indifferenlc, como elle inteiramente
Como se faz a vontade de Deos nos céos? incrédulo.
Perfeitamente. É provável que V. ignore que nasci protestante,
Para que alguém faça esle rogo sem hjpocrisia
cousa de qn apenas me recordo.
e mentira, o que é indispensável ? Perdi minha mãi, ao nascer, e meu pai aos doze
Todo aquelie que vive em peccado , violando annos. Quando me casei, apenas me resta vão alguns
qualquer preceito da lei.de Deos,emquanto continuar parentes remotos ; portanto, segui sem resistência
a viver assim não pôde pedir de coração : Vcnita a e sem premeditarão a religião de minha nova la-
nós o teu reino. milia, e nella se educarão meus filhos. Mas emfim,
Para decorar. confesso com vexame que jamais communguei.
O que me fez pensar em tudo islo, foi uma circum-
I."in convilc. stancia, que a V. parecerá quasi estéril.
Vinde a mim todos os quc andais cm trabalho e Em o dia de Todos os Santos, o lempo estava
vos achais carregados, e eu vos alliviarei: tomai magnífico, sahimos a passeio, e passámos em frente
sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim que sou aosinuros do cemitério. Nossa conversação, per-
manso e humilde de coração, e achareis descanso dendo por um momento sua frivolidade ordinária,
jugo é suave e
para as vossas almas, porque o meu'M.) versou por alguns instantes sobre a morte e o
o meu peso leve. {Matt. 11, 28 — enterro; e então a mim mesma eu fiz esta per-
Orarão. gunla: —Quando eu morrer onde me sepultarão?
De origem protestante, catholica pelascircumstan-
Senhor, nosso Deos, nós le damos graças por nos cias, mas na realidade sem ser dedicada nem à
ensinares a chamar—Pai nosso qne estás nos céos. uma, nem á oulra religião, a qual dellas pertenceria
— Faze com que te amemos, te reverenciemos e te o meu corpo?
obedeçamos como filhos. Perdóa-nos as nossas cul- V. pôde pensar de mim o que quizer, Sr. Cura;
pas por amor de Nosso Senhor Jesus Chrislo. Ajuda- mas o que é cerlo, é que essa duvida me lem inquie-
nos a glorificar o teu nome, emquanto estivermos lado, perseguido, e despertado as primeiras reflexões
sobre a terra, para que, em morrendo, sejamos sérias, que jamais havia feito em matéria de religião.
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Principiei inquietando-me unicamente pelo corpo, provas; mas, quaes são ellas ? Tem V. algumas para
e acabei fazendo-o lambem pela alma: finalmente dar- me, que satisfação completamente o meu espirito ?
quero saber o que sou. Não é elle dos mais accessiveis á fé, bem o vê V.,
O mais acerlado era ser realmente calholica, pois porém não é refractario á luz.
"no para voltar ao culto de meus
não vejo razão alguma Seja, porém, como fór, não desejo as cousas pela
pais; porquanto, caso de haver igualdade entre metade, e uma vez empenhada nesie assumpto, não
as duas communliões, haveria mais facilidade em quero que me fique algum remorso.
permanecer no que sou, ou no que se suppoe que V. já terá comprehendido o porque não me dirijo
sou. ao cura da parochia. O Sr. Aleixo é um homem de
Posso, sem ruido, ser calholica, mas não po>so bem, porém, é um desses jovens que principião agora
ser protestante, sem provnca-lo. Por oulro lado, nas igrejas, e que não conhecem senão o seminário.
muito me repugna separar-me de meu marido e de O que necessito éde um homem que me inspire mais
meus filhos, e anles me exporia a soffrer tudo, do confiança, e que eu possa contar com sua discrição.
que collocar-me no risco de estabelecer uma divisão Se V. se der ao incommodo de responder-me,
em minha familia. Além destes, ainda ha outros eu lhe supplico que não se olvide de que não tenho
motivos mais graves que me altraem á religião nem grande engenho, nem muilo saber. Falle-me V.
catholica, e não" os tome V. por um cumprimento, sinceramente, e não me dê senão razões que estejão
porque isto que lhe vou dizer o diria também a um ao meu alcance.
ministro. *
CAHTA SEGUNDA.
