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EDITORA
CONSELHO CONSULTIVO
PARECERISTAS
Antônio de Almeida (INHIS/UFU) . Carlos Henrique de Carvalho (FACED/UFU). Cláudia C. Guerra (UNIMINAS/ESAMC)
Cristiane da Silveira (ESEBA/UFU). Edmar Henrique D. Davi (UNIMINAS/ESAMC). Eliane S. Ferreira (DECIS/UFU)
Gizelda Costa da Silva Simonini (UNIPAC) . Ivanilda Aparecida Andrade Junqueira (CDHIS/UFU)
Jeanne Silva (INHIS/UFU). João Francisco Natal Greco (FUCAMP). Luciana Lilian de Miranda (INHIS/UFU)
Luziano Macedo Pinto (UNIMINAS). Maria Cristina Nunes F. Neto (PUC/GO) . Marileusa A. Reducino (ESEBA)
Marcos Henrique Silva (Museu Municipal UDI) . Mônica Chaves Abdala (DECIS/UFU) . Newton Dângelo (INHIS/UFU)
Paulo Roberto de Oliveira Santos (UNITRI) . Regma Maria dos Santos (UFGO) . Sandra Cristina F. Lima (FACED/UFU)
Silma do Carmo Nunes (UNIPAC/FCU) . Thiago André Rodrigues Leite (FUCAMP) . Valdeci Rezende Borges (UFGO)
Valéria Maria de Queiroz Cavalcante (Arquivo Municipal UDI) . Vânia Aparecida Martins Bernardes (FCU)
Wenceslau Gonçalves Neto (INHIS/UFU) . Wilma de Jesus (Faculdade Católica Uberlândia)
PERIODICIDADE: Semestral
Editorial ...................................................................................................................................... 7
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Centro de Documentação e Pesquisa em História: Possibilidades de estágio ................ 2 6
Sérgio Daniel Nasser
K ARTIGOS J
K TRADUÇÃO J
Em seu 18º ano de publicação a revista Cadernos IPHAN nos anos de 1930: Identidade Nacional e
de Pesquisa do CDHIS afirma-se como veículo de Preservação do Patrimônio, de Simonne Teixeira e
disseminação do conhecimento, alargando os espaços Silviane de Souza Vieira; a seção se encerra com o
de discussões acadêmicas e de fomento à pesquisa e à relato de experiências de um estudante de graduação
extensão. Com a ampliação da equipe de pareceristas em História que fez estágio no CDHIS – Centro de
– com abrangência de saberes quanto a áreas Documentação e Pesquisa em História: possibilidades
disciplinares e quanto a objetos de estudo – foi possível de estágio, de Sérgio Daniel Nasser – em que se
alargar a cobertura temática da revista, conferindo destaca a importância dessa vivência acadêmica
maior densidade a cada número publicado. para a formação do historiador.
Em 2005 optamos ainda pela produção de um Na segunda seção encontram-se quatorze artigos
único número especial em vez dos dois números com temáticas variadas que indicam uma
ordinários. É que desde o número anterior vem sendo performance do atual estado da arte das Ciências
atribuído à revista um novo formato, com produção Humanas. Estórias, Histórias, Política, Direito,
de artigos maiores e mais consistentes do ponto de Folclore, Literatura, Cultura, Gênero, Reforma
vista teórico, para adequar-se aos critérios de Agrária, Metodologia e Arte alimentam a reflexão e
publicação estabelecidos pela Editora da a análise de temas importantes que se somam na
Universidade Federal de Uberlândia. A partir de busca de compreensão do humano em sua dimensão
2006 voltaremos à periodicidade regular semestral. plural. O periódico estimula a divulgação da
Embora a revista tenha sido condensada numa produção acadêmica com abordagem
única edição em 2005, a publicação estará interdisciplinar, fomentando uma rica
disponível apenas em 2006, em decorrência das promiscuidade intelectual. Observa-se também que
greves dos técnicos-administrativos e dos docentes os artigos fazem incursão em temporalidades e
das universidades federais, que inviabilizaram os espaços distintos. As experiências do passado
serviços gráficos até o final do ano anterior. O constituem ricos filões para a análise da experiência
Conselho Editorial desculpa-se com os/as leitores/as humana do presente e revelam a amplitude da
por este contratempo e compromete-se a empenhar disseminação da chamada cultura ocidental.
esforços para atualizar a revista a partir de 2006, O primeiro diz respeito ao século I em Roma,
com a publicação semestral. projetando-se no passado da filosofia política grega
Nesta edição a revista se divide em quatro seções. clássica – O De Clementia como Reflexo do Soberano
Na primeira, Arquivo, Documento e Memória Ideal, de Marilena Vizentin; os três artigos
destacam-se três interessantes abordagens que se subseqüentes analisam temas dos séculos XVIII e XIX,
propõem a refletir sobre memória, história e no Brasil – A Reverberação da Revolta de Vila Rica de
preservação. Esta tríade de artigos é extremamente 1720: “... à custa do sangue, vida e despesas das
cara ao CDHIS, uma vez que o mesmo foi criado com fazendas...”, de Carlos Leonardo Kelmer Mathias;
um escopo precípuo: ser guardião da memória social. Doença ou Feitiço? O Patológico e o Sobrenatural nas
Estes artigos abordam diferentemente o tema Gerais do Século XVIII, de André Nogueira; Arte &
segundo ângulos distintos. O primeiro diz respeito à História: a Concepção de Arte no Oitocentos e a sua
formação acadêmica na área da preservação do Relação com a Cultura Histórica, de Isis Pimentel de
patrimônio – Qual é o lugar da memória? Reflexões Castro. O século XX é tratado no artigo, Paz e Amor
sobre a produção acadêmica do Centro de Ciências do na Era de Aquário: a Contracultura nos Estados
Homem e sua Preservação, de Simone Teixeira; outro Unidos, por Neliane Maria Ferreira.
apresenta uma análise conceitual e histórica sobre Os demais artigos da seção tratam de
a relação entre preservação da memória social e procedimentos teóricos e metodológicos da pesquisa
identidade nacional – Campos dos Goytacazes e o acadêmica e de experiências histórico-político-
culturais e sociológicas no Brasil no século XX: leitores/as revelando mazelas, mistérios e saberes
Epistemologia Social e Metodologia: Survey, sobre diversas cidades brasileiras: Catalão/GO,
Comparação e Estudo de Caso, de João Batista Macaé/RJ, Rio de Janeiro/RJ, Prata/MG, Brasília/
Domingues Filho; A Estória Contra a História, de DF e Uberlândia /MG.
Maryllu de Oliveira Caixeta; A Relação da Ciência As transformações no traçado das cidades, a
Histórica e do Direito. Implicações e Distanciamentos desfiguração do campo na sua relação com o urbano,
na Formulação dos Conceitos de Verdade, Política e a estética e a cultura urbanas, a modernidade, o
Justiça, de Jeanne Silva; A Mulher no Horário turismo e o sexo, a política, a violência, a arte e os
Eleitoral: Análise da Propaganda Eleitoral Gratuita espaços públicos, a loucura e as relações de poder,
Televisiva das Eleições Presidenciais de 2002, de são assuntos que perpassam pelas ruas, becos e cantos
Evelyn Soares Valente; Territorialidade: a Partir do das cidades contempladas. Compondo cenários no
Saber Popular do Geraizeiro do Município de Mirabela imaginário do leitor, as personagens que transitam
no Norte de Minas Gerais de Amanda Maria Soares nesses espaços interferem, inferem e se comunicam
Oliveira e Marta Maria Rodrigues Barbosa; em diferentes esferas; modificam, convencem,
Uberlândia: Impasses da Reforma Agrária de impõem-se sobre a geografia da cidade e seus limites
Elisângela Magela Oliveira; O Folclorista Mário de e traçam infinitas histórias.
Andrade e o Paradigma Macunaímico de Ricardo Luiz Convidamos o/a leitor/a a descobrir, ele/ela
de Souza; Arte: o Desprazer Prazeroso, de Elza próprio/a, por meio da leitura dos artigos, a
Ferreira Santos; Cômicos dell’Arte – Profissionais da diversidade de temas, abordagens e acontecimentos
Cena, de Frederck Magalhães Hunzicker. reveladores da vida urbana brasileira e, em especial,
A terceira parte da publicação traz a tradução a multiplicidade da pesquisa acadêmica sobre a
de um texto do sociólogo e economista Thorstein cidade de Uberlândia.
Veblen, traduzido por Wilson C. L. Silva – A Guerra, É neste quadro de discussão teórica e metodológica
o Ensino e a Pesquisa – sobre o ambiente científico e que cada escrito se apresenta como único. Gestado
acadêmico no pós I Guerra na Alemanha e nos por mentes inquietas, reflexivas e questionadoras,
Estados Unidos. cada artigo revela leitura, pesquisa e análise.
O dossiê Cultura e Cidade: Práticas Sociais e Fecundado por opções teóricas e metodológicas
Representações, quarta seção da revista, é um diversificadas, os/as autores/as aqui presentes
convite a adentrar no imaginário e no cotidiano da brindam o público leitor com uma agradável e
cidade. Dezessete artigos desfilam perante os/as surpreendente leitura.
Comitê Editorial
S E S S Ã O
Simone Teixeira
PhD em Filosofia e Letras (História) pela Universitat Autònoma de Barcelona – Espanha; Professora do Programa de Pós-
Graduação em Políticas Sociais do Centro de Ciências do Homem da Universidade Estadual do Norte Fluminense - PPGPS/
CCH/UENF.
Jailse Vasconcelos
Graduada em História pela Faculdade de Filosofia de Campos dos Goytacazes, aluna especial do PPGPS/UENF.
Mestrando do Curso de Pós-Graduação em Políticas Sociais da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro
Graduada em História pela Faculdade de Filosofia de Campos dos Goytacazes, aluna especial do PPGPS/UENF.
Resumo Abstract
Este artigo se propõe a analisar, a partir do foco da In this work, the academic production of two
História Regional e da Memória, a produção courses at the “Centro de Ciências do Homem” of
acadêmica de dois cursos do Centro de Ciências do the “Universidade Estadual do Norte Fluminense
Homem da Universidade Estadual do Norte Darcy Ribeiro” are investigated for their value to
Fluminense Darcy Ribeiro, bem como a necessidade the regional history and memory. The need for
de procedimentos para o devido arquivamento, adequate preservation and proceedings for easy
preservação e socialização dessas produções. public access are also discussed.
Palavras-Chave: Memória, História Regional, Key-Works: Memory, Local History, University.
Universidade.
“A memória coletiva não é somente uma conquista, Ciências Sociais e da pós-graduação em Políticas
é também um instrumento e um objectivo de Sociais, ambos, cursos do Centro de Ciências do
poder.” Homem (CCH), da Universidade Estadual do Norte
Le Goff Fluminense Darcy Ribeiro, com base nas discussões
surgidas em sala de aula. Nesta disciplina pretende-
No decurso do semestre 2005/1 da disciplina se, por um lado, discutir os fundamentos da História
História & Memória, nos propusemos, professora e Regional, com destaque para a problemática das
alunos, a realizar um trabalho de pesquisa sobre a fontes documentais (textuais, arqueológicas, orais e
produção acadêmica do curso de graduação de iconográficas), enfatizando a produção e o uso desta
1
MILANESI, Luiz (1986):. Ordenar para desordenar. Centros de 2
CARVALHO, Kátia de (1994): “A Biblioteca e a comunidade”. In:
cultura e bibliotecas públicas. São Paulo: Brasiliense. Anais do INFOARTE - Seminário brasileiro para a dinamização
comunitária de acervos documentais de arte.
Mestre em Políticas Sociais e Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro
(UENF), integrando atualmente um projeto de extensão na área de Educação Patrimonial nesta universidade.
Simonne Teixeira
PhD em Filosofia e Letras (História) pela Universitat Autònoma de Barcelona, professora da Universidade Estadual do
Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF). Desenvolve pesquisas na área de Memória, Patrimônio e Política Cultural.
Resumo Abstract
O presente trabalho aborda a relação entre a The present work approaches the relationship
identidade nacional e a preservação do between national identity and patrimony
patrimônio, a partir da análise dos tombamentos preservation related to the real state in the city of
efetuados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Campos do Goytacazes/RJ. It was done an analysis
Artístico Nacional (IPHAN), nos anos de 1930, of the buildings which were registered by the
referentes a bens imóveis na cidade de Campos dos Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Goytacazes/RJ. (IPHAN) in the 1930s.
Palavras-chave: Patrimônio Cultural, Proteção, Keywords: National Identity, Preservation,
Campos dos Goytacazes Patrimony.
Este artigo trata a relação entre a identidade afirmação dos Estados nascentes, constituindo
nacional e a preservação do patrimônio a partir de pedras para fundamentar seus alicerces.
uma análise da prática do tombamento levada a O patrimônio desempenha um papel histórico em
cabo pelo Instituto do Patrimônio Histórico e relação ao conceito de nação, sendo “um elemento
Artístico Nacional (IPHAN). O foco principal são os que serve para construir ou para fundar o vínculo
processos que tramitaram neste Instituto, abertos social” 1 . A proteção de determinados imóveis,
nos anos de 1930 referentes aos bens imóveis da enquanto monumentos históricos, implica em uma
cidade de Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de seleção, uma delimitação destes porque são
Janeiro. Os dados contidos nestes processos (175-T- manifestações da cultura e símbolos da nação a serem
38; 176-T-38; 177-T-38; 174-T-39) aliados a perpetuados. O que se prioriza neste momento é o
informações de outros documentos pertencentes ao valor nacional, “o sentimento de pertencimento a
arquivo do IPHAN, além de jornais locais, constituem uma comunidade, no caso, a nação”2.
a matéria prima deste trabalho. Mesmo com toda a evolução desta concepção de
Ao se falar em patrimônio, há um certo consenso patrimônio, com sua aproximação com a Indústria
em se afirmar o aparecimento da noção de Cultural, com a fragmentação das identidades
patrimônio histórico ou cultural em fins do século dentro das tendências globalizantes da vida
XVIII, particularmente a partir da Revolução moderna, é certo que a função agregadora ainda
Francesa. O patrimônio neste momento servia à permanece.
“deixa transparecer a crença moderna de que era “Constitui o patrimônio histórico e artístico
o Estado o lugar da renovação e da vanguarda nacional o conjunto dos bens móveis e imóveis
Ano do
Imóvel Início Descrição
tombamento
A demora na finalização do processo pode ruas mais amplas, a exemplo das grandes cidades.
representar as dificuldades que o IPHAN enfrentava Demonstrava-se alívio no fato de velhos e grandes
em seu funcionamento inicial. As ações deveriam casarões que ocupavam o centro da cidade estarem
ser rápidas para compensar a ausência anterior de desaparecendo: “Sobrados masthodonticos, prédios
um órgão de preservação — nascido atrasado em altos, beiras de telha ostentando ainda por cima os
relação a muitos países — mas os recursos, de diversa clássicos sótãos reflectindo um tempo colonial que já
natureza, eram escassos. não deve sobreviver. Felizmente tudo passou. E
Nos processos, revela-se também a estrutura do Campos se moderniza”14.
Instituto à época. As ações se davam de forma bem Os campistas não estavam alheios ao advento do
mais simples que nos dias atuais, e estavam bastante Estado Novo, tanto que a passagem do presidente
centradas em seus dirigentes e nos poucos Getúlio Vargas pelo município foi motivo de grande
funcionários. Nos processos a partir dos anos de 1970 entusiasmo. Pode-se dizer que a cidade também
aparecem informações muito mais detalhadas, as buscava se apresentar de forma nova. As
justificativas para o pedido de tombamento são mais construções, em número cada vez crescente, e tudo
explicitadas e detalhadas. o que contribuísse para dar novos ares ao espaço
Para fazer um contraponto, é interessante urbano eram vistos com bons olhos. As edificações
observar a realidade da cidade de Campos neste em estilo art déco, características deste período
momento de surgimento do IPHAN e de início das brasileiro, começaram a ocupar o centro de Campos.
ações de preservação. No ano de 1936, quando Constantemente, nos jornais, aparecia uma
começa a se esboçar o que viria a ser o IPHAN, preocupação com a estética do espaço: iluminação,
informações obtidas na imprensa campista revelam limpeza, estado dos parques e jardins, ruas arejadas
uma preocupação constante com o progresso urbano e construções modernas. As transformações
da cidade. As grandes propriedades dentro do iniciadas na virada do século XIX para o XX,
perímetro urbano eram em número cada vez menor, seguindo os ideais da modernidade, eram cada vez
pois estavam sendo divididas para dar lugar a novas mais necessárias e neste período não seria diferente.
construções que vinham atender as necessidades de Em 1937 dá-se prosseguimento a estas diretrizes,
uma cidade que trilhava “a senda do progresso”. Por a municipalidade tinha a intenção de remodelar o
outro lado, a cidade também passava a contar com espaço urbano. Argumentava-se na época:
Notas
*
Este artigo apresenta parte das reflexões contidas na dissertação Andrade, importante escritor brasileiro, em que a concepção de
de mestrado “O tombamento como prática social: a atuação do patrimônio pode ser considerada deveras avançada para seu
IPHAN em Campos dos Goytacazes”, defendida no ano de 2003, no tempo. Era uma noção que se aproximava da concepção
Programa de Mestrado em Políticas Sociais / Universidade antropológica de cultura e uma preocupação de abarcar valores
Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF). mais populares juntamente com os mais eruditos. De qualquer
1
Bourdin, Alain. Patrimônio: passado e presente. Rio de Janeiro: forma, o contexto, sobretudo político, não era favorável à criação
IUPERJ/SBI, 1987. p.3 de uma instituição nestes moldes, fato que o próprio Mario de
2
Fonseca, Mª Cecília Londres. O Patrimônio em Processo: trajetória Andrade em algum momento reconheceu.
da política federal de preservação no Brasil. Rio de Janeiro: 7
http://www.iphan.gov.br/legislac/legisla.htm
UFRJ/IPHAN, 1997. p.31 8
Carvalho, José dos Santos. Tombamento. In: Manual de Direito
3
D’Araujo, Mª Celina. Apresentação. In: D’Araújo, Mª Celina Administrativo. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1997. pp.
(org.). As instituições brasileiras na Era Vargas. Rio de Janeiro: 435,441,442
Ed. UERJ/FGV, 1999. p.1 9
“O vocábulo tombamento é de origem antiga e provém do verbo
4
Oliveira, Lucia Lippi. Vargas, os intelectuais e as raízes da ordem. tombar, que no direito português tem o sentido de inventariar,
In: D’Araújo, Mª Celina (org.). As instituições brasileiras na Era registrar ou inscrever bens. O inventário dos bens era feito no
Vargas. Rio de Janeiro: Ed. UERJ/FGV, 1999. p.84 Livro do Tombo, o qual assim se denominava porque guardado na
5
Cavalcanti, Lauro. Modernistas, arquitetura e patrimônio. In: Torre do Tombo. Neste local ficam depositados os arquivos de
D’Araújo, Mª Celina (org.). As instituições brasileiras na Era Portugal. Por extensão semântica, o termo passou a representar
Vargas. Rio de Janeiro: Ed. UERJ/FGV, 1999. p.182 todo registro indicativo de bens sob a proteção especial do Poder
6
Antes deste, havia sido formulado um anteprojeto por Mário de Público” Carvalho, José dos Santos. Op. Cit. p.435
Resumo Abstract
Este é um relato que visa socializar as experiências This is a report about the experiences of my
realizadas durante o meu período de estágio no training period at CDHIS – Centro de
CDHIS – Centro de Documentação e Pesquisa em Documentação e Pesquisa em História. A reflection
História – refletindo sobre a importância desse about the importance of this kind of
tipo de estágio na formação do estudante de apprenticeship on the continuing studies of a
História. student of history is presented.
Palavras chave: Experiência, Estágio, Formação. Keywords: Experience, Training Period,
Continuing Studies.
Este é um relato da minha experiência de estágio para o planejamento de projetos mais longos,
no Centro de Documentação e Pesquisa em História favorecendo a formação do estudante e o serviço
– CDHIS - da Universidade Federal de Uberlândia. prestado.
Relatar essa experiência é muito instigante, pois Neste sentido, os últimos dois anos de estágio
ainda tenho um contato muito forte com o Centro de foram os mais importantes, pois participei de
Documentação, seja através de projetos de extensão maneira intensa das diversas atividades oferecidas
que estão em andamento ou pelas pesquisas do curso pelo CDHIS. Além de estagiar nos setores de
de História. Preservação e Restauro, Arquivo e Publicações, pude
Meu primeiro contato com o CDHIS foi logo no também participar de projetos de extensão como o
início do curso. Entre as comemorações da semana Encontro dos Professores de História do Triângulo
do calouro em 2001, o Centro de Documentação foi Mineiro, o projeto de construção de um livro didático
apresentado aos alunos ingressantes, possibilitando sobre a História local Tempo Espaço Vivências:
conhecer superficial-mente suas possibilidades de Construindo História(s) de Uberlândia, Exposições e
pesquisa e estágio. outros eventos promovidos pelo órgão.
Assim, logo no primeiro semestre no curso de A experiência de trabalhar nos diversos setores
História, ingressei como estagiário voluntário no permitiu-me conhecer de maneira ampla as
CDHIS, trabalhando por quatro meses. Voltei ao possibilidades que oferece o Centro de Documentação,
CDHIS no primeiro semestre de 2003, dessa vez como tanto para o estágio quanto para a pesquisa. Essa
monitor, vindo a tornar-me estagiário remunerado experiência foi (tem sido) muito enriquecedora para
no semestre seguinte. minha formação enquanto historiador, podendo ser
O estágio remunerado é importante por dois ampliada para contemplar mais alunos dos cursos
motivos principais: primeiro, possibilita que alunos de História que, infelizmente, muitas vezes, se
menos favorecidos permaneçam na Universidade, formam sem ao menos conhecer o local.
conseguindo arcar com o mínimo possível das A vivência no CDHIS, atrelada às discussões sobre
despesas para sua formação; segundo, porque cria arquivo, restauro e preservação, ajudaram-me a
um vínculo com o local de estágio, fato que contribui compreender a importância do Patrimônio Cultural,
Notas
1
HORTA, Maria de Lourdes Parreiras. Patrimônio Cultural e 3
Um outro ponto que carece aos cursos de História e a
Cidadania. (Mimeo), p. 20. Universidade Federal de Uberlândia é a extensão, que
2
Alguns professores têm estimulado atividades de pesquisa no geralmente é descartada em nome do ensino e pesquisa.
CDHIS, principalmente nos primeiros períodos do curso. Essa 4
OLIVEIRA, Daíse Apparecida. Arquivo e Documento. In: Revista
prática deve aumentar nos próximos anos, pois os cursos de memória e ação cultural. Departamento do Patrimônio de
História estão passando por uma reformulação curricular, que História, São Paulo, 1991, p. 113.
pode vir a intensificar a relação alunos/ CDHIS.
Referências
HORTA, Maria de Lourdes Parreiras. Patrimônio Cultural e OLIVEIRA, Daíse Apparecida. Arquivo e Documento. In: Revista
Cidadania. (Mimeo). memória e ação cultural. Departamento do Patrimônio de
História, São Paulo, 1991.
Artigos
O De Clementia como Reflexo do Soberano Ideal*
Marilena Vizentin
Mestre em História pela FFLCH-USP (2001). Atualmente é Editora Assistente da Editora da Universidade de São Paulo
Resumo Abstract
Este artigo circunscreve o tratado político- This article brings out a discussion about the
filosófico De Clementia (séc. I d. C.) de Sêneca no political-philosophical agreement ‘De Clementia’
interior do gênero “espelho de príncipes”, (1 st a.D.) by Sêneca. It is considered as pertaining
pertencente à tradição helênica que se desenvolve to the genre “Espelho de príncipes”, which belongs
a partir do século V a. C. visando demonstrar o to the Hellenic tradition that emerged in the 5 th
ajustamento desse gênero ao projeto estóico de century b.C. The work aims at demonstrating the
estabelecimento de um novo modelo de governo adjustment of that genre to the stoic project of the
ideal que se aplique às condições políticas do início establishment of a new and ideal government
do Principado de Nero. Dessa forma, Sêneca model that could be applied to the political
buscaria, nas concepções políticas monárquicas conditions in the beginning of Nero’s Principality.
helênicas e neste gênero, uma forma de suplantar In that way, Sêneca would look for a way to
o modelo imperial da época de Augusto, oferecendo supplant the imperial model of Augusto’s time in
um retrato das virtudes necessárias ao the monarchic political Hellenic conceptions and
governante ideal (justiça, moderação e in this genre. According to his theory he would
clemência), segundo a sua teoria, a Nero. offer Nero a picture of the necessary virtues for
Palavras-Chave: Tratado Político-Filosófico De the ideal ruler i.e. justice, moderation and mercy.
Clementia, Governo Ideal, Virtudes de Justiça e Keywords: Agreement, Government, Genre -
Moderação Model
O objetivo deste artigo é mostrar como a imagem principais temas giravam em torno do poder, do bom
do governante ideal é construída a partir da governo e da própria relação dos filósofos com essas
utilização de um gênero conhecido como “tratados questões. Na época das monarquias helenísticas
sobre a realeza” ou ainda “espelhos de príncipe” 1 . (século IV a.C.), esse tipo de reflexão tomou especial
Para tanto, será apresentado um panorama do relevância, pois é nessa época que se dá a fusão da
surgimento desse gênero e de suas principais cultura grega com as práticas orientais, o que, na
características, de modo a reunir elementos que prática política, significava a incorporação da noção
permitam caracterizar o De Clementia – tratado de uma monarquia absoluta, cujo governante se
político-filosófico escrito em meados do primeiro configura como um rei divinizado. Fundamentando-
século por Sêneca e endereçado ao imperador Nero – se, portanto, “no personalismo individualista e no
como um de seus exemplares. Tendo, então, isso em universalismo cosmopolita”, essa nova concepção
vista, poderemos observar como, por meio desse transfere os vínculos que uniam o homem à polis,
recurso, Sêneca procura estabelecer um novo para os vínculos do homem à figura do monarca.
modelo de governo e um novo perfil para o príncipe Isso acabou gerando uma certa “crise de identidade”,
romano. que os filósofos das cidades, em especial os estóicos,
Os teóricos do pensamento político antigo sempre procuraram resolver “adequando os conhecimentos
estiveram preocupados com o problema da que detinham com relação ao governo das cidades
justificação do poder político e, em vista disso, seus às necessidades da realidade política que viviam” 2.
