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A ECONOMIA SOLIDÁRIA E O ENSINO: UMA EXPERIÊNCIA NO CURSO

TÉCNICO DE NÍVEL MÉDIO EM ADMINISTRAÇÃO (IFAM/PARINTINS)

Delana de Souza Canto1


Lucas Diógenes Leão2

INTRODUÇÃO

Este trabalho traz um relato de experiência dos processos metodológicos


planejados e realizados no desenvolvimento das atividades da disciplina
“Cooperativismo e Associativismo”, ministrada para os alunos finalistas do curso
técnico em Administração do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Amazonas (IFAM), campus Parintins.
O curso técnico em Administração, com duração de aproximadamente 2
anos, possui em seu eixo “Gestão e negócios”, a disciplina “Cooperativismo e
Associativismo”. Esta possui uma carga horária de 80 horas/aula e procura
habilitar os alunos para atuarem profissionalmente em empreendimentos
baseados na economia solidária. O objetivo principal da disciplina é proporcionar
o ensino – aprendizagem sobre princípios e funcionamento da cooperativa aos
alunos, bem como despertá-los para o empreendimento em cooperativas,
através de práticas e simulações.
No IFAM/Campus Parintins, até um período anterior ao projeto em
questão, o corpo docente não possuía interesse pela disciplina Cooperativismo.
Da mesma forma, os alunos demonstravam-se desmotivados a cursá-la. A
disciplina era predominantemente trabalhada em sala de aula, de maneira
bastante conceitual. Contudo, para o melhor aproveitamento do processo de
ensino - aprendizagem sobre o tema cooperativismo, tema central desse

1
Mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia pela Universidade Federal
do Amazonas (UFAM). Bacharela em Administração (UFAM). Docente do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM, campus Parintins). E-mail:
deka.canto@gmail.com.
2 Mestrando em Educação pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Licenciado em

Educação Física (UFAM) Técnico de nível médio em administração pelo Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM, campus Parintins). E-mail:
lucasdleao@gmail.com.
trabalho, se fazia necessário a dimensão procedimental (prática), pois “a única
maneira de aprender a construir a economia solidária é praticando-a” (PAUL
SINGER, 2005, p. 19).
Nesse sentido, as ações educativas desenvolvidas foram realizadas por
meio da simulação de criação e gestão de cooperativas incluindo atividades
práticas efetivas, onde os alunos puderam empreender e trabalhar de forma
coletiva. O uso desse procedimento educativo ocorreu em razão da necessidade
de união entre os conhecimentos teóricos e práticos na referida temática.
Ainda, Gadotti (2009) nos ensina que a economia solidária é antes de tudo
um processo contínuo de aprendizado de como praticar a ajuda mútua, a
solidariedade e a igualdade de direitos no âmbito dos empreendimentos e em
simultâneo fazer com que seus realizadores sejam capazes de melhorar a
qualidade de seus produtos, as condições de trabalho, o nível de ganho dos
sócios, a preservação e recuperação dos recursos naturais colocados à sua
disposição.
Assim, se faz necessário praticar a ajuda mútua para construir uma
cooperativa. Entretanto, para Paul Singer (2005), os valores fundamentais da
economia solidária precedem sua prática. A saber, o cooperativismo possui sete
princípios, que são: a adesão voluntária e aberta; controle democrático por parte
dos membros; participação econômica dos associados; autonomia e
independência; educação, capacitação e informação; cooperação entre as
cooperativas e interesse pela comunidade (BARRETO e PAULA, 2009).
A Cooperativa é uma associação de pessoas, mas ela também é uma
empresa econômica (Art. 3° e 4° – Lei N° 5.764/71). Por isso, dizemos que ela
tem dupla natureza. Enquanto associação, a cooperativa é um conjunto de
pessoas que trabalham baseadas em interesses comuns, sendo que todos têm
os mesmos direitos e deveres. Na condição de negócio solidário, a cooperativa
tem objetivo comercial, que gera emprego e retorno financeiro aos cooperados.
As cooperativas diferenciam-se das empresas capitalistas em função dos
seus princípios e valores. Estes possuem diferentes fundamentos, sendo eles o
humanismo, a liberdade, a igualdade, a solidariedade e a racionalidade.
Teoricamente, os cooperados são movidos por valores éticos como honestidade,
responsabilidade social e interesse no bem coletivo (BENATO, 2006).
Atualmente as cooperativas apresentam-se como alternativa sustentável
para transformação social de pessoas sem rendimento. Corroborando com essa
ideia para Silva Neto et al (2001), o cooperativismo objetiva promover a justiça
social através da geração de renda a seus associados, por isso, é uma
alternativa para geração de trabalho e renda até mesmo em contexto de alto
grau de qualificação e instrução pessoal.
Ao gerarem renda para seus associados, as cooperativas contribuem para
o desenvolvimento econômico e social do país. Segundo a Organização das
Cooperativas Brasileiras - OCB (2009), atualmente há aproximadamente 6,5
milhões de associados a cooperativas, o que corresponde a 3,95% da
população. Embora sejam pouco incentivadas no Brasil, as cooperativas são
responsáveis, segundo a OCB (2009), por cerca de 200 mil empregos,
participam de 6% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e rendem mais de 2
bilhões de dólares em exportações diretas. Esses dados revelam o grau de
importância das cooperativas para o sistema econômico do país.