Apezar das preoecupações de meu nascimento,
não posso deixar de reconhecer na religião de V. O Sr. Cura Fabiana d Lnciti.
um certo tom de autoridade, que não encontro na
outra. Tudo me attrae para ella, sua extensão, sua O incommodo de responder a V.! Ah, senhora,
ordem admirável, sua antigüidade, a pompa de suas não me falle deste modo. A carta que me fez a honra
ceremonias, e a magnificência de seus edilicios." de escrever, é a mais agradável que me fora dado re-
Entretanto, sinto a necessidade de conhecer melhor ceber. O que ha de mais satisfaclorio para um ministro
uma lei que quero abraçar de lodo; c em quanlo de Jesus Chrislo, do que ver uma pessoa buscar a
espero outras luzes, estudo o Manual do Chrisião verdade, com a boa fé com que V. o faz?
dc que usava na igreja, sem pensar no que lia. E que oecupação mais conforme com o meu gosto
Neste livro, o que mais chamava a minha altenção, e o meu dever, do que ajuda-la nesta investigação
erão aquelles trechos das Escripturas Sagradas, que com as minhas fracas luzes, se bem que com todo o
se citão nelle; já porque a Biblia é o fundamento ardor de meu ministério ?
commum de ambas as religiões, e porque, lendo-a, Deos já principiou,a ensinar a V., e creia que Elle
não falto nem á fé calholica, nem â protestante ; ou mesmo o acabará. É verdade que V. segue um ca-
já por causa de um sello, ou nola particular que minho differeute daquelle que costumão seguir as
encontro nesta parte do Manual, que a distingue de almas fieis. Quasi sempre se principia crendo na
Iodas as outras. Tudo li com gosto edificante, porém igreja, e depois sobre a fé da igreja se crê na Santa
us Evangelhos e as Epístolas não me farto de ler, Biblia, de cuja inspiração aquella nos assegura.. V. ao
e deixão em meu espirito uma dupla impressão que contrario quer ir da Biblia á igreja. Não deixaria isso
a mim mesma não sei explicar, e que se torna de causar-me alguma inquietação, se não estivesse
necessário, que V,, Sr. Cura, me faça comprelien- convencido de que V. não tardará a voltar ao caminho
der. costumado, que, sem contradicção, é o mais simples
Por um lado, como acabo de dizer-lhe, o que da e o mais seguro.
Biblia li no Manual ma parece ler um tom de candura Em pouco tempo reconhecerá V., senhora, que não
e de autoridade, que me faz crer que foi escripta por lia tranquillidade bem fundada, senão para quem se
inspiração divina. Mas, por oulro lado vejo, eu o | entrega inteiramente à igreja, como um filho à sua
confesso, cousas tão estranhas, tão opposlas ás idéas I mãi, para que ella o conduza a Deos. A oração, a
communs, que me custa persuadir-me de que sejão experiência, o estudo de seu próprio coração, e ainda,
verdadeiras, e de que Deos tivesse fallado assim. ! a difficuldade que V. já encontra em seu caminho,
Olhe, Sr. Cura, já que devo lhe dizer tudo, muito me lhe farão conhecer melhor do que as minhas adver-
custa acreditar que Deos houvesse fallado aos bo- tencias, e farão por arrancar de seu espirito esse resto
mens, por qualquer modo. de protestantismo, que faz com que V. inverta a
Ema revelação, prophetas, milagres... Perdoe ordem de sua conversão.
minha franqueza, pois me parece contraproducente Quer v. que lhe apresente provas que demonstrem
que as cousas se passassem dessa maneira; e, se a origem divina de nossa santa rejigião. Isso seria
liem que esteja mui longe de crer o que meu muilo mais fácil, ou para melhor dizer, esse cuidado
marido diz sobre este assunipto, suas razões me seria supérfluo, se V. tivesse seguido a marcha que
abalão ás vezes mais do que eu quizera. acabo de explicar-lhe, e aprendido desde logo a sub-
O que diz V. de ludo islo, Sr. Cura ? São cousas metler-se em tudo á decisão da igreja.
rea es essas historias maravilhosas? V. o crê assim ? Nesse caso, em quatro palavras, tudo eu lhe teria
Não o duvido, pois conheço a rectidão que lhe é pro- dito: a Biblia é um livro inspirado por Deos, porque
pria. Um homem, como V., não se pronuncia sem assim nos ensina a igreja,que não pôde enganar-nos.
