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CURSO SUPERIOR DE TÉCNICO DE

POLÍCIA OSTENSIVA E PRESERVAÇÃO


DA ORDEM PUBLICA

História
da
PM
2018-2019

1º CICLO DE ENSINO
Sumário

AULA 1 e 2 - Breve histórico de formação e desenvolvimento das polícias no ocidente, A família


real no Brasil, Independência, Primeiro Império, origem de PM anteriores. .................................... 4

AULA 3 e 4 - Período Regencial, Principais expoentes políticos do período, a Guarda Nacional,


origem das Guardas Municipais Permanentes, missão aquartelamento e suas características iniciais.
Criação de Polícias Militares em outras Províncias do Império, Heráldica e Brasão de Armas,
Denominações Históricas, Campanha 01 criação do Corpo Policial Permanente, Campanha 02
Guerra dos Farrapos, Campanha 03 Campo das Palmas, o início da instrução à tropa. .................... 8

AULA 5 e 6 - A PMESP durante II Império: vocação legalista, Campanha 04 – Revolução Liberal


Sorocabana, criação do corpo musical, C a m p a n h a 0 5 guerra do Paraguai e suas
consequências, criação do Corpo de Bombeiros, primeiro comandante, motivos que levaram à
criação, breve histórico anterior, quartel e acomodações, funções sociais e respeito pela população,
outras organizações policiais (Guarda Cívica). ............................................................................. 15

AULA 7 e 8 A PMESP durante a I República: C o n s t i t u i ç ã o d e 1 8 9 1 , o p r i m e i r o


quartel próprio, o hospital, papel na transição para o governo civil; Campanha 06 – Revolta da
Armada e Revolução Federalista, Campanha 07 Questão dos Protocolos, Campanha 08 Canudos
(Sertão da Bahia), Revolta da vacina, Delinquência no sertão, CBPM, criação da Polícia Civil, da
Guarda Cívica, criação da Caixa Beneficente, 1ª Missão Francesa e o início da formação dentro da
instituição. Escola de Soldados, escola de cavalaria, escola de alfabetização, núcleo da escola de
Sargentos, Centro de Instrução Militar e Curso de Formação Acadêmica. ..................................... 19

AULA 9 e 10 - Campanha 09 Revolta da chibata, esquadrilha de aviação, C a m p a n h a 1 0 greve


operária de 1917, I Guerra Mundial, gripe espanhola, II Missão Francesa, O Tenentismo,
Campanha 11 os 18 do Forte de Copacabana e a sedição de Mato Grosso, Campanha 12 Revolução
de 1924, coluna Miguel Costa – Prestes, Cruz Azul, Criação da Guarda Civil, Campanha 13 Goiás
em 1926, o voo do Jahú, o Regulamento Policial de 28. ............................................................... 28

2
AULA 11 e 12 - A PMESP durante a Era Vargas: Campanha 14 Revolução de 30, Cel. Pedro
Àrbues, Consequências da Política Federal em relação à Força Pública de São Paulo, Ten. Cel.
Edgard Pereira Armond, Campanha 15 Revolução de 32, Constituição de 19 34 e de 1937, a
geração Freitas Almeida, Campanha 16 Movimentos extremistas, Campanha 17 II Guerra Mundial,
Os três Generais da Força Pública ................................................................................................ 37

AULA 13 e 14 A PMESP durante a Democracia: Constituições Federal e Paulista e o papel da


Força Pública, criação dos policiamentos especializados, policiamento ambiental, policiamento
rodoviário, novo regulamento para a Força, O salto na Amazônia, criação do corpo de policiamento
feminino, Corregedoria da Polícia Militar, o Congresso Brasileiro das PM, as campanhas do cancro
cítrico, mal de Chagas, relacionamento com a mídia nos anos 1960, a canção da PMESP. .... 23

AULA 15 e 16 - A PM durante o Regime Militar e a Redemocratização: Campanha 18


Revolução de 1964 e suas consequências para a Força Pública, a unificação de 1970, Cap.
PM Alberto Mendes Jr., A reestruturação Pós 1970, os grandes incêndios: Andraus e Joelma,
atuação dos bombeiros no escorregamento das encostas da serra do mar, Colégio e Hospital da
PMESP, anos 80 e os desafios da democracia, a mudança de designação para Escola Superior de
Soldados “Cel PM Eduardo Assumpção”, formação nos anos 1980, primeiro Comandante, o
Patrono e sua contribuição para a área do ensino na PMESP, a constituição de 1988, GATE,
COPOM, Resgate, o investimento tecnológico, anos 90 imagens negativas e novas tendências
institucionais, episódios do Carandiru e Naval, resgate das vítimas dos acidentes de aeronaves
TAM 1996 (voo 452) e 2007 (voo 3054), O século XXI e a doutrina de Polícia comunitária: novos
rumos, a atuação da PMESP durante a Copa FIFA 2014 e os Jogos Olímpicos Rio 2016. ............ 58

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................... 67

3
AULA 1 e 2 - Breve histórico de formação e desenvolvimento das polícias no
ocidente, A família real no Brasil, Independência, Primeiro Império, origem de PM
anteriores.

BREVE HISTÓRICO DE FORMAÇÃO E ESENVOLVIMENTO DAS POLÍCIAS NO


OCIDENTE

Ao iniciar nossos estudos sobre a História da Polícia Militar do Estado de São Paulo, é
necessário que primeiro entendamos as origens do conceito de Polícia no ocidente. Derivado de
“politéia” que por sua vez se originava na “polis” (cidade na Grécia Antiga), o termo Polícia
latiniza-se na Roma tornando-se “politia”, definindo portanto “aquele encarregado de guardar a
cidade”. Daí para “polícia” na língua portuguesa, foi só uma questão geográfica, temporal e
linguística. Na Grécia tem-se o reporte que os magistrados eram os encarregados de comandar e
supervisionar o corpo de guardas urbanos das polis. Atenas por exemplo, teria um desses corpos
compostos por cerca de 300 escravos empregados especificamente para essa função.
Em Roma (a partir do reinado de Augusto 27 a.C – 14 d.C), surgem as coortes de vigilância,
encarregadas de manter a segurança urbana nas regiões em que o Império fora dividido. Surgem
também outras corporações cujas funções se equiparam, sendo as principais delas as Coortes
Urbanas e a famosa Guarda Pretoriana. Durante a idade média, a Espanha nos forneceria um
modelo de corporação que tenderia a ter longa duração, sendo este as Hermandades, primeiro
modelo inspirador dos corpos policiais modernos. Da França, viriam os exemplos de formação
militarizado da Guendarmarie e Polícia Urbana. A primeira com origens ainda no recorte da
baixa idade média e a segunda no século XVII. Da Inglaterra viria uma das mais conceituadas e
conhecidas polícias do mundo, criada em outubro de 1829, tendo por nome “Polícia
Metropolitana de Londres” por Sir. Robert Peel.
Em Portugal, é criada em 1760 a Intendência Geral de Polícia da Corte e do Reino que daria
origem à Guarda Real de Polícia.

A FAMÍLIA REAL NO BRASIL

Em 1807, Napoleão Bonaparte decreta o Bloqueio Continental na Europa e força a Família Real
Portuguesa a deixar Lisboa em direção às terras da colônia. Tendo aportado aqui em 1808, após
uma breve escala em Salvador, a corte traz todo o aparato para a cidade do Rio de Janeiro,
estabelecendo lá seu quartel-general.

4
O Brasil desperta da modorra de simples colônia e dá passada decisiva para emancipação
política. A corte traz consigo um efetivo com cerca de 600 homens com a finalidade de realizar
a segurança da família Real e ainda mesmo em 1808 é criada a Intendência Geral de Polícia da
Corte. O Decreto 13 de maio 1809 regulamentaria a Guarda Real Portuguesa, criada aos moldes
(uniforme e armamento) da policia de Portugal que evoluiria para a atual Polícia Militar do
estado do Rio de Janeiro.

INDEPENDÊNCIA

Em 1815 o Brasil é elevado a Vice-Reino de Portugal Brasil e Algarves, colocando nosso país
nas mesmas condições da Metrópole. Tal situação tendeu-se a se reverter após o retorno da
família Real a Portugal em 1821, o que causou grande descontentamento da elite brasileira.

Em 1820 ocorre a Revolução Liberal Portuguesa (fator decisivo para a volta de D. João VI) e
inicia-se a pressão para que D. Pedro I também retorne a Portugal. Somadas às condições em
que se encontrava no momento o país, mais os ideais de independência, Pedro I proclama-a em
7 de setembro de 1822, dando fim ao período colonial.

PRIMEIRO IMPÉRIO (OU REINADO)

O Período correspondente ao Primeiro Reinado estendeu-se entre os anos de 1822 (com o


advento da Independência) e 1830 quando D. Pedro I abdica e retorna a Portugal.

Destaca-se ainda nesse período do Primeiro Reinado, a promulgação de nossa Primeira


Constituição Federal datada de 25 de março de 1824 que instituía o Poder Moderador exercido
pelo Imperador. A partir de então, o regime político adotado passaria a ser o Monárquico
Constitucional, porém Pedro I era Liberal nas ideias e no discurso, no entanto sua prática
política, conservadora o que aos poucos acabou por desagradar as elites brasileiras. É importante
ressaltar-se que as polícias ainda não fariam parte do texto constitucional. Também em 1824 o
Exército brasileiro passaria por sua primeira estruturação como exército de um país
independente. A data de comemoração para essa arma seria fixada a partir de então em 19 de
abril em memória da Batalha dos Guararapes quando o mito das 3 raças que compuseram o povo
brasileiro, se torna presente (negro, índio e branco), lutando juntos para defender o país. Em 17
de fevereiro de 1825 é criada a Polícia Militar do estado da Bahia e em 11 de junho do mesmo
ano, a Polícia Militar do estado de Pernambuco. Em 1829 iniciam-se reformas conceituais nas
polícias de vários países. O maior destaque desse período foi a modernização da força
metropolitana de Londres, promovida por Sir. Robert Peel. Tais mudanças gerariam resultados
5
tão bons que muitas forças policiais adotariam sua doutrina e nela permaneceriam até os dias de
hoje.Durante o período do Primeiro Reinado, foram computados os seguintes conflitos no Brasil:
Guerra da Independência – 1822 - 1823;
Independência da Bahia – 1821 - 1823;
Confederação do Equador – 1824;
Guerra contra as Províncias Unidas – 1825 - 1828 e;
Revolta dos mercenários – 1828.

Em 07 de abril de 1831, D. Pedro I abdica, retornando a Portugal pondo fim dessa forma ao
Primeiro Reinado, deixando, no entanto no Brasil, seu filho, Pedro II com a idade de 05 anos de
idade, impotente, portanto, para comandar o país. De acordo com a Constituição de 1824,
haveria a necessidade de aguardar a maioridade de Pedro II para que este pudesse governar o
país. Enquanto isso não ocorresse, seria instaurada uma Regência.

Tinha início dessa forma o PERÍODO REGENCIAL que duraria até 1840.

ORIGEM DE PM ANTERIORES

Com a chegada da Família Real no Brasil em 1808, é criada também em solo brasileiro a
Intendência Geral de Polícia da Corte aqui, dando origem ainda no ano de 1809 à atual Polícia
Militar do Estado do Rio de Janeiro. Em 1818 seria a vez da PM do estado do Pará, em 1825
Bahia e Pernambuco e, em 1831 São Paulo.

Apesar dos dados historiográficos apontarem para a criação da primeira Polícia Militar no atual
estado do Rio de Janeiro, duas corporações atualmente avocam o título de serem mais antigas
que a PMERJ, sendo elas a Polícia Militar do estado de Mato Grosso (que teria sido fundada em
1720) e a Polícia Militar do estado de Minas Gerais (que teria sido fundada em 1775). Para
maiores esclarecimentos, solicitamos consultar o anexo I da apostila.
ANEXO I – Polícias Militares do Brasil por ordem cronológica de criação

PERÍODO ESTADO ANO


Polícia Militar do estado de Mato Grosso 1720
Polícia Militar do estado de Minas Gerais 1775
Colonial Polícia Militar do estado do Rio de Janeiro 1809
Polícia Militar do Distrito Federal (atual Brasília) 1809
Polícia Militar do estado do Pará 1818

6
Primeiro Polícia Militar do estado da Bahia 1825
Reinado Polícia Militar do estado de Pernambuco 1825
Polícia Militar do estado de São Paulo 1831
Polícia Militar do estado de Alagoas 1832
Polícia Militar do estado da Paraíba 1832
Polícia Militar do estado do Rio Grande do Norte 1834
Polícia Militar do estado de Sergipe 1835
Período Polícia Militar do estado do Espírito Santo 1835
Polícia Militar do estado de Santa Catarina 1835
Regencial Polícia Militar do estado do Ceará 1835
Polícia Militar do estado do Piauí 1835
Polícia Militar do estado de Mato Grosso do Sul 1835
Polícia Militar do estado do Maranhão 1836
Polícia Militar do estado do Amazonas 1837
Brigada Militar do Rio Grande do Sul 1837
Segundo Polícia Militar do estado do Paraná 1854
Reinado Polícia Militar do estado de Goiás 1858
Polícia Militar do estado do Acre 1916
Polícia Militar do estado de Rondônia 1975
República Polícia Militar do estado de Roraima 1975
Polícia Militar do estado do Amapá 1975
Polícia Militar do estado do Tocantins 1989

ANEXO II - Campanhas históricas desenvolvidas pela Polícia Militar do Estado de São Paulo
desde sua criação em 15 de dezembro de 1831, por ordem cronológica de datação.
PERÍODO CAMPANHA DATA
Criação da Polícia Militar do estado de São Paulo 1831
Período Guerra dos Farrapos 1838
Regencial Campo das Palmas 1839
Segundo Revolução Liberal Sorocabana 1842
Reinado Guerra do Paraguai 1865
Revolta da Armada e Revolução Federalista 1893
Questão dos Protocolos 1896
Canudos (Sertão da Bahia) 1897

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Primeira Revolta da Chibata (Marinheiro João Cândido) 1910
Greve Operária 1917
República Os 18 do Forte de Copacabana e Sedição do Mato Grosso 1922
Revolução de São Paulo e Campanhas do Sul 1924
Campanhas do Nordeste e Goiás 1926
Revolução Outubrista 1930
Era Revolução Constitucionalista 1932
Vargas Movimentos extremistas 1937
Segunda Guerra Mundial 1945
Reg. Militar Revolução de Março 1964

AULA 3 e 4 - Período Regencial, Principais expoentes políticos do período, a Guarda


Nacional, origem das Guardas Municipais Permanentes, missão aquartelamento e suas
características iniciais. Criação de Polícias Militares em outras Províncias do Império,
Heráldica e Brasão de Armas, Denominações Históricas, Campanha 01 criação do
Corpo Policial Permanente, Campanha 02 Guerra dos Farrapos, Campanha 03 Campo
das Palmas, o início da instrução à tropa.

REGÊNCIAS

Conforme exposto anteriormente, pela Constituição de 1824, caso o Monarca não pudesse assumir
o governo, este deveria ser entregue à formação de uma composição de três pessoas chamada então
de REGÊNCIA TRINA, o que se deu em 17 de julho de 1831.
No dia da abdicação de D. Pedro I, o parlamento brasileiro se encontrava em férias. Não havendo
número suficiente e senadores e deputados para a eleição de um governo permanente, elegeu-se
uma Regência Trina Provisória, com o objetivo de sufocar as revoltas pela volta de D Pedro I e
organizar as eleições para a Regência Trina Permanente o que ocorreria somente em 1835.

PRINCIPAIS EXPOENTES POLÍTICOS DO PERÍODO

Formados os ministérios, em 16 de julho de 1831, a Regência assume a seguinte configuração:


Ministério do Império: José Lino dos Santos Coutinho e Diogo Antônio Feijó;
Ministério dos Estrangeiros: Francisco Carneiro de Campos;
Ministério da Guerra: Manuel da Fonseca de Lima e Silva;

8
Ministério da Marinha: José Manuel de Almeida e Joaquim J. Rodrigues Torres
Ministério da Justiça: Diogo Antônio Feijó e;
Ministério da Fazenda: Bernardo Pereira de Vasconcelos.

A GUARDA NACIONAL

O período regencial se configuraria aos poucos, como uma época de motins e revoltas militares
tanto no Rio de Janeiro como nas províncias, dessa forma, o governo decide extinguir as Tropas
de Linha, incorporando-as ao nascente Exército Brasileiro assim como as Milícias (tropas de 2ª
linha) e Ordenanças (tropas de 3ª linha), criando a Guarda Nacional em 18 de agosto de 1831
com a missão de “defender a Constituição, a Liberdade, a Independência e a Integridade do
Império”. Mesmo assim dominava o ambiente anárquico, belicoso e explosivo no país, pondo
em risco a unidade da jovem Federação.

A Guarda Nacional era composta de amadores: caçadores, fuzileiros, sertanejos e voluntários.


Inspirada na Guarda Nacional Francesa, os cargos de oficiais eram obtidos mediante eleições na
localidade. Em consequência da abdicação do Imperador Pedro I, uma onda de indisciplina e
anarquia alastrava-se em muitas Províncias e também na cidade do Rio de Janeiro; o radicalismo
partidário entrava nos quartéis, ocasionando revoltas e motins, pondo em risco a unidade
nacional. Seu efetivo era recrutado entre os cidadãos com renda na casa dos 200$000 (duzentos
mil réis) nas cidades e 100$000 (cem mil réis) no campo. Essa composição na verdade,
correspondia aos cidadãos com direito a voto nas eleições primárias (votantes), ou seja, homens
entre 21 e 60 anos. Suas principais características eram: a) uma forte base municipal, b)
altíssimo grau de politização, c) a organização baseada nas elites políticas locais e d)
demonstravam claramente a falta de confiança do governo regencial no Exército brasileiro.

O Exército teve seu efetivo reduzido, (para ter-se uma ideia das medidas que foram tomadas, as
demissões são facilitadas, cessam os recrutamentos e seu efetivo cai de 30.000 em maio de 1831
para 14.342 atingindo 10.000 em agosto do mesmo ano). Some-se a isso a Guarda Nacional
deficiente, ainda na sua fase embrionária, a confusão social, política e militar. Começam ocorrer
revoltas no Exército e as tropas começam a participar de lutas políticas. Os oficiais posicionam-
se pela volta de Pedro I enquanto as praças reclamam por aumento em seus soldos. As medidas
tomadas por Feijó foram facilitar as demissões e licenças e cessar os recrutamentos.

Para termos uma ideia do conturbado momento político, listamos os mais estudados conflitos
pela historiografia brasileira das regências, sendo eles:

Cabanagem no Pará (1833-1836);


9
Guerra dos farrapos no Rio Grande do Sul (1835-1845);
Sabinada na Bahia (1837-1838) e;
Balaiada no Maranhão (1838-1841).

ORIGEM DAS GUARDAS MUNICIPAIS PERMANENTES

Diante desse cenário, Feijó propôs à Assembleia a criação de uma Guarda Municipal
Permanente, cujo projeto foi levado à Câmara no dia 30 de agosto de 1831, onde o Decreto de
22 de outubro de 1831 dá Regulamento ao Corpo de Guardas Municipais Permanentes da Corte,
na cidade do Rio De Janeiro e para as demais Províncias.

Tendo em vista que na época do Brasil Colonial, as forças militares incumbidas da manutenção
da sua integridade territorial e da ordem interna, haver notória precariedade da disciplina e
ineficiência dos órgãos federais, cabe ressaltar que da época da Independência até 1831, foram
aos milicianos a quem o Império confiou a tranquilidade nas províncias antes mesmo da criação
das Guardas Municipais, ainda que sem os necessários conhecimentos profissionais.

15 DE DEZEMBRO DE 1831: CORPO POLICIAL PERMANENTE EM SÃO PAULO

Atendendo à conclamação de Feijó exarada em outubro de 1831, o então Presidente da Província


de São Paulo, Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, determina em 15 de dezembro de 1831 à
Assembleia Provincial que se criasse em nosso Estado, um Corpo de Guardas Municipais
Voluntários formados por um efetivo de centro e trinta homens divididos em 100 infantes e 30
cavalarianos. Estava criada a célula máter da Polícia Militar do Estado de São Paulo a GUARDA
MUNICIPAL PERMANENTE.

