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A rigidez constitucional, por outro lado, traduz-se na exigência de processo mais qualificado para a
modificação das normas constitucionais. Ora, para que a constituição possa figurar como paradigma
de validade, necessário que o processo de formação ou modificação de normas constitucionais seja
diverso e mais complexo do que o utilizado na elaboração de normas infraconstitucionais [05].
De fato, o aspecto da rigidez constitucional garante supremacia formal à constituição. Afinal, se as
normas constitucionais fossem elaboradas da mesma forma que as infraconstitucionais, a
superveniência de lei ordinária contrária a um mandamento constitucional acarretaria, não em
inconstitucionalidade, mas sim em revogação por ato posterior [06].
Por fim, não menos importante é destacar que a existência do controle de constitucionalidade além
de intimamente ligada aos princípios de supremacia da constituição e de rigidez constitucional,
exerce a notável função de defesa e concretização dos direitos fundamentais, exercendo sua força de
supressão sobre qualquer ato normativo que possa frustrar a máxima aplicabilidade àqueles direitos
resguardados, de forma expressa ou implícita, pela Constituição Federal.
Vale dizer, no controle difuso, a questão acerca da constitucionalidade da norma, não integra o
objeto da lide, como no controle concentrado [13].
Quanto aos seus efeitos, a declaração originada em sede de controle difuso, via de regra, opera
efeitos ex tunc (retroativos), valendo somente para as partes do processo [14].
No que diz respeito à sua inserção no direito pátrio, o controle difuso de constitucionalidade tem
suas origens no Decreto 848, de 1890, em que se previa que: "na guarda e aplicação da Constituição
e leis federais, a magistratura federal só intervirá em espécie e por provocação da parte" [15]. Desse
modo, permitiu-se que a fiscalização dos atos normativos estatais pudesse ser feita por qualquer juiz
ou tribunal, no exame de caso concreto, levado à apreciação do judiciário por iniciativa das partes
[16].
O controle difuso de constitucionalidade é, portanto, aquele em que se permite a todo juiz ou
tribunal, no exercício jurisdicional, fiscalizar a constitucionalidade de determinados atos em face de
casos concretos, podendo ser exercido em qualquer tipo de ação. Também não restam dúvidas
quanto ao seu cabimento em face de atos normativos concretos, as chamadas leis de efeitos
concretos, posto que estas são consideradas leis apenas em sentido formal [17].
Em síntese, a principal característica do controle difuso se consubstancia no fato de que a
inconstitucionalidade é levantada num processo já em andamento, gerando um procedimento
incedenter tantum, produzindo efeitos "inter partes" e "ex tunc" [18].
Cristalina é a lição de Luís Roberto Barroso quando afirma: "o controle incidental de
constitucionalidade é exercido no desempenho normal da função judicial, que consiste na
interpretação e aplicação do Direito para a solução de litígios" [19].
Assim, o controle incidental pressupõe a existência de uma ação judicial, um conflito de interesses
em que se tenha suscitado a inconstitucionalidade, como fundamento para acolhimento do pedido
ou a rejeição deste. Desse modo, ao juiz, se convencido quanto à alegação de inconstitucionalidade
da norma, cabe negar-lhe aplicação no caso concreto posto à sua apreciação [20].
A norma declarada inconstitucional, portanto, continua produzindo efeitos a terceiros. Não é, até
então, extirpada do ordenamento jurídico. Sabe-se, no entanto, que a decisão em sede de controle
incidental pode atingir terceiros que não participaram da lide. Isto só se dará se houver decisão
definitiva do Supremo Tribunal Federal, ou seja, se a ação for decidida por este Órgão através de
recurso extraordinário [21], interposto pelas partes [22]. Neste caso, acolhida a
inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal, o Senado Federal poderá, por meio de resolução,
suspender sua executoriedade, com efeitos erga omnes e ex nunc, ou seja, não retroativos.