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hellénistique. Geneva, Vandoeuvres, ago. 1985 (Entretiens sur grecques (331 av. J. C.-519 ap. J.C.), Paris, Fayard.
l’antiquité classique, XXXII) VEJA, M. J. H. de la. El Intelectual, la Realeza y el Poder Político en el
_____. Sénèque ou la conscience de l’empire. Paris, Fayard, 1978. Impero Roma-no. Salamanca, Universidad de Salamanca, 1995.
HERRMANN, L. “Encore le De Clementia”. REA, t. XXXVI, 1934, pp. 353- WARMINGTON, B. H. Nero. Reality and Legend. London, Chatto and
359. Windus, 1981.
JÓSSON, E. M. Le miroir. Naissance d’un genre littéraire, Paris, Les WICKERT, L. “Princeps (ciuitatis)”, R-E, nº 44, 1954, pp. 2222-2234.
Belles Lettres, 1990, p. 34. WINTON , R. I. e GARNSEY , P. (“Political Theory”. In M. Finley. The
Legacy of Greece. A New Appraisal. Oxford, Oxford University
Press, 1981.
Resumo Abstract
Trata-se de analisar a utilização dos serviços In this work we analyze the services done to
prestados na contenção da Revolta de Vila Rica de control the Revolta de Vila Rica in 1720, about
1720 na argumentação acerca da requisição de favor requisition. Observing some letters and
mercês. Observando o teor de algumas cartas demands, it becomes manifested that the
patentes e reivindicações, torna-se manifesta a appealing allegation of the services rendered to El-
recorrente alegação dos serviços prestados a El-Rei Rei was done to the costs of blood, life and farms of
aos custos do sangue, vida e fazenda dos súditos the vassals of Minas Gerais.
mineiros. Keywords: Revolta, Favors, Letter.
Palavras-chave: Revolta, Mercê, Negociação
Abreviaturas
AHU, Cons. Ultra.-Brasil/MG – Arquivo Histórico Ultramarino, APM, SC – Arquivo Público Mineiro, Seção Colonial
Conselho Ultramarino – Brasil/Minas Gerais
1
THOMAZ, Luiz Felipe F. R. De Ceuta a Timor. Lisboa: Difel, 1994, 16
Consoante Mafalda Soares da Cunha, além do Rei, a Casa de
pp. 6-29. Bragança possuía a excepcional prerrogativa de também poder
2
Idem, pp. 404-407. conferir nobreza existindo, então, uma certa equivalência entre
3
Cf. BARTLETT, Robert. The making of Europe. Princeton, os foros, as moradias, e os cargos palatinos da Casa de Bragança e
Princeton University Press, 1993. os da Casa Real. A principal vantagem retirada de tal
4
FRAGOSO, João, BICALHO, Maria F & GOUVÊA, Maria de Fátima prerrogativa foi o reforço da capacidade de atrair clientelas e
(orgs.). O Antigo Regime nos trópicos: a dinâmica imperial de consolidar honradamente essas mesmas dependências
portuguesa (séculos XVI – XVIII). Rio de Janeiro: Civilização pessoais. CUNHA, Mafalda Soares da. A Casa de Bragança, 1560-
Brasileira, 2001, p. 24. 1640: práticas senhoriais e redes clientelares. Lisboa: Editora
5
FRAGOSO, João; BICALHO, Maria Fernanda & GOUVÊA, Maria Estampa, 2000, pp. 26-27.
de Fátima. “Bases da materialidade e da Governabilidade no 17
GODINHO, Vitorino Magalhães. Estrutura da sociedade
Império: uma leitura do Brasil colonial”. Penélope, n 24, Lisboa, portuguesa. Lisboa: Arcádia, 1977, p. 79.
2000, p 77. 18
Agradeço ao professor doutor João Fragoso pela gentil indicação
6
Para o Rio de Janeiro cf. FRAGOSO, João. “A nobreza da do documento acerca de Coelho Coutinho.
República: notas sobre a formação da primeira elite senhorial 19
APM, SC 11, fl. 285. CARTA para Antônio Caetano Pinto Coelho.
do Rio de Janeiro (séculos XVI e XVII)”. In: Topoí: Revista de 20 dez. 1719.
História. Rio de Janeiro, vol. 1, 2000 e, para Pernambuco, ver 20
CAMPOS, Maria Verônica, op. cit., pp. 249-252.
MELLO, Evaldo Cabral de. Rubro veio: o imaginário da 21
APM, SC 11, fls. 189-189v. PARA Antônio Caetano Pinto Coelho
restauração pernambucana. Rio de Janeiro: Topbooks, 1997. capitão-mor da capitania de Nossa Senhora da Conceição de
7
FIGUEIREDO, Luciano. “O império em apuros: notas para o estudo Itanhaem. 18 jan. 1720.
das alterações ultramarinas e das práticas políticas no império 22
APM, SC 11, fl. 285v. CARTA para Antônio Caetano Pinto Coelho.
colonial português, séculos XVII e XVIII”. In: FURTADO, Júnia 22 jan. 1720.
(org.). Diálogos oceânicos: Minas Gerais e as novas abordagens 23
APM, SC 11, fls. 221-222v. PARA Antônio Caetano Pinto Coelho.
para uma história do Império Ultramarino Português. Belo 06 abr. 1720.
Horizonte: HUMANITAS, 2001, p. 237. 24
APM, SC 13, fl. 4. PARA o capitão-mor Antônio Caetano Pinto
8
CAMPOS, Maria Verônica. Governo de mineiros: “de como meter Coelho. 07 nov. 1720.
as Minas numa moenda e beber-lhe o caldo dourado” 1693 a 1737. 25
AHU, Cons. Ultra.-Brasil/MG, cx. 140, doc. 22. REQUERIMENTO
São Paulo: USP, FFLCH, 2002, pp. 265-268. (Tese de doutorado) de João Manuel Pinto Coelho Coutinho, fidalgo da Casa Real,
9
Ressalvo que em minha dissertação de mestrado identifiquei 154 solicitando sua nomeação no posto de capitão-mor regente e
sujeitos atuantes na revolta de Vila Rica, dos quais 27 eram intendente nas Minas da Campanha do Rio Verde. 26 mai. A795.
revoltosos diretos, 30 eram revoltosos indiretos, 93 não eram 26
Cf., por exemplo, MELLO, Evaldo Cabral de. O nome e o sangue:
revoltosos e para 4 não pude identificar sua condição na revolta. uma parábola familiar no Pernambuco colonial. Rio de Janeiro:
Cf. KELMER MATHIAS, Carlos Leonardo. Jogos de interesses e Topbooks, 2000, passim.
estratégias de ação no contexto da revolta mineira de Vila Rica, 27
Cf. BARTH, Fredrik. Process and form in social life: selected
c. 1709 – c. 1736. Rio de Janeiro: PPGHIS, 2005 (dissertação de essays of Fredrik Barth. Vol 1. London: Routledge & kegan Paul,
mestrado). 1981. Por valor entenda-se como “um padrão detido pelos atores
10
AHU, Cons. Ultra.-Brasil/MG, cx. 14, doc. 67. REQUERIMENTO que afeta seus comportamentos por orientar suas escolhas (...)
de Sebastião Barbosa Prado, solicitando a mercê da concessão do refere-se a um padrão de avaliação para o que as pessoas querem
Hábito da Ordem de Cristo, pelos muitos serviços prestados em ter e ser“ (grifos do autor). pp. 91-92. Barth trabalha com “uma
Minas Gerais. 23 jul. A729. teoria mais orientada para os atores, mais próxima do que
11
AHU, Cons. Ultra.-Brasil/MG, cx. 2, doc. 110. Carta régia para D. realmente acontece entre as pessoas”. BARTH, Fredrik. O guru,
Lourenço de Almeida, governador e capitão-geral de Minas, o iniciador e outras variações antropológicas, Rio de Janeiro,
ordenando-lhe agradecesse penhoradamente as pessoas que se Contra Capa, 2000, pp. 205-209.
haviam distinguido na contenção dos motins havidos em Minas. 28
ROSENTAL, Paul-André. “Construir o ‘macro’ pelo ‘micro’:
A margem: a resposta do governador. Lisboa, 26 mar. 1721. Fredrik Barth e a ‘microstoria’”. In: REVEL, Jacques (org.). Jogos
12
APM, SC 09, fl. 73. CARTA patente passada a Henrique Lopes de de escalas: a experiência da microanálise. Rio de Janeiro: FGV,
Araújo. 23 dez. 1713. 1998, p. 159.
13
APM, SC 09, fl. 20. CARTA passada a Henrique Lopes de Araújo. 06 29
LIMA JÚNIOR, Henrique Espada. Microstoria: escalas, indícios
abr. 1714. e singularidades. Campinas: UNICAMP, IFCH,1999, pp. 259-260.
14
TRANSCRIÇÃO da segunda parte do Códice 23 Seção Colonial - (tese de doutorado) [Grifos do autor]. Cf. também LEVI, Giovanni.
Registro de alvarás, cartas, ordens régias e cartas do governador A herança imaterial. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2000;
ao Rei - 1721-1731. Revista do Arquivo Público Mineiro. Ano LEVI, Giovanni. “Comportamentos, recursos, processos antes da
XXXI, 1980, pp. 87-88. [Grifos meus]. ‘revolução’ de consumo”. In: REVEL, Jacques. Jogos de escalas,
15
Em linhas gerais, essa concepção de ação político-administrativa op. cit., pp. 203-225.
correspondia a uma forma de administração cujos objetivos 30
MELLO, Evaldo Cabral de. Rubro veio..., op. cit., passim.
principais, além de prezar pela paz, consistiam na salvaguarda, 31
CUNHA, Mafalda Soares da, op. cit., p. 59. [Grifos meus]
pelo Rei, dos direitos adquiridos por seus súditos. Tal paradigma 32
“RELAÇÃO de um morador de Mariana e de algumas coisas mais
limitava fortemente a capacidade de ação da Coroa, uma vez que memoráveis sucedidas”. In: CÓDICE Costa Matoso. Belo Horizonte:
as decisões régias tinham de possuir parecer do tribunal Fundação João Pinheiro, vol, 1999. Coordenação-geral de Luciano
competente, sem o qual podiam ser impugnadas. Assim sendo, o Raposo de Almeida Figueiredo e Maria Verônica Campos, p. 209.
fim último da atuação régia deveria ser o de manter a justiça, o 33
CAMPOS, Maria Verônica, op. cit., pp. 260-319 e BOXE, Charles. A
equilíbrio das instituições e poderes. HESPANHA, Antônio M. idade de ouro do Brasil: dores de crescimento de uma sociedade
As vésperas do Leviathan: instituições e poder político. colonial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000, pp. 228-230.
Portugal – século XVII. Coimbra: Almedina, 1994, pp. 227-294.
BARTLETT, Robert. The making of Europe. Princeton, Princeton da materialidade e da Governabilidade no Império: uma leitura
University Press, 1993. do Brasil colonial”. Penélope, n 24, Lisboa, 2000, pp. 67-88.
BARTH, Fredrik. O guru, o iniciador e outras variações GODINHO, Vitorino Magalhães. Estrutura da sociedade
antropológicas, Rio de Janeiro, Contra Capa, 2000. portuguesa. Lisboa: Arcádia, 1977.
_______. Process and form in social life: selected essays of Fredrik HESPANHA, Antônio M. As vésperas do Leviathan: instituições e
Barth. Vol 1. London: Routledge & kegan Paul, 1981. poder político. Portugal – século XVII. Coimbra: Almedina, 1994.
BOXER, Charles R. A idade de ouro do Brasil: dores de crescimento KELMER MATHIAS, Carlos Leonardo. Jogos de interesses e
de uma sociedade colonial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. estratégias de ação no contexto da revolta mineira de Vila Rica,
CAMPOS, Maria Verônica. Governo de mineiros: “de como meter as c. 1709 – c. 1736. Rio de Janeiro: PPGHIS, 2005 (dissertação de
Minas numa moenda e beber-lhe o caldo dourado” 1693 a 1737. mestrado).
São Paulo: USP, FFLCH, 2002. (Tese de doutoramento). LEVI, Giovanni. A herança imaterial. Rio de Janeiro: Civilização
CUNHA, Mafalda Soares da. A Casa de Bragança, 1560-1640: práticas brasileira, 2000.
senhoriais e redes clientelares. Lisboa: Editora Estampa, 2000. _____. “Comportamentos, recursos, processos antes da ‘revolução’
FIGUEIREDO, Luciano. “O império em apuros: notas para o estudo de consumo”. In: REVEL, Jacques. Jogos de escalas: a experiência
das alterações ultramarinas e das práticas políticas no império da microanálise. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1998,
colonial português, séculos XVII e XVIII”. In: pp. 203-225.
FURTADO, Júnia (org.). Diálogos oceânicos: Minas Gerais e as LIMA JÚNIOR, Henrique Espada. Microstoria: escalas, indícios e
novas abordagens para uma história do Império Ultramarino singularidades. Campinas: UNICAMP, IFCH,1999. (tese de
Português. Belo Horizonte: HUMANITAS, 2001, p. 197-254. doutoramento)
FRAGOSO, João. “A nobreza da República: notas sobre a formação MELLO, Evaldo Cabral de. O nome e o sangue: uma parábola
da primeira elite senhorial do Rio de Janeiro (séculos XVI e familiar no Pernambuco colonial. Rio de Janeiro: Topbooks, 2000
XVII)”. In: Topoí: Revista de História. Rio de Janeiro, vol. 1, 2000, _______. Rubro veio: o imaginário da restauração pernambucana.
pp. 45-122. Rio de Janeiro: Topbooks, 1997.
_________, BICALHO, Maria F & GOUVÊA, Maria de Fátima (orgs.). ROSENTAL, Paul-André. “Construir o ‘macro’ pelo ‘micro’: Fredrik
O Antigo Regime nos trópicos: a dinâmica imperial portuguesa Barth e a ‘microstoria’”. In: REVEL, Jacques (org.). Jogos de
(séculos XVI – XVIII). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, escalas: a experiência da microanálise. Rio de Janeiro: FGV,
2001. 1998, pp. 151-173.
_________, BICALHO, Maria F & GOUVÊA, Maria de Fátima “Bases THOMAZ, Luiz Felipe F. R. De Ceuta a Timor. Lisboa: Difel, 1994.
André Nogueira
Resumo Abstract
Buscaremos nesse artigo analisar como nas Minas In this article we analyze how the notions of
do Século XVIII imiscuíam-se as noções de sorcery, disease and cure were mixed in the Minas
feitiçaria, doença e cura. Postura que embalava of the 18 th century. The practice was normal in
tanto os tratamentos oficiais quanto às ações dos official treatments as well as among the Africans
africanos e seus descendentes, não raro taxados e and their descendants who were usually repressed
reprimidos como feiticeiros em função dessas as sorcerers because of their practices.
práticas. Keywords: Sorcery, Practice, Cure, Disease
Palavras-chave: Feitiçaria, Práticas, Cura;
Doença
Manoel Borges, morador da freguesia de Santa como eram concebidas de modo absolutamente
Bárbara, ficando certa ocasião doente, contou com a imbricado nas Minas Gerais do século XVIII as noções
“ajuda” de sua sogra para experimentar tratamento de doença e feitiço, aproveitando também para
de saúde. Esta resolveu chamar um negro curador descrever morfologicamente algumas dessas
do Caeté que rezava umas tais palavras que ele não práticas de cura, que no mais das vezes,
percebia e que desta cura resultou ficar tolhido e nunca aproximavam imensamente as ações e saberes dos
mais poder trabalhar em seu ofício. As suspeitas de “curandeiros oficiais” (não raro, homens brancos
Manoel Borges acerca da má intenção de sua sogra licenciados) e dos “feiticeiros” africanos e seus
aumentavam à medida que esta vivia alcovitando descendentes.
homens para sua filha mulher dele testemunha1. A análise das devassas eclesiásticas 2 de fato
Nesta denúncia, apresentada na década de corrobora a afirmação de Laura de M. e Souza de que
sessenta do século XVIII, em uma das devassas os africanos e seus descendentes eram
eclesiásticas norteadas pelo bispado de Mariana, cuja indisputavelmente os principais curadores das
documentação encontra-se no Arquivo Eclesiástico Gerais setecentista3. Contudo, a forma com que estas
dessa cidade (AEAM), a suposta vítima, Manoel denúncias são apresentadas deixam uma patente
Borges, nitidamente atrela as brigas com sua sogra brecha para pensarmos na maneira ambígua na
às suspeitas de que a tentativa de cura, na verdade, qual esses agentes eram vistos por seus denunciantes
tratava-se da produção de (mais) um feitiço contra – a maioria branca e procedente de Portugal – e
ele, uma vez que o denunciante fazia questão de pelos aparelhos persecutórios da Igreja, estando tais
marcar o espaço do indefinido e do ameaçador na percepções impregnadas de filtros culturais, como nos
língua desconhecida em que o negro rezava, que para alerta o historiador italiano Carlo Ginzburg 4.
ele parecia não representar boa coisa. Nesta perspectiva, várias denúncias que
Tal caso pode servir como um interessante ponto envolviam práticas de cura encabeçadas por negros
de partida para tecermos algumas reflexões sobre e seus descendentes eram acompanhadas pela
Uma sentença de livramento proferida pelo Juízo ...e meterá o dedo maior da mão dentro do sêsso
Eclesiástico a favor do negro forro Domingos da Silva, [sic.] e devagar, porque algumas vezes o achará
no correr do ano de 1758, que se encontrava preso na bem apertado, outras nem tanto, e depois que o
cadeia de Ouro Preto por suas curas, novamente nos tiver dentro, o deixará estar por obra de uma
permite sublinhar tal aproximação de saberes e A v e - M a r i a 27.
justificativas atinentes aos tratamentos de saúde.
Domingos curava várias enfermidades que afirmava Para além do uso de orações, um outro aspecto
serem feitiços a base de ervas, purgas e banhos que encurta a distância entre o ilegal e o consentido
conforme algumas das testemunhas tinham contado. no tocante às ações, como sublinha Márcia Ribeiro,
A sentença favorável explicava que o Reo a alguns é a crença na eficácia da utilização de excretos
dos enfermos que curava dizia ser feitiços o que poderia corporais, como saliva, esperma, urina, muco nasal,
ter sido pois cirurgiões e médicos algumas vezes como substâncias terapêuticas, além de unhas, ossos
costumavam dizer quando as moléstias se mostram e cabelos, que eram pensados como elementos
rebeldes a todos os remédios nativos da medicina . 23
vitalizadores 28. Aqui também os tratados médicos
Notas
1
AEAM. Devassas Eclesiásticas 1767-1777 fl. 25. Devo esta 3
Laura de Mello e Souza. O diabo e a Terra de Santa Cruz: feitiçaria
indicação, além de várias outras que serão analisadas ao longo e religiosidade popular no Brasil colonial. São Paulo: Cia das
desse artigo à generosidade do professor Luciano Figueiredo, e, Letras, 1995. p. 165
desde já, explicito meus sinceros agradecimentos. 4
GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes. O cotidiano e as idéias
2
As devassas eclesiásticas funcionavam ao nível do bispado, de um moleiro perseguido pela Inquisição. São Paulo: Cia das
possuindo teoricamente uma periodicidade anual onde o bispo Letras, 1998. p. 25
– ou subordinado indicado – iria percorrer arraiais e freguesias 5
AEAM. Devassas Eclesiásticas1756-1757. fl. 197
a propósito de conhecer e punir os erros daquela comunidade 6
AEAM. Devassas Eclesiásticas1726-1743. fl. 23v. Os brancos
mediante um conjunto de delitos pré-estabelecidos em quarenta aparecem em âmbito geral apenas como curadores, ainda que
quesitos que eram perguntados a pessoas convocadas para contar reprimidos pela falta da licença estes não costumavam carregar
o que sabiam na mesa das devassas. Para a organização das mesmas, esse estigma negativo de serem feiticeiros, a guisa de exemplo
bem como a análise dos delitos apresentados e ações repressoras poderíamos mencionar o Termo de Culpa de Pedro Ramos, homem
conferir Luciano Figueiredo. Barrocas famílias. Vida familiar branco, por curar com palavras. AEAM. Devassas
em Minas Gerais no século XVIII. São Paulo: Hucitec, 1997. Eclesiásticas1752-1760. fl. 38.
Mestranda em História pelo Programa de Pós-Graduação em História Social (PPGHIS) da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Resumo Abstract
A pintura histórica alcançou no século XIX um Historical painting has conquered an important
importante lugar no projeto político do Segundo place in Second Reign’s political project in the 19 th
Reinado devido ao trabalho realizado por Araújo century due to Araújo Porto Alegre’s work, during
Porto Alegre, durante a Reforma Pedreira. Este the Reforma Pedreira. This artistic genre was
gênero artístico foi responsável pela formação de responsible for the formation of a national
uma memória nacional e mantinha um intenso memory and would maintain an intense dialogue
diálogo com a produção do Instituto Histórico e with the production of the Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro (IHGB). A pintura histórica Gográfico Brasileiro (IHGB). Historical painting
foi essencial na construção de uma identidade was essential in the construction of a Brazilian
nacional, porque através dela foi forjado um identity, because it allowed an epic and
passado épico e monumental onde toda a monumental past to be forged where people could
população pudesse se sentir representada nos feel represented in the glorious events of the
eventos gloriosos da história nacional. O trabalho national history. Porto Alegre’s work – being the
de Porto Alegre como crítico de arte e diretor da author a critic of art and director of the Academia
Academia Imperial de Belas Artes (AIBA) Imperial de Belas Artes (AIBA) – enabled the
possibilitou a visibilidade da pintura histórica visibility of historical painting and official
com seus pintores oficiais, Pedro Américo e Victor painters, Pedro Américo and Victor Meirelles.
Meirelles. Keywords : Historical Painting, National
Plavras-Chave: Pintura Histórica, Araújo Porto- Memory, National Identity.
Alegre, Arte Brasileira.
todas as artes têm dupla finalidade: devem ao A proposta de Porto-alegre visava dotar a arte
mesmo tempo agradar e instruir. Por essa razão, brasileira de uma identidade própria capaz de
acharam muitos dentre os maiores paisagistas fornecer uma imagem a um país recém
que se desincumbiriam apenas de metade das independente, baseado ao mesmo tempo no estilo
suas obrigações para com a arte, se deixassem as acadêmico com uma temática histórica. Este
suas paisagens sem nenhuma figura humana. projeto terá seu coroamento nas pinturas de Pedro
Américo e Victor Meirelles e seu apogeu na
Justamente por tratar diretamente dos grandes consagração pública e no debate crítico que teve
momentos da história da humanidade, a pintura como objeto as batalhas do Avaí e dos Guararapes.
histórica se configura como peça-chave da relação
entre a Academia Imperial de Belas Artes e o Império.
Sua narrativa era balizada por parâmetros Reforma Pedreira: o estímulo à produção
estabelecidos pelo Instituto Histórico. Tudo aquilo artística nacional
que ferisse os ideais de ordem e patriotismo, como
por exemplo, as revoltas regenciais, deveriam ser A Reforma Pedreira, decretada em 14 de maio de
apagadas da narrativa oficial. Somente seriam 1855, orientou as atividades da Academia de Belas
exaltados os grandes momentos históricos que Artes até a emergência da República, buscou
despertassem o patriotismo. harmonizar a instituição com o projeto civilizatório
As principais referências de pintura histórica são do Império por meio do estímulo à industrialização e
as telas de Victor Meirelles e Pedro Américo, artistas à construção de uma iconografia nacional. De acordo
que produziram num período em que a pintura de com os estatutos da reforma, cabia à Aiba:
história era uma das principais ferramentas na “promover o progresso das Artes no Brasil, combater
construção de uma identidade nacional. Porém, para os erros introduzidos em matéria de gosto, dar a todos
que esse gênero artístico alcançasse tal os artefatos da indústria nacional a conveniente
expressividade com as obras “A Primeira Missa no perfeição, e enfim, auxiliar o Governo em tão
Brasil”, de Victor Meirelles, ou, “Batalha do Avahy”, importante objeto” 4 .
de Pedro Américo, foi necessária uma iniciativa que A reestruturação do ensino artístico se integrava
colocasse em harmonia arte e história. Esse a uma ação mais ampla, que visava a reformulação
movimento das artes em direção a Clio foi posto em das instituições de ensino do país, chamada de
andamento por Araújo Porto-Alegre, tanto nos seus Reforma Couto Ferraz (SQUEFF, 2000). Esta, visava
trabalhos como crítico de arte, como na ocasião em difundir a instrução e criar mecanismos de
que foi diretor da Academia Imperial de Belas Artes. fiscalização das instituições de ensino existentes,
Sua compreensão de arte enquanto relação com além de unificar e centralizar a instrução nas mãos
a história fez com que no período em que foi diretor do governo central, de modo a adequar a nação
da Aiba, de 1854 a 1857, procurasse estimular a brasileira ao modelo de civilização européia por meio
produção de pintura histórica no Brasil. Somente da instrução pública. A difusão homogênea de
quando arte e história caminhassem juntas, seria valores e padrões de comportamento a partir de uma
possível criar um passado glorioso que conferisse ao única matriz, ditada pelo Estado, poria fim aos
Brasil seu lugar junto às nações civilizadas e “localismos” e serviria à consolidação de um
construir uma identidade nacional. A Reforma sentimento de identidade.
Pedreira foi um momento de esforço da Academia Porto-Alegre procurou adaptar a instituição aos
no sentido de revestir a arte de uma identidade progressos técnicos do oitocentos, aumentar a
nacional, cabia à pintura de história um lugar ascendência de professores brasileiros e criar uma
privilegiado nesse projeto, pois configurava-se como nova forma de expressão artística que correspondesse
Notas
1
PORTO-ALEGRE, Manuel de Araújo. Sobre a antiga escola de imaginação, ligados a temáticas populares. Com o advento de
pintura fluminense. Revista do Instituto Histórico e Geográfico movimentos como o Realismo, por exemplo, essa hierarquia é
Brasileiro, tomo III, Rio de Janeiro, 1841. invertida, e temas do cotidiano são valorizados.
2
Cf. BANN, Stephen. Romanticism and the rise of history. New York: 4
ESTATUTOS DA ACADEMIA DAS BELAS ARTES. Decreto nº1603
Twaine Publishers, 1995; GUIMARÃES, Manoel Luiz Salgado. A de 14 de maio de 1855. Dá novos estatutos à Academia das Belas
cultura histórica oitocentista: a constituição de uma memória Artes, Título IV, artigo 10.
disciplinar. In: PESAVENTO, Sandra Jatahy (org.). História Cultu- 5
I d e m , título VIII, art. 79.
ral: experiências de pesquisa. Porto Alegre: Editora UFRGS, 2003. 6
Idem, título IV, art. 56, §2; §3.