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Mas no caso em que V. se acha, vejo que essa resposta S. Paulo e a orarão.
não a satisfaria. Portanto não me escusarei a dar-lhe « Rogo-te, pois, primeiro que tudo, se facão sup-
outra mais conforme com o meu desejo, para não
dar-lhe oceasião de que veja uma derrota em meu plicas, orações, preces e acções de graças por todos
os homens : pelos reis, e por lodos que estão eleva-
silencio. Deos me guarde de fazer alguma cousa, que dos em dignidade, para que vivamos uma vida soce-
possa escandalisar a sua nascente fé. gada e tranquilla , em toda a sorte de piedade e de
Porém, senhora, o ponto sobre quefme consulta é honestidade, porque isto é bom e agradável diante
de muita consideração para uma carta. de Deos nosso Salvador.» —(Ep. 1" aTimotheo, cap.
Melhor me explicarei em uma conversação, na 2, v. 2 e3.)
qual V. poderá propôr-me seus embaraços e suas Notemos: l.°Os christãos devem ser dados fre-
duvidas.
Para a semana que vem, tenho de fazer uma viagem quentemente á oração, abundar nella, e habituar-
se ás supplicas e preces.
a *¥*. Não terei tempo de deler-me na ida, porém na 2." Devemos, em nossas orações, interessarmo-nos
volta terei a honra de descansar em sua casa, e
generosamente por outros, tanto como por nós mes-
poderemos então desembaraçadamente conferenciar mos. Devemos orar por todos os homens, dar graças
sobre um assumpto, que por tão juslos motivos, lanlo
lhe interessa. por todos os homens, e não limitar nossas orações ou
(CntUmita.j
acções de graças ás nossas próprias pessoas ou
famílias.
3." A'oração consiste em vários modos: suppli-
A experieairln de uni vellio cliristão. cas, intercessões e acções de graças -, porquanto,
devemos orar tanto pelas misericórdias de que ne -
Um velho paslor evangélico, que já passou o termo cessilámos, como devemos ser gratos pelas miseri-
de sessenta annos de idade, mas ainda continua a cordias já recebidas, deprecando os juízos que me-
desempenhar perfeilamente a sua missão, ha pouco recém os peccados, nossos e os dos outros.
pregou um sermão acs velhos de sua parochia. De- 4." Todos os homens, até os mesmos reis, e os
sejando mostrar quanlo é bom que o chrislão á pro- que estão em autoridade, necessitão de nossas ora-
porção que vai se approximando do termo de sua ções, porque elles lutão com muitas difficuldades,
vida, desprenda-se mais e mais de cousas mundanas, ê estão expostos a muitos laços, em razão de seus
servio-se desla comparação lão bella como justa : elevados cargos.
« A terra, no seu gyro annual, sempre se con- 5." A oração pelos que nos governão é o melhor
serva 95 milhões de milhas ou quasi 24 milhões meio de alcançarmos uma vida tranquilla e socegada.
de léguas distante do sol. Com o decurso do lempo, Os llebrèos, em Babylonia, forão admoestados para
esta distancia nem se diminue, nem se augmenta, e buscarem a paz da cidade, á qual foi Deos servido
por conseqüência o sol á nossa vista, e em relação á leva-los em capliveiro, e pedir ao Senhor por ella -,
terra, é um objecto insignificante. elles paz.
