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Resumo
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Especialista em Gestão Estratégica de Negócios e Empreendedorismo pela ASMEC. Professora efetiva de
administração do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Sul de Minas – Câmpus Inconfidentes
(IFSULDEMINAS). E-mail: fernanda.silva@ifsuldeminas.edu.br.
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Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). É docente do Programa
de Mestrado em Educação da Univas e Docente do Curso de Graduação de Ciências Contábeis nas disciplinas de
Ética Geral e Profissional, Filosofia e Metodologia de Pesquisa, professora e Coordenadora do Curso de
Especialização em Gestão Educacional. E-mail: iinap@uol.com.br.
ISSN 2176-1396
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Introdução
Este artigo resultou de reflexões feitas num percurso de pesquisa em andamento para
dissertação de Mestrado em Educação pela Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVÁS/MG),
que se vincula ao Grupo de Pesquisa em Educação e Gestão (GPEG) cadastrado no Diretório
do CNPq.
A pesquisa se realizou por meio da metodologia denominada “Estado da Arte”
(BARDIN, 2004), cujo o objetivo foi desvelar, por meio da análise documental de teses e
dissertações publicadas no banco de dados da CAPES, como vem se dando a inserção do
empreendedorismo na educação brasileira, nível básico. Um exaustivo levantamento teórico
se fez necessário, o qual embasou as discussões que emergiram da análise dos resumos das
produções acadêmicas coletadas e do documento do PRELAC (2004), que propõe a educação
para o empreendedorismo como 5º pilar da educação.
Desde as duas últimas décadas, o tema empreendedorismo vem sendo cada vez mais
disseminado na área educacional como estratégia de formação para o mundo do trabalho. O
termo empreendedorismo, originado do campo empresarial/mercado, tornou-se área de
conhecimento, especialmente no ensino superior e em cursos profissionalizantes, de nível
médio. Mas, nas últimas décadas, vem progressivamente deslocando-se para o nível da
educação básica, incentivado principalmente por organismos internacionais. Entre esses
organismos, destacam-se a Organização de Cooperação e de Desenvolvimento (OCDE), a
Organização das Nações Unidas (ONU) e Organização das Nações Unidas para a Educação a
Ciência e a Cultura (UNESCO), por meio do Projeto Regional de Educação para a América
Latina e o Caribe (PRELAC, 2004).
O texto se encontra-se estruturado em três partes: apresentação de fundamentos
teóricos sobre o empreendedorismo; exposição de dados e categorias que emergiram do
processo de análise de conteúdo, realizada na perspectiva de Bardin (2004) e Chizzotti (2001,
2003), além da introdução e das considerações finais.
preneur no século XII, o termo era usado para referir-se como àquele que “incentiva brigas”
(VÉRIN, 1982, p. 32, apud FILION, 1999). Ainda no século XVII, este termo já descrevia
uma pessoa que tomava a responsabilidade e dirigia uma ação militar. No final do século
XVII e início do século XVIII, o termo foi usado para definir uma pessoa que “criava e
conduzia projetos” ou “criava e conduzia empreendimentos” (VÉRIN, 1982, p. 33, apud
FILION, 1999).
O economista Joseph Schumpeter (1987) nomeia o empreendedor como sendo o
agende causador de uma chamada “destruição criadora”. O autor enfatiza que o empreendedor
está ligado à inovação e associa o termo ao indivíduo que irá promover a expansão do
desenvolvimento econômico. Peter Drucker, também define o empreendedor como sendo um
indivíduo ligado à inovação. Para Drucker (1985, p. 38), não seria possível falar de
empreendedorismo sem falar de inovação. Para o autor a inovação é a peça importante para o
sucesso de qualquer empreendimento.
Dornelas (2014) relata que, na questão do empreendedorismo, a atitude é mais
importante do que o conhecimento técnico. Os empreendedores são visionários, anteveem o
futuro para o seu negócio, sua vida e sua comunidade, e têm a habilidade de implementar seus
sonhos e tomar decisões na hora certa, mesmo ante à diversidade. Transformam ideias
abstratas em algo concreto e ultrapassam obstáculos com uma vontade ímpar de fazer as
coisas acontecerem.
Fernando Dolabela, uma das referências sobre empreendedorismo no Brasil,
principalmente no que se refere educação para o empreendedorismo, conceitua o
empreendedor, agente do empreendedorismo, como um ser social, produto do meio em que
vive (época e lugar). Ele ressalta que se aprende a ser empreendedor por meio da convivência
com outros empreendedores e que os empresários de sucesso são influenciados por
empreendedores do seu círculo de relações (pessoas tomadas como modelo: família, amigos
ou por líderes ou figuras importantes) (DOLABELA, 1999).
O referido autor defende que o ser humano já nasce empreendedor, o que precisamos é
despertar-se. Para ele, a espécie humana é empreendedora, por isso, o empreendedorismo não
deve ser visto somente como um fenômeno econômico, mas, sim, também como um
fenômeno social e que contribuiu muito para a melhoria das relações da sociedade. Por outro
lado, Dolabela (2003; 2008) defende que também defende que é possível ensinar a ser
empreendedor, mas, para isso, é preciso uma metodologia própria diferente da tradicional.