3
Em ordem decrescente a hierarquia dos gêneros de pintura 7
Idem, título V, seção XII, art. 45.
estava desta forma estabelecida: pintura histórica; pintura de 8
Carta de 8 de novembro de 1869. Arquivo histórico do Museu
paisagem, de retrato e de gênero; Temas oriundos da Imperial.
BORNHEIM, Gerd. Páginas de Filosofia da Arte. Rio de Janeiro: SALIBA, Elias Thomé. As imagens canônicas e o ensino de história.
UAPÊ, 1998. Sinopse. Revista de Cinema, São Paulo, nº.7, 2002.
DEBRET, Jean Baptiste. Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil. Belo SCHORSKE, Carl. E. Pensando com a História. Indagações na
Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1989. passagem para o modernismo. Tradução Pedro Maia Soares. São
DENIS, Rafael Cardoso. A Academia de Belas Artes e o ensino Paulo: Cia. das Letras, 2000.
técnico. In: 180 Anos da Escola de Belas Artes. Anais do Seminário SQUEFF, Letícia Coelho. A Reforma Pedreira na Academia de Belas
EBA 180. Rio de Janeiro: EBA/UFRJ, 1997, p. 127-146. Artes (1854-1857) e a constituição do espaço social do artista.
GALVÃO, Alfredo. Manuel de Araújo Porto-Alegre: sua influência Caderno CEDES. v.20, n.51, Nov. 2000. Disponível em <http://
na Academia Imperial de Belas Artes e no meio artístico do Rio www.scielo.br./scielo.phd?script=sci_arttext&pid=S0101-
de Janeiro. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 2622000000200008&Ing=nrm=isso&tlng=pt>. Acesso em: 19 jul.
Rio de Janeiro, nº 14, p. 19-120, 1959. 2004.
PORTO-ALEGRE, Manuel de Araújo. Santa Cruz dos militares. _________________. Quando a história reinventa a arte: A escola
Ostensor Brasileiro: jornal literário pictorial, Rio de Janeiro, de pintura fluminense. Rotunda, Campinas, ano 1, nº 1, p.19-31,
ano 1, nº 1, tomo 1, 1845. abril. 2003. Disponível em <http://www.iar.unicamp.br/
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oitocentista. Rio de Janeiro: Barroso Edições, 2002. anos da Escola de Belas Artes. Anais do Seminário EBA 180. Rio
de Janeiro: EBA/UFRJ, 1997. p. 237-242.
Resumo Abstract
O presente artigo analisa os movimentos The present article presents an analysis of the
constituintes da contracultura nos Estados Unidos, reaction against constituent movements of a
entre as décadas de 1950 e 1970, sob o referencial counter-culture in the United States, between the
de discussões feitas por Herbert Marcuse acerca da decades of 1950 and 1970, according to
Nova Esquerda americana. discussions by Herbert Marcuse about the New
Palavras-chave: História, Contracultura, American Left Wing Party.
Estados Unidos. Keywords: History, Counter-Culture, United States
Nota
1
No Brasil, a poesia beatnik inspirou músicas compostas por Cazuza, no início dos anos 1980.
Referências
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Editores, 1973. Janeiro: Jorge Zahar Editores, 1990.
NEWFIEL, J. Una Minoria Profética: La Nueva Izquierda
Norteamericana. Barcelona: Ediciones Martinez Roca S/A, 1969.
Resumo Abstract
Argumento sobre a possibilidade de explicação Idiscuss about the possibility of a scientific
científica do mundo social. A partir da explanation of the social world. From
epistemologia, trato dos principais problemas epistemology, Iapproach the main methodological
metodológicos contidos na explicação científica dos problems related to the scientific explanation of
fenômenos sociais. Procuro demonstrar que a the social phenomena. I try to demonstrate that
utilização das Técnicas de Pesquisa: método the use of research techniques such as:
comparativo, survey e estudo de caso são meios comparative method, survey and case study are
eficazes para a realização da pesquisa social. effective means for the accomplishment of social
Exploro, ainda, as dificuldades de produção de um research. I also explore the difficulties to produce
consenso epistemológico nas ciências sociais, dadas an epistemological consensus in social sciences,
as questões metodológicas antagônicas entre si: given the methodological antagonistic questions:
ação e estrutura (micro e macro) – fontes action and structure (micro and macro), which
permanente do dissenso. Por fim, o modelo are permanent sources of disagreement. Finally,
analítico da escolha racional surge como um the analytical model of rational choice emerges as
esforço teórico-metodológico de superação dessas a theoretical-methodological effort to surmount
antitéticas posições, as quais alimentam as those antithetic positions, which feed the
quizilas epistemológicas nas ciências sociais, epistemological fights in social sciences, impeding
impedindo o desenvolvimento da sua capacidade the development of its capacity of explanation.
explicativa. Keywords: Social Epistemology; Methodology and
Palavras-chave: Epistemologia Social; Metodologia Research Techniques; Social Research.
e Técnicas de Pesquisa; Pesquisa Social.
É no mundo europeu-ocidental que surgiu a Tudo isso é conhecido como a Revolução Científica.
ciência moderna em meados do século XVII. Esta Efetivamente: é o surgimento do paradigma teórico-
nova ótica sobre a realidade natural trouxe como medológico da Ciência Moderna. No século XIX este
fundamento da ciência a investigação sobre a modelo de racionalidade científica (como funcionam
causalidade física em negação à investigação das as coisas) se estende às ciências sociais, não sem
causas metafísicas. Metodologicamente, a grandes dificuldades epistemológicas que serão
observação (experimentação) e o estudo do fenômeno explicitadas mais adiante.
(empirismo racional e crítico) contra o estudo da Se esse paradigma legitima cientificamente a
coisa em si e juízo de substância. Deste modo, a explicação do fenômeno físico, o que pensar das
“verdade científica” é possível. A ciência moderna condições epistêmicas do fenômeno social? Há
criou a explicação do fenômeno físico, exterior ao distinção entre ciências naturais e ciências sociais?
mundo humano-subjetivo. Nasce, assim, a nova Qual estatuto epistemológico e metodológico da
idéia de ciência juntamente com a história moderna. ciência moderna do social? Existe o monopólio do
Notas
1
ELIAS, N. A Sociedade dos Indivíduos. Rio de Janeiro: Zahar, 1994, 12
BABBIE, E. Métodos de Pesquisa de Survey. Belo Horizonte:
p.84-5. Edufmg, 1999, p.86.
2
ELIAS, N. Introdução à Sociologia. Lisboa: Edições 70, 1980, p.47. 13
BABBIE, E. Idem, p.83.
3
ELIAS, N. (1994). Op.cit., 89. 14
PPOPER, K.(1978), op.cit.,p.13.
4
ELIAS, N. (1994) Op.cit., p.94. 15
REIS, F.W. “Análise Histórico-Comparada: ma alternativa para
5
POPPER, K. A Lógica da Pesquisa Científica. Rio de Janeiro: Tempo o estudo do desenvolvimento?”. Porto Alegre: Mimeo, nov., 1985,
Brasileiro; Edunb, 1978, p.15. p.4.
6
POPPER, K. (1978). Op.cit, p.27. 16
REIS, F.W.(1985) Idem, p.7.
7
POPPER. K. op.cit., p.29. 17
BOBBIO, N. Dicionário de Política. Brasília: Edunb, 1986, p.963-4.
8
POPPER, K. Conhecimento Objetivo. Belo Horizonte: Itatiaia, 18
REIS, F. W.(1985). Idem, p.12.
1999, p.146. 19
REIS, F. W. Ibidem, p.15.
9
POPPER, K. Idem, p.144. 20
PZEWORSKI, A.&TEUNE, H. The Logic of Comparative Social
10
ROSENBERG, M. A Lógica da Análise do Levantamento de Dados. Inquiry. New York: John Wiley, 1970. p.8, 23, 25. T.A.: “a meta de
São Paulo: Cultrix&Edusp, 1976, p.100. pesquisa comparativa é substituir nomes de variáveis para os
11
ROSEMBERG, M. Idem, p.98. nomes de sistemas sociais”. [De que modo isso ocorreria? Esses
Referências Bibliográficas
BABBIE, Earl. Métodos de Pesquisa de Survey. Belo Horizonte: POPPER, Karl. A Lógica da Pesquisa Científica. São Paulo. Cultrix;
Editora UFMG, 1999. EDUSP, 1975.
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1986. UNB, 1978.
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BOUDON, R. Efeitos Perversos e Ordem Social. Rio de Janeiro: 1999.
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ELIAS, Norberto. A Sociedade dos Indivíduos. Rio de Janeiro: Social Inquiry. New York: John Wiles, 1970.
Zahar, 1994. REIS, Fábio Wanderley. Política e Racionalidade. Belo Horizonte:
______________. Introdução à Sociologia. Lisboa: Edições 70, UFMG, 1984.
1980. __________________. “Análise Histórico-Comparada: Uma
LIJPHART, Arend. “Comparative poltcs and Comparative Method”. Alternativa para o Estudo do Desenvolvimento?”. Mimeo. Porto
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Ciências Sociais: A Esfera de um ‘Relatório Social’”. In: LIPSET, SãoPaulo: Cultrix&EDUSP, 1976.
Seymour M. Política e Ciências Sociais. Rio de janeiro: Zahar, 1972.
Resumo Abstract
Os prefácios de Tutaméia formam uma poética que the prefaces of Tutaméia constitute a poetic diction
exploraremos, principalmente no que diz respeito which we will investigate, especially in what it is
às relações da estória com a história, explicitadas concerned to the relation between ‘story’ and
no primeiro prefácio, que provocam polêmica nos ‘history’, elucidated in the first preface which is a
estudos que vêm sendo desenvolvidos sobre João point of controversy in the studies that have been
Guimarães Rosa. developed about João Guimarães Rosa.
Palavras-chave: Poética, Estória, História. Keywords: Poetry, Story, History.
sarcástico, mas a ironia apenas evita o “ Uma fé que nasce do vazio deixado pelas crenças
transbordamento da emoção, efetuado perfeita- antigas e que se alimenta, conjuntamente, da
mente por Rosa, quando trata-se de temas e questões consciência de nossa miséria e das geometrias da
difíceis. As angústias existenciais e a questão política, razão, é de couro resistente; fecha os olhos de
esta sutilmente embrenhada na poética dos teimosia tanto diante das incoerências de sua
prefácios, apresentam um cômico em que o leitor doutrina como diante das atrocidades de seus
pode deslumbrar “todos os matizes que vão da chefes 35
.
melancolia ao sofrimento e à dor” . A distinção é
30
assim apresentada por André Jolles: “A sátira O projeto moderno, fracassado ou não realizado,
destrói, a ironia ensina” . O cômico é a “disposição
31
chega a seu ocaso marcando o fim de uma era. Com
mental que gera o Chiste”32, de antemão disposto a a morte do mito revolucionário e sua “superstição
desfazer, desarticular, exigir adesão total do leitor/ totalitária”, “podemos agora refletir mais
ouvinte. Essa forma popular, anônima, é apropriada livremente sobre nossa tradição. (...) Qual pode ser
por Rosa, autor erudito que confere complexidade à a contribuição da poesia na reconstituição de um
função comunicativa, inclusiva do leitor (célula novo pensamento político? Não idéias e sim alguma
social) ao explicitar a importância do efeito explosivo coisa mais preciosa e frágil: a memória” 36 . O
da graça, da literatura. O jogo lingüístico resulta interesse pela “tradição poética da língua” reabilita
em formas cuidadosamente aprontadas, o que nossa memória histórica.
privilegia as leituras estruturalistas, aliás, de A memória a que o leitor tem acesso, no
grande importância. A linguagem proveniente da regionalismo rosiano, é a de um mundo fictício de
poética da estória centra-se em si mesma, sendo a verossimilhança própria. A memória projeta,
estória de domínio popular e contrária à segundo os interesses que orientam o sujeito que
historicidade. Mas nos prefácios o autor deixa-se recorda ou que lê, a imagem de ações realizáveis,
entrever em tom confessional. A reflexão a que o fictícias, que são a imagem de determinada
leitor é sadiamente convidado problematiza a tensão impressão do mundo. O narrador, e por trás dele o
das contradições com humor. autor, cria comprometendo personagens e leitor com
A idéia de Revolução é “o signo distintivo, o sinal essa impressão que marca a verdade geral de uma
do nascimento da Idade Moderna (...)” , que para
33
obra. O sujeito que recorda imagens afetadas pelo
Otávio Paz herdou da Grécia a filosofia, a razão, e do afeto, ou que lê a memória inventada, fluida e
cristianismo o desejo de redenção proposto pelo mito. imprecisa de um narrador, valoriza a experiência
Assim que retorna em nova forma e projeta-a em direção
ao futuro. De acordo com Nietzche, implicitamente
“(...) a revolução é um ato eminentemente histórico citado em Aletria e Hermenêutica através do episódio
e, apesar disso, é um ato negador da história (...). que ilustra o conceito de amor fati, nossa vontade de
Notas
1
PACHECO, Ana Paula. História, psique e metalinguagem em 19
ROSA, 1979: p. 194.
Guimarães Rosa. In: Cult: Revista de Literatura. São Paulo: Lemos 20
HUIZINGA, 1993: p. 146.
Editorial e Gráficas. Ano IV, n° 43, p. 42. 21
LUCAS, Fábio. Vanguarda, História & Ideologia da Literatura.
2
PACHECO. Ano IV: p. 42. São Paulo: Editora Ícone. 1985, p. 24-25.
3
PACHECO. Ano IV: p. 42. 22
HUIZINGA. 1993: p.133.
4
PACHECO. Ano IV: p. 43. 23
HUIZINGA. 1993: p.149.
5
PAZ, Otávio. A Outra Voz. São Paulo: Siciliano, 1993, p. 65. 24
PAZ. 1993: p. 124.
6
ROSA. 1979: p. 3. 25
JOLLES. 1976: p. 205.
7
DERRIDA, Jacques. Mal de Arquivo. Rio de Janeiro: Rellume 26
SIMÓES. 1988: p. 126.
Dumará, 2001, p. 72. 27
JOLLES. 1976: p. 207.
8
VALÉRY, Paul. Variedades. São Paulo: ed. Iluminuras, 1999, p. 28
JOLLES. 1976: p. 211.
112. 29
JOLLES. 1976: p. 211.
9
VALÉRY. 1999: 112. 30
JOLLES. 1976: p. 211-212.
10
RÓNAI, Paulo. Os prefácios de Tutaméia. In: Tutaméia. Rio de 31
JOLLES. 1976: p. 211.
Janeiro: José Olympio, 1979, p. 193. 32
JOLLES. 1976: p. 209.
11
BOSI, Alfredo (organização e prefácio). O conto brasileiro 33
PAZ. 1993: p. 63.
contemporâneo. São Paulo: ed. Cultrix, 4a edição, p.13. 34
PAZ, 1993, p. 64.
12
ROSA, 1979, p. V. 35
PAZ. 1993: p. 66.
13
NUNES, Benedito. O dorso do tigre. São Paulo: Editora 36
PAZ. 1993: p. 72-73.
Perspectiva, 1968, p. 196. 37
NIETZCHE, Friedrich Wilhelm. Assim falava Zaratustra. São
14
COMPAGNON, Antoine. O demônio da teoria: literatura e senso- Paulo: Escala, p. 155.
comum. Belo Horizonte: editora da UFMG, 1999, p. 126. 38
ROSA, 1979, p. 64-65.
15
ROSA. 1979: p. 3. 39
ROSA, 1979, p. 65.
16
SIMÕES, Irene Gilberto. As paragens mágicas. São Paulo: 40
ROSA, 1979, p. 147.
Perspectiva, p. 92. 41
ROSA, 1979, p. 148.
17
BOSI, 4a ed., p. 13. 42
ROSA, 1979, p. 65.
18
SANTIAGO, Silviano. Nas malhas da Letra. São Paulo: Editora
Schwarcz LTDA. 1989, p. 220.
Jeanne Silva
Resumo Abstract
Este artigo discute o vínculo entre Direito e This article is about the link between Law and
História, estabelece aproximações e History and it establishes approaches and
distanciamentos entre ambos. Partindo de distances from one another. The concepts of
conceitos como “verdade”, “política”, “justiça”, “truth”, “politics”, and “justice”, help for the
estabelecemos elos interpretativos de como o establishment of interpretative links of how the
historiador pode se apropriar das fontes jurídicas historian can take advantage of legal sources
com objetivos historiográficos, ou seja, discutindo having historical objectives, i.e. he/she can
possibilidades e limites no uso dos processos. discuss possibilities and limits of the processes.
Palavras-chaves: Direito, História, Processos Keywords: Law, History, Process, Research
Jurídicos, Fontes de Pesquisa.
Eclesiástico: “-. A dizer a verdade, a história não essência próxima. O vínculo entre justiça, história
dá a ninguém o direito de julgar o guarda. O guarda e verdade é um vínculo de nós emaranhados que
é um servidor da lei, que por fim pertence à lei. ainda hoje merecem análises reflexivas. Segundo a
Duvidar de sua dignidade é duvidar da própria lei. mitologia, foi sob o signo da ambivalente deusa
J.K. – não compartilho dessa opinião. Para aceitá- Têmis, fonte da equidade, e da rigorosa Diké, senhora
la é preciso admitir que tudo o que diz o guarda é das penas imerecidas, que os homens formaram a
verdadeiro. idéia primordial do justo, convertendo em mito, a
Eclesiástico: - Não é preciso considerar verdadeiro divina potestade. Duas distintas progênies se
tudo o que diz. É preciso considerá-lo apenas atribuíram a Têmis: dela ter-se-iam gerado as Horas,
necessário. que, na lição de Hesíodo, velam sobre o trabalho dos
J.K. – Sombria essa opinião. Desse modo, se faz homens, como Eunomia, a legalidade segura
participar a mentira na ordem do mundo.” observada, como Diké, a retribuição necessária, e
Franz Kafka. 1
Irene, a paz: mas também dela teriam nascido as
Parcas, tecelãs do passado, do presente e do futuro,
O trecho de diálogo entre os dois personagens do porque não se tece a justiça sem o fim do tempo.
romance nos remete moralmente ao fato de que a Portanto, explica-se assim, mitologicamente, a co-
compreensão correta de algo e, a apreciação falsa do implicação entre Têmis e Clio, a crença de que é
mesmo, não são coisas que se excluem inteiramente, através da efetivação histórica do tempo, que a
que o vínculo entre a verdade e a mentira são tênues, justiça se realiza através das normas e de instituições
separadas às vezes pela contingência da necessidade objetivas que zelem pela realização da mesma.
ou da própria imaginação. Partimos da idéia de que as palavras representam
Têmis e Clio são musas gregas que compartilham conceitos. E na formulação geral dos conceitos, nas
1
KAFKA Franz. O Processo. 1920. Editora Martin Claret, 2002. produzidos pelos agentes como lugar de enfrentamento teórico.
Coleção - Nº 41.p 246 Malgrado as diferenças entre discursos e práticas, conceituados
2
GINZBURG, Carlo. ‘El Juez e el historiador“. Tradução Alberto a partir de pontos de vistas diferenciados por historiadores e
Clavería, Madrid, anya, 1993. lingüistas, concepções que não nos cabe neste artigo analisar,
3
Idem. p18 vemos na AD uma possibilidade interpretativa para nosso objeto
4
GINZBURG, Carlo. “Apontar e Citar. A verdade da em questão: Processos judiciais.
história” [1989], In: Revista de história, IFCH, UNICAMP, 1991, 16
Mote central de nossa dissertação de mestrado intitulada: “Sob o
p95 Ju(o)go da Lei - Confronto histórico entre direito e justiça no
5
ARENDT, Hannah. “Verdade e História”, in: Entre o Município de Uberlândia” defendida em Fevereiro de 2005 na
passado e o futuro [1961], São Paulo, Ed. Perspectiva, 1992, Universidade Federal de Uberlândia, sob a orientação do prof.
3ed., p.301 Dr. Antônio de Almeida
6
GINZBURG, Carlo. ‘El Juez e el historiador“. Tradução Alberto 17
CHARTIER, Roger. O mundo como representações [1989], Estudos
Clavería, Madrid, anya, 1993.p 23 avançados, 11(5), 1991, pp.173-191
7
Idem.p25 18
O CDHIS – Centro de documentação em História, da Universidade
8
GINZBURG, Carlo. “El Juez e el historiador”. Tradução Alberto Federal de Uberlândia, registra em seu acervo, entre inúmeros
Clavería, Madrid, anya, 1993.p 112 materiais, inúmeros processos judiciais doados pelo Fórum
9
Idem.p113 Abelardo Pena. Processos que versam sobre matéria cível,
10
GINZBURG, Carlo. “Apontar e Citar. A verdade da história” [1989], criminal, acidentes trabalhistas entre outras lides.
In: Revista de história, IFCH, UNICAMP, 1991, p92 19
CORREIA, Iara Toscano. “A justiça nos Ardis da Política: o caso
11
Idem. p95 João Relojoeiro”. Dissertação de Mestrado apresentada em Julho
12
Baczko, Bronislaw. In: “Imaginação Social”. Enciclopédia de 2002 na Universidade Federal de Uberlândia, sob a direção
Einaud- vol 5 anthropos-homem. 288. Lisboa. Imprensa Nacional da Prof.ª Dr.ª Maria Clara Tomaz Machado e publicada em livro,
Casa da Moeda. P299 sob o título: “Caso João Relojoeiro – Um Santo no Imaginário
13
ARENDT, Hannah. “Verdade e História”, in: Entre o Popular” lançado pelo Editora da Universidade Federal de
passado e o futuro [1961], São Paulo, Ed. Perspectiva, 1992, Uberlândia em 2004.
3ed., pp. p.295/296 20
CORREIA, Iara Toscano. “Processos criminais: possibilidade de
14
ANSART, Pierre. “ A obscuridade dos ódios políticos, texto pesquisa histórica. Revista Caderno de Pesquisa do CDHIS/UFU,
apresentado no Colóquio Internacional “A banalização da nº 28 e 29, ano 14. 1º e 2ºsemestres de 2001. pp.16-18.
violência: atualidade do pensamento de Hanna Arendt”, UFPR, 21
SANTOS, Paulo Roberto de O. Para além da Lei- ocupações de um
Curitiba, 14-18Outubro de 2002, no prelo. Pp. 04 e 05 Território Legal Iturama e Campo Florido/MG- 1989 a 1993).
15
Em termos de teoria lingüística é possível se falar em análise do Dissertação de Mestrado em História Social defendida sob a
discurso, no Brasil, a partir da década de 60, mais precisamente orientação da Dr.ª Estefânia Knotz Fraga. Pontíficia
a partir da década de 70, fundamentados em L. Althusser, Michel Universidade Católica. São Paulo, 1997
Foucault e Mikhail Bakhtin. Trata-se de perceber os discursos
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DUARTE,A. LOPREATO, C., MAGALHÃES,M.B. (orgs). “A Brasília: Editora UNB, 2002
banalização da violência: atualidade do pensamento de Hanna FERNANDES, Cleudemar A. “Lingüística e História: formação e
Arendt”. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2004. funcionamentos discursivos”. In: Análise do discurso – Unidade
BACZKO, Bronislaw. In: “Imaginação Social”. Enciclopédia Einaud- e dispersão. (orgs) C.A. Fernandes e SANTOS, João Bosco Cabral
vol 5 anthropos-homem. 288. Lisboa. Imprensa Nacional Casa da dos. Uberlândia: Entremeios, 2004.
Moeda. P299 FOUCAULT, Michel. “A ordem do discurso”. Aula inaugural no
BRESCIANI, Maria Stella Martins. O charme da ciência e a sedução Collège deFrance, pronunciada em 02/12/1970. Trad. Laura
da objetividade: Oliveira Viana interpreta o Brasil. Tese titular Fraga de Almeida Sampaio. 3.ª ed. São Paulo, Loyola, 1996.
apresentada ao Departamento de História/UNICAMP, 2002 ____________________. A verdade e as formas jurídicas. Cadernos
BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Trad. De Fernando Tomaz - da PUC. Rio de Janeiro, departamento de Letras, Trad. Roberto
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CHARTIER, Roger. O mundo como representações [1989], Estudos Malheiros ed. 4.ª ed. 2002.
avançados, 11(5), 1991
Jornalista – Graduada pela Universidade Federal de Juiz de Fora Pós-graduanda em Literatura, Memória Cultural e
Sociedade pelo Centro Federal de Ensino Tecnológico de Campos RJ, ao qual se vincula.
Resumo Abstract
O presente trabalho destina-se à apreciação da The present work is about women’s participation
participação da mulher no horário eleitoral in free electoral propaganda on TV in a national
gratuito televisivo de uma campanha de campaign. We present a quantitative analysis of
amplitude nacional. Para tanto, optou-se pela the length of time for image and sound that was
análise quantitativa do tempo de imagem e som allowed for women and men, during the second
destinado às mulheres e homens durante o electoral shift for president, in the period of
segundo turno das eleições presidenciais, no October 21-24, 2002.
período de 21 a 24 de outubro de 2002. Keywords: Woman, Participation Electoral,
Palavras chaves: Mulher, Participação Eleitoral, Campaign Politics
Campanha Política
Não
Feminino % Masculino % Informado % Total
% %
% %
anos % %
anos % % %
anos % % %
anos % % %
anos % % %
anos % % %
anos % % %
% % %
a 79 % % %
anos
1) Tempo de voz
2) Tempo de imagem
1) Tempo de voz
6 % Mulheres
Outros 7 0%
Mulheres
5%
1 4 % Hom ens
Outros 81 %
É importante ressaltar que está compreendido clips, imagens de comícios, jingles e recursos
em outros, o tempo de fala do próprio candidato, gráficos.