OBJETIVOS

Tratando-se este trabalho de um relato de experiência, o mesmo teve


como objetivo geral “Relatar os procedimentos educativos ocorridos na disciplina
“Cooperativismo e Associativismo” por meio da utilização da simulação de
criação e gestão de cooperativas”. Os procedimentos educativos envolveram
simulação de ações que ocorrem em cooperativas, possibilitando a descrição e
divulgação dos resultados alcançados junto aos pesquisadores interessados.
A seguir, elencamos as finalidades almejadas com tal iniciativa educativa
em se estabelecer/adotar ações educativas teórico-prática para a referida
disciplina. Foi intenção, por parte da professora, proporcionar aos alunos
conhecimentos teóricos e práticos a respeito de cooperativas e buscou-se
também estimular os alunos para a prática empreendedora por meio do
cooperativismo.
Este trabalho está embasado na literatura específica e no relato dos
resultados alcançados na referida iniciativa educativa. Por fim, serão enfatizados
os pontos positivos e as dificuldades percebidas pelos alunos e professora.
METODOLOGIA

O presente trabalho, além de um relato de experiência, também é um


estudo desenvolvido por meio de uma pesquisa-ação educacional. “Uma
pesquisa pode ser qualificada de pesquisa-ação quando houver realmente uma
ação por parte das pessoas ou grupos implicados no problema sob observação”
(THIOLLENT, 2003, p. 15). A pesquisa-ação para fins educacionais é
principalmente uma estratégia para o desenvolvimento de professores e
pesquisadores de modo que eles possam utilizar suas pesquisas para aprimorar
seu ensino e, em decorrência, o aprendizado de seus alunos (TRIPP, 2005).
Segundo Mayer et al., (2001, p. 9) “o professor/facilitador estimula os
alunos a não ficar na dependência dos livros, do professor ou de respostas de
outros”. Partindo dessa reflexão, procurou-se adotar ações educativas para a
disciplina de “Cooperativismo e Associativismo” que contemplasse
conhecimentos teórico juntamente com experiências práticas, realizadas pelos
próprios alunos. Essa busca partiu da intenção do professor de aprimorar o
ensino - aprendizagem dos alunos por meio de suas pesquisas, baseado no
método da pesquisa-ação educacional.
As atividades de ensino formal da disciplina foram desenvolvidas em sala
de aula e no laboratório de informática do IFAM, campus Parintins. Enquanto
que as atividades práticas foram desenvolvidas, além dos espaços citados, em
endereços privados definidos e custeados pelas duas cooperativas criadas, onde
os participantes das mesmas, chamados de cooperados, realizaram suas
atividades produtivas e comercialização dos produtos. Ressalta-se que as
referidas cooperativas funcionaram na prática, mas não foram legalizadas, por
terem sido criadas especificamente para fins educativos.
A disciplina tem carga horária de 4 horas/aula por semana, totalizando 80
horas no primeiro semestre de 2017. Inicialmente foi trabalhada com aulas
expositivas e diálogos sobre a teoria cooperativista. Depois, trabalhamos a partir
da criação de duas cooperativas. Cada uma deveria ser composta por 20
pessoas. Todavia, devido a turma ser formada por apenas 30 alunos, definiu-se
o número mínimo de 15 pessoas.
A processo educativo adotado para ministração da disciplina aqui relatada
baseou-se em Uris (1966) apud Mayer et al (2001), o qual elencou métodos e
técnicas de ensino adotados e aplicados para o ensino do empreendedorismo.
Baseou-se em Uris (1966) em razão da cooperativa ser um empreendimento.
Portanto, acreditamos que o sucesso da metodologia usada para o ensino do
empreendedorismo seria adequado para o ensino do cooperativismo.
Elencamos quatro desses métodos e técnicas:
1) Aprender pela experiência: é uma maneira de obter resultados rápidos