AQUARTELAMENTO E CARACTERÍSTICAS INICIAIS

Com base no Decreto de Feijó de outubro de 1831, em 15 de dezembro de 1831 em São Paulo, por
ato da então Assembleia Provincial, foi criada a GUARDA MUNICIPAL PERMANENTE,
proposta pelo presidente da província, Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar e autorizado pelo
Conselho da Presidência da Província. Surgindo então a Lei de 15 de dezembro de 1831, criadora
da GUARDA MUNICIPAL PERMANENTE (na Província de São Paulo) com efetivo de uma Cia

10
de Infantaria constando de 100 homens mais oficiais competentes e uma seção de cavalaria com
30 soldados e 01 tenente como Comandante. Eram os 130 de 311.
Suas principais características iniciais foram:
Todos os graus hierárquicos serem preenchidos por voluntários;
Sua subordinação era direta ao chefe do Executivo Provincial e mais indiretamente à Assembleia
Provincial. Cabia ao Presidente da Província fixar efetivos anuais e vencimentos, submetendo a
sua proposta ao Legislativo.
A Guarda Municipal ficava permanentemente de serviço, a expensas do erário público, ao
contrário das forças e milícias anteriores, cujos elementos abandonavam suas missões quando a
agricultura ou criação exigiam.
Baixos vencimentos;
Falta de aquartelamento adequado (Convento do Carmo);

Dificuldade para o preenchimento de efetivos fixados (pela distância das vilas, mobilidade de
seus habitantes e hábitos de se internarem nas matas, quando obrigados ao alistamento, nos
tempos da Colônia).
Dificuldade de alistamento (predomínio de alcoólatras e pessoas de reputação duvidosa);
Indisciplina e dificuldade de submissão à vida castrense;
Envolvimento criminal – duas tentativas de roubo perpetradas por soldados da recém-criada
Guarda ao Tesouro e Palácio do Governo.
Para comandar os 100 (cem) homens a pé, foi designado o Alferes José Gomes de Almeida, que
pertencia ao 6º Batalhão de Caçadores, comissionado no posto de Capitão; e para comandar os 30
(trinta) homens da tropa a cavalo foi designado o Capitão Pedro Alves de Siqueira. Para ter-se
uma ideia da população da cidade de São Paulo em 1831, os números registram um total
aproximado de 30.000 habitantes, sendo esta, a 7ª cidade do país. O cenário da Província era de
cerca de 340.000 habitantes (lembrando que o atual estado do Paraná ainda pertencia a São Paulo).
98% dessa população era, no entanto, analfabeta.
HERÁLDICA E BRASÃO DE ARMAS

1
ALMEIDA. Guilherme. Canção da Força Pública do Estado de São Paulo. 1965.

11
Somente em 1958, por proposta do então Tenente Olavo Soares, a Instituição adotaria seu brasão
de armas. O Brasão-de-armas da Polícia Militar do Estado de São Paulo é um Escudo Português,
perfilado em ouro, tendo uma bordadura vermelha carregada de 18 (dezoito) estrelas de 5 (cinco)
pontas em prata, representando marcos históricos da Corporação. No Centro, em listras
vermelhas verticais e horizontais, as cores representativas da Bandeira Paulista, também
perfiladas em ouro. Como timbre, um leão rampante em ouro, apoiado sobre um virol em
vermelho e prata, empunhando um gládio, com punho em ouro e lâmina em prata. À direita do
Brasão um ramo de carvalho e à esquerda um ramo de louro, cruzados em sua base. Como
tenentes, à direita, a figura de um Bandeirante com bacamarte e espada, e à esquerda um Soldado
da época da criação da Milícia, empunhando um fuzil com baioneta; ambos em posição de
sentido. Num Listel em azul, a legenda em prata "LEALDADE E CONSTÂNCIA".

ESTRELAS REPRESENTATIVAS DOS MARCOS HISTÓRICOS.

1ª ESTRELA - 15 de dezembro de 1831 - Criação da Milícia Bandeirante;

2ª ESTRELA - 1838 - Guerra dos Farrapos;

3ª ESTRELA - 1839 - Campos das Palmas;

4ª ESTRELA - 1842 - Revolução Liberal de Sorocaba;

5ª ESTRELA - 1865 a 1870 - Guerra do Paraguai;

6ª ESTRELA - 1893 - Revolta da Armada (Revolução Federalista);

7ª ESTRELA - 1896 - Questão dos Protocolos;

8ª ESTRELA - 1897 - Campanha de Canudos;

9ª ESTRELA - 1910 - Revolta do Marinheiro João Cândido;

10ª ESTRELA - 1917 - Greve Operária;

11ª ESTRELA - 1922 - "Os 18 do Forte de Copacabana" e Sedição do Mato Grosso;

12ª ESTRELA - 1924 - Revolução de São Paulo e Campanhas do Sul;

13ª ESTRELA - 1926 - Campanhas do Nordeste e Goiás;

14ª ESTRELA - 1930 - Revolução Outubrista-Getúlio Vargas;

12
15ª ESTRELA - 1932 - Revolução Constitucionalista;

16ª ESTRELA - 1935/1937 - Movimentos Extremistas;

17ª ESTRELA - 1942/1945 - 2ª Guerra Mundial; e

18ª ESTRELA - 1964 - Revolução de Março.

DENOMINAÇÕES HISTÓRICAS:

A Instituição recebeu vários nomes de acordo com o contexto político e social de cada recorte
histórico pelo qual passou. Abaixo, destacamos os principais deles:

GUARDA MUNICIPAL PERMANENTE.


CORPO POLICIAL PERMANENTE
CORPO POLICIAL PROVISÓRIO
BRIGADA POLICIAL
FORÇA POLICIAL
FORÇA PÚBLICA
POLÍCIA MILITAR

CAMPANHA 01 - CRIAÇÃO DO CORPO POLICIAL PERMANENTE

Reunido o Conselho da Presidência da Província de São Paulo, o Exmo. Sr. Presidente da


Província dá conhecimento aos Conselheiros da carta da lei de 10 de outubro do corrente ano, da
Regência, pela qual é autorizado através do Conselho a criar um Corpo de Guardas Municipais
voluntários, a pé e a cavalo, quando assim julgue necessário. É proposta a criação de uma
Companhia de Infantaria, com efetivo de 100 praças e oficiais necessários, e 30 soldados de
cavalaria, comandados por um Tenente. Com isso foi dado o primeiro passo para constituição da
Polícia Militar do Estado de São Paulo.

CAMPANHA 02 - GUERRA DOS FARRAPOS

Em 19 de setembro de 1835, os revoltosos chegam a Porto Alegre. Em 20 de setembro o governo


abandona a Capital e os revolucionários ocupam Porto Alegre. A Revolução Farroupilha iniciada

13
no Rio Grande do Sul em 1835 expandiu-se por toda a região sul do país. Os revoltosos tinham
atingido a Vila de Lages, em Santa Catarina. O 6º. Batalhão de Linha, com sede em São Paulo,
foi deslocado para Santos em 18 de abril de 1838, e daí para a Vila do Príncipe, via Vila de
Paranaguá, sob o comando do Sargento-mor João Feliciano da Costa Ferreira. Adidos ao 6º.
Batalhão partiram 54 guardas municipais de São Paulo. Os Permanentes de São Paulo atuaram
como artilheiros, sob o comando do Alferes de Artilharia do Exército Manoel V. Guedes 2.

A História não registra se os milicianos paulistas participaram do combate de Passo de Santa


Vitória ocorrido em 14 de dezembro de 1839, ou da invasão de Santa Catarina pelo eixo Lages-
Cachoeira. A 1º. de março de 1845, Caxias consegue a assinatura da proclamação da pacificação,
encerrando o conflito.

CAMPANHA 03 - CAMPO DAS PALMAS

Possivelmente como reflexo da Revolução Farroupilha que transcorria nas Províncias do Rio
Grande do Sul e Santa Catarina, a Portaria de 20 de novembro de 1836, do Governo da Província
de São Paulo, nomeava o Capitão Hermógenes Carneiro Lobo Ferreira para organizar e
comandar uma Companhia de Guardas Municipais que deveria estacionar nos Campos das
Palmas, na divisa com Santa Catarina. Durante um ano a Companhia de Guardas Municipais,
composta do capitão e 50 praças, cruzou a região fazendo levantamento topográfico, abrindo
estradas e melhorando as comunicações terrestres e fluviais. Todo esse trabalho foi realizado sob
os constantes ataques dos índios. Os índios coroados do cacique Vitorino Condá foram
pacificados pela ação do Capitão Lobo Ferreira. O Capitão Lobo Ferreira fez o primeiro mapa da
região e pacificou a região permitindo o surgimento da povoação de Palmas, hoje cidade do
meio-oeste paranaense. Em 1845 a Companhia foi extinta. Em 17 de junho de 1836 foi criada a
Polícia Militar do estado do Maranhão.

O INÍCIO DA INSTRUÇÃO À TROPA

Data de 1837 o primeiro registro de Instrução à tropa pronta de nossa Instituição. Uma carta,
enviada do Comandante do Corpo ao Comandante do destacamento de Atibaia, recomenda que
seja dada instrução à tropa, visando atingir dois objetivos:

2
SAMPAIO, Cel. José Nogueira. A fundação da Força Pública de S. Paulo. São Paulo: Difel. 1954.

14
Tirá-los do ócio, prejudicando as atividades do quartel e a disciplina;
Para que estes alcançassem maior respeito perante a comunidade a qual prestavam serviços.
Nas palavras do Coronel Luiz Eduardo Pesce de Arruda3, estava descoberta a “fórmula da
longevidade” de nossa Instituição

AULA 5 e 6 - A PMESP durante II Império: vocação legalista, Campanha 04 –


Revolução Liberal Sorocabana, criação do corpo musical, C a m p a n h a 0 5
guerra do Paraguai e suas consequências, criação do Corpo de Bombeiros,
primeiro comandante, motivos que levaram à criação, breve histórico anterior,
quartel e acomodações, funções sociais e respeito pela população, outras
organizações policiais (Guarda Cívica).
A PMESP DURANTE II IMPÉRIO: VOCAÇÃO LEGALISTA

O Segundo Reinado foi o período histórico conceituado como o mais longo período político
Brasileiro. Tem início com o “Golpe da Maioridade” em 23 de julho de 1840 e termina com a
Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, abrangendo, portanto, 49 anos de
duração.
Foi também um importante período para a solidificação do Exército e Marinha como Instituições
da Segurança Nacional, culminando na Guerra do Paraguai, como estudaremos mais adiante.
São desse período também algumas mudanças profundas no tecido social brasileiro e na sua
configuração como sociedade. Os escravos começam a ser libertos de forma gradativa (Lei do
ventre-livre 1871, Lei dos Sexagenários 1885 e finalmente a Libertação ocorre em 13 de maio de
1888). Diante desse cenário, a mão de obra para as lavouras de café, passa a vir das imigrações
(principalmente italianos e alemães).

CAMPANHA 04 - REVOLUÇÃO LIBERAL SOROCABANA

A dissolução da Assembleia Geral em 10 de outubro de 1842, pelo Gabinete Conservador,


provocou os levantes liberais nas províncias de Minas Gerais e São Paulo, chefiados,
respectivamente, por Teófilo Otoni e Rafael Tobias de Aguiar.

Em Sorocaba, Rafael Tobias de Aguiar e Diogo Antônio Feijó conseguiram a adesão das
Comarcas de Itapetininga, Itu, Porto Feliz e Capivari, assim como a simpatia da Comarca de
Curitiba. Os revoltosos se concentraram em Sorocaba (17 de maio de 1842). De Sorocaba
partiram duas colunas militares: a primeira, sob o comando do Capitão Manoel Antônio Ferreira,

3
ARRUDA, L. E. P. de; Polícia Militar: uma crônica. A Força Policial nº 13. São Paulo. 1996
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seguiu para Campinas, estacionando em Venda Grande; a segunda, Coluna Libertadora, sob o
comando do Major Francisco Galvão de Barros França, seguiu para São Paulo, estacionando em
Pirajuçara (Butantã). Em 28 de maio de 1842, na região do Jaguaré, os legalistas comandados
pelo Barão de Caxias infligiram aos revoltosos uma grande derrota. O Tenente-Coronel José
Vicente Amorim Bezerra aniquilou os revoltosos de Boaventura do Amaral, em 7 de junho de
1842, na área de Venda Grande. Nesse combate a Seção de Cavalaria da Guarda Municipal
Permanente, sob o comando de Pedro Alves de Siqueira, teve o seu batismo de fogo. Os
Permanentes estavam incorporados às tropas do Barão de Caxias.

Em 20 de junho de 1842, o Barão de Caxias entrou vitorioso em Sorocaba, prendendo os chefes


revoltosos, entre eles o Padre Diogo Antônio Feijó. De Sorocaba partiu para Campinas e daí para
Minas Gerais, onde derrotou os liberais mineiros no combate de Santa Luzia. Em 9 de setembro
de 1842, o Tenente-Coronel José Vicente do Amorim Bezerra, comunica ao Coronel José
Thomaz Henrique, comandante das Armas da Província de São Paulo que a tranquilidade já era
reinante. Este então, manda regressar à Província os Permanentes que estavam incorporados ao
Exército Pacificador de Caxias

07 DE ABRIL DE 1857 - C Mus (CORPO MUSICAL)

Dá-se pela Lei 575 conforme citada acima, em 07 de abril de 1857 a criação da Unidade mais
antiga da Polícia Militar (por Decreto oriundo da Assembleia Provincial). O CORPO MUSICAL
(C Mus) tendo seu início histórico contando com 17 (dezessete) componentes e 01 (um)
Sargento Mestre. Tinha como função a missão de levar entretenimento às Praças aquarteladas.
Ao longo dos anos, a Banda deixa de entreter apenas a tropa, para integrar-se à Comunidade
Paulistana. Grandes obras, tais como a do Viaduto do Chá, inaugurado em 1892, a avenida
paulista, e o teatro municipal, contaram com a presença da banda da Força Pública.
Atualmente, o Corpo Musical atua em solenidades militares e junto à comunidade prestando
diversos serviços sociais, atingindo em média um milhão e meio de pessoas ao ano. Atua
também no policiamento ostensivo em apoio à área central da capital, e representa a Corporação
nos mais diversos setores da sociedade, divulgando a cultura, abrilhantando eventos cívico-
militares, realizando concertos, apresentações e homenagens a autoridades, distribuindo a alegria
e o entusiasmo.
Sua atual estrutura descende do comando do Major Joaquim Antão Fernandes (1895 a 1925) que
em muito engrandeceu o nome de nossa Corporação. Autor da Marcha Batida inclusa na Lei
Federal 5.700 (Dispõe sobre os Símbolos Nacionais) em seu § único do Art. 6º , Antão deixou

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seu nome na História de nossa pátria junto a esse símbolo nacional. Outro grande expoente do
Corpo Musical foi o Tenente José Barbosa de Brito. Músico dotado de uma musicalidade ímpar,
foi autor de várias obras para Banda de música. Teve seu talento reconhecido pelas corporações
no Brasil e em diversos países. Possui composições nos arquivos das Bandas de Música da U.S.
Navy e U.S. Marine Corps Band em Washington (USA) onde são executadas até os dias de hoje.
O C Mus presta assistência técnica a mais 12 Bandas Regimentais de Música sediadas nas
seguintes Organizações Policiais Militares: CPA/M-8 (Osasco), CPA/M-12 (Mogi das Cruzes),
CPI-1 (São José dos Campos), CPI-2 (Campinas), CPI-3 (Ribeirão Preto),
13º BPM/I (Araraquara), CPI-4 (Bauru), CPI-5 (São José do Rio Preto), CPI-6 (Santos), CPI7
(Sorocaba), CPI-8 (Presidente Prudente) e CPI-10 (Araçatuba).
Em 28 de julho de 1858, foi criada a Polícia Militar do estado de Goiás.

CAMPANHA 05 - GUERRA DO PARAGUAI

Maior conflito armado travado na América do Sul, a Guerra do Paraguai foi travada entre o
Paraguai e a Tríplice Aliança (compreendendo Brasil, Argentina e Uruguai), durante o período
de dezembro de 1864 a março de 1870.
Tem seu início com a invasão da província brasileira do Mato Grosso pelo exército paraguaio
sobre as ordens de seu então presidente Francisco Solano Lopez.
Ocorre, porém antes da invasão, o aprisionamento do vapor brasileiro “Marques de Olinda” em
Mato Grosso, como resposta de Solano Lopez à intervenção armada que o Brasil fizera no
Uruguai, em 1863, dando fim a uma guerra civil que já perdurava há dois anos.
No dia 14 de janeiro de 1865, o Tenente-Coronel José Maria Gavião Peixoto comunicava ao
Governo Provincial que o Corpo Municipal Permanente, voluntariamente, partiria para
campanha do Paraguai. Em 10 de abril do mesmo ano, o Corpo Municipal Permanente, com todo
o seu efetivo (273 homens incluindo a banda de música), sob o comando do Tenente-Coronel
José Maria Gavião Peixoto, parte para Campinas para juntar-se com outras tropas da Força
Expedicionária, que pretendia invadir o Paraguai pela fronteira mato-grossense.
Após diversos combates, a coluna brasileira retrocedeu para o Brasil, dando início à epopeia da
retirada de Laguna (8 de maio de 1867). Foram 35 dias de sacrifício, bravura e heroísmo, com
luta constante contra um inimigo numeroso e, ainda, contra a fome, a sede e o terrível cólera-
morbo.
A retirada terminou em 11 de junho de 1867, quando os remanescentes da coluna brasileira,
atravessando o rio Aquidauana, atingiram o Porto de Canuto. O Corpo Municipal Permanente
participou ativamente da invasão do norte do Paraguai e da famosa “Retira de Laguna”.

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Nessa época, oriunda em razão da Guerra do Paraguai, foi criada a fundação da Companhia
Especial de Menores (mais tarde chamada de Instituto de Menores Artífices) que funcionou de
1876 a 1884 em São Paulo, tendo como objetivo preparar crianças e adolescentes para o
exercício de atividades profissionais e até mesmo para o ingresso desses na Corporação. Sua
função era dar amparo aos órfãos dos combatentes do conflito.

CRIAÇÃO DO CORPO DE BOMBEIROS

Ocorre em 1880 um grande incêndio na biblioteca da Faculdade de Direito do Largo de São


Francisco, destruindo quase por completo seu grande acervo. Sensibilizada, a elite paulistana
(em sua maioria oriunda dos bancos escolares daquela Instituição de Ensino), decide então
contratar o Tenente José Severino Dias para a criação do que seria o CORPO DE BOMBEIROS
do Estado de São Paulo o que veio a se efetivar no mesmo ano. A 10 de março de 1880,
começaram oficialmente os trabalhos de extinção de incêndio na Capital do Estado de São Paulo,
com a criação da Seção de Bombeiros composta de 20 homens. Eis a lei:

"Artigo 1º - Fica o governo da província autorizado a organizar desde já uma Secção de


Bombeiros, anexa à Cia de Urbanos da capital e a fazer aquisição de maquinismo próprio para
a extinção de incêndios."

"Artigo 2º - Para essa despesa, é o governo autorizado a abrir um crédito de 20:000$00,


revogadas as disposições em contrário."

A Seção criada ficou ocupando uma parte do prédio onde funcionava a estação central da
Companhia de Urbanos, na Rua do Quartel (hoje Rua 11 de Agosto), sendo requisitado o
material necessário para sua formação. Naquela época, os avisos de incêndios eram transmitidos
por meio de rebates nos sinos das igrejas ou por comunicações verbais de particulares, que
corriam até a porta do quartel de bombeiros para tal fim.
Até a proclamação da República, a Seção de Bombeiros de São Paulo teve três comandantes, o
primeiro deles foi o tenente José Severino Dias, que assumiu o comando em julho de 1880,
iniciando de imediato os trabalhos de organização dos serviços de combate a incêndios, de
instrução e da instalação da Seção. Procedia do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, onde
tinha o posto de alferes. Em 1883, a pedido, foi substituído por poucos dias e interinamente, pelo
Tenente Manoel José Branco, do Corpo Permanente da Guarda Urbana. Logo depois, foi
nomeado o Tenente Alfredo José Martins de Araújo, que era também oriundo do Corpo de
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Bombeiros do Distrito Federal.