« Mas, supponhamos que a terra deixando de se- porque na paz da mesma terião tambem
Jeremias xxix, 7.)
guir a sua orbila em roda do sol, á distancia de 24 C,.° Se desejamos ter vida socegada e tranquilla,
milhões de léguas, fosse em «lireilura para o so!, devemos viver em toda sorte de piedade e honesti-
approximando-se deste com a mesma rapidez com dade, islo é, cumprir com os nossos deveres para
— cada
que agora caminha na sua orbita actual; a com Deos e os homens. « Porque o que quer amar a
instante, o sol parecer-nos-hia fazer maior vulto, vida, e ver os dias bons, refreie sua lingua do mal,
dilalando-se e enchendo o espaço com os seus raios e os seus lábios não profirão engano. Aparle-se
e brilho: não tardaria a oecupar tal extensão do es- do mal, e faça o bem: busque paz, e vá após delia.»
paço, e a fazer-se lão brilhante, que em comparação (Pedro III, 40—H.)
a terra, pareceria ser nada. Ora, a razão para isto dada, é porque isto e bom,
« Tal é agora o meu modo de olhar a vida do diante de Deos , nosso Salvador; isto é, o Evangelho
homem sobre a terra. Quando era menino, e no de Chrislo exige, que assim o façamos. Devemos,
verdor da mocidade, a eternidade me parecia estar pois, fazer e abundar naquillo que è agradável
à
mui distante. Pouco se me dava de pensar nella. vista de Deos nosso Salvador.
Porém, agora que tenho chegado á uma idade lao
avançada, segundo me está parecendo, a terra não
segue mais a sua orbita em roda do sol, mas vai
rapidamente approximando-se delle t/m linha recta. JL caridade.
Cada vez distingo mellior as cousas eternas, as
Sublime virtude! Aquelie que sente o seu coração
quaes vão augmentando de proporção, ao passo que locar-se de tua inspiração, realiza em seus actos o
a distancia que nos separa vai-se diminuindo. Já vivo
cumprimento da lei que resume o amar a Deos sobre
preoecupado dos interesses da vida que me espera tudo, e ao próximo como a si mesmo, a qual foi
além dos tempos, e a terra, com ludo quanlo o
coração humano ambiciona, vai desvanecendo-se no testificada por Moysés, dando-lh'a Deos, dividida em
mais amplo horizonte que se me abre. » dez mandamentos.
Esta experiência, infelizmente, não é de todos Oh santa caridade! Aquelie que sente tua luz
os velhos I inundar-lhe o peito, estenderá sua mão sã sobre as
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carnes apodrecidas do leproso, e sem repugnar o volencia dos Romanos, manifestando quanto dese-
fétido da gangrena e o contacto do pus, uma a uma java vê-los, c como fazia continua lembrança delles,
lhe pensará as ulceras,com o cuidado que quizera na louvando a Deos pela sua firmeza na fé.
mão daquelle que tivesse de amputar um dos mem- 2": Manifesta a vontade que tinha de, na capital
bros do seu próprio corpo I do mundo, annunciar as boas novas de que elle era
Divina caridade! Quando tua irradiação celestial interprete aulorisado.
projectar-se em meu coração, é que a Graçado Divino No 10 e 17. A Proposição ou lhema cujo desen-
Espirito de Deos, pela crença em seu Bemdito e uni- volvimenlo fôrma o corpo da epístola. Este thema
genito Filho, Jesus, terá de todo vasado o negro fél é o seguinte:
de todas as abominações que elle segrega, o lodo O Evangelho,do qual Paulo eraprégador.é a mani-
immundo de todas as corrupções que elle trans- festação do único plano divinamente concebido e au-
borda I torisado para salvar os homens. O que ha de carac-
Caridade! Sinta-a o teu coração,— poderoso rei, teristico e distinctivo no Evangelho é: Primeiro, que
que avassallas intermináveis legiões de subditos, a condição indispensável da parte dos que queirão
que te assentas no ápice das immunidades e gran- salvar-se—é a fé, ficando, pois, annulladas as exclu-
dezas, —e teus pés descalçarão os burzeguins re- soes, por causa de nacionalidades. Segundo, a
camados de ouro e pedrarias, para se rasgarem, nús, salvação dada aos crentes funda-se na justiça
nas sarças da floresta, para se golpearem nos esti- divina.