por meio de atividades práticas, estabelecidas e ordenadas pelo professor onde
se procura facilitar a aprendizagem, levando em consideração a individualidade
do estudante e a repetição dos exercícios.
2) Método conceitual: é aquele que prioriza a exposição oral, ensinando
conceitos sobre o conteúdo em questão. É responsabilidade do professor
enriquecer a sua exposição com detalhes que chamem a atenção e despertem
o interesse do estudante pelo conteúdo. Debates e discussões, assim como
palestras, seminários e exposição de painéis também fazem parte desse
método.
3) Método simulado: se cria situações arbitrárias muito análogas à
realidade para que os estudantes possam resolvê-las, desenvolvendo
habilidades que não seriam possíveis serem desenvolvidas em outros métodos.
Estão inseridos aqui os jogos, as dramatizações e os estudos de casos.
4) Método de aprendizagem comportamental: está fundamentado nas
técnicas desenvolvidas em grupo, visando mudança de atitudes. É nesse
método que as vivências e dinâmicas de grupo estão incluídas.
A partir da ementa da disciplina, foi elaborado um plano de ensino seguido
de um cronograma de atividades (Quadro 1), que considerou a abrangência do
conteúdo com um cronograma para a leitura do material didático até a
apresentação dos resultados da experiência empreendedora na “Semana de
Administração e Empreendedorismo do IFAM, campus Parintins”. As aulas
expositivas envolveram conteúdo inerente ao tema “cooperativismo” e tiveram o
objetivo de fornecer conhecimento teórico e orientar os estudantes para a
atividade prática.

Quadro 1: conteúdo programático da disciplina/por aula


DATA CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
1ª Introdução ao associativismo e cooperativismo.
2ª Histórico do cooperativismo. Associações. Funcionamento e legislação.
3ª Panorama do cooperativismo no Brasil e no mundo.
4ª Os princípios e valores do cooperativismo. Atividade Oral
5ª Da Fundação e funcionamento de cooperativas.
6ª Do Estatuto Social das cooperativas.
7ª Da legislação cooperativa. Funcionamento de cooperativas. Capital social.
8ª Tributação da cooperativa.
9ª Atividade escrita avaliativa.
10ª Aula sobre Estudo de mercado do negócio da cooperativa.
11ª Criação de duas cooperativas fictícias em sala de aula. Definir o objeto social e capital social.
12ª Criação, entrega e apresentação do estudo de mercado do negócio da cooperativa.
13ª Reunião para definir a comissão de elaboração do estatuto social de cada cooperativa.
14ª Elaboração do Estatuto Social das cooperativas criadas.
15ª Assembleia Geral para Fundação e aprovação do estatuto social das cooperativas criadas.
16ª Assembleia Geral para Eleição dos Conselhos e membros da Diretoria das cooperativas.
17ª Criação, entrega e apresentação do estudo de mercado do negócio da cooperativa.
18ª Início das atividades produtivas e comercialização. Divisão de tarefas entre cooperados.
19ª Atividades produtivas e comercialização.
20ª Atividades produtivas e comercialização.
21ª Atividades produtivas e comercialização.
22ª Relatório e prestação de contas das atividades. Sugestões de estratégias.
23ª Atividades produtivas e comercialização.
24ª Atividades produtivas e comercialização.
25ª Atividades produtivas e comercialização.
26ª Atividades de comercialização.
27ª Atividades de comercialização.
28ª Relatório e prestação de contas das atividades.
29ª Atividades produtivas e comercialização.
30ª Atividades de comercialização.
31ª Atividades de comercialização.
32ª Atividades de comercialização.
33ª Relatório e prestação de contas das atividades.
34ª Apresentação dos resultados da cooperativa criada em grupo- Semana de Administração.
Fonte: Acervo próprio (2017).