Os bombeiros começaram a se expandir para o interior em 1943, através de acordos com as


municipalidades, iniciando um processo de organização a nível estadual. Existiam no efetivo
dessa época 1212 homens. Em 1955 é inaugurada a rede de rádio, facilitando a comunicação
entre as viaturas e o quartel, que informava o melhor caminho, a evolução da ocorrência,
centralizava os pedidos e os distribuía de forma racional entre os Postos. Um ano depois foram
desativadas as caixas de alarme, mas o seu sucessor, o telefone, ainda não atendia totalmente as
necessidades da população. Havia poucos aparelhos e o número não era de fácil memorização.
Somente 23 anos depois seria adotado o número de emergência 193.
Em 1964 inaugura-se a Companhia Escola e é criado o Curso de Bombeiro para Oficiais. Em
1967 a Estação Central (localizada à Praça Clóvis Bevilácqua) é demolida para a edificação de
uma nova, concluída somente em 1975. Reflexo dos catastróficos incêndios dos edifícios
Andraus (1972) e Joelma (1974) onde centenas de vidas foram ceifadas, são importados auto
bombas, auto escadas, auto plataformas, veículos de comando e de apoio e todas as viaturas
passam a contar com rádio, além do aperfeiçoamento das exigências legais quanto aos aspectos
de prevenção de incêndios.
Em 1990, visando melhorar a qualidade do atendimento pré-hospitalar das ocorrências de
salvamento, é implantado o sistema de Resgate na Grande São Paulo e em mais municípios,
contando com pessoal, veículos especializados e apoio de helicópteros.

OUTRAS ORGANIZAÇÕES POLICIAIS

No início do século XX é criada a guarda Cívica, modelo inspirador para a criação da futura
guarda civil do estado de São Paulo no ano de 1926.
São Paulo teve uma corporação civil uniformizada a Guarda Cívica, (depois Guarda Civil, por
volta de 1910) que herdou as atribuições da antiga Companhia de Urbanos (menos o Corpo de
Bombeiros, transferido definitivamente para a Força Pública). Cabia a Guarda-Civil, o
policiamento do trânsito.

AULA 7 e 8 A PMESP durante a I República: C o n s t i t u i ç ã o d e 1 8 9 1 , o p


r i m e i r o quartel próprio, o hospital, papel na transição para o governo civil;
Campanha 06 – Revolta da Armada e Revolução Federalista, Campanha 07
Questão dos Protocolos, Campanha 08 Canudos (Sertão da Bahia), Revolta da
vacina, Delinquência no sertão, CBPM, criação da Polícia Civil, da Guarda Cívica,
criação da Caixa Beneficente, 1ª Missão Francesa e o início da formação dentro da
19
instituição. Escola de Soldados, escola de cavalaria, escola de alfabetização, núcleo
da escola de Sargentos, Centro de Instrução Militar e Curso de Formação
Acadêmica.
A PMESP D U R A N T E A I REPÚBLICA: C O N S T I T U I Ç Ã O D E 1 8 9 1

O 15 de novembro não aconteceu do nada. Foi um processo que, na visão de alguns historiadores
começou desde a proclamação da independência no longínquo 07 de setembro de 1822. Desde lá,
Conservadores e Liberais, depois Luzias e Saquaremas travariam embates disputadíssimos,
acirrados principalmente após a Guerra do Paraguai, apimentados pelo Exército brasileiro,
abolicionistas e pelos motivos abaixo:
- Desejo popular de estabelecer-se um novo regime político mais adequado.
- A partir de 1870 (fim da guerra do Paraguai) crescimento e agravamento da crise econômica,
social e política. A conclusão foi que a Monarquia deveria ser superada.
- Classe média cresce nos centros urbanos e passa a requer maior liberdade e maior participação
nos assuntos políticos do país.
- Essa classe passa a apoiar o fim do Império.
- Imperador Pedro II não possuía filhos e sim filhas.
Filha mais velha o sucederia – Princesa Isabel casa-se com Gastão D´Orleans – francês
(desconfiança na elite)
- Questão Religiosa.
- Questão Militar.
- Questões abolicionistas.
- 15 novembro 1889: República e fim do Império.

MUDANÇAS REPUBLICANAS

A Lei nº 17, de 14 de novembro de 1891, extingue o Corpo Policial Permanente e cria a FORÇA
MILITAR DE POLÍCIA. Com efetivo fixado de 3.940 homens, distribuídos em quatro Corpos
Militares de Policia, uma Companhia de Cavalaria, um Corpo de Urbanos e um Corpo de
Bombeiros. Em 1892, passa-se a chamar FORÇA POLICIAL, transformando os Corpos
Militares em Batalhões de Infantaria, sediados nas seguintes localidades:
- 1º Batalhão de Infantaria – Av. Tiradentes (Quartel da Luz);
- 2º Batalhão de Infantaria – Jundiaí – Campinas – São Paulo;
- 3º Batalhão de Infantaria – Santos;
- 4º Batalhão de Infantaria – Av. Tiradentes;
- 5º Batalhão de Infantaria – Convento do Carmo.

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O nome FORÇA POLICIAL no entanto, permanece até 1896 quando muda seu nome para
BRIGADA POLICIAL. Pela Lei 491 e 29 de dezembro de 1896, a Força é dividida em:
- Brigada Policial;
- Guarda Cívica da Capital e; Guarda Cívica do Interior.
Integrada à Brigada Policial, a Guarda Cívica seria extinta em 1924 e serviria de inspiração para
a criação de uma nova força policial num misto dessa Guarda e da Força Policial Inglesa: A
Guarda Civil de São Paulo em 1926.
Em 1901, pela Lei 780 e 10 de julho daquele ano, a Instituição com um efetivo fixado em 4.832
homens volta a chamar-se FORÇA POLICIAL, aglutinando a Brigada Policial, o Corpo de
Guarda Cívica da Capital e o Corpo de Guarda Cívica do Interior.
Somente com a Lei 957 de 28 de setembro de 1905, a Instituição passa a ser denominada de
FORÇA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO.
Obs.: A FORÇA PÚBLICA passou a denominar-se FORÇA POLICIAL com o decreto 10.843,
de 22 de dezembro de 1939, retomando o nome de FORÇA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO
PAULO, na Constituição Paulista de 09 de julho de 1947.
Os governantes, nela reconhecendo a competência, a lealdade, a isenção e a confiabilidade de
que necessitava o Brasil republicano, investem em sua expansão organizacional, enquanto outras
corporações - caso da Guarda Nacional - vão paulatinamente sendo postas no ostracismo até que
a legislação coloque uma pá de cal sobre as mesmas4.
Em face do novo projeto nacional desenhado pelas lideranças paulistas, é atribuído à Força o
papel de braço armado do poder político estadual, instrumento essencial à estratégia dos
dirigentes paulistas, no cenário brasileiro da época16.
A Força se expande e surgem os primeiros Quartéis. Através de um projeto elaborado pelo
arquiteto Ramos de Azevedo, o Quartel da Luz (hoje sede do 1º Batalhão de Polícia de Choque –
Tobias de Aguiar) é erguido e inaugurado em 1892. Em estilo Neo clássico Pós Napoleônico, foi
criado em princípio para abrigar o 1º Batalhão de Infantaria. Os custos para sua construção foram
arcados pelo desenvolvimento da cultura e exportação do café, aliados às mudanças que a
Constituição republicana de 1891 promoveu, oferecendo aos agora estados, oportunidades antes
negadas como a emissão de títulos, contrair empréstimos no exterior e a criação de impostos
sobre as exportações.
A região das atuais ruas Tiradentes, Dr. Jorge Miranda, Nova Cantareira, e Alfredo Maia, logo
abrigaria além do Quartel da Luz, também o Regimento de Cavalaria e o Hospital da Força
Pública (prédio que hoje abriga seu museu).

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É organizado um amplo e moderno serviço médico, contando com grandes nomes da medicina
como Flamínio Fávero, João Alves de Lima, Amarante Cruz dentre outros, colaboraram para sua
consolidação.

CAMPANHA 06 - REVOLTA DA ARMADA E REVOLUÇÃO FEDERALISTA

Em fevereiro de 1893, Gumercindo Saraiva revolta-se no Rio Grande do Sul, dando início à
Revolução Federalista. Os revoltosos são detidos em Lapa, no Paraná. Na mesma ocasião, na
cidade do Rio de Janeiro, a esquadra sob o comando do Almirante Custódio José de Mello se
revolta. Bernardino de Campos, Presidente do Estado de São Paulo, convoca a então Força
Pública (todo o efetivo disponível dos corpos militares de polícia) e organiza com a Guarda
Nacional os Batalhões Patrióticos a partir de 15 de março de 1893. Para guarnecer de Cananéia a
Ubatuba são destacados os 2º., 3º. e 4º. Batalhões de Infantaria da Força Pública e para Santos
segue o Corpo de Bombeiros. Por precaução, o governo do Estado havia mandado para o litoral
paulista o 3º. Batalhão de Infantaria, sob o comando do Coronel Antônio Eugênio Ramalho.
Quando o Almirante Custódio de Mello sublevou a Armada na Baía de Guanabara, o 3º.
Batalhão já guarnecia todo o litoral e não foram poucos os entreveros com os revoltosos.

De 5 a 16 de outubro o Comando da Corporação Policial foi instalado em Santos; única vez em


que a sede da Corporação saiu de São Paulo. Na sequência das ações, em 25 de novembro, segue
para Itararé o Coronel Inocêncio Ferraz, com um destacamento composto de uma Companhia do
4º. Batalhão e um Esquadrão do Corpo de Cavalaria. Em 10 de fevereiro de 1894, o 1º. Batalhão
de Infantaria seguiu para Itararé e foi incorporado à 2ª. Brigada do Corpo de Exército comandado
pelo General Francisco Raimundo Ewerton Quadros. O 1º. Batalhão combateu em Jaguariúva,
Piraí, Castro, Ponta Grossa, Lapa, Rio Negro e Curitiba. Dois meses mais tarde, em 26 de abril,
partiu para Paranaguá o 2º. Batalhão de Infantaria, que foi a primeira tropa legalista a entrar em
Curitiba (1º. de maio de 1894). O 2º. Batalhão combateu em Paranaguá, Lages, Lapa, União da
Vitória e Porto Amazonas, ficando conhecido como o "dois de ouro", regressando a São Paulo
no início de 1985.

Os 1º., 2º. e 4º. Batalhões de Infantaria da Força Policial paulista, com o Batalhão do Exército
número 7, formaram a 2ª. Brigada, da 1ª. Divisão em Operações no Paraná.

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CAMPANHA 07 - QUESTÃO DOS PROTOCOLOS - 1896.

No fim do século XIX a colônia italiana já era numerosa em São Paulo. A cidade inicia sua
primeira fase de industrialização, onde os imigrantes teriam papel crucial nos primeiros
empregos gerados pela incipiente indústria, gerando conflitos em relação ao mercado de trabalho
nesse cenário urbano.

Os "protocolos" foram correspondências oficiais trocadas entre as autoridades brasileiras e


italianas, para a integração dos imigrantes com a população. A inabilidade de alguns italianos,
inclusive do Cônsul italiano Baichanteaud, provocou conflitos generalizados entre os imigrantes
e os brasileiros. Foi necessário, por ordem do Dr. Campos Salles, enérgica intervenção policial,
executada pelo 1º. Batalhão de Infantaria da Força Pública paulista. A atitude enérgica da milícia
paulista e a clarividência de muitos italianos cooperaram para que os ânimos fossem serenados e
a ordem pública restabelecida.

CAMPANHA 08 - CANUDOS (SERTÃO DA BAHIA)

Surge no sertão da Bahia, a figura de Antônio Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro. De sua
posição monarquista e da contrariedade ao pagamento de impostos, descenderia uma luta
fratricida, com prejuízos materiais e morais ao país, com um saldo tenebroso de mortos e feridos.
Para restabelecer a ordem, sucederam-se expedições policiais e militares ao interior da Bahia.

As quatro seguintes expedições foram derrotadas em Canudos: a da força policial baiana, em


1893, comandada pelo Capitão Vergílio Ferreira de Almeida; a da companhia do Exército, com
107 homens, sob o comando do 1º. Tenente do Exército Pires Ferreira, em novembro de 1896; a
do agrupamento de 560 homens do Exército e da Força Policial da Bahia, sob o comando do
Major do Exército Febronio de Brito; e a da Brigada Mista do Exército, com 1300 homens, sob o
comando do Coronel Moreira Cesar, em março de 1897.

Em junho de 1897, um agrupamento de tropas do Exército e de polícias estaduais, com


aproximadamente 4000 homens, reunidos em Canudos, sob o comando do General Artur Oscar
Andrade Guimarães, conseguiu em outubro do mesmo ano debelar a revolta de Conselheiro.

A 7 de agosto de 1897 chegava a Salvador o 1º. Batalhão de Infantaria da Força Policial de São
Paulo, hoje o 1º. Batalhão de Polícia de Choque "Tobias de Aguiar". No dia 9 partiu na direção
do eixo Salvador – Queimadas - Monte Santo- Canudos. Em 23 de agosto o Batalhão entrava em
Monte Santo. Partiu para Canudos escoltando um comboio militar de víveres e munições. Este
foi o único comboio militar que chegou intato a Canudos, apesar dos constantes ataques dos
guerrilheiros de Conselheiro.
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O Batalhão foi incorporado à Divisão do General Artur Oscar. No dia 25 de agosto o Batalhão
paulista entra em operações de guerra. Combateu de Calumbi até Cachamingó. Em 25 de
setembro, sob o comando do Major José Pedro de Oliveira, uma ala do Batalhão combate na
bifurcação da estrada de Uauá para Canudos. Na madrugada de 1º de outubro, a segunda coluna
tinha os 4, 29º. e 39º Batalhões de Infantaria colocados no leito do Rio Vaza Barris, no flanco
direito da igreja nova e na trincheira ao sul da cidadela. O 9º. e o 34º. Batalhões de Infantaria
estavam por trás da igreja.

O 26º Batalhão de Infantaria, o 5º Batalhão Policial da Bahia e a ala direita do 1º Batalhão da


Força Pública de S. Paulo, cobriram o leito do mesmo rio. A tarde do mesmo dia a Brigada
Policial composta dos Batalhões de Polícia do Amazonas e do Pará e a ala esquerda do 1º
Batalhão da Força Pública5 veio auxiliar os esforços da segunda coluna. O Batalhão paulista
participou ativamente dos assaltos finais ao reduto do Conselheiro. O ataque foi feito com
baioneta generalizando-se o combate corpo-a-corpo. A luta foi encerrada em 6 de outubro. Os
paulistas perderam doze homens mortos em ação e tiveram dezenas de feridos. Após quarenta
dias de lutas, o Batalhão paulista retornou a sua sede, em 24 de outubro de 18976.

REVOLTA DA VACINA

Ocorre na cidade do Rio de Janeiro em consequência de um grande descontentamento popular após o


então Ministro da Saúde (o médico sanitarista Osvaldo Cruz), criar as brigadas de mata-mosquito e as
campanhas de extermínio de ratos. Tais brigadas ganham poderes para invadir as casas da população e
dedetizarem-nas.

Não satisfeitas, as autoridades vendo problemas como tifo, malária, cólera, febre amarela, decidem votar
uma Lei da vacina obrigatória o que ocorreu em 31 de outubro de 1904. A lei permitia que as brigadas de
sanitaristas invadissem as casas para aplicar a vacina à força na população. Diante do cenário, a
população se revolta e ocorrem batalhas nas ruas, encabeçadas pela Liga contra a vacina. Os combates
ocorrem no período de 10 a 16 de novembro de 1904, deixando um saldo de 50 mortos e 110 feridos até
que em 16 de novembro a lei foi revogada.

A Força esteve ao lado do governo na cidade do Rio de Janeiro, garantindo a legalidade da preservação
sanitária da população, a pedido do governo daquela cidade, enviando o 1º Batalhão de Infantaria à
Capital Federal, entre os meses de novembro de 1904 a fevereiro de 1905.

5
A Ala direita paulista estava comandada pelo Major João Pedro de Oliveira, comandava o Batalhão o Tenente-
Coronel José Elesbão dos Reis.
6
CUNHA, Euclides da. Os Sertões. Ed. comemorativa. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de
Pesquisas Sociais, 2010.

24
DELINQUENCIA NO SERTÃO

Com a expansão da cultura cafeeira, os trilhos das estradas de ferro caminharam para os sertões do estado,
levando consigo, os quotidianos problemas das grandes cidades, como o banditismo. Criada para
perseguir os delinquentes que buscando esses rincões acreditavam na impunidade como prêmio, a “Seção
de Capturas” da Força, teve no Tenente João Antônio de Oliveira o “Tenente Galinha” seu maior
expoente, primeiro chefe e a figura mais conhecida e temida desde o início do século XX.

CAIXA BENEFICENTE DA FORÇA PÚBLICA

Em setembro de 1894, o então Ten. Cel. José Feliciano Lobo Viana, com dramático apelo,
sugeriu ao Comandante Geral da Milícia a criação de uma Caixa de Socorros para as famílias
dos bombeiros. Em 1902, o Ten. Cel. Francisco Alves do Nascimento Pinto, valoroso
combatente da Guerra do Paraguai, propôs a instituição de uma caixa beneficente "para socorrer
pecuniariamente as viúvas e filhas dos oficiais e praças da Força Pública que viviam em situação
de penúria". Não existia, na época, qualquer organização previdenciária.

Em 1905, no dia 28 de setembro, quando Presidente do Estado de São Paulo, o Doutor Jorge
Tibiriçá promulga a Lei n. º 958/1905, que reorganizava a Força Pública atendendo ao pedido do
então Comandante Geral Cel. Argemiro da Costa. Inseriu, no mesmo decreto, em seu artigo 11, a
criação da Caixa Beneficente. Essa entidade visava prestar assistência a familiares de integrantes
da Corporação (as viúvas, filhos menores dos oficiais e praças) que ficassem sem meios de
subsistência, portanto a CBPM é a entidade pioneira em PREVIDÊNCIA, no Brasil, desde o
início do século XX7.

CRIAÇÃO DA POLICIA CIVIL

Criada em 1841, a Polícia Civil do Estado de São Paulo, passaria por uma grande reestruturação
em 1905 pelas mãos do Presidente do Estado, Dr. Jorge Tibiriçá, que na ânsia de atender aos
anseios de seus componentes, transforma aquela Instituição em uma Polícia Judiciária de
carreira. O Secretário de Justiça (pasta à qual as Polícias eram subordinadas), era na ocasião
Washington Luis (futuro Presidente do estado e eleito Presidente da República em 1930, cargo o
qual não chegaria a tomar posse).
7
SÃO PAULO. CBPM – Histórico. Disponível em <http://www.cbpm.sp.gov.br/institucional/Historia.html>. Acesso
em 28 mai. 2011.