1) Tempo de voz
1) Tempo de Imagem
1) Tempo de voz
8% Mulheres
8% Mulheres
1 1 % Hom ens
Outros 81 %
O que se pode perceber nos gráficos é que, outubro, o candidato Serra falou da importância
embora as mulheres representem um eleitorado dos municípios em seu plano de governo. Em vários
maior que o dos homens, os dois candidatos momentos abordou a necessidade de estar unido
destinaram tempos menores para a participação aos prefeitos, mas em nenhum momento se
das mulheres nos seus horários eleitorais na fala e lembrou das prefeitas.
na imagem. No dia 21, José Serra dedicou 30 segundos do
Na propaganda eleitoral de Lula, as mulheres programa para um diálogo entre duas atrizes que
têm 18% de tempo a menos de voz que os homens e fazem o papel de mãe e filha. Observa-se que as
9% a menos na imagem. Na propaganda de José duas estão na cozinha e que a mãe está preparando
Serra a diferença no tempo de imagem é pequena, café no fogão, reforçando que o lugar da mulher
tendo os homens 3% a mais que as mulheres. O ainda se restringe à cozinha, já que ela não foi
surpreendente é em relação à voz, onde as mostrada em nenhuma outra situação.
mulheres têm 31% de tempo a menos que os O horário eleitoral de Lula não se mostra muito
homens. Seja como personagem, locutora, diferente. Nos quatro dias selecionados para
repórter, apresentadora ou apoio político, a voz e análise, não foi tratado nenhum assunto
a imagem das mulheres são muito menos especificamente feminino. A única diferença
utilizadas que a dos homens. observada entre os candidatos foi o cuidado do
então candidato Lula em se referir aos eleitores e
eleitoras. Nos outros aspectos o espaço dado à
Análise qualitativa dos horários eleitorais mulher foi igualmente pequeno. No programa do
dia 22, é contada a vida de um trabalhador e sua
Como a análise quantitativa já mostrou, o família que vive em dificuldades. Ele é catador de
espaço destinado às mulheres no horário eleitoral papel e ganha por mês em torno de R$50,00.
é extremamente pequeno em comparação ao Durante os quase 3 minutos destinados a narração
tempo total do programa e também em relação ao pelo próprio homem da sua situação, a sua esposa
tempo dado aos homens. só teve voz e imagem em 7 segundos, dando
Não foi observado nos programas analisados um margem ao entendimento de que o depoimento do
espaço para falar sobre as mulheres, suas lutas e homem e o sofrimento pelo qual ele passava seriam
reivindicações. Em apenas um momento, há uma mais relevantes do que o da sua esposa.
proposta que seja diretamente voltada ao público
feminino quando José Serra diz ser a favor de cotas
nos cargos de chefia do serviço público para Conclusão
mulheres.
Visivelmente, a maioria dos personagens e dos Apesar das mulheres serem a maioria dos
depoimentos colhidos são de homens. Em um eleitores, e já terem conquistado espaços
programa de José Serra citou os apoios de políticos importantes na sociedade e na política, elas ainda
que vinha recebendo, sendo no total 38 homens e estão sub-representadas também no horário
apenas 5 mulheres. No programa do dia 23 de eleitoral gratuito. São poucas as locutoras,
Notas
1
CAMPOS, T. 2002: p.25. 3
MENDONÇA, D. 2001: p.45 e 47.
2
MUCCHIELLI, R. 1978: p.23. 4
HOUSSAIS K. 2000: p.842.
Referências
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KOOGAN,HOUAISS. Enciclopédia e dicionário ilustrado. Rio de 1978.
Janeiro: Seifer, 2000. MENDONÇA, Duda. Casos e coisas. São Paulo: Globo, 2001.
Graduada em Geografia pela Universidade Estadual de Montes Claros_ UNIMONTES e pós-graduanda em Recursos
Hídricos e Ambietantais pela Universidade Federal de Minas Gerais_UFMG
Resumo Abstract
Os geraizeiros são populações do cerrado que Geraizeiros, are populations of the Cerrado, living
vivem no Norte de Minas Gerais, em áreas rurais. in the northern of Minas Gerais in rural areas.
Essas comunidades tradicionais possuem um These communities have a deep knowledge about
profundo saber do seu território, herdado de the area that was inherited from their
varias gerações. O território tradicional é o local forefathers. The traditional territory is a source
onde as populações recorrem para buscar os for social and cultural livelihood.
recursos para a sua sobrevivência social e cultural. Keywords: Traditional Territory, Geraizeiros,
Palavras chaves: Território Tradicional, Cerrado.
Geraizeiro, Cerrado.
1
Diegues(1996.p.84-85) citado por Dayrell (2000.p.196) 7
(Neves 2002.p.277).
2
Sr. Oswaldo, em entrevista gravada em 08/2004 8
Dona Tereza em entrevista.
3
Dona Tereza. 9
D. Tereza.
4
Entrevista com D. Tereza. 10
Sr. José (Zezinho).
5
(Rosa,1986.p.274) 11
Sr. Antônio Carlos.
6
(Gonçalves 2000.p.253).
Referências
ALMEIDA S. P.; PROENÇA C. E. B.; SANO S. M.; RIBEIRO J. F. Cerrado DIEGUES de,Antônio Carlos. Etnoconservação: novos rumos para
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Buenos Aires. SANTOS, Milton (org) São Paulo: Hucitec, 2002.
Resumo Abstract
Este artigo é, juntamente com uma discussão This article is part of a research project about Rio
teórico-metodológica sobre história, parte dos das Pedras settlement in Uberlândia, and has as
estudos iniciais de um projeto de pesquisa sobre o main objective to analyze the main impediments
assentamento Rio das Pedras, situado no Município of the Agrarian Reformation and the relations and
de Uberlândia, e tem como principal objetivo conflicts established among the involved citizens.
analisar os principais entraves da Reforma Keywords: Settlement, Relations, Conflicts
Agrária e as relações e conflitos estabelecidos entre
os sujeitos envolvidos.
Palavras-chave: Terra, Trabalho, Relações
Sociais.
dos próprios trabalhadores diante da realidade de 1964 (Juarez de Oliveira.) 7 ed. São Paulo: Saraiva,
MOVIMENTO TERRA, TRABALHO E LIBERDADE. Revista Conflitos no Campo: Brasil 2002. Comissão
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Terra Trabalho e Liberdade (MTL), à Rua Niterói, 2003.
1507, Uberlândia, MG, Brasil. Revista Brasileira de História. São Paulo: Marco Zero
MOVIMENTO TERRA, TRABALHO E LIBERDADE. / NAPUH, nº 19, 1990.
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Resumo Abstract
Os estudos folclóricos de Mário de Andrade são The folkloric studies of Mário de Andrade are
estudados em contraste com uma breve análise de studied and a brief analysis of Macunaíma is
Macunaíma, tendo como objetivo demonstrar presented, having as objective the demonstration
como a compreensão de tais estudos ajuda a of how the understanding of such studies helps us
compreender os sentidos dados pelo próprio Mário to understand the senses given by Mário to the
ao livro, onde colocou em prática propostas suas book, where there are practical proposals defended
como folclorista. A cultura popular é por ele by the author as a folklorist. He defines popular
definida como a expressão da identidade nacional, culture as the expression of the national identity
e assim sua representação é feita ao longo do livro. being it represented along the book.
Palavras-Chave: Folclore, Cultura, Identidade Keywords: Folklore, Culture, Nacional Identity
Nacional
A primeira questão a ser colocada é: Mário de interesso pela ciência porém não tenho capacidade
Andrade é folclorista? Ele recusa definir-se como tal para ser cientista. Minha intenção é fornecer
(Andrade, 1963: 67), vendo, em suas pesquisas, documentação para músico e não, passar vinte anos
apenas um instrumento de contato com o brasileiro; escrevendo três volumes sobre a expressão
com sua intimidade. Assim ele se define em relação fisionômica dos lagartos (Andrade, 1983: 232). A
ao assunto: postura de Mário como folclorista é, portanto,
assumidamente não científica e, nas palavras de
De resto, e por infelicidade minha, sempre me quis Vilhena, ironicamente desinteressada (Vilhena,
considerar amador em folclore. Disso derivará 1997:131).
serem muito incompletas as minhas observações Já Veloso e Madeira sintetizam a importância do
tomadas até agora. O fato de me ter dedicado a folclore na obra de Mário:
colheitas e estudos folclóricos não derivou nunca
duma preocupação científica que eu julgava Mário quer compreender a cultura brasileira e, mais
superior às minhas forças, tempo disponível e do que isso, quer construí-la, nomeá-la, desvendar-
outras preocupações. Com minhas colheitas e lhe a face. E, num primeiro momento, foi o folclore
estudos mais ou menos amadorísticos, só tive em a via que lhe permitiu compreender o contexto
mira conhecer com intimidade a minha gente e nacional. O folclore lhe oferecia a medida da cultura
proporcionar a poetas e músicos, documentação do povo, por ser expressão autêntica que abriga
popular mais farta onde se inspirassem (Andrade, reações de caráter ético-religioso, crítico e afetivo
1965:145). (Veloso & Madeira, 1999:123).
E explica, ao mesmo tempo, os motivos de sua É preciso termos em mente, ainda, o que ele
recusa e seus objetivos enquanto estudioso das define como folclore, ou seja, quando podemos,
manifestações folclóricas: Já afirmei que não sou segundo ele, definirmos uma manifestação como
folclorista. O folclore hoje é uma ciência, dizem...Me folclórica? O fato de um autor de origem popular
Referências
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__________________ (1972). O empalhador de passarinhos. São Perspectiva
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__________________ (1974). Poesias completas. São Paulo: Martins Duas Cidades
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Horizonte/São Paulo: Itatiaia/Martins de Andrade & Manuel bandeira. São Paulo: EDUSP/IEB
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Andrade a Fernando Sabino. Rio de Janeiro: Record Cidades
__________________ (1982) A lição do amigo: cartas de Mário de VELOSO, Mariza & MADEIRA, Angélica (1999). Leituras brasileiras:
Andrade a Carlos Drumond de Andrade. Rio de Janeiro: José itinerários no pensamento social e na literatura. Rio de Janeiro:
Olympio Paz e Terra
__________________ (1983). O turista aprendiz. São Paulo: Duas VILHENA, Luis Rodolfo (1997)- Ensaios de antropologia. Rio de
Cidades Janeiro: UERJ
Professora de Língua Portuguesa do CEFET-Se; Graduada em Letras Vernáculas pela Universidade Federal de Sergipe;
Mestranda em Ciências da Educação pela Universidade Lusófona; Estudiosa de psicanálise e
Membro do Projeto Freudiano-Sergipe.
Resumo Abstract
Este breve trabalho ousa por meio da psicanálise e This brief work dares – by means of
da literatura tentar decifrar os caminhos por que psychoanalysis and literature – to decipher the
trilha o artista ao construir a sua arte. E isto é ways by which the artist goes through, when
importante porque diversas vezes só se vê o poema building his art. The work becomes important
ou uma tela, ou seja, o produto artístico. A criação because, for several times, we can only see the
artística é apreciada, é o belo em evidência. Aqui poem or a screen in itself, that is, the artistic
se tentará ver o outro lado: o artista dentro do product. The artistic creation is appreciated; it is
desejo de criar. Um lado muitas vezes obscuro, the beauty in evidence. Here we will try to see the
indescritível e não menos excitante. other side: the artist inside of the desire to create.
Palavras-Chave: Psicanálise, Literatura, Criação A side which is many times obscure, indescribable
Artística, Desejo de Criar and not less exciting.
Keywords: Psychoanalysis, Literature, Artistic
Product, Desire to Create
Correr. Cantar. Escrever. Cuidar. Há pessoas que como tal. O que dizem os artistas? O que diz Freud?
sentem com intensidade a necessidade de executar Há entre as civilizações conhecidas alguma que
uma dessas ações. Por quê? Elas não sabem ao certo. tenha dispensado a arte? A arte embala o sonho da
Só sabem que precisam urgentemente pintar, humanidade ao mesmo tempo em que a acorda
escrever, livrar-se da premência de agir agindo. chamando-a para a luta, para a vida. Se o artista é
Executar uma dessas atividades alivia, dá uma aquele que concede a seus desejos eróticos e
sensação de bem-estar, porém não estanca ambiciosos completa liberdade na vida de fantasia,
definitivamente a necessidade de produzí-las. Este é a obra de arte o caminho para a realidade. Freud
breve trabalho ousa por meio da psicanálise e da em 1911 designou dois princípios que regem o
literatura tentar decifrar os caminhos por que trilha funcionamento do aparelho psíquico – o princípio
o artista no construir a sua arte. E isto é importante do prazer e o da realidade. Aquele é dominante nos
porque diversas vezes só se vê o poema ou uma tela, primeiros anos de vida proporcionando uma
ou seja, o produto artístico. A criação artística é diminuição das tensões ao passo que este permite a
apreciada, é o belo em evidência. Aqui se tentará entrada do ser humano na sociedade facultando o
ver o outro lado: o artista dentro do desejo de criar. convívio do indivíduo com as suas limitações, com
Um lado muitas vezes obscuro, indescritível e não as regras. Mas não significa que o surgimento de um
menos excitante. Até hoje são muitos os estudiosos marque o desaparecimento do outro. O prazer e o
que tentam desvendar o ato da criação, o poder ou a desprazer conviverão de modo dialético traduzindo
magia do criador. Não que o fato desvendado vá qualitativamente as modificações quantitativas de
render mais ou menos artistas mas a curiosidade energia no interior do aparelho psíquico.
humana não aceita que a obscuridade permaneça Temos aí um conflito. Para resolver o conflito
Referências
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FREUD, Sigmund. Obras Completas. In Escritores Criativos e QUEIROZ, Rachel. Cadernos de Literatura Brasileira. Instituto
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FREUD, Sigmund. Obras Completas. In O Estranho. Standard TELLES, Lygia Fagundes. Cadernos de Literatura Brasileira.
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FREUD, Sigmund. Obras Completas. In O Tema dos Três Escrínios.
Standard Brasileira. Rio de Janeiro, 1996, v XII.
Professor substituo do DEMAC – Universidade Federal de Uberlândia-MG. Mestre em Artes Cênicas pela UNICAMP
Resumo Abstract
Trabalhamos neste texto a estrutura da Commedia We worked the structure of Commedia dell’arte and
dell’arte e a sua influência no teatro brasileiro e na its influence on Brazilian theater and on the
Revista Brasileira dando ênfase às primeiras Brazilian Magazine giving emphasis to the first
montagens mais significativas em nosso país de more significant presentations of a show in our
um espetáculo feito por Ruggero Jacobbi, Ariano country, by Ruggero Jacobbi and Ariano Suassuna
Suassuna e por alguns grupos como Grupo Galpão, and by some groups as Grupo Galpão, Moitará,
Moitará, Antônio Nóbrega, Parlapatões, Patifes e Antônio Nóbrega, Parlapatões, Patifes and
Paspalhões. Paspalhões.
Palavras-Chave: Commedia Dell´Arte, Teatro Keywords: Commedia Dell’Arte, Brazilian
Brasileiro, Revista Brasileira Theater, Brazilian Magazine
Até o século XVIII vimos nascer, evoluir e se instituir ao ar livre; por isso, o estilo de representação dos
esse patrimônio central do teatro que é o ator. O cômicos italianos era direto, rápido e sensível à
ápice dessa trajetória aconteceu no lado ocidental menor manifestação dos espectadores, possibilitando
da história do ator, ocorreu com os comediantes um virtuosismo construído com competência.
italianos do Renascimento, já que a Commedia As companhias de Commedia dell’arte se
dell’arte deve ser reconhecida como a primeira organizavam em torno de oito até doze atores e,
grande oficina do intérprete cênico. Foi durante seu principalmente, compunham um estatuto de
extenso período que encontramos mais objetivado fundação com direitos e deveres dos cômicos. Flaminio
o processo de formação do ator, quando até Scala era o diretor da companhia I COMICI GELOSI,
mesmo se cuidou de escrever alguns ensaios e ficou famoso como o enamorado Flávio.
(CARVALHO, 1989,p.60).
Famílias inteiras de atores profissionais se
Os atores dell´arte, atores de ofício, eram sucediam, passando de geração a geração suas
profissionais da cena, pois treinavam sua voz, seus técnicas particulares e a disciplina rigorosa para o
gestos, além do estudo diário da música, da dança, exercício cênico. Uma coleção de gestos e
do mimo, da esgrima e exercícios de circo e movimentos corporais adequados, de expressões
prestidigitação. Segundo Ênio Carvalho (1989, fisionômicas e mímicas sustentava o brilho de suas
p.41-42) os atores dell´arte não usavam um texto interpretações, que pareciam ser improvisações
literário nem dramático; não tinham casa de do momento (CARVALHO,1989,p.43).
espetáculo, mas um palco improvisado montado em
qualquer lugar: praça, palácio ou lugarejo, o que Vemos, assim, uma semelhança na tradição dos
não comprometia a qualidade da apresentação, cada cômicos dell´arte com as famílias circenses que
vez mais aprimorada. As apresentações eram feitas trazem em seus “números” vários membros da
para uma platéia desordenada e livre para se mesma família.
deslocar e se distrair com outras coisas numa praça Os atores dell´arte se especializavam em
Notas
1
PENA, Martins. TEXTOS TEATRAIS. Disponível em IGLER: http:/ de 2003
/www.ig.com.br/paginas/novoigler/livros/ 2
Mamulengo: “mão-molenga”, segundo a crença popular, pois a
juiz_de_paz_roca_autor/ index.html. Acesso em 16 de outubro mão precisa ser molenga.
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Commedia dell´arte. São Paulo: Iluminuras. 2003.411p. ________________. A Arte do Ator. Tradução Yan Michalski e
CARVALHO, Enio. História e Formação do Ator. São Paulo: Ática. Rosyane Trotta. Jorge Zahar, Rio de Janeiro, 1985. Título
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NICOLL, Allardyce. IL Mondo di Arlecchino:Guida alla Commedia
dell’arte. Edição sob a direção de Guido Davico Bonino. Tascabilbi
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a critical study of the Commedia dell’arte.216p.
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brasileiro. São Paulo: Perspectiva. 2002. 305p. www.ig.com.br/paginas/novoigler/livros/juiz de paz roca
autor/index.html. Acesso em 16 de outubro de 2003
Thorstein Veblen
Resumo Abstract
A partir da destruição causada à Europa no Sociologist and economist Thorstein Veblen (1857-
desenvolvimento da Primeira Guerra Mundial, o 1929) discusses about the destruction of Europe
sociólogo e economista Thorstein Veblen (1857- due to the First World War and questions about
1929) questiona o futuro do ambiente científico e the future of the scientific and academic
acadêmico na Alemanha derrotada, propõe a environment in defeated Germany, considering
criação de amplos mecanismos de circulação do the creation of mechanisms of scholar knowledge
saber erudito em termos internacionais e discute circulation on international terms. He also
as possibilidades de transformação no ensino discusses possibilities of transformation in the
superior dos Estados Unidos. higher level in America.
Palavras Chave: Primeira Guerra Mundial, Keywords: First World War, Higher Level,
Ensino, Pesquisa, Transformação Transformation
Notas
1
Título original “The War and Higher Learning”, publicado na instituições são denominadas “de ensino”, mas se encontram
revista The Dial, Vol. LXV, July 18, 1918, p. 45-49. bastante distantes das práticas de pesquisa. Para esse fim, em
2
N.T. Optamos por uma tradução menos literal do título, The War diversos momentos “high learning” foi traduzido como “saber
and the Higher Learning, que poderia ser “A Guerra e o Ensino erudito”, “conhecimento científico e acadêmico”, entre outras
Superior” para deixarmos clara a percepção do autor como opções.
distinta da realidade do ensino brasileiro em que diversas
Licenciado em Geografia pela Universidade Federal de Goiás –Campus de Catalão, Mestre em História pela
Universidade Federal de Uberlândia, Doutorando em História pela Universidade de Brasília
Resumo Abstract
Este texto privilegia a análise das comemorações This work reports the analysis of the celebrations
em torno da devoção a Nossa Senhora do Rosário and devotion to Nossa Senhora do Rosário in
em Catalão-GO, cidade localizada no sudeste do Catalão-GO, a city which is located in the
estado, que apresentam toda uma dinamicidade e southeast of the state. Celebrations present an
multiplicidade de relações. Mostra uma mistura entire dynamics and multiplicity of relationships.
de celebrações, espaços e momentos que são There is a mixture of celebrations, spaces and
experienciados de diferentes maneiras pelos moments that are experienced in different ways
sujeitos dentro da vida coletiva estabelecida. Essa by the subjects in the established collective life.
festa realiza-se no espaço da cidade há 127 anos, The party has taken place in the city for 127
sendo que há 67 anos essa comemoração acontece years. For 67 years the celebration has happened
numa mesma área, o Largo do Rosário (Praça in the same area, the Largo do Rosário (Praça
Irineu Reis Nicolletti), na região central da cidade. Irineu Reis Nicolletti), in the central area of the
Palavras-Chave: Devoção a Nossa Senhora do city.
Rosário, Celebrações, Multiplicidade de Relações Keywords: Devotion, Celebration, Relationship
Notas
*
Essa discussão faz parte das análises realizadas na Dissertação 3
Terno de congo diz respeito aos grupos de dançadores que durante
de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em os dias de festa saem as ruas devidamente caracterizados e
História da Universidade Federal de Uberlândia, intitulada: Nos equipados com instrumentos de percussão em grande maioria
Mistérios do Rosário: as múltiplas vivências da festa em louvor artesanais para cultuar a Virgem do Rosário. Catalão, conta
a Nossa Senhora do Rosário – Catalão(GO) – 1936-2003, orientada atualmente com 20 ternos distribuídos entre Congos,
pela Profª. Drª Maria Clara Tomaz Machado. Moçambiques, Catupés, Marinheiros, Marujeiros, Vilões e
1
BERKENBROCK, Volney J. a festa nas religiões Afro-brasileiras- Penacho.
a verdade torna-se realidade. In: PASSOS, M. (org) A Festa na Vida 4
Pessoa responsável pelo terno, que ensaia seu grupo e o conduz
–Imagens e Significados. Petróplis:Vozes, 2002. p.193. pelas ruas da cidade durante a festa oficial.
2
Sobre o assunto ver: KATRIB, Cairo Mohamad Ibrahim. Nos 5
O aluguel dos terrenos destinados à instalação de barracas é feito
Mistérios do Rosário: as múltiplas vivências da Festa em louvor a partir do mês de agosto pela prefeitura, que demarca as áreas
a Nossa Senhora do Rosário – Catalão-Go(136-2003). Uberlândia: para serem locadas pelos comerciantes. Entretanto tal ocupação
UFU, 2004. (Dissertação de Mestrado). somente ocorre nos 10 dias de festa no mês de outubro.
Referências
BERKENBROCK, Volney J. a festa nas religiões Afro-brasileiras- a DURKHEIM, E. As formas elementares da vida religiosa – O
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Petrópolis:Vozes, 2001. PADEM, W. E. Interpretando o sagrado: modos de conceber a
religião. São Paulo: Paulinas, 2001.
Resumo Abstract
O artigo trabalha as representações da cultura This article is about the representations of
nacional, do campo e da cidade, no Brasil do século Brazilian culture both country side and city in the
XIX. Apoiando a análise em duas obras, Sobre 19 th century. The analysis is based on two
Campo e Cidade, de Márcia Naxara, e O different studies, Sobre Campo e Cidade by Márcia
Romantismo no Brasil, de Antonio Candido, Naxara, and O Romantismo no Brasil by Antonio
conclui-se sobre a permanência contemporânea de Candido. After working on them, we concluded
tais representações a partir de canção do that there is a contemporaneous permanence of
pernambucano Chico Science. these representations in the song A cidade by Chico
Palavras Chave: Brasil, Representações, Campo, Science.
Cidade. Keywords: Brazil, Representations, Country
side, City.
Se você pretende compreender a sua própria época, trabalhamos com o imaginário científico e literário
leia as obras de ficção produzidas nela. As pessoas do século XIX, e os diferentes sentidos em que ele faz-
quando estão vestidas em fantasias falam sem se presente em documentos históricos 1 . Sem
travas na língua. pretender a possibilidade de trabalhá-lo como uma
Arthur Helps **
totalidade, buscamos em dois textos nossos recortes
necessários, sendo estes: a introdução e o primeiro
Para a análise das representações da cultura capítulo de Márcia Naxara na obra Sobre Campo e
nacional no Brasil do século XIX, tomamos como Cidade, e O Romantismo na Brasil, de Antonio
objetivo esboçar um viés compreensivo dos Cândido.
movimentos que engendraram tais representações, Com Naxara podemos descortinar como o
no sentido de forjarem identidade(s). Entendendo imaginário científico do século XIX inseriu-se no
identidade(s) como sentidos explicativos, Brasil a partir de dois elementos essenciais para a
caracterizações, que objetivaram compreender representação do país: os conceitos de civilização e
elementos chave para as representações do Brasil do barbárie e de campo e cidade. Em Antonio Cândido
século XIX, tanto na amplitude de sua natureza observamos algumas dinâmicas específicas do
quanto na de seu povo. Num segundo momento, Romantismo brasileiro como nacionalismo, isto é,
analisaremos as permanências hodiernas destas os problemas enfrentados por escritores em busca de
representações. uma literatura e uma identidade essencialmente
Entretanto, precisamos de recortes temáticos brasileiras.
muito bem delimitados, para que a análise não se Naxara identifica que a base das representações
perca dentro da multiplicidade de campos passíveis sobre o Brasil no século XIX basearam-se em
de exploração em tema tão intrigante. Neste sentido, dualidades, uma espécie de maniqueísmo redutor
Notas
*
Artigo originalmente escrito para a disciplina História do Brasil e a cidade: na história e na literatura. São Paulo: Cia das Letras,
II, ministrada pela Profa. Dra. Christina da Silva Roquette 2000, p.21-26.
Lopreato, no ano de 2003. 9
NAXARA, Márcia. Opus cit.p.11.
**
Apud. SEVCENKO, Nicolau. A capital irradiante: técnica, ritmos 10
Idem. Opus cit.p.13-14.
e ritos do Rio. In: História da Vida Privada no Brasil, volume 3. 11
CANDIDO, Antonio. O Romantismo no Brasil. São Paulo:
São Paulo: Cia da Letras, 1998, p.514. Humanitas/FFLCH-USP, 2002, p.104.
1
Como documentos históricos nos referenciamos em relatos de 12
Como outros elementos que complementam esta maturidade da
viajantes do Brasil do século XIX e anteriores, ao lado da produção formação da literatura brasileira Candido também demonstra o
literária local no mesmo período. nascimento da crítica literária, da historiografia literária e da
2
NAXARA, Márcia Regina Capelari. Sobre Campo e Cidade – historiografia nacional no mesmo período.
olhar, sensibilidade e imaginário: em busca de um sentido 13
Como exemplos de tais diferenças devido ao lugar de escrita e os
explicativo para o Brasil do século XIX. Doutorado em História. estilos literários e objetivos dos autores podemos citar os
Campinas: UNICAMP, 1999, p.3. escritores paulistas, encabeçados por Álvares de Azevedo, e os
3
NAXARA, Márcia. Opus cit.p.3. Segundo Naxara, o maniqueísmo escritores dos diferentes regionalismos.
entre bem e mal é típico da cultura ocidental, ou seja, ele 14
CANDIDO, Antonio. Opus cit.p.96.
extrapola o contexto de tempo e espaço que aqui trabalhamos. 15
Idem. Opus cit.p.97-98.