As atividades práticas foram propostas a partir do seguinte desafio: “cada


um dos dois grupos de 15 alunos deveriam criar uma cooperativa fictícia e a
colocar em funcionamento. Para criar as tais cooperativas, deveriam definir um
objeto social3 comum a todos; definir e disponibilizar o capital social4 e metas a
serem atingidas dentro de três meses. Além disso, deveriam operar sempre em
como cooperativa, considerando os princípios cooperativistas.
Das atividades, algumas foram simuladas e outras efetivamente
realizadas. As atividades simuladas foram: assembleias gerais,
reunião/elaboração de documentação para criação da cooperativa, eleição da
diretoria e conselhos fiscais e administração, criação e aprovação do estatuto.

3
O objeto social é a atividade fim a que se destina e porque a cooperativa existe. É a sua razão de ser.
4
O capital social, refere-se a uma quantia previamente definida que deve ser subscrita pelo cooperado
ao entrar na cooperativa como associado.
Lembramos que as cooperativas criadas não foram legalizadas, por serem
fictícias.
A definição do capital social, definição do objeto social da cooperativa,
prestação de contas, processo produtivo e comercialização, foram efetivamente
realizados na prática, dentro do período de quatro meses, sendo dedicados dois
para a etapa de estudo e criação da cooperativa e apenas dois meses para a
produção. No final da disciplina, os resultados de ambas foram apresentados,
para enfatizar se a meta foi atingida e o montante arrecadado por cooperativa.

RESULTADOS E CONCLUSÕES

Não é objetivo deste estudo generalizar os resultados obtidos, mas


compartilhá-los com pesquisadores e professores interessados. Este artigo teve
como objetivo relatar as experiências obtidas e as análises feitas, a partir da
adoção de ações educativas de ensino – aprendizagem com ênfase teórico-
prática para a disciplina cooperativismo.
Antes de os alunos iniciarem as simulações e práticas, o
professor/facilitador ministrou aulas expositivas e dialogadas com os alunos,
sobre: legislação básica cooperativista, estatuto social, objeto social, princípios
cooperativistas, livros de atas e caixa, contribuição para o fundo educacional e
fundo de reserva, entre outros. Depois, o professor realizou um minicurso de
como elaborar um plano de negócios5 simplificado, incluindo o estudo de
mercado. O objetivo do minicurso foi habilitar os alunos para identificação de
oportunidades de negócios, ou seja, lacunas mal exploradas ou não exploradas
no mercado local ou regional, além do planejamento de viabilidade econômica.
Para trabalhar a parte prática, as ações educativas para o ensino6 tiveram
como proposta criar duas cooperativas na sala de aula. Para tanto, foi solicitado
aos alunos que desejassem fazer parte de uma cooperativa que se dividissem
em duas equipes de 20 pessoas cada. Em seguida, deveriam participar das