25
1ª MISSÃO FRANCESA E O INÍCIO DA FORMAÇÃO DENTRO DA INSTITUIÇÃO

O Presidente do estado de São Paulo eleito em 1904, Dr. Jorge Tibiriçá, preocupado com o
aprimoramento da Milícia Paulista, assim que assumiu o Governo, manifestou desejo de
modernizar a Força Pública, tendo o próprio presidente, conhecimento do desenvolvimento de
algumas policias europeias.
Aos olhos do governo estadual, a Força Pública deveria ser um pequeno exército, ou seja, uma
força de polícia em condições de desempenhar o papel de defesa territorial, para assegurar os
interesses do Estado.
Em razão da necessidade da reformulação da Corporação, é contratada a Missão. Os seus
membros vinham de uma unidade do Exército francês que realizava atividade de polícia em
Paris: uma unidade militar com experiência de missões policiais.
Assim, em 21 de março de 1906, chegou a São Paulo a primeira Missão Francesa de Instrução
Militar que era chefiada pelo Cel. Paul Balagny tendo como auxiliares o Ten.
Cel. Rauol Negrel e o Ten. André Honeix De La Brousse.
Inicialmente a instrução foi aos Oficiais. Após esse primeiro contato, o Cel Balgny notando
algumas deficiências da organização, propôs ao Secretário da Justiça algumas medidas para que
a instrução militar pudesse ser ministrada a muitos homens ao mesmo tempo. As principais
foram:
1- Simplificar a parada diária das oito horas da manhã para torna-la mais rápida;
2- Reduzir à metade as guardas, guarnições dos edifícios públicos, palácios, penitenciária,
etc. e suprimi-las onde não fossem indispensáveis:
3- Reduzir a um, os Oficiais que pernoitam no quartel.
Na primeira fase, o coronel Paul Balagny comandou as ações de treinamento. Foi ele quem
estimulou a instrução dos homens, além de ter se preocupado com o bem-estar e formação
pessoal do soldado. Ademais, o coronel percebeu que aqui havia uma grande diversidade de
fardas, mas o ideal seria um uniforme básico sobre o qual acrescentasse adereços para indicar
promoções. Ele também ensinou as práticas administrativas desenvolvidas na Força Pública.
Balagny ministrou o primeiro curso de armeiro em São Paulo, que ensinava métodos para
manutenção e conservação da arma de fogo pelo soldado. Entre suas iniciativas, destaca-se a
execução da instrução individual, da qual se favoreceram aproximadamente 4 mil homens. Para
o coronel, primeiramente treinava-se um a um, depois um pequeno grupo (seção), pelotão,
companhia; e, finalmente, o batalhão. Sob o ponto de vista francês, era essencial cuidar também
do preparo físico. Seguindo esta mentalidade, foi criada a primeira escola de ensino superior em

26
Educação Física no País, pois acreditava-se ser preciso dotar os homens de técnicas não letais.
Graças a isso, a Missão introduziu oficialmente no Brasil o boxe, a esgrima, a ginástica sueca e o
'bailado de Joinville Le Pont'.
A Quadrilha de Monitores de Joinville Le Pont é uma atividade aeróbica de lazer
e condicionamento que tem por objetivo a manutenção do controle físico. Dança camponesa
francesa, foi sistematizada pela Escola de Joinville, atualmente chamada Escola Interarmas de
Esportes – um grande centro de condicionamento físico das forças francesas até os dias de hoje.
A instrução era ministrada individualmente e pacientemente, sempre com apelo à dignidade e à
inteligência de cada um, e já em agosto de 1906 eram impressas as instruções organizadas pelo
Chefe da Missão sob os títulos:
1) Escola de Soldados;
2) Escola de Seção (escola de Cabos);
3) Escola de Companhia de Infantaria;
4) Escola de Cavalaria, a pé;
5) Escola de Cavalaria, a cavalo.
No seio da própria Força Pública, no entanto, houve resistência à renovação promovida pela
Missão Francesa. Nesse clima, ocorre a “Tragédia do Quartel da Luz”, no dia 11 de junho de
1906, quando o Sgt Augusto José de Mello, que havia participado da Campanha de Canudos,
julgando-se humilhado durante uma instrução, dispara contra o Oficial francês Rauol Negrel.
Além de matar o Oficial francês, seus disparos matam também o alferes Manoel de Moraes
Magalhães.
Foi a Missão Francesa de Instrução da Força Pública que deu início às precursoras da ESSgt.
(Escola Superior de Sargentos) e da APMBB (Academia de Polícia Militar do Barro Branco).
Dentre as principais decisões tomadas, estava a estruturação de escolas de formação de soldados,
cabos, sargentos e oficiais. Além disso, os ensinamentos franceses introduziram na Corporação
uma visão globalizada, à qual permitiu que a Força Pública se reformulasse e se modernizasse.
As técnicas que revolucionaram positivamente a Polícia Militar, ao longo de sua história, são
frutos da mentalidade internacionalizada incitada pela Missão, tais como: o projeto Resgate, o
Rádio patrulhamento Aéreo, a prática de tiro policial não letal, e a ênfase no ensino de Direitos
Humanos.
A primeira missão retirou-se em 1914 devido a Primeira Grande Guerra

27
AULA 9 e 10 - Campanha 09 Revolta da chibata, esquadrilha de aviação, C a m p
a n h a 1 0 greve operária de 1917, I Guerra Mundial, gripe espanhola, II Missão
Francesa, O Tenentismo, Campanha 11 os 18 do Forte de Copacabana e a sedição
de Mato Grosso, Campanha 12 Revolução de 1924, coluna Miguel Costa – Prestes,
Cruz Azul, Criação da Guarda Civil, Campanha 13 Goiás em 1926, o voo do Jahú,
o Regulamento Policial de 28.

CAMPANHA 09 - REVOLTA DA CHIBATA

Em 21 de novembro de 1910, na cidade do Rio de Janeiro, revolta -se uma parte da Marinha de
Guerra, sob a liderança do marinheiro João Candido. Os marinheiros tomam os couraçados São
Paulo, Minas Gerais, Deodoro e o cruzador Bahia.
Para evitar qualquer desembarque dos revoltosos na área de Santos, o Governo manda deslocar
para essa cidade uma ala do 1º. Batalhão de Infantaria da Força Pública, sob o comando do
Major Pedro Dias de Campos.
Com a devolução dos navios ao Governo e anistia aos participantes, foi debelada a revolta.
Assim, cumprida a missão de manter a ordem e a legalidade, o Batalhão paulista regressa a sua
sede em São Paulo.

ESQUADRILHA DE AVIAÇÃO

A segunda década do século XX traz consigo inovações na Força a fim de bem atender ao
cidadão da nova e crescente classe média urbana dentre elas:
A instalação de caixas de aviso de incêndio e ocorrências policiais (1911);
O início do emprego de cães no policiamento urbano (1912);
A criação de um pombal para emprego de pombos-correios (1912) e,
A criação da Esquadrilha de Aviação (1913), tendo como seu maior expoente Edu Chaves como
instrutor de voo no campo do Guapira, (zona norte da capital de SP), o primeiro campo de pouso
militar do país.
A Esquadrilha, mais tarde, cederia ao País seu primeiro paraquedista militar, o então Tenente
Antônio Pereira Lima (1925), e o copiloto da epopeia do hidroavião “Jahú”, o então Tenente
João Negrão (1927), além de pontilhar o território paulista de campos de pouso e de estruturas de
suporte à gênese da aviação civil bandeirante.

28
CAMPANHA 10 - GREVE OPERÁRIA DE 1917

Greve Operária em São Paulo - São Paulo foi palco de um movimento grevista de grandes
proporções. Os operários reclamavam contra os baixos salários, jornada de trabalho, direito a
férias, crianças trabalhando como adultos, e nenhuma aposentadoria ou indenizações. Três
grandes choques aconteceram nos seguintes pontos de São Paulo: Praça da Sé, Largo da
Concórdia e na Avenida Água Branca. Em 17 de julho de 1917, os efetivos da Força Pública
dispersaram os grupos de desordeiros em vários locais de manifestações organizadas, onde
ocorreram as mortes de vários soldados e muitos manifestantes.
No dia 17 de julho ocorreu um conflito entre os operários e as tropas do Regimento de Cavalaria
da Força Pública. Por interferência do Major da Força Pública Miguel Costa e do redator do
jornal "O Combate", Nestor Rangel Pestana, foi possível fazer uma conciliação entre as partes, o
que permitiu harmonizar as duas forças. Novamente a Força Pública restabeleceu a ordem e
normalizou a vida em São Paulo.
O Major Nataniel Prado, conhecido como Prof. Pardal, desenvolve com o auxílio de alunos da
Escola Politécnica de Engenharia da Universidade de São Paulo, o projeto do primeiro carro
blindado para controle de distúrbios civis da história militar brasileira.

I GUERRA MUNDIAL

Em 28 de julho de 1914 eclode na Europa a Primeira Guerra Mundial que perduraria até 11 de
novembro de 1918. Lutando contra a tríplice Entente (Inglaterra/França/Rússia e Estados Unidos
da América após 1917), a Tríplice Aliança (Alemanha/Áustria Hungria/ImpérioTurco-Otomano)
ameaça a população mundial, obrigando os oficiais da 1ª Missão francesa deixaram a capital
paulista e rumarem ao combate na grande guerra mundial.
Mantendo-se neutro até 1917, surge a declaração de Guerra entre o Brasil e os Impérios Centrais.
Por conhecerem bem nossa organização militar, os franceses indicam a Força Pública de São
Paulo para que, sob o comando do Major Miguel Costa, compusesse uma Força Expedicionária
para lutar na Europa, contudo a tropa não chega a embarcar. Ainda assim, o governo demonstra
preocupação da tropa que deixaria o país, sobretudo com os oficiais que deixariam aqui as
funções de comando. Para suprir essa previsível carência que o Ten. Cel. José Espíndola de
Magalhães organizou, no campo do Canindé, um curso de emergência preparatório de Oficiais,
ao qual acorreu a elite universitária paulistana e que se constituiu na experiência pioneira dos
futuros CPOR/NPOR das Forças Armadas.

29
II MISSÃO FRANCESA

A segunda Missão, inicia-se em 1919 quando do retorno ao Brasil do Gal. Nerel após a Primeira
Guerra Mundial e perduraria até 1924.
A ideia era dar continuidade ao trabalho da 1ª missão, redundando nas seguintes atividades:
Organizar o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais;
Criar uma escola de automobilismo;
Criar um curso interno de alfabetização;
Criar um curso de Polo;
Criar um curso de radiotelegrafia; Ø Aperfeiçoar a escola de aviação.
Com o processo diário que constava de exercícios combinados, a tropa atingiu elevado nível de
instrução militar e de disciplina, adquirindo verdadeira consciência militar.
A obra mais importante que as Missões Francesas nos deixaram foi uma sólida estrutura de
formação, buscando o aperfeiçoamento intelectual e o aprimoramento da técnica profissional.
O Slogan adotado pela Missão foi:
“Do valor dos quadros, depende o valor das tropas”.

O TENENTISMO - O MOVIMENTO E SUA REPERCUSSÃO NO CONTEXTO POLÍTICO DO


PAÍS

Tenentismo foi o nome que se deu ao movimento político desencadeado durante a década de 20
por jovens oficiais do exército brasileiro e forças públicas, a maioria tenentes e capitães, em
oposição ao governo e à alta oficialidade, que defendia os interesses da oligarquia. Em linhas
gerais os tenentes reivindicavam maior centralização dos Estados, uniformização da legislação e
do sistema tributário, e implantação do voto secreto. O movimento teve início no curso da
disputa eleitoral, quando a oficialidade, já insatisfeita devido ao propalado caráter antimilitar da
candidatura de Artur Bernardes, foi atingida em seus brios por cartas publicadas no Correio da
Manhã, do Rio de Janeiro, em outubro de 1921. Supostamente enviadas por Bernardes, elas
condenavam, em termos pejorativos e grosseiros, o "banquete dado pelo Hermes" (jantar
promovido por ocasião da posse do ex-presidente da República, Hermes da Fonseca, na
presidência do Clube Militar). Tratavam-se de cartas falsas que, entretanto, alcançaram seus
objetivos de insuflar os ânimos já bastante acirrados, justamente no momento em que Bernardes
havia vencido as eleições de junho de 1922, mas ainda não tomara posse. Nesse clima
beligerante, o Clube Militar protestou contra a utilização, pelo governo, de tropas do Exército

30
para intervir na política local de Pernambuco. Como represália, o governo mandou prender
Hermes da Fonseca, e determinou o fechamento do Clube Militar, alegando, para tanto,
transgressão à lei que dispunha contra associações prejudiciais à sociedade. Assim, ao levante
dos 18 do Forte, que visava "salvar a honra dos militares", seguiu-se outro, dois anos depois,
desta vez em São Paulo. O chamado Segundo 5 de julho, data escolhida em homenagem à
primeira sublevação, foi melhor preparado e tinha como objetivo central a derrubada de Artur
Bernardes, que personificava a oligarquia dominante, objeto da ira dos tenentes. Esse ciclo de
revoltas militares, que teve como um de seus pontos altos a marcha da Coluna Miguel Costa-
Prestes (1925-1927), culminaria com a Revolução de 30 e a deposição de Washington Luís,
pondo fim à Primeira República. Depois da revolução, uma parte dos tenentes, integrantes da
Aliança Liberal, acabou compondo com o governo, enquanto outra prosseguiu com suas metas
revolucionárias e radicais, que desembocariam no levante comunista de 19358.

CAMPANHA 11 - OS 18 DO FORTE E A SEDIÇÃO DE MATO GROSSO

Segundo Paulo Assiz Pinheiro em "Estratégias da Ilusão" em 5 de julho de 1922 ocorre a


primeira revolta que tem uma forte influência dos tenentes, conhecida como os 18 do Forte, que
se opunha à posse do presidente eleito Arthur Bernardes. Deste movimento participaram o
Capitão Hermes da Fonseca Filho, o Tenente Eduardo Gomes, o Tenente Siqueira Campos entre
outros. Na Marinha do Brasil se destacaram os tenentes Protógenes Pereira Guimarães, Ernani do
Amaral Peixoto e Augusto do Amaral Peixoto.

Em 5 de julho de 1922, em consequência do levante da guarnição do Forte de Copacabana, no


Rio de Janeiro, uma Companhia do 1º. Batalhão de Infantaria, sob o comando do Capitão José
Ferreira Leal, segue para a região de Itararé, para guarnecer a divisa São Paulo-Paraná. No dia 11
do mesmo mês seguem para Itararé efetivos do 3º. Batalhão de Infantaria.

Em 8 de julho de 1922, o Gal. Clodoaldo da Fonseca organizou um levante das tropas sediadas
no Mato Grosso.

O 2º. Batalhão de Infantaria, sob o comando do Ten. Cel. Afro Marcondes de Rezende, é
destacado para guarnecer a divisa entre São Paulo e Mato Grosso. Um destacamento de 255

8
TENENTISMO. Disponível em <http://www.projetomemoria.art.br/RuiBarbosa/glossario/t/tenentismo.htm>.
Acesso em 31 mai. 2011.

31
praças e 21 oficiais do 2º. Batalhão foi anexado ao Destacamento do Coronel Potiguara, do
Exército, atuando de Bauru a Três Lagoas. Em Bauru o 4º. Batalhão de Infantaria, com 617
homens, ficou como tropa de reserva do Exército.

CAMPANHA 12 - A REVOLUÇÃO DE 1924

Na madrugada de 5 de julho de 1924 (exatamente dois anos após os 18 do Forte de Copacabana),


foi iniciado o movimento revolucionário na cidade de São Paulo, chefiado pelo Gal. do Exército
Isidoro Dias Lopes e pelo Major da Força Pública Miguel Costa, tratando-se de uma contestação
armada ao imobilismo sócio-político vigente. A tropa rebelada era formada pelo 4º. Batalhão de
Caçadores do Exército de Santana, do 4º. Regimento de Infantaria do Exército de Quitaúna, do
2º. Grupo de Artilharia Pesada do Exército de Quitaúna e do Regimento de Cavalaria da Força
Pública da Luz, com um efetivo total de 1330 homens. Os revoltosos ocuparam os Quartéis do
1º. Batalhão de Infantaria, do Regimento de Cavalaria, do Batalhão Escola e do 2º. Batalhão de
Infantaria, todos da Força Pública9. Os revoltosos não conseguiram, contudo, ocupar o Quartel
do 4º. Batalhão da Força Pública e o Palácio dos Campos Elyseos, cujas defesas foram comandas
pelo Capitão Pedro de Moraes Pinto e pelo Major Marcílio Franco, respectivamente.

Os 3º, 4º e 5º Batalhões de Infantaria, os 1º. e 2º. Corpos de Guarda Cívica e o Corpo de


Bombeiros permaneceram legalistas10.

O Tenente-Coronel do Corpo de Guarda Cívica Alexandre Gama emitiu a seguinte proclamação:


"Avante, pois, bravos oficiais e soldados. O nosso lugar é na linha de fogo em defesa da
legalidade. Coragem e confiança na ação do nosso patriótico governo, porque só assim
poderemos voltar amanhã aos nossos lares, de fronte erguida, com a consciência tranquila de
quem tem cumprido o seu dever”.

Com os efetivos existentes, foram organizados os 1º., 2º. e 3º. Batalhões de Guerra, sob o
comando dos Ten. Cel. Joviniano Brandão, Afro Marcondes de Rezende e José Sandoval de
Figueiredo, respectivamente.

A maior parte do efetivo do 1º. Corpo de Guarda Cívica foi incorporado ao 1º. Batalhão. Os três
batalhões foram incluídos na Brigada da Força Pública, sob o comando do Coronel Pedro Dias
de Campos. Cada batalhão foi constituído com três companhias e cada uma destas tinha três
9
ANDRADE, Euclides e CAMARA, 1º. Ten. Hely E. da. A Força Pública de São Paulo - Bosquejo histórico- 1831 –
1931. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado. 1981.
10
Efetivos em 5 de julho de 1924: 1º.BI, 2º.BI, 3º.BI, 4º.BI, 5 º.BI, C. Escola, G. Cívica e C. de Bombeiros,
respectivamente, 780, 680, 85, 90, 110, 600, 1300 e 300 homens.

32
seções. O trem de Combate ficou sob o comando do Tenente-Coronel Alexandre Gama, e a
Intendência Geral ficou sob a direção do Ten. Cel. Arthur da Graça Martins.

A Brigada da Força Pública combateu os revoltosos na parte central da Capital e nos bairros do
Cambuci, Ipiranga e Vila Mariana. Os combates ocorreram até o dia 28, quando os revoltosos
abandonaram a cidade. Deixaram um saldo de 720 mortos e 4846 feridos. Até o fim do mês de
julho, em perseguição aos rebeldes, o efetivo do 4º. Batalhão da Força Pública combateu em
Pinhal, São João da Boa Vista, Itapira, Jaguari e na cidade mineira de Jacutinga.

A Brigada foi dissolvida em 31 de julho de 1924, e os oficiais e praças legalistas voltaram às


unidades de origem.

A Ordem do Dia 78, de 21 de outubro de 1924, publicou a exoneração do Major Miguel Costa e
mais 4 capitães, 2 primeiros-tenentes e 18 segundos-tenentes do quadro de efetivos da Força
Pública.

COLUNA COSTA - PRESTES

Como consequência do movimento revolucionário de Miguel Costa e Luís Carlos Prestes, em


sua marcha pelo Brasil, os integrantes da Coluna Prestes denunciavam a pobreza da população e
a exploração das camadas menos favorecidas pelos líderes políticos. Sob o comando principal
de Luís Carlos Prestes (chefe de estado-maior), a Coluna Prestes enfrentou as tropas regulares do
Exército ao lado de Forças Policiais de vários estados, além de tropas de jagunços, estimulados
por promessas oficiais de anistia.
Partindo do município de Santo Ângelo-RS, que hoje abriga o Memorial da Coluna Prestes, o
movimento percorreu vinte e cinco mil quilômetros pelo interior do Brasil durante dois anos e
meio. Apesar dos esforços, a Coluna Prestes não conseguiu a adesão da população. A longa
marcha foi concluída em fevereiro de 1927, na Bolívia, perto de nossa fronteira, sem cumprir seu
objetivo: disseminar a revolução no Brasil.
A Coluna Miguel Costa-Prestes poucas vezes enfrentou efetivos do governo. Em geral, eram
utilizadas táticas de despistamento para confundir as tropas legalistas. Aqui dá-se o registro da
primeira ação de guerra psicológica na história militar brasileira. Os revolucionários fizeram
circular pela rede telegráfica, falsas informações sobre o efetivo e o poderio bélico da coluna. O
resultado era o esperado. Temendo o confronto com forças numérica e belicamente superiores, as
autoridades das cidades por onde a coluna passava, deixava-a passar incólume ganhando o
terreno necessário para seu avanço até as divisas do país. O movimento liderado por Carlos
Prestes contribui para disseminar os problemas do poder concentrador oligárquico da República
33
Velha, culminando na Revolução de 1930. Prestes foi chamado por esta marcha de cavaleiro da

esperança na luta contra os poderes dominadores da burocracia, nesse contesto o civil Manoel de
Jesus Trindade (comissionado posteriormente ao posto de Tenente) para a formulação de um
canal de comunicação entre a Capital do Estado e o efetivo que permanecia em permanente
campanha podemos, atribuir a este valoroso oficial a organização do serviço de comunicações
que hoje, se tornaria no CSM/M Tel.