lhaços do gelo, em procura do viandante transviado e O Envangelho descobre e offerece aos crentes a
perdido,em busca do mendigo repellido pelo egoísmo rectidão necessária para que o peccador seja absolvi-
social 1 Tua fronte e teus membros se despojarão dos do, sem derogar da lei de Deos. Essa rectidão é de
ouropeis, das esmeraldas e brilhantes; trocarás a Deos, pois provém da obediência e paixão de seu
coroa da terra pela aureola dos apóstolos do Evan- unigenilo Filho, e é por Deos Pai aceita,como adequa-
gelho; coserás teu corpo à túnica andrajosa do pere- da para satisfazer às exigências da sua lei. Essa
grino, e trocando a sumptuosidade de leu solio de rectidão é imputada aquelles que crêm em Jesus-
brocado e purpura pelo teclo humido de ignorado Chrislo, de sorte que esles são juslos pela fé, e vi-
pardieiro, ávido correrás a dar tua mão ungida e dia- vem a vida espiritual e eterna (*).
phana à mão mirrhada e macilenla pelas labaredas O desenvolvimento deste lhema, em razão de ser
da febre, e a unir tua cabeça soberana ao craneo e a igreja eni Roma composta de Judeos e de Gentios,
epidermes encarquilhadas pelos sulcos da miséria e necessitou que Paulo provasse que nem para uns,
algidez do abandono! nem para outros havia possibilidade de salvação pela
Corre, corre, discípulo de Jesus, que achaste a sua própria rectidão. Esla proposição prova-se quan-
Graça da fé diante do Arbitro dos reis do universo ! to aos Gentios desde v. 18 do cap. I até o fim, e
Corre, corre, quem quer que tenhas sido, oh!
cador, em cuja fronte predestinada projectou-se pec- quanto aos Judeos desde v. 1 do cap. II até v. 20
essa do cap. III.
luz divina que cegou a Saulo na estrada de Damasco ! Oa princípios sobre que a argumentação de S.
O egoísmo reclinado nos coxins da voluptuosidade, Paulo se basêa, são a certeza de haver punição
cambiando as concussoes do mercantilismo, ras- onde ha culpa, e que ba culpa onde o homem
gando as crenças, e lacerando as emoções da viuvez sabendo ser qualquer acto criminoso, o commelte.
e orphandade, com as delapidações da usura, nos Applicando estesjirincipios fundamenlaes aos
delírios da ambição ferrenha e cega, excommungará Gentios, que ignoravão a lei escripta, diz Paulo,
tua avidez ! e a sociedade cm peso vociferará ana- são inescusaveis, pois fazem cousas taes, que asua que
themas que te envolverão como o pó sacudido própria consciência e a luz natural os condemnão.
teus sapatos, ao deixa-la, e levantado em tua car-por
Emquanto os Judeos, tendo uma lei mais clara e
reira ! .Mas corre mais, e sempre, oh ! crente, e ar-
rependido, que te prosternaste diante do Filho de perfeita, que não guardavão, erão ainda mais crimi-
nosos.
Deos,para lavar-te como sangue da salvação de Jesus, Esta prova m-gatim de ser o Evangelho o único
e agora levas em teu alforge metade do teu meio de salvação, dá em resultado a convicção tão
pão para
os que cahiraoalém, exhauslos pela fome! Elles hão necessária como terrível que Paulo exprime no cap.
de sorrir agradecidos, e tu lhes ensinaràs a dar III desde v. 9 até 20.
gra-
ças ao que te deu a beber da agua da vida !