Ainda quanto ao maniqueísmo nas representações sobre natureza 16
É importante lembrarmos que Candido localiza estes desejos de
e civilização, a autora trabalha no primeiro capítulo de sua obra autonomia dos escritores românticos brasileiros como
com as idéias de belo e sublime como bases de tais. Para contemporâneos ao desejo de emancipação política do Brasil
compreender a efetividade destas concepções no imaginário de Colônia, ou seja, Candido está o tempo todo analisando as
século XIX Naxara as demonstra esquematizadas na filosofia da mediações entre literatura e história, indivíduos (escritores) e
estética de Edmund Burke e Kant. Acreditamos que este viés sociedade.
explorado refere-se à parte das sensibilidades que a autora 17
CANDIDO. Opus cit.p.21.
pesquisa. Quanto à nossa reflexão, em seu objetivo muito mais 18
Idem. Opus cit.p.64.
simplificado, as concepções de belo e sublime são lacunares, ou 19
Ibidem. Opus cit.p.65-66.
seja, ausentes. Justificamos esta renúncia em decorrência de 20
PRADO JÚNIOR, Caio. Agricultura de subsistência. In:
nosso objetivo de analisarmos as representações e o imaginário, Formação do Brasil Contemporâneo – Colônia. São Paulo:
em detrimento das sensibilidades; mesmo reconhecendo que tais Publifolha, 2000, p.161.
conceitos se complementam, e enriqueceriam nossa reflexão. 21
Caio. Opus.op.cit.p.161-162 (grifos nossos).
4
Trabalharemos melhor tais representações sobre campo e cidade 22
Vale lembrar que Prado Júnior é correntemente tomado como
no Brasil do século XIX adiante, e, ainda, as persistências destas marco historiográfico brasileiro, justamente porque suas obras
representações. não mais possuem a busca de sentidos explicativos para o Brasil
5
NAXARA, Márcia. Opus cit.p.4. através de determinismos e/ou reduções ideológicas de tipo
6
Adiante, demonstraremos como imagens negativas do homem psicologizante como marcas de uma formação e destino do país.
rural brasileiro presentes num relato de Saint Hilaire, viajante Pelo menos é esta a interpretação de LEITE, Dante Moreira. O
pesquisador naturalista do século XIX persistiram numa análise Caráter Nacional Brasileiro – história de uma ideologia. São
histórica de Caio Prado Júnior, século XX. Paulo: Editora Ática, 1992.
7
NAXARA, Márcia. Opus cit.p.11. 23
CHICO SCIENCE. A cidade. Da Lama ao Caos. São Paulo: Sony
8
A idéia do problema de perspectiva entre as idealizações de Music, 1993.
campo e cidade encontra-se em: WILLIAMS, Raymond. O campo
Simonne Teixeira
Silviane de Souza Vieira
PhD em Filosofia e Letras (História) pela Universitat Autònoma de Barcelona, atualmente professora da Universidade
Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Desenvolve pesquisas na área de Memória, Patrimônio e Política Cultural
Mestre em Políticas Sociais e Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro.
Atualmente integra um projeto na área de Educação Patrimonial
Resumo Abstract
O presente trabalho trata do Canal Campos- The present work is about Canal Campos-Macaé in
Macaé, numa perspectiva histórica, enfatizando o a historical perspective, emphasizing the recent
período recente que conduziu ao seu tombamento period that led to its registering by INEPAC-RJ. Its
pelo INEPAC-RJ. Seu tramo urbano foi, ao longo urban schemes were, along the years, an
dos anos, parte importante nos projetos de important part in the projects of sanitation and
saneamento e remodelação da cidade. planning of the city.
Palavras-chave: Canal Campos-Macaé, Keywords: Canal Campos-Macaé, registering,
Preservação, Patrimônio Cultural, Reforma project.
Urbana
Notas
*
Charles de Ribeyrolles (1980:33), cronista inglês, século XIX, nativos e antrópicos como forma de garantir uma melhor forma
em referência ao Canal Campos-Macaé. de manutenção e reintegra-los como parte do espaço urbano.
1
O Canal Campos-Macaé interliga as bacias do rio Paraíba do Sul, 3
Estas dificuldades foram reconhecidas pelo próprio poder
da Lagoa Feia e do rio Macaé. público em matéria já citada.
2
O Grupo Informal de Defesa do Patrimônio Cultural do Norte 4
Cujo coreto e entorno são tombados pelo Instituto Estadual do
Fluminense chamava a atenção, entre outros aspectos, para a Partimônio Cultural - INEPAC.
tendência atual nos países europeus de descobrir cursos d’águas 5
Ambos tombados pelo IPHAN.
Referências
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Janeiro: IPHAN. Viena.
Cristiane Silveira
Resumo Abstract
Este artigo possui como objetivo compor o cenário This article has the objective to compose the
das transformações urbanas e arquitetônicas scenery of urban and architectural
ocorridas na cidade do Rio de Janeiro, no inicio do transformations of Rio de Janeiro, in the beginning
século XX, a partir dos escritos de Lima Barreto. of the 20 th century. The historical referential is
Nesse momento o paradigma de modernidade/ Lima Barreto’s writing. In this period, the
progresso da sociedade européia é o maior paradigm of modernity / progress of European
referencial, impondo às terras brasileiras hábitos society were the main referential, imposing habits
e valores diferentes dos até então experimentados. and values which were different from the ones
Por meio da literatura de Lima Barreto é possível experienced at the time. Lima Barreto’s literature
perceber a construção de novas imagens, makes it possible to notice the construction of new
(re)significando lugares como a cidade, o campo e images, (re)signifying places as the city, the
a rua. country side and the streets.
Palavras-Chave: Cidade, Modernidade, Palavras-Chave: City, Modernity, Progress
Progresso.
O homem por intermédio da arte, não fica adstrito O passado não pode ser re-construído na sua
aos seus preceitos e preconceitos de seu tempo, de totalidade, pois, ao revivê-lo o tornamos diferente e
seu nascimento, de sua pátria, de sua raça; ele vai o carregamos de novas significações e interpretações.
além disso, mais longe que pode, para alcançar a O passado é re-construído pelo olhar de quem viveu o
vida total no universo e incorporar sua vida na do momento buscado, não apenas através da oralidade,
mundo. Lima Barreto mas também de documentos escritos, oficiais ou
ficcionais. Esses documentos muitas vezes relatam
Reviver o passado significa buscar vestígios que ou deixam transparecer os sentimentos mais íntimos
trazem à tona um “tempo perdido” no ar rarefeito que, em algum momento, se fizeram presentes na
da história que, um dia, se fez por meio dos realidade e na imaginação dos agentes históricos
sentimentos de sujeitos que vivenciaram seu responsáveis pela sua construção.
presente de uma forma singular, construindo sua Tendo em vista a dinâmica da re-construção do
subjetividade. Percorrer os caminhos já vivenciados, passado este artigo busca refletir sobre um caminho
desvendando paixões e sonhos não concretizados é possível para a reflexão da identidade nacional por
preocupação constante não só do historiador, mas meio das narrativas literárias de Lima Barreto nas
também de homens que procuram registrar e primeiras décadas da República no Brasil, mais
entender a constante construção do imaginário social especificamente de 1904 a 1920. O texto será divido
e da dinâmica da qual fazem parte, mesmo não sendo em duas partes: na primeira, fazemos uma breve
estes atos intencionais. discussão sobre as possibilidades de cruzamentos e os
As marcas impostas a esse cidadão da periferia O Estado tem curiosas concepções, e esta de
rondavam os cantos da nova cidade, restringindo abrigar uma casa de instrução, destinada aos
sua aceitação em vários ambientes. Assim, a pobres-diabos, em um palácio intimidador, é das
democracia no Brasil, em seu começo, esteve em mais curiosas. (...) Como é que o Estado quer que
descompasso com a verdadeira realidade da maioria os mal vestidos, os tristes, os que não têm livros
da população e mesmo dos ideais de igualdade política caros, os maltrapilhos “fazedores de diamantes”
das sociedades modernas. avancem por escadarias suntuosas, para
O acesso à educação trazia à tona mais uma dessas consultar uma obra rara. (BARRETO, 1856b,
contradições. O discurso republicano pregava a p.37)
Referencias
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estrangeiro sobre o mundo colonial. In: LUNHARDDT, Jaques,
Licenciada em Educação Artística pela Faculdade de Artes, Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal de
Uberlândia (FAFCS/UFU); atualmente, faz bacharelado em Artes Plásticas nessa mesma instituição
Resumo Abstract
Este trabalho visa definir arte pública. Para isso, This work aims to define public art. To do so, it
parte-se da leitura de alguns elementos que considers some elements that establish links
estabelecem vínculos entre um conjunto de sete between a set of seven sculptures — Série
esculturas — a Série Esferóides —, do artista Esferóides —, by Darlan Rosa, and the public
Darlan Rosa, e o espaço público que as esculturas space it occupies, in front of JK Memorial, in
ocupam em frente ao Memorial Juscelino Brasilia (DF).
Kubitschek, em Brasília (DF). Keywords: Public Space, JK Memorial,
Palavras-chave : Espaço Público, Memorial JK, Sculptures Darlan Rosa.
Esculturas Darlan Rosa.
Segundo a escritora Aracy Amaral, em Brasília que dêem relevo, no meio urbano, a criações
é nítida a preocupação com projetos que integram artísticas contemporâneas (AMARAL, 1996).
a arte com a arquitetura da cidade. Disse ela em Essa preocupação ressaltada por Amaral se
evento que organizou: materializa, também, em estudos que enfocam a
arte pública realizados por críticos de arte,
É extremamente significante que possamos jornalistas, escritores, curadores, poetas,
instituir um projeto permanente e constante professores e outros. Tais estudos evidenciam o
de pensar o espaço público e as artes; articular interesse de artistas que expõem sua arte no espaço
um novo tempo nas relações entre o artista público para ser percebida, tocada e admirada (ou
enquanto indivíduo criador e o meio social repugnada) visualmente, e daqueles cujo interesse
dentro do qual ele vive e de cujo contexto tem motivação econômica, política e social.
participa. (AMARAL, 1996, p. 40). Contudo, a maioria não especifica a verdadeira
necessidade da arte pública; antes, deixa uma
Nesse evento, ela apresentou várias propostas interpretação múltipla para o “povo”, para se
de artistas, numa linha construtivista 2 , com satisfazerem com um visual às vezes lúdico — como
tendências diferenciadas de produção plástico- o das obras artísticas de Darlan Rosa espalhadas
escultórica do Brasil, sobre projetos para a arte em Brasília.
pública. A idéia diretora foi apresentar, na capital O historiador e crítico de arte Walter Zanini
federal, projetos de arte pública executáveis em afirma que muitas cidades do mundo foram
outras capitais maiores e em grandes centros do totalmente planejadas e construídas “segundo
país, para embelezá-los ou constituir sua projetos e decisões do Governo, mas nenhuma
identidade com grandes espaços especialmente nasceu como Brasília, da determinação e engenho
cogitados, preparados e futuramente preservados de apenas três pessoas: o Presidente Juscelino
Em entrevista, Darlan Rosa nos assegura que conta a escala humana e urbana, de forma que
seu trabalho, tanto pelas formas quanto pela possa haver uma interatividade entre o
repetição ou pelas curvas, tem “uma espécie de espectador, a escultura e a área de locação” (2005
identidade com a geometria da cidade”. Diz ele: apud CALÁBRIA, 2005, anexo 2, p. 2). Sobre esse
“procuro sempre dimensionar as peças levando em tipo de interatividade, entende-se que a
Referências
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Resumo Abstract
Este texto analisa, por meio de uma pesquisa, o This text presents an analysis of Uberlândia
desenvolvimento do turismo de negócios em business tourism development, focusing the
Uberlândia em relação ao aumento da prostituição increasing luxury prostitution for executives in
de luxo para executivos na cidade. Para entender the city. To better understand that relationship
melhor essa relação, fizemos uma discussão sobre a we discuss on the importance of tourism and
importância do próprio turismo e, posteriormente, evaluate the thematic of prostitution in history.
avaliamos a temática da prostituição na história. Finally we present characteristics of sexual
Por último apresentamos as características do tourism that is becoming a problem for some
turismo sexual que está se tornando um problema Brazilian cities.
para algumas cidades brasileiras. Keywords: Business Tourism, Luxury
Palavras-Chave: Turismo de Negócios, Prostitution, Sexual Tourism.
Prostituição de Luxo, Turismo Sexual
O turismo sexual vem sendo discutido em âmbito na Internet e este se constituiu o universo da
mundial, com a problemática do envolvimento de pesquisa com a utilização de uma página do dia 22/
menores na prostituição. No Brasil, a senadora, 04/2004 e visita a sites para checar os números de
Patrícia Gomes, montou uma CPI para investigar a telefones. Foram pesquisadas 15 garotas de
exploração sexual de menores pelo turismo programa, via telefone.
internacional. Entretanto, esta pesquisa se limitou Relativamente ao trabalho empírico, houve
a destacar o envolvimento de prostitutas e turistas algumas dificuldades, especialmente nas
de negócios em Uberlândia, discutindo como a sua
1
entrevistas, por escolhermos as “prostitutas de
infra-estrutura facilitou o crescimento do turismo luxo”como objeto de estudo. As entrevistas foram
de negócios, e como este último acabou favorecendo feitas pelo telefone, pois, além das profissionais não
o aumento da prostituição no município. Por fim, terem tempo para encontros, “porque tempo é
analisaremos o novo perfil destas profissionais do dinheiro”, muitas trabalham como acompanhantes
sexo. em festas e queriam cobrar o valor de R$ 50,00 para
A coleta de dados foi feita através de um a coleta de dados ser feita pessoalmente. Houve
formulário, essa técnica deve ser entendida como também dificuldade em obter entrevista com as
um “roteiro de perguntas enunciadas pelo profissionais que trabalham para as agências. Elas
entrevistador e preenchidas por ele com as respostas queriam saber o objetivo da pesquisa, qual era a
do pesquisado” (LAKATOS, 1992:107). Com entidade responsável, etc. A prostituição para
questões fechadas, deixamos claro para as garotas executivo é organizada e bem estruturada, o que
pesquisadas, que não era necessário se identificar. também dificultou a coleta de dados, pois as garotas
Em Uberlândia, as garotas utilizam os Classificados e os agenciadores não queriam falar sobre o assunto.
do Jornal Correio para divulgar seus telefones e sites Uma das agências pesquisadas - Celebridades -
1
A respeito do conceito de turismo de negócios ver BENÌ, 2001:423 profissionais, comerciais e industriais, empregando seu tempo
“deslocamento de executivos e homens de negócios, portanto, livre no consumo de recreação e entretenimento típicos desses
turistas potenciais, que afluem aos grandes centros empresariais grandes centros, incluindo-se também a freqüência a
e cosmopolitas a fim de efetuarem transações e atividades restaurantes com gastronomia típica e internacional”.
Referências
Doutora e Mestre em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo, Especialista em Sociologia pela
Universidade Federal de Uberlândia e Bacharel em jornalismo pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ). Profissionalmente é professora do Centro Universitário de Patos de Minas, jornalista da Universidade
Federal de Uberlândia e autora do livro
Resumo Abstract
Esse trabalho faz uma reconstrução histórica da This paper works on a historical reconstruction of
TV Triângulo, primeira emissora instalada em TV Triângulo, the first broadcaster installed in
Uberlândia, Minas Gerais, recontada por meio de Uberlândia, Minas Gerais. Material was collected
depoimentos de ex-funcionários e dos escritos from interviews with former employees and from
deixados, na forma de livro depoimento, pelo seu the available material, in the form of a deposition-
primeiro proprietário, o empresário Edson Garcia book written by its first owner Edson Garcia
Nunes. Nunes.
Palavras- Chave: História, Memória, Televisão Keywords: History, Memory, Television
Foto 1 – Foto do Material de divulgação da TV Triângulo na época da sua inauguração. Arquivo Pessoal - Roberto Cordeiro 1964
Notas
1
Os profissionais entrevistados foram: Ademir Reis, Agenor 2
Especificamente, foram utilizados os exemplares de 20 abril
Simão, Ataliba Guaritá Neto - Netinho, Altamirando Dantas 1961, 16 jun. 1962, 18 dez 1962 , 6-7 out. 1963, 2 e 3 jun 1964, 29 – 30
Ruas, Ana Maria, Deli Azevedo, Edson Domingos, Edson Geraldo dez. 1964, 31 mar. 1965, 6-7 jun. 1965, 24-25 jul. 1965, 2 set. 1965, 24-
Miro, Haidée Vasconcelos, Hélio Sudário, José Bonfim, Josué 25 set 1965, 17-18 out. 1965, 21 out 1965, 7-8 jan. 1966, 29-30 mar.
Borges, Leonardo Gonçalves, Luiz Gonzaga, Mário Rodrigues, 1966, 3-4 abril 1966, 11-12/07/67, 05/09/71.
Manuel Pardal, Odival Ferreira, Orlei Moreira, Otávio Jacinto 3
Houve também uma transmissão experimental realizada no dia
de Melo, Roberto Carneiro e Umbertino Gonçalves. 28 de dezembro de 1963, transmitida pelo canal 3.
Referências
BERGSON, Henri. Oeuvres. Paris: PUF, 1959. 1956- Primeira transmissão direta intermunicipal, realizada dia
BOM MEIHY, J. C. S. Manual de História Oral. São Paulo: Loyola, 1996.. 22 de fevereiro
BOSI, E. Memória e sociedade - Lembranças de Velhos. São Paulo: 1957- Iniciadas as transmissões para o interior de São Paulo de
CIA das Letras, 1994. forma sistemática.
Cadernos de História (especial). Uberlândia - Uma História em 1960- Inaugurada no dia 6 de setembro a TV Excelsior, de São Paulo
Construção. 4 (4) Uberlândia: Edufu, 1993. 1962- Concedida, através do decreto 1127, de 4/06/62, para o
COSTA, A. H., et al. Um país no ar. São Paulo: Brasiliense, 1986. empresário Edson Garcia Nunes, a instalação de um canal
HALBWALCH, Maurice. Les cadres socieus de la mémoire. Paris: de televisão em Uberlândia/MG.
Féliz Alcan, 1925. HALBWALCH, Maurice. La mémoire colletive. 1961- A implantação de um canal de televisão em Uberlândia é
Paris: PUF, 1956. mencionada pela primeira vez no Jornal Correio de
LIMA, F. B. PRIOLLI, G. e MACHADO, A. Televisão e vídeo. - Os anos Uberlândia, em 20/04, Coluna Trapézio, pg.1. Criado pelo
de autoritarismo: análise - balanço - perspectivas. Rio de Janeiro: decreto n° 50.666 o Conselho Nacional de Telecomunicações
Zahar, 1985. (Contel)
MATTOS, S. Um perfil da TV Brasileira (40 anos de História - de l950 1963- Transmissão da primeira telenovela brasileira em
a l990). Salvador: A Tarde, 1990. capítulos diários
TEIXEIRA, T. Bandeirantes e pioneiros do Brasil Central. 1964- A TV Triângulo - Canal 8, prefixo ZYA, entra no ar no dia 1°
Uberlândia: Gráfica Editora, 1970.p.499. de maio
TEMER, Ana Carolina Rocha Pessôa. Colhendo notícias, plantando Golpe militar de 31 de março
imagens – A reconstrução da história da TV Triângulo a partir Concessão de um canal de televisão para às Organizações
da memória dos agentes de seu telejornalismo. São Bernardo do Globo
Campo: UMESP, 1998 (Dissertação/Mestrado). O Brasil contava com 34 estações de televisão e mais de 1
THOMPSON, P. A voz do passado. São Paulo: Paz e Terra,1992. 800 000 aparelhos receptores
1965- Inauguração da TV Globo, no Rio de Janeiro
Criação da Embratel
Outros 1966- As Organizações Globo adquire o controle acionário da TV
Paulista, Canal 5
Entra em funcionamento, no mês de março, os aparelhos de
Inventário de Fontes de Pesquisa em Uberlândia - Publicação
vídeo-tape da TV Triângulo
Especial do Centro de Documentação e Pesquisa em História da
1967- Criado o Ministério das Comunicações
Universidade Federal de Uberlândia / sem data
Recrudescimento do movimento de emancipação do
Estado do Triângulo - Eu sou Triângulo - Folheto editado pela
Triângulo
Coordenação para Criação do Estado do Triângulo
1968- Inaugurada Rede Nacional de Microondas
1969- Transmissão, via satélite, da chegada do homem à lua
Um centro de Televisão da Embratel é instalado em
Anexo Uberlândia
Noticiada em Uberlândia a crise da TV Excelsior
SÍNTESE CRONOLÓGICA: A TV triângulo e o empresário Edson 1970- Transmissão ao vivo da Copa do Mundo do México
Garcia Nunes TV Triângulo muda para instalações especialmente
construídas para ela, no Bairro Umurarama, parte alta da
1950- Inaugurada a primeira emissora de televisão no Brasil, a cidade de Uberlândia.
TV Tupi, Difusora de São Paulo. Cassada em 28 de setembro a concessão do Canal da TV
1951- Inaugurada no dia 20 de janeiro a TV Tupi do Rio de Janeiro Excelsior, São Paulo
Iniciada a fabricação de aparelhos de televisão no Brasil TV Triângulo começa a transmitir novelas da Rede Tupi
(marca Invicturs) 72% das residências brasileiras estavam equipadas com
1953- A TV Record de São Paulo inicia suas transmissões no dia 27 televisores, segundo dados do censo demográfico nacional
de novembro 1971- A TV Triângulo é vendida para os empresários Tubal de
Siqueira e Silva, Rubens de Freitas, Renato de Freitas e
Rubens Leite.
Resumo Abstract
O Presente artigo objetiva esclarecer o impasse The present article tries do explain the definition
existente com relação à definição do termo hip hop of the term ‘hip hop’ while culture, movement or
enquanto cultura, movimento ou moda, fashion, analyzing speeches and practices of the
analisando os discursos e práticas dos sujeitos que subjects that constitute ‘hip hop’ in a national and
constituem o hip hop em âmbito nacional e international scope in what relates cultural
internacional com relação à indústria cultural e industry and mass media.
meios de comunicação de massa. Keywords: Culture, Hip Hop, Cultural Industry.
Palavras-Chave: Cultura, Hip Hop, Indústria
Cultural
Lá na área rap é o som mais ouvido pela Parece ser consenso entre integrantes e
vizinhança, homens, mulheres, crianças, sem pesquisadores do hip hop, que este termo foi criado
apoio sem tocar nas grandes rádios, o som resistiu pelo Dj Lovebug Starski para referir-se à forma de
a todos e não foram poucos que disseram: isso ai dança mais popular, naquele momento, dos
tocando aqui? Vocês devem estar loucos! Nos subúrbios de Nova Iork: mexer os quadris (to hip em
fecharam caminhos, abrimos outros, diretamente inglês) e saltar (to hop em inglês). Por volta de 1968
onde estava o povo, palcos, ruas, praças, se fosse o negro norte americano, África Bambaata passou a
diferente certamente não teria a menor graça, valeu utilizar o termo Hip Hop para designar toda uma
acreditar! Revolução no ar! A voz da periferia que manifestação cultural.
insistem em calar, chegar pra ficar de maneira O movimento hip hop se caracteriza por obter
coerente, mexendo com a cabeça e o coração da uma postura revolucionária e de contestação
nossa gente, rap nacional experimentando o seu socioeconômica assumida por ele, proveniente da
bum! Como já previa, Thaíde e Dj Hum 1
exclusão social e racial sofrida por jovens
pertencentes às camadas populares, esboçando suas
Recentemente o “hip hop” transformou-se em um insatisfações, comunicando-se a partir de uma
dos gêneros mais executados nas boates de todo o oralidade específica e expressões corporais, criando
mundo, mas será que este estilo musical trata-se um movimento totalmente novo. Todavia, o hip hop
realmente do hip hop? A partir de minha surge no Bronx nova-iorquino como uma forma de
experiência e de estudos realizados em torno do lazer e cultura como conseqüência da exclusão social,
movimento hip hop, deparei-me com alguns em meio a transformações que uma determinada
problemas recentes na definição do termo em camada da sociedade enfrentou no âmbito urbano.
questão, o que me estimulou a escrever este artigo, Assim, a principal característica da cultura hip hop é
com o objetivo de entender tais abordagens. Afinal, o fato de encontrar-se imersa na experiência local2.
hip hop é uma cultura, um movimento ou não passa Posteriormente, o movimento passou a
de um modismo? incorporar uma postura crítica frente à realidade
Notas
*
Este artigo é um desdobramento de um projeto de iniciação 12
BENJAMIM, Walter. A Obra de Arte na Época de sua
científica mais amplo com o apoio do órgão Cnpq, intitulado: Reprodutibilidade Técnica. IN: Teoria da Cultura de Massa. 4º.
“Movimento hip hop em Uberlândia: Dança, Música e (L.C.Lima Org.). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
Identidades Urbanas – Uberlândia 1970/2000" sob a orientação 13
ECO, Humberto. Apocalípticos e Integrados. 5ed. São Paulo:
do Prof. Dr. Newton Dângelo do Instituto de História, da Perspectiva, 1993.
Universidade Federal de Uberlândia. 14
Dentre os quais podemos citar: T. W. Adorno, W. Benjamim, H.
1
Trecho da música: E se esse som estourar? De autoria do rapper Marcuse, M. Horkheimer.
Gog, disponível no site www.rapnacional.com.br. 15
CERTEAU, Michel de. “Culturas Populares”. IN: A Invenção do
2
SILVA, José Carlos Gomes da. Rap na Cidade de São Paulo: Música, Cotidiano. Trad. Rio de Janeiro: Vozes, 1994.
Etnicidade e Experiência Urbana. UNICAMP, Tese de Doutorado, 16
Sobre o tema: DÂNGELO, Newton. Vozes da Cidade: Progresso ,
1998. p. 11. Consumo e Lazer ao Som do Rádio – Uberlândia – 1939/1970.
3
Era nas Block Parties (festas) que aconteciam as maiores Doutorado-História. PUC/SP, 2001;
aglomerações de jovens adeptos à nova prática cultural urbana. SANTOS, José Luiz dos. O Que é Cultura. 4º ed. (Coleção Primeiros
4
Idem. Passos; 110). São Paulo: Brasiliense, 1986;
5
Ver em ROCHA, Janaína/ DOMENICH, Mirella/ CASSEANO, ARANTES, Antônio Augusto. O Que é Cultura Popular. 8º ed.