CRUZ AZUL

Conforme estatuto no dia 28 de julho de 1925, a Associação das Damas da Cruz Azul de São
Paulo foi criada. A ideia de se organizar uma instituição nesse sentido surgiu em 1924. Naquele
ano, devido a Revolução, batalhões da Força Pública de São Paulo estavam em diversos pontos
do Brasil. Com isso, as famílias dos soldados muitas vezes ficavam desamparadas, o que
sensibilizou uma comissão de damas da sociedade da época que, juntamente com o Coronel
Pedro Dias de Campos, Comandante Geral da Força Pública, resolveu fundar a Instituição.
Em princípio, determinaram que o nome da Instituição fosse apenas Cruz Azul de São Paulo
para que os homens pudessem fazer parte de sua diretoria. Desde o início, ganhou a simpatia e o
acolhimento da população. E logo os primeiros donativos começaram a chegar. Eram vários, de
pessoas da sociedade, do batalhão do Corpo de Bombeiros, de Câmaras Municipais de cidades
do interior do Estado, como Bauru e Fartura, e dos próprios oficiais. Só para citar um exemplo,
as praças do 4° Batalhão da Força Pública, em novembro de 1925, fizeram uma doação em
dinheiro, proveniente de economias do contingente da unidade em operações de guerra no Mato
Grosso. Chás beneficentes, provas turfísticas, extrações da Loteria oficial, concertos musicais do
CMus doações e até mesmo o salto improvisado do paraquedista Ten. Antônio Pereira de Lima,
foram alguns dos meios lícitos que o Cel. Pedro Dias de Campos se utilizou para a construção do
Hospital, uma vez que não havia dinheiro públicos para tanto. Além disso, outras instituições
como creches e orfanatos cederam algumas vagas às crianças acolhidas pela Cruz Azul. Os
pedidos de adesões de sócios também foram muitos e significativos. Em 1976, foi construída a
torre de internação do hospital e, em 1978, foi fundado o Colégio de Polícia Militar de São
Paulo.

34
CRIAÇÃO DA GUARDA CIVIL

A Guarda Civil do Estado de São Paulo foi criada em 22 de outubro de 1926 através da Lei
2141. Depois da revolução de 1924, sentiu-se a necessidade de um policiamento urbano feito por
uma Corporação policial uniformizada, de caráter essencialmente civil.
Concebida nos moldes da Polícia Inglesa, passaria a exercer várias modalidades de policiamento
ostensivo ao longo do século XX, como por exemplo:
1946 - Inspetoria de Polícia de Santos e Iguape. Criada com a finalidade de fiscalizar os Portos
de Santos e Iguape
1952 - Divisão de Polícia Marítima e Aérea dos Portos do Estado de São Paulo. Criada com a
finalidade de fiscalizar os Portos de São Paulo.
1955 - Passaria a contar com o Corpo de Policiamento Feminino e duraria até sua unificação à
Força Pública em 08 e abril de 1970.

CAMPANHA 13 - CAMPANHA DE GOIÁS EM 1926

A revolução de 1924 em São Paulo provocou reflexos revolucionários nos estados do Rio
Grande do Sul e Mato Grosso. Para combater os revoltosos, o 1º. Batalhão de Infantaria da Força
Pública seguiu para a cidade gaúcha de Uruguaiana e o 4º. Batalhão foi deslocado para a cidade
mato-grossense de Três Lagoas.

O 1º. Batalhão de Infantaria11, sob o comando do Coronel Joviniano Brandão, perseguiu e


combateu os revoltosos em diversos pontos entre Uruguaiana e Três Lagoas. Em 4 de agosto de
1925 retornou a São Paulo o 1º. Batalhão; o 4º. Batalhão retornou a sua sede em janeiro de 1926.

O 2º. Batalhão de Infantaria12, sob o comando do Coronel Afro Marcondes de Rezende, seguiu
para a cidade paranaense de Ponta Grossa, em 29 de outubro de 1924. Combateu em Rocinha,
Adelaide, Flanco Direito, Formigas, Flanco Esquerdo e Catanduvas, regressando a São Paulo em
2 de setembro de 1925.

Os 3º. e 5º. Batalhões de Infantaria seguiram para o Ceará, em 16 de janeiro de 1926, a bordo do
vapor "Cuiabá". Este sob o comando do Coronel Arthur da Graça Martins, e aquele sob o
comando do Tenente-Coronel Arthur Godoy.

11
Efetivo do 1º BI: 23 Oficiais e 339 praças
12
Efetivo do 2º BI: 22 Oficiais e 375 praças.

35
Os revoltosos de 1924 formaram a célebre coluna Miguel Costa-Prestes, que cruzou o Brasil do
Rio Grande do Sul ao Ceará, e do Ceará ao Mato Grosso. Para combater a Coluna seguiram os
Batalhões paulistas para o Ceará.

Os 3º. e 5º. Batalhões, em operações militares, estiveram em Iguatu, José de Alencar e Icó, no
Ceará, e, na Bahia, estiveram em Salvador, Uauá, Campo do Meio, Riacho do Sítio, Itiúba,
Jurema, Barro Vermelho e Serrinha. Nessas operações militares faleceram os seguintes oficiais:
Tenente-Coronel Arthur Godoy, Capitão Joaquim Pires de Souza, Tenente José Ferreira da Silva
e Tenente Pedro Pereira Lopes. Em 21 de agosto de 1926, o Batalhão regressou a São Paulo.

A Brigada Mista, organizada em São Paulo pela Força Pública com 2400 homens, partiu para
Goiás em 26 de julho de 1926, sob o comando do Coronel Pedro Dias de Campos, constituída
com as seguintes unidades da Força Pública paulista: 1º, 4º., 6º. e 8º. Batalhões de Infantaria, 2º.
Regimento de Cavalaria, Esquadrilha de Aviação e unidades logísticas para garantirem a
operacionalidade da Brigada.

A Brigada desdobrou as suas operações de Ipameri a Vianápolis, em Goiás. Após diversos


confrontos entre a Brigada e a Coluna revoltosa, a Brigada regressou a São Paulo em fevereiro
de 1927. A campanha de Goiás foi o confronto entre dois líderes da Força Pública: Coronel
Pedro Dias de Campos e Major Miguel Costa.

O VOO DO JAHÚ

Em 28 de abril de 1927 às 04h30min partindo da praia da Ilha de Santiago em Cabo Verde, o


Cmt João Ribeiro de Barros juntamente a seu copiloto Ten. João Negrão, realizam a primeira
travessia do Atlântico a bordo do hidroavião Jahú pousando em território brasileiro na ilha de
Fernando de Noronha às 17h00min do mesmo dia.
Inúmeros foram os problemas enfrentados e vencidos pelos tripulantes da aeronave. Desde
combustível, motores, até problemas com o tempo. Apesar de todos os percalços, foi
estabelecido um recorde de velocidade que, somente anos mais tarde seria batido por outra
aeronave. Os aeronautas partiram de Gênova na Itália, até (São Paulo), fazendo escalas na
Espanha, Gibraltar, Cabo Verde e Fernando de Noronha, já em território brasileiro. Após a
travessia, foram pousando em cidades marginais ao litoral brasileiro até atingir a capital do
Estado de São Paulo onde foram recebidos com grandes honras.

36
REGULAMENTO POLICIAL DE 28

Carlos de Campos, presidente do estado de São Paulo, não perdoaria os rebeldes de 1924. Em
consequência, premiou individualmente os legalistas, porém limitou drasticamente o espaço de
poder da Força como Instituição, destinando-a ao policiamento da periferia, das cidades do
interior e ao exercício de tarefas eminentemente repressivas, como o controle de distúrbios civis,
deixando o policiamento das áreas mais urbanizadas e nobres da Capital para a competência da
Guarda Civil.
Expressivas parcelas dos efetivos da Força e grande parte de sua oficialidade são mantidos
aquartelados. Essa exclusão se tornou ainda mais patente a partir da edição do Regulamento
Policial de 1928, que silenciou quanto a qualquer competência diretiva ligada ao policiamento
por parte da Força, reservando-lhe meramente a execução de tarefas policiais, sob a direção dos
Delegados de Polícia. Restava aos Comandantes da Milícia os pesados encargos de administrar a
Força, nas missões policiais, mas não de efetivamente planejar e comandar as ações que eram
executadas por seus subordinados.

AULA 11 e 12 - A PMESP durante a Era Vargas: Campanha 14 Revolução de 30,


Cel. Pedro Àrbues, Consequências da Política Federal em relação à Força Pública
de São Paulo, Ten. Cel. Edgard Pereira Armond, Campanha 15 Revolução de 32,
Constituição de 19 34 e de 1937, a geração Freitas Almeida, Campanha 16
Movimentos extremistas, Campanha 17 II Guerra Mundial, Os três Generais da
Força Pública.

A PMESP DURANTE A ERA VARGAS

O Contexto da Revolução de 1930 guarda profunda relação com o Tenentismo dos anos 1920.
Nas eleições de 1930, Washington Luis (paulista) indica Júlio Prestes (também paulista) que
ganha as eleições para a presidência da República, porém seria a chapa da Aliança Liberal
liderada por Getúlio Dorneles Vargas e Oswaldo Aranha que teria o apoio da elite mineira e do
Brasil como um todo. Assumindo o controle da Revolução, o Exército brasileiro toma o poder e
o transfere a Vargas que, iniciando um período de governo declarado provisório, duraria pelos
próximos 15 anos. A Era Vargas é dividia em:
Governo Provisório: 1930-1934; Governo Constitucionalista: 1934-1937;
Estado Novo: 1937-1945.
Em 1945 é deposto por um golpe mas se elege Senador e Deputado por vários estados
brasileiros, optando pela cadeira de Senador pelo estado do Rio Grande do Sul;
37
1950 é eleito Presidente da República pelo voto direto, suicidando-se em 24 de agosto de 1954
no Rio de Janeiro.
Dentro dos 15 anos de seu primeiro período de governo, modernizou o país, criou novos
ministérios, nomeou interventores para os estados, criou políticas de valorização do café,
instituiu a Legislação trabalhista e sindical, promoveu uma reforma política e eleitoral e instituiu
o voto para as mulheres.

CAMPANHA 14 - REVOLUÇÃO DE 30

Retomando aos momentos de 1930, em 3 de outubro a Aliança Liberal, sob a liderança de


Oswaldo Aranha, organizou um movimento revolucionário em Porto Alegre, que culminou com
a derrubada do Presidente Washington Luís. A revolta partiu das cidades de João Pessoa, Belo
Horizonte e Porto Alegre, logo abrangendo seus respectivos estados. Os revoltosos de 1924
engrossaram as hostes sulistas.
O Exército e a Força pública foram mobilizados. Os 1º. e 2º. Batalhões da Força Pública foram
deslocados para a linha entre Cananéia e Ourinhos, junto à divisa com o Paraná. O 4º. Batalhão
foi enviado para as barrancas do rio Grande, divisa com Minas Gerais. O 6º. Batalhão da Força
Pública foi para a divisa com Minas Gerais, na serra da Mantiqueira; pequenos destacamentos
desse Batalhão ocuparam o Vale do Ribeira, e uma companhia foi enviada ao litoral de Santos.
Em 10 de outubro de 1930, tropas do 6º. Batalhão ocupam a cidade mineira de Ouro Fino. O 3º.
Batalhão foi deslocado para a área de Faxina, na divisa com MG. Do 1º. Regimento de Cavalaria
seguiu para Itararé um esquadrão, e para Ourinhos um pelotão. O 2º. Regimento de Cavalaria
deslocou um esquadrão para a área de Ourinhos.
Na divisa São Paulo-Paraná ocorreram os combates de Quatiguá, Sangés, Morungaba e
Cananéia. Na divisa de São Paulo e Minas Gerais ocorreram combates em Antunes e Guaíra.
A concentração de tropas na área de Itararé foi desmobilizada depois que o Almirante Isaias
Noronha e os Generais Tasso Fragoso e Menna Barreto ocuparam o Governo, substituindo
Washington Luís. Estes, depois, transferiram a Getúlio Dornelles Vargas, chefe civil da
revolução, o governo da República.
Em 24 de outubro, os Batalhões retornaram as às suas sedes, na capital paulista.
Um dos personagens mais importantes da Força Pública durante a Revolução de 1930, foi o Cel.
Pedro Arbues Rodrigues Xavier. Nascido em 17 de setembro de 1869 em Cuiabá MT, ingressou
em 05 de setembro de 1892 no 1º Batalhão de Infantaria da Força Pública. Promovido a 2º
Sargento em 08 de setembro do mesmo ano (1 dia após o ingresso), Alferes em 25 de outubro do

38
mesmo ano, servindo nesta condição nas campanhas da Revolução Federalista e de Canudos.
Tenente em 16 de junho de 1895, Capitão em 10 de abril de 1896, Major em 05 de outubro de
1904 e Ten. Cel. Em 1906. Comandou o 1º Corpo da Guarda Cívica de 10 de fevereiro de 1913 a
03 de setembro de 1917. Em 04 de setembro de 1917, foi reformado. Ao eclodir a Revolução de
1930, apresentou-se como voluntário à Força Pública em 10 de outubro, sendo destacado para
Cananéia a fim de comandar um efetivo que fecharia as fronteiras do estado, em Itapetingui. Em
23 de outubro sofre um ataque pelas forças sulistas e sua rendição é exigida. Negando-se a se
entregar, e terminada a munição, parte com seu revólver para cima do inimigo bradando: Um
velho soldado da Força Pública morre mas não se entrega”.
Morto em combate, foi enterrado como herói e honras militares prestadas por seus próprios
inimigos.

Cel. PEDRO ARBUES RODRIGUES XAVIER

Em 24 de outubro, os Batalhões retornaram as às suas sedes, na capital paulista.

Um dos personagens mais importantes da Força Pública durante a Revolução de 1930, foi o Cel.
Pedro Arbues Rodrigues Xavier. Nascido em 17 de setembro de 1869 em Cuiabá MT, ingressou
em 05 de setembro de 1892 no 1º Batalhão de Infantaria da Força Pública. Promovido a 2º
Sargento em 08 de setembro do mesmo ano (1 dia após o ingresso), Alferes em 25 de outubro do
mesmo ano, servindo nesta condição nas campanhas da Revolução Federalista e de Canudos.
Tenente em 16 de junho de 1895, Capitão em 10 de abril de 1896, Major em 05 de outubro de
1904 e Ten. Cel. Em 1906. Comandou o 1º Corpo da Guarda Cívica de 10 de fevereiro de 1913
a 03 de setembro de 1917. Em 04 de setembro de 1917, foi reformado. Ao eclodir a Revolução
de 1930, apresentou-se como voluntário à Força Pública em 10 de outubro, sendo destacado
para Cananéia a fim de comandar um efetivo que fecharia as fronteiras do estado, em
Itapetingui. Em 23 de outubro sofre um ataque pelas forças sulistas e sua rendição é exigida.
Negando-se a se entregar, e terminada a munição, parte com seu revólver para cima do inimigo
bradando: Um velho soldado da Força Pública morre mas não se entrega”.

Morto em combate, foi enterrado como herói e honras militares prestadas por seus próprios
inimigos.

39
CONSEQUENCIA DA POLÍTICA FEDERAL EM RELAÇÃO À FORÇA PÚBLICA DE SÃO
PAULO

As consequências do Governo Provisório de Vargas para a Força Pública de São Paulo foram
terrivelmente danosas. Algumas dessas medidas visavam o desmantelamento bélico a fim de
garantir às Forças Federais a neutralidade necessária do “exército paulista” (garantia essa que
duraria menos de 1 ano). Instaurada a intervenção federal em nosso Estado, eis algumas das
medidas que foram tomadas em relação à Instituição:

Supressão da artilharia;
Supressão da aviação;
Supressão de Moto mecanização;
Intervenção nas escolas de formação (perda considerável dos ganhos adquiridos durante as
missões francesas).
Como se não bastassem as medidas tomadas pelo Governo Provisório, visando o aumento do
controle sobre o poderio bélico da Força Pública, cria-se a SECRETARIA DE SEGURANÇA
PÚBLICA, oriunda da Secretaria de Justiça do Estado, empossando para o cargo de primeiro
secretário, MIGUEL COSTA.

Humilhada, a população paulista aos poucos consolida a ideia de organizar um movimento


armado que, tendo caráter constitucionalista, exigiria a deposição de Vargas e a escrita de uma
nova carta magna. Tendo atingido o primeiro objetivo, porém longe do segundo, a Revolução
Constitucionalista irromperia a 9 de julho de 1932.

Ten. Cel. EDGARD PEREIRA ARMOND

Sensibilizado pelo isolamento das comunidades que habitavam o litoral norte paulista,
comprometeu-se com lideranças locais a emprestar seus conhecimentos de engenharia e seu
prestigio politico para que fosse aberto um caminho terrestre que rompesse a exclusão geográfica
daquela região. Dirigiu, a partir de 1931, a abertura do primeiro caminho terrestre carroçável,
ligando o vale do Paraíba a Caraguatatuba, que, mais tarde, viria a ser a principal artéria
alimentadora do progresso do litoral norte, atual rodovia dos Tamoios que viria a ser finalizada
em 1934. Paraibuna - São Sebastião.

