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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

ERM
Nº 70076372580 (Nº CNJ: 0002470-67.2018.8.21.7000)
2018/CÍVEL

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO-


ESPECIFICADO. AÇÃO ORDINÁRIA. BRASIL
TELECOM. PLANTA COMUNITÁRIA DE
TELEFONIA (PCT).
I. Retribuição do valor investido. Prescrição
verificada. Consoante entendimento pacificado
pelo Superior Tribunal de Justiça, no recurso
repetitivo representativo da controvérsia N.
1.220.934-RS, o prazo prescricional, quando
inexistente pactuação expressa, acerca da
devolução de valores, é o trienal, observada a
transição prevista no art. 2.028 do atual Código
Civil.
II. Sucumbência invertida.
EXTINGUIRAM O PROCESSO. UNÂNIME.

APELAÇÃO CÍVEL DÉCIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL

Nº 70076372580 (Nº CNJ: 0002470- COMARCA DE PORTO ALEGRE


67.2018.8.21.7000)

OI S A APELANTE

MARLICE SALETE MOTTER BARRETO APELADO

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Acordam os Desembargadores integrantes da Décima Sexta


Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em
extinguir o processo.

Custas na forma da lei.

Participaram do julgamento, além do signatário, os


eminentes Senhores DES.ª ANA MARIA NEDEL SCALZILLI
(PRESIDENTE) E DES. PAULO SERGIO SCARPARO.

Porto Alegre, 22 de fevereiro de 2018.

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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

ERM
Nº 70076372580 (Nº CNJ: 0002470-67.2018.8.21.7000)
2018/CÍVEL

DES. ÉRGIO ROQUE MENINE,


Relator.

R E L AT Ó R I O

DES. ÉRGIO ROQUE MENINE (RELATOR)

Trata-se de apelação cível interposta por BRASIL TELECOM


S/A, em face da sentença (fls. 93-97) que:

“(...)
Isso posto, com fundamento no art. 487, inc. I,
do Código de Processo Civil, resolvo pela
procedência do pedido formulado por Marlice
Salete Motter contra Brasil Telecom S/A, para
condenar a ré: a) restituir à demandante, os
valores efetuados por esta, devidamente
corrigidos pelo IGP-M (FGV) desde o desembolso
e acrescidos de juros de mora de 1% ao mês, a
contar da citação; b) condenar a demandada ao
pagamento de dividendos e juros sobre capital
próprio, corrigidos monetariamente pelo IGP-M
(FGV), desde a data em que deveriam ter sido
distribuídos e acrescidos de juros de mora de
1% ao mês, a contar da citação.
Tendo em conta o Princípio da Sucumbência,
condeno a parte ré ao pagamento das custas e
honorários advocatícios do procurador da parte
adversa, que, observados os critérios do art. 85,
do CPC, fixo em R$ 1.000,00 (um mil reais),
corrigíveis pelo IGP-M (FGV) a contar do trânsito
em julgado da sentença.
(...)”

Em suas razões recursais (fls. 100-121), a parte apelante


pleiteia a reforma da sentença. Alega, preliminarmente, a nulidade da
sentença no que tange ao pagamento da restituição de valores, visto que
a matéria se quer foi objeto do pleito inaugural, sendo, assim, extra
petita. Ademais, assevera a carência da ação quanto ao pedido específico

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de dividendos e juros sobre capital próprio, sua ilegitimidade passiva,


bem como a incidência da prescrição trienal. Alternativamente, quanto ao
critério do cálculo a ser utilizado, pugna quanto ao valor da cotação das
ações a data do trânsito em julgado da decisão. Em relação às ações da
celular CRT, postula pela cotação na data da cisão. Ao final, requer o
redimensionamento dos ônus sucumbências.

Em contrarrazões (fls. 126-29), a parte apelada rebateu as


alegações apresentadas.

Por fim, registro que foi observado o disposto nos artigos 931
e 934 do Código de Processo Civil, tendo em vista a adoção do sistema
informatizado.

É o relatório.

VOTOS

DES. ÉRGIO ROQUE MENINE (RELATOR)

Presentes os requisitos intrínsecos e extrínsecos de


admissibilidade, conheço do presente recurso e o recebo em seus efeitos
legais.

No caso em exame, a autora ajuizou ação para ver


reconhecido o direito de subscrição de ações e perdas e danos oriundas
do contrato colacionado à fl. 13.

Pois bem, no que diz com o pedido de restituição dos valores


investidos no sistema de planta comunitária, consoante entendimento
firmado pelo Superior Tribunal de Justiça, em relação à prescrição, a
solução da controvérsia decorre, por raciocínio análogo ao utilizado para
os litígios relativos às extensões de rede de eletrificação rural, atualizado
e acolhido pela Segunda Seção do STJ no julgamento do REsp
1.249.321/RS1, apreciado sob o rito do art. 543-C do CPC.