5
O plano de negócios considera as ameaças e oportunidades de mercado, leva em consideração
as habilidades e competências do empreendedor. Detecta oportunidades de negócios locais e/ou
regionais.
6
As ações educativas estabelecidas também foram utilizadas como atividade avaliativa dos
alunos, com peso de 10 pontos. Os critérios avaliativos são: capacidade de empreender
respeitando os princípios e valores cooperativistas, implementação do plano de negócios na
prática e desempenho da equipe para atingimento da meta financeira inicial.
reuniões iniciais das mesmas, para decidir se possuíam um objetivo em comum
e se desejavam realmente participar das futuras cooperativas. Todos os alunos
mostraram-se interessados e participaram de uma das cooperativas.
Após a primeira reunião, decidiram-se o objeto social e capital social. A
sugestão para escolha do objeto social foi escolher produtos ou serviços que
fosse possível incluir a todos os cooperados, portanto, deveria ser algo que todos
pudessem fazer. A primeira cooperativa denominou-se COOPBRI7, que decidiu
pela produção e venda de brigadeiros, enquanto a segunda, denominada
Cooperativa dos Produtores de Bolo em Pote. Ambas definiram um capital social
de 10 reais por associado, respectivamente.
As atividades práticas foram desenvolvidas em endereços privados
definidos e custeados pelas duas cooperativas criadas, onde os participantes
das mesmas, realizaram suas atividades produtivas e comercialização dos
produtos. Essas atividades foram realizadas com base na teoria cooperativista e
também de outras disciplinas cursadas, sobretudo o empreendedorismo.

A Representação política na cooperativa COOPBRI

A cooperativa fez sua escolha para eleger seus representantes. Os


representantes da COOPBRI (figura 1) organizarem da seguinte forma:
Figura 1: Representantes da cooperativa – COOPBRI.

Fonte: Acervo próprio (2017).

7
COOPBRI- Cooperativa de produção e venda de brigadeiros de Parintins.
 Diretor/Presidente: Hágatha Lúcia Santarém de França Martins
 Vice-Presidente: Roberto dos Passos Alfaia
 Secretária: Ana Biatriz Passos Pontes
 Tesoureiro: Jeovane Cruz da Silva
 Conselho Fiscal: Beatriz Costa; Francilene Tavares; Verônica Cidade
 Conselho Administrativo: Diego Batista Conceição, Joely Pedrosa Barros,
Marcos Henrique dos Santos Leal
 Colaboradores: Brenda Andrade, Daryne Silva, Gabriel Azevedo de
Andrade, Juliane de Alcântara Mendonça, Simeão Gomes Teixeira.

Entretanto, todos os associados participavam do processo produtivo e


decisivo da cooperativa, conforme mostra a figura 2. Ressalta-se que a meta
definida pela cooperativa era atingir um retorno financeiro líquido de 1.000 reais
por mês.

Figura 2: A produção caseira de brigadeiros

Fonte: Acervo próprio (2017).

O processo produtivo e comercial da COOPBRI

A COOPBRI produz brigadeiros gourmet (figura 3), que ganhou o nome


fantasia de Candy Crush. A comercialização dos produtos ocorreu sobretudo,
através das redes sociais, onde o cliente fazia o pedido e a entrega feita em
domicílio. Assim, para divulgação dos produtos junto aos potenciais clientes, a
cooperativa elaborou seu logotipo, o nome fantasia e frase de efeito para utilizar
nas suas propagandas nas redes sociais e propaganda boca-a-boca.
Figura 3: Logotipo da COOPBRI

Fonte: Acervo próprio (2017).

O produto comercializado é fabricado pelos próprios cooperados. Depois


de acabado, o produto é armazenado em caixinhas padronizadas com
capacidade para 12 unidades. Cada caixa custava 6 reais (mais 1 real de taxa
de entrega), mas também havia venda em cento, que custava 45 reais. A
embalagem foi confeccionada também pela cooperativa. Inicialmente
começaram com quatro sabores: tradicional, côco, cupuaçu e morango. Depois,
a partir de pedidos dos clientes, expandiram o cardápio para doze sabores. O
produto estrela foi o brigadeiro de cupuaçu.