40
CAMPANHA 15 - REVOLUÇÃO DE 32

Resposta paulista à revolução de 1930, em 9 de julho de 1932, o povo paulista, numa atitude
consciente e nobre, exige o retorno do Brasil à constitucionalidade. O paulista Pedro de Toledo
foi aclamado governador do estado de São Paulo, envolve chefes militares, entre outros, o
General Berthldo Kringer, o Coronel Euclides Figueiredo e o Coronel Júlio Marcondes Salgado,
o último da Força Pública e os dois primeiros do Exército. Foram mobilizadas a Força Pública,
as tropas da 2ª. Região Militar do Exército e Voluntários Civis. Essa tropa mobilizada formaria o
Exército Constitucionalista, que durante 82 dias defenderia a convicção constitucionalista. As
tropas da Força Pública atuaram em todos os setores de luta. Para o vale do rio Paraíba,
formando o Destacamento do Coronel Andrade, seguiram o 1º., 2º. e 5º. Batalhões de Infantaria.
Para a região de Campinas seguiu uma Companhia do 7º. Batalhão de Infantaria. Para as regiões
de Ribeirão Preto, Casa Branca e Mococa seguiu o 3º. Batalhão de Infantaria. Para Itararé
seguiram o 7º. 8º. E o 9º. Batalhões de Infantaria. O 4º. Batalhão de Infantaria foi distribuído
desde Bauru até as barrancas do Rio Paraná. O 6º. Batalhão de Infantaria atuou nas regiões de
Santos, Cananéia e Itararé. O Regimento de Cavalaria participou das lutas na frente Sul, divisa
com o Paraná.
A Guarda Civil participou ativamente no movimento Constitucionalista, inclusive,
na região de Campinas com a 2ª. Bateria de Petrechos, sob o comando do Inspetor Pedro
Kauffman. O Batalhão de Voluntários da Guarda Civil esteve presente em diversos setores de
luta. O 1º. Batalhão, sob o comando Coronel Vergílio Ribeiro, combateu no setor de Cunha e de
Itatiba. O 2º. Batalhão defendeu o Túnel e estabilizou a frente de Cunha. O 9º. Batalhão e
Batalhões de Voluntários, formando o Destacamento Pedro Dias, combateu na frente de
Itaporanga-Ourinhos.
O governo federal mobilizou as tropas das 3ª e 5ª. Regiões Militares na frente Sul (divisa com o
Paraná) e as tropas das 1ª. e 4ª. Regiões Militares na frente Leste (divisas com o Rio de Janeiro e
Minas Gerais). As tropas da frente Sul foram engrossadas com os efetivos das polícias militares
de Santa Catarina e do Paraná, da Brigada Militar gaúcha e 27 Batalhões Provisórios. As tropas
da frente Leste receberam os efetivos das polícias militares de Minas Gerais, Rio de Janeiro, do
antigo Distrito Federal (cidade do Rio de Janeiro), do Espírito Santo e dos estados do Nordeste, e
tropas federais da Bahia e do Nordeste.
Na frente Sul estavam mobilizadas as seguintes tropas do Exército: 6 Batalhões de Caçadores,
um Regimento de Infantaria, 3 Regimentos de Artilharia, 2 Grupos de Artilharia e 15
Regimentos de Cavalaria. Na frente Leste mobilizavam-se 9 Regimentos de Infantaria, 13

41
Batalhões de Caçadores, 3 Regimentos de Artilharia, 2 Grupos de Artilharia, 3 Regimentos de
Cavalaria e 2 Batalhões de Engenharia. Ao todo 58 unidades regulares do Exército, com um
efetivo total de aproximadamente 40 mil homens do Exército e mais 20 mil homens das polícias
militares e batalhões provisórios.
O Exército de São Paulo tinha as seguintes unidades oriundas das 2ª. e 9ª. Regiões Militares: 4º,
5º e 6º. Regimento de Infantaria, 2º. Batalhão de Caçadores, 4º. Batalhão de Caçadores, 18º.
Batalhão de Caçadores, 2º. Regimento de Cavalaria Divisionária, 4º. Regimento de Artilharia
Montada, 2º. Grupo de Artilharia Pesada, 3º. Grupo de Artilharia da Costa, 2º. Grupo de
Artilharia de Dorso e o 2º. Batalhão de Engenharia. Ao todo, 11 u idades regulares do Exército13.
O Esquadrão de Castro aderiu à Revolução. Das unidades da Força Pública, formaram com o
Exército Constitucionalista os 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º, 8º e 9º Batalhões de Caçadores Paulista, o
Regimento de Cavalaria, Corpo de Bombeiros e demais unidades da Força Pública além da
Guarda Civil. Os voluntários paulistas formaram as Brigadas Minas Gerais e Sul (com sete
Batalhões), 87 Batalhões de Voluntários, 4 unidades de Trens Blindados, uma Companhia de
Morteiros, uma Companhia de Bombardas, 3 Companhias Isoladas e 4 Esquadrões de Cavalaria.
O efetivo da 2ª. Região Militar e parte da 9ª. Região Militar (então Circunscrição Militar de Mato
Grosso) eram aproximadamente 7.200 homens14; a Força Pública tinha 8.200 homens, a Guarda
Civil contava com 3.141 guardas e foram recrutados, aproximadamente, 20.000 voluntários15.
Os primeiros combates ocorreram em 13 de julho em Cachoeira Paulista, Túnel Cruzeiro e São
José do Barreiro16. Após 82 dias de luta, com perda de vidas preciosas de oficiais, graduados,
praças e voluntários, cessaram as hostilidades. O Exército Constitucionalista perdeu em combate
578 homens (conforme o livro Cruzes Paulistas), sendo 173 da Polícia Militar 34, 67 do Exército
e 338 voluntários. Em 30 de setembro de 1932 o comandante-geral da Força Pública ordenou o
retorno dos Batalhões e do Regimento às suas sedes. São Paulo, após lutas intensas, perdeu
militarmente a luta, mas ganhou o seu ideal, com a promulgação da Carta Magna da República
em 1934.

42
MMDC

A sigla MMDC foi composta com as iniciais dos nomes de quatro estudantes paulistas mortos
pelas forças ditatoriais no confronto ocorrido no dia 23 de maio de 1932. Porém outros paulistas
foram feridos nesse dia. Três morreram no local: Martins, Miragaia e Camargo. Dráusio, um
menino de 14 anos, faleceu no dia 28, em consequência dos ferimentos sofridos.
Com as iniciais de seus nomes foi formada a sigla MMDC, que representava a disposição de São
Paulo para enfrentar a ditadura.
Mas, além desses quatro, Orlando Oliveira Alvarenga foi ferido gravemente, vindo a falecer
durante a Revolução, 81 dias após. Com isso, foi relegado ao esquecimento.
Em 2002, quando a Revolução completou 70 anos, o Instituto Histórico, Geográfico e
Genealógico de Sorocaba, homenageou 100 heróis, descendentes ou personalidades ilustres com
a medalha MMDCA, que adiciona a inicial de Alvarenga, o quinto paulista morto no confronto
de 23 de maio de 1932.
M Mário Martins de Almeida
M Euclydes Bueno Miragaia
D Dráusio Marcondes de Souza
C Antônio Américo de Camargo Andrade
Em 1934 é promulgada a Constituição varguista que acaba por acolher as forças de segurança em
seu artigo 167 que trazia que: As POLICIAS MILITARES são consideradas reserva do
Exército e gozarão das mesmas vantagens a este atribuídas quando mobilizadas ou a serviço
da União. Outro ganho foi a sujeição dessas instituições à Justiça Militar Estadual e sua
revitalização focada nas ações de Segurança Pública e não mais na arte bélica, reflexo direto do
Primeiro “Congressinho brasileiro das Polícias Militares” organizado no Rio de Janeiro chefiado
pelo Deputado Federal Ten. Cel. PM Monsenhor Miguel Câmara cujo objetivo principal era
justamente o acolhimento das forças estaduais no texto constitucional conforme de fato ocorreu.

CONSTITUIÇÃO DE 1934 E DE 1937

Em 1934 é promulgada a Constituição varguista que acaba por acolher as forças de segurança em
seu artigo 167 que trazia que: As POLICIAS MILITARES são consideradas reserva do
Exército e gozarão das mesmas vantagens a este atribuídas quando mobilizadas ou a serviço
da União. Outro ganho foi a sujeição dessas instituições à Justiça Militar Estadual e sua

43
revitalização focada nas ações de Segurança Pública e não mais na arte bélica, reflexo direto do
Primeiro “Congressinho brasileiro das Polícias Militares” organizado no Rio de Janeiro chefiado
pelo Deputado Federal Ten. Cel. PM Monsenhor Miguel Câmara cujo objetivo principal era
justamente o acolhimento das forças estaduais no texto constitucional conforme de fato ocorreu.

A GERAÇÃO FREITAS ALMEIDA

Em 1935 é criado efetivamente o serviço de radiopatrulha na cidade de São Paulo, concorrendo


ao mesmo, os efetivos da Força Pública e da Guarda Civil Inicia-se então entre os anos de 1935 a
1938 uma renovação Institucional durante o Comando Geral do Coronel Milton de Freitas
Almeida, oriundo do Exército Brasileiro. Tal renovação gerou reflexos que perduram até os dias
de hoje, tamanho seu brilhantismo.
Dentre as medidas adotadas, destacamos:
Organização de diversos setores da Instituição;
Criação do Batalhão de Guardas (hoje 2º BPChq);
Implantação da Justiça Militar Estadual;
Introdução da contabilidade mecanizada (embrião do atual CIAF);
Pesados investimentos na Escola de Oficiais (APMBB);
Revitalização do ensino da APMBB com foco no policiamento;
Ainda fazem parte desse momento de revitalização institucional a edição da Lei Federal 192 de
17JAN36 que reorganiza as Polícias Militares e lhe conferem responsabilidades essencialmente
policiais. No mesmo diapasão, o governo de São Paulo logo em seguida, edita a Lei 2905/37 que
trata da organização da Força Pública, reforçando a posição Federal de atribuir à mesma, tarefas
e funções precipuamente Policiais. Embora a força continuasse a ganhar a confiança do governo
federal, este não negligenciaria seu temor ante ao espírito de luta e pujança do povo paulista.
Como demonstração de autoridade e poder, a ditadura Vargas promove em 1940 a queima
cerimonial da bandeira Paulista perante a presença de milhares de estudantes. Outra medida
tomada pelos ditadores, foi a mudança do nome de nossa Instituição de Força Pública para
FORÇA POLICIAL, numa tentativa de desarraigar da memória dos paulistas, sua instituição de
segurança pública.
Concluindo essa fase de renovação institucional, data de 1943 um dos grandes divisores de águas
em nossa história. Segundo o Cel. Eduardo Assumpção17 foi a partir dessa data que os exames de
admissão para o ingresso à Força, passaram a exigir ao candidato a Soldado, a redação de um

17
ASSUMPÇÃO, Eduardo. Op. cit.

44
ditado escrito e a realização das quatro operações básicas da matemática. Era o fim da era dos
analfabetos e a instituição poderia caminhar pelos trilhos da qualidade do ensino para as Praças.

CAMPANHA 16 - MOVIMENTOS EXTREMISTAS

Um movimento pode, portanto, ser adequadamente definido como “extremista” não pela
magnitude na mudança que defende, mas por sua decisão de que os procedimentos democráticos
convencionais não são eficazes para seus fins e que, sendo assim, devem ser empregados
métodos que excedam a estrutura democrática18.

Em 1935, os simpatizantes do comunismo provocaram, no mês de novembro, lutas no Nordeste e


na cidade do Rio de Janeiro. Em 1938, a Ação Integralista Brasileira tentou invadir o Palácio do
Catete no Rio de Janeiro, residência do Presidente da República. Ambas as ações foram
debeladas pelas forças legalistas.

Na cidade de São Paulo ocorreram confrontos entre os extremistas e a Força Pública e também
com a Guarda Civil: em 1935 com os comunistas, em 1938 com os integralistas. A Força Pública
e a Guarda Civil debelaram os movimentos sediciosos e garantiram a manutenção da ordem
pública.

CAMPANHA 17 – SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

A Polícia Militar de São Paulo participou da Segunda Guerra Mundial atuando em duas frentes:
uma interna, no estado de São Paulo, e outra externa, na Itália. No estado de São Paulo, instalou
postos de vigilância no parque industrial paulista, nas represas, subestações de energia elétrica,
entroncamentos ferroviários, no litoral, nos portos e nos pontos de concentrações de presos
estrangeiros. A atuação da então Força Pública impossibilitou inúmeros atos de sabotagens.

O governo brasileiro organizou também a Força Expedicionária Brasileira, que em 1944


deslocou-se para a Itália, onde a 1ª. Divisão Expedicionária combateu até o fim da guerra sob o
comando do General de Exército João Batista Mascarenhas de Moraes.

18
FINLEY, Moses; Democracia Antiga e Moderna. São Paulo: Graal, 2010 p. 120.

45
Entre as unidades componentes da Divisão Expedicionária encontrava-se o Pelotão de Polícia do
Exército, então denominado Pelotão de Polícia Militar. O Pelotão de Polícia Expedicionário foi
organizado com oficiais e sargentos do Exército Brasileiro, e os soldados, em número de 79,
foram recrutados na Guarda Civil de São Paulo. Inicialmente, este pelotão foi comandado pelo
1º. Tenente Waldir de Lima e Silva, e a seguir, pelo 1º. Tenente José Maciel Miler. Na Itália o
pelotão foi transformado em Companhia. Este pelotão deu origem posteriormente às unidades de
Polícia do Exército. A atuação dos soldados de São Paulo foi amplamente elogiada pelo General
Mascarenhas de Moraes, comandante da Divisão Brasileira na Itália.

Dos 79 guardas civis que participaram da Campanha da Itália, em 1990 (último dado estatístico
acerca do efetivo), 44 eram oficiais reformados da Polícia Militar, um era oficial reformado do
Exército Brasileiro, 2 eram praças reformadas da Polícia Militar, 2 faleceram na Itália, 23
faleceram após o regresso ao Brasil e 7 eram civis.

II GUERRA MUNDIAL

A Polícia Militar de São Paulo participou da Segunda Guerra Mundial atuando em duas frentes:
uma interna, no estado de São Paulo, e outra externa, na Itália. No estado de São Paulo, instalou
postos de vigilância no parque industrial paulista, nas represas, subestações de energia elétrica,
entroncamentos ferroviários, no litoral, nos portos e nos pontos de concentrações de presos
estrangeiros. A atuação da então Força Pública impossibilitou inúmeros atos de sabotagens.
O governo brasileiro organizou também a Força Expedicionária Brasileira, que em 1944
deslocou-se para a Itália, onde a 1ª. Divisão Expedicionária combateu até o fim da guerra sob o
comando do General de Exército João Batista Mascarenhas de Moraes.
Entre as unidades componentes da Divisão Expedicionária encontrava-se o Pelotão de Polícia do
Exército, então denominado Pelotão de Polícia Militar. O Pelotão de Polícia Expedicionário foi
organizado com oficiais e sargentos do Exército Brasileiro, e os soldados, em número de 79,
foram recrutados na Guarda Civil de São Paulo. Inicialmente, este pelotão foi comandado pelo
1º. Tenente Waldir de Lima e Silva, e a seguir, pelo 1º. Tenente José Maciel Miler. Na Itália o
pelotão foi transformado em Companhia. Este pelotão deu origem posteriormente às unidades de
Polícia do Exército. A atuação dos soldados de São Paulo foi amplamente elogiada pelo General
Mascarenhas de Moraes, comandante da Divisão Brasileira na Itália.
Dos 79 guardas civis que participaram da Campanha da Itália, em 1990 (último dado estatístico
acerca do efetivo), 44 eram oficiais reformados da Polícia Militar, um era oficial reformado do

46
Exército Brasileiro, 2 eram praças reformadas da Polícia Militar, 2 faleceram na Itália, 23
faleceram após o regresso ao Brasil e 7 eram civis.

OS TRÊS GENERAIS DA FORÇA PÚBLICA

A Polícia Militar do Estado de São Paulo, possui três generais19 oriundos das suas fileiras, sendo
estes: General Francisco Alves do Nascimento Pinto, General Miguel Costa e General Júlio
Marcondes Salgado.

Gal. FRANCISCO ALVES DO NASCIMENTO PINTO

O General Nascimento nasceu em Bananal, na Província de São Paulo. Foi incluído entre os
voluntários do 42º. Batalhão de Voluntários da Pátria. Em 16 de novembro de 1865 o batalhão
saia de São Paulo e em 29 do mesmo mês partia o 42º. do Rio de Janeiro para o Paraguai. As
vicissitudes da guerra fizeram com que o 42º. fosse incorporado ao 7º. Batalhão de Voluntários.
Um pequeno destacamento, sob o comando do Cadete Nascimento, foi incorporado ao 2º.
Batalhão de Voluntários do Rio de Janeiro. Após o combate de Pirebebuy, por atos de bravura o
Cadete foi promovido a Tenente. Na batalha de Itororó, o Tenente Nascimento salvou a vida do
então Major Manoel Deodoro da Fonseca, depois Marechal e Proclamador da República.

Veterano da Guerra do Paraguai, em 1877 o Capitão Nascimento ingressou no Corpo Policial


Permanente. Galgou todos os postos até Tenente-Coronel. Estava no comando do 2º. Batalhão de
Infantaria quando foi reformado em 1907. Sendo Coronel Honorário do Exército foi reformado
como General de Brigada em virtude da legislação imperial aplicável aos militares participantes
da Guerra do Paraguai.

O General Francisco Alves do Nascimento Pinto possuía as seguintes condecorações: Cavalheiro


da Ordem de Cristo, Cavalheiro da Ordem da Rosa, Medalha da Guerra do Paraguai (cinco
anos), Medalha da Argentina, Medalha do Uruguai e Comenda da Ordem do Cruzeiro.

Gal. MIGUEL COSTA

Miguel Costa20 assentou praça na Força Pública 1909 e em 1911 já era sargento ajudante do
Regimento de Cavalaria. Em 1912 foi promovido a alferes. Em 16 de março de 1913 foi

19
MELO, Cel Edilberto de Oliveira. O salto na Amazônia. São Paulo: Ed. Autor. 1989.
20
Miguel Alberto Crispim da Costa Rodrigues, conhecido como Miguel Costa.
47
promovido a tenente por merecimento. Em 19 de maio de 1914 foi promovido a capitão. Em 18
de fevereiro de 1918 foi aprovado nos exames militares para major de cavalaria. Foi promovido
a major em 17 de janeiro de 1922 e classificado como fiscal do Regimento de Cavalaria. Em 4 de
setembro de 1924 foi excluído do quadro efetivo do Regimento de Cavalaria por deserção. Em
21 de outubro de 1924 foi excluído da Força Pública.

Em julho de 1924, aliado ao General Isidoro Dias Lopes, sublevando o quartel do Regimento,
assumia o comando dos rebeldes da Força Pública.

Como uma das grandes figuras da Revolução, Miguel Costa assumiu o comando da Coluna
Prestes. Perseguidos pelas tropas legais do Governo nos Estados do Paraná, Mato Grosso, sul de
Goiás, Minas Gerais, Bahia, norte de Goiás, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte,
Pernambuco, Bahia, voltando por Pernambuco, Piauí Goiás e Mato Grosso. Em 1927 termina a
Grande Marcha21e os revoltosos internaram-se na Bolívia e no Paraguai. Miguel Costa fixou
residência em Buenos Aires.

Miguel Costa ingressa no movimento outubrista de 1930 e com a vitória da Revolução volta para
São Paulo. Em 4 de novembro de 1930 assumiu o cargo de Inspetor geral e reorganizador da
Força Pública. Conforme publicação no Diário Oficial da União e no Boletim do Exército no. 5,
foi nomeado General Honorário do Exército. Em 6 de maio de 1931 foi reincluído na Força
Pública como General de Brigada. Foi para a reserva da Força Pública em 23 de maio de 1932.
Em 6 de abril de 1937 foi reformado.

Gal. JÚLIO MARCONDES SALGADO

Em 26 de junho de 1907, alistou-se na Força Pública o civil Júlio Marcondes Salgado. Foi
classificado no 1º. Esquadrão do Corpo de Cavalaria. Em 1915 foi promovido a alferes e em
1920 a tenente. Em 1924 foi promovido a capitão e em 1925 a major. Participou de operações de
guerra em 1922, no Mato Grosso, em 1924 na Capital paulista e em 1925 em Goiás. Em 31 de
maio de 1927 foi promovido a Tenente-Coronel e designado para comandar o 1º. Regimento de
Cavalaria, onde serviu até 1º. de dezembro de 1930.

O Tenente-Coronel Júlio Marcondes Salgado comandou as seguintes unidades: Curso de


Instrução Militar (2 de dezembro de 1930 a 21 de junho de 1931), 4º. Batalhão de Infantaria (22
de junho de 1931 a 23 de agosto de 1931), 9º. Batalhão de Caçadores Paulista (24 de agosto de

21
Durante mais de dois anos a coluna revoltosa percorreu mais de 4 mil léguas atravessando 13 estados brasileiros
História do Exército Brasileiro, p. 918.
49
1931 a 21 de outubro de 1931), 5º. Batalhão de Caçadores Paulista (28 de outubro de 1931 a 22
de maio de 1932).

Em 23 de maio de 1932 assumiu o comando da Força Pública e participou ativamente da


Revolução Constitucionalista. No dia 23 de julho, em plena Revolução Constitucionalista, o
Coronel com o seu Estado-Maior, dirigiu-se a Santo Amaro, na Capital paulista, para observar os
testes com morteiros e Bombardeios. Durante um dos testes, a granada explodiu na boca da arma
e provocou sua morte e ferimentos no Tenente-Coronel Salvador Moya e Major Marcelino da
Fonseca22O Coronel Salgado faleceu aos 42 anos, morto em cumprimento do dever. O
Governador do Estado, Dr. Pedro de Toledo, considerando os méritos do Coronel Júlio
Marcondes Salgado, quer como miliciano da Força quer como líder militar, resolveu, nos termos
do decreto 5602 de 23 de julho de 1932, considerar promovido no posto de General, o
comandante da Força Pública do Estado de São Paulo, "post mortem", o referido oficial.