1
REsp 1.249.321/RS, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Segunda Seção,
julgado em10/04/2013, DJe 16/04/2013.
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Logo, o novo regramento consignou prazo prescricional


específico para a pretensão em análise, que envolve ressarcimento de
valores, em razão da alegada nulidade da doação do acervo.
No presente caso, o prazo prescricional se iniciou em
janeiro de 1997 (por ocasião da data da integralização – fl. 13).
Contudo, o art. 2.028 do Código Civil de 2002 prevê a aplicação dos
prazos prescricionais do diploma legal anterior somente quando por ele
reduzidos e se transcorrido lapso temporal superior à metade do
estabelecido no diploma anterior.
No caso concreto, em janeiro de 2003, ainda não tinha
decorrido mais da metade do prazo anterior que era vintenário, logo o
prazo a ser observado é o trienal.

Nesse sentido, lecionam Nelson Nery Junior e Rosa Maria


Andrade Nery que quando tiver decorrido menos da metade do prazo de
prescrição regulado no CC/1916 (ou por lei extravagante) e esse mesmo
prazo tiver sido diminuído pela lei nova (CC/2002), aplica-se a regra da lei
nova, a partir de sua vigência (12.01.2003), desprezando-se o tempo que
já tinha fluído sob a égide da lei revogada.

No caso em tela, nos moldes do que decidido pelo STJ por


ocasião do julgamento do recurso especial n. 1.220.934, submetido ao
rito do art. 543-C do CPC, rege-se da seguinte forma:

DIREITO CIVIL. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO DE


RESSARCIMENTO DOS VALORES PAGOS A
TÍTULO DE PARTICIPAÇÃO FINANCEIRA DO
CONSUMIDOR NO CUSTEIO DE PLANTAS
COMUNITÁRIAS DE TELEFONIA. RECURSO
REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-
STJ).
A pretensão de ressarcimento de quantia paga
pelo consumidor a título de participação
financeira no custeio de Plantas Comunitárias
de Telefonia, na hipótese em que não existir
previsão contratual de reembolso pecuniário ou
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por ações da companhia, prescreve em vinte


anos na vigência do CC/1916 e em três anos na
vigência do CC/2002, respeitada a regra de
transição prevista no art. 2.028 do CC/2002.
Nessa situação, cabe realizar raciocínio análogo
ao utilizado para os litígios relativos às
extensões de rede de eletrificação rural,
atualizado e acolhido pela Segunda Seção no
recente julgamento do REsp 1.249.321-RS, DJe
16/4/2013, apreciado sob o procedimento do
art. 543-C do CPC. De fato, na vigência do
CC/1916, para a definição dos prazos
prescricionais, era necessário efetivar a
separação entre ações pessoais e reais nas
hipóteses em que o caso não se enquadrasse
nas situações discriminadas pelo referido
diploma legal, sujeitas a prazos especiais (art.
178). Nesse contexto, a pretensão de
ressarcimento dos valores pagos no
financiamento dos programas denominados
Plantas Comunitárias de Telefonia não se
ajustava a nenhum prazo específico. Desse
modo, tratando-se de situação que se amoldava
ao que o CC/1916 denominava de ações
pessoais, é aplicável o prazo vintenário de
prescrição, na forma do art. 177 do CC/1916.
Contudo, na vigência do CC/2002, abandonou-
se o critério da diferenciação entre ações
pessoais e reais como elemento definidor da
prescrição. Há um prazo geral de dez anos,
previsto no art. 205, aplicável quando não
incidir outro dos prazos listados pelo art. 206.
Ocorre que o novo regramento prevê, no § 3º
do art. 206, prazo prescricional específico —
três anos — que se amolda à hipótese em
análise, que envolve “pretensão de
ressarcimento de enriquecimento sem causa”.
REsp 1.220.934-RS, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 24/4/2013.

Destarte, considerando que a ação foi ajuizada em janeiro


de 2011, ou seja, após já consumado o prazo prescricional, impositiva a
extinção do feito.

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Diante do exposto, voto no sentido de extinguir o


processo, nos termos do art. 487, II, do CPC.

Tendo em vista o novo alcance da decisão, inverte os ônus


sucumbências fixados em primeira instância.

DES. PAULO SERGIO SCARPARO - De acordo com o(a) Relator(a).

DES.ª ANA MARIA NEDEL SCALZILLI (PRESIDENTE) - De acordo com


o(a) Relator(a).

DES.ª ANA MARIA NEDEL SCALZILLI - Presidente - Apelação Cível nº


70076372580, Comarca de Porto Alegre: "EXTINGUIRAM O PROCESSO.
UNÂNIME."

Julgador(a) de 1º Grau: DEBORA KLEEBANK

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