Patrícia. A Periferia Grita. São Paulo: Perseu Abramo, 2001. p.17. (Coleção Primeiros Passos; 36). São Paulo: Brasiliense, 1985;
6
WILLIAMS, Raymond. Marxismo e Literatura. Rio de Janeiro: MACHADO, Maria Clara Tomaz. Cultura Popular: Em Busca de
Zahar, 1979. um Referencial Conceitual. IN: Cadernos de História.
7
Ver em VIANNA, Hermano. O Mundo Funk Carioca. Rio de Uberlândia: EDUFU, n.5, jan/dez, 1994.
Janeiro, Jorge Zahar, 1988. 17
MARTIN-BARBEIRO, Jesús. Dos Meios às Mediações:
8
ADORNO, Theodor W. A Indústria Cultural. IN: Sociologia: Comunicação, Cultura e Hegemonia. Rio de Janeiro: UFRJ, 1997.
Adorno. (Coleção Grandes Cientistas Sociais). São Paulo: Ática, 18
VIANNA, Hermano. Funk e Cultura Popular Carioca. IN: Revista
1986, p.99. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, vol.3, n. 6, 1990. p. 250.
9
Nos Estados Unidos o termo crossover é utilizado para designar 19
Peixoto, Mariana. Briga de Cachorro Grande. IN: Jornal Estado
uma estratégia de se tornar comercial, um produto musical, de Minas, seção Em Cultura, 26/08/2004.
ultrapassando os segmentos de sua origem. Ver em: SILVA, José 20
Revista Rap Brasil. GOG Contra o Sistema. São Paulo: Escala,
Carlos Gomes da. Rap na Cidade de São Paulo: Música, Etnicidade 2000, nº 4. p.16.
e Experiência Urbana. UNICAMP, Tese de Doutorado, 1998. p.91. 21
Revista Caros Amigos. Movimento Hip-Hop: A Periferia Mostra
10
PAULA, Luciane de. “O hip hop, a mídia e a igreja”. Hip hop: seu Magnífico Rosto Novo. São Paulo: Casa Amarela, 1998, nº 3.
discurso de resistência ou alienação? Tese de doutoramento. p.18.
Araraquara: UNESP, 2003. p. 78. 22
Revista Caros Amigos. Movimento Hip-Hop: A Periferia Mostra seu
11
ADORNO, Theodor W. Indústria Cultural e Sociedade. (Coleção Magnífico Rosto Novo. São Paulo: Casa Amarela, 1998, nº 3. p.18.
Leitura; 51). São Paulo: Paz e Terra, 2002. 23
Entrevista concedida em 01/07/2005.
Referências
ADORNO, Theodor W. A Indústria Cultural. IN: Sociologia: Adorno. BENJAMIM, Walter. A Obra de Arte na Época de sua
(Coleção Grandes Cientistas Sociais). São Paulo: Ática, 1986. Reprodutibilidade Técnica. IN: Teoria da Cultura de Massa.
ARANTES, Antônio Augusto. O Que é Cultura Popular. 8º ed. (Coleção 4ºed. (L.C.Lima Org.). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
Primeiros Passos; 36). São Paulo: Brasiliense, 1985.
Graduando; Instituto de História; Universidade Federal de Uberlândia; Av. João Naves de Ávila, nº2160
– Campus Santa Mônica; Uberlândia; 38400; 0XX 34 3216-5871 e menesesufu@hotmail.com
Resumo Abstract
Este trabalho discute a ação dos agentes da This work discusses the actions of press agents in
imprensa escrita em Uberlândia, na década de Uberlândia in the 80s, regarding their association
1980, a respeito de sua associação com grupos to political groups which disputed the State
políticos em disputa pelo controle de Estado no control in the municipal district. The analysis
município. Essa análise se dedica a perceber a shows the presentation and reply of the political
apresentação e a contestação do projeto político de project of participative democracy in the search of
democracia participativa em sua busca do a consenting in a moment of crisis in social
consenso num momento de crise da direção social. administration.
Palavras chaves: Democracia Participativa, Keywords: Participative Democracy, Press, City
Imprensa, Cidade.
Notas
* O texto apresentado para ser publicado nesse periódico é fruto 11
Cidade espera que Zaire dê continuidade à obra admirável de
de reflexões a respeito do trabalho de pesquisa em Virgílio Galassi. Jornal Correio de Uberlândia. Uberlândia, 19/
desenvolvimento. 11/1982, p.12.
1
MACIEL, Roberto. A última página. In: Jornal Primeira Hora. 12
Ronan critica situação ruim do produtor rural. In: Jornal
Uberlândia, 04/05/1983, p.4. [Roberto Maciel é ex-editor do Primeira Hora. Uberlândia, 30/10/1982, p.1.
jornal em questão. Esse texto marca a sua despedida do periódico.]. 13
ACIUB recebe Zaire na última reunião do ano. In: Jornal Primeira
2
Idem. Hora. Uberlândia, 16/12/1982, p.4.
3
As eleições realizadas em 15/12/1982, para a administração 1983/ 14
Conjunto San Remo pede rede de esgoto. In: Jornal Primeira Hora.
88, devido ao fato de serem as primeiras após a restituição do Uberlândia, 05/04/1983, p..5.
pluripartidarismo como modelo eleitoral, gerou, devido às 15
Idem.
articulações partidárias, momentos de agitação, seja pela criação 16
Idem.
de novos partidos ou pela junção de outros, fato que criou 17
Idem.
verdadeiras frentes eleitoreiras em desprestigio de filiações 18
GUIMARÃES, Silas. Silas Guimarães afirma intenção de
programáticas. Essa condição fez com que, por pressão dos participação. In: Jornal Primeira Hora. Uberlândia, 10/05/1983,
partidos, fosse permitida a instituição de sublegendas em cada p. 4.
agremiação. Foram permitidas as inscrições de até três legendas 19
AMBASAM não está satisfeita com a Democracia Participativa.
por partido. Em Uberlândia apenas o PMDB e o PDS se utilizaram In: Jornal Correio de Uberlândia. Uberlândia. 20/04/1985, p. 2.
dessa legislação. 20
O povo constrói seu destino. In: Jornal Correio de Uberlândia.
4
MACIEL, Roberto Op.cit. Uberlândia, 25/06/1988, p. 3.
5
A campanha eleitoral realizada pelo grupo peemedebista teria 21
Ver em ALVARENGA, Nízia Maria. As Associações de Moradores
dado forma à proposta de Democracia Participativa que, segundo em Uberlândia: Um estudo das práticas sociais e das alterações
aponta o próprio grupo, foi exposta e gerada em 44 bairros da nas formas de sociabilidade. Universidade Pontifícia Católica
cidade em mais de 500 reuniões populares realizadas nas de São Paulo/ Doutorado em Sociologia, 1995.
próprias moradias nesses bairros. 22
QUIRINO, Luiz Fernando. Zaire e a Imprensa. In: Jornal O
6
Política. Jornal Correio de Uberlândia. Uberlândia, 18/11/1982, Triângulo. Uberlândia, 22/11/1988, p. 4. [Luiz Fernando Quirino
p.1. era, quando de seus escritos aqui apresentados, editor do Jornal
7
GALASSI, Virgílio. Com o voto conservador dividido Zaire O Triângulo].
chegou ao poder. In: Jornal Correio de Uberlândia. Uberlândia, 23
QUIRINO, Luiz Fernando. Ameaças veladas. In: Jornal O
23/11/1982, p.6. Triângulo. Uberlândia, 29/11/1988, p.1.
8
CAPELATO, Maria Helena Rolim. A Imprensa na História do 24
Virgílio anuncia o desenvolvimento. In: Jornal Correio de
Brasil. São Paulo: Contexto/EDUSP, 1994. p.15. Uberlândia. Uberlândia, 20/11/1988, p..8.
9
Idem. p,18. 25
OLIVEIRA, Orestes Gonçalves de. Zaire Rezende está na
10
Política. In: Jornal Correio de Uberlândia. Uberlândia. 20/11/ campanha de seu sucessor. In: Jornal O Triângulo. Uberlândia,
1982, p.1. 01/07/1988, p.1.
Referências
ALVARENGA, Nizia Maria. As Associações de Moradores em MARX, Karl. O dezoito brumário de Luiz Bonaparte. São Paulo:
Uberlândia: Um estudo das práticas sociais e das alterações Centauro, 2003.
nas formas de sociabilidade. Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo/Doutorado em Sociologia, 1995.
CAPELATO, Maria Helena Rolim. A Imprensa na História do Brasil.
Fontes pesquisadas
São Paulo: Contexto/EDUSP, 1994.
_______ & PRADO, Maria Lígia. O Bravo Matutino (imprensa e
- Jornal Correio de Uberlândia (1982-1989)
ideologia no jornal”O Estado de São Paulo). São Paulo: Alfa-
- Jornal Primeira Hora (1982-1989)
Omega, 1980.
- Jornal O Triângulo (1986-1989)
Resumo Abstract
Este estudo procura analisar alguns aspectos que This study aims at analyzing some meaningful
foram significativos no processo de transformações aspects related to the transformations that
ocorrido na Praça XV de Novembro, situada em occurred at “Praça XV de Novembro”, located in
Prata, Minas Gerais. the city of Prata, Minas Gerais State.
Palavras -Chave: História Social, Patrimônio, Keywords: Aspects, Meaning, Transformations
Preservação, Paisagem.
Lembrar não é reviver, mas re-fazer. É reflexão, Em todos os desenhos a Igreja Matriz se fez
compreensão do agora a partir do outrora; é presente, o que me levou a pensar na importância
sentimento, reaparição do feito e do ido, não sua da religiosidade na vida das crianças em questão,
mera repetição. mas nenhuma delas ressaltou o prédio do “Paço
Marilena Chauí – 1985. Municipal” localizado na face norte. Apenas duas
meninas desenharam os quiosques comerciais
instalados na avenida Major Carvalho, entre as duas
No ano 2001, trabalhei como professora na Escola quadras da praça. A ilustração 01, nos mostra os
Municipal da Vila Vicentina, uma escola da periferia aspectos que foram privilegiados pela aluna
da cidade do Prata, MG, e por já ter iniciado essa Luciana: a Igreja Matriz ao fundo; uma parte da
pesquisa procurando compreender os significados da quadra sul sem, no entanto, destacar o elemento
Praça XV de Novembro para as pessoas que arquitetônico da Concha Acústica. Ela ressaltou a
vivenciaram o processo de transformações ocorrido presença da fonte luminosa acrescentando-lhe jatos
em seu espaço, elaborei um projeto a ser imaginários de água colorida, informação adquirida
desenvolvido com os alunos da quarta série, cujo em entrevista que realizou com uma tia. Não deixou
objetivo foi voltado para a análise das práticas de de desenhar nenhum dos quiosques citados acima,
sociabilidade que ali ocorriam. Uma das etapas do porém, o que se sobressai no seu desenho é uma
projeto consistia em um passeio das crianças à praça enorme palmeira imperial a qual foi uma das
com o objetivo de desenharem os aspectos que primeiras mudas plantadas ali e o poste de luz
julgassem mais importantes. instalado no local por volta de 1978.
Foi-lhes pedido, também, que elaborassem em que nós moramos e que vivemos!
um relatório e, na simplicidade textual inerente às Muito obrigado! 1
crianças dessa faixa etária, Luciana nos coloca em
contato com o seu ponto de vista referindo-se à sua Esse projeto se mostrou significativo quando
cidade da seguinte maneira: resolvi aprofundar a pesquisa no curso de Mestrado.
Os principais objetivos se voltaram para a análise e
A minha cidade, antes deu nascer, era linda, compreensão das transformações ocorridas no espaço
maravilhosa. Muito especial pra mim e para outros. da referida praça, o modo como influenciaram o
Os homens, antes deu nascer, construíam seguindo cotidiano da população pratense levando a uma
o modelo daquele tempo. atualização das práticas de sociabilidade que ali
Aqui na nossa cidade também tinha casa, prédio e ainda ocorrem. Discursos voltados para o progresso
também uns carrinhos diferentes que não tem e desenvolvimento foram disseminados. Antigos
agora. Eu queria ver a cidade como era antes. hábitos foram abandonados, elementos
Você viu a mudança que agora fizeram pensando arquitetônicos foram demolidos e, em seu lugar,
que o novo é maravilhoso? ergueram-se outros. Nesse sentido, procurou-se
A vida não é assim! O velho também tem valor. Eu investigar até que ponto esses ideais
não sei como era a cidade antes, mas no meu desenvolvimentistas atingiram a cidade como um
sonho ela era linda! todo. Buscou-se ainda, refletir sobre os conflitos
Será que os prefeitos e as pessoas não vai ligar políticos e sociais, como se evidenciavam e de que
para isso? modo essa sociedade se relacionava com os mesmos.
Eu acho que não, porque, esses prefeitos, não Para viabilizar o andamento da pesquisa, me
ligam. Mas outras pessoas ligam porque elas apoiei na reflexão desenvolvida pelo professor
moram aqui, aqui é a terra em que eles nasceram. Rinaldo José Varussa quanto às possibilidades de
Mas, agora vamos parar de destruir as cidades análise que existem quando estudamos
Todas essas intervenções urbanas 19 foram também do poder público, a necessidade de criar uma
responsáveis por influenciar o processo de imagem da cidade que estivesse de acordo com a
transformações que ocorreu na maioria das cidades modernidade das grandes metrópoles brasileiras.
brasileiras, contudo, na cidade de Prata, o projeto Isso justificava a construção da nova praça. Ela tem
cuja influência se tornou mais evidente foi a início na gestão do Prefeito Mário Nery-1967/71 e o
construção de Brasília. Devido à posição geográfica projeto apresentado organiza totalmente o traçado
que ocupa - a cidade do Prata se encontra “a meio dos canteiros e das vias de circulação. A praça foi
caminho de São Paulo e Brasília” 20
(a ilustração 02 dividida em duas quadras pela avenida Major
mostra a localização geográfica da cidade no centro Carvalho sendo que ao norte, foi construída uma
do Triângulo Mineiro) - um grande número de fonte luminosa que possui grande semelhança com
viajantes que percorriam esse trajeto, necessitava o estilo dos projetos de Oscar Niemeyer. Os ladrilhos
passar, ou até mesmo, pernoitar naquela localidade. em preto e branco copiam o desenho do calçadão da
O hotel de maior renome, Hotel Brasil, de praia de Copacabana do Rio de Janeiro. Ao sul, foi
propriedade do Sr. João Alves dos Reis, localizava-se edificada uma concha acústica que mede,
defronte a praça, no lado oeste. Além de hotel, esse aproximadamente, quatro metros de raio e era
prédio também funcionava como terminal rodeada por um espelho d’água.
rodoviário, e, por causa do grande número de pessoas Ao adotar modelos arquitetônicos utilizados em
que nele se instalavam, era necessário que a praça intervenções urbanas nas capitais brasileiras, a
exercesse o papel de cartão postal da cidade. Surgiu, intenção dos administradores não era apenas criar
a partir do interesse dos principais comerciantes e uma imagem do Prata como uma cidade que seguia
Notas
* Este artigo é um fragmento da dissertação Paisagem Urbana e 14
DANTAS, Sandra Mara. Veredas do Progresso em Tons
Memórias: A Praça XV de Novembro em Prata/MG, defendida Altissonantes: Uberlândia (1900-1950). Dissertação de Mestrado.
pela autora em 24 de junho de 2005. Programa de Pós-Graduação em História. Universidade Federal
1
Luciana foi aluna da 4ª série da Escola Municipal da Vila de Uberlândia, 2001, p.154.
Vicentina no ano 2001. É moradora do Bairro Bela Vista em 15
SILVA, Regina H. A. op. cit., p.27.
Prata/Mg. 16
Idem, p.28.
2
VARUSSA, José Rinaldo. Pensando a paisagem como uma 17
Idem., p. 29.
possibilidade para o ensino de história, Cadernos de História, n. 18
SILVA, Regina H. A. op. cit. p. 33.
8. Uberlândia: UFU. V. 1 – p. 109, Mar 99/Mar2000. 19
RODRIGUES, Georgete Mdleg. Ideologia, Propaganda e
3
Idem, p.103 Imaginário Social na Construção de Brasília. Dissertação de
4
SAMUEL, Raphael. Documentação: História Local e História Mestrado. Basília: UNB, 1990. Sobre a construção de Brasília,
Oral. In: Revista Brasileira de História. São Paulo: Marco Zero, n. Georgete Medleg Rodrigues diz que um dos principais objetivos
19, p. 225. da proposta política de JK era a integração do território
5
SALDANHA, Nelson. O Jardim e a Praça: O Privado e o Público na brasileiro por meio da marcha para o oeste. Entre as metas
Vida Social e Histórica. São Paulo: EDUSP, 1993, p. 14. prioritárias sugeridas pelo seu governo destacam-se: 1) expansão
6
VEYNE, Paul. Como se escreve a história; Foucault revoluciona de serviços básicos de energia e transporte; 2) industrialização
a história. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1982, p. de base; 3) racionalização da agricultura; 4) valorização do
29. trabalhador; 5) educação para o desenvolvimento; 6)
7
SEIXAS, Jacy Alves de. Halbwachs e a memória. Reconstrução planejamento regional e urbano.
do passado: memória coletiva e História. Revista de História. São 20
Esse termo foi utilizado por vários anos pelos viajantes que faziam
Paulo, 20: 93-108, 2001 a rota São Paulo/Brasília. Chegavam até a endereçar os envelopes
8
Idem, p. 97 das cartas utilizando o termo.
9
Dados obtidos no censo IBGE (INSTITUTO Brasileiro de Geografia 21
SAMUEL, Raphael. Documentação, história local e história oral.
e Estatística) realizado em 2004. In: Revista Brasileira de História, 19, 1990. p. 221.
10
Estas informações encontram-se na obra de BORGES, Benedito 22
THOMPSON, Paul. A voz oral do passado: história. Tradução
A. M. T. Povoadores do Sertão do Rio da Prata. Uberaba: Editora Lólio Lourenço de Oliveira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992,
Vitória, 1996. p.254.
11
Referência à forma como Sérgio Buarque de Holanda em seu livro 23
SAMUEL, Raphael op. cit. p. 221.
Raízes do Brasil, trata a questão do tipo de povoamento português 24
KOSSOY, Boris. Fotografia e história. São Paulo: Ática,1989.
que é adotado nas cidades brasileiras. 25
CARRIJO, Gilson Goulart. Fotografia e a Invenção do Espaço
12
HOLLANDA, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil. São Paulo: Urbano: Considerações sobre a Relação entre Estética e Política.
Companhia das Letras, 1995. p. 90. Dissertação. Uberlândia: UFU, 2002, 101.
13
SILVA, Regina H. A. A Invenção da Metrópole., 1997. Tese - 26
GRANET-ABISSET, Ane Marie. O historiador e a fotografia. In:
Departamento de História da Faculdade de Filosofia e Ciências Rev. Projeto de História, Jun/2002.
Humanas de São Paulo, 1997. 27
CHOAY, Françoise. op. cit. P. 18.
CARRIJO, Gilson Goulart. Fotografia e a Invenção do Espaço Vida Social e Histórica. São Paulo: EDUSP, 1993, p. 14.
Urbano: Considerações sobre a Relação entre Estética e Política. SAMUEL, Raphael. Documentação: História Local e História Oral.
Dissertação. Uberlândia: UFU, 2002, 101. In: Revista Brasileira de História. São Paulo: Marco Zero, n. 19, p.
DANTAS, Sandra Mara. Veredas do Progresso em Tons 225.
Altissonantes: Uberlândia (1900-1950). Dissertação de Mestrado. SEIXAS, Jacy Alves de. Halbwachs e a memória. Reconstrução do
Programa de Pós-Graduação em História. Universidade Federal passado: memória coletiva e História. Revista de História. São
de Uberlândia, 2001, p.154. Paulo, 20: 93-108, 2001
GRANET-ABISSET, Ane Marie. O historiador e a fotografia. In: Rev. SILVA, Regina H. A. A Invenção da Metrópole., 1997. Tese -
Projeto de História, Jun/2002. Departamento de História da Faculdade de Filosofia e Ciências
HOLLANDA, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia Humanas de São Paulo, 1997.
das Letras, 1995. p. 90. THOMPSON, Paul. A voz oral do passado: história. Tradução Lólio
KOSSOY, Boris. Fotografia e história. São Paulo: Ática,1989. Lourenço de Oliveira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992, p.254.
RODRIGUES, Georgete Mdleg. Ideologia, Propaganda e VARUSSA, José Rinaldo. Pensando a paisagem como uma
Imaginário Social na Construção de Brasília. Dissertação de possibilidade para o ensino de história, Cadernos de História, n.
Mestrado. Basília: UNB, 1990. 8. Uberlândia: UFU. V. 1 – p. 109, Mar 99/Mar2000.
SAMUEL, Raphael. Documentação, história local e história oral. VEYNE, Paul. Como se escreve a história; Foucault revoluciona a
In: Revista Brasileira de História, 19, 1990. p. 221. história. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1982, p. 29.
SALDANHA, Nelson. O Jardim e a Praça: O Privado e o Público na
Professora Doutora Professora Adjunto 02 do Instituto de História da Universidade Federal de Uberlândia. Mestre em
História Social pela USP, doutora pela mesma Universidade. Pesquisadora do NEGUEM (Núcleo de Estudos de Gênero e
Pesquisa sobre a Mulher). Presidente do Conselho Editorial da Revista “Caderno Espaço Feminino”. Linha de Pesquisa:
Violência e Gênero. Coordenadora do GT de Violência do Instituto de História da UFU
Resumo Abstract
Este artigo faz uma breve reflexão sobre a In this article we make a brief reflection on
violência durante a história da vida humana, violence during human beings history. Domestic
enfoca a violência doméstica, trazendo o assunto violence is focused to bring out the subject to
para a realidade contemporânea. Ao mesmo contemporary reality. At the same time we try to
tempo, procura demonstrar as implicações dessa demonstrate the implications of that kind of
violência no processo de aprendizagem de violence in the learning process of children and
crianças e adolescentes vitimizados. Tomando adolescents who suffered violence. The empirical
como modelo empírico de análise, o Centro de model of analysis is the Centro de Referência da
Referência da Infância e Adolescência Vitimizada Infância e Adolescência Vitimizada – CRIAV. The
– CRIAV percebeu-se que os prejuízos causados pela damages caused by aggression are deep and
agressão são profundos e variados e que nem varied and the visualization of the violence
sempre a visualização da situação de violência é situation is not always noticed.
percebida.
Keywords: Domestic Violence, Child/Adolescent,
Palavras-chave: Violência Doméstica, Criança/ Learning
Adolescente, Aprendizagem
Estudar a violência doméstica e suas implicações religioso ou cultural específico, como poderiam
nos tempos atuais tornou-se uma proposta pensar alguns. Sua importância é relevante,
desafiadora e mesmo sendo um dos assuntos mais sobretudo sob dois aspectos; primeiro, devido ao
discutidos, tanto no meio acadêmico quanto na sofrimento indescritível que imputa às suas vítimas,
sociedade em geral, mostra ser a cada dia um muitas vezes silenciosas e, em segundo, porque,
problema social crescente e assustador ainda a ser comprovadamente, a violência doméstica,
desvelado. Esta situação atinge principalmente incluindo aí a negligência e o abuso sexual, pode
milhares de crianças, adolescentes e mulheres, em impedir um bom desenvolvimento físico e mental
grande número de vezes de forma silenciosa e da vítima. (Azevedo, Maria Amélia, 2000) 1
dissimulada. Trata-se de uma situação que não se É fato que nos estudos iniciais sobre a civilização,
restringe a nenhum nível social, econômico, desde as primeiras investigações a respeito do
Tabela 1.0
Frequência às aulas 2 1 4 18
Relação professor-aluno 1 5 16 3
Podemos notar por essa tabela, que nem sempre relativamente poucos os casos em que esses itens são
a freqüência às aulas e o comportamento da criança ruins, em geral as crianças freqüentam e se
dentro da sala de aula e da própria instituição são relacionam bem na escola.
desfavoráveis, pois os dados mostram que são
Sinais de negligência 5 20
Aqui, tabela 2.0, o que se percebe, são que os falta de preparo, ou por falta de interesse mesmo.
“sinais”, ou seja, marcas no corpo da violência física Como consta nos dados acima descritos, a maioria
ou falta de higiene e saúde, que muitas vezes são o das crianças, salvo aquelas que sofreram abusos
maior indício de que algo de errado esteja mais fortes, não apresentaram marcas visíveis pelo
acontecendo num lar, não favorecem o seu corpo, foram caracterizadas como bem vestidas e
descobrimento. Muitas vezes o olhar do observador calçadas, mantendo uma higiene compatível com o
(neste caso, professores e educadores) não alcança os esperado. O que se conclui é que a violência pode ser
chamados da criança, não é feita de maneira bem acobertada, principalmente quando os olhos não
eficiente a busca por sinais de violência, seja por estão voltados para o seu descobrimento.
Tabela:3.0
Atenção 11 8 6 1
Concentração 12 8 6 0
Criatividade, fantasia 6 16 2 1
Desenvolvimento cognitivo 2 14 8 1
Este último (tabela 3.0) é o quadro que nos mostra durante o processo de análise das respostas dos
a maior interferência da violência no processo de questionários do CRIAV foi que as vítimas de abuso
aprendizagem das crianças. Os aspectos cognitivos sexual são as mais prejudicadas, suas reações mudam
revelam o quanto uma violência pode prejudicar o instantaneamente, seu comportamento na escola
desenvolvimento escolar. Aqui, os itens que falam torna-se agressivo, elas perdem o interesse pelo
sobre a atenção, concentração, criatividade e ambiente de aprendizagem, há os sinais da violência
raciocínios já são em sua maioria desfavoráveis para e principalmente, seu desenvolvimento cognitivo
a criança, mostrando que a aprendizagem nesta fica em defasagem significativa, todos os itens
etapa não estará sendo significativa. Esses itens verificados foram negativos. È, portanto, a violência
analisados são as principais ferramentas que levam mais grave e que implica maiores traumas para
as crianças a descobrirem e formarem seu mundo quem a sofre.
interior e explorar o mundo exterior a ela, dessa Um outro artifício usado para a realização desta
forma esse processo de formação fica severamente pesquisa foi uma entrevista aberta com a pessoa
comprometido. responsável no CRIAV pelo cuidado psicológico e
Uma observação relevante que se pôde notar tratamento das crianças vitimas e pais agressores,
Notas 8
Rosely Sayão, Folha de São Paulo, Folha Equilíbrio – SOS família,
A Construção da diferença de gênero. 28 de Julho de 2005.