Figura 4: Sabores iniciais e sua respectiva embalagem

Fonte: Acervo próprio (2017).

Após algumas semanas de venda a cooperativa inovou com a introdução


de oito novos sabores: Caprichoso (tutti-fruit), Garantido (pimenta), Amendoim,
Negresco, Mesclado, Gengibre (mangarataia), Maracujá e Caipirinha.
Figura 5: Cardápio de sabores

Fonte: Acervo próprio (2017).

A forma de pagamentos era exclusivamente à vista (em dinheiro em


espécie). Este foi depositado semanalmente em uma conta bancária conjunta,
aberta especificamente para a cooperativa.
A estratégia de produção utilizada pela cooperativa foi a produção
puxada. Em gestão da produção, essa estratégia consiste em produzir bens a
partir da demanda do mercado, isto é, a produção ocorre somente a partir dos
pedidos (NOVAES, 2005). Nesse caso, a divulgação boca a boca e
principalmente pelas redes sociais, gerou em média, 40 pedidos por dia.
O primeiro passo para divulgação foi a criação de uma página no
Facebook®. Os integrantes da cooperativa fizeram convites aos amigos para
que curtissem a página, conforme registro abaixo (figura 6).

Figura 6: Página na rede social

Fonte: Acervo próprio (2017).


O resultado dessa atividade foi relatado pela aluna Hágatha Lúcia
Santarém, que exerceu o papel de presidente da cooperativa: “tivemos um ótimo
retorno de curtidas, seguidores e a quantidade de pessoas alcançadas foi
percebida nos pedidos que tivemos”. Os pedidos também eram feitos através
dos comentários na página no Facebook® particular, Messenger®, WhatsApp®,
ligações e SMS. Os pedidos eram entregues de acordo com o horário
previamente combinado, assim, economizando tempo e custo no transporte.
A meta inicial da cooperativa foi de atingir o retorno financeiro líquido de
1.000 reais considerando a disponibilidade de tempo dos integrantes para
dedicarem-se aos trabalhos na cooperativa. Constatou-se, que dos quinze,
apenas dez alunos participaram ativamente das atividades.
Como previsto, em razão do encerramento da disciplina, a produção e
comércio funcionou durante dois meses, reunindo-se os integrantes duas vezes
por semana, na residência de uma das cooperadas. Obtiveram um total de 1.200
reais, mais os 200 reais de capital dos associados. O montante final de 1.400
reais foi dividido proporcionalmente aos integrantes. Os brigadeiros obtiveram
boa aceitação no mercado parintinense, que foi verificado nos pedidos e no
feedback positivo através de mensagens e compartilhamento na página digital
da COOPBRI.
Ao finalizar a disciplina, fez-se a prestação de contas dos valores acima
citados. Após decisão dos próprios alunos, a cooperativa foi desfeita, já que foi
criada para fins educativos e sobretudo, por falta de tempo disponível pela maior
parte dos integrantes, que já possuem outras ocupações laborais. Entretanto,
cinco integrantes decidiram continuar por conta própria a atividade produtiva,
uma vez que se identificaram com o que estavam fazendo, além de representar
uma renda extra ao final de cada mês.
As principais dificuldades observadas no funcionamento da cooperativa
foram referem-se à capacidade de resolução de alguns conflitos ocorridos
durante o gerenciamento participativo das atividades da cooperativa, uma vez
que é necessário respeitar as diferentes opiniões. Observou-se porém, que os
alunos foram capazes de aceitar suas diferenças com respeito, trabalharam
unidos e de forma solidária entre si, até o fim das atividades. Constatou-se
assim, que é possível gerar renda através da cooperativa, e que os alunos
conseguiram empreender respeitando os valores do cooperativismo.
A Representação política na cooperativa de produtores de Bolo de Pote

A cooperativa fez na prática sua escolha para eleger seus representantes.