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desafios do cenário do século XXI, frisa o autor. Como observado por Mamede (2005, p. 1),
citando Slaughter (1996), em dezembro de 1993, a Organização das Nações Unidas (ONU) já
aprovara uma resolução reconhecendo o empreendedorismo como sendo uma força social e
econômica de grande importância.
A educação para o empreendedorismo no Brasil hoje tem sido discutida mais
abertamente por pesquisadores, professores, gestores e envolvidos no geral com a educação,
sendo um tema comum no âmbito escolar graças aos diversos projetos realizados,
principalmente, em parceria com o SEBRAE, em escolas públicas e privadas do Brasil. Até
mesmo já tramitou no Governo Federal brasileiro indicação dos deputados João Bittar e Luiz
Carlos Hauly para que o empreendedorismo tornasse disciplina obrigatória do currículo do
ensino fundamental, do ensino médio, da educação profissional e da educação superior no
país. Outras iniciativas no âmbito da esfera do legislativo foram encaminhadas à Comissão de
Educação para análise o Projeto de Lei n.°1.673, elaborado pelo deputado Ângelo Agnolin em
2011, juntamente como mais três projetos apensados, que são eles, os Projetos de Lei n.º
4.182, de 2012, nº 4.184, de 2012 e nº 5.842, de 2013, sendo que dois destes projetos eram de
autoria do Deputado Giovani Cherini e outro do Deputado Sandro Alex.
A proposta da educação para o empreendedorismo na educação básica tem provocado
também polêmicas sob a alegação de que educação básica, na proposta da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB), nº 9.394 de 1996, tem por finalidade desenvolver a
formação comum no indivíduo, formação esta indispensável para o exercício da cidadania.
Também é objetivo da Educação Básica fornecer meios para que os estudantes progridam em
estudos posteriores, como assegura o art. 22 da referida lei: “a educação básica tem por
finalidade desenvolver o educando, assegura-lhe a formação comum indispensável para o
exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos
posteriores”.
Vale destacar que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9394, de 1996,
organiza a educação nacional em níveis e modalidades de educação e ensino, a saber: Nível I -
Educação Básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio); Nível II - Educação
Superior. A Educação Infantil destina-se às crianças com até cinco anos de idade; o Ensino
Fundamental congrega os alunos de seis a quatorze anos e o Ensino Médio destina-se aos
alunos de 15 a 17 anos (BRASIL, 1996).
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tema vem sendo pesquisado. Como mostra o quadro 1, a pesquisa revelou as diversas áreas de
abrangência do tema “empreendedorismo” e poucos estudos na educação básica.
socioambiental;
Papel estratégico do
empreendedorismo no
desenvolvimento local;
Teoria do capital humano;
Qualificação para o trabalho;
Empreendedorismo e
negócios;
Empreendedorismo e
tomada de decisão;
Empreendedorismo na
prática aplicado ao ensino.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Considerações
A partir deste estudo é possível considerar que há um forte incentivo para a introdução
do empreendedorismo como componente curricular na educação básica brasileira. No caso do
ensino superior, tanto no ensino privado quanto público, o empreendedorismo está presente
nos cursos, como disciplina obrigatória ou como formação complementar. No caso da
educação básica, observa-se que a educação para o empreendedorismo vem se dando
principalmente por meio de projetos como a “pedagogia empreendedora”, amparados em
Fernando Dolabela, por iniciativa própria dos gestores educacionais ou por meio de parcerias
com o SEBRAE.
Conforme apresentado neste texto, é possível constatar que existe na atualidade uma
tendência muito forte à propagação do ensino do empreendedorismo na educação básica
brasileira, como componente curricular ou como tema transversal. Há indícios claros de que
várias são as ações que buscam levar este tema às escolas brasileiras, principalmente as
públicas, como uma forma de preparar a juventude para enfrentar a competição no mercado
de trabalho e melhorar a empregabilidade. A educação para o empreendedorismo é apontada
como uma forma de oferecer-lhes “uma formação que lhes permita valorizar, ainda mais, o seu
potencial empreendedor, que é nato, conforme Dolabela (2004), visto que esse potencial pode lhes
ser útil na busca e compreensão de seus direitos como cidadãos, transformadores das realidades
em que vivem” (www.mec.gov.br).
Percebe-se também que existe um significativo volume de estudos acadêmicos sobre o
tema empreendedorismo na educação, principalmente no ensino superior, porém a quantidade
de trabalhos publicados diminui bruscamente quando se relaciona este tema à área
educacional de nível básico. As ações e experiências de educação empreendedora que
acontecem, neste nível de ensino, geralmente são em parcerias com o SEBRAE, ou por
iniciativas próprias de instituições privadas ou advindas da educação profissionalizante.
A implantação nos currículos escolares da disciplina de empreendedorismo tem sido
apresentada como sendo uma importante ferramenta de contensão da evasão escolar e também
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REFERÊNCIAS
CHIZZOTTI, Antônio. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. 5. ed. São Paulo: Cortez,
2001.
OCDE (Organization for Economic Cooperation and Development) (1998), The OCDE Jobs
Strategy: Fostering entrepreneurship. Paris; ISBN 92-64-16139-2.
UNESCO. PRELAC. Uma trajetória para a educação para todos. Revista PRELAC- Ano
1/n.0/agosto de 2004. Santiago do Chile. Disponível em:
<http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001372/137293por.pdf> Acessado em: 28 dez. 2014.