1
AZEVEDO, M. A. & GUERRA, V. N. A. (2000). Crianças Vitimizadas: 9
Ver ainda BARBOSA, Maria José Somerlate, Chorar Verbo
a síndrome do pequeno poder. 2ª .ed. São Paulo: Iglu Transitivo. In Cadernos Pagu(11) 1998: pp. 321-343. Que vai falar
2
Entende-se por agressividade qualquer comportamento cuja a respeito do estudo do choro e/ou a ausência dele como um dos
finalidade é causar dano a outro, levando em consideração as parâmetros usados principalmente no séc XIX e XX, para se
noções de causalidade (pessoais ou impessoais) e aplicando-se definir masculinidade e virilidade. Examinando os discursos de
esta definição à interação social, onde uma pessoa exibe um emoções fortes (fúria, medo, dor e vergonha) e as mudanças no
comportamento e este tem conseqüências nocivas a outras código do significado de masculinidade que ocorre a partir dos
pessoas. (RODRIGUES, Aroldo. Psicologia Social. Petrópolis RJ. anos 60
Editora Vozes. 1972, pp 315) 10
Ver ainda: SAFFIOTI. H, I, B. Contribuições feministas para o
3
GAY.Peter. A Experiência Burguesa da rainha Vitória a Freud. estudo da violência de gênero. Cadernos Pagu(16), 2001:pp.115-
O Cultivo do Ódio. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p.12. 136
4
PUGA DE SOUSA, Vera Lúcia. Violência e Desgoverno: o 11
SCOTT, Joan.”História das Mulheres”. In. BURKE, Peter (org). A
desaparecimento do Jardim das delícias. In: Inventário dos escrita da História – Novas Perspectivas. São Paulo, Unesp, 1992,
Processos Criminais em Uberlândia 1960/1980. Uberlândia: pp 81-88
EDUFU, FAPEMIG/CNPQ, 2000, p. 19. #
Ver no site www.unicef.org , que disponibiliza informações
5
ELIAS, Norbert. O Processo Civilizador. Formação do Estado e atualizadas, projetos de auxílio em desenvolvimento e outras
Civilização.. Vol. 2. Rio de Janeiro: Zahar, 1993, pp.190/191 informações sobre o assunto.
6
FLAX, J. “Pós-modernismo e relações de gênero na teoria 12
PERROT, Michelle. Os Excluídos da História. Operários,
feminista”. In GUERRA. Claudia Costa. Descortinando o Poder e Mulheres, Prisioneiros. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.
a Violência nas Relações de Gênero: Uberlândia MG (1980 – 1995) 13
Matéria completa disponível: Folha de São Paulo, Domingo, 17
Dissertação de Mestrado , São Paulo USP, 1998. de Julho de 2005, página C1
7
SILVA, M. Violência Contra Mulher: Quem mete a Colher?: São 14
AZEVEDO, M. A. & GUERRA, V. N. A. (2000). Crianças
Paulo: Editora Cortez; 1992. Vitimizadas: a síndrome do pequeno poder. 2ª .ed. São Paulo: Iglu
Mestre em História pela Universidade Federal de Uberlândia. Professora do Ensino de Arte da Escola de Educação Básica - UFU
Resumo Abstract
O presente artigo analisa e apresenta algumas In this article we analyze and present some
modificações estéticas arquitetônicas que architectural aesthetic modifications that were
ocorreram no entorno da Praça Tubal Vilela no done around Praça Tubal Vilela during the 20 th
decorrer do século XX, por meio de discussões century. We present some philosophical
filosóficas sobre o belo e o sublime e a importância discussions on the beautiful and the sublime. Press
da impressa local como elemento influenciador no played and important role to influence and
convencimento da população da necessidade de convince population of the need to update the
atualização da imagem urbana central, apoiada central urban image, leaning on the idea of
na idéia de se ter para Uberlândia uma estética having an aesthetics that would give Uberlândia a
que a referendasse no país como uma cidade reference of a modern and beautiful city in the
moderna e bela. country.
Palavras-Chave: Praça Tubal Vilela, Estética Keywords: Praça Tubal Vilela, Architectureal
Arquitetônica, Imprensa Local Aesthetic, Local Press
Imagem 1. (Detalhe) Visão panorâmica da Praça Tubal Vilela final do século XX.
Acervo Osvaldo Naguettini - APU
Uberlândia é uma cidade bonita, uma cidade ...deriva das leis da natureza e da razão; desta
alegre, jovial. Seu povo é otimista; vive em uma última derivam as regras da proporção, segundo
harmonia perene. [grifo nosso]( O Repórter, 07/ as quais a totalidade ou parte de uma obra é
03/1937. P, 01. Col, 12. Rodovias – Aldo Martins.) louvada ou desaprovada, conforme corresponda
ou não a finalidade para a qual foi destinada.
Eu sou realmente apaixonada pela cidade. Gosto (BURKE, 1993, p.169.)
muito de tudo aqui, realmente Uberlândia é uma
cidade muito bonita. [grifo nosso] (Correio de No entanto, percebe-se que o objetivo da
Uberlândia, 31/08/1999. P, B-27 – Caderno arquitetura destinada a compor o entorno da praça
Especial. O Povo Fala – O Que Você Mais Gosta em Tubal Vilela e sua dinamicidade traçaram suas
Uberlândia.) mudanças estéticas de acordo com a finalidade
temporal que ela passa a adquirir no período de sua
Segundo Burke, o belo e o sublime são categorias existência. Mudanças estas que refletiram,
opostas. Enquanto o sublime está ligado às sensações constantemente, o anseio progressista do
de maior impacto, ou seja, ao medo, à grandiosidade, uberlandense pelas imagens belas projetadas pela
principalmente nas grandes proporções das sua arquitetura central.
arquiteturas, que ao olhar se distorcem, criando Segundo Hegel: “O belo produzido pelo espírito é
formas amorfas o belo está ligado à sentimentos mais o objeto, a criação do espírito, e toda criação do
serenos, ao amor, ao prazer, à simpatia, às pequenas espírito é um objeto a que não se pode recusar
proporções na arquitetura. Assim, conclui-se que o dignidade.” (HEGEL, p.12.). As edificações sendo elas
belo, na arquitetura, deve ser menos ousado nas elaboradas pelo homem, possuem uma personalidade
formas plásticas que lhes são impressas que o bela a ela destinada, diferenciando-se do belo natural
sublime, pois o belo, neste sentido, apresenta-se, em encontrado pronto na natureza, pois, diferentemente
relação à aparência estética acanhado e de da natureza, ao moldar a matéria bruta, o projetista
permanência curta, enquanto que o sublime elabora uma vestimenta conferindo-lhe austeridade
impressiona, apresentando-se, metaforicamente, e beleza, capazes de deleitar o olhar do espectador
destemido e marcando uma permanência maior. quando da observação da arquitetura projetada. E
Neste sentido, no que se refere à arquitetura mesmo austera e bela, torna-se, por muitas vezes,
uberlandense e de tantas outras cidades modernas, efêmera, pois o gosto e as tendências na arquitetura
pode-se dizer que a bela edificação que se impõe no contemporânea, geralmente, obedecem a uma
momento de sua inauguração, referendada com o permanência curta.
adjetivo de beleza vai, aos poucos e em um curto Em arte, os objetos considerados belos são de uma
Referências
BERMAN, Marsshall. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura MACHADO, Maria Cristina Teixeira. Lima Barreto – Um Pensador
da modernidade. São Paulo: Companhia das letras, 1986. na Primeira República. Goiás: Editora UFG, 2002.
BURKE, Edmund. Uma Investigação Filosófica Sobre a Origem de NAXARA, Márcia Regina. Sobre o Campo e a Cidade: O olhar,
Nossas Idéias do Sublime e do Belo. Campinas, S. P.: Papirus. Sensibilidade, Imaginário (Em Busca de um Sentido Explicativo
Editora da Universidade de Campinas, 1993. do Século XIX). Tese de Doutorado, Campinas. Unicamp São Paulo:
CARRIJO, Gilson Goulart. Fotografia e a invenção do espaço 1999.
urbano: Considerações sobre a relação entre estética e política.
Dissertação de mestrado. Uberlândia MG:UFU, 2002.
DEPAULE, J-C; TOPALOV, C. A Cidade Através de Suas Palavras. In:
BRESCIANI, Maria Stella. As Palavras da Cidade. Rio Grande do
Outros documentos
Sul: Editora da Universidade, 2001.
GUNN & CORREIA, T. B. O Urbanimo: A medicina e a biologia nas PREFEITURA MUNICIPAL DE UBERLÂNDIA. Inventário de
palavras e imagens da cidade. In: BRESCIANI, Maria Stella. As Proteção do Acervo Cultural. Uberlândia, 2001.
Palavras da Cidade. Rio Grande do Sul: Editora da Universidade,
2001.
HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Curso de Estética: O Belo na
Arte. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
Jornais
KANT, Immanuel. Lo bello y lo sublime. In: Colección Austral, n.
621. Madri: Espana S. A., 1946. A Tribuna. – 1919 a 1942.
LAMBERT, Rosemary. Introdução à História da Arte da Correio de Uberlândia – 11939 a 2000
Universidade de Cambridge – A Arte do Século XX. Rio de Janeiro: O Repórter - 1933 a 1963
Zahar Editores, 1984.
Economista formado pelo IE/UFU, ex-assessor da Secretaria Municipal de Planejamento Participativo (2002-2004),
fundador do Fórum Permanente do Orçamento Participativo de Uberlândia. Atualmente é Consultor do Orçamento
Participativo do Município de Patrocínio - MG
Resumo Abstract
Este artigo analisa como o Orçamento In this article we analyze how the participative
Participativo evoluiu no Município de Uberlândia budget was developed in Uberlândia in its three
através de suas três fases: proposto pelas duas phases: proposed by Zaire Rezende’s two
Administrações de Zaire Rezende (1983-1988; administrations (1983-1988; 2001-2004), and
2001-2004), e organizado pela própria Sociedade organized by Society (2005-2008) in the
(2005-2008) através do Fórum Permanente do Permanent Forum of the Participative Budget.
Orçamento Participativo. Keywords: Participative Budget, Society,
Palavras-Chave: Orçamento Participativo, Administration
Democracia Participativa, Participação Popular
REGIÃO BAIRROS
A Morumbi , São Franscisco de Assis, Prosperidade, Dom Almir, Alvorada,Marielza, Olhos D´agua,
Tenda dos Morenos, Parque das Andorinhas, Joana Dárc e Chácaras próximo ao Rio Araguari
B Tocantis , Guarani, Talismã, Dona Zulmira Norte, Taiaman (Aruanan), Parque Maravilha,
Morada do Sol, Jockey Camping, Assentamento Rio das Pedras
C Martins, Daniel Fonseca, Osvaldo Resende
D São Jorge , Granada, Laranjeiras, Santa Luzia, Buritis, Paineiras, Viviane, Seringueiras, São
Gabriel, Jd. Gravatas, Comunidade da Floresta do Lobo e Chácaras do Balsamo
E Custodio Pereira, Umuarama, Novo Horizonte
F Luizote, Mansour, Jd. Patrícia, D. Zulmira (Sul), Nosso Lar, Santo Antonio, Chácaras Oliveira e
Beira Rio
G Patrimônio , Jd. Karaíba, Morada da Colina, Copacabana, Shopping Park,
H Nossa Senhora das Graças,Liberdade, Esperança, Gramado, Sta Rosa, Cruzeiro do sul, Minas
Gerais, Marta Helena, Chácaras Val Paraíso,
I Pacaembu, Jd América, Maravilha, Maria Rezende, Sta Rosa, Satélite Oliveira
J Lagoinha, Pampulha e Saraiva, Carajás, Lagoinha, Leão XIII, Ozanan, Santa Maria, Vigilato
Pereira, Xangrilá
L Aclimação e Ipanema I e II, Jd Califórnia, Mansões Aeroporto, Morada dos Pássaros, Quintas do
Bosque
M Planalto, Jaraguá, São Lucas, Sto Inácio, Jd Ipanema e Nova Uberlândia, Chácaras Tubalina,
Cidade Jardim, Tancredo Neves
N Brasil, Bom Jesus, N.S. Aparecida
O Canaã, Morada Nova, Panorama e Bela Vista, Chácaras Eldorado, Sto Antonio, Jd. Holanda,
Chácaras Babilônia, Chácaras Douradinho, Comunidade da Escola Municipal Costa e Silva,
Comunidade da Escola Municipal Leandro José de Oliveira, Comunidade da Escola Municipal
Babilônia
P Tibery
Q Roosevelt, Jd. Brasília, São José, Bairro Industrial,
R Centro, Fundinho, Cazeca, Lídice, Tabajaras
S Santa Mônica, Segismundo Pereira, Jd. Finotti, Progresso
Fonte: Prefeitura Municipal de Uberlândia (2001)
* Apresentação da Metodologia
Plenárias do OP
* Apresentação dos números da LOA
Informativas
* Reinvindicações Populares
* Eleições dos delegados do OP
Nos quatro primeiros anos do OP de Uberlândia quanto do governo de que era necessário a otimização
foram eleitos mais de 500 delegados (as) do OP, 228 do ciclo do OP objetivando a concretização de obras
conselheiros (as) do OP, e participaram ativamente não concluídas foi introduzida o ciclo unificado do
das plenárias públicas mais de 40.000 cidadãos. OP conforme podemos observar ao lado:
Participaram também das plenárias diversas Com a nova metodologia, as Plenárias Informati-
entidades sociais tais como Associações de moradores vas foram suprimidas assim como as reuniões
de bairro, Associações de Amigos de Bairro, intermediárias. A partir de 2004, as plenárias
Associações Femininas, Associações de Comércio, unificadas definiriam em um só momento, os
Sindicatos, Partidos Políticos, Conselhos Municipais, conselheiros, delegados, prioridades regionais. A nova
Conselhos Distritais de saúde, grupos culturais, metodologia possibilitou ao COP maior tempo para
grupos afro-descendentes, Organizações não- análise das prioridades populares e inclusão das
governamentais, pastorais, etc. mesmas tanto na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentá-
No ano de 2004, após a avaliação tanto do COP rias) quanto na LOA (Lei Orçamentária Anual).
284
34 Equipes do Programa Saúde da Família Educação Popular (apoio aos cursinhos pré-vestibulares e participantes
alfabetização de jovens e adultos);
do
Construção de duas escolas municipais nos Bairros Seringueiras e Minas Gerais Reforma e ampliação de 30 escolas Municipais.
Construção de duas Unidades de Atendimento Intensivo (UAI)
nos bairros Martins e Morumbi Programa de Educação de Combate ao Racismo;
OP,
Construção do viaduto do Bairro Taiaman Construção da Casa Abrigo Travessia de Uberlândia com participação
decisiva do SOS Ação Mulher Família
Construção da Praça Sinfonia e Urias Batista; Implantação da Escola Municipal de Dança
mais
Instituição do Banco do Povo, com assinatura de 821 contratos Reforma do Teatro Rondon Pacheco
Construção de 2030 metros lineares da galeria da Av. Minervina Cândida Oliveira Descentralização da Cultura com a realização do
Palco Móvel em todos os bairros de Uberlândia
Realização de pavimentação asfáltica da ligação dos Bairros Canaã/Morada Nova, Recuperação do trevo de acesso e entrada do Distrito de Tapuirama
Chácaras Panorama e do Bairro Santo Antônio;
Criação da Ouvidoria da Saúde Restauração da Igreja do Distrito de Miraporanga
notadamente
Construção e instalação de seis Postos Integrados de Segurança e Cidadania Recuperação de 6.000 km de estradas vicinais nos Distritos (Martinésia,
Criação e implantação do Programa Renda Cidadã que repassa Cruzeiro dos Peixotos, Tapuirama e Miraporanga)
qualitativo no que se refere às suas intervenções
conselheiros e delegados, tiveram um crescimento
os
passa sem sombra de dúvida, pela experiência do
orçamento participativo. Podemos perceber que os
A construção da cidadania ativa em Uberlândia,
Iluminação da Av. Solidariedade nos bairros São. Francisco e Joana D’arc Urbanização no bairro Minas Gerais
Urbanização do Parque Santa Luzia Iluminação da Av. Solidariedade nos bairros São .Francisco e Joana D’arc
Acesso a ônibus no Bairro Esperança Urbanização de 1385 lotes nos bairros São Francisco e Joana D´arc
Notas
1
Democracia Participativa pode ser entendida como o compartilhamento das Combate à Violência; Organização do Espaço Municipal; Desenvolvimento
ações dos governantes com a Sociedade sem, em hipótese alguma, sobrepor às Local e Distribuição de Renda; Cultura e Comunicação Social; Qualidade no
atribuições da Democracia Representativa. Serviço Público Municipal.
2
FERRARI, Marcílio M. O orçamento participativo como contraponto aos 8
A partir de 2004 a eleição dos conselheiros do OP ocorreu nas plenárias
modelos tradicionais de orçamento público. Monografia. IE/UFU, Uberlândia, unificadas.
2005; 182p. 9
Regimento Interno do Conselho do Orçamento Participativo, 2004
3
JESUS, Wilma F. Poder Público e Movimentos Sociais: aproximações e distanciamentos . 10
Comissão de Fiscalização do Orçamento com atribuição específica de
Uberlândia 1982-2000. Universidade Federal de Uberlândia. Instituto de História, acompanhar a tramitação da LOA na Câmara. A partir de 2002, a COMFORÇA
2002.157 p. (Dissertação, Mestrado) 1 passou a ser chamada de COMFORÇA Câmara.
4
Após a posse do novo Prefeito de Uberlândia, Odelmo Leão Carneiro (PP) no 12
Instituto Brasileiro de Análises Sócio Econômicas. O Curso Prefeito Por Um
ano de 2005, a SMPP foi extinta. dia é de livre acesso podendo se adquirido pelo sítio virtual www.ibase.org.br
5
O Fórum Governamental foi proposto no início do Governo Zaire Rezende 13
A divulgação do escândalo foi tamanha que a reportagem foi pauta de abertura
(2001-2004) sendo composto por Secretários, assessores, diretores dos órgãos do Jornal Nacional, da Rede Globo.
da Administração Indireta e o Prefeito. 14
Mesmo extinguindo a SMPP, o Governo Odelmo Leão Carneiro não extinguiu
6
Os distritos rurais são: Martinésia, Miraporanga, Cruzeiro dos Peixotos e os cargos cujas funções eram ligadas ao OP, o que demonstra a prática de
Tapuirama. acomodação política presente em seu Governo.
7
Entre 2001 e 2002 as plenárias temáticas foram: Saúde e Assistência Social; Cultura 15
O FPOP após negociações conseguiu o apoio primordial da UNIMINAS para
e Comunicação Social; Segurança Pública, Justiça e Cidadania; Circulação e sediar suas atividades.
Transporte; Reforma do Estado Local; Desenvolvimento Econômico, Geração 16
Vereadores: Fernando Rezende (sem partido), Aniceto Ferreira (PT), Elismar
de Emprego e Tributação. A partir de 2003 as Plenárias Temáticas foram: Prado (PT), Wilson Pinheiro (PPS), Jerônima Carlesso (PSDB), Felipe Atiê (PFL).
Educação, Esporte e Lazer; Saúde e Assistência Social; Direitos Humanos e
Graduando em História pela Universidade Federal de Uberlândia. Estagiário do Museu do Índio da UFU, 2003/2005
Resumo Abstract
O texto discute a história da televisão em The text presents a discussion on the history of
Uberlândia a partir das primeiras transmissões Television in Uberlândia since the first
televisivas em 1961. Esta nova forma de transmissions in 1961. This new kind of
comunicação ocupa os espaços do rádio, dos communication occupies the spaces of the radio
jornais, desde então, e vai aos poucos se and newspapers, ever since, and little by little if
interagindo com a população da cidade. É um interacts with people. It is a moment of deep
momento de profundas transformações político- political-social transformations in Brazil and
sociais no Brasil e a televisão em Uberlândia insere Television inserts the city in the national context.
a cidade no contexto nacional. Keywords: Telelvision, communication, history
Palavras-Chave: Televisão, Meios de
Comunicação de Massa, História de Uberlândia
Datam do mês de março de 1961 as primeiras imediatamente após a instalação dos primeiros
transmissões televisivas em Uberlândia. Desde esse aparelhos de TV nos lares uberlandenses já denotava
ano, o assunto televisão já ocupava espaço nos jornais um movimento por parte das pessoas em direção ao
uberlandenses. Com uma incipiente urbanização, a meio de comunicação analisado.
cidade vai lentamente adaptando-se às Na medida em que se tornava mais popular, a
transformações engendradas pelos governantes televisão aumentava a concorrência ao rádio,
locais para inserirem a cidade no processo “roubando-lhe” público e seus primeiros
desenvolvimentista do país, que englobava desde a profissionais. A importância da opinião do público
esfera federal às esferas estaduais e municipais. telespectador traz à tona a intenção dos indivíduos
Sendo uma cidade localizada na área central do em externar os seus desejos frente aos interesses da
Brasil, Uberlândia procurou adaptar-se à realidade Indústria Cultural. A partir das radionovelas, o gosto
econômica, política e cultural do período, sendo a do público passa a ser objetivado pelos produtores
televisão o principal, ou mais expressivo, veículo da destes programas, como demonstra Sérgio Caparelli:
Indústria Cultural 1 Cartas em que os ouvintes expressam aprovação ou
A TV Triângulo implantada em Uberlândia em protesto são estudadas cuidadosamente. Pesquisas
1964, sendo a primeira emissora de televisão da por telefone determinam o tamanho aproximado da
cidade surge para atender, num primeiro momento, audiência de cada capítulo. Com base nesses dados e
ao interesse da burguesia local, uma vez que a com muito talento para captar o que agrada, são
aquisição dos aparelhos de TV era restrita a uma estruturados os enredos, os personagens e as tomadas
pequena parcela da comunidade uberlandense. de cena de cada capítulo3
Todavia, esse quadro iria mudar brevemente. O Com efeito, os produtores de TV percebem uma
próprio surgimento dos “televizinhos” 2 certa “movimentação” por parte dos telespectadores
Notas
1
RAMOS, José M. Ortiz. Televisão, publicidade e cultura de 9
TÁVOLA, Artur da. A liberdade do ver: televisão em leitura
massa. Rio de Janeiro / Petrópolis: Vozes 1995. p-45. crítica. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. p-83.
2
O termo “televizinho” explicita a situação em que um morador 10
FISKE, John. Television Culture. Londres / Nova Iorque: Methuem,
da época que não possuía um aparelho de TV deslocava-se até a 1987. In: RAMOS, José M. Ortiz. Televisão, publicidade e cultura
casa de seu vizinho, sendo este último proprietário do aparelho, de massa. Rio de Janeiro / Petrópolis: Vozes, 1995. p-171.
para fruir do entretenimento proporcionado pela televisão. 11
RAMOS, José M. Ortiz. Televisão, publicidade e cultura de
Esta afirmação pode ser verificada em TEMER, Ana Carolina R. massa. Rio de Janeiro / Petrópolis: Vozes 1995. p-45.
P.. Colhendo notícias, plantando imagens: a reconstrução da 12
“Feira Livre.” Jornal Correio de Uberlândia, 22/05/1970. p-03.
história da TV Triângulo a partir da memória dos agentes do 13
“TV Triângulo - Canal 8: o grande campeão regional: transmissões
seu telejornalismo. Dissertação ( Mestrado em História ), da Copa do Mundo.” Jornal Correio de Uberlândia, 23/06/1970.
Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, p-01.
1998. p-12. 14
“Canal 5 de Uberaba já está em São Simão.” Jornal Correio de
3
CAPARELLI, Sérgio. Televisão e capitalismo no Brasil. Porto Uberlândia, 31/01/1975. p-06.
Alegre: L&M, 1982. p-135. 15
“Decreto Presidencial autoriza novo Canal de TV para
4
TEMER, Ana Carolina R.P. Op. cit. p-48 Uberlândia.” Jornal Correio de Uberlândia, 06/02/1975. p-01.
5
MARTIN-BARBERO, Jesús. Dos meios às mediações: 16
“Saberemos honrar o mandato que recebemos através da concessão
comunicação, cultura e hegemonia. Rio de Janeiro: UFRJ, 1997. do Canal 10.” Jornal Correio de Uberlândia, 12/03/1975. p-01.
p-310. 17
CAPARELLI, Sérgio. Op. Cit. p. 97-98.
6
Jornal Correio de Uberlândia, 01/02/1964. p-01. 18
“Cine Uberlândia será transformado em Centro Comercial.”
7
Jornal Correio de Uberlândia, 24-25/05/1964. p-01. Jornal Correio de Uberlândia, 06/05/1975. p-01.
8
TV mostrou progrmação Avant - Premiere.” Jornal Correio de 19
“A Rede Tupi de Televisão comprou um homem de seis milhões
Uberlândia, 02-03/07/1964. p-01. de dólares.” Jornal Correio de Uberlândia, 18-19/10/1975. p-01.
Resumo Abstract
A loucura sempre permeou o imaginário, sendo Madness always permeated the imaginary, being
apreendida de formas diversas ao longo de vários apprehended in several ways along various
períodos históricos. Contudo, a sua presença historical periods. However, its presence always
sempre causou uma certa estranheza. O asilo, caused certain strangeness. The asylum,
implantado a partir das últimas décadas do século implanted in the last decades of the 19 th century
XIX no Brasil, é o ambiente de enclausuramento in Brazil, is the atmosphere of madness cloister,
da loucura, transformando-se também no espaço also becoming the doctor’s space which is
do médico, apropriado pela medicina que toma a appropriate for medical practices, as insanity
insanidade objeto de conhecimento. Neste becomes a knowledge object. In this context,
contexto, o internamento vai ser utlizado como internment will be used as therapeutics and
terapêutica e a loucura começa a ser definida madness begins to be defined as a disease. That
como doença, havendo a partir daí a constituição constitutes the beginning of the psychiatric
do saber psiquiátrico e de suas diversas práticas. knowledge and its several practices.