AULA 13 e 14 A PMESP durante a Democracia: Constituições Federal e Paulista e


o papel da Força Pública, criação dos policiamentos especializados, policiamento
ambiental, policiamento rodoviário, novo regulamento para a Força, O salto na
Amazônia, criação do corpo de policiamento feminino, Corregedoria da Polícia
Militar, o Congresso Brasileiro das PM, as campanhas do cancro cítrico, mal de
Chagas, relacionamento com a mídia nos anos 1960, a canção da PMESP.

CONSTITUIÇÕES (FEDERAL E PAULISTA) E O PAPEL DA FORÇA PÚBLICA

Após o fim do Estado Novo, nova constituição é promulgada em 1946, chamada de democrática.
Avança para a área da segurança pública, atribuindo à União, a competência exclusiva para
legislar sobre alguns aspectos das polícias militares. Dentre eles, destacamos:
Organização;
Instrução;
Justiça;
Garantias das Polícias Militares (homogeneidade).
Ainda em 1946 com a edição do Decreto-Lei 9208, ficava instituído o Dia das Polícias Civis e
Militares a ser comemorado todos os anos em 21 de abril, sendo declarado Tiradentes, seu
patrono.
Em 1947, é promulgada a nova Constituição Paulista e a Corporação volta a resgatar seu
histórico nome de FORÇA PÚBLICA.

23
ARRUDA, L.E.P. de; Op. cit.
51
22
O Major Marcelino faleceu horas depois do acidente e também foi promovido “post mortem”.

O efetivo da Guarda Civil aumenta e começam a abraçar o interior do estado. Em princípio


cidades próximas à capital até atingir os rincões paulistas.

A CRIAÇÃO DAS UNIDADES DE POLICIAMENTO ESPECIALIZADO

Essa geração acaba por responder a desafios de seus Comandantes cuja visão suplantava o
factível, criando-se várias unidades de Policiamento Especializado, dentre eles:

Eleuthério Brum Ferlich – implantando o policiamento de trânsito urbano;


Tenente José Pina de Figueiredo - policiamento rodoviário;
Tenente Odylon Spíndola Netto – implantando o policiamento florestal;
Capitão Jayme dos Santos – ampliando policiamento a pé, a cavalo e motorizado e chefiando o
Departamento de policiamento econômico da Comissão Estadual de Abastecimento e Preços –
esta como sendo a primeira atividade policial inteiramente planejada e dirigida pela Corporação.
Data de 1948 a criação do BP (Batalhão Policial) contando com uma Companhia de
Radiopatrulha. A partir de 1958, essas OPMs passam a ser denominados Batalhões de
Radiopatrulha (atuais 11º BPM/M – Zona Centro-Liberdade e 12º BPM/M – Zona Sul-
Aeroporto).
Ainda em 1948 é criado o Serviço de Transporte para a mobilização da tropa (atual CSM/M-
SAT);
Em 1949 é criado o serviço de Subsistência (atual CSM/M Subs);
Implantam-se métodos de seleção e alistamento que perdurariam em nossa instituição até os dias
de hoje com a introdução do PMK (teste psicomiocinético);
Cria-se o Presídio Militar, adotando o nome de Romão Gomes em homenagem a este ilustre
personagem (Juiz Militar do Estado de São Paulo);
Em 1950 é implantado o Departamento de Polícia Militar (DPM) atual Corregedoria PM; Ainda
em 1950 é criado o Canil23 com cães adquirido na Argentina.

NOVO REGULAMENTO PARA A FORÇA

Em 1951 é aprovado novo regulamento para a Força Pública. Tendo por foco o policiamento
ostensivo, o então Governador do Estado, Lucas Nogueira Garcez, aprova e manda pôr em

24
ARRUDA, L.E.P. de; Op. cit.
51
execução o “REGULAMENTO DA FORÇA PÚBLICA PARA O SERVIÇO DE
POLICIAMENTO” representando um avanço para a época.

O SALTO NA AMAZÔNIA

Em 10 e 11 de maio de 1952, tendo à testa da missão o Capitão Djanir Caldas, um grupo de


paraquedistas da Força salta sobre a floresta amazônica, em evento de repercussão mundial,
resgatando os corpos e pertences das 60 vítimas da sinistrada aeronave “President”, da empresa
Pan American24.

CRIAÇÃO DO CORPO DE POLICIAMENTO FEMININO

O Governador Jânio Quadros cria em 12 de maio de 1955 por meio dos esforços da Dra. Hilda
Macedo, o corpo de Policiamento Feminino. Sendo o primeiro desse gênero no país, tinha por
missão atuar em postos de serviços e no serviço social. Posteriormente passaram a dividir as
mesmas tarefas e funções que os homens nas atividades de policiamento ostensivo. Subordinado
à Guarda Civil até 1959 trocou de subordinação, sendo comandada diretamente pela Secretaria
de Segurança Pública até 1969 quando retorna à Guarda Civil de SP46. Em 08 de abril de 1970, é
anexada pela unificação à Polícia Militar do Estado de São Paulo.

AS CAMPANHAS DO CANCRO CÍTRICO, MAL DE CHAGAS

Ao final da década de 50, é a Força Pública convocada para combater uma praga vegetal
denominada de CANCRO CÍTRICO que, ameaçando a citricultura no interior do estado,
colocava em risco a produção de laranja e seu suco (matéria de exportação da agricultura
paulista).
Embora não fosse sua missão, a Força Pública troca então armas por facões e ruma ao interior do
estado derrubar laranjais e livrar as terras paulistas desta praga.
Para a missão, foi escolhido o 1º Batalhão (Tobias de Aguiar) comandado pelo Tenente-Coronel
Jayme dos Santos.

24
Ibidem
52
Após o cumprimento da missão, nossos homens ainda conseguiram difundir pelo interior do
estado novas opções de agricultura como o abacaxi, a melancia, dentre outras.
Ainda no final dos anos 50 (1958 e 1959 precisamente), deu-se o combate ao mal de chagas.
Transmitido pelo inseto barbeiro que habita ambientes rurais, foi a tropa mobilizada para o
interior do estado novamente a dedetizar as casas humildes e livrar a população desse inseto.
Visitando 113 municípios sob o comando do Tenente-coronel Médico PM Paulo de Andrade
Corrêa, São Paulo viu-se livre de mais essa moléstia pelas mãos da milícia de Tobias de Aguiar
que bravamente cumpriu tal missão. Além da profilaxia, realizou um trabalho de educação
sanitária com palestras e outras ações de saúde pública25.

O RELACIONAMENTO COM A MÍDIA NOS ANOS 60

No início dos anos 50, iniciam os relacionamentos travados entre a Instituição e a mídia, através
do treinamento equestre proporcionado aos atores e cavaleiros do filme “O Cangaceiro” que
recebe a Palma de Ouro em Cannes no ano de 1953 como melhor filme de aventura. No início
dos anos 60 aperfeiçoam-se os laços com a população, despertando no público a imagem
romântica do policial em suas missões quotidianas de trabalho. A primeira delas foi sem dúvida
a de Carlos Miranda (O Vigilante Rodoviário) que, sendo levado ao ar toda semana, junto a seu
fiel amigo “lobo” adentrava aos lares brasileiros, trazendo um pouco da Instituição para as casas,
mostrada por seu aspecto positivo26.

A CANÇÃO DA PMESP

Em 1964, o então Comandante Geral da Força Pública, General João Franco Pontes, obteve do
poeta Guilherme de Almeida a letra, que o Major Maestro PM Alcides Giácomo Degobbi,
musicou. Surgia assim a "Canção da Força Pública do Estado de São Paulo”. A estreia da
composição deu-se no pátio interno da Academia de Polícia Militar do Barro Branco em 15 de
dezembro de 1964. Passemos a examiná-la mais detalhadamente:

FEIJÓ CONCLAMA - O padre Diogo Antônio Feijó, ministro da Justiça da Regência Trina,
face à insegurança do país, assolado por graves perturbações, extinguiu, a 10 de outubro de 1831,

26
Ibidem
53
todos os corpos até então encarregados da segurança pública, determinando que cada Província
organizasse um único corpo policial, composto exclusivamente por voluntários, em serviço
permanente, e que se encarregasse de "... manter a tranquilidade pública e auxiliar a Justiça".
Surgia desse modo, a célula mater das polícias militares brasileiras.

TOBIAS MANDA - Como Presidente do Conselho da Província de São Paulo (cargo hoje
correspondente a Governador do Estado), o Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar deu provimento
à determinação de Feijó, criando, em 15 de dezembro de 1831, o Corpo de Guardas Municipais
Voluntários, "célula mater" da atual Polícia Militar.

OS CENTO E TRINTA DE TRINTA E UM - O poeta faz alusão ao efetivo inicial da Milícia


(130 homens, sendo 100 infantes e 30 cavalarianos) e ao ano de sua criação (1831).

POR MERCÊ DE DEUS - Pela graça, pela vontade divina. Linguagem presente na maior parte
das leis do Império e Regência, que evoca as raízes cristãs da Milícia, e incorpora à sua missão
os valores dessa ética: absoluto respeito à vida, à integridade física e à dignidade humana,
caridade, fé, esperança, coragem para denunciar, enfrentar e resistir ao mal, sede de justiça e de
verdade, amor à paz.

SEUS PASSOS DEIXAM FUNDO NA TERRA, RASTRO E RAÍZES - A


Corporação, em sua trajetória de 185 anos, tem deixado rastros gloriosos, ao defender a ordem
pública não só em território paulista, mas em todos os quadrantes do território nacional e mesmo
no exterior, quando seus membros integraram as forças de paz da ONU em Suez e na África
portuguesa. Além disso, tem contribuído com o desenvolvimento da polícia ostensiva brasileira
e latino-americana, por meio de seus cursos, estágios e missões de instrução. Mas, não apenas
rastros têm deixado, também raízes, quando sua ação modifica, positiva e definitivamente, a
situação social das áreas onde atua. Campos das Palmas, a proteção à vida dos colonizadores
pioneiros do oeste paulista, o combate e erradicação do cancro cítrico e da doença de chagas pelo
interior, a hercúlea tarefa empreitada pelo então Capitão Edgard Pereira Armond, rasgando a
serra e abrindo a primeira estrada permanente ligando Caraguatatuba e, por extensão, todo o
litoral norte à civilização, são apenas alguns exemplos que confirmam esta assertiva.

MULTIPLICANDO POR MIL E UM, OS CENTO E TRINTA – O poeta lança


o vaticínio de que a Corporação que, em 1831, nasceu modesta (130 homens), por seus serviços
se transformaria numa grande instituição, patrimônio do povo paulista, o que hoje é realidade.
54
MISSÃO CUMPRIDA EM CAMPOS DAS PALMAS – Missão cumprida na
libertação do caminho, assolado por delinquentes e índios hostis, no Sul do atual Estado do
Paraná (então parte da Província de São Paulo) e na colonização e desbravamento da área
(1839/45). O Capitão Hermógenes Carneiro Lobo Ferreira, após libertar as vias de acesso que
ligavam São Paulo às regiões produtoras do Rio Grande do Sul, realiza o primeiro levantamento
cartográfico da região do rio Iguaçu e seus afluentes. Esses mapas, mais tarde habilmente
empregados pelo Barão do Rio Branco, foram essenciais para provar a posse brasileira de vasta
área na região do Iguaçu, assegurando ao Brasil seus limites de fronteira, em dissídio sustentado
com a Argentina. Lobo Ferreira incrementou o comércio e a produção, fundou colônia
agropecuária, firmou a paz com índios bravios e fundou a cidade de Palmas. Em seu relatório de
prestação de contas ao Governo da Província de São Paulo, Lobo Ferreira afirmou haver
cumprido a missão que lhe havia sido atribuída, o que inspirou Guilherme de Almeida a utilizar
tal frase.

LAGUNA, HEROÍSMO NA "RETIRADA" – A Guerra do Paraguai entrava já


em seu terceiro ano quando, a 20 de abril de 1867, a coluna de marcha do Exército Imperial, à
qual se encontravam incorporados os efetivos do Corpo Policial Permanente, invadiu o território
paraguaio. Penetrando na região pantanosa de Laguna, guarnecida por numerosa e adestrada
força de cavalaria paraguaia, avançou a coluna sob as vistas do inimigo que se retirava
estrategicamente, arrasando tudo, visando atrair as forças brasileiras para dentro do território
paraguaio. A 01 de maio deu-se o primeiro embate, quando, a despeito de haver vencido o
combate, não pôde a coluna brasileira resistir à superioridade das forças paraguaias, sendo
obrigada a retirar-se, de regresso ao território pátrio, em 08 de maio de 1867, sob comando do
Coronel Carlos de Moraes Camisão. Por 35 dias e noites, sem alimentos ou roupas adequadas,
enfrentando condições climáticas inclementes, varando pântanos insalubres, vitimada por
doenças tropicais (tifo, cólera etc.) retirou-se a coluna brasileira, sempre acossada pelo inimigo
superior em recursos, que não poupava a vida mesmo de enfermos, abandonados aos seus
cuidados e misericórdia. Utilizava, ainda, o inimigo, a técnica de atear fogo aos capões de mato
onde os brasileiros, exaustos, buscavam abrigar-se. Finalmente, os remanescentes conseguiram
retornar ao solo brasileiro. Dos 1650 integrantes originais da coluna, restaram vivos 700. Os que
regressaram não abandonaram ao inimigo seus canhões ou bandeiras. O Tenente de Engenharia
do Exército Imperial Alfredo D’Escragnolle Taunay, partícipe desse episódio, sobre ele escreveu
o épico: "A Retirada da Laguna". Anos depois, quando a sorte das armas alemãs se mostrava
desfavorável na I Guerra Mundial, o Alto-Comando do Exército teutônico mandou imprimir e
distribuir nas trincheiras milhões de exemplares dessa obra de Taunay, devidamente traduzida
55
para o idioma alemão, empregando-a como instrumento de estímulo e alento às tropas
extenuadas na luta contra os Aliados.

GLÓRIA EM CANUDOS - O grave problema social que serviu de fermento para a explosão da
luta em Canudos já havia degenerado em luta aberta entre forças fiéis ao Governo da República e
forças irregulares sob a liderança carismática do Antônio Conselheiro. A terceira expedição
enviada a Canudos, sob o Comando do legendário Coronel Moreira César culminara em um total
fracasso, resultando no massacre dos militares, dispersão e fuga dos sobreviventes e na
apreensão, pelos sertanejos, de farto material bélico, inclusive armas automáticas e peças de
artilharia. Organizou o Governo da República, então, uma expedição militar de grande porte,
confiando seu Comando ao General Arthur Oscar e sob a supervisão do próprio Ministro da
Guerra, Marechal Carlos Machado
Bittencourt. Efetivos das polícias militares da Bahia, Pará e Amazonas foram incorporados à
expedição, bem como o efetivo do 1° Batalhão da Força Pública de São Paulo, hoje 1° Batalhão
de Polícia de Choque – Batalhão "Tobias de Aguiar". A essa Unidade foi confiada a complexa
missão de escoltar os comboios de víveres destinados ao suprimento das forças em operações na
região de Canudos. Missão complexa, pois essas colunas de suprimento eram exatamente as mais
visadas nos assaltos e emboscadas realizados pelos homens do Conselheiro. Levando a bom
termo essa missão, credenciou-se a Unidade paulista a ser escolhida pelo Comando das
operações a constituir uma das linhas de vanguarda no ataque à cidadela de Canudos. As
operações de escolta e o combate, casa a casa, visando ocupar Canudos resultaram na morte de
12 milicianos. Dezenas de componentes do 1° Batalhão foram feridos, inclusive seu
Subcomandante. No retorno a São Paulo, a Unidade foi recebida em triunfo pelas autoridades e
pelo povo, que, inclusive, doou, mediante subscrição popular, um padrão de pedra ao 1°
Batalhão, hoje erigido em seu pátio interno, em memória dessa campanha e dos mortos da
Unidade.

E DE ARMAS E ALMAS, AO NOSSO JULHO DA CLARINADA - Essa frase evoca o


movimento constitucionalista irrompido a 09 de julho de 1932, quando São Paulo fez soar a
clarinada, convocando os paulistas, de nascimento ou de coração, para pegar em armas para
restaurar a Lei Magna, a liberdade e a democracia em solo brasileiro, afrontado pela imposição
de uma ditadura, que se perpetuava no poder, à margem da lei, desde 1930. O alistamento
massivo de voluntários, moços e idosos, crianças e adolescentes, o engajamento das mulheres,
das comunidades étnicas, dos imigrantes, do clero, dos alunos e docentes das faculdades, dos
profissionais liberais, dos artistas, operários, comerciantes e empresariado, construiu o maior
56
movimento cívico-militar e o mais importante movimento de opinião pública da história
brasileira.

SOB AS ARCADAS, VÊM, UM A UM, ... – Como Guilherme de Almeida não deixou
explícita a fonte de sua inspiração, três hipóteses podem ser formuladas: A primeira – As
arcadas são símbolos universais e milenares de triunfo militar. Os arcos do triunfo, evocando,
por exemplo, as campanhas vitoriosas de Trajano (Roma) e de Napoleão Bonaparte (Paris) são
cartões postais conhecidos em todo o mundo. Os nazistas desfilaram sob o Arco do Triunfo em
1940. Os franceses, no dia da Libertação, em 1944, vingaram-se da humilhação anterior,
desfilando sob as mesmas arcadas. Várias vezes, também no Brasil, forças vitoriosas desfilaram,
no retorno de suas campanhas, sob Arcos do Triunfo, como ocorreu, por exemplo, ao retornarem
de Canudos e da Campanha da Itália (FEB). Assim o poeta, após traçar um retrato das várias
intervenções bem-sucedidas da Polícia Militar na história paulista e brasileira, afirmaria que os
integrantes da Corporação retornam em triunfo à sua sede, com o sentimento do dever cumprido
e o respeito e a gratidão da comunidade. A segunda – As Arcadas evocariam a forma
arquitetônica presente no convento de São Francisco, onde se instalou a Faculdade de Direito de
São Paulo. Nesse edifício, o maior celeiro de líderes políticos da história brasileira e paulista e
sensório jurídico do país, foi instalado o posto central de alistamento de voluntários civis durante
o movimento constitucionalista de 1932. Após alistados, os voluntários eram conduzidos a
campos de treinamento, onde eram entregues aos cuidados de monitores e instrutores da Força
Pública que os adestravam brevemente, antes de seguirem para o front. Esse momento histórico
representou um dos pontos culminantes da integração entre a Polícia Militar e a comunidade
paulista, à qual serve. A terceira – Recordaria as arcadas do Convento do Carmo, cuja ala térrea
sediou o primeiro aquartelamento ocupado, a partir de 1832, pela Polícia Militar. Dessa forma, a
"Canção da Polícia Militar", fruto da genialidade poética de Guilherme de Almeida, valorizada
pela competência e vibração de Degobbi, é um digno resumo, a espelhar os dramas, os desafios e
as vitórias dessa Força que serve a comunidade e protege as pessoas contra atos ilegais, nas
cidades, nas ruas e estradas, nos céus, nas águas e florestas de São Paulo27.
Texto: Maj. PM Luiz Eduardo Pesce de Arruda.

57
AULA 15 e 16 - A PM durante o Regime Militar e a Redemocratização:
Campanha 18 Revolução de 1964 e suas consequências para a Força
Pública, a unificação de 1970, Cap. PM Alberto Mendes Jr., A reestruturação
Pós 1970, os grandes incêndios: Andraus e Joelma, atuação dos bombeiros no
escorregamento das encostas da serra do mar, Colégio e Hospital da PMESP,
anos 80 e os desafios da democracia, a mudança de designação para Escola
Superior de Soldados “Cel PM Eduardo Assumpção”, formação nos anos 1980,
primeiro Comandante, o Patrono e sua contribuição para a área do ensino na
PMESP, a constituição de 1988, GATE, COPOM, Resgate, o investimento
tecnológico, anos 90 imagens negativas e novas tendências institucionais,
episódios do Carandiru e Naval, resgate das vítimas dos acidentes de aeronaves
TAM 1996 (voo 452) e 2007 (voo 3054), O século XXI e a doutrina de Polícia
comunitária: novos rumos, a atuação da PMESP durante a Copa FIFA 2014 e os
Jogos Olímpicos Rio 2016.