(*) A justiça de Deus, é phrase que o leitor portuguez
difficilmente poderá compreliender aqui, c em outras muitas
A. Epístola de S. Paulo aos Romanos, passagens tia Escriptura Saciada. Não se refere ao atlributo
analygada. divino que se chama a sua justiça. Seria absurdo fallar em
imputar ou ettribuir aos liomens a justiça de Deos, se o sen-
Cap. I: {— 7. A saudação do costume, em tido fosse este. O original prego esclarece perfeitamente a
Paulo se declara divinamente chamado que verdadeira significarão da justiça dc Deos. Dikaiosune é tudo
para pré- o que faz com que alguém seja tido como recto ou justo. A
gar o Evangelho do Deos homem entre todos os dikaiosune de lieus significa o que Peos de sua graça attri-
povos. bue ou lanai ti conta dos fieis, par aque estes sejão tidos comu
Cap. I: 8-16. Inlroducção do lhema enunciado rectos ou justos. A matéria desta dekaiosune ou rectidão, é
nosversos!6 e 17. i'-. Paulo busca captar a bene- os infinitos merecimentos do eterno lilho de Deos. Eis porque
ie diz ser ella de Deos.
IMPRENSA EVANGÉLICA

Cap. III: 21—31. — O amatjo do thema ou a pautes das terríveis conseqüências da sua desobe-
declaração positiva de ser o Evangelho a manifes- diencia. Isto é mais que uma theoria ou doutrina, é
tação do meio pelo qual os homens, faltos, como es- um facto. Igualmente o é que os crentes pela fé em
tão, de merecimento próprio, podem, mediante a fé Jesus Christo recebem a justificação como dom
nos merecimentos de Jesus Christo, justiticar-se per- tuito. Alé aqui o parallelo. gra-
feitamente diante de Deos. Isto succede assim. A Ha notável contraste em que a graça de Jesus é
lei divina, euja pena é a morle, conderona, como remédio snfficiente, nao só para o peccado original,
fica provado, tanto aos Judeos como aos Gen- mas para todos os peccados. Ainda mais os fruetos
tios. da graça que havemos de gozar no paraiso celestial
A immutabilidade do Ser Supremo não consentia são muito mais abundantes e ricos que erão os do
que a sua lei deixasse de ser executada. Para que a paraiso, perdidos por culpa de Adão.
sua lei fosse executada, e uma salvação gratuila ofle- Cap. VI o VIL—A refutarão de certas objecções
recida â raça humana, o filho de Deos e da Virgem que á primeira visla parecem ler cabimento contra a
Maria offereceu-se sobre a cruz. como viclima propi- doutrina da justificação pela graça.
ciatoria e viçaria pelos peccados dos homens. Em V. 1. — Primeira objea, ão apresentada pelos ad-
razão, pois, da redempção feita pelo sangne de Jesus, versados de S. Paulo. « Se com elTeito onde o pec-
Deos acha-se justo mesmo quando justifica aquelles cado abundou, superabundou a graça, logo é licito
que têm fé em seu filho(**j. Estes, pela fé, lornão-se vivermos em peccado, afim de que a graça divina se
participantes da rectidão, que consiste nos mereci- manifeste cada vez mais brilhante. »
mentos infinitos do Redemptor. Em oulras palavras, Paulo responde a esta impia proposição, fazendo
a lei que antes os condemnava â morte, por causa do ver que a participação dos merecimentos da paixão e
seu próprio demérito, agora lhes assegura ávida eler- morte de Jesus nunca lem lugar, senão no caso da-
na, em razão de lhes serem imputados os me- quelles que recebem uma nova vida. A fé juslificante
recimentos de Christo, a quem elles se unem nãò é uma crença estéril. E um dom sobrenatural
pela fé. que estabelece enlre o crente e Jesus uma união tão
Como conseqüência que necessariamente sc liga vital e intima, que é impossível que aquelie, por pre-
ao systema evangélico, Paulo nota que fica excluído lexlo qualquer, viva mais naquillo que tanto offende
todo o motivo de homem algum gloriar-se, pois a a este.
salvação é gratuita e pela fé [\. 27;; e tambem põe V. -13.— Segunda objecção.— k Se as nossas pro-
termo á difíerença que havia entre Judeos e Gentios
prias obras de maneira alguma sãoallendidas, quando
(v. 29). Emresposlaà objecção que os Judeos havião Deos nos justifica, é-nos escusado guardar a lei. »
de fazer, Paulo accrescenta que a sua doutrina não Paulo repelle tal idéa. com horror, appellando para
destruio a lei antiga, mas pelo contrario, estabelece a verdade dos fados. A liberdade do Evangelho e a
essa lei, realizando o que ella figurava. licença nos coslumes não podem coexistir.