Por fim, deve-se destacar que outras denominações também são utilizadas para designar o controle
difuso tais como controle concreto, aberto, incidental, descentralizado ou por via de exceção.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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sistemática da doutrina e análise crítica da jurisprudência. 1. ed., São Paulo: Saraiva, 2004.
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2.ed. Rio de Janeiro:Forense, 1968.
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Administrativo Aplicado, Curitiba: Generis, Ano I, agosto de 1994.
FERRARI, Regina Maria Macedo Nery. Efeitos da Declaração de Inconstitucionalidade. 3. ed. São
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MENDES, Gilmar Ferreira. Ação Civil Pública e Controle de Constitucionalidade. In: MILARÉ,
Édis. (Coord.). A ação civil pública após 20 anos: efetividade e desafios. São Paulo: Revista dos
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NEVES, Marcelo. Teoria da Inconstitucionalidade da Leis. 1. ed. São Paulo:Saraiva, 1988.
PALU, Oswaldo Luiz. Controle de Constitucionalidade- Conceitos, Sistemas e Efeitos. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1999.
POLETTI, Ronaldo. Controle de Constitucionalidade das Leis. Rio de Janeiro:Forense, 1995.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 19. ed. São Paulo: Malheiros.
Notas
01SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 19. ed. São Paulo: Malheiros,
2001. p. 45.
02 NEVES, Marcelo. Teoria da Inconstitucionalidade da Leis. 1. ed. São Paulo:Saraiva, 1988. p. 74.
03 BARROSO, Luís Roberto. O Controle da Constitucionalidade no Direito Brasileiro:exposição
sistemática da doutrina e análise crítica da jurisprudência. 1. ed., São Paulo: Saraiva, 2004, p. 1.
04 SILVA, José Afonso da. Op. cit. p. 45.
05 BARROSO, Luís Roberto. Op. cit. p. 2.
06 Loc. cit.
07FERRARI, Regina Maria Macedo Nery. Efeitos da Declaração de Inconstitucionalidade. 3. ed.
São Paulo:Revista dos Tribunais, 1992.
POLETTI, Ronaldo. Controle de Constitucionalidade das Leis. Rio de Janeiro:Forense, 1995.
08 BARROSO, Luís Roberto. Op. cit. p. 114.
09 Ibid. p.14.
10 Ibid. p.18.
11 BITTENCOURT, Carlos Alberto Lúcio. O controle jurisdictional da constitucionalidade das leis.
2.ed. Rio de Janeiro:Forense, 1968. p. 99.
12 MENDES, Gilmar Ferreira. Ação Civil Pública e Controle de Constitucionalidade. In: MILARÉ,
Édis. (Coord.). A ação civil pública após 20 anos: efetividade e desafios. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2005. p. 199.
13 BARROSO, Luís Roberto. Op cit. p.72.
14 POLETTI, Ronaldo. Op. cit.
PALU, Oswaldo Luiz. Controle de Constitucionalidade- Conceitos, Sistemas e Efeitos. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1999.
15 MENDES, Gilmar Ferreira. Op cit. p. 198.
16 PALU, Oswaldo Luiz.Op cit.
17CARVALHO FILHO, José dos Santos. Ação Civil Pública. Rio de Janeiro: Ed. Lúmen Júris,
2004, p.110-111.
18 SILVA, José Afonso da. Op cit. p.54.
FERRARI, Regina Maria Macedo Nery. Op cit.
POLETTI, Ronaldo. Op. cit.
19 BARROSO, Luís Roberto. Op. cit. p.71.
20 Loc. cit.
21 Ibid. p. 72.
22 FERRARI, Regina Maria Macedo Nery. Op. cit.
POLETTI, Ronaldo. Op. cit.
CLÈVE, Clèmerson Merlin. Sobre a Ação Direta de Inconstitucionalidade. In: Revista de Direito
Administrativo Aplicado, Curitiba: Generis, Ano I, agosto de 1994, p. 371.