A PM DURANTE O REGIME MILITAR E A REDEMOCRATIZAÇÃO

Após o fim do Estado Novo, nova constituição é promulgada em 1946, chamada de democrática.
Avança para a área da segurança pública, atribuindo à União, a competência exclusiva para
legislar sobre alguns aspectos das polícias militares. Dentre eles, destacamos:
Organização;
Instrução;
Justiça;
Garantias das Polícias Militares (homogeneidade).
Ainda em 1946 com a edição do Decreto-Lei 9208, ficava instituído o Dia das Polícias Civis e
Militares a ser comemorado todos os anos em 21 de abril, sendo declarado Tiradentes, seu
patrono.
Em 1947, é promulgada a nova Constituição Paulista e a Corporação volta a resgatar seu
histórico nome de FORÇA PÚBLICA.
O efetivo da Guarda Civil aumenta e começam a abraçar o interior do estado. Em princípio
cidades próximas à capital até atingir os rincões paulistas.

CAMPANHA 18 - REVOLUÇÃO DE 1964 E SUAS CONSEQUENCIAS PARA A FORÇA


PUBLICA

Como citado anteriormente, a administração pública é toda mobilizada a serviço da revolução,


nisto incluídos os efetivos da Força Pública e Guarda Civil. Semelhante a tempos anteriores não
tão distantes, instaura-se um modelo que centralizava o poder e esvaziava a autonomia dos
58
estados promovendo clara intervenção federal na área da segurança pública, explicitada pela
legislação editada no período inicial do regime com assuntos que trataram da reorganização, do
ensino e da ampliação do controle sobre as polícias militares com a criação da IGPM (Inspetoria

59
Geral das Polícias Militares)28, além da nomeação de vários Comandantes Gerais oriundos do
Exército Brasileiro.

Em 1967, durante manobra conjunta realizada entre a Força e o Exército, no vale do Ribeira, foi o
Tenente Celso Feliciano de Oliveira responsável pelas atividades cívico-sociais e de relações com
a comunidade. Findo o exercício, propôs em relatório a criação de uma 5ª Seção do Estado-Maior
(Seção de Assuntos Civis), o que viria a se concretizar em dezembro de 1969, durante a segunda
manobra conjunta realizada entre a Força e o Exército. A criação dessa 5ª Seção do Estado-
Maior, além de otimizar as relações da Corporação com seus públicos, interno e externo, ofereceu
os primeiros fundamentos para a formulação de uma doutrina de defesa civil, sobre a qual
falaremos mais adiante.

No ambiente revolucionário que marcou a vida nacional naquela década, coube à Força Pública e
à Guarda Civil, a par de prosseguirem defendendo, socorrendo e auxiliando a população pelo
exercício do policiamento fardado, enfrentar o peso do impacto de um fenômeno até então
desconhecido no Brasil29.

Em 1967, a nova constituição reforça o controle sobre as Forças Públicas estaduais. É também
promulgado o Decreto-Lei 317 de 13 de março daquele ano (revogado posteriormente pelo
Decreto-Lei 667/69) reorganizando essas corporações e reforçando o vínculo junto ao Exército
brasileiro, além de outras medidas tomadas conforme citadas acima.

A UNIFICAÇÃO DE 1970

Foi nesse cenário que em 08 de abril de 1970 através do Decreto-Lei 217 o governo estadual
decide unificar a Força Pública e a Guarda Civil do Estado de São Paulo, transformando as duas
corporações em Polícia Militar do Estado de São Paulo, assumindo dessa forma o controle e todo
o sistema de policiamento ostensivo e preservação da ordem pública, incluindo o Corpo de
Bombeiros e suas atribuições definidas em lei. Cria-se o Curso Superior de Polícia (pré-requisito
para promoção o ao posto de Cel. PM). Desde que foi criada a Polícia Militar, o Batalhão sempre
foi a unidade básica, em relação ao emprego e à administração do pessoal. Para a constituição de
um Batalhão é necessário no mínimo duas companhias operacionais e uma companhia de
comando de serviço. De acordo com essa matriz definida a partir de então, as companhias de

28
Para saber mais sobre a IGPM consultar aula 01 da Apostila de Legislação Organizacional.
29
ARRUDA, L.E.P. de; POLÍCIA MILITAR – Uma crônica – A Força Policial nº 13, SP 1996 op. cit.

60
policiamento se revezariam no serviço operacional, sempre se adequando a real necessidade,
atendendo todo o serviço rotineiro bem como todas as eventualidades. A companhia de comando
e serviço abrangeria toda a administração da Organização Policial Militar:
- Secretaria;
- Tesouraria;
- Serviços Médicos e Odontológicos;
- Almoxarifado;
- Serviço de Moto mecanização;
- Controle de serviços relativos ao funcionamento do batalhão
As forças de segurança pública conviveriam a partir do final da década de 60 e até a metade da
década de 70 com um problema até então desconhecido em nosso país. A guerrilha.
Grupos dissidentes de partidos políticos de esquerda, constituíram-se em focos de resistência ao
regime militar, gerando ataques às essas forças e até mesmo baixas em seus efetivos, como
vimos no tópico anterior (caso do Cap. PM Alberto Mendes Júnior). Em 1970, como resposta à
Guerrilha urbana, foram criadas as “Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar” com sede no 1º
Batalhão de Choque (Quartel da Luz). Tropa de elite de nossa Instituição tinha a missão de
combate-la no estado todo.
Ainda em 1970 é criado o CSP (Curso Superior de Polícia) atual Doutorado em Ciências
Policiais de Segurança e Ordem Pública, oferecido pelo CAES (Centro de Altos Estudos de
Segurança).
Em 1971, é criado o COE (Comando de Operações Especiais) tendo por missão o combate à
guerrilha rural, o resgate de pessoas perdidas em zonas de difícil acesso, resgate de corpos em
locais ermos etc.
Instaura-se a partir do final da década de 60 o COPOM, atribuindo à Instituição o gerenciamento
das comunicações de emergência, gerando uma melhoria no atendimento, uma vez que as
viaturas passam dessa forma a ter conhecimento dos despachos de ocorrências em tempo real.
A GUERRILHA FAZ NOSSA MAIOR VITIMA

Capitão PM Alberto Mendes Júnior

61
O 14º BPM/I em Registro, possui o seu nome. Procura-se perpetuar a memória de Alberto
Mendes Júnior, o tenente de 23 anos, aspirante de 1969 (turma do ex-governador Fleury),
nascido em 24/01/47, que saiu em missão no dia 08 de maio de 1970 do quartel do 1º BPChq
voltou somente 128 dias depois, dentro de um caixão. Foi executado por guerrilheiros, no Vale
do Ribeira, no desvario de mudar o regime pela força das armas. O nome Mendes Júnior é muito
conhecido, mas sua história nem tanto.

Em um ambicioso projeto, Carlos Lamarca (Capitão do Exército – desertor do antigo quartel RI


de Quitaúna) instalou-se nas proximidades de Sete Barras e construiu um campo de treinamento
de guerrilhas. Base tipicamente militar montou choupanas em lugares estratégicos, vigias nos
principais pontos de acesso.

Capturado pelos guerrilheiros, seria morto a golpes de coronhadas na cabeça, sem tiros, para não
fazer barulho ou chamar a atenção de alguém. Era domingo, 10 de maio, dia das mães. Essa
forma de eliminar Mendes Júnior foi tão cruel que a VPR, em seu primeiro documento a
respeito, preferiu mentir, dizendo que ele fora fuzilado e seu corpo jogado no rio. Os ossos de
Mendes Júnior, 128 dias depois, foram retirados da mata, perto de Sete Barras, local íngreme
próximo a uma pedra enorme, onde se reuniu o “tribunal” da VPR.

O sepultamento foi realizado no Cemitério do Araçá, onde fica o mausoléu da Polícia Militar.

A REESTRUTURAÇÃO PÓS 1970

As forças de segurança pública conviveriam a partir do final da década de 60 e até a metade da


década de 70 com um problema até então desconhecido em nosso país. A guerrilha.

Grupos dissidentes de partidos políticos de esquerda, constituíram-se em focos de resistência ao


regime militar, gerando ataques às essas forças e até mesmo baixas em seus efetivos, como
vimos no tópico anterior (caso do Cap. PM Alberto Mendes Júnior). Em 1970, como resposta à
Guerrilha urbana, foram criadas as “Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar” com sede no 1º
Batalhão de Choque (Quartel da Luz). Tropa de elite de nossa Instituição tinha a missão de
combate-la no estado todo.

Ainda em 1970 é criado o CSP (Curso Superior de Polícia) atual Doutorado em Ciências
Policiais de Segurança e Ordem Pública, oferecido pelo CAES (Centro de Altos Estudos de
Segurança).

Em 1971, é criado o COE (Comando de Operações Especiais) tendo por missão o combate à
62
guerrilha rural, o resgate de pessoas perdidas em zonas de difícil acesso, resgate de corpos em
locais ermos etc.

Instaura-se a partir do final da década de 60 o COPOM, atribuindo à Instituição o gerenciamento


das comunicações de emergência, gerando uma melhoria no atendimento, uma vez que as
viaturas passam dessa forma a ter conhecimento dos despachos de ocorrências em tempo real.

OS GRANDES INCÊNDIOS - BOMBEIROS

Na década de 1970, alguns episódios vieram a questionar o sistema de defesa civil e combate a
incêndios em nosso estado.

O incêndio do edifício Andraus ocorrido em 24 de fevereiro de 1972, vitimando fatalmente 16


pessoas e ferindo 330 foi o primeiro deles. Em 01º de fevereiro de 1974, ocorre outro triste
episódio com o incêndio do Edifício Joelma em São Paulo, resultando em um total de 189
mortos e 345 feridos.

Ao final da década de 60, havia ocorrido o escorregamento das encostas da Serra do Mar em
Caraguatatuba, vitimando fatalmente 436 pessoas naquela cidade do litoral paulista, decorrentes
das fortes chuvas que assolaram aquela região.

Como consequência desses eventos trágicos, cria-se em 1975 pelo governador Laudo Natel, uma
comissão para os estudos e propostas de ações proativas em eventos dessa natureza. Redigido o
texto final, a comissão aponta estudos que desembocariam nas minutas do decreto de criação da
Defesa Civil do Estado de São Paulo, finalmente editado sob o nº de Decreto Estadual 7550 de
09 de fevereiro de 1976.

COLÉGIO E HOSPITAL DA PMESP

A construção do Colégio da Polícia Militar começou em 1977. O Coronel Eugênio A. Sarmento,


Major Barbosa, Coronel Bruno Éboli Belo, Coronel Hermes Bittencourt Cruz e o Professor Joel
de Souza, estão entre as pessoas que ajudaram a torna-lo realidade. A ideia de criar uma
instituição de ensino nasceu para atender prioritariamente aos órfãos e dependentes de policiais
militares, porém em virtude do número de vagas oferecidas, passou a atender os demais
integrantes da sociedade.

O Colégio da Polícia Militar foi fundado no dia 20 de fevereiro de 1978 e várias autoridades
estiveram presentes na solenidade, entre elas, o Secretário de Segurança Pública da época,
Erasmo Dias. Hoje, o Colégio atende inúmeros filhos de policiais militares e civis que nele veem
63
o porto seguro da honra, saber e disciplina para conduzir seus filhos pelas veredas da justiça.

Foi também no ano de 1978 que a PM consegue dar início à construção de seu novo hospital,
mudando, portanto, seu endereço da Rua Jorge Miranda na luz, para a invernada do Barro
Branco (Zona Norte) da capital paulista.

ANOS 80 E OS DESAFIOS DA DEMOCRACIA

A transição entre o Regime Militar e a Democracia dos anos 80 é marcada incialmente pelos
movimentos grevistas no ABC. Empossado, o Governador André Franco Montoro conduz de
forma magistral tal mudança.

Oficiais oriundos da própria corporação readquirem o direito de comanda-la. Começam a


despontar as primeiras exigências populares quanto à uma polícia mais próxima da população e
mais profissionalizada. Surgem os novos uniformes (novo padrão visual). Aprimoram-se os
currículos escolares, investindo-se na seleção, alistamento, formação e aperfeiçoamento do
policial. Reativa-se a aviação através da instalação no velho Campo de Marte do GRPAe,
oferecendo treinamento à primeira geração de pilotos na Base Aeronaval de São Pedro de Aldeia
– RJ da Marinha do Brasil. Instala-se o COPOM totalmente informatizado, cria-se o projeto do
Radio patrulhamento padrão, cria-se o GATE e implanta-se o projeto RESGATE. Os currículos
escolares são aprimorados, o CAES ganha sede própria e é criado o CFSd (Centro de Formação
de Soldados). Em 1984 são criados o CSM/M Subs e o hotel de trânsito.

A constituição de 1988 acomodaria definitivamente as Polícias Militares como responsáveis pela


polícia ostensiva e preservação da ordem pública, mantendo-as ainda como “força auxiliar e
reserva do Exército”, subordinando-as aos seus respectivos governadores.

Em 1º de janeiro de 1989, foi criada a última Polícia Militar do país, no estado de Tocantins.

MUDANÇA DE DESIGNAÇÃO PARA ESCOLA SUPERIOR DE SOLDADOS “CEL PM


EDUARDO ASSUMPÇÃO

A Escola Superior de Soldados “Cel PM Eduardo Asssumpção” teve suas instalações


inauguradas em 06 de abril de 1984, pelo Exmo Sr. Dr. Michel Temer, secretário dos Negócios
de Segurança Pública e pelo Exmo Sr. Comandante Geral da Polícia Militar do Estado de São
Paulo, Cel PM NILTON VIANNA. A partir de 12 de junho de 1984, a 3ª Cia do 2º BPChq,
Comandada pelo Cap PM Oldecir Fernandes de Oliveira e Silva ocupou as dependências desta
Unidade e prosseguiu na formação dos primeiros 120 Alunos Soldados PM, que concluíram o

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Curso em 24 de agosto do mesmo ano. Em 02 de outubro de 1984, foi publicada a Nota de
Instrução Nº 3ª EM/ PM 003/ 33/ 84 regulamentando a criação, em caráter experimental, da
Escola de Formação de Soldados da Polícia Militar, sendo designado para comandá-la o Major
PM Sérgio Francisco Penna. Em 19 de dezembro de 1984, formou-se a primeira Turma da Nova
Organização Policial Militar, com dois pelotões de 60 (sessenta) homens cada. Em dezembro de
1985, de acordo com o Decreto Nº 24.572 a Escola passou a denominar-se Centro de Formação
de Soldados (CFSd), sob o Comando do Ten Cel PM José Milton da Costa. Em 08 de novembro
de 1990, a Diretoria de Ensino delegou para o CFSd a responsabilidade pela fiscalização técnica
dos Cursos de Formação de Soldado PM (CFSdPM) que funcionam em outras OPM de todo o
Estado. Através do decreto Nº 37.548 de 29 de setembro de 1993, a Polícia Militar homenageou
a figura do Ex-Comandante Geral, Cel PM Assumpção, que tanto fez por este Centro, atribuindo
a denominação de Centro de Formação de Soldados “Coronel PM Eduardo Assumpção” (CFSd –
Cel PM Assumpção), e que mais tarde por força do Decreto Lei Estadual nº 54.911 de 14 de
Outubro de 2009 passou a se chamar “Escola Superior de Soldados “Coronel PM Eduardo
Assumpção” (ESSd).

EPISÓDIOS DO CARANDIRU E NAVAL

Em 02 de outubro de 1992, eclode uma rebelião na antiga Casa de Detenção de São Paulo
(Carandiru) que acaba por resultar no saldo de 111 internos mortos. Tal fato trouxe mudanças

significativas nas técnicas de invasão, negociação, ocorrências envolvendo reféns, tornando-se


estudo de caso para cursos de gerenciamento de crises em nossa Instituição e coirmãs. Outro
episódio que muito contribuiu negativamente para o relacionamento com a mídia nos anos 90,
sofrendo reflexos até os dias de hoje, foi o caso da Favela Naval.
Em 31 de março de 1997, a TV brasileira exibiu uma reportagem de denúncia em relação aos
direitos humanos, que pelo seu impacto e repercussão entrariam para a história do jornalismo
brasileiro. A matéria começava mostrando um grupo de policiais militares extorquindo dinheiro,
humilhando, espancando pessoas além da suposta execução do cidadão Mário José Josino numa
blitz na Favela Naval, em Diadema, na Grande São Paulo. As imagens, gravadas por um
cinegrafista amador nos dias 3, 5 e 7 de março, foram entregues ao repórter Marcelo Rezende e
revelavam a extrema crueldade com que os PMs tratavam cidadãos indefesos no que,
oficialmente, seria uma operação de combate ao tráfico de drogas30. Diante desses fatos, o
Comando sentiu que era hora de redirecionar definitivamente o foco para o cidadão. E assim
aconteceu.

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O SÉCULO XXI E A DOUTRINA DE POLÍCIA COMUNITÁRIA: NOVOS RUMOS

Entre os anos de 1990 e a atualidade, vários foram os passos dados em direção à modernização
dos serviços e do atendimento aos clientes da Polícia Militar.

Dentre eles, citamos:

A criação da Ouvidoria;
Formalização de um cadastro Odonto legal pela Corregedoria PM;
Estágios de Policiais de outros países em nossa Instituição;
Intercâmbio de Policiais nossos em coirmãs e no estrangeiro;
Mudança de uniforme para tons mais suaves e próximos à população e;
Implantação da doutrina de Polícia Comunitária, reconquistando a confiança do cidadão que vê
nessa Força, o compromisso com a causa pública.
O momento é de otimismo e a perspectiva é a de transformarmos com a sua ajuda aluno, essa
Instituição, sem perdermos de vista que “Nós, policiais militares, sob a proteção de Deus,

estamos compromissados com a defesa da vida, da integridade física e da dignidade da pessoa


humana”.

A ATUAÇÃO DA PMESP DURANTE A COPA FIFA 2014 E OS JOGOS OLÍMPICOS RIO 2016

A operação COPA 2014, foi um dos marcos deste início de século.


Distribuídos por quarenta pontos específicos da capital paulista a partir do dia 20 de maio de
2014, o efetivo responsabilizou-se pela segurança de Hoteis, centros de treinamento, áreas de
festas, estacoes de trem e metrô, além de vias consideradas alvos potenciais durante o período de
desenvolvimento da copa do mundo.
O efetivo utilizado foi de 4.265 policiais militares, distribuídos em 3 Batalhões Copa, na seguinte
conformidade de planejamento estratégico:
1º Batalhão Copa com 735 policiais militares teve por área, a Arena Corinthians;
2º Batalhão Copa com 2.600 policiais teve por área a FIFA FAN FEST, eventos promocionais da
Federação Internacional de Futebol no Vale do Anhangabaú, Public Views e shows relacionados
ao evento, organizados e promovidos pela Prefeitura Municipal de São Paulo;
3º Batalhão Copa com 930 policiais militares, teve por área os prédios e entorno dos hotéis da
família FIFA, além dos prédios e entorno das estações de trem e metrô da cidade.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, Euclides, CAMARA, Hely Fernandes. A Força Pública de São Paulo – esboço
histórico 1831-1931. São Paulo: Sociedade impressora paulista, 1982.

ARRUDA, Luiz Eduardo Pesce de. Polícia Militar: uma crônica. vol. 13. São Paulo: A Força
Policial, 2010.

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2004.

MORAES, Waldir Rodrigues de. Antigas corporações policiais. São Paulo: A Força Policial,
2004.

TELHADA, Paulo Adriano Lopes Lucinda. Quartel da Luz Mansão da Rota – histórias do
Batalhão Tobias de Aguiar. São Paulo: Just, 2011.

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