Cap. IV. — Prova-se que Abrahão e David pelo A historia de todos o.s tempos, tanto como a vida
seu exemplo e ensino testemunhavão que a salvação dos membros da Igreja, em Roma, cujo exemplo
é pela fé no sangue de Jesus, e por conseqüência Paulo aqui cita, prova exuberantemente que uma fé
gratuita. Esla referencia ao pai dos crentes e a David não fingida nos infinitos merecimentos de Jesus,
tinha muita applicação aos Judeos, pois provava sempre obra por caridade e purifica o coração onde
que a fé de Paulo era de todos os tempos — era a fé ella habita.
catholica. V. 7 do Cap. VIL— Teixeira objecção.— « Alei
Cap. V: 1—11. — Apreciação dosfrudos de jus- moral, além de inútil, é a causa de nossos crimes. »
tificação gratuita pelos merecimentos de Jesus Paulo responde, explicando como a lei em si é
Chrislo. — Os justificados têm paz com Deos, gran- santa, justa e boa; porém em razão da fraqueza, a
de consolação na presente vida, e uma certeza da concupiscencia dos homens, a justificação destes,
vida eterna, tão firme e indefectível quanta é a tanto como a sua santificação, tem principio e fim na
caridade divina d'onde emana a graça justifi- graça de Deos por Jesus Chrislo Nosso Senhor.
cante. Cap. VIII.— Terminada no precedente capitulo a
V. 12—21. —O paralhlo e o contraste que ha lógica exposição do modo por que o peccador se justi-
entre a origem do mal e o remédio que o Evangelho fica, segue-se neste capitulo uma animadíssima
descobre. desrripção do feliz estado dos justificados.
Todos os descendentes de Adão tornão-se partici- Os seus privilégios são:
V. 1 —4. Estão livres da condemnação da lei.
(**) A palavra infundida, introduzida pelo padre Figuei- V. 5—11. Nelleshabila o espirilo de Christo, o
rcdo, deve ser riscada. Nem o origin.il grego, nem a vulgata qual os regenerou e cada vez mais santifica.
latina trazem semelhante palavra. Ak!ni de ser addicionada ao V. 12 — 17. São filhos de Deos e herdeiros de
texto, dá logar á idéa errônea de ser a justiça ou rectidão
indispensável & justificação do crente, uma graça infusa, quando gloria.
o não é. A justificação do peccador é uma cousa , e a sua V. 18 — 28. As suas afilicções não impugnão isto.
santilicação outra. Esla é obra progressiva, em virlude da iu-
terna operação do Espirito-Santo; e aquella é instantânea e pois não lem proporção com. a gloria vindoura,
e contribuem para o bem espiritual dos que as
perfeita pela imputarão, pela te dos inlinitos merecimentos de
Jesus Chrislo. soffrem.
IMPRENSA EVANGÉLICA

V. 29 — 39. Em razão da immutabilidade dos con- 4.° O governo italiano toma á sua conta os
selhos divinos, e da infinita graça de Deos, manifesta encargos das quatro quintas partes da divida do
em Christo Jesus, a sua salvação eterna é cerla. governo romano.
Paulo está « certo que nem a morte, nem a vida, O tratado regula muitos promenores , que não são
nem os Anjos, nem os principados, nem as virtudes,
nem as cousas presentes, nem as futuras, nem a vio- conhecidos , e que não têm a importância das pre-
lencia, nem a altura, nem a profundidade, nem outra cedentes bases fundamentaes.