Os representantes da cooperativa organizarem da seguinte forma:
 Presidente: Fátima Azevedo Marinho
 Vice-presidente: Eloana Gonçalves Nunes
 1° secretario: Fátima de Souza Costa Filha
 Tesoureiro: Leciane de Souza Conceição
 1° fiscal: Ana Gessica Carvalho Leal
 2° fiscal: Jéssica Guimaraes Rodigues
 Conselho administrativo: Evair Lopes de Oliveira

Ressalta-se que a meta definida pela cooperativa era atingir um retorno


financeiro líquido de 1.000,00 reais por mês. Esta cooperativa iniciou também
com 15 participantes. Porém, antes de colocarem em prática o plano de negócios
e cerca de 2 meses de fundação, 4 participantes pediram sua saída definitiva.
Esses participantes alegaram que a saída foi motivada por falta de transparência
das informações na cooperativa, e por dificuldade em trabalhar naquela equipe.
Os nove integrantes que finalizaram as atividades, participaram do processo
produtivo e decisivo da cooperativa, porém apenas cinco participavam
ativamente. Aqueles que não participaram de forma significativa, alegaram não
possuir tempo disponível, uma vez que embora seja uma atividade com fins
educacionais, o empreendimento exige tempo, como qualquer outro.
A cooperativa alcançou um retorno líquido de 661 reais, mais o capital
inicial de 130 reais, o que totalizou 791,00 em um mês de funcionamento. É
importante destacar que os participantes não conseguiram atingir a meta
estabelecida. Entre outros, a meta não foi atingida devido ao tempo dedicado ser
pouco, pois a produção ocorria apenas uma vez na semana. A comercialização
ocorria nos intervalos de aula no IFAM e na residência de uma das integrantes,
onde os bolos de pote foram fabricados.
Nessa segunda cooperativa, observou-se resultados menos relevantes
que a primeira cooperativa. A segunda apresentou baixa capacidade de
gerenciamento do empreendimento, uma vez que não possuía um plano de
marketing definido, e consequentemente as estratégias de divulgação foram
restritas a boca a boca. A estratégia de produção ocorria da seguinte forma. A
cooperativa definia uma quantidade baixa de bolos de pote, produzia e depois
vendia. Nesse sentido, poderia ter explorado o uso das redes sociais, e também
a estratégia de trabalhar sob encomenda, o que diminuiria a margem de
incertezas nas vendas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As técnicas adotadas e as ações implementadas adequaram-se aos


objetivos propostos, e foram fundamentais para o êxito da finalidade proposta.
Primeiramente porque a professora conseguiu colocar em prática juntamente
com os alunos as ações educativas estabelecidas inicialmente, e de forma
satisfatória, conforme demonstram os resultados.
As ações incluíram atividades de ensino teórico – prática, o que
proporcionou melhorias no ensino-aprendizagem dos alunos, o que pode estar
relacionado ao elevado desempenho atingido nas avaliações escritas e orais. A
partir das ações desenvolvidas, percebeu-se o aumento do interesse dos alunos
nas atividades, haja vista os relatos e grau de participação dos educandos.
As atividades propostas uniram teoria e experiências práticas, tais como:
elaboração do estatuto social, assembleias gerais, eleição da Diretoria e
Conselhos, subscrição do capital social, ações de gestão produtiva,
administrativa, comercial e trabalho em equipe. Essas atividades foram
fundamentais para a compreensão da teoria trabalhada em sala de aula.
Além disso, obteve-se impactos positivos em relação ao estímulo ao
empreendedorismo cooperativista, a partir dos relatos de satisfação dos alunos
de ambas as cooperativas, apresentados anteriormente neste trabalho.
Constatou-se que parte dos alunos demonstrou interesse pelo
empreendedorismo, e divulgaram que desejam ser empreendedores. Sobretudo,
estes passaram a considerar a cooperativa como um empreendimento viável,
desde que se estabeleça na perspectiva da economia solidária e com uma
gestão eficiente e eficaz.
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