Palavras-Chave: Loucura, Imaginário, Asilo, Keywords: Madness, Imaginary, Asylum, Disease
Doença
Para abordarmos a temática da loucura são imensa tarefa moral que deve ser realizada no asilo
pertinentes os estudos de Michel Foucault, que e que é a única que pode assegurar a cura do
apresentam a importância da medicina social na insensato. 2
que relata sua passagem por várias instituições Neste relato, percebe-se que a “única alternativa”
psiquiátricas no Paraná, e apresenta estrutura possível para conter os pacientes mais agressivos era
semelhante ao Sanatório Espírita de Uberlândia. colocá-los em celas, de tamanho reduzido, para que
Carrano relata as práticas de tratamento existentes o doente mental não entrasse em contato com outros
em manicômios, denunciando o descaso da maioria pacientes. A instituição que recebia pessoas que
dos psiquiatras que se utilizam o dinheiro público, sofriam transtornos mentais toma ares de instituição
muitas vezes não ministrando terapêuticas carcerária trancando seus pacientes para que eles
adequadas aos internos, assim como enfermeiros que não pertubassem a paz e a ordem da vizinhança,
maltratavam os internos, o uso de alta medicação e tendo duplo papel, como é relatado acima.
de tratamentos altamente agressivos, como o Mais assustador mostra-se a forma como os
eletrochoque. pacientes “mais agressivos” eram tratados,
permanecendo todo o tempo em celas trancadas e
Era uma visão triste: aquelas pessoas reduzidas muitas vezes se alimentando de forma precária, sem
àquilo. Eram pessoas sim, seres humanos, mas o mínimo de higiene e cuidado.
pareciam feras torturadas, agoniadas, com
alguma coisa mordendo seus corpos e rasgando- É, nós tivemos alguns enfermos muito perigosos,
lhes a alma. 19
dominados por espíritos, parece que muito
agressivos. Nós precisamos cuidar com eles com
O livro de Austregésilo Carrano tornou-se filme, muito cuidado e eles não aceitavam qualquer
chamado Bicho de Sete Cabeças com Rodrigo Santoro, assitência. Tínhamos que dar comida em prato de
Othon Bastos, Cássia Kiss, levanta o debate sobre as papelão, por baixo de uma grade, deixar que eles
instituições psiquiátricas, acirrando o debate político comessem com a mão, porque se nós déssemos
sobre as práticas de violência que ainda se fazem um garfo ou uma colher seria perigoso eles até
presentes no sistema asilar brasileiro. atingirem a gente, ou enãao quebrar tudo, coisa e
No Sanatório Espírita de Uberlândia existiam celas tal, e, assim, acontecia com colchões, com
reservadas a pacientes mais agressivos, havendo dois cobertores, tudo eles destruíam. 22
compartimentos isolados um do outro em que eram
separados os homens e as mulheres. Referente a Notamos a partir dessa fala que a terapêutica
estrutura física do Sanatório Espírita de Uberlândia, referente ao paciente crônico quase sempre, resulta
Gladstone Cunha 20 , que foi administrador da em seu trancafiamento, em tempo integral, o que
instituição durante a década de 70 relata: levava a debilitação ainda maior do diagnóstico. Este
tipo de tratamento, segundo alguns psiquiátricas
(....) nesses dois compartimentos existiam o que que lutam atualmente contra a manutenção de
chamamos de cela, que era justamente para os manicômios, leva ao estado de cronificação da
nossos irmãos agressivos, e os não agressivos têm doença , uma vez que o paciente não é estimulado,
23
lá o local de corredor semelhante ao que nós temos sendo cortados os vínculos mínimos com a realidade,
nos hotéis com quartos individuais, cama, tudo perdendo aos poucos sua humanidade, não havendo
direitinho. No máximo que se fazia a noite era, comunicação com os outros pacientes ou com o
depois de recolhermos os normais, os mais ou mundo ao seu redor.
menos agressivos nos seus quartos, as vezes a A psiquiatria, principalmente a partir de meados
gente passava um cadeado para evitar que eles dos anos 30, em todo o Brasil, foi transformada em
perambulantes deveriam ser recolhidos aos A análise dos históricos de doença dos pacientes
hospitais psiquiátricos e ficava proibido manter do Sanatório Espírita de Uberlândia, contidos nas
quaisquer insanos em cadeia pública. 24
fichas médicas, permitem perceber que os doentes e
os sintomas ali registrados tinham uma estreita
Esta terapêutica leva-nos a refletir sobre as relação com o ideal progressita de ordenação e
práticas psiquiátricas das primeiras décadas do higienização dos valores, bem como a proposta
século XX, que buscavam, de primeira mão, conter espírita de reforma moral, principalmente das
o doente mental, podendo-se constatar a falta de classes populares, que eram o setor da sociedade mais
preparação dos profissionais de saúde, no que diz cerceado em seus hábitos e costumes. Desta forma,
respeito ao tratamento dessa doença. o ideal da sociedade progressita a ser seguido reflete-
Segundo relato de D. Marolina, 25
que foi se nos diagnósticos que consideram o paciente
enfermeira do Sanatório Espírita de Uberlândia, em tomado por uma enfermidade mental, sobretudo
meados das décadas de 60 e 70, a equipe de pelos desvios de condutas dessas pessoas e pelos
enfermeiros responsáveis não era profissionalizada, deveres sociais que eram relegados.
além de não haver uma equipe técnica suficiente Estes históricos são constituídos de relatos de
para o funcionamento do Santório, contando apenas parentes ou pessoas próximas dos pacientes que
com dois enfermeiros práticos (Rosalvo e narram comportamentos considerados anormais,
Bitencourt), uma cozinheira, uma lavadeira, um muitas vezes traçando um paralelo sobre o período
barbeiro e um dentista. Existia o administrador da em que a pessoa tinha um ritmo de vida normal,
instituição, que na maioria das vezes era espírita e sendo abruptamente interrompido por atitudes
dois médicos que a princípio eram clínicos gerais, estranhas que, muitas vezes, não eram da índole da
como o Dr. Moyses de Freitas, havendo médicos pessoa, às vezes desencadeados por uma doença
especialistas em psiquiatria somente a partir de qualquer ou por algum contragosto ou trauma
1963, com a chegada do Dr. Lázaro Salum, sofrido. Estas atitudes estranhas demonstram a
posteriormente os psiquiatras Nivaldo Gonçalves e reação da pessoa à situações inusitadas.
Osvaldo do Nascimento atendiam os casos A partir desta discussão podemos apontar alguns
psiquiátricos da instituição. aspectos que frequentemente surgem nestes relatos,
A análise das fichas médicas 26 , torna-se como a importância da justeza de caráter da mulher,
fundamental, apresentando várias informações o amor pelos filhos, o amor entre indivíduos da
como medicação e terapêuticas utlizadas, tipo de mesma classe social, o ideal do trabalhador, assim
doença, histórico e também autorizações para como reflexos da teoria positivista da
internação e diagnósticos de médicos e espíritas a hereditariedade de doenças, entre outros fatores.
partir de psicografias, que indicam o tratamento À mulher cabia o papel de cuidar dos filhos, dos
espiritual aos pacientes. Podemos traçar um quadro alfazeres da casa, assim como ser uma boa esposa, e
dos diferentes tratamentos, assim como apreender a partir do momento que estas funções não fossem
em dados que parecem imperceptíveis, formas de sua principal preocupação, este tipo de atitude não
resitência ao ideário e aos valores da época. era vista com bons olhos. Dentro deste quadro
Há dez dias, na casa de sua mãe, vendo o padrasto O amor aparece como agente que gera distúrbios
ralhar com seu filho, começou a chorar e assim nos pacientes, tanto em homens como em mulheres.
ficou o dia todo. Nos dias seguintes passou a falar Quando existe um caso de amor platônico, ou mesmo
desordenadamente, a cantar e dizer pronografias. quando são amores “proibidos” pela moral, como
Adquiriu o hábito de morder e o de rasgar toda a entre pessoas da mesma família, bem como entre
roupa. Não gosta do marido, a quem tinha muita pessoas que pertencem a classes sociais diferentes,
estima, tendo agora excitação sexual deante de estes comportamentos são condenados.
outros homens. 28
Graduado em História pela Universidade Federal de Uberlândia (1998-2004) e incentivado pela FAPEMIG durante a
realização do projeto ´Almas enclausuradas: práticas de intervenção médica, representações culturais e cotidiano no
Sanatório Espírita de Uberlândia (1932 - 1970)´
Resumo Abstract
Resultado de uma pesquisa no Arquivo Público This article is a result of a research in the
Municipal, sobre coleções particulares e outros Municipal Public File, on private collections and
acervos de jornais e panfletos produzidos em other collections of newspapers and pamphlets
Uberlândia desde os últimos anos do século XIX e produced in Uberlândia since the last years of the
início do XX até o ano de 1990, este artigo elucida 19 th century and beginning of the 20 th century to
de maneira singela como alguns discursos setoriais the year of 1990. It elucidates in a simple way
refletiram e ajudaram a edificar o imaginário how some speeches contemplated and helped to
social desta cidade. Esta pesquisa foi pautada pelos build social imaginary in the city. This research
objetivos traçados no projeto ´Almas was ruled by the objectives of the project: Almas
enclausuradas: práticas de intervenção médica, enclausuradas: práticas de intervenção médica,
representações culturais e cotidiano no Sanatório representações culturais e cotidiano no Sanatório
Espírita de Uberlândia (1932 - 1970)´, CNPq, Espírita de Uberlândia (1932 - 1970)´, CNPq, 2001-
2001-2003, e produziu inventário com grande 2003, and has produced an inventory with a big
número de material em fichas. amount of recorded material.
Palavras-Chave: Imprensa, Loucura, Espiritismo. Key words: Press, Madness, Spiritism
Na trilha das representações de um imaginário vários discursos de diferentes origens. Este processo
social pertinente à cidade de Uberlândia durante o constituiu-se no fichamento e transcrição dos
século XX, um importante instrumento utilizado artigos, crônicas e afins publicados nos jornais de
num jogo de relação poder/saber pelas autoridades Uberlândia desde o início do século XX até o ano de
médicas, religiosas e políticas foi a imprensa. Artigos, 1990.
crônicas, poemas, mensagens psicografadas, espaços Muito pode se inferir na ausência e/ou na
de mídia comprados ou cedidos, juntamente com o precaução de se incluir as vozes dos excluídos sociais
formato, as letras diferenciadas, as imagens e tudo (loucos, prostitutas, pobres e doentes) no cotidiano
mais, constituíram nos jornais e panfletos desta da cidade, através dos assuntos e matérias
cidade um poderoso mecanismo de propaganda e comunicados. Assim, foi minucioso o processo de
doutrinação, muitas vezes atendendo a interesses busca que poderíamos chamar de ‘agulhas em um
particulares de setores emergentes e de setores palheiro’.
tradicionais da elite política. Todo o material coletado durante esta
Durante as pesquisas do projeto ´Almas investigação será colocado à disposição de possíveis
enclausuradas: práticas de intervenção médica, futuros pesquisadores. Por hora fiquem com esta
representações culturais e cotidiano no Sanatório narrativa que nada mais pretende do que uma
Espírita de Uberlândia (1932 - 1970)´1 foi realizado singela articulação entre os discursos produzidos em
um extenso trabalho de investigação na hemeroteca alguns artigos selecionados na intenção de apontar
do Arquivo Público Municipal local que nos trouxe algumas das várias temáticas que irromperam.
Notas
1
Projeto incentivado pelo CNPq, 2001-2003. Folha Esportiva, Boa Vontade, Jornal do Professores Municipais,
2
CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e Voz do Triângulo, Vida Escolar, O Terceiro Milênio, Tribuna do
representações. Lisboa: Difel, 1990. Triângulo, Pee rre, Ponta de Lança, Jornal dos Motoristas e O
3
Cogita-se da construção de novo penats. Diário de Uberlândia. Expediente.
Uberlândia, 22 jul., 1936, p. 01. 6
FOUCAULT, Michel. A história da loucura na idade clássica.
4
Correio de Uberlândia, ano V nº. 892 , 01 abr., 1942, p.01. 6ªed, São Paulo: Perspectiva, 1999. Ah! Se eu fosse autoridade
5
Contemplando informá-los, leitores, o quão vasto e multifacetado tiraria as cocegas a essas morenas enthusiasmadas... Tições!
se fez este trabalho de pesquisa, pontuarei a seguir todos os Percebamos, que o nome do artigo é “Estas pretas!”, adjetivação
materiais consultados e pesquisados, publicados entre 1897 a que o próprio autor chama entre parênteses de “uma grave
1990, durante o período em que o projeto ‘Almas enclausuradas: offensa!”.Desta maneira, fica fácil perceber a ironia vulgar que
práticas de intervenção médica, representações culturais e foi posta, tendo término no xingátorio “Tições!”.
cotidiano no Sanatório Espírita de Uberlândia (1932 - 1970)’ se 7
Apreciemos, então como exemplar, o artigo que se segue
estendeu. Jornais: A Reforma, Gazeta de Uberabinha, A nova Era, (PASCHINO. Estas pretas! O Progresso. Uberabinha, 04 out. 1914,
O Progresso, Paranayba, O Brasil, O Diário de Uberabinha, A n. 363, A. VIII, p.01.) e ficará mais fácil entendermos em que espaço
Notícia, O Triângulo, Repórter, O Município, A Folha e em que contexto é entendida a cidade de Uberlândia, ainda na
Municipal, Jornal de Uberlândia e o Correio de Uberlândia. segunda década do século em questão.Fui um fervoroso adepto da
Panfletos: A Livraria Kosmos, Binóculo, A Notícia, A Escola, A liberdade dos pretos; folguei immensamente com a extinção
Tribuna, A Chispa, O Aerolitho, O Lampeão, O Corisco, O dessa mancha negra que aviltava o meu amado Brasil; achei e
Garotinho, O Lápis, O Rabixo, O Relâmpago, O Sabre, A Letra 7, acho ainda boa, justa, santa, a lei de 13 de Maio de 1888. Entretanto
A Esperança, SertãoJudiciário, A Espora, Reflexo, O Alarme, A sempre pensei que essa lei devia ter dado aos pretos uma
Mariposa, A Farpa, A Garra, O Ideal, Diário da Revolução, O liberdade com restrincções; devia libertando-os, impor-lhes a
Triumpho, O Jornal Pequeno, A Pena, O Pioneiro, O Triângulo, obrigatoriedade do trabalho.
Mensagem, O Nacionalista, O Secundarista, A Província, O (...)
Arauto, O Companheiro, Tribuna Acadêmica, Uberlândia As sras. morenas (chamal-as de pretas é uma grave offensa!)
Comercial, A Escolar, Jornal Caça e Pesca, Tribuna de Minas, O então são intoleraveis! Querem andar muito bem vestidas,
Jornal do Triângulo, Mini-Notas, Jornal de Bolso, O melhor ainda do que as patroas, serem tratadas com muitas
Brasileirinho, O Evangelista, AESU Jornal, A Escola Rural, A attenções, não gostam de serviços grosseiros...
Raça, A Seara, A Escola Normal, O Mineirinho, O Povo, O (...)
Araponga, Hora H, Luz e Caridade, A Borboleta, O Momento, O Ah! Se eu fosse autoridade tiraria as cocegas a essas morenas
Correio Popular, Crítico Político, Democracia, O Bandeirante, enthusiasmadas...
O Programa, Brasil Central, Maria, Cruzeiro, O Ginasiano, Tições!
Mercúrio, Oásis, Voz Central, O Escolar, O Jornal, Oswaldo Cruz, Percebamos, que o nome do artigo é “Estas pretas!”, adjetivação
A Voz do Povo, A Tribuna Católica, Mocidade Livre, Nova Sento, que o próprio autor chama entre parênteses de “uma grave
Referências
ASSIS, Machado. O alienista. São Paulo: Ática, 1.992. 22a ed. Correio de Uberlândia, ano V nº. 892 , 01 abr., 1942, p.01.
BARBOSA, Augusto. Espiritualismo. Jornal de Uberlândia. FOUCAULT, Michel. A história da loucura na idade clássica. 6ªed,
Uberlândia, 24 jan., 1937, N.105, A. II, p. 02. São Paulo: Perspectiva, 1999.
CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e MENDES, J. Franklin. A alma dentro da ciência espírita. O Repórter.
representações. Lisboa: Difel, 1990. Uberlândia, 19 fev., 1952, A. 19, N.1478, p.03.
Cogita-se da construção de novo penats. Diário de Uberlândia . PASCHINO. Estas pretas! O Progresso. Uberabinha, 04 out. 1914, n.
Uberlândia, 22 jul., 1936, p. 01. 363, A. VIII, p.01.
Resumo Abstract
Este artigo discute algumas das diversas unidades In this article we discuss some of the several social
microssociais, como a família, a escola, e a própria unities such as family, school and psychiatric
instituição psiquiatra, onde a loucura é institutions, where madness is gradually
paulatinamente fabricada pela relação constante produced by constant power relations.
de poder. Além disso, aponta algumas práticas Furthermore, we point out some violent practices
violentas utilizadas no tratamento psiquiátrico ao of psychiatric therapy that have occurred during
longo da História. History.
Palavras-chaves: Loucura, Poder, Sociedade. Keywords: Madness, Power, Therapy
Os poderosos sempre conspiram contra seus familiar, escolar, quanto aquelas que se
súditos e procuram mantê-los no cativeiro; e, para desenvolvem numa perspectiva macro, ou seja, no
atingir seus objetivos, sempre se valeram da força âmbito do Estado e instituições governamentais,
e da fraude. De fato, quanto mais eficaz é a retórica fazem emergir os lugares sociais e a definição de
justificativa com a qual o opressor esconde e falseia papéis para cada membro da sociedade, e o desvio de
seus verdadeiros objetivos e métodos-como foi o certos padrões morais, definidos nesse processo,
caso antigamente da tirania justificada pela podem render ao infrator sanções que vão desde a
teologia, e é agora da tirania justificada pela privação de bens públicos até a privação de liberdade
terapia-o opressor tem sucesso, não somente em e seu confinamento em manicômios e prisões.
subjugar a vítima, mas também em roubar-lhe um Nessa perspectiva, a construção de um
vocabulário com o qual possa articular sua imaginário coletivo evidencia os preceitos morais e
condição de vítima, transformando-a, desse modo, éticos aceitos pela maioria, mas que, quase sempre,
num cativo desprovido de todos os meios de são definidos por uma minoria que é a representação
escapar.1 simbólica do poder. O exercício do poder, portanto,
ultrapassa os limites institucionais, fazendo-se valer,
É no campo das relações de poder que os sobretudo nas relações não institucionalizadas, em
indivíduos se definem enquanto sujeitos dominantes que o eu e o outro representam as peças fundamentais
e sujeitos dominados. A eficiente arte da dominação do quebra-cabeça político. È nesse campo de
sempre se valeu da expropriação de saberes, em que disputas, que as representações vão tomando, aos
as redes de significados seguem as leis dos mais fortes. poucos, os seus verdadeiros significados. Significados
É nesse sentido, pois, que o imaginário coletivo estes, definidos historicamente e por sujeitos
evidencia um campo político social de disputas históricos, porque o imaginário social só tem sentido
constantes entre as memórias individuais. Tais se for analisado no seu contexto histórico e social em
relações de poder, tanto aquelas travadas nas que é construído. Como lembra o filósofo Michel
unidades microssociais, isto é, na instituição Foucault:
Com o advento da modernidade, a religião deixa Nesse momento, a busca pela modernidade, faz
de ser o centro de fundamentação dos saberes, surgir à figura das grandes cidades. A modernidade
cedendo lugar à razão que passa a explicar a verdade estampada nas grandes construções, em pontes e
sobre o universo, a partir da experimentação torres, personifica os ideais do poder almejado. O
empírica e a exploração técnica da natureza. O homem passa a carregar em si as marcas profundas
desenvolvimento tecnológico passa a atender às dos novos tempos; os efeitos deletérios da máquina, o
necessidades do homem que não mais contenta em corpo cansado do trabalho pesado das fábricas. As
explicar as coisas a partir da sobrenaturalidade. A cidades crescem, aumentando o número de
natureza poderia render bons frutos, desde que mendigos, doentes e maltrapilhos. A varrida do louco
pudesse ser explicada e conhecida, o investimento em da escala pública ganha, nesse tempo, uma conotação
viagens planetárias explorou os limites geográficos, estética, em que o doente não se confunde com
promovendo a busca por terras longínquas, por mares nenhum dos padrões de beleza, ao contrário, suja e
nunca dantes navegados. Tal pensamento levou a cabo contamina a cidade. Ele precisa ser varrido para
a corrida imperialista, bem como o processo de que a ideologia moderna supere as marcas da
colonização de povos diversos. África e América foram contradição.
os principais continentes de retenção de matérias- Segundo Foucault, é nesse momento que a
primas e de mãos-de-obra escrava e barata. definição de doença mental em estilo positivista é
É nesse contexto que a literatura clássica faz alcançada. Em meados do século XVII, o mundo da
surgir os novos bobos, que dessa vez tiveram a corte loucura vai tornar-se o mundo da exclusão. O louco
substituída pelos hospitais gerais. O “bem” e o “mal”, precisa ser fechado e os furiosos deverão ser mantidos
traduzidos pelo maniqueísmo cristão dos tempos fora do alcance social. Surgem em toda a Europa
medievais, são, agora, substituído pela “razão” e a casas especializadas para receber os desajustados
“desrazão” dos tempos modernos. O doente passa a varridos da esfera pública. Essas casas se articulam
ser o responsável pela sua própria doença e o louco não para receber os dementes e loucos, mas,
carrega em si as marcas discrriminatórias da também, englobam uma série de indivíduos que não
irracionalidade e da desrazão. Em O Elogio da condiziam com os ideais da modernidade, desde
Loucura, Erasmo de Roterdã mostra que a loucura mendigos, maltrapilhos, inválidos, portadores de
não está ligada ao mundo e às suas formas doenças venéreas, até os desempregados e libertinos
subterrâneas, mas sim ao homem, e suas fraquezas, de todas as espécies. Em resumo, “todos aqueles que,
seus sonhos e suas ilusões. A loucura não está mais à em relação a ordem da razão, da moral e da sociedade,
espreita do homem, como estava nas pinturas de dão mostras de alteração”. Lembra Foucault que:
Bosch, Ela se insinua nele, é ela um sutil
relacionamento que o homem mantém consigo Nas workhouses, os internos eram forçados a
mesmo. Segundo Foucault, A renascença rompeu trabalhar, a obrigação do trabalho tinha também
com uma realidade que via a loucura como expressão um papel de sanções e de controle moral. É que, no
de realidade subumana, mas promoveu uma grande mundo burguês em processo de Constituição, um
diminuição do homem, ao defini-lo em termos vício maior, o pecado por excelência no mundo do
puramente racionais. Segundo o autor: comércio, acaba de ser definido; não é mais o
orgulho nem a avidez como na Idade Média; é a
A loucura torna-se uma forma relativa à razão ou, ociosidade. 7
A busca pela felicidade e o respeito mútuo Não é de se estranhar, dentro dessa perspectiva,
imprimiu ao pensamento antipsiquiátrico um que a tentativa de medicalização da doença mental,
caráter utópico que encontrou nos românticos dos de apropriação da loucura dentro de um paradigma
Notas
1
SZASZ, Thomas S. Ideologia e Doença Mental: Ensaios sobre a 11
Ver FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: História da Violência
Desumanização Psiquiátrica do Homem. Rio de Janeiro: Zahar, nas Prisões. Petrópolis: Vozes, 1977. MARCUSE, Herbert. Eros e
1980, p.13. Civilização: Uma Interpretação Filosófica da Obra de Freud. Rio
2
FOUCAULT, Michel. Doença mental e Psicologia. Rio de janeiro: de Janeiro: Zahar, 1969.
Tempo Brasileiro, 1975, p.71-72. 12
ARFOUILLOUX, Jean-Claude. Antipsiquiatria: Senso ou Contra-
3
Ver LAING, Ronald David. O Eu Dividido: Estudo Existencial da Senso? Rio de Janeiro: Zahar, 1976, p.26-27.
sanidade e da Loucura. 3. ed., Petrópolis: Vozes, 1978; O Eu e os 13
ALBUQUERQUE, J. A, Guilhon. Metáforas da Desordem: O
Outros: O Relacionamento Interpessoal. 4. ed., Petrópolis: Vozes, conceito Social da Doença Mental. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1978. 1978, p. 19. Sanidade, Loucura e a Família. Belo Horizonte:
4
Ver FOUCAULT, Michel. Doença Mental e Psicologia. Rio de Interlivros, 1980.
Janeiro: Tempo Brasileiro 1975. 14
Cf. LAING, Ronald David. A política da Família e outros Ensaios.
5
Cf. FOUCAULT, Michel. A História da Loucura na Idade Clássica. São Paulo: Martins Fontes, 1975; Sanidade, Loucura e a Família.
São Paulo: Perspectiva, 1987, p.11. Belo Horizonte: Interlivros, 1980.
6
Ver ROTERDAM, Erasmo de. O Elogio da Loucura. São Paulo: 15
COOPER, David. A Morte da Família. Buenos Aires: Paidos, 1973,
Martins Fontes, 1997. Brasileiro, 1975, p. 79. p.25.
7
FOUCAULT, Michel. Loucura e Cultura. In: Doença Mental e 16
BUENO, Austregésilo Carrano. Canto dos Malditos. Rio de
Psicologia. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1975, p. 79. Janeiro: Rocco, 2001.
8
Cf. FOUCAULT. Michel. Doença mental e Psicologia. Rio de 17
Cf. BLACK, Edwin. A Guerra contra os Fracos: A Eugenia e a
Janeiro: Tempo Brasileiro, 1975, p.82. Campanha Norte Americana para criar uma Raça Superior. São
9
FOUCAULT, Michel. A Casa dos Loucos. In Microfísica do Poder. Paulo: A Girafa, 2003.
Rio de Janeiro: Graal, 1979. 18
Cf. MACHADO, Roberto (Org.). Danação da Norma. Rio de Janeiro:
10
DUARTE JR., João Francisco. A Política da Loucura (A Graal, 1978.
Antipsiquiatria).P.13 19
Ver: UCHÔA, P. M. Organização da Psiquiatria no Brasil. São
Paulo: Sarvier, 1981.
Referências
ALBUQUERQUE, J. A. Guilhon. Metáforas da desordem: O contexto BLOCH, Marc. Apologia da História ou o Oficio do historiador. Rio
social da doença mental. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978. de Janeiro: Zahar, 2001.
BASAGLIA, Franco. A Psiquiatria Alternativa contra o pessimismo COOPER, David. La Muerte de la Familia. Buenos Aires: Paidos, 1973.
da razão, o otimismo da prática; conferência no Brasil. São Paulo: ________. Psiquiatria e Antipsiquiatria. São Paulo: Perspectiva,
Brasil Debates, 1982. 1967.
BARRETO, L. Diário do Hospício – o cemitério dos vivos. Rio de COSTA, J. F. Ordem Médica e Norma Familiar. Rio de Janeiro: Graal,
Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura/ AGCRJ, 1988. 1983.
BASTIDES, Roger. Sociologia das Doenças Mentais. São Paulo: DELEUZE, Gilles. Crítica e Clínica. São Paulo: Editora 34, 1997.
Nacional; EDUSP, 1967. _________. Foucault /Gilles Deleuze. São Paulo: Brasiliense, 1988.
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