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Toron,, Torihara e Szafir
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EXCELENTISSIMO SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA, DD.
RELATOR DA ACAO PENAL n. 470
Supremo Tribunal Federal
08/09/2011 12:36 0073409
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e@ “Nao haverd culpa penal por presuncao, nem responsabilidade criminal
por mera suspeita, Meras conjecturas sequer podem conferir suporte
material a qualquer acusagéo estatal. E que, sem base probatéria
consistente, dados conjecturais nao se revestem, em sede penal, de
idoneidade juridica, quer para efeito de formulacéo de imputagdo
penal, quer para fins de prolagio de juizo condenat6rio. Torna-se
essencial insistir, portanto, na assergiio de que “por exclusia, suspeita ou
presungio, ninguém pode ser condenado em nosso sistema juridico-penal”,
consoante proctamou, em lapidar decisio, o E, Tribunal de Justiga do Estado de
Sio Paulo” (HC n.° 84.409/SP, Rel. para acordao Min, GILMAR MENDES,
DJ 19.08.2005).
ALEGAGOES FINAIS POR JOAO PAULO CUNHA
Av. Angélica, 688 11° andar Cj, 1111 Sio Paulo SP Cep 0128-000 Tel/ Fax: 11 3822-606444433,
Toron,. Torihara e Szafir
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advogados
Ementa das razdes quanto a acusacao de lavagem:
1. Dentincia ambigua com relagao ao crime antecedente objeto da suposta lavagem.
Dualidade que dificulta saber se a lavagem de capitais teria como crime
antecedente os delitos praticados pela suposta quadrilha ou pela aventada
corrupsao imputada ao Acusado.
2. Rejeigao da dentincia, no ponto, pelos Ministros EROS GRAU, AYRES BRITTO e
——- GILMAR MeNDES:-Ressalvas feitas por aquelesque a receberam do “tarater
provisorio do ato do recebimento e da necessidade da instrucao.
3. Ignorancia de JOAO PAULO a respeito dos supostos crimes cometidos pela
quadrilha, pois sequer foi denunciado por este delito, Necessidade de que “o
autor da lavagem de dinheiro” tenha “consciéncia de que atua para ocultar ou dissimular
dinheiro, bens ou valores € que sabe que a procedéncia desses est relacionada com a
comissdo de crimes previstos na Lei de Lavagem brasileira” (CALLEGARI, ANDRE LUIS ~
Lavagem de dinheiro, 1* edicao, p. 157). Inexisténcia de lavagem de dinheiro
negligente. Inexisténcia da prova do dolo.
4, Auséncia de tipicidade objetiva pela auséncia de conduta tipica (ocultacao).
Retirada de quantias, na mesma agéncia do Banco Rural, por garcom, office-boy
vendedor de peixe, etc. Acusado que solicita a sua propria esposa a retirada do
valor. Inexistencia de qualquer ocultagéo na conduta da mulher que retira dinheiro
em nome do marido, deixando nome completo e c6pias de seus documentos.
Inexistente a ocultagdo, atipica é a conduta.
5. Nao comprovagio do nexo econdmico entre 0 suposto dinheiro auferido
ilegalmente pela quadrilha e os 50 mil reais pagos ao Acusado. SMP&B que
mesclava “atividades lfcitas do ramo de publicidade com atividades crintinosas”.
Possibilidade dos 50 mil reais pagos a JOAO PAULO serem provenientes de dinheiro
licito. In dubio pro reo.
6. Impossibilidade de se punir a lavagem de dinheiro em cadeia. E do proprio
recebimento da dentincia a construcdo de que, ao sacar 0 dinheiro no banco, este ja
estaria reinserido no sistema financeiro, Crime de lavagem de dinheiro que nao €
delito antecedente para um novo crime de lavagem. Lavagem da lavagem.
Atipicidade da conduta.
7. Se considerada a corrupgio supostamente praticada pelo Acusado como crime
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antecedente: impossibilidade de se punir 0 suposto autor do crime antecedente
pela lavagem do dinheiro. Art. 6°, §2°, alinea “e”, da Convencéo de Palermo,
promulgada apés a elaboragio da Lei n’ 9.613/98, que determina que “se assim 0
exigirem os principios fimdamentais do direito interno de um Estado Parte, poderd
estabelecer-se que as infragdes enuinciadas no pardgrafo 1° [lavagem] do presente Artigo
nao sejam apticdveis ds pessoas que tenham cometido a infracio principal”. Principio do
ne bis in idem que impede a condenagao do Acusado.
—8. -Nemo-tenetur-se detegere. Inconstitucionalidade de se punif-O Acusado Por nao se
auto-incriminar, Se considerada verdadeira a imputacao de corrupcdo, todos os
atos posteriores do Acusado se deram para que nao fosse incriminado. Conduta
impunivel.
JOAO PAULO CUNHA, por seus defensores,
nos autos da acao penal supranomeada, respeitosamente vem a elevada presenca
de Vossa Exceléncia apresentar suas alegacdes finais nos seguintes termos:
A epigrafe destas razdes calha ao imputado
como uma luva. Muito embora o douto Procurador Geral da Repiiblica nao tenha
incluido 0 imputado entre os membros da quadrilha que, segundo as suas
alegacdes finais, agia “com a finalidade da pratica de crimes contra o sistema financeiro,
contra a administracio puiblica, contra a fé piiblica e lavagem de dinheiro” (fl. 45.091), dé
como certo que ele estava “... consciente de que o dinheiro tinha como origem
organizacio criminosa voltada para a pritica de crimes contra o sistema financeiro
nacional ¢ contra a administragio puiblica” (Al. 5.661). Tratou-o como se fosse membro
da quadrilha a ponto de presumir seu conhecimento de fatos e situacées.
Ou bem 0 demandado estava entre os que
arquitetaram e puseram em prética 0 suposto esquema para a compra de votos
“‘dento do Congresso Nacional” (fl. 45.088) e, assim, de um ponto de vista logico,
seria, ao menos em tese, valida a imputacdo de lavagem, ou bem haveria provas
que, independentemente de ele no integrar nenhum dos supostos micleos
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