creatura alguma nos poderá apartar do amor de Deos
que está em Jesus Christo Senhor Nosso. » Presentemente discute-se na Grécia uma nova
Cap. IX, X e XI.— O thema do v. 16 do cap. 1 diz
que, a salvação annunciada no Evangelho é dada constituição, cujos artigos são os seguintes:
indiscriminadamente aos Judeos e aos Gentio?, com- Art. 1.° A religião dominante na Grécia é da
lanto que tenhão fé. igreja oriental orlhodoxa de Christo. É tolerada qual-
Esta doutrina parecia em contradicção com a reve-
lação do Velho Testamento. 0 Apóstolo se vê forçado quer outra religião conhecida , e os que a professão
a explicar a rejeição dos Judeos e a vocação dos Gen- podem livremente exercê-la no seu culto, sob a
tios, nestes capítulos, citando o Velho Testamento, prolecção das leis. O proselytismo e qualquer outra
para provar que tudo lá está prophetisado. intervenção prejudicial á religião dominante ficão
Concluindo esta parte do assunipto, o Apóstolo,
com o intuito de abrandar a dôr que naturalmente prohibidos.
sentirião os Judeos pertencentes á igreja em Roma, Art. 2.° A igreja orlhodoxa da Grécia , reconhe-
traz duas considerações consoladoras : cendo como chefe Nosso Senhor Jesus Christo,
1 .a Muitos Judeos (e destes erão Paulo e seus lei- conserva-se indissoluvelmente unida,
tores da raça Abrahamica), aggregando-se a Christo, dogmas, á quanto aos
não forão regei tados. grande igreja de Constantinopla, e a
2." A conversão do resto da nação está destinada qualquer outra igreja deoChristo, que professe as
para o futuro. mesmas doutrinas. Conserva na sua integridade,
Caps. XII, XIII, XIV, XV e XVI.—O Apóstolo, como as igrejas acima mencionadas, os cânones
como era do seu costume, concluindo a parte doutri- apostólicos e os dos concilios, assim como as santas
nal e argumentativa, fez aos Romanos as exhortagões
convenientes ds rircumstancias em que se achavão, tradições; só dimana de si, exerce os seus direitos
A fé, que não obra por caridade, é morta. As doutri- soberanos, independentemente de qualquer oulra
nas, que não se traduzem em obras de piedade e amor igreja, e é governada por um synodo de bispos.
para com os nossos semelhantes, não podem ser Os arcebispos, bispos, e padres da igreja calho-
divinas.
lica, deverão ser cidadãos Gregos.

Muilo bem diz Guizot: que «a fé e a liberdade reli-


giosa não podem coexistir, sem que se desenvolva o
jSrOTICIAEalO. espirito de proselytismo. A falta desse espirito im-
plica necessariamente, ou que a fé religiosa é morta,
ou que não ha liberdade de consciência. »
Os noticiadores mais bem informados são con-
Por mais que a Grécia e ouiros paizes o queirão
cordes em dizer que um tratado se assignouem Paris,
achar, nãu lia meio Iermo. A negação do direito de
no dia 13 de Setembro, enlre a França e a Itália. As
suas principaes condições são as seguintes: propagar a fé é a morte da fé. Qualquer tolerância
ou liberdade, que não garantir este direito, é uma
1." As tropas francezas deixarão Roma* dentro
irrisão.
do prazo de dous annos, até dar tempo ao governo
Pharaó, querendo acabar com a nação escolhida,
romano de organisar a sua força armada. Este prazo
a tolerava, mas tomou providencias para que os
pôde ser encurtado, se as circumslancias o permit- filhos machos morressem. A tyrannia religiosa não
tirem, mas não prorogado;
2." Retiradas as forças francezas, o governo ila- tem sabido inventar melhor medida, para conseguir
liano obriga-se a respeitar as fronteiras romanas, e os seus fins.
a impedir que alli penetrem forças armadas regu- Consta da Republica de Venezuela, que a consti-
lares ou irregulares; tuição ultimamente adoptada, estabelece a liberdade
3." Os governos de França e de Itália compromet- de cultos. É um passo na senda do progresso ver-
tem-se a não permillirem nenhuma intervenção es- dadeiro.
trangeira em Roma;
Ty]«i(ír.i|iliia Universal de Laemhert, rua doj Inválidos, 61 B.

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