Sie sind auf Seite 1von 36

Materiais de Construção Civil e Princípios de Ciência e E nh . . .

. nge ana de Matemus


Geraldo Cechella Isrua (Organizador/Editor)
© 2010 IBRACON. Todos direitos reservados.

Capítulo 1

A Ciência e a Engenharia de Materiais


de Constru ção Civil
Geraldo Cechella [saia
Universidade Federal de Santa Maria

1.1 Introdução

A humanidade vive em uma espaçonave chamada Terra que detém todos os


recursos para a manutenção e o desenvolvimento de seus habitantes. O nível de
qualidade de vida do planeta depende da quantidade de pessoas (população), dos
recursos naturais disponíveis, do nível de conhecimento para realizarem-se as
transformações e o gerenciamento desses recursos e, ainda, do grau de poluição
gerado durante os processos utilizados. A disponibilidade de matéria-prima para
que as necessidades humanas sejam satisfeitas é um item primordial para a
sobrevivência de todos, porque já estão estocados, desde os primórdios do
aparecimento do Homo sapiens, todos os recursos necessários para a
sobrevivência dos passageiros desta espaçonave, até o fim dos tempos.
1 de que os organismos, as
Conceitua-se como recurso natural qualquer insumo
populações e os ecossistemas2 necessitam para a sua manutenção. Podem ser
divididos em dois grupos (BRAGA et al., 2005):
a) recursos renováveis: aqueles que, depois de serem utilizados, ficam
disponíveis novamente graças aos ciclos naturais, tais como a água (ciclo
hidrológico), o ar, a biomassa e a energia eólica; .. _
b) recursos não-renováveis: aqueles que, uma vez utilizados, nao se renovam
por meios naturais. Podem ser subdivididos em duas classes:
• minerais energéticos: combustíveis f~sseis (carvão mine;a_l, petr?leo, urânio);
• minerais não-energéticos: são mi~erais como f~rro, calcano, arg~as em geral,
etc. Grande parte pode ser reu~~d~ ou reciclada, embora nao possa ser
reconstituída às suas condições ongmai~. _ ,, . . ,,
Em termos físicos, os recursos naturais sao compostos de matena, isto e,
qualquer substância, sólida, liquida ou gasosa, que ocupa lugar no espaço. Sob o

'Ins ( atén·a-prima equipamentos, capital, mão-de-obra, etc.) necessários para


umo: cada um dos elementos m •
produzirem-se bens ou serviços. . . , . .
2& . . . . s vivos e o ambiente, com suas caracterfsttcas ffs1co-qwrmcas e as mter-
oss1stema: sistema que me1m os sere
relações entre ambos.
G. Cechella /saia
2

.
tilitáno matenrus . · sa- 0 substâncias com
. propriedades
.. que as
ponto de vista u :. d máquinas estruturas, dispos1tivos e produtos ou
tfU
tomam úteis na conS çhao e tili·za p~a "fazer coisas" (COHEN, 1987). '
. . que o ornem u li d ,
seia, os matenais
nte O desenvo1vIIDe. nto do homem esteve
. ga
, . o a sua habilictact
J • e
Histoncame .' rfi i oar os materiais dispomve1s para atender suas
em detectar, mampular e ~pe ;oieção abrigo ou religiosidade (Figuras 1 e 2)
necessidades de manutençao, p ' .

Figura 1 - Stonehenge (2075 a.C.): monumento Figura 2 - Muralha construída pelo imperador
megalítico da Idade do Bronze, no condado romano Adriano (122 - 130 d.C.) no nordeste
de Wtltshire, na Inglaterra. da Inglaterra, com 120 km de extensão. (Fonte:
(Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Stonehenge) wwwhbc.co.uk/history/ancient/romaw'hadrian_galleryshtnú)

O estado de conhecimento (informação) e a disponibilidade de energia e de


materiais formaram o tripé básico do desenvolvimen to tecnológico da
humanidade em busca de melhores condições de vida pela utilização adequada de
ferramentas e de materiais. No dizer de Cohen (1985), o homem não teria se
tornado o Homem Pensador (Homo sapiens) se ele não tivesse sido ao mesmo
tempo, o Homem Realizador (Homo faber) .
No presente capítulo, são abordados temas fundamentais para o conhecimento,
o ensino e a utilização dos materiais pelo homem. São apresentados os conceitos
básicos sobre Ciênci~ ~ Engenharia dos Materiais, a importância do seu estudo e
da escolha de matenais adequados para dada finalidade. Também é abordada a
classificação _com que podem ser divididos, sua importância na construção civil
e, po~ ~ ' sao apon~dos tópicos sobre a formação profissional e o ensino de
matenais de construçao pela academia.

1.2 A Ciência e a Engenharia de Materiais


Entende-se como Ciê · O
adquiridos via observa ã nc~a . corp~ de co°!1ecimentos sistematizado~ que,
categorias de fie " ç o, identificaçao, pesqmsa e explicação de deterrrunadas
nomenos e fatos sa-0 .e10
(Houaiss, 2004). A En enh . '
1 d , ·
rmu ~ os metodica e racion
· a1mente
realiza a aplicação de !ét :1ª
~od~ ser entendida como a atividade em que se
da natureza em benefíc· do os científicos ou empíricos à utilização dos recurs?s
10 o ser humano A ·
,
está embasada na Tecnolo ia · ssim, a E ngenharia, além d a c·"nc1a
1e '
da soc~edade, pela aplic! ãior9ue b~~ca responder às necessidad~s. concretaS
rod
P uçao de bens e serv·lÇOS.ç st
si ematica dos conhecimentos ut11Izados na
A Ciência e a Engenharia de Materiais na Construção Civil 3

que as O saber científico, como conj_t1n~o. de conhecimento adquiridos, produzidos e


utos, ou acumulado~ durante O tempo histonco, evolui em escala geométrica interage
' 7). entre os diversos segmentos das ciências afins esclarecendo demdnstrando
bilidade comprovando e, na maioria.da~ vez~s, produzindo' maior número' de perguntas d;
der suas que respostas. Avanços sigmficativo~ foram conseguidos para os materiais
1 e 2). empregados pelo homem para solucionar as necessidades de seu cotidiano
quando as ciências básicas como Física, Química e Matemática ofereceram
teorias e ferramentas para explicar fenômenos relacionados com a sua estrutura.
A p ~ do início do ~éculo 20, as d~scobertas científicas aportaram maior
co~e~~ento das P:Opnedades, a partrr da estrutura dos materiais, o que
poss1~i~tou .ª. formaçao de uma base comum para a compreensão dos principais
matenrus utilizados como os ferrosos, cerâmicos e orgânicos. Assim, a Ciência
ofereceu uma explicação para muitos aspectos das propriedades que haviam sido
descobertas empiricamente e, além disso, apontou caminho para aperfeiçoamento
dos materiais, não só os existentes, como também aqueles projetados com
erador propriedades específicas (COHEN, 1985).
este
Surgiu, então, o entrelaçamento entre o conhecimento básico oferecido pela
onte:
~
hlleiy.shtml)
ciência como suporte para o desenvolvimento e o aperfeiçoamento dos materiais
e a sua aplicação para suprir as necessidades da vida moderna. A esse ramo de
pa e de conhecimento foi dado o nome de Ciência e Engenharia dos Materiais (CEM)
rico da definida, segundo Cohen (1987), como "a área da atividade humana associada
f ª~de com a geração e aplicação de conhecimento que relaciona composição, estrutura
~ena se e processamento dos materiais às suas propriedades e usos". Trata-se do
mesmo acoplamento, por um lado, da Ciência dos Materiais que engloba disciplinas
1
científicas tradicionais (Física, Química, Matemática) e, de outro lado, com a
imento, Engenharia dos Materiais que estuda e desenvolve processos e aplicações dos
nceitos materiais. A CEM se constitui em uma rede de conhecimentos multidisciplinares
studo e que estão relacionados entre si através da interação dos conhecimentos
1

rdada a necessários para compreensão, planejamento, projeto e uso dos materiais


fo civil representados pelo ciclo estrutura/propriedade~/processos/~ç~o/desempenho.
:;ino de A Figura 3 apresenta o esquema geral do ciclo dos matenrus, desde a fase de
extração do solo ou subsolo até a ob~enção d.o produto final, com seu ?es~te/
descarte ou reaproveitamento. Esse ciclo ~e. divide ~m duas partes~ a p~erra:. a
esquerda, se refere à obtenção dos matenais a p~rt~ da prospec.çao, mmeraçao
ou coleta da matéria-prima, estando ~ssas ~tivi?a~es r,:lacionadas com a
[,, que, Ciência e Engenharia do Meio Ambiente. ~ .duei.ta sao apre~entadas as
lliiadas operações relativas ao beneficiamento da matena-pnma, produçao dos bens
de consumo seu uso e descarte, atividades estas típicas da Ciência e
lmente
Engenharia dos Materiais. A i?terface entre os dois., ramos se relaciona co~ o
que se
estudo do destino a ser dado as sucatas ou aos residuos dos produtos apos o
:cursos
seu uso , se serão descartados ou reutilizad~s por meio de. reciclagem.
iência,
Observa-se O estreito entrelaçamento qu~ exis~e e~~e os dms ramos de
1cretas conhecimento no sentido de criarem-se meios m~.s eficientes para o ~mprego
los na de materiais que resultem em produtos que utilizem menor quantidade de
G. Cechella /saia
4
. d rnanação de gases nocivos para atrno ~
naturais, de en erg1a e e e . d t· .
.d 'til sejam deposita os e 1c1entement
slera
recurso~p6s o fim d~ s.ua v1 a ~rnp'acto sobre o meio ambiente. e ou
e que, minumzar-se o 1
reutilizados, para

1 1

CIENCIA E
ENGENHARIA
DO MEIO
AMBIENTE

Figura 3 - Ciclo global dos materiais (COHEN , 1987, p. ix).

A Figura 4 mostra a multidisciplinariedade que existe entre a Ciênci,3- .dos


Materiais, que abrange desde o conhecimento empírico (A), ciências .bas1cas
(B), estrutura e composição (C) e propriedades (D), que estão relacionados
com a geração de conhecimento, e a Engenharia dos Materiais, voltada para
a apli.cação desse conhecimento (tecnologia) a partir de sua estrutura (C) e
propnedades (J?), passa~do pela fabricação, processamento ou montage~ ~~
p~r~ 9~e, atraves do proJeto, produto ou função (F) tenha uma dada aplicaç
utihtana (G).
AF 5 ~
.,.. . igur:a . m?stra que a CEM opera com conhecimentos que se esteudem da
cie~cdia dbas,ic~ ª. pesquisa fundamental (à esquerda) até as necessidades.d
soc1e a e (a drre1ta) Ob . entI o,
enquanto o empúi · serva-se
. que o conhecimento científico fim num 8
· urna
s· · co em sentido contrário resultando nesse entremeio,
merg1a coordenada pela CEM (COHEN ap~d VAN VLACK, 1984).
A Ciên cia e a Engenharia de Materiais na Cons truçã o Civil 5

©
EMPI RISM O

Figura 4 - Esquema ilustrativo da ciênc ia e engenharia de mate riais (SILVA, I 986, p. 5).

ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATE RIAIS

ESTRUTURA- PROPRIEDADES-DESEMPENHO NECESSIDADES


CIÊN CIA E
ENTE NDIM ENTO - - E
EXPERIÊNCIAS
BÁSI CO ""-- PROCEsJAMENTO/ SOCIAIS

eia dos
CONHECIMENTO
bás ica s CONHEClt.1ENTO
CIEN TÍFIC O EMPÍR.ICO

lon ado s
tia par a Figu ra 5 - Ciência e Engenharia dos Materiais (CO HEN apud VAN VLA CK, 1984, p. 16).
(C) e
De mo do ma is exp lici tad o, a Ciê nci a dos Ma teri ais é o cam po de estu do da
m( E),
natureza dos ma teri ais, com o esta bel ecim ent o de teorias ou des criç ões que
lica ção
relacionam a estrutura com a composição, as propriedades e o comportamento
tlem da dos materiais. Segundo Hombogen apud Padilha (1997), a Ciência dos Materiais
des da se ocupa com as relações entre a microestrutura e as propriedades dos materiais,
entido, enquanto a Engenharia dos Materiais estuda a síntese e o emprego dos
, um a conhecimentos científicos e empíricos, para desenvolver, preparar, modificar e
~plicar os materiais que atendam às exigências previamente estabelecidas. Nã o há
linha def inid a ent re os doi s dom ínio s, raz ão pel a qua l o nom e ma is ade qua do é a
união dos termos, Ciência e Engenharia dos Materiais (COHEN apud VAN
VLACK, 1984).
O enfoque dado ao estudo dos materiais depende do efeito de escala, isto é, da
G. Ced1ella Jwía
6

_ " (lnrntcrial e suas partes constituintes são tratados E


. ao com que ' · · · rn •
dimcns . . materiais são estudados na maior escala possível t n1ve1 d
Engenhana:/scontínuo e homogêneo. e assumindo-se propriedade~ o~~nct¾
como .d umdtouo . rado. A esse . m\e . medias
,, ' 1de es tudo e,, associad o Para
do volume conside
a tota lI a e · · - b d o enfi
. OCJ11e
.. nal da Rcsi"stência dos Matenais, em que sao a or adas as· proPnect
trJd1c10 · -
,. . . como resistênc ia de corpos-de-prov a ou peças de grandes ct·irnen ade\
mccanica!'i. · . d ~
. oxi· mando-se das condições reais emprega as em escala estrutural. Na rnais0es.
•1pr . nh · t ,· 0
., , "Z"' ' ncs e nível prcdomma o co ec1men o empmco obtido a Partir. na de
uns vc.: .e , . . d. - d d
..cns,a·ios. experimentais . . como me10 de pre 1çao o esempe nho do mat .
ena) e
condiçflCs laboratonms ouA de obra. 111
A explicação dos fenomenos que oc?rrem em macroescala, em nível
Engenharia, somente pode ser dada a parttr de estudos aprofundados. sob a Otica . _de
,, d . . d e· d
científica, cm mvel e m1croestrutura, ou seJa, a 1encia os Materiais ·Om
A •
C
1 1 com as imperfeições
efeito, é conhecendo-se a estrutur~ atom1ca e mo ecu ar
A'

descontinuidades que se pode explicar o comportamento macro de dado materiat


por meio de ensaios específicos que fornecem informações sobre a s ·
composição química, estrutura molecular e de fases, que condicionam ua
comportamento e as propriedades em nível de Engenharia. O Quadro 1 resume~
principais características dos níveis de estudo e de informação que são possíveis
obterem-se nas escalas mencionadas.
Quadro 1 - Níveis de estudo/informações sobre os materiais (ILLSTON, DINWOODIE e SMITH, 1979 - adaptaoo).
Ciência e
Ciência dos Engenharia dos
Classe de estudo Engenharia Materiais
Materiais dos Materiais 1
Nível 1 microestrutural mesoestrutural 1 macroestrutural
Escala 10·7- 10·3 mm 10·3 - 1 mm 1 >1 mm
Estrutura molecular fases, grãos 1 todo material
moléculas de
celulose células da madeira madeira
Exemplos concreto
silicatos de cálcio pasta de cimento
hidratado 1
porosimetria a Hg propriedades
Técnicas de ensaios microscopia estrutura das fases mecânicas
eletrônica
modelos 1
Interpretação dos modelos estruturais diagramas
teoria das multifásicos
resultados transferência de gráficos
deformações
1 massa ~

Uso da informação conhecimento conhecimento custos, ensaios


1 novos materiais parâmetros j
parametros

No nível de estudo m ·ai artir de


suas fases que 1·nte esoeSlrutural, considera-se a estrutura do maten ª P rnplo,
, ragem para fo . or exe
as celulas das fibras da mad . rmar ~ partes de seu corpo. Senarn: P uJtifásicti
como os agregados eira, os graos em um metal ou um matenal rn
'ª pasta eª supeifície de interface do concreto.
A Ciência e a Engenharia de Materiais na Construção Civil 7

Em nível
tomando- 1.2 A importância do estudo e da escolha de materiais
médias p
oo~nfoq Os materiai~ são os elementos _!undamentais de. todos os ramos da Engenharia, que
ropnedad pode ser definida como a profissao na qual se aplica com critério conhecimentos das
dimens- ci~n?ias mate~á~cas e naturais, adquiri~o pelo estudo, pela experiência e pela
. Namaio pratlca, com obJetlvo de desenvolver manerras de utilização econômica dos materiais
a Partir e das forças da natureza para o benefício da humanidade (SCHAFFER et al., 2000).
ateria] e Observa-se por ~ste co~cei!o 9ue o Engenhe~~ trabalha para a sociedade porque
exerce funçoes nnprescmdíve1s a todas as at:1v1dades humanas. Além de realizar
nível d ciência ~plicada, deve também possuir bons fundamentos de economia, porque o
sob a ótic preenchimento das necessidades humanas sempre envolve a variável custo.
eriais. Co No exercício de sua profissão, o Engenheiro se depara com vários materiais que
deve escolher para obter, com a melhor relação custo/benefício, a solução para um
~erfeições dado problema ou obra. A escolha implica determinar as propriedades requeridas
tio materi para cada caso com a finalidade de, então, eleger os materiais que apresentem estas
~bre a su propriedades pelo menor custo. Entende-se aqui custo global e não somente inicial,
pcionam incluindo-se as despesas necessárias de manutenção e uso até o fim da vida útil do
J resume objeto em questão.
b possívei O Engenheiro não exerce a escolha de determinado material através de uma única
propriedade, em especial quando se trata de uma construção que ficará sujeita à ação
das intempéries ou a ambientes agressivos. Assim, ao escolher o material estrutural,
deve levar em conta não somente a resistência, como também a durabilidade e o
desempenho estrutural até o final da vida útil, pelo menor custo global. Na maioria
i dos
s das vezes, a escolha de um material implica um conjunto complexo de decisões, de
ordem não somente técnica, como também econômica, e quase sempre não é
~ ral
encontrada uma única solução para a situação em questão. Geralmente existem
~ai várias soluções consideradas adequadas para a seleção de materiais, devendo ser
investigadas as diversas alternativas para se chegar à escolha final (SCHAFFER et
al., 2000).
A escolha de dado material para caso específico depende não somente do
conhecimento técnico-científico do engenheiro, mas também de sua experiência
es acumulada, porque nem sempre o enfoque técnico leva à melhor solução com base
s
em evidências aparentes. Além dessas questões, devem ser levadas em conta, em
determinada escolha de material, as questões ambientais ligadas ao consumo de
energia, poluição, descarte, etc., como será visto m~s adiante. ,
Essas decisões devem ser tomadas na fase de projeto, em que, atraves de processos
ios e métodos de cálculo baseados em modelos e conceitos estabelecidos, são escolhidos
s os materiais pelas suas propriedades conhecidas e tes~d~ em laborató~? ou obras.
O balanço entre os métodos de cálculos, e. as caractenstl~as dos n:atenai.s, de_ve ser
criteriosa tendo em vista que, para os úl~os,, as pro~ne_dades sao van~v~1s, e a
a partir de disponibilidade de escolha de um ou outro tlpo e, na maion~ ~as vezes, múltipla.
·exemplo, Para exemplificar a importância que a escolha dos matenais pode trazer sobre o
3
mltifásico desempenho de produtos de engenharia, a se11:~nça a seguir de. Caquot resume com
propriedade O papel preponderante dos matenais na Engenharia:
3 Albert Ca t ( l 881_1976) Professor de Materiais da École National dês Ponts et Chaussées (ENPC), Mame la
quo ' . d e·· .
Vallée, na França, Membro e Presidente da Acaderrua Francesa e 1enc1as.
G. Cechella !saia
8

Para construir, atualmente o engenheiro deve e


, ul •
da res1stencia dos materiais star
(
familiarizado com os cálc os
A •

. -~
Ele deve conhecer, sobretudo, com a aproxunação necessári
as propriedades mec~cas dos mat~riais que pode utilizar.1
melhoria destas propn~des ~~te obter, nas construções,
transformações muito mais radicais que os ganhos que pode
ser conseguidos pelos métodos de cálculo de Resistência :
Materiais. Com efeito, podemos ganhar uma pequena fração de
massa de uma ponte, de um automóvel, de um avião por meio
de estudo técnico preciso de resistência mecânica e, ao
contrário, é possível economizar uma fração muito mais
considerável desta massa pelo emprego de um material de
qualidade superior (...) Assim, as grandes etapas de realiz.ações
técnicas são marcadas pelas conquistas do homem sobre a
matéria. (CAQUOT apud DE LARRARD, 1988).
r Por exemplo, a escolha de uma classe de resistência característica ((J mais
elevada no projeto de estrutura de concreto permite que se obtenham secções mais
esbeltas, de menor massa e carga nas fundações da construção. O advento do
concreto de alta resistência (ou concreto de alto desempenho - CAD) possibilitou
que esses ganhos fossem potencializados. O Quadro 2 apresenta evolução
comparativa de um pilar curto de concreto calculado pela Norma Norueguesa NS
3473 (1992) em diversas épocas, empregando-s e a máxima resistência
característica permitida. Observa-se que, entre os anos de 1939 e 1989, o fck de
projeto aumentou de 29 para 105 MPa (3,6 vezes), enquanto que a secção
transversal de concreto diminuiu de 1600 cm2 para 240 cm2 (6,7 vezes) e a do aço
de 1430 mm.2 para 590 mm2 (2,4 vezes). O emprego de resistência característica
mais alta permitiu a redução de 85% da massa de concreto e 49% da armadura,
no período de 50 anos, fruto do emprego de concreto de maior desempenho.
Quadro 2 - Evolução comparativa de pilar curto calculado pela Norma Norueguesa
NS 3473, em igualdade de canegamento (1992) (HELLAND, 1988).
Ano fck MPa Pilar-curto de concreto Armadura
cm cm2 lndlce cm2 lndlce
1939 29 40x40 1600 100 14,3 100
1963 45 28x28 784 49 7,9 55
1973 65 23x23 529 33 6,8 48
1989 105 15 X 15 240 15 5,9 41

Para mnhelhor ilustrar esses tópicos, no Capítulo 2 são abordados a qualidade e?


desempe o dos mate . . , . dOs a
Normaliz - nrus, no Capitulo 3, os aspectos relac10na d
materiais ~~ª~n~e:J:~~~ ' alguns critérios de projeto para a seleção e
5
A Ciência e a Engenharia de Materiais na Construção Civil 9

J.2 .1 Exemplo de critério de escolha de materiais

Coi:n? ilustração <?allist~: Jr: (2002). apresenta exemplo para seleção de


ma:ena1s para um eixo c1~dnco tens1onado em torção, tomando-se como
par~etro de escolha a seleçao de um material leve e resistente. Foi definido o
parametro:
p: y213/p
(Equação 1)

sendo P o índice de desempenho, 'Ta resistência ao cisalhamento do material e p


a su~ densida~e. Para auxiliar a escolha do melhor material para a finalidade
selecionada, sao empregados gráficos como o da Figura 6, que contém as duas
propriedades requeridas, em escala logarítmica nos dois eixos. No gráfico, os
materiais de um grupo específico (madeiras, polímeros, etc.) encontram-se
agrupados, estando envoltos em um circulo em negrito, e as subclasses dentro
desse grupo em linhas mais finas.
Tomando-se os logaritmos da Equação 1 e rearrajando-se, tem-se

log T = 3/2 log p + 3/2 log P (Equação 2)

Essa expressão mostra que um gráfico de log 'T em função de log p produzirá
uma família de linhas retas e paralelas, todas com inclinação 3/2, sendo que cada
linha representa um dado índice de desempenho P. Essas linhas são denominadas
de linhas-guia de projeto. São apresentados, na Figura 6, os valores de P de 3, 10,
~, O fck 30 e 300 MPa213 .m3/Mg. Os materiais sobre essas linhas apresentarão desempenho
a secç similar em termos de resistência/massa; os materiais acima da linha terão índices
~a doa de desempenho mais altos, e os que se localizam abaixo, índices de desempenho
tcterísti menores. Por exemplo, um material sobre a linha P = 30 exibirá a mesma
resistência, porém necessitará de apenas um terço da massa que outro
fIIlad material localizado na linha P = 10.
enho.

"dade e
,nados
leção
G. Cechella /saia
10

1000
/
Compósllos de
engenharia
/
/
/

0.1 L_-1.'.__ _L _ _L_LJ...1...._ _ __j__ _ _ __j__j_.J.._LL:::------'-----;'310


0,1 0,3 1 3 10
Densidade (Mg/m3)

Figura 6 - Diagrama de seleção de materiais baseado na resistência em função da densidade. Foram construídas linhas-
guia para os índices de desempenho (P) de 3, 10, 30 e 100 MPa213 .m3/Mg, todas com inclinação de 3(2
(CALLISTER JR., 2002, p. 502).

Escolhendo-se a linha P = 10 como guia, os materiais posiciona~os


sobre ela são candidatos prováveis para o eixo cilíndrico em .queS1 ªº;
tais como os produtos de madeira, alguns plásticos e hgas, 0
compósitos, vidros e cerâmicas. Com base na ductilidade à fratura\\8
cerâmicas e os vidros são eliminados. Supondo que o eixo deva :
resistência maior ou igual a 300 MPa a região fica mais restrita (po~ças0
d 1. h P · ' · " · hga
ª m a = 10 acima de 300) restando os aços ligas de t1tant0,
d 1 ,. ·
s
· "' . ' ' ,.
e_ a umm_10 de alta res1stencrn e os compósitos. Com outros para colha metro
(?tsp
f ma. onibihdade do material, custo, etc.), pode ser realizada a es
1
A Ciência e a Engenharia de Materiais na Construção Civil 11

1.3 A classificação dos materiais

13 .1 Classificação técnico-científica

Tradicionalmente, segundo a microestrutura os materiais sólidos são


agrupad_o~ em, tr~s classes: metais, cerâmicos ~ polímeros, com base na
compos1çao qmIDica e na estrutura atômica. Além desses existem ainda outros
três g~pos que s~o cada vez mais importantes na área da Engenharia: os
compo~1tos, os se~conduto~e~ e o~ biomateriais. Os compósitos são combinação
de d01~ _ou m~1~ matenais diferentes; os semicondutores apresentam
caractenst1cas eletncas específicas, e os biomateriais são uma classe recente
utilizada usualmente em próteses compatíveis com os tecidos humanos. '

1.3.1.1 Metais
Os metais mais tradicionais, como o cobre, ouro e ferro, são conhecidos e
utilizados entre 5.000 e 3.000 a.C., época em que o homem descobriu o forno de
alta temperatura e aprendeu a fundir metais e fabricar utensílios domésticos,
armas e peças para veículos de transporte. No início da era cristã, eram
conhecidos sete metais: Au, Ag, Pb, Sn, Fe e Hg. Os romanos utilizaram o Fe
como principal material para dominar o seu vasto império, além de participar
como o grande propulsor da economia (PADILHA, 1997).
A qualidade de produção do aço, principal metal utilizado durante a Idade
Média e na Revolução Industrial, entre meados dos séculos 18 e 19, era baixa pela
falta de controle do teor de carbono e pelas impurezas incorporadas ao produto
final. A descoberta de Bessemer4, em 1856, de processo que sanou os
inconvenientes apontados permitiu a produção do aço em grande escala e de
melhor qualidade, resultando na sua disseminação e no aprimoramento de sua
fabricação e de outros tipos de aços-liga.
Os metais são compostos de combinação de elementos metálicos que possuem
grande quantidade elétrons livres, não ligados a qualquer átomo em particular,
constituindo-se na denominada ligação metálica, que se configura numa
"nuvem" eletrônica com o compartilhamento dos elétrons entre átomos vizinhos.
As propriedades dos metais derivam dessa sua constituição, ou seja, são bons
condutores de eletricidade e de calor, são muito resistentes e deformáveis, razão
pela qual seu uso é bastante extensivo em aplicações estruturais, em especial de
igas, ferro e alumínio. Também são utilizados extensivamente em automóveis, aviões,
atura máquinas, ferramentas e muitas outras aplicações em que se requer combinação
deva de resistência e tenacidade5 •
(por Dos 92 elementos químicos da Tabela Periódica encontrados na natureza, 70
io, li têm caráter metálico predominante6 . A maioria foi descoberta nos últimos 250
râme anos, conforme Figura 7, ao passo q~e até um século atrás, com exceção ~~ cerca
esco de 20 elementos químicos, os dem~s. eram estudados apenas em laboraton_o.
O aço, um dos materiais mais utilizados no mun~o, ap~esentou produçao~ no
ano de 2009, de 1.120 milhões de toneladas. Os tres maiores produtores sao a
4 Henry Bessemer (1813- 1898), engenheiro, inventor do processo de produção do aço que levou seu nome.
5 Tenacidade: resistência à fratura frágil.
6 Ver Tabela Periódica dos elementos químicos no Capítulo 6.
12 G. Ceche/la !saia

_
milh - Japao com 88 milhões e a Russia com 60 milhões d
il +: • d 27 · e
China com 568 oes' a rodução do ~ras iOI e milhões de
ladas Nesse mesmo ª~~, P anking mundial (INTERNATIONAL IR.01..l
tone · gª osiçao no r dial d ! 'i
toneladas, ocupando a2 p9 esar de a produção mun _e ~o ter decrescido
STEEL INSTITUIE, 00 ) · Ap áximo de 2007, 1.351 milhoes de toneladas
cerca de 10% e':1 relaçã? ª-~~c::dial de 2008-2009, a tendência atua] é d~
devido a recessao economi histo"n'cos
tamares
crescimento para os pa . · · · ,,
d microestrutura dos matenais metálicos, e ·
o Capítulo 10 deste livro trata. ª 'pais produtos utilizados na Construção Civil08
Capítulos 33 a 36 apresentam os pnnc1 .

100 ~-Q-

V,
o
ãi
.o
80
f
)
o
o
V,
Q)

~o 60 ~d.Si.AI 'I )

e
Q) ' '\}
~
EQ)
ã5 40
Q)
1
'O
o
.... . Fe,Cu,Ag,Au,
Q)
Hg,Pb,Sn /Co,Ni ~
.§ g

" '
y~
20 Sb- r-Pt,Zn
z
I n
'

~. "• '\
Mn,Mg,Mo,
W,U,Tl,Cr
1
o . li
'Ili . 1
1 1
O 204060801000 1200 1400 1600 1800 2000
Ano (D.C.)
Figura 7 - Elementos químicos descobertos nos últimos dois milênios (PADILHA, 1997, P· 16).

1.3.l.2 Cerâmicas ao
A argila foi o primeiro material manipulado intencionalmente pelo.ho~em,
redor do oitavo milênio a.e., por meio de operação de queima (sinte1;2açaos qu:
a transfonnava de um material plástico em outro com grande resistencia. esse
fonna, tomou-se possível a fabricação de utensílios domésticos e 0 ~":0~ ~~e
tive~ ~ande impacto s?bre a vida da sociedade daquela época, ~onsl:!tuID ~éJIJ
a ceranuca no marco 1Illc1al da Engenharia de Materiais. Os vidros, taro e
classificados
E . como materiais cerâmicos J
.á eram fabricados ao redor de 4,OOO a. a·
no .g1t<:, mas +:101• em Veneza, por volta de 1.200 d.C., que se consolidOu·ec1ade
a su
fabnc~çao. Ven~za tomou-se a capital do vidro em face da qualidade e van .d de
de obJetos fabncados em especial na ilha de Murano próxima àquela ci ª
(PADIL~,. 1997~. ' , ·cas,
As _cefll;1_llc~
10
~ao fonnadas por espécies quúnicas metálicas e não rne~as e
com ligaçoes mcas e covalentes com elétrons ligados em posições defiOI
A Ciência e a Engenharia de Materiais na Construção Civil 13

fixas., o" qu.e lhes ~o.nfere prop~edades características. Uma dessas propriedades é
a res1stencia mecaruca, a~e ~ator 9~e a.dos me~s, visto que os átomos não podem
se deslocar de suas pos1çoes ongmais7 • Por isso, apresenta baixa deformação
na ruptur~, o que lhes co.nfere fragilidade, propriedade oposta à tenacidade
dos metai~ .. Outras propnedades derivadas de suas ligações químicas fortes
são estab1hdad~ a altas temperaturas, resistência ao ataque químico e
is~lamento elétnco. As cerâmicas tradicionais são produtos de custo relativo
baixo e apresentam como desvantagem massa relativamente elevada
conseqüência derivada da densidade dos compostos à base de sílica. '
Gr~nde part: .dos materiais cerâmicos típicos é composta de sílica,
alumma, magnesia ou cal, que compõem o grupo da maioria dos materiais
de construção mais empregados nas construções, tais como agregados em
geral, cimento, cal, vidros, blocos, tijolos, concreto, argamassas,
revestimentos cerâmicos, louça sanitária, etc. Grande parte das cerâmicas é
cristalina, enquanto outras são amorfas, como o vidro de janelas, formado
principalmente à base de sílica, soda e cal.
Os produtos de cerâmica vermelha (telhas, tijolos, manilhas) e a cerâmica
sanitária (cerâmica para pisos, azulejos, louças) são compostos à base de
silicatos hidratados de alumínio, presentes nas argilas cauliníticas,
haloisitas, pirofilitas e montmorilonitas. A cor vermelha de alguns produtos
é derivada da presença do óxido de ferro.
As cerâmicas tradicionais são obtidas a partir de matérias-primas
abundantes, como argilo-minerais e areia, enquanto que as cerâmicas
avançadas são constituídas de óxidos, nitretos, carbonetos e boretos de alta
pureza, têm composição definida e o tamanho, a forma e a distribuição das
partículas controlados (PADILHA, 1997).
O Capítulo 11 deste livro trata da microestrutura dos materiais cerâmicos,
e os Capítulos 15 a 26 apresentam os materiais e produtos utilizados na
Construção Civil.

1.3 .1.3 Polímeros


Os polímeros, macro moléculas orgânicas formadas pela umao de
substâncias simples, chamadas monômeros, podem ser de onge1? ~at~ral ou
sintética. Os polímeros naturais. s~~ con1:1~cidos desde os P1:mordio~ da
humanidade quando o homem pn1:11t1~0 utilizo~ pn:duto.s de ongem ammal
ou vegetal, como madeira, fibras texte1s (algodao, la), cnnas, ossos, couros,
borracha natural e outros produtos da nature~a (PADILHA, 1997). .
8 , em 1832, para des1g~ar
O termo polímero foi criado por Berzelms
compostos de pesos moleculares múltiplos .. El~ estud~u dura°:te ~~a v1d~
mais de 2 000 compostos químicos. O pnmeiro pohmero smtetlco fm
descoberto· por Baekeland9, em 1907, obtido pela mistu:a sob pressão e
temperatura controladas, aplicadas ~o fenol e for~alde1do, encontrando
uma substância moldável que denommou de baquehte.

7 Ver ligações iônicas e covalentes no capítulo 6.


8 Jõns Jacob Berzelius (1779-1848), médico e químico suec~. .
9 Leo Hendrik Baekeland (1863-1944), químico belgo-amencano, também inventor do papel fotográfico.
14 G. Cechella !saia

Salto no estud o dos polím eros foi dado a partir de 1950 con-.
O grande . d 11 .b.lita r ••1 os
estudos de Ziegler10 sobre o uso de catalisa _ores '9u_e poss1 1 arn a produção
de polímeros com propriedades pr~-d,e~ermmadas, llllciando a era dos polímeros
. ~ d
proJe,a os ou da Engen haria Polzm erzca. Entre esses produ tos encont r!:I ......
. . -u-8e 0
neoprene (originalmente chamado de Dupr~ne), pnm~ rro composto de borracha
sintética a ser produzido em massa. Possm uma _vanedade _de usos, corno e
roupas de mergulho, na isolação elétrica, nas correias de ventilador d? carro e:
impermeabilização de construções. ~~tro_ produ :º. dess~ natureza e a aranucta
(kevlar), fibra sint~tica de grande res1stenc1a mecaruca, e a alta temperatura, além
de ser muito leve. E utilizada como tecido para ;oupa s a prova ~e bal~s e proteção
pessoal em indústrias. Por unidade de massa e s~t~ ':_ezes mais resistente que
0
aço, razão pela qual pode ser utilizada em subst1tmçao ao aço em estruturas de
concreto.
Os polím eros se const ituem em molé culas de cade ia long a com grupos
repet itivos que apres entam ligaç ões cova lente s, geral me nte muito fortes.
Os princ ipais elem entos desta cade ia são carbo no, hidro gênio , oxigê nio
nitro gênio , flúor e outro s elem entos não metá lic o s. As cadeia;
polim érica s se unem entre si por ligaç ões secu ndár ias (forç as de van der
Waals 12) relati vame nte fraca s , resul tando em desli zame nto entre si
quan do são aplic adas força s exter nas, conf erind o-lhe s resis tências
mecâ nicas baixa s. Os polím eros apres entam como vanta gens baixo
custo , baixa dens idade , facil idade de conf ormação em formas
comp lexas . Em contr apart ida, a sua resis tênci a mecâ nica é relati vamente
baixa , são de difíc il repar ação e, em geral , poss uem baixa resist ência aos
raios UV.
As maté rias-p rimas princ ipais são o petró leo e o gás natur al . A fração
mais impo rtant e da desti lação do petró leo para a prod ução de polímeros
é a nafta 13, que repre senta a fraçã o de : : : 20% do volu me total destilado.
Os maio res produ tores mund iais de polím eros são: Estad os Unidos
(29%), Japão (12%), Alem anha (10 %), Ex-U RSS (6 %), França (5%).
Outro s paíse s soma m 38% da prod ução (PAD ILHA , 1997 ).
O nível de desen volvi ment o de uma naçã o ou regiã o pode ser avaliado
pelo consu mo de polím eros por habit ante, como most ra o Quadro 3. As
naçõe s. ou regiõ es mais avan çadas apres entam cons umo acim a de 60
kg/ha bitan te, enqu anto as naçõ es em dese nvol vime nto de 1 a 5 kg/hab.
No Br,asi l , o c?ns:1mo de plást ico é de 5 kg/h ab . A prod ução mundial
atual e :::::: 80 mllho es d~ tonel adas, muit o infer ior à do aço (::::: 14 ve~es
meno r). Entre tanto , a difer ença de dens idade entre ambo s é mais de oito
vez~s,, ? que resul ta na prod ução de maio r quan tidad e de produtos
pohm enco s por unida de de mass a.

11 Catalisador: substância que afeta a velocid d d atalisador


nonnairnente muda a velocidade de rea _ ª e e uma reação, mas emerge do processo inalterada. U'.11 e,), ara a
reação. çao, promovendo um caminho molecu lar diferente (mecanismo p
12 p .
ara maiores detalhes, ver Capítulo 6.
13 Nafta: derivado de petróleo utilizad . . ' . ("naflª
petroquímica" ou "nafta não-en; rgéti ,,>° pnncip ~ente como matéria-prima da indústria petroqUt~~a cofllº
benzeno , tolueno e xilenos. ca na produçao de eteno e propeno, além de outras frações lfqui as,
A Ciência e a Engenharia de Materiais na Construção Civil J5

Quadro 3 - Consumo de polímeros por habitante em diversos países e regiões (PADILHA, 1997).

País ou re Ião Produ o total - 106 t Por habitante - k


Europa Ocidental 22 63
Estados Unidos 21 89
Canadá 2 80
Japão 7 58
Índia 1 1,3
AméArica do Sul 3 4,5
frica 1 2
África do Sul O, 7 21
Ex- URSS 7 17,5

com gru O Capítulo 12 trata da microestrutura dos polímeros, e os Capítulos 41 a 43


uito fo apresentam as principais propriedades, materiais e produtos empregados na
Construção.
o, oxigê
~ s cad 1.3 .1.4 Compósitos
~ de van Os materiais compósitos, também denominados de materiais conjugados ou
to entre compostos, são a união de dois ou mais materiais com o objetivo de obterem-se
resistêno. propriedades especiais não apresentadas isoladamente pelos seus componentes
~ens b por meio da utilização de métodos convencionais. Existem compósitos naturais
rm for tradicionais, como a madeira em que a matriz e o reforço são poliméricos, assim
lativame como a madeira compensada. No concreto estrutural, tanto a matriz à base de
\ A •
lstenc1a pasta de cimento e os agregados são materiais cerâmicos, podendo ainda ser
utilizadas barras ou fibras de aço para aumentar a resistência à tração.
al. A fra Outro exemplo típico dessa categoria é a fibra de vidro, material cerâmico,
~ políme aglutinada por matriz polimérica, conferindo ao compósito resistência mecânica,
~ destila isolamento térmico e, ao mesmo tempo, flexibilidade e baixa densidade. Grande
los Uni parte dessa categoria de materiais possui matrizes além de poliméricas, cerâmicas
ança (5 ou metálicas. As fibras de carbono aglutinadas com resina epoxy são resistentes ,
leves e moderadamente caras. Essas propriedades são controladas pela variação
da quantidade de fibra incorporada à resina.
er avali
O carbeto de silício (SiC), em razão de sua grande dureza (9,0 a 9,5 na escala
~adro 3. de Mohst4), e de sua boa condutibilidade térmica e elétrica, é utilizado em grande
li ma de escala para a fabricação de abrasivos , de elementos de aquecimento para fornos
~ 5 kg/h elétricos e de produtos para indústria de refratários. Quando esse material
io mund cerâmico é misturado com matriz metálica, geralmente alumínio, produz material
;::: 14 ve para a indústria aeronáutica com a cobertura da fuselagem das aeronaves.
lais de o Também são utilizadas fibras metálicas em matriz cerâmica para obtenção do
~ produ aumento da tenacidade, porque as fibras se deformam e desviam as fissuras, o que
possibilita aumento de carga para que continue se propagando, o que resulta em
material mais tenaz (SCHAFFER et ai. 2000).
A expansão no desenvolvimento e uso dos compósitos iniciou-se a partir dos
anos 70 do século passado (Figura 8). Hoje, abrange gama muito grande de
14 Friederich Mohs ( 1773-1839), geólogo e mineralogista alemão, criador da Escala de Mohs, que classifica os
minerais pela sua dureza. Ver a classificação da dureza dos minerais no Capítulo 15.
l6 G. Cechella !saia

. . t'lizados principalmente nas indústrias de produtos eletrônicos


matemus u 1 d · · · ·
N Capítulos 27 a 32 deste livro são apresenta,, os os pnnc1pais compósitos d
aglo:era ntes minerais de base cerâmica; nos ca~1tulos 37 a 40; as propriedades:
. s de madeiras empregadas nas construçoes, e nos cap1tulos 44 a 47 s~
t
os 1po ., . . ., . t'li d e -
descritos os principais compos1tos polimen cos u I za os na onstruçao Civil. ªº
Produção
'd't
ox:> .J-- --J- ---- 1--- -f-- -;-- -,
Aço
-----
Polímeros - --- -
,•--- 4--- -~-- --+- ~.-.. - Alumínio _

~;;_;..--t--7""1---t== ~:,
t , --
...,.::;;.__ _-+-----+ --,,§ij[ ---t--M aterlal s,--,,o- ----+-
Compósi tos/

01~ ---+ --~~ --+- -...,. ::.-- +--- 1-- Ano


1900 1920 &40 1960 2000
Figura 8 - Evolução da produção de alguns materiais nos Estados Unidos (PADILHA, 1997, p. 22).

1.3 .1.5 Semicondutores


Os semicondutores são materiais que têm em sua composição principalmente
o silício e o germânio, além do gálio, arsênio, cádmio e telúrio, que formam
ligações covalentes semelhantes a dos materiais cerâmic os, podendo ser
conside rados, portanto , como uma subclas se de cerâmic a, porque suas
propriedades mecânicas são muito próximas. Entretanto, por aspectos técnic~s de
produção e de comercialização, formam um grupo separado das cerârmcas,,
porque possuem características diferentes das cerâmicas no que concerne ª
tecnologia empregada e ao nível de miniaturização e de higiene e limpeza Pai:ª~
sua produção. Além das características elétricas e isolantes são muito sensíveisª
· .,
mmuscu 1as concentrações de átomos de impurez as, que ' · 'darnente
são ng1 .,
controladas.,em locais muito pequenos, para que não seja ultrapassada a proporç~~
de poucos atomos estranhos por um bilhão de átomos que compõem o maten
(SCHAFFER et al., 2000).
Os semicondutores tomaram possível o advento dos circuitos integrados que
i:,e~olucionaram a indústria dos produtos eletrônicos e computadores nas du~s
ultunas dé.cada~, especialmente na miniaturização dos aparelhos de teleforllª
celular polifunc1onais' nos cinco últimos anos.
A Ciência e a Engenharia de Materiais na Construção Civil 17
onicos.
ompõs· 1.3.1.6 Biomaterais
roprie Os biomateriais são empregados em implantes no corpo humano para
44 a substituição de partes danificadas, principalmente ossos. Não podem produzir
ção e· substâncias tóxicas e devem ser compatíveis com os tecidos do corpo, ou seja,
não causar rejeição. Os materiais empregados são metais, cerâmicas, polímeros,
compósitos e semicondutores que servem para fabricar próteses, que são
dispositivos implantados no corpo para suprir a falta de um órgão ausente ou para
restaurar uma função comprometida, como articulações de bacias fraturadas
(CALLISTER JR, 2002).

132 Classificação dos materiais segundo desenvolvimento científico

O uso de materiais pelo homem acompanhou, na escala do tempo, a evolução


de conhecimento, de aprendizado e de experiência para o ªl'rimoramento do uso
dos materiais naturais disponíveis, através do empirismo. A medida que as leis
das Ciências Básicas 15 foram formuladas a partir do século 16, a velocidade de
incorporação desses conhecimentos à vida prática toma-se maior, o que
possibilitou ao homem transformar a matéria-prima natural em produtos cada vez
mais bem elaborados e até sofisticados. Assim, a história do uso dos materiais
pelo homem nada mais é do que a reprodução da evolução dos conhecimentos
científicos e tecnológicos ao longo do tempo.
Grandes modificações aconteceram a partir de meados do século 19, quando
avanços significativos foram obtidos na área da metalurgia, e a partir do início do
século 20 no campo dos polímeros. Até então, ao redor de 1850, os materiais mais
utilizados em construções limitavam-se, na maior parte, aos materiais cerâmicos
e à madeira, com pouco emprego do ferro fundido e ferro forjado, especialmente
em pontes. Foi a partir dessa época que se iniciaram a produção de aços de melhor
qualidade (ver item 1.3 .1.1, nota 4), o projeto e a execução de grandes obras de
pontes e edifícios altos com aço estrutural (PATTON, 1978).
Foi a partir de meados do século 20, com as descobertas de novos polímeros
sintéticos (ver item 1.3.1.3, notas 8 a 11), que o uso de novos materiais aumentou
em grande escala a partir de pesquisas de laboratórios, quando foram projetados
materiais para fins específicos. A Figura 9 apresenta um diagrama com a visão
histórica dos tópicos comentados. As transformações ocorridas nos últimos 50
anos na área de pesquisa e desenvolvimento de materiais foram revolucionárias
ao invés de evolucionárias, pela velocidade com que mudanças radicais
ocorreram, não só dos materiais em si, como nos novos produtos que apareceram
no mercado, especialmente nos últimos 10 anos.
Por esse ponto de vista, os materiais podem ser classificados em quatro níveis,
de acordo com o grau de conhecimento científico empregado em seu
egrados desenvolvimento (PADILHA, 1997), a seguir apresentados.
es nas a) Materiais naturais: aqueles que o homem utilizou in natura com pouco ou
:le tele nenhum beneficiamento do estado em que foi coletado, tais como a madeira,
couro, diamante, cobre, borracha natural, etc.
15 Ciências Básicas: Filosofia, Física, Matemática e Química.
lB e. Cechella /saia

Q)
...~
ãi
:,
cr
IV
.o
<O
-o
o
ICO
o
Era da madeira. e
Q) Era do
t11olo. pedra. >
e plástico.
concreto e ferro 1
for1ado. Era 1 do :aço
1

!permanece O uso do concreto e da madeira). (concreto,


1 1 madeira e aço)
1 1

1850 1900 1950 2000


Figura 9 - Visão história dos materiais de construção (PATION, 1978).

b) Materiais desenvolvidos empiricamente: neste grupo, os materiais foram


coletados e trabalhados ou transformados segundo a experimentação adquirida ao
longo do tempo, através de ensaio-erro. Representam o estágio inicial de
materiais que foram aperfeiçoados com o tempo pela aquisição de conhecimento
tecnológico que equivale ao período iniciado em meados do século 19. Neste
grupo, destacam-se o bronze, aço comum, ferro fundido, cerâmicas, vidro,
cimento, concreto.
c) Materiais desenvolvidos com conhecimento científico: equivalem à
aplicação das descobertas realizadas pelas pesquisas entre 1850 e 1950. Como
exemplos, têm-se ligas de alumínio, de titânio, de magnésio, aços inoxidáveis,
aços microligados, termoplásticos, termorrígidos, elastômeros.
d) Materiais projetados: desenvolvidos a partir não mais do estudo de sua
composição, propriedades e função, e, sim, ao contrário, partindo-se de uma
necessidade específica e das propriedades requeridas para uso com dada
finalidade, tiveram sua microestrutura projetada e construída para atender a essas
necessidades. Neste grupo, têm-se os semicondutores, materiais para reat?res
nucleares, ..ª~os de ultra-alta resistência, compósitos reforçados com fibras, ligas
com memona de forma, vidros metálicos, etc.
Deve-se observar que grande parte dos materiais tradicionais está incorporandº
conhecimentos dos avanços científicos obtidos nos últimos anos, com o intuito de
me~or~ suas propriedades mecânicas, sua durabilidade, seu desempenho, su~
eficiencia e ate custo, sem, contudo, tirar seu caráter original para o qual fo
empregado desde os seus primórdios. Nesse enfoque enquadra-se o concreto
estrutural que evolu · d . ' . . tu- 1.,.,eote,
cionou e convencional para alta resistência e a éUJ'' A
par~ ~o dese?1penho ou até mesmo para os denominados pós-~eativosI6. da
pro uçao de Clffientos especiais de base mineral também pode ser enquadra
como exemplo desse enfoque, conforme apresen~ o Capítulo 26 deste livro.
16 Co t d ·
ncre o e pós-reativos: consultar REPETr t e futuro· Jn:
ISAIA, G. (Ed.). Concreto En . p . E, W. L. Concretos de última geração: Presen e
Smo, esquisa e Realizações. v. 2. São Paulo: IBRACON, 2005. P· 1543·
A Ciência e a Engenharia de Materiais na Construção Civil 19

J33 Materiais avançados

Geralmente se utiliza o nome de materiais avançados àqueles que possuem


aplicações em alta tecnologia (high-tech), isto é, dispositivos ou produtos que
operam ou funcionam utilizando princípios relativamente sofisticados, como
equipamentos eletrônicos, sistemas de fibra ótica, espaçonaves, aeronaves,
foguetes, etc. Muitas vezes, esses materiais, ditos avançados, são tipicamente
tradicionais cujas propriedades foram aprimoradas ou, ainda, materiais novos de
alto desempenho. Podem ser de várias classes, como metais, cerâmicos ou
polímeros ou composições de dois ou mais tipos e, geralmente, são de alto custo
unitário (CALLISTER JR., 2002).
º· Exemplo marcante desses tipos de materiaj_s, segundo descrição de Callister Jr.
é o sistema de proteçã o térmica dos Onibus Espaciais!? da NASA 1s, cuja
(2002),
operação dependia da proteção da superfície externa ou "pele", reutilizável para
proteção da fuselagem e dos ocupantes do calor excessivo durante o período de
reentrada do espaço para a atmosfera terrestre. Os materiais utilizados nessa
proteção deveriam apresentar as seguintes especificações: manter a temperatura
na fuselagem em 175ºC para uma temperatura superficial máxima de 1260ºC;
permanecer reutilizável por 100 missões, com tempo de retorno às condições
iniciais de 160 horas; ser construída com materiais de baixa densidade; suportar
temperaturas extremas de -llOºC a 1260ºC; resistir a gradientes térmicos severos
e suportar tensões e altas vibrações durante o lançamento e tensões de origem
térmica.
Foram fabricadas placas de fibra de sílica com diâmetros de 1 a 4 µm,
comprimento de 3 mm, ligadas entre si por sinterização a 1370ºC, com
densidades de 0,14 a 0,35 g/cm3 (93% de vazios). São constituídas de 78% de
fibras de sílica e 22% de fibras de borossilicato de alumínio, com dimensões

r:::
~ de
externas de 15x15 a 20x20 cm, e espessuras de 5 a 90 mm. Cada um dos ônibus
possui em média 24.300 placas, todas diferentes umas das outras, usinadas
individualmente. Na ponta do nariz e nas arestas dianteiras das asas, foram
utilizados compósitos de carbono reforçado com carbono (RCC) ou com grafite,
bm e a superfície recoberta com carbeto de silício (SiC), material refratário (ver item
l~r ae 1.3 .1.4) para suportar temperaturas de até 1650ºC.
~ reat Recente área de estudo é a nanotecnologia, que tem o 9objetivo de estudar e
oras, produzir materiais estruturados ao nível nanométrico (10- m), isto é, em escala
atômica. É uma área muito promissora para produção de materiais
nanoestruturados, já tendo mostrado resultados na produção de semicondutores,
nanocompósitos, biomateriais, c~ps, ~te .. ?
objetiv? principal dessa. nova
tecnologia é alcançar controle preciso e mdIV1dual dos atomos para a fabncação
de materiais com propriedades e desempenhos específicos. Como exemplos,
podem-se citar tecidos que não mancham ou amassam, materiais polifuncionais
com propriedades múltiplas, materiais ativos/adaptivos com características
programáveis, como auto-reparo, detectores, etc.
Na área de materiais de construção civil, especificamente em cimentos,
17 Space Shuttle Qrbiter ou Space Transportation System (Sistema de Transporte Espacial).
18 National Aeronautics and Space Administration
e fu
20 G. Cechella /saia

emprego de adições calcáreas nanométri


. 0 0
existem diversos estudos, trusdco~cória· modelos computacionais do C-S-B cas
em pasta~ c?m altos teor~~ n::oestru~a e porosidade das pastas de cime~(
escala atom1ca e e~tudo53 esenta mais detalhes sobre o uso da nanotecnolog·º
(Figura 10). O Cap1tu1o _ apr 1a
nos materiais de construçao.

Figura 10 - Micrografia de Microscópio de Intensidade Atômica (AFM - Atomi_c Force r-.:1icroscope) ~ostrando a
nanoestrutura de C-S-H de fenogrãos parcialmente hidratados. A amostra polida possm um ano de idade com
relação a/c 0.4. As dimensões da área retangular é 25 x 25 nm (BONEN, 2006, p. 1520

1.3.4 Materiais não convencionais

A utilização intensiva e extensiva de recursos naturais para a produção de


materiais e produtos para suprir as necessidades humanas tem se incrementado
acentuadamente nas últimas décadas, em especial na construção civil, setor_que
utiliza grande quantidade tanto de matéria-prima, quanto de recursos finan_celf?8·
Por questões de sustentabilidade do planeta, alguns setores da construçao t~m
desenvolvido projetos e utilizado materiais ecologicamente mais corretos, alem
de u~zar maior quantidade de resíduos e de materiais e produtos reciclados. ,
Ass1ID, alguns materiais ou algumas técnicas utilizadas pelo homem ~a
'l"' · ~
1 · · · tu1to
ffil eruos oram remtroduz1das na execução de algumas construções com O 10
de econboil~d·zarem-se recursos de qualquer fonte e contribuir-se, assim,.dpar::,
st
su enta 1
ade de nossos ecossistemas. Técnica milenar reintroduzi .ª d
al~umas obras ~tuais é a t~rra crua, seja sob a técnica de taipa de pilão, taipa ;
~ao ou pau-a-pique, ou amda pela utilização de tijolos de barro crus (adobe).
Figura 11 mostr~ ~ma resi?ência executada em taipa de pilão. . - as
Outros matenais naturais que também estão sendo bastante utiliLados sa0
19
Phenograins· feno - · da d - forrll11Jo.i
. , . · graos ou am pm utos de hidratação interna do C-S-H, ou seja, os compostos que sao
no m1c10 do processo de hidratação do cimento.
A Ciência e a Engenhana
· de Matena,s
. . na Construção Civil 21

fibras . vegetais,
. ,,como
. sisal, coco, piaçava , dentre outras para a 1a ~ bncaçao
· - de
matenais COI~~ositos ou componentes da constru ão o
bastante versatil que tem sido tili d ç ·
b ,, b
am u ~ outro matenal
·
. u za o tanto para fins estruturais quanto como
matenal de cobertura, vedação e decoração A F 12 '
construída totalmente com bambu. · igura mostra uma casa
Os materiais
"d sustentáveis
· d . . não convencionais
,, , como t fib ·
erra crua, i ras vegetais
bambu, resi uos m ustnais e agncolas e materiais recicl d - d · '
Capítulos 48 a 52 deste livro. a os, sao escntos nos

Figura 11 - Residência construída em taipa de pilão Figura 12 - Residência construída com bambu
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS (BAMBOO TECHNOLOGIES ,
CONSTRUTORES COM TERRA, www.bambootechnolo gies.com/bbhomes.ht m)
www.abcterra.com.br/construções)).

1.4 A importância da indústria da construção civil e dos materiais

Há cerca de 10 anos, o Instituto Britânico de Engenheiros Civil2º (apud Mehta,


1994) publicou um folheto lembrando sobre a responsabilidade que os
Engenheiros Civis possuem na construção, na manutenção e nos reparos não
somente das edificações como também dos elementos vitais da infra-estrutura da
vida moderna. Como paradigma, utilizou o corpo humano como imagem,
lembrando que a Engenharia Civil:
a) representa os músculos e os tendões que conectam a sociedade (pontes,
túneis, estradas de rodagem e de ferro, aeroportos, portos);
b) é responsável pela provisão e manutenção de seus corações e pulmões (água
potável, estações de tratamento de esgoto, instalações de depuração de resíduos);
c) é fornecedora da energia necessária para todos os trabalhos (plataformas
marítimas de extração de óleo, barragens hidroelétricas, usinas nucleares e maré-
motrizes, instalações eólicas). _ . . _ .
Não existe atividade humana em que a construçao civil nao esteJa presente para
suprir a demanda por maior quantidade de bens e serviços requeridos pela
crescente população mundial. A Fi!r1ra 13 mostra ~ evolução ex~onencial ?º
crescimento da população. Evidencia-.se 9ue, a parur da ~evol11:çao 1?dustnal
(fins do século 17), principalmente devido a queda da mortalidade infantil, houve
20
British Institution of Civil Engineers.
22 G. Cechella /saia

. ento acentuado somando, em abril de 201 O, mais de 6 ,8 bilhões de pe


mcrem . d b sso
Anualmente, 75 milhões de novos habitantes esem arcam na espaçonave Te~:

Bilhões
de Pessoas
16
15
14
13
12

....... 11

... 10
9
8
. 7
6
6

Revolução Industriei 4
3

FoHgra\ \ 2

,, - - ------ ----.,-- -,--~~:__,.---,10


Tempo 8000 6000 4000 2000 2000 2100

< Idade da Pedra X A.c.j o.c. µ


Figura 13 - Curva do crescimento exponencial da população (BRAGA et ai, 2006, p. 3).

1.4.1 lmportlincia no desenvolvimento social

Percebe-se que, pela natureza de suas atividades, a construção civil é uma


atividade-meio para que seja alcançado o desenvolvimento social e econômico
das nações, porque as obras e os serviços por ela elaborados têm como função
primordial satisfazer as necessidades humanas e elevar o padrão de vida da
população em geral. As Nações Unidas entendem que o desenvolvimento
humano de um povo pode ser avaliado pelas condições de vida mais longa e
saudável, com conhecimento (educação) e nível de renda que garanta certo
conforto material. Através do Programa das Nações Unidas ~ara 0
Desenvolvimento Humano (PNUD), foi criado o índice de Desenvolvimento
Hu~ano (IDH) para estabelecer-se comparação de qualjdade de vida entre ~
naçoes, send.9 composto por três subíndices (UNIAO NACIONAL D
CONSTRUÇAO, 2006):
a) o PIB per capita, que sinaliza as condições de renda·
·
b) ª. exp~c_t~tiva · '
de vida ao nascer, que dá idéia da longevi ª ºd de e
d1sporub11idade de saúde de um país·
) - i· ' ' ula
c ª e ucaçao, ava iada pelo índice de analfabetismo e taxa de matnc · 3
d e[ll
t0 d , . d .
os rnve1s e ensmo. Em 2009 o país que ficou em primeiíO ug1 ar foi '
ar
N oruega, com IDH 0,971, Malta' em 38º lugar com 0,902 (u' Jtun
· o Jug
A Ciência e a Engenharia de Materiais na Construção Civil 23

no grupo IDH muito alto). O Brasil ficou em 75º lugar com índice O 813
(35º lugar dentro do.,bl~cos dos países com IDH elevado). '
Observa-se que os submdices que servem como base de cálculo do IDH estão
f?rtem~nte lastreados no desenvol;1imento da infra-estrutura de um país, porque
tem efeitos permane~tes so?re o mvel de renda e a produtividade das economias,
~ep:ese.ntadas pelos_ mvestlme~to~ realizados em implantação ou expansão de
mdustrias, construçao de hospitais, postos de saúde obras de saneamento em
geral, cons1:t1ção de escolas, creches, universidades e ~odas as demais edificações
e ?~ras de i~a-es~tura de transportes e comunicações em geral. Todas essas
atividades nao subsistem sem a participação da construção civil.
s.e~undo a União Nacional da Construção (2006), para o Brasil melhorar sua
posiça? atual e, em 2010, enquadrar-se no grupo com índice alto, deve realizar
mvestlmentos em construções diretamente ligadas ao bem-estar social,
ampliando os investimentos em infra-estrutura, saneamento e habitação, em taxas
anuais de 21,4% do PIB ao ano. Assim, possibilitará que o país se situe entre as
50 economias mais desenvolvidas do mundo, em poucos anos. Para tanto, será
necessária a manutenção dos investimentos nos seguintes setores estratégicos:
a) recuperação e expansão da malha rodoviária;
b) geração e transmissão de energia;
c) ampliação do acesso da população às redes de água potável e esgoto
sanitário;
d) redução do déficit habitacional e financiamento da habitação social;
e) incentivos para aumentar os investimentos em habitação.
Pelas considerações anteriores, observa-se que o macrocomplex o da
construção civil é setor estratégico da economia para impulsionar e elevar o status
de qualidade de vida da população de um país emergente como o Brasil, porque,
sem investimento maciço nos setores citados, a qualidade da vida da sociedade
brasileira não se elevará.

1.42 Importância no desenvolvimento econômico

Em vista de que, praticamente, não existe atividade humana em que a


construção civil não esteja envolvida, sua importância econômica é de alta
relevância. Com efeito, ao redor de dois terços de todos os investimentos globais,
em média, realizados pelas nações passam pela cadeia da construção. Essa cadeia
também é chamada de construbusiness21 e abrange a construção tradicional de
edificações, a construção p~s~da (ob.ras de infra-es~tura) , o _segme?tº., d~s
materiais de construção, as atividades ligadas ao uso e a manutençao dos nnoveis
e as construções em geral, assim como os Serviços Técnicos de Consultoria e os
Serviços Imobiliários. . _ ., .
Por intermédio dos investimentos aplicados em construçoes obtem-se o capital
disponível para a geração de renda da socie~ade. Duran!e_a execução ?as. obras, a
cadeia da construção movimenta um conJunto de atividades econoffilcas que
responde por uma parcela considerável do PIB das nações. A indústria da

21 Termo derivado do inglês que inclui as atividades ligadas a todos os negócios direta ou indiretamente conectados
com a construção civil.
G. Cechella /saia
24
, desse processo' porq;1e. é a Pane que
. ta como o nucleo .a. indústrias, comerem de materiais J.43 l n
constrUção pode seJa1~s demais elos da c~;;;a a Figura 14. .Em 2008 o
determina a deman ão conforme p duto Interno Brasileiro, sendo O am
. da construç , 9% do ro - 4 8C½ . ,, .
e serviços . resentou 11, o . de construçao: , o, ~ a9umas e Figura 1
Construbusmess rer tes setores: matenal . . 0,5% e outros matenais: 0,8% ao cres1
composto dos ;~~construção: 5,5%, serv:ço~.vil é materializada pelo empreg; avançad
equipam~nt~s: ' .~'da indústria da conSlruÇaO do um dos setores de maior capaz d
A imp8orran.~:õ~~c1de pessoas em 200~,qs~alificada (CONSTRUB USINEss, 13 anos
de 7, rm de mão de obra nao
empregabilidade e uso
2009).
......
l :~ústria
• materiais de
: construção e
o
de
•.
..

. .. ..•.........;.•..... ..... :
: fornecedores ~ •••• •• • •• •••
--
.·. .... . :
.
• !.•.. ••

~ ..·· ··... : .
·.·... ....·.. ----- ..:.··... .....·
•. • • • construçiio • • • •: ••

·.. ..·
~~
:. .··:..
. . .o
.· . : da
O
o --- , S8rv1ÇOS
! cadeia da ••
comércio de : construção •.

.·.. .... -.~


:

materiais de
construção • • .
:
~•
:· ............. .
:
.•

········ .. ~ ... . A Fi
.. ....
..
.. 0
..
Figura 14 - Composição da cadeia de produção da i~~~stria da construção (CONSTRUBUSINESS 2009) ecossist
De acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Pau~o interess
(SINDUSCON, 2010), para um PIB de 5,14% em 2008, o crescimento./
construção civil neste mesmo ano foi 8 ,23 % . Para o ano de 201 O está pre~is 0
incremento de 8,95% do PIB, enquanto que para a indústria da construǪº/
previsão de aumento é de 14,95%. O crescimento deste setor pode ser aquilata 0
pelo consumo brasileiro de cimento que passou de 35 ,42 milhões de toneladas
milhões de toneladas, aumento de 45 ,7% deste maior insumo ª
e:
2005 para
construção.51,62
0
dP;ira_tria Primeiro. ~mestre de 2010, a utilização da capacidade instalada d:
Io uS de Mate1;1a_is de Construção era 87%. Neste mesmo período as veoclJI
mtemas de matena.1s de construção cresceram 20,54% em relação a zOOJ·
enqnfirrnuanto que o crescimento total para o ano de 201 O apon'ta para a taxa de 15!'
co ando a retomada de - rruçao
(ASSOCIAÇÃO BRASIL expansao do s~tor de materiais de cons DE
CONSTRUÇÃO, 2010). EIRA DA INDUSTRIA DE MATERIAIS
22
8 ustenta
Gro Harle
Presente se
A Ciência e a Engenharia de Materiais na Construção Civil 25

J.43 Importância na manutenção da sustentabilidade22

O aumento exponencial da população nos últimos 250 anos como mostra a


Figura 13, elevou a demand a em escala geométrica por recurso~ naturais devido
ao crescimento do nível de exigência da sociedade, em especial das mais
avançadas. Isso resultou em consum o de recursos acima do que a natureza é
capaz de oferece r e, aumentou a geração de resíduos e a poluição ambiental. Há
13 anos, Mehta (1994) já apontava:

O problema é que, impulsionados pela pressão demográfica


e avanços tecnológicos, os ecossistemas terrestres ficaram
sob grande pressão. Para suportar maior número de pessoas
e prover melhores condições de vida para a maioria da
população, os motores das indústrias tiveram que girar mais
rápidos para converter matéria-prima em produtos de
consumo. A poluição ambiental proveniente da atividade
industrial não é um problema novo. Entretanto, a crise
ambiental com que nos confrontamos é qualitativa e
quantitativamente diferente de tudo o que se viu antes,
simplesmente porque tantas pessoas têm infringido danos
aos ecossistemas do mundo durante o presente século que o
sistema como um todo, não simplesmente suas várias partes,
podem estar em perigo.

A Figura 15 mostra um diagrama que apresenta a dicotomia entre os


parâmetros que atuam sobre a sustentabilidade do plane~. O aumento da
população, do padrão de consum o e dos avanços ~a tecnolo ~a, de um lado, e o
declínio na disponibilidade de recursos naturru.s e seu rmpacto sobre os
ecossistemas de outro, tornam cada vez menor a margem de ação dos agentes
interessados na solução deste problema.

Declíni o na dispon ibilidad e


~ e recurso s e ecoslst emas

Malem -...._____ _
decresc ente Sustenta bilidade
de ação ____ _

!/,....,.. Impact o =
/ "Popula ção x Consum o x Tecnol ogia

Figura 15 _ O desafio do desenvolvimento sustentável.

. . ade é prover o meIhor para as pessoas e para o ambiente tanto


22 Sustentabilid . agora quanto
. para o futuro
. indefinido.
_
. .
Gro Harlem Brundtland, pnmeira-rrum · ·stra da Noruega, em 1987, a definm como: "suprir as necessidad es da geraçao
d . "
. .
presente sem afetar a habihda d e d as gerações futuras e supor as suas .
26 G. Cechella /saia

. d tn'alização e urbanização dos centros populacionai·


A crescente m us ., ., 1 lim s
dem à maior demanda mundial por agua potáve' ar po, adequada
â~;:[ç~~ de resíduos, transporte rápid~ e se~o de pessoas e mercadorias,
- d edificações habitacionais e mdustnrus e novas fontes de energia A
construçao e . . dO ., · ., · d ·
humanidade, desde os seus primórdios, tem utiliza vanas espe~ies e materiais
de construção. Entretanto, dur~nte o século. 20, ~ concreto d~ cnnento portlanct
emergiu como o material prefendo para a satisfaçao. da~ neces~idades das ?bras de
infra-estrutura. Assim, a indústria do concreto hoJe e a mruor consurrudora de
recursos naturais, tais como água, areia e agregado graúdo. Pode-se estimar que a
indústria do concreto, atualmente, consume agregados naturais à taxa de
aproximadamente 8 bilhões de toneladas anualmente (MEHTA, 1998). A Figura
16 mostra o crescente consumo dos materiais que compõem o concreto e sua
projeção até o ano 2050, considerando-se que o concreto e seus derivados
cimentícios são os materiais mais consumidos pelo homem, depois da água.
O ex~mplo enunciado para o concreto mostra que o construbusiness é
u~a. atividade que está intfmamen~e ~elacionada com qualquer a
at1v1d~de humana, .sendo 1mprescindi vel para a satisfação das
nece~sidades d.a sociedade. Com base nisso, podem-se enunciar as
segumtes premissas:
a) a .construção civil está presente em todas as regiões do planeta d
difere~tes formas e graus tecnológicos: ' e
b)a ca~deia pro dutiva é atividade econômica responsável por parcela
co.ns1 erave1 do PIB das nações;
c) o impacto ambiental da con t - . ·1 .,
social de uma sociedade· s ruçao civ1 e proporcional ao avanço
d)a construção civil é um dos macro
bens de maiores dimensões f' . setores da economia que produz
consumidor de recursos natu . is1cas do planeta, sendo o maior
Nos últimos 35 anos o cresc· rais em qualquer país do mundo
· . , 1mento méd10 · d · CC
matenais tem sido, em média d C½ e consumo mundial de
13 ,5 bilh?es de toneladas em 20
sem considerarem -se os acréscim ,
i 22
'
9 0 uº ª? ano, r~presentand o cerca de
seJa, duplicação a cada 32 anos,
e
g1
~insum? · Esse valor correspondoes :~~erentes a elevação do padrão de r€:
n/habitante/an o, valor me' d1' . almente a aproximadam ente 2 d:
vezes
E m · 0 mundial q
arnr em sociedades mais a d
' ue po e ser de três a quatro
uropa ou Japão. vançadas, como América do Norte, q1
Sl
to
d(
PI

23
gn
Vá]
o e
A Ciência e a Engenharia de Materiais na Construção Civil 27

X 109 r - - - ~ - - - - - - - - ,

r: -
11 -

X 109
45

i • 7 -
6 40

35
o
~ 6 - 30
!tlc3 5 - 25

<4 - 20
3
~3 - /).gua-m

-----·
2 - .,:!; __;...;----

1 -

2000 2010 2030 2050 ANO

Figura 16 - Projeção de consumo de materiais para produção de concreto até o ano 2050.

Assim como em outros setores da economia, as sociedades socio-


culturalmente mais avançadas seguem a lei de Pareto23, ou seja,
aproximadamente 20% das nações mais avançadas do mundo consomem 80%
dos recursos materiais, especialmente alumínio, papel, aço e madeira. Por
exemplo, os Estados Unidos, que possuem 4,6% da população mundial,
consomem 30% dos recursos naturais, 20% da energia produzida e são
responsáveis por 24% do C02 liberado para a atmosfera.
A indústria da construção mundial consome cerca de 55% da madeira que é
cortada para fins não combustíveis e 40% da energia necessária para a fabricação
e utilização dos materiais de construção. Esses números atestam o seu elevado
grau consumista em relação aos demais setores da economia, em termos de
recursos naturais, energia e, também, de resíduos e poluição, levando-o a ser uma
das atividades que produzem mais degradação do meio ambiente.
Em contraposição com o conceito tradicional de produção em ciclo aberto, em
que sempre existe descarte ou resíduos, o novo conceito de desenvolvimento
sustentável deve adotar o ciclo de produção fechado, em que as perdas durante
todas as etapas são mínimas e em que o descarte, se possível, deve ser próximo
de zero. Baseia-se, portanto, na redução do consumo de materiais e de matérias-
primas para a produção de um bem pelas seguintes ações:
a) aperfeiçoamento dos projetos para que o consumo de materiais seja
minimizado e otimizado;
b) substituição de materiais tradicionais com elevado conteúdo energético ou

23 Vilfredo Pareto (1848-1923), engenheiro, economista e político francês, ao analisar a sociedade, concluiu que
grande parte da riqueza se encontrava nas mãos de um número reduzido de pessoas. Concluiu que esse princípio era
válido em muitas áreas da vida quotidiana e estabeleceu o Princípio de Pareto, também conhecido como dos 20-80%,
o que significa que um pequeno número de causas (geralmente 20%) é responsável pela maioria dos problemas
(geralmente 80%).
28 G. Cechella /saia

eficiência de relação energia/massa;


descarte por outros co~ 1!1elhor materiais pela escolha daqueles com melhor
c) aumento da durabilida~e dos . ou da construção como um todo;
desempenho e,maior
·
ªu , v:
·d 'til dos sistemas ·
reutilização através de reciclagem.
d) redução geraçao de res1duos. ~ su~a Figura 17' que reúne o conceito dos
?~
Esses princip10s podem ser resumi os,
4 R: Reciclagem, Reuso, Redução e Res1duos.

+ Residuos

+ Redução + Reuso
- Poluição - Desperdício

Figura 17 - Ecoeficiência na construção: princípio dos 4R.

O CIB25 (2000) elaborou a Agenda 21 para a Construção Sustentável,


documento iniciado em 1995 que apresenta análise prospectiva sobre os futuros
direcionamentos da construção sustentável, bem como dos melhores meios para
realizar a colaboração internacional na pesquisa e inovação da construção civil.
No capítulo referente aos aspectos e desafios da construção sustentável, são
apresentados diagnóstico e diretrizes para consumo de recursos (energia, água,
matérias, terra) e os principais desafios da construção, conforme o diagrama da
Figura 18. Quanto ao uso de materiais, as principais diretrizes são canalizadas
para o uso de materiais renováveis ou recicláveis, tais como reuso de entulho,
reciclagem do concreto e uso de adições minerais, como cinza volante e fílers. Os
principais desafios a serem vencidos são os seguintes:
a) na fase de projeto: escolha de materiais recicláveis/reu tilizáveis , de
desmonte fá~il, com medidas padronizadas, não tóxicos e cuja fabricação exija
pouca energia;
b) n~~ f~ses de construção: uso de materiais locais e reutilização de peças 1.Sim
aproveit_ãyeis, cons~ção c?m enfoque modular, rotulagem dos componentes
para facilit~.ª re~oçao seletiva e reciclagem, introdução de padrões de qualidade Dea ,
para mat;nais reciclados e uso de manuais de operação e manutenção· Civil n
c) ;1-ªili~se de d~sconstrução: novas técnicas para desconstrução e 'demolição adquiri
para 1.ac tar a reciclagem e r tili· - d . .
d) , 1d . eu zaçao os matenais de construção· materi
ao ruve os fabncantes· m · ·· ' d
início ao fim da linh d · ~or responsabilidade para com seus produtos, 0 ambien
, a e produçao. A le
No Capitulo 4 deste livro s- d
sustentabilidade dos m t · .' dao apresentados mais detalhes sobre o estudo ª Engenh .
- a ena.is e construção. profiss
25 cm: lntemational Council for Research and ln . . . nl
paraª Pesquisa e Inovação em Ed:"'ci· C novauon 10 Building and Constructions Conselho Internacion
e • . . u1, os e onstruçõe É . . , ·co,
cono~co e social relacionado com as edifi _ s. entidade engéljada no desenvolvimento científico, técnt
construtivo e desempenho do ambiente constru:daçoes e construções, apoiando estudos e melhorias no processo
1 o.
A Ciência e a Engenharia de Materiais na Construção Civil 29

Consumo de Recursos
Uso da energia : Agua: Materiais: Terra:
Uso direto 30%, uso Ineficiente da Impacto na bio- Conservação do
Uso Indireto 50% égua diversidade por espaço aberto e dos
falta de égua meio da assentamentos rurais
recursos em alguns fragmentação Tendências para
palses dos ecoslstemas
alta/baixa densidade
e ãreas naturais,
dos edlflclos
uso de materiais
renováveis
Cargas ambientais Demanda por
desenvolvimento
sustentável
Principais desafios da indústria da construção

Promoção Redução do Seleção de


da eficiência Contribuição para
uso de água materiais com um
em energia potável de bom
desenvolvimento
Medidas de alta desenpenho sustentável
conservação de qualidade ambiental
energia.programa Uso eficiente da terra,
Contar com água uso de materiais projeto para vida útil
de mfonna da chuva, reduzir mnovévels, mais longa.longevidade
extensiva, o consumo redução do uso de dos edifícios por meio
aspeclosdo doméstico por rea.irsos naturais, da flexibilidade e
transporte, uso meio de sistemas reàdagem adaptabilidade,
de energias de
renováveis conversão dos edillcios
gerenciamento existentes, mfonna,
da água usada, gerenciamento
sistemas de sustentâvel dos
saneamento sem edilldos, pmvenção do
égua e uso de dedlnio urbano e
plantas redução da ocupação
mslstentes à desonlenada,
seca contribuição para
ergta, aiação de empregos,
preservação da herança
üagr OJlturaf
ban ·
de en
Ie fíle

Figura 18 - Aspectos e desafios da construção sustentável (CIB, 2000, p. 72).

1.5 Importância da formação profissional e do ensino de materiais

De acordo com o conceito apresentado no item 3 deste Capítulo, o Engenheiro


Civil necessita estudar as ciências matemáticas e naturais com o objetivo de
adquirir os conceitos básicos para desenvolver, de modo econômico e otimizado,
materiais em benefício da sociedade, com o mínimo de agressão ao meio
ambiente.
A lei 5 .194 (BRASIL, 1966) que regula o exercício das profissões de
Engenheiros, Arquitetos e Engenheiros Agrônomos diz, no artigo 1º, que essas
profissões são caracterizadas pelas realizações de interesse social e humano que
G. Cechella /saia
30

. rt na realização entre outros tópicos, do aproveitamento e da utilização de atuafu


recursos naturais, dos meios de loco~oçao ~ c~mumcaçao e as eciific~ções,
unpo em , - · - d · modo
serviços e equipamentos urbanos, rurais e regtonrus nos seus aspectos tecrucos e a)
artísticos.
Para exercício profissional, há necessidade de apropriação de conjunto de
O
conhecimentos e habilidades específicos ao campo de atividade prática e intelectual
da Engenharia e Arquitetura, sem os quais não é possível que Engenheiros e
Arquitetos atuem com competência e responsabilidade. A finalidade última dessas
profissões é a realização de obras que se consubstanciam em construções que devem
apresentar os atributos requeridos pelas demandas da sociedade para atendimento de
suas nec,:ssidades: .s~gurança, ~o~orto e .custo (~anceiro e ambiental). A
~onsecuçao dos reqws1tos dos usuarios se realiza por me10 de formação profissional
mte~da co!11 o estud? ?e
dis~iplinas específicas que interligam idéias (métodos,
proJetos),cmsas (matenais,eqwpamentos) e pessoas (Engenheiros,Arquitetos,mão-
de-obra).
.... Segundo
" Meseguer (1985), para a área
. de Engenharia Estrutural , a interf:ace
enue esses tres agentes representa-se pela Figura 19. seexíl
f) o
IDBAS (métodos} conhe
desen
conhe
de u~
Fator humano

nanoe
prepo
Cálcul
Capítu
PESSOAS -.~~u.ullll lWillWJ~ COISAS Pod
Enge
(materiais, equipam.) ?as té
.-=::--::--:- -- mtegr
Figura 19 - Evolução dos conceito d Controle de qualklade
s e segurança e qualidade na En enh . mais s
Segundo esse autor g ana Estrutural (MESEGUER, 1985, p.73). (idéias
confiabilidade e ' o agente mais import materi
variável de p strutural das construções é o fat ante que acarreta a maior objetiv
qualidade. Os"';';,~ (~er nota 23) por ser a u~\ human~, c~nstituindo-se na
meio da form/ ã ss!~nais envolvidos na tarei d raz maior Impacto sobre a
Cons
que as
apresentem as ~o~eor!ca,. prática e, principalment elecutar as construções, por aprese
em todo o proc pete~cias adequadas e conh e' a experiência pessoal que fonnaç
at d esso sao os eçam as var·, . . .'
en er as necessid d agentes habilitad iave1s mtervementes A·
Com efeito a fia es dos usuários. os para cumprir os requisitos e
aquila
dinâmico que' incloi:mação profissional deve a) a
w a capacitação inicial ser enfocada como um processo
e uma rec·ic1agem permanente de técnica
A Ciência e a Engenharia de Materiais na Construção Civil 31

atualização, por9ue o avanço do conhecimento no mundo atual se processa de


modo expo~e~c1al. Segundo Meseguer (1989), pode-se dizer que:
a) nos ult1mos 300 anos, os conhecimentos científicos e tecnológicos
cresceram exponencialmente, duplicando-se a cada 15 anos·
b) estão vivos 80% dos criadores dos conhecimentos atmris da humanidade·
c). hoje, um estudante, ao terminar seu curso de graduação, após 35 anos 'de
serviço constatará que 80% do progresso científico se processou diante de seus
olhos e apenas 20% o antecederam;
d) engenheiros e arquitetos, no exercício de sua profissão, devem dispor de
mecanismos permanentes de atualização para evitar obsolescência de seus
conhecimentos, que ocorre com velocidade muito grande;
e) se um Engenheiro ou Arquiteto, ao se graduar em um curso superior,
dominar 100% do conhecimento de sua especialidade, ao não se atualizar durante
o exercício profissional, terá reduzido o seu cabedal de conhecimentos ao longo
do tempo, os quais, segundo a expansão atual da ciência e tecnologia, em 15 anos
se expandirão em 200%;
f) o maior problema é que os estudantes não se graduam com 100% dos
conhecimentos disponíveis em suas áreas de atuação, enquanto que os novos
desenvolvimentos científicos e tecnológicos se processam por substituição de
conhecimentos anteriores, que se tornam obsoletos, e não por expansão daqueles
preexistentes.
Conforme a Figura 19, o avanço do conhecimento se processa tanto na área de
idéias (teorias, métodos de cálculo), quanto no desenvolvimento de novos
materiais (coisas) pelo estudo de novas composições microestruturais ou
nanoestruturais. No item 1.3 deste Capítulo, foram dados exemplos sobre a
preponderância da Ciência e Tecnologia dos Materiais sobre os Métodos de
Cálculo no avanço do conhecimento na área de Materiais de Construção. Os
Capítulos 50 e 51 deste livro mostram com propriedade essas evidências.
Pode-se considerar, portanto, como área crítica na formação profissional de
Engenheiros e Arquitetos o domínio do conhecimento apropriado dos materiais e
das técnicas de seu emprego por meio de adequado planejamento, projetos
integrados e escolha adequada dos insumos (ver nota 1). As construções nada
mais são do que uma seqüência de operações que se inicia com a virtualidade
(idéias, concepção, projetos) para se consubstancia rem, por meio da
materialidade (materiais, equipamentos, mão-de-obra), para consecução dos
objetivos inicialmente propostos. Cabe, portanto, aos profissionais da área da
Construção Civil conjugar judiciosamente os conhecimentos disp?nív~i.s para
que as construções apresentem desempenh~ adequado dura?te sua v1d~"ut1~, sem
apresentar patologias ou mes~o c?lapsos mesp~rad?s .devido~ defic1encias de
formação, informação ou atual1zaçao dos profiss1?nrus :nterveme~tes.
A importância da adequada e compl:,ta qualificaçao profiss10nal pode ser
aquilatada pelas ponderações do Prof. Ad~o da ~o.nsec~ apud Helene (2007~: _
a) a sociedade acredita que os Engenheiros C1v1s estao aptos a tomar dec1soes
'cnicas corretas, pois as conseqüências das decisões equivocadas são conhecidas
G. Cechella /saia
32
odem ser devastadoras; a profissão de
. t e algumas vezes, P . d d
postenormen ~ . ', " nfian a ública", porque a socie a e espera e acredita
Engenheiro Civil e ~e co .d ç dp competências adequadas para assumirem ~ es
a priori, que estes sao prov~ os e . 'd des·
bilid des inerentes as suas anvi a ' . . .
respo~sa a, . tir a formação adequada aos Engenherros Civis para 0
b) ~ _necessfian~ g:an trolado correta e constantement e pelos Conselhos
exerc1c10 pro iss1on ' con - fi . nal.
Re ionais uanto à qualificação e habilitaçao ~r? ss10 '.
g) q - do conhecun·ento teórico e pranco, do refmamento dos modelos
c a evo1uçao trll · , alid d
de cálculo e projetos, dos métodos e técnicas conS tlvas e uma re a e que
exige atualização e qualificação permanentes.

1.5 .1 O ensino de materiais


Para garantir a adequada formação profissional n~ área de Enge!111aria, a
Câmara de Educação Superior (CES) do Conselho Nacional de Educaçao (CNE)
26
emitiu a Resolução CNE/CES 11, de 11 de março de 2002 (CNE/CES, 2002)
que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em
Engenharia. O artigo 4º estabelece as competências e habilidades gerais para a
formação do engenheiro, entre as quais se destacam:
a) aplicar conhecimentos matemáticos, científicos, tecnológicos e
instrumentais à engenharia;
b) projetar e conduzir experimentos e interpretar resultados;
c) planejar, supervisionar, elaborar e coordenar projetos e serviços de
engenharia;
d) identificar, formular e resolver problemas de engenharia;
~
con
e) atuar em equipes multidisciplinares; nos
t) av~ar o impacto das atividades da engenharia no contexto social e cien
ambiental; mini
g) ass~mir ~ postura de permanente busca de atualização profissional. que
O artigo 6 dessa Resolução enumera o elenco de conteúdos básicos, que Civi
deve~ abrange~ _cerca ,d~ 30% ~a carga horária mínima, contemplando, entre em :
ou~o~. Mat~ma!1ca, F1s1ca, ~enomeno de Transporte, Mecânica dos sólidos, gené
~:1:~~s c~:ncia_ e T~cnologia dos Materiais e Ciências do Ambiente. Como etc.)
, . dp t fiss1onalizantes, que deve abranger cerca de 15% da carga horária suas
rrumma, es acam-se entre outros· C' " . d . ·1 A
Físico-química e Mat;riais d C · :enci~ . os Materiais, Construção Ovt , Mate
D ~ e onstruçao C1v1l
essa ionna, todas as Institui - d E . . sobr,
Engenharia Civil devem .. çoes e nsmo Superior do Brasil na área de de a:
relativo às Ciências Bá . prop1c1ar ~os alunos disciplinas que abarcam o conteúdo por .
Engenharia dos Maten~~~as,bque sao o substrato para o aprendizado da Ciência e
· c.uS, em CO d· · l" . abor
~ se~e~ os Materiais de Constru ã ~º. iscip mas. de aplicação, nas quais se pouc
°
disciplina de Construção Civ'l ç Civil eª sua aplicação por meio do estudo da cont:
Apesar de o arcab
de M . .
I •
ouço legal ser com 1
p
.o <
~==~=---__
26 p bl"
atenais permanece aq ,, d

u icada no Diário Ofi1c ·a1 da Uniao


·- B
P .eto e adequado muitas vezes o ensin
u_e_m_ as reais necessidades' de aprendizaoern dos
e,
mate

1 ír
' ras1ia , em 9 de abril de 2002, Seção I. p. 32.
A Ciência e a Engenharia de Materiais na Construção Civil 33

alunos por deficiên~ias pessoais ou estruturais da academia. Vale citar Isaia


(2005, p. 96) que discorre sobre os problemas de ensino na área de concreto
estrutural e podem ser extrapolados para todos os materiais de construção:

O primeiro e principal problema relacionado com a falta de


durabilidade das estruturas está nos bancos escolares, mais
precisamente no ensino da ciência e tecnologia do concreto
aos alunos de graduação e pós-graduação. Em geral, o ensino
é realizado de modo fragmentado e segmentado, sem se dar
aos alunos e futuros pesquisadores, uma visão de conjunto
sobre as reais causas e possíveis soluções para o problema de
deterioração das estruturas. Um sólido e integrado
~ngenb conhecimento de física, química, de interface físico-química
~cação e dos principais mecanismos que governam os mecanismos
E/CES, de degradação é necessário para que os alunos percebam a
real dimensão e a complexidade dos problemas relacionados
~adu~ç com a durabilidade e vida útil das estruturas. Neste sentido,
!gerais o ensino sério e profundo da ciência dos materiais voltado
para o conhecimento da microestrutura dos materiais
ológic cimentícios é o fundamento para alicerçar o saber a ser
construído através de disciplinas mais específicas sobre
ciência e tecnologia aplicadas às estruturas de concreto.

A falta de conhecimento mais profundo e abrangente sobre materiais de


construção se origina no modo segmentado com que as disciplinas são ministradas
nos cursos de graduação e, também, pós-graduação. As disciplinas bases, ditas
científicas, que embasam a teoria do conhecimento, na maioria das vezes, são
ministradas por profissionais de áreas específicas e não professores-engenheiros
que conhecem as especificidades necessárias para o aprendizado da Engenharia
Civil. Isso acontece porque grande parte das grades curriculares atuais é dividida
em segmentos, em que as disciplinas básicas são ofertadas por Departamento
genéricos, como o de Química (Orgânica ou inorgânica), de Física (Física 1, II, 111.
etc.), Matemática (Cálculo I, II, m, etc.), cujos professores possuem formação de
suas áreas de origem e não de Engenharia, muito menos de Engenharia Civil.
A disciplina fundamental para o ensino sobre tecnologia dos materiais é a de
Materiais de Construção Civil, em que são ministrados conhecimentos básicos
sobre os principais materiais utilizados na Engenharia Civil. Dada a diversidade
de assuntos tratados nessa disciplina, o seu estudo fica muitas vezes prejudicado
por falta de tempo hábil para apresentação do conteúdo. Os temas são, então,
abordados de modo genérico e superficial sobre sua tecnologia, restringindo-se a
poucas aulas demonstrativas de laboratório, sem que os aluno5. possam tomar
contato direto com o material.
Por outro lado, alguns professores não possuem vivência direta com os
materiais de construção, em razão de suas atividades profissionais estarem
G. Cechella /saia
34

, as O que re Sulta na transmissão


. do conteúdo se rn
direcionadas para outras are , d .a ser enriquecida com a apresentação de
conhecimento de causa, que po ~1! ci·a pessoal, seja de obra ou de laboratório
tir dos de sua v1ven . , . . .
estudos de casos re a , , ministrado como um rece1tuano' sem explicações
Muitas vezes, o conteudo e tos científicos que regem o comportamento do
consistentes, embasadas: a~pec t de princípio de Ciências dos Materiais
material. A fal~a d~ co ;clffie~ ?s das propriedades macroestruturais, como
inviabiliza explicaçoes fun am;n :{ principalmente quando se trata de aspecto;
~or exe~plo, nod coni.~~~;:~~o'
corrosão eletroquímica, para explicar os
ligados a sua ura : d 'armadura· mecânica dos fluidos para explanar as
fenômenos de corrosao a ' . t
. d rte de líquidos e gases em meios porosos, e c.
modalidades e transpo . di ºbºli ,
Este livro é um esforço que O IBRACON realiza para sporu _1 z~ o conteudo
sobre Materiais de Construção para aprimoramen~o e atualizaç_ao do ,coryo
docente e discente de nossa academia, como tambem da comurudade tecruca
ligada ao construbusiness. Objetiva oferecer ap~ofessore~ e ~~nos dos_~ur~os de
Engenharia Civil e Arquitetura o conteúdo _b~s1co de Pnnc1p1os_de C1encia dos
Materiais e de Materiais de Construção C1v1l, pela apresentaçao dos assuntos
relativos a essas matérias de modo didático, abordando os tópicos mais
INTERNA'.I
importantes e atuais dos materiais de construção mais utilizados nos variados
tipos de construção abrangidos pelo setor da Construção Civil. www.wl
ISAIA,G.
Com o intuito de melhor ilustrarem-se as aulas sobre Materiais de Construção, de Mal
ao presente livro está anexado um CD-ROM no qual consta o conteúdo de todos MEHTA, P.
Technol
os capítulos apresentados em diapositivos, além de materiais suplementares,
144).
como vídeos, folhetos e catálogos sobre os materiais apresentados. Trata-se de um
_ . C~o
avanç? e uma facilida?e, ~ara alunos e pro~essores que, desta forma, possuirão Internati ·
matenal detalhado e didatico para o aprendizado dos conteúdos ministrados nas Farmin
aulas. MESEGUEl
154. 198.
Este li~o é um sonho que o então Comitê dos Professores de Materiais de _ . Ctu
Cons~çao (C_OPMAT)_ a~alentou durante muitos anos e agora se faz realidade 1989.
atraves do Instituto Brasilerro do Concreto (IBRACON) q
T, · d M · · · ·
, ue o msenu no o c nu'tê NORWEGI J
ecruco _e , _atenrus de Construção (CTMAT) desse Instituto Mais detalhes 1992.
sobre a histona do COPMAT d · · PADILHA, 1
(2005). po em ser encontrados em Vasconcelos e Isrua PAIToN, W
REPE1TE, \
v. 2. São 1
Referências Bibliográficas SCHAFFER
SILVA, J . R.;
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS SINDICATO
h . CONSTRUTORES ·
ltp.//www.abcterra.corn.br/construçõ A COM TERRA. Disponível eni. http://ww1
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA Ú es. cesso em fevereiro de 2007. UNIÃO NA(
· . IND STRIA DE MATER!A -
Junho 2010. Disponível em http://www abramat o b /1' IS DE CONSTRUÇAO. Análise setorial ABRAMAT nº 12. Vida econi
BAMBOO TECHNOLOGIES. Disponíve; . : rg. r ista_publicacao.asp?s::13, acesso em 05.07.2010. Acesso err
BONEN D Toe stru em.http.//www.bambootechnol · ('fJ7
' · nano cture of the cemcnt paste and 1'ts . ogies.com/bbhomcs.htm . Acesso em fevereiro de 2 VANVLACI<
Concretc throu h · porosuy ln· MARCHA . on
051). g sc1ence and engineering, 2, Quebec, 2006. Pr~ . . NO, J. et ai. (Ed.). lnternational Sympos1u~ s VASCONCEI
BRAG ceedmgs. Bagncux: RILEM, 2006, p. 1513-1523 (ProCeed1ng Realizaçõ1
A, B. et ai. Introdução à En .
Prenticc Hall 2005 genharia Ambiental. O desafio n
• · do desenvolvimento sustentável. São Paulo: peafSO
A Ciência e a Engenharia de Materiais na Construção Civil 35

RASJLLei federal nº 5.194 de 24 de dezem bro de 1966: Regula o exercício das profissões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro
.\grônomo.
CALLISTER JR., W. Ciênc ia e Engen haria de Mater iais: uma introd ução. Rio de Janeiro: Livros Técnic os e Cienú ficos
Editora, 2002.
CIB.Escrcvcr por extenso, em caixa alta. Agend a 21 para a constr ução susten tável. São Paulo: Escola Politécnica da USP, 2000.
CNE/CES. Resolu ção CNE/ CES nº 11, de li de março de 2002: institui diretrizes curriculares nacionais do curso de gradua ção
em Engenharia. Disponível em: portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES 112002.pdf. Acesso em: 18 mar. 2007.
COHEN. M. Ciênc ia e Engen haria de Mater iais: sua evolução, prática e perspectivas. Parte li: A Ciência e Engen haria de
Materiais como uma multdisciplina. São Carlos: UFSCar, 1987.
_ . Ciênc ia e Engen haria de Mater iais: sua evoluç ão, prática e perspectivas. Parte J: Materiais na história da socied ade.
São Carlos: UFSCar, 1985.
CONSTRUBUSINESS, 8., 2009, São Paulo. Congresso brasileiro da construção. A construção do crescimento sustentável. São
Paulo. 2009. 252p.
DE LARRARD, F. Formulation et propriétés dês bétons à três hautes performances., 1988. 335 p p. Tese (Dout orado em
Engenharia), Cachan., École Nationale dês Ponts et Chaussées, 1988.
HELENE, P. Qualif icação e habili tação profis sional . Disponível em: www.ibracon.org.br/Metro/debate5.pdf. Acess o em: 18
mar. 2007.
HELLAND, S. Design and utilization of HSC - case studies. ln: REUN IÃO ANUA L DO INSTI TUTO BRAS ILEIR O DO
CONCRETO, 30, 1988, Rio de Janeiro. Anais . v. 1. São Paulo: Instituto Brasileiro do Concr eto, 1988, p. I-XXI I.
HOUAISS, A. Dicion ário eletrô nico Houai ss da lfngua portug uesa. CD-R OM., versão 1.0.7. São Paulo: .Objet iva, 2004.
ILLSTON, J. M.; D1NWOODIE, J. J.; SMITH, A. A. Concr ete, Timb er and Metai s: the natur e and behav iour of struct ural
mater iais. New York: Van Nostrand Reinhold, 1979.
INTER NATlO NAL TRON AND STEE L INSTI TUTE . World steel in figure s 2006. Dispo nível em:
www.worldsteel.org/pictures/newsfiles/WSIF06.pdf. Acesso em: 28 fev. 2007.
JSAIA , G. C. Questões de ensino e pesquisa na durabilidade das estruturas de concreto. e-Ma t-Rev ista de Ciênc ia e Tecno logia
de Mater iais de Const rução Civil. Porto Alegre, v. 2, n. 2, 2005.
MEHTA, P. K. Concrete technology at the crossroads - Problems and Opportunities. ln: MALH OTRA , V M. (Ed.). Concr ete
Technology Past, Present and Future, Berkeley, 1994. Proce edings . Detroit: American Concr ete lnstitu te, 1994, p. 1-30 (SP
144).
_ _. Concrete technology for sustainable development - an overview of essential principies. ln: MALH OTRA , V. M. (Ed.).
lntemational Symposium on sustainable development of cemen t and concrete industry, Ottaw a, 1998. Proce eding s.
Farrnington Hills: American Concrete Insititute, 1998, p. 1-13.
MESE GUER ,A. G. Garantia de calidad em obras civiles comun es. Madrid: Horm igón y acero, Horm igón y acero ( Madri d, n.
154, 1985.n .154, 1985.
_ _ . Curso sobre norma lizaçã o e contro le de qualid ade na indúst ria da constr ução civil. Anotações de aula. FAAP/CENAP,
1989.
NORWEGIAN COUN CIL FOR BUILDING STANDARDIZATION. NS 3473: Concr ete Struc tures Desig n Rules. Stock holm,
1992.
PADILHA,A. F. Mater iais de Engen haria: micro estrut ura e propr iedad es. São Paulo: Hemu s, 1997.
PATTON, W. J. Mater iais de Const rução . São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo , 1978.
REPE'ITE, W. L. Concretos de última geração: Presente e futuro ..ln: ISATA, G. (Ed.). Concr eto Ensin o, Pesqu isa e Realiz ações .
v. 2. São Paulo: IBRACON, 2005. p. 1543.
SCHAFFER, J. et ai. Cienc ia y diseiio de mater iales para ingeni ería. México: Grupo Pátria Cultur al, 2000.
SILVA, J. R.; GREG ÓRIO FfLHO , R. Recic lagem e substi tuição de metai s. São Carlos: UFSC ar, 1986.
SrNDICATO DA INDÚ STRIA DA CONS TRUÇ ÃO CIVIL DE SÃO PAULO. Const rucart a Banco de Dados . Dispo nível em:
http://www.sindusconsp.com.br/envios/2010/construcarta/banco_de_dados_431 .htm, acesso em 05.07. 2010.
UNIÃO NACI ONAL DA CONS TRUÇ ÃO. A constr ução no desen volvim ento susten tado. A impor tância da const rução na
vida econô mica e social do país. Disponível em:www.sindusconsp.corn.br/especiais/Uniao_nacional_construcao/doc _unc.p df.
Acesso em: 28 fev. 2007.
VAN VLACK, L. H. Princí pios de ciênci a e tecnol ogia dos mater iais. Rio de Janeir o: Elsevier, 1984.
VASCONCELOS, A. C., ISAIA , G. C. Retrospectiva do concreto no Brasil. ln: 1SATA, G. (Ed.). Concr eto Ensin o, Pesqu isa e
Realizações. v. 2. São Paulo: IBRA CON, 2005. p. 45.

Das könnte Ihnen